Hermenêutica Simbólica e Filosofia do Símbolo

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Hermenêutica Simbólica

H)LORVR¿DGR6tPEROR

Egivanildo Tavares da Silva

1

Eunice Simões Lins Gomes

2

RESUMO

Descrevemos a Hermenêutica Simbólica proveniente do Círculo GH(UDQRVHD)LORVR¿DGR6tPERORFRPRLQVWUXPHQWRTXHYLDELOL]HP XPDFRPSUHHQVmRVLJQL¿FDWLYDGRIHQ{PHQRUHOLJLRVR$ERUGDPRVVRE o enfoque da Antropologia simbólica de Cassirer e a fenomenologia de +XVVHUOTXHLQÀXHQFLRX9DQGHU/HHXZ(OLDGHHLPSXOVLRQRXRVSHV-TXLVDGRUHVGR&tUFXORGH(UDQRV%XVFDPRVQD+HUPHQrXWLFD)LORVy¿FD de Schleiermacher, Gadamer e Ortiz-Osés os caminhos da compreensão simbólica. O contributo de Paul Ricoeur para compreensão fenomenoló- JLFDGRVtPERORHGDVXD¿ORVR¿D&RPRUHVXOWDGRHOHJHPRVDVPRWLYD-ções reducionistas e instaurativas de Sartre; Saussure; Piganiol, Dumézil; Freud, Ricoeur; Bachelard; Eliade; Jung e Durand como meio de com-preensão do fenômeno religioso que se revela de forma simbólica. Rea-lizamos uma pesquisa descritivo-qualitativa com análise hermenêutica. PALAVRAS–CHAVE

&tUFXORGH(UDQRV)LORVR¿D+HUPHQrXWLFD6LPEyOLFD

1_{Pedagogo – UVA; Bacharel em Teologia – FAETEL; Mestrando em Ciências das}

Religiões - UFPB; Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa Antropologia do Imag-inário - GEPAI / UFPB.

2 3URI. Pós-doutora no Departamento e no Programa de Pós-Graduação em Ciências

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ABSTRACT

Symbolic Hermeneutic and the Philosophy of Symbol

We’ve described the Symbolic Hermeneutic from the Eranos &LUFOHDQG3KLORVRSK\RI6\PERODVLQVWUXPHQWWKDWHQDEOHDVLJQL¿FDQW understanding of the religious phenomenon. We’ve approach the standpoint of Cassirer’s symbolic anthropology and phenomenology of +XVVHUOWKDWLQÀXHQFHG9DQGHU/HHXZ(OLDGHDQGVSXUUHGUHVHDUFKHUV from the Eranos Circle. We’ve seek the Philosophical Hermeneutics of Schleiermacher, Gadamer and Ortiz-Osés paths of symbolic understanding. The contribution of Paul Ricoeur to phenomenological understanding of the symbol and its philosophy. As a result, we have elected the reductionists and originators motivations from Sartre, Saussure; Piganiol, Dumezil; Freud, Ricoeur; Bachelard, Eliade, Jung and Durand as a means of understanding the religious phenomenon which is revealed in symbolic form. We have made a descriptive-qualitative search with hermeneutic analysis.

KEYWORDS

Eranos Circle’s. Philosophy. Symbolic Hermeneutics.

Preliminares à hermenêutica simbólica

Buscaremos uma cosmovisão do Círculo de Eranos e suas etapas na construção da Hermenêutica Simbólica, de acordo com os pressupostos supracitados. Para chegarmos à hermenêutica de Eranos será mais prudente DSUR[LPDUPRQRVGRQHRNDQWLVPRGH(&DVVLUHUHGD)HQR-menologia de E. Husserl (1859-1938), considerando que tanto a antropo-ORJLDVLPEyOLFDHD¿ORVR¿DGDOLQJXDJHPGH&DVVLUHUTXDQWRRPpWRGR )HQRPHQROyJLFRGH+XVVHUOLQÀXHQFLDUDPRVSHVTXLVDGRUHVGH(UDQRV

Cassirer, o último representante do idealismo alemão3_{, teve sua}

YRFDomR¿ORVy¿FDGH¿QLGDDWUDYpVGDVDXODVVREUH.DQWGH*HRUJ6LP-3_{QUILLET, Pierre. CASSIRER Ernest, 1874-1945. HUISMAN, Denis. Dicionário dos}

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mel, em Berlim. Em 1896 conheceu Hermann Cohen, representante do neokantismo de Marburgo, de quem se tornou discípulo. Suas princi-

SDLVREUDVVmR23UREOHPDGR&RQKHFLPHQWRQD)LORVR¿DHQD&LrQ-cia dos Tempos Modernos (1906, 1907, 1920, último volume, póstumo,

1957); a mais conhecida é A )LORVR¿DGDV)RUPDV6LPEyOLFDV(1923, 1925, 1929)4_{. No entender de Durand}5&DVVLUHU³>@WHYHRPpULWRGH

RULHQWDUD¿ORVR¿DHQmRVyRLQTXpULWRVRFLROyJLFRHSVLFROyJLFRSDUDR interesse simbólico”.

Na concepção de “Cassirer, o que diferencia os homens dos animais é a mediação simbólica posta em prática como atividade do pensamento, FRPRH[SUHVVmRGHFXOWXUD´6_{. Partindo da crítica kantiana que se limitava}

a considerar apenas a primeira crítica, a da Razão Pura, ele foi de encon-tro, como de outras críticas, a do Juízo para considerar o “inventário da consciência constitutiva” de universo de conhecimento e ação7_.

Para Cassirer, a razão é um termo inadequado para compreensão das formas e cultura do homem, pois as formas são simbólicas e o co-QKHFLPHQWRSRUVXDYH]pGHQDWXUH]DVLPEyOLFD

O conhecimento humano é por sua própria natureza um conhecimento simbólico. É este traço que caracteriza tanto a sua força como as suas limitações. E, para o pensamento simbólico, é indispensável fazer uma distinção clara entre o real e o possível, HQWUH FRLVDV UHDLV H LGHDLV 8P VtPEROR QmR WHP H[LVWrQFLD UHDO como parte do mundo físico; tem sentido8_.

