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MISSIONÁRIOS DO COTIDIANO

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Academic year: 2021

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Ana Cecília Rocha Veiga - www.missionariosdocotidiano.org 1

DO COTIDIANO

MISSIONÁRIOS

TRÊS RAZÕES PARA UM CRISTÃO AMAR OS JUDEUS

 

Resumo: Este texto aborda o amor que o cristão precisa cultivar pelos judeus, bem como busca 

nos aspectos culturais e na história judaica a inspiração para uma atitude missionária diante do  povo escolhido. Pregação do Evangelho entre judeus, judaísmo e cristianismo. 

“Guarda o mês de abibe e celebra a Páscoa do Senhor, teu Deus; porque, no mês de abibe, o  Senhor,  teu  Deus,  te  tirou  do  Egito,  de  noite.  Então,  sacrificarás  como  oferta  de  Páscoa  ao  Senhor, teu Deus, do rebanho e do gado, no lugar que o Senhor escolher para ali fazer habitar o  Seu nome.”  Deuteronômio 16:1‐2      A Páscoa se aproxima e, em minhas leituras bíblicas, retorno à Torá, ao Pentateuco de Moisés,  ao significado que esta festa tem para os judeus: a saída do Egito, a salvação redentora do Povo  de  Deus.  Trago,  então,  estas  palavras  para  minha  vida...  todo  dia  o  Senhor  anda  comigo,  livrando‐me do velho homem, fazendo‐me sair do julgo da carne, o meu passado de pecado e  dor. Todos os dias me liberta o Príncipe da Paz, preenchendo o meu ser. Sob a fumaça invisível  do incenso espiritual que enche o Templo do Espírito Santo em meu coração, vou terminando  minhas tarefas, em clima de feriado, em princípio de oração, quando chega um e‐mail de uma  colega  de  trabalho,  uma  judia  de  olhos  claros  e  sorriso  de  mel:  “Ana,  paz  e  alegria!  (...)  Boa  Páscoa  para  você!”  –  termina  o  e‐mail.  Respondo  a  ela:  “Hadassa1,  obrigada!  Israel  saiu  do  Egito  e  a  Casa  de  Jacó  saiu  de  um  povo  estranho,  Judá  tornou‐se  a  nação  de  Deus.  Haleluiá,  halelu  avdê  Adonai,  halelu  et  shem  Adonai!”  Aleluia,  louvai  ao  Senhor!  Louvai,  servos,  o  Seu  nome! Boa Páscoa!!! Hadassa deve achar estranho uma cristã que gosta de mandar mensagens  e cumprimentos em hebraico, que bebe com atenção a cada vez que ela fala sobre Israel, sobre  judaísmo,  ou  sobre  objetos  históricos  da  sua  família.  Cristãos  e  judeus,  separados  por  tantas  guerras, cruzadas, massacres, holocaustos. Mas nada disto separa Hadassa e eu. Ao contrário,  meu coração derrama de amor por ela, derrama de amor pelo povo judeu. A explicação? É bem  simples, explico em três tempos... ou seriam dois?      O Pai amou primeiro   

“Porque  tu  és  povo  santo  ao  Senhor,  teu  Deus;  o  Senhor,  teu  Deus,  te  escolheu,  para  que  lhe  fosses  o  Seu  povo  próprio,  de  todos  os  povos  que  há  sobre  a  terra.  Não  vos  teve  o  Senhor  afeição,  nem  vos  escolheu  porque  fôsseis  mais  numerosos  do  que  qualquer  povo,  pois  éreis  o  menor  de  todos  os  povos,  mas  porque  o  Senhor  vos  amava  e,  para  guardar  o  juramento  que  fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão,  do poder de Faraó, rei do Egito. Saberás, pois, que o Senhor, teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que 

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guarda  a  aliança  e  a  misericórdia  até  mil  gerações  aos  que  O  amam  e  cumprem  os  Seus  mandamentos;”   

