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Supervisão e regulação bancárias à luz do direito comparado, do direito internacional e do direito brasileiro

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(1)

UNIVERSIDADE

CATÓLICA DE

BRASÍLIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

STRICTO SENSU

EM DIREITO

Mestrado

SUPERVISÃO E REGULAÇÃO BANCÁRIAS A LUZ DO

DIREITO COMPARADO, DO DIREITO INTERNACIONAL E

DO DIREITO BRASILEIRO

Autora

: Valquíria Oliveira Quixadá Nunes

Orientador:

Antônio Paulo Cachapuz de Medeiros

(2)

VALQUÍRIA OLIVEIRA QUIXADÁ NUNES

SUPERVISÃO E REGULAÇÃO BANCÁRIAS NO DIREITO

COMPARADO

Dissertação apresentada à Universidade

Católica de Brasília, como parte dos

requisitos para obtenção do grau de

Mestre em Direito, área de concentração –

Direito Internacional Econômico

Orientador: Antônio Paulo Cachapuz de

Medeiros

(3)

TERMO DE APROVAÇÃO

Dissertação defendida e aprovada como requisito para a

obtenção do Grau de Mestre em Direito Internacional Econômico, defendida e

aprovada em , pela banca examinadora constituída por:

___________________________________________________

Antônio Paulo Cachapuz de Medeiros

___________________________________________________

___________________________________________________

Antônio de Moura Borges

BRASÍLIA

(4)

Aos operadores do Direito preocupados com a

seriedade da regulação e supervisão bancária no

Brasil; aos banqueiros sérios desse país e ao meu

orientador Antônio Paulo Cachapuz de Medeiros por

sua dedicação ao nosso curso de Mestrado. Ao

grande homem, Antônio, que nesses nove anos de

comunhão de vidas sempre me incentivou a

enfrentar os desafios profissionais e pessoais, e ao

meu primeiro filho, Thiago, fruto do amor que nos

(5)

Agradeço às seguintes pessoas que me

auxiliaram com seus preciosos préstimos

para a finalização deste trabalho: José

Leovegildo Oliveira Morais, José Martins

Arantes, Dalmácio José de S. Madruga,

João Osamir Cunha; e Parlamentares

entrevistados, Senadores Eduardo

Matarazzo Suplicy, Romero Jucá e

Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo; e

(6)

RESUMO

Analisa-se, nessa dissertação de mestrado, nossa supervisão bancária

nacional, realizando um estudo de direito comparado com os Estados Unidos da

América, e também em cotejo com as regras internacionais já estabelecidas nos

fóruns mais importantes. Mostram-se também as conseqüências ruins que uma

supervisão bancária deficiente gera na tutela do Sistema Financeiro Nacional.

Foram escolhidos os Estados Unidos da América, para fins de comparações no

âmbito interno, por ser o mais importante sistema financeiro nacional do mundo.

Ademais, é país de grande influência no Comitê de Basiléia, hoje o mais

importante fórum informal de supervisão bancária de âmbito internacional.

Apresenta-se também a legislação aplicada na União Européia, outro importante

fórum internacional, indicando as suas principais regras. Ao final do estudo, após a

identificação das principais falhas da regulação e supervisão bancárias do Brasil,

no cotejo com o sistema de supervisão dos E.U.A, as normas do Comitê de

Basiléia e análise das ações judiciais já propostas cujo objeto se refere aos temas

do Sistema Financeiro Nacional e à fiscalização bancária, relatórios das CPIs dos

Bancos e do Proer e entrevistas efetuadas com os Parlamentares mencionados,

indica-se uma série de propostas, enfatizando os caminhos tidos como mais

adequados para o aperfeiçoamento do modelo tanto da regulação quanto da

supervisão bancária brasileiras, a fim de que ambas possam ser aperfeiçoadas,

para a obtenção de maior efetividade.