&DVVLUHUGH¿QLXRKRPHPFRPRDQLPDOV\PEROLFXPHPFRQWUD-posição ao animal rationale, pois ele vive no mundo symbolicum. De

4_{QUILLET, 2001, p. 98.}

5_{DURAND, Gilbert. A imaginação simbólica. Trad. Carlos Aboim de Brito.}

Lisboa-3RUWXJDO(GLo}HVS

6_{FERREIRA-SANTOS, Marcos; ALMEIDA, Rogério de. Aproximações ao}

imag-inário:E~VVRODGHLQYHVWLJDomRSRpWLFD6mR3DXOR.HSyVS

7_{DURAND, 1993.}

8 CASSIRER, Ernest. Ensaio sobre o homem:LQWURGXomRDXPD¿ORVR¿DGDFXOWXUD

KXPDQD6mR3DXOR0DUWLQV)RQWHVSSapud FERREIRA-SANTOS $/0(,'$S

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acordo com Gomes9

³IRL&DVVLUHURSLRQHLURGD¿ORVR¿DGRVLPEROLV-PRDHVWDEHOHFHURYtQFXORHQWUHDDQWURSRORJLD¿ORVy¿FDHD¿ORVR¿D GDFXOWXUD>@´RTXHIH]GHOHXPGRVSULQFLSDLVUHSUHVHQWDQWHVGDDQ-tropologia simbólica.

,QHTXLYRFDPHQWHRFRQWULEXWRGR¿OyVRIRQHRNDQWLDQRVHSHUFHEHQD construção da Hermenêutica Simbólica que emerge sobre os Alpes suíços no transdisciplinar Círculo de Eranos, que abordaremos mais adiante.

A visão cassireriana do homem considera não mais o racional so-mente, resultado do racionalismo, mas o homem simbólico que constrói uma cultura através dos símbolos, constituindo um universo simbólico, mas que se insere em um novo paradigma, o holonômico. Nas palavras de Durand10

³>@DµJHVWDomRVLPEyOLFD¶(&DVVLUHUSHUPLWLUiRDFHV-VRDXPDRXWUDOyJLFDWRWDOPHQWHGLIHUHQWHGDTXHODELQiULDµRXRX¶H FRPEDVHQDµH[FOXVmRGHXPWHUFHLUR¶1RHQWHQGHUGH)HUUHLUD6DQWRV e Almeida11

³>@DDQWURSRORJLDVLPEyOLFDVHSDXWDSUHGRPLQDQWHPHQ-te, nos métodos possibilitados pela convergência muito profícua entre a fenomenologia e a hermenêutica simbólica”.

Estes métodos se tornaram possíveis sob a consideração do ³WHUFHLURGDGRH[FOXtGR´tertium non datur) da lógica aristotélica que dominou o pensamento ocidental. As ciências buscavam somente a H[SOLFDomR erklären REMHWLYLVWD PDV FRP DV ³FLrQFLDV GR HVStULWR´ (Geistwissenschaften) a compreensão (verstehenVXEMHWLYLVWDSDVVRXD ser considerada, e o método fenomenológico encontrou seu espaço no campo da pesquisa, privilegiando a compreensão do fenômeno religioso.

Husserl foi contemporâneo de Cassirer, entretanto um inaugurou o PpWRGRIHQRPHQROyJLFRRRXWURDDQWURSRORJLDVLPEyOLFD$LQÀXrQFLD de um sobre o outro não pode ser negada, pois em carta para Cassirer +XVVHUOD¿UPRX³IRLVyQHVWHV~OWLPRVDQRVTXHUHFHELULFRVHQVLQD-mentos de Kant e dos kantianos”12_{. “Por sua vez, Cassirer chamará de}

9 GOMES, Eunice Simões Lins. A catástrofe e o imaginário dos sobreviventes

TXDQGR D LPDJLQDomR PROGD R VRFLDO -RmR 3HVVRD (GLWRUD 8QLYHUVLWiULD 8)3% 2011, p. 58.

10 DURAND, Gilbert. O imaginário (QVDLR DFHUFD GDV FLrQFLDV H GD ¿ORVR¿D GD

LPDJHP7UDG5HQpH(YH/HYLp5LRGH-DQHLUR'LIHOS

11 )(55(,5$6$1726 $/0(,'$S 12_{Apud QUILLET, 2001, p. 201}

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µ)HQRPHQRORJLDHQmRµ7HRULD¶GR&RQKHFLPHQWR¶DWHUFHLUDSDUWHGH

)LORVR¿DGDV)RUPDV6LPEyOLFDV”13_{. Talvez este espírito imbricativo de}

SHQVDPHQWRVGtVSDUHVVHMDXPDGDVUD]}HVGHVWHVGRLVSHQVDGRUHVWHUHP LQÀXHQFLDGRWDQWRVSDUWLFLSDQWHVGH(UDQRV

Husserl é considerado o pai do “método fenomenológico”. A pa-lavra “fenomenologia”, de origem grega phainomenonVLJQL¿FD³>@

Descrição daquilo que aparece ou ciência que tem como objetivo ou projeto essa descrição”14

2WHUPRIHQRPHQRORJLDMiFLUFXODYDSRLVVH-gundo Redyson15HOHIRL³>@FXQKDGRSHODHVFRODGH&KULVWLDQ:ROIH

WHQKDVLGRXWLOL]DGRSHODSULPHLUDYH]SRU-RKDP+/DPEHUW>@HP sua obra Neues Organon, de 1764”. A palavra foi citada por Kant e por +HJHOPDVVyIRLGH¿QLGDFRPRPpWRGRSRU+XVVHUO

+XVVHUOD¿UPDTXH³DIHQRPHQRORJLDpDGRXWULQDXQLYHUVDOGDV essências, em que se integra a ciência da essência do conhecimento”16_.