Deuteronômios 7:6‐9 

  Certa ocasião, um amigo querido me perguntou: “Ana, você acredita que os judeus adoram o  mesmo  Deus  que  nós?”  Eu  respondi‐lhe  que  sim,  com  grande  convicção  e  certeza,  mas  O  adoram  de  modo  incompleto,  ineficaz.  “Sabemos  que  a  Trindade  manifestou‐se  aos  homens  com  propósitos  especiais.  Deus,  o  Pai,  revelou‐se  no  Sinai  para  o  povo  que  separara  para  semente  das  nações  –  o  povo  judeu.  Deus,  o  Filho,  revelou‐se  no  Calvário,  para  remissão  dos  homens, de um modo geral, de qualquer raça, tribo ou nação. O Espírito Santo revelou‐se em  Pentecoste, para promover a evangelização do mundo pela igreja, e dispensar poder aos salvos,  para a realização desse intento evangelístico e santificação das suas vidas. Houve um momento  em que o Pai, o Filho e o Espírito Santo se revelaram distintamente. Esse momento marcou o  evento, o fato histórico, e cada manifestação trouxe uma bênção espiritual peculiar.” 2 Adoram  os judeus até hoje somente o Pai, mas estão longe do Santo dos Santos, não perceberam que o  véu  se  rasgou,  os  olhos  vêem  de  modo  incompreensível,  “velado”.  Desconhecem  o  Filho,  revelado na cruz, bem como o Espírito Santo, revelado em Pentecoste. Mas conhecem o Deus  Forte, Todo Poderoso, que com mão misericordiosa os libertou da escravidão. “Desceste sobre  o  monte  Sinai,  do  céu  falaste  com  eles  e  lhes  deste  juízos  retos,  leis  verdadeiras,  estatutos  e  mandamentos  bons.”  3  Aleluia,  temos  o  Filho!  Aleluia,  temos  o  Espírito!  E  Aleluia,  temos  também o Pai! Não desprezemos as bênçãos advindas da Sua manifestação. Nem descuidemos  do fato de que o Deus de Israel, o “EU SOU”, decidiu revelar‐se ao mundo através deste povo  pequeno,  perseguido,  humilhado,  escravizado:  o  povo  judeu,  uma  nação  que  chamou  para  si  misteriosamente,  não  porque  era  maior,  ou  porque  era  melhor,  mas  porque  simplesmente  a  amou.  Afinal  de  contas,  Deus  é  amor.  Deixemo‐nos,  nesta  Páscoa,  inundar  de  amor  nossos  corações,  um  amor  que  transborda  dAquele  que  primeiro  nos  amou.  “Ainda  que  eu  fale  as  línguas  dos  homens  e  dos  anjos,  se  não  tiver  amor,  serei  como  o  bronze  que  soa  ou  como  o  címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda  a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor,  nada serei. (...) Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três: porém o maior  destes é o amor.” 4      Meu Melhor Amigo    

Certa  vez  estivemos,  eu  e  meu  esposo,  em  Buenos  Aires.  Na  ocasião,  visitamos  a  principal  sinagoga da cidade, que tem em seu anexo um museu. Logo na entrada, notamos a diferença  entre  um  museu  convencional  e  um  museu  judaico:  as  portas  encontravam‐se  cerradas.  Foi  necessário  tocar  a  campainha  e  aguardar  um  jovem  robusto  que  nos  conduziu  até  uma  recepção  vigiada  por  câmeras,  onde  nossos  documentos  foram  entregues  para  verificação.  Vários  minutos  ficamos  ali,  aguardando  os  procedimentos  necessários.  Veio  à  minha  lembrança,  então,  as  informações  prévias  que  havia  lido  acerca  daquela  sinagoga,  alvo  no 

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NASCIMENTO, José Rego do. Calvário e Pentecoste – Regeneração e Poder. Brasília: Lerban, 2007. Pg 20.

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Neemias 9:13

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passado de ataques terrorista. Aguardávamos outros visitantes retornarem do passeio guiado,  pois  nenhum  estranho  poderia  caminhar  sozinho  naquele  lugar:  precisávamos  estar  sempre  acompanhados.  Enquanto  esperávamos,  um  grande  grupo  de  visitantes  chegou  ao  mesmo  tempo, conversando vivamente em hebraico entre eles, bem como em outras línguas, uns com  os outros. O Rabino decidiu acompanhar o pessoal e nós, na esteira, ainda que sem entender  muita  coisa,  seguiríamos  os  animados  falantes.  Uma  jovem  e  bela  judia,  de  nome  Raquel5,  encaminhada pela recepção, veio em nossa direção para nos resgatar:    ‐ São brasileiros, Rabino! Vou fazer a visita com eles em separado! – disse a moça ao ancião.  ‐ Brasileiros??? – o rabino exclamou – De onde?  ‐ De Belo Horizonte, em Minas Gerais. – respondi tímida, enquanto todo o grupo se calava e nos  fitava com curioso interesse.  ‐ Quem é o rabino de lá? – prosseguiu o religioso.  ‐ É... o Rabino Leonardo... – respondi hesitante, com um pouco de estranhamento sobre o que  estava acontecendo ali. Eu e meu esposo constrangidos pelos olhares atentos.  ‐ Sim, sim! Rabino Leonardo, eu o conheço! – comemorou.   