2PpWRGRIHQRPHQROyJLFRFDXVRXXPLPSDFWRWmRH[SUHVVLYRQD¿OR-VR¿DHQDKHUPHQrXWLFDTXH*DGDPHURUHSUHVHQWDQWHGDKHUPHQrXWLFD FRQWHPSRUkQHDD¿UPRX

A fenomenologia é incontestavelmente uma das correntes HVVHQFLDLVQD¿ORVR¿DGRVpFXOR;;>@+XVVHUORIXQGDGRUGR PRYLPHQWR IHQRPHQROyJLFR DMXGRX XPD YH] PDLV R DSULRULVPR clássico da tradição idealista a alcançar uma vitória, ao por um WHUPR QD LQYDVmR GD ¿ORVR¿D SRU HOHPHQWRV DOKHLRV RULXQGRV GD SVLFRORJLDRULHQWDGDSHODFLrQFLDQDWXUDO>@+XVVHUOGHVLJQRXD este fato – em articulação com Platão – uma “redução eidética” que suspende todas as questões voltadas a fatos (Epoche)17_.

13_{QUILLET, 2001, p. 201.}

14_{ABBAGNANO, Nicola}'LFLRQiULRGH)LORVR¿D. Trad. Trad. Alfredo Bosi; Ivone

&DVWLOKR%HQHGHWWL6mR3DXOR0DUWLQV)RQWHVS

15 REDYSON, Deyve. Fenomenologia e Hermenêutica da religião-RmR3HVVRD

Editora Universitária UFPB, 2011, p. 16.

16_{HUSSERL, Edmund. A idéia da fenomenologia. Trad. Artur Mourão. Rio de}

-DQHLUR(GLo}HVS

17_{GADAMER, Hans-Georg. Fenomenologia, hermenêutica e metafísica (1983).}

Hermenêutica em retrospectiva. 7UDG 0DUFRV $QW{QLR &DVDQRYD 3HWUySROLV Editora Vozes, 2009, p. 112.

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$SURSRVWDPHWRGROyJLFDGHYROWDU³jVFRLVDVPHVPDV´GH¿QLDR cerne da fenomenologia husserliana. Grandes pensadores surgiram sob a diretriz do método fenomenológico, tais como o holandês Gerardus van der Leeuw, principal representante da Fenomenologia da Religião; *DVWRQ%DFKHODUGH[SRHQWHGR1RYR(VStULWR&LHQWt¿FR0DUWLQ+HL-GHJJHUR¿OyVRIRGRVHU3DXO5LFRXHUHDKHUPHQrXWLFDSHUVRQDOLVWD +DQV*HRUJ*DGDPHU0D[6FKHOHU.DUO-DVSHU0LUFHD(OLDGH5XGROI Otto, Andrés Ortis-Ozés, entre outros grandes nomes da hermenêutica-¿ORVy¿FD

O método de Husserl passou a orientar a pesquisa e um com-preender das “coisas mesmas”. No ano de 1933, Van der Leeuw lan-çou sua obra Fenomenologia da Religião. Neste mesmo ano, sobre o monte Veritá, as portas da mansão de Olga Fröbe-Kapteyn foram abertas para receber pesquisadores do oriente e do ocidente. Ali se deu início a um “banquete” de estilo grego, onde todos tinham “tudo em comum”.

Tendo como patrono intelectual Carl Gustav Jung, uma visão plu- ULGLVFLSOLQDUH³>@VREDRULHQWDomRGRWHyORJR5XGROI2WWRSDLGR6D-grado (Das Heilig), Olga Fröbe-Kapteyn (1881-1962) criou o Círculo de Eranos, em Ascona, Suiça”18$SDODYUD³HUDQRV´VLJQL¿FDEDQTXHWH

comida em comum, um piquenique.

O Círculo de Eranos seguiu com seus encontros anuais de forma LQLQWHUUXSWD

No período de 1933 a 1988 os encontros de Eranos aconteceram anualmente, no mês de agosto, cada um versando sobre uma temática escolhida previamente. Era um ambiente totalmente pludisciplinar, RQGHDGLYHUVLGDGHFLHQWt¿FDEXVFDYDXPDFRPSUHHQVmRXQLWiULDGR fenômeno religioso19_.

18_{SILVA, Egivanildo Tavares da; GOMES, Eunice Simões Lins. A hermenêutica} simbólica e o fenômeno religioso. A condição humana: olhares da espiritualidade, educação, saúde e tecnologia. I Encontro Internacional de Educação e (VSLULWXDOLGDGH'LVSRQtYHOHPKWWSPVFRPKXPDQL]DFDR,(YHQWR(($XWRU html>. Acessado em maio de 2013.

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O Círculo eranosiano não era um espaço fechado em si, pois, segundo o seu remanescente Ortiz-Osés20 ³DV SURGXo}HV FLHQWt¿FDV

DSUHVHQWDGDVHP(UDQRVHUDPSXEOLFDGDVHPDQDLVWULOLQJXHVDOHPmR francês e inglês. As publicações são, ao todo, 57 volumes, e estão atual-PHQWHWUDGX]LGDVSDUDRLWDOLDQRMDSRQrVHHVSDQKRO´$FLUFXODULGDGH GHVXDVLGHLDVFRQWULEXLXFRPDH[SDQVmRGD+HUPHQrXWLFD6LPEyOL-FD2&tUFXORGH(UDQRVDWLQJLXWUrVIDVHVVLJQL¿FDWLYDVDPLWRORJLD comparada (1933-1946), a antropologia cultural (1947-1971) e a her-PHQrXWLFDVLPEyOLFDSRVVtYHLVGHVHUHPLGHQWL¿FDGDVSRU Ortiz-Osés21_.

Este terceiro momento de Eranos foi marcado pela presença Gilbert Durand, de acordo com o romeno Eliade22_,

>@R)LOyVRIR*LOEHUW'XUDQGGLVFtSXORGH*DVWRQ%DFKHODUG depois de ter publicado a sua tese de doutoramento Les Structures $QWKURSRORJLTXHVGH/¶,PDJLQDLUHGHVHQYROYHXHD¿QRXD sua via metodológica em L’Imagination Symbolique(1964), (num grande) número de conferências lidas no ERANOS de Ascona (desde 1964) e em Figures Mythiques et Visages de l’Oeuvre (1978).

2&tUFXORGH(UDQRV³>@GLVFXWLXLQWHQVDPHQWHDVTXHVW}HVUH-lacionadas à mitologia comparada, antropologia cultural e hermenêu-WLFDVLPEyOLFDDSDUWLUGDVUHÀH[}HVHTXHVW}HVFRORFDGDVSRU(UQHVW Cassirer”23_{. Durand, epistemologicamente, separou as hermenêuticas}

em redutoras e instauradoras24_{, e se tornou um dos principais}

represen-tantes da Hermenêutica Simbólica.

20_{ORTIZ-OSÉS, Andrés. El círculo de Eranos. K. Kerényi, E. Neumann et alii.}

$UTXHWLSRV \ VtPERORV FROHFWLYRV &tUFXOR (UDQRV , 5XEt %DUFHORQD (G Anthropos, 2004, p. 9.

21_{TEIXEIRA, Maria Cecília Sanches; ARAÚJO, Alberto Felipe. Gilbert Durand:}

imaginário e educação1LWHURL,QWHUWH[WRS

22_{ELIADE, Mircea.},PDJHQVHVtPERORVensaio sobre o simbolismo mágico religioso.

6mR3DXOR0DUWLQV)RQWHVS

23 )(55(,5$6$1726 $/0(,'$S 24_{DURAND, 1993, pp. 37-71.}

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Após a Hermenêutica Simbólica ser afunilada em Eranos, a con-FHLWXDOLGDGHGRVtPERORIRLUHVVLJQL¿FDGDDFRVPRYLVmRGRVtPERORH VXDUHGXWLELOLGDGHDPHURVLJQRJDQKRXXPQRYRVHQWLGR&RPRD¿UPD Ortiz-Osés25³DHVSHFL¿FDomRGHVWD+HUPHQrXWLFDVLPEyOLFDFRQVLVWH HPSDVVDUGRPHURVLJQL¿FDGRRTXHVHGL]SDUDRVHQWLGRRTXHVH SUHWHQGHGL]HU´$¿ORVR¿DGRVtPERORDSyVDYLVmRFDVVLUHULDQDD H[SDQVmRGRPpWRGRIHQRPHQROyJLFRHDKHUPHQrXWLFDFRPRFLrQFLDGD interpretação, saiu dos moldes dos racionalismos e se inseriu nos méto- GRVGDIHQRPHQRORJLD$+HUPHQrXWLFDTXH³>@WHPVXDIXQGDPHQWD-ção teórica formulada por Friedrich Schleiermacher (1768-1834) busca estabelecer uma teoria geral da compreensão, pela qual não podemos FRPSUHHQGHURWRGRVHPTXHVHFRPSUHHQGDVXDVSDUWHV>@´26_{. Em sua}

proposta de interpretação, ele criou o “círculo hermenêutico”, dando XPDGLPHQVmRFLHQWt¿FD'HDFRUGRFRP%UDLGD27_{, até Schleiermacher a}

KHUPHQrXWLFDDWUDYHVVRXWUrVIDVHV

A história da formação da Hermenêutica, enquanto arte e WpFQLFDGHLQWHUSUHWDomRFRUUHWDGHWH[WRVFRPHoDFRPRHVIRUoRGRV gregos para preservar e compreender os seus poetas e desenvolve-VH QD WUDGLomR MXGDLFRFULVWm GH H[HJHdesenvolve-VH GDV 6DJUDGDV (VFULWXUDV $SDUWLUGR5HQDVFLPHQWR¿[DPVHWUrVWLSRVEiVLFRVGHWpFQLFDVGH LQWHUSUHWDomR+HUPHQrXWLFDWHROyJLFDVDFUD)LORVy¿FD¿OROyJLFD SURIDQDHMXUtGLFDMXULV2VHVWXGRVGH+HUPHQrXWLFDGH)ULHGULFK ' ( 6FKOHLHUPDFKHU HVWmR LQVHULGRV WDQWR QD WUDGLomR H[HJpWLFD da Teologia protestante, como no renascimento dos estudos de )LORORJLDFOiVVLFDQR¿QDOGRVpFXOR;9,,,

Nas palavras do hermeneuta Ortiz-Osés28_{, “a Hermenêutica é}

efec-tivamente a abertura do hermético e a superação do sentido literal pelo

25_{ORTIZ-OSÉS, Andrés. Hermenêutica, sentido e simbolismo. ARAÚJO, Alberto}

Filipe; BAPTISTA, Fernando Paulo (coord.). Variações sobre o imaginário 'RPtQLRVWHRUL]Do}HVSUiWLFDVKHUPHQrXWLFDV/LVERD,QVWLWXWR3LDJHWS

26 )(55(,5$6$1726 $/0(,'$S

27_{BRAIDA, Celso R. Aspectos semânticos da Hermenêutica de Schleiermacher.}

REIS, Robson Ramos dos; ROCHA, Ronai Pires da (org.). )LORVR¿D+HUPHQrXWLFD. 6DQWD0DULD(GLWRUD8)60S

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sentido pleno (sensus plenior)”. A Hermenêutica atravessou as suas fa-ses com suas dimensões (sacra, profana e júris), mas se consolidou HP (UDQRV FRPR 6LPEyOLFD SULYLOHJLDQGR XPD ¿ORVR¿D GR VtPEROR “A Hermenêutica Clássica torna-se assim Hermenêutica simbólica atra-vés de uma reinterpretação que passa por J. J. Bachofen, C. G. Jung, E. Cassirer e pelo Círculo de Eranos (com G. Durand à cabeça)”29_.