Neste  momento,  um  outro  senhor  começou  a  falar  em  alta  voz  para  todo  o  grupo  algo  em  hebraico bem marcado. Algumas palavras, dentre aquelas, eram‐nos bem conhecidas... Minas  Gerais...  Belo  Horizonte....  Leonardo...  ficou  claro  que  nossas  origens  estavam  sendo  transmitidas  a  todo  o  grupo,  que  exclamou  sorridente:  “Shalom  aleichem!”  Respondemos  concordando,  desejando  que  a  paz  também  estivesse  entre  eles.  E  fomos  com  Raquel,  estranhando tudo aquilo, até nos darmos conta de que todos ali achavam que definitivamente  nós éramos judeus. Agora fazia sentido as perguntas tão assertivas, os cumprimentos típicos, a  objetividade da nossa “guia” em nos mostrar o caminho. Por que será que todos partiram do  pressuposto,  tão  imediatamente,  que  nós  éramos  judeus?  Provavelmente  porque  a  maioria  absoluta  dos  visitantes  deve  ser  de  judeus!  Fiquei,  então,  pensando  em  um  modo  de  revelar  nossa identidade, uma brecha em nossa conversa para contar à jovem que éramos, na verdade,  cristãos  sem  nenhuma  descendência  direta  judaica,  ainda  que,  como  disse  Paulo,  sejamos  enxertados no Corpo pela fé: “Pois não me envergonho do Evangelho, porque é o poder de Deus  para  a  salvação  de  todo  aquele  que  crê,  primeiro  do  judeu  e  também  do  grego;  visto  que  a  justiça de Deus se revela no Evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.” 6  Primeiro  do  judeu  (que  privilégio!),  mas  também  do  grego...  e  dos  brasileiros:  éramos  prova  viva. Mas as “aparências” enganavam ainda mais: enquanto matutava estas coisas Beto já havia  colocado  o  quipá  (exigência  para  visitação)  e  entrava  sinagoga  adentro,  sob  as  explicações  claras  e  inteligentes  de  Raquel.  Passado  algum  tempo,  a  oportunidade  veio  à  tona  enquanto  conversávamos  sobre  cultura  e  Israel.  Se  não  me  foge  a  memória,  falávamos  sobre  a  arquitetura da sinagoga quando disse...    ‐ Sabe, isto tudo me interessa muito, a cultura e a arquitetura judaica. Apesar de não sermos  judeus, amamos muito Israel. – falei, com coragem não sei de onde, temendo a reação.  ‐ Sim... – respondeu a moça, sendo surpreendida.  5

Nome fictício, em lugar do nome real.

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‐ Pois é... gostamos de aprender tudo sobre Israel, afinal de contas, Deus é judeu. – respondi,  sem pensar direito no absurdo que soaria a frase.  ‐ Mas nós não acreditamos que Deus tenha nacionalidade. – respondeu ela, obviamente certa,  estranhando a minha afirmação, com a expressão mais espantada.  ‐ Você tem razão, Deus não tem nacionalidade. Mas quando Jesus veio ao mundo, Ele decidiu vir  como um judeu. Eu amo, portanto, os judeus. Afinal de contas, meu melhor Amigo é judeu! –  falei, sem acreditar no que estava dizendo, copiando uma frase de uma cristã que muito admiro  e que ama muito os judeus.    Neste momento Raquel se calou, os meus olhos e de meu esposo se encheram imediatamente  d’água diante daquela constatação: Jesus, um judeu quando esteve entre nós, é nosso melhor  Amigo. E o diálogo prosseguiu, denso, profundo, emocionante:   

‐  De  fato,  Jesus  nasceu  como  um  judeu,  viveu  como  um  judeu,  morreu  como  um  judeu.  –   concluiu Raquel em espanhol delicioso e cantado, com ar de surpresa, como se tivesse parado  para meditar sobre isto pela primeira vez. Prosseguindo, disse... – Mas normalmente os cristãos  não gostam muito dos judeus, porque afirmam que os judeus mataram Jesus.  

‐  Isto  não  faz  sentido!  –  falei  carinhosa,  mas  contundente.  Maria  e  José  eram  judeus,  os  discípulos eram judeus, o Apóstolo Paulo era judeu. Não foram OS judeus que mataram Jesus,  foram ALGUNS judeus que mataram Jesus. É uma enorme diferença! Afinal de contas, o próprio  Jesus era judeu quando se fez homem. 