Levando-se em consideração a antropologia simbólica de Cassirer, DIHQRPHQRORJLDGH+XVVHUOHDWUDMHWyULDGDKHUPHQrXWLFDDWp(UDQRV DQDOLVDUHPRVD¿ORVR¿DGRVtPEROR6HJXLUHPRVVRERVYLHVHVGHQRYDV DERUGDJHQV¿ORVy¿FDVHKHUPHQrXWLFDVSDXWDGDVQXPVDEHUTXHSULYLOH-JLDRWHUFHLURH[FOXtGR

)LORVR¿DGRVtPEROR

Neste segundo momento partiremos da conceitualidade do símbo-ORSDUDDGHQWUDUPRVQD¿ORVR¿DGRPHVPR$SDODYUD³VtPEROR´WHP VXDEDVHHWLPROyJLFDQRJUHJRV\PEDOORQRSUH¿[R³V\Q´ XQLUMXQWDU DSUR[LPDUHRYHUER³EDOOR´ ODQoDUMRJDUVHQGRDVVLPXPDSDODYUD FRPSRVWDTXHVLJQL¿FDOLWHUDOPHQWHODQoDUSDUDSHUWRXQLURXMXQWDUDV SDUWHV6HMDHPDOHPmR6LQQELOGRXHPKHEUDLFRPDVKDOPDVVHPSUH FRPDVPHVPDVLPSOLFDo}HVGHXQLUGXDVPHWDGHVRXVHMDRVLJQRH VLJQL¿FDGR30_. $¿ORVR¿DGR6tPERORVHUiVLJQL¿FDGDDSDUWLUGDHSLVWHPRORJLD GH&DVVLUHUIXQGDPHQWDGDQD¿ORVR¿DGDOLQJXDJHPGH5LFRHXUHGH-¿QLGDQDLPDJLQDomRVLPEyOLFDGH'XUDQG6HJXQGR*DUDJDO]D31_{, “no} kPELWRGD¿ORVR¿DIRL&DVVLUHUTXHGHVFREULXHUHFXSHURXRYDORUHSLV-WHPROyJLFRHIRUPDOGRVLPEROLVPRSDUWLQGRGHXPQHRNDQWLVPR>@´ O símbolo que havia atravessado alguns estados de iconoclasmo na

his-29_{ORTIZ-OSÉS, 2003, p. 138.} 30_{DURAND, 1998.}

31 *$5$*$/=$ /XtV $ KHUPHQrXWLFD ¿ORVy¿FD H D OLQJXDJHP VLPEyOLFD

ARAÚJO, Alberto Filipe; BAPTISTA, Fernando Paulo (coord.). Variações sobre o imaginário 'RPtQLRV WHRUL]Do}HV SUiWLFDV KHUPHQrXWLFDV /LVERD ,QVWLWXWR Piaget, 2003, p. 80.

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tória do qual “a mais evidente depreciação dos símbolos que a história da nossa civilização nos apresenta é certamente a que se manifesta na corrente do cientista saída do cartesianismo”32_.

$SDUWLUGH&DVVLUHURVtPERORpUHVJDWDGRDRFDPSRGD¿ORVR¿D e, em Eranos, com a Hermenêutica Simbólica possibilita-se uma nova DERUGDJHP¿ORVy¿FDGRPHVPR'HDFRUGRFRPRIHQRPHQRORJLVWDGD história das religiões, Eliade,

>@pOHJtWLPRIDODUGHXPD³OyJLFDGRVtPEROR´QRVHQWLGR GH TXH RV VtPERORV TXDOTXHU TXH VHMD D QDWXUH]D H R SODQR HP que se manifesta, são sempre coerentes e sistemáticos. Esta lógica do símbolo sai do domínio próprio da história das religiões para HQ¿OHLUDUQRVSUREOHPDVGD¿ORVR¿D33_.

Foi preciso reconsiderar a visão do símbolo, para se compreender VXDGLPHQVmR¿ORVy¿FD³2FDUWHVLDQLVPRKDYLDDVVHJXUDGRRWULXQIR GRµVLJQR¶VREUHRVtPEROR´34_{, mas a visão fenomenológica reorientou}

a visão sobre o símbolo. “O símbolo é, pois, uma representação que faz

aparecer um sentido secreto, é a epifania de um mistério”35_{. Na}

com-preensão de Paul Ricoeur36_{, um}

>@ VtPEROR DXWrQWLFR SRVVXL WUrV GLPHQV}HV FRQFUHWDV p simultaneamente “cósmico” (isto é recolhe às mãos cheias a sua ¿JXUDomR QR PXQGR EHP YLVtYHO TXH QRV URGHLD ³RQtULFD´ LVWR é, enraíza-se nas recordações, nos gestos que emergem nos nossos VRQKRV>@H¿QDOPHQWH³SRpWLFD´LVWRpRVtPERORDSHODLJXDOPHQWH à linguagem, e à linguagem que mais brota, logo, mais concreta.

A concepção de Ricoeur que se instaura sobre “a noção de sím-bolo deve ser compreendida no quadro de uma Hermenêutica que faz

32_{DURAND, 1993, p. 20.}

33_{ELIADE, Mircea. Tratado de história das religiões. Trad. Maurício Balthasar}

/HDO6mR3DXOR0DUWLQV)RQWHVS

34_{DURAND, 1993.} 35_{DURAND, 1993, p. 12.} 36_{Apud DURAND, 1993, p. 12}

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do símbolo e da interpretação conceito correlativos” . Nesta proposta, Wunenburger38

HQWHQGHTXH³5LFRHXUDWUDYpVGDVXD¿ORVR¿DGDOLQJXD- JHPHGDVREUDVOLWHUiULDVYDLSULYLOHJLDUDµFRPSUHHQVmR¶HDLQWHUSUH-WDomRGRVVLQDLVUHODWLYDPHQWHjVIXQo}HVOyJLFDVGDµH[SOLFDomR¶TXH GRPLQDRVVDEHUHVFLHQWt¿FRV´

O símbolo está sempre no meio, unindo duas metades. Por isso, o símbolo e a interpretação são correlativos. É uma espécie de estado de DOPD5LFRHXUD¿UPD

Um estado de alma é uma maneira de se estar no meio da realidade. É, na linguagem de Heidegger, uma maneira de se estar HQWUHDVFRLVDV%H¿QGOLFKNHLW$TXLDLQGDDHSRNKpGDUHDOLGDGH natural é a condição para que a poesia dê origem a um mundo a SDUWLUGRHVWDGRGHDOPDTXHRSRHWDDUWLFXOD>@$PHWiIRUDpXPD peça essencial dessa teoria simbólica e inscreve-se por inteiro no quadro referencial; o que se trata de fazer aparecer é a diferença entre, por um lado, o que é “metaforicamente verdadeiro” e o que é “literalmente verdadeiro” e, por outro, entre o par que formam YHUGDGH PHWDIyULFD H YHUGDGH OLWHUDO H ³D VLPSOHV IDOVLGDGH´ >@ Uma nova distinção concernente à orientação do conceito de referência deve ser introduzida, segundo a qual esse movimento vai do símbolo à coisa da coisa ao símbolo39_.

6HJXQGR0DUGRQHV³>@5LFRHXUTXHXVDDDQiOLVHOLQJXtVWLFDGD criação poética, concretamente da metáfora, para estudar o símbolo, adverte que a diferença entre o símbolo e a metáfora se enraíza na li-EHUGDGHGRGLVFXUVR>@40_{”. Liberdade esta que encontra na metáfora}

em oposição ao símbolo que não se converte em metáfora. A metáfora se torna essencial para compreensão do símbolo. Para Ricoeur “o

sím-37_{WUNENBURGER, Jean-Jacques. Introdução ao imaginário. ARAÚJO, Alberto}

Filipe; BAPTISTA, Fernando Paulo (coord.). Variações sobre o imaginário 'RPtQLRVWHRUL]Do}HVSUiWLFDVKHUPHQrXWLFDV/LVERD,QVWLWXWR3LDJHWS

38_{WUNENBURGER, 2003, p. 29.}

39 RICOEUR, Paul. A metáfora viva7UDG'LRQ'DYL0DFHGR6mR3DXOR/R\ROD

2000, pp. 350, 354, 357.

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bolo faz pensar”41UD]mRSRUTXH³>@D¿ORVR¿DKHUPHQrXWLFDpXPD ¿ORVR¿DGDUHÀH[mRTXHDFHLWDGHL[DUVHVXUSUHHQGHUSHORVtPERORHP TXDOTXHURUGHPTXHVHMD´42_. 3DUWLQGRGDWHRULDGD³PHWiIRUDYLYD´HGRV³FRQÀLWRVGDVKHUPH-QrXWLFDV´GH5LFRHXU'XUDQGXPGRV¿OyVRIRVGH(UDQRVFRQVWUyLD LGpLDGHKHUPHQrXWLFDVUHGXWRUDVHLQVWDXUDGRUDV'XUDQGD¿UPDTXH HPWUDoRVJHUDLVKi³>@GXDVHVSpFLHVGHKHUPHQrXWLFDVDVTXHUHGX-zem o símbolo a um simples epifenómeno, ao efeito, à superestrutura, DRVLQWRPDHDVTXHSHORFRQWUiULRDPSOL¿FDPRVtPEROR>@43_”.

2 VtPEROR IRL LQWHUSUHWDGR HQWUH DV GXDV YLDV KHUPHQrXWLFDV D

Arqueológica e a Escatológica. Ricoeur44

D¿UPDTXHXPD³arqueológi-ca,

PHUJXOKDGDHPWRGRSDVVDGRELRJUi¿FRVRFLROyJLFDHDWp¿ORJHQp-tica, e a outra escatológica, isto é, reminiscência, ou melhor, chamada jRUGHPHVVHQFLDO>@´'XUDQGQRVID]VDEHUTXHHVWDVKHUPHQrXWLFDV seguem vias antagônicas, uma a via da GHVPLWL¿FDomR (Freud, Levi-6WUDXVV1LHW]VFKHH0DU[HDRXWUDGDUHPLWL¿FDomR (Heidegger, Van der Leeuw, Eliade, Bachelard)45_.

5HSRUWDQGRVHDRKHUPHQHXWDGD¿ORVR¿DGDOLQJXDJHP'XUDQG D¿UPD

Ricoeur legitima as duas hermenêuticas, porque, no fundo, qual-TXHU VtPEROR p GXSOR FRPR VLJQL¿FDQWH RUJDQL]DVH DUTXHRORJLFD-mente entre os determinismos e os encadeamentos causais, é “efeito”, sintoma; mas, como portador de um sentido, tende para uma escatolo-gia tão alienável como as cores que lhe são dadas pela própria encarna-omRQXPDSDODYUDQXPREMHWRQRHVSDoRHQRWHPSR

As duas vias hermenêuticas que foram legitimadas por Ricoeur e am-

SOL¿FDGDVFRP'XUDQGVHWRUQDUDPFRPSUHHQVtYHLVSHORPRWLYRTXHLQWHU-41_{Ricoeur, apud GREISCH, Jean. Ricoeur, Paul, 1983. HUISMAN, Denis (org.).}