 

Neste ponto, acredito que Raquel não poderia estar mais confusa, nossa conversa era como a  chama  de  uma  vela:  calma,  brilhante,  ardente.  Meu  esposo,  sabiamente,  rompeu  o  breve  silêncio, retornando a discussão para os aspectos culturais. E voltamos a falar das tradições e  história judaicas na Argentina. Mais interessante, impossível! No museu, um último susto para  Raquel... falávamos justamente sobre o Hagadá de Pêssach, o Texto da Páscoa, quando a jovem  abre o antigo livro, justamente na página onde eu saberia, sem grandes dificuldades, a tradução  da  primeira  frase,  pois  havia  praticado  a  mesma  recentemente.  Qualquer  outra  página,  qualquer outra frase, seria uma leitura desastrosa, menos esta. Leio então, tateando, insegura  na língua, mas com ousadia na fé: “Baruch ata Adonai, Elohênu mélech haolam” Bendito sejas  Tu,  Senhor,  nosso  Deus,  Rei  do  Universo.  A  jovem  não  poderia  ficar  mais  chocada!  Deus  tem  mesmo Seus propósitos e pode usar até pequenas coisas como estas para aproximar corações.    

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Ainda é tempo “imperfeito” 

 

“Chegada  a  hora,  pôs‐se  Jesus  à  mesa,  e  com  Ele  os  apóstolos.  E  disse‐lhes:  Tenho  desejado  ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do Meu sofrimento. Pois vos digo que nunca  mais a comerei, até que ela se cumpra no Reino de Deus. E, tomando um cálice, havendo dado  graças, disse: Recebei e reparti entre vós; pois vos digo que, de agora e diante, não mais beberei  do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus. E, tomando um pão, tendo dado graças, o  partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o Meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de Mim.  Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no  Meu sangue derramado em favor de vós.”  Lucas 22:14‐20   

“Porque,  sendo  livre  de  todos,  fiz‐me  escravo  de  todos,  a  fim  de  ganhar  o  maior  número  possível. Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem  sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei,  embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem  lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei.  Fiz‐me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz‐me tudo para com todos,  com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do Evangelho, com o fim  de me tornar cooperador com ele.”   I Coríntios 9:19‐23     

Como  o  apóstolo  Paulo,  precisamos  levar  a  Nova  Aliança  aos  rincões  da  Terra,  precisamos  repartir  a  mesa  da  Páscoa,  precisamos  transbordar  o  cálice  de  amor  –  o  sangue  do  Cordeiro  vertido  na  cruz,  precisamos  dividir  o  pão  que  nos  liberta  –  o  corpo  que  é  dado  em  nosso  resgate,  para  nossa  salvação  e  vida  Eterna!  Tantas  vezes  nos  preocupamos  em  levar  missionários  aos  africanos,  indígenas,  indianos,  chineses,  romenos.  Mas  tão  pouco  se  fala  na  necessidade  de  levar  a  Mensagem  da  Cruz  aos  judeus,  amados  por  Deus  e  que,  portanto,  precisam  ser  amados  por  nós.  Israel  teve  o  inexplicável  privilégio  de  ser  nação  eleita,  povo  escolhido para vivenciar a revelação do Pai, para receber e transmitir ao mundo a Sua Lei, que  hoje encontra‐se ainda sob esclarecimento e égide da graça. Entretanto, disse Jesus: “Eu sou o  caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por Mim” 7. Nós cremos em um Deus  Trino: Pai, Filho e Espírito Santo. Os judeus, entretanto, adoram somente o Pai. Ignoram o Filho,  revelado na Cruz, bem como o Espírito Santo, derramado em Pentecoste. Assim, por mais que  amem a Deus, não se chegarão a Ele, pois o Caminho é um só. O Messias veio, mas Israel ainda  dorme.  Entretanto,  nem  tudo  está  perdido,  está  apenas...  incompleto.  A  chave  do  mistério  pode  ser  ilustrada  pela  própria  língua  hebraica.  Ao  contrário  do  português,  que  possui  três  tempos (passado, presente e futuro), no hebraico existem apenas dois tempos, porque a noção  de conjugação verbal não está conectada à cronologia dos fatos, como na língua latina, mas sim  à  ação  do  verbo.  Para  o  hebraico  existe  o  tempo  perfeito  e  o  tempo  imperfeito,  a  ação  completa  (finda)  e  a  incompleta  (em  andamento  ou  que  virá).  Isto  equivale  dizer  que,  no 

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