'LFLRQiULRGRV¿OyVRIRV6mR3DXOR0DUWLQV)RQWHVS

42_{GREISCH, 2001, p. 833.} 43 '85$1'S>VLF@

44 3DXO5,&2(85³/HFRQÀLWGHVKHUPpQHXWLTXHV´apud DURAND, 1993, p. 92. 45_{DURAND, 1993.}

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SUHWDPHWUDGX]HPDPRWLYDomRGRVtPEROR)RLSUHFLVRUHGH¿QLURVtPEROR HVXDVPRWLYDo}HVSDUDTXHVHWRUQDVVHFODUDHVWD¿ORVR¿DGRVtPEROR

0RWLYDo}HVGRVtPEROR

Depois GDDQiOLVHGDFRQFHSomRGHVtPERORQDKHUPHQrXWLFD¿OR- Vy¿FDGH5LFRHXUHVHXVDQWHFHGHQWHVDERUGDUHPRVDTXHVWmRGDV¿OR- VR¿DVTXHMXVWL¿FDUDPDVPRWLYDo}HVGRVtPEROR'XUDQGSDUWHGRSUHV-suposto que “a consciência dispõe de duas maneiras para representar o mundo”. Uma Direta e outra Indireta. Na primeira, a “coisa parece estar presente no espírito, como na percepção” e, na outra, “quando, por esta RXSRUDTXHODUD]mRDFRLVDQmRSRGHDSUHVHQWDVHµHPFDUQHHRVVR¶j sensibilidade”46_{, mas somente ser representada por uma imagem.}

A primeira tese deste enunciado é que a imaginação é simbólica. ³4XDQGRRVLJQL¿FDGRQmRpGHPRGRDOJXPDSUHVHQWiYHOHRVLJQRVy pode referir-se a um sentido e não a uma coisa sensível”47_{. Quando a}

consciência indireta não dispõe da imagem concreta, então, faz a me-diação por meio de um símbolo.

Compreendendo que a imaginação é simbólica para Durand e que R³VtPERORORQJtQTXR´QmRSDVVDGHXP³VLJQRYL~YRGHVLJQL¿FDGR´48_,

VXUJHHQWmRDTXHVWmRRTXHPRWLYDHVWHVtPEROR"2QGHHVWiDVXD JrQHVH"3DUDXPDFRPSUHHQVmRPDLVHOXFLGDWLYDSDUWLUHPRVFRP'X-rand sobre as motivações do símbolo que foram defendidas por outros pensadores, para então chegarmos à sua motivação.

'XUDQGLQLFLDD¿UPDQGRTXH³>@WRGDVDVPRWLYDo}HVWDQWRVR-ciológicas como psicanalíticas, propostas para fazer compreender as es-truturas ou gênese do simbolismo pecam muitas vezes por uma secreta HVWUHLWH]DPHWDItVLFD>@´49_.

46_{DURAND, 1993, p. 7.} 47_{DURAND, 1993, p. 10.} 48_{DURAND, 1993, p. 8.}

49_{DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário: Introdução}

DDUTXHWLSRORJLDJHUDO7UDGXomRGH+HOGHU*RGLQKR6mR3DXOR0DUWLQV)RQWHV 2002, p. 32.

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Os reducionistas consideram o símbolo ou sob os enfoques lin-guístico, psicológico e sociológico, e apelam para seu aspecto forma-dor de cadeias de razão. Durand entende que “o símbolo não sendo MiGHQDWXUH]DOLQJXtVWLFDGHL[DGHVHGHVHQYROYHUQXPDVyGLPHQVmR $VPRWLYDo}HVTXHRUGHQDPRVVtPERORVQmRDSHQDVMiQmRIRUPDP longas cadeias de razões, mas nem sequer cadeias”50_{. Isto o levou a}

³>@UHMHLWDUSDUDRLPDJLQiULRRSULPHLURSULQFtSLRVDXVVXULDQRGRDU-ELWUiULRGRVLJQRLPSOLFDDUHMHLomRGRVHJXQGRSULQFtSLRTXHpRGD ³OLQHDULGDGHGRVLJQL¿FDQWH51_”. 'XUDQGUHMHLWDGHLJXDOPRGRRSULQFLSLRPRWLYDGRUGRVtPERORGH Sartre. >@DFODVVL¿FDomRVDUWULDQDGRVPRGRVGLYHUVRVGRLPDJLQiULR TXHVHOLPLWDDRVFDUDFWHUHVOyJLFRVHVXSHU¿FLDOPHQWHGHVFULWLYRVGDV motivações imaginárias, não recolhe mais que as intenções pobremente EDWL]DGDVLQWHQo}HVGH³DXVrQFLD´GH³DIDVWDPHQWR´GH³LQH[LVWrQFLD´ Sartre, cedendo uma vez mais ao que poderíamos chamar de ilusão semiológica, subordina as classes de motivação imaginária às classes GDH[SHULrQFLDSHUFHSWLYDRXGDSUHYHQomROyJLFD52_.

$SyVUHMHLWDUDVPRWLYDo}HVSURSRVWDVSRU6DUWUH'XUDQGEXVFD UHIXWDUDVLGpLDVTXH³>@'XPp]LOH3LJDQLROLPSOLFLWDPHQWHWHQWDUDP XPSRQGRDW{QLFDQRFDUiWHUIXQFLRQDOHVRFLDOGDVPRWLYDo}HV>@R outro na diferença das mentalidades e dos simbolismos que decorrem do estatuto histórico e político”53_{. As concepções social ou psicológica}

da motivação do símbolo são redutoras, assim como o pai da piscaná-OLVH³>@)UHXGSDUDTXHPRVtPERORpPRWLYDGRSHORLustprinzip que geneticamente se desenvolve ao longo das localizações hierarquizadas GHFLPDSDUDEDL[RGRHL[RGLJHVWLYR>@DRQtYHOXULQiULRHSRU¿P genital”54_.

50_{DURAND, 2002, p. 40 - grifo nosso.} 51_{DURAND, 2002, p. 32.}

52_{DURAND, 2002, p. 32} 53_{DURAND, 2002, p. 36.} 54_{DURAND, 2002, p. 38.}

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A concepção arqueológica de Freud reduz ao princípio do prazer, HQTXDQWR³$GOHU>@S}HDW{QLFDQXPSULQFtSLRGHSRGHUPRWLYDomRGH todo um vasto setor simbólico que se formaria graças ao mecanismo de sobrecompensação apagando gradualmente os sentimentos de inferiori-GDGHH[SHULPHQWDGRVQDLQIkQFLD´55_.

'RXWUDVRUWH³>@-XQJPRVWUDQRVFRPRDOLELGRVHFRPSOLFDHVH PHWDPRUIRVHLDVREDLQÀXrQFLDGHPRWLYDo}HVDQFHVWUDLVVHQGRWRGRR pensamento simbólico, antes de mais, tomada de consciência de gran-GHV VtPERORV KHUHGLWiULRV>@´56 -XQJ LQVWDXUDR VtPERORDR UHMHLWDU

a motivação freudiana e propor um hereditarismo coletivo (arquétipos universais).

Durand entende que seu mestre Bachelard se DSUR[LPRXGHXPD visão instauradora da motivação do símbolo, mas ainda falhou por con-ta da lógica aristotélica que separa imaginação e razão.

>@%DFKHODUGSDUHFHGRPLQDUPHOKRURSUREOHPDDRDSHUFHEHU VHLPHGLDWDPHQWHGHTXHDDVVLPLODomRVXEMHWLYDGHVHPSHQKDXP papel importante no encadeamento dos símbolos e suas motivações. Supõe que é a nossa sensibilidade que serve de medium entre o PXQGR GRV REMHWRV H R GRV VRQKRV >@ R HSLVWHPyORJR >@ SDUHFHP UHFXVDUVH D SHQHWUDU QD FRPSOH[LGDGH GRV PRWLYRV H UHIXJLDUVHQXPDSRpWLFDSUHJXLoRVDQREDOXDUWHSUpFLHQWt¿FRGR aristotelismo57_.

Em Jung e Bachelard, entre outros, Durand constrói um caminho SHOR YLpV DQWURSROyJLFR ³>@ *RVWDUtDPRV VREUHWXGR GH QRV OLEHU-WDU>@FRORFDQGRQRVQXPSRQWRGHYLVWDDQWURSROyJLFRSDUDRTXDO ³QDGDGHKXPDQRGHYHVHUHVWUDQKR´>@58_{e, como peremptoriamente}

GHIHQGHXPDSURSRVWDSDUDVXDPRWLYDomRGRVtPEROR³>@SUHFLVD-PRVQRVFRORFDUGHOLEHUDGDPHQWHQR>@trajeto antropológico, ou seja,

a incessante troca que existe ao nível do imaginário entre as pulsões

55_{DURAND, 2002, p. 39.} 56_{DURAND, 2002, p. 39.} 57_{DURAND, 2002, pp. 34, 36.} 58_{DURAND, 2002, p. 40.}

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subjetivas e assimiladoras e as intimações objetivas que emanam do meio cósmico e social59_.

O trajeto antropológico se instaura entre o homem e o meio, não KDYHQGRPDLVUXSWXUDHQWUHVXMHLWRHREMHWR2KRPHPLPDJLQDDSDUWLU de seus impulsos biológicos (UHÀH[RV GRPLQDQWHV), ou a partir das in-WLPDo}HVREMHWLYDVSURYRFDGDVSHOR³PHLR´FyVPLFRVRFLDO6mRGRLV polos motivadores de uma gênese recíproca. Durand, “ao tratar de evi-WDUDGLVMXQWLYDHQWUHDRQWRORJLDSVLFRORJLVWDHDRQWRORJLDFXOWXUDOLVWD elabora a noção do trajeto antropológico, sobre a qual assenta uma

on-tologia simbólica que tenta co-implicar as duas anteriores”60_{. “Assim o}

WUDMHWRDQWURSROyJLFRSRGHLQGLVWLQWDPHQWHSDUWLUGDFXOWXUDRXGRQDWXUDO psicológico, uma vez que o essencial da representação e do símbolo está contido entre esses dois marcos reversíveis”61_{. A motivação do símbolo}

GXUDQGLDQRHVWiQRWUDMHWRDQWURSROyJLFRHDVXDJrQHVHpUHFtSURFD

&RQVLGHUDo}HV¿QDLV

3ULQFLSLDPRVFRPRFRQWULEXWRGD¿ORVR¿DQHRNDQWLDQDGH&DVVL-UHUTXH³WmRDGPLUDYHOPHQWHH[SOLFRXWRGDDDWLYLGDGHKXPDQDWRGR RJrQLRKXPDQRQmRpVHQmRRFRQMXQWRGHµIRUPDVVLPEyOLFDV¶GLYHU-VL¿FDGDV>@RµXQLYHUVRVVLPEyOLFR¶>@TXHQmRpQDGDPDLVQDGD menos do que todo o universo humano!”62_{Associamos a}

fenomenolo-gia husserliana que impulsionou o Círculo de Eranos; a concepção de hermenêuticas arqueológica e escatológicaGH5LFRHXUQD¿ORVR¿DGR

VtPERORTXHLQÀXHQFLRX'XUDQGDFRQFHEHUXPD¿ORVR¿DGRVtPER-lo redutora e outra instauradora, a partir, de suas motivações. Consi-deramos o Trajeto Antropológico durandiano como resultado de uma FRPSUHHQVLELOLGDGHVLJQL¿FDWLYDGDJrQHVHHGDPRWLYDomRGRVtPEROR instrumento mediúnico do sagrado.

59_{DURAND, 2002, p. 40.} 60_{GARAGALZA, 2003, p.81.} 61_{DURAND, 2002, p. 42.}

62 DURAND, Gilbert. O universo do Símbolo. Campos do Imaginário /LVERD

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