PALAVRAS-CHAVE: Supervisão Bancária, Direito Comparado, Sistema

(7)

ABSTRACT

It is analyzed, in this master dissertation, our national bank supervision,

making a study of comparative law with United States of America, and also in

comparison with the international rules already established in the most important

forum. In this work is also shown the bad consequences that a defective

supervision provides to the National Financial System. The United States of

America have been chosen, for comparisons in the internal ambit, for being the

most important national financial system in the world. Besides that, this country has

great influence in the Basiléia Committee, which is nowadays the most important

informal forum of bank supervision in the international context. Its also presented

the legislation applied in the European Union, another important international

forum, indicating its principal rules. At the end of the study, after identifying the

worst failure of the bank regulation and supervision in Brazil, in comparison with

the supervision system of U.S.A., the rules of Basiléia Committee and analysis of

the lawsuits already proposed which subject refers to the theme of National

Financial System and to the bank inspection, the reports of the Comissão

Parlamentar de Inquérito (Inquiry Parliamentary Commission) of the Banks and the

Proer and interviews with the mentioned Parliaments, a several propositions are

indicated, emphasizing the most proper ways to improve the model of brazilian

bank control as well as their supervision, so that both can be improved to provide

better effectiveness.

(8)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...1

7

PARTE I A ATIVIDADE

BANCÁRIA...20

CAPÍTULO 1 ASPECTOSGERAIS DA ATIVIDADE BANCÁRIA ...21

a) CONCEITUAÇÃO DE BANCOS, MERCADO FINANCEIRO E DE

CAPITAIS...2

2

b) SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL E

INTERNACIONAL...

24

c) BANCOS-DA INTERMEDIAÇÃO À GLOBALIZAÇÃO – MUDANÇAS

OCORRIDAS...2

5

1.4 INTERESSE PÚBLICO NO ÂMBITO

BANCÁRIO...27

d) REGULAÇÃO E SUPERVISÃO BANCÁRIAS – EVOLUÇÃO

(9)

e) O PAPEL DOS BANCOS CENTRAIS E SUA

INDEPENDÊNCIA...3

2

CAPÍTULO 2 REGULAÇÃO BANCÁRIA

.....36

2.1 CONCEITUAÇÃO ...36

2.2 PRINCÍPIOS E TÉCNICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA REGULAÇÃO ADEQUADA

NO CONTEXTO NACIONAL E MUNDIAL

...38

CAPÍTULO 3 SUPERVISÃO BANCÁRIA

...40

3.1CONCEITUAÇÃO...4

0

3.2 ESTÁGIOS OU

FASES...43

3.2.1

AUTORIZAÇÃO...43

3.2.2

FISCALIZAÇÃO...44

(10)

2)

CLASSIFICAÇÃO...46

3) EXAMES IN LOCO...46

4) ACOMPANHAMENTO INTERNO E CONSULTAS JUNTO AOS ALTOS NÍVEIS DE

ADMINISTRAÇÃO...47

5) RELATÓRIO DE AUDITORES EXTERNOS

INDEPENDENTES...47

6) INSPEÇÃO GLOBAL CONSOLIDADA –

IGC...47

3.2.3 PUNIÇÃO ...48

3.2.4 MECANISMOS DE GARANTIA DE LIQUIDEZ OU DE ADMINISTRAÇÃO DE CRISES

DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS(FISCALIZAÇÃO

PRUDENCIAL)...49

1) ADMINISTRAÇÃO DE CRISES

...49

2) SEGURO DE DEPÓSITO

...51

3) PROCEDIMENTOS DE INSOLVÊNCIA DE

BANCOS...52

- PACOTE DE SALVAMENTO OU ASSISTÊNCIA DO BANCO

(11)

- ENCAMPAÇÃO OU FUSÃO OU COMPRA E

ASSUNÇÃO...53

- LIQUIDAÇÃO E DEVOLUÇÃO DE

DEPÓSITOS...53

3.3 QUEM DEVERIA FISCALIZAR O NEGÓCIO

BANCÁRIO?...54

3.4 FATORES LIGADOS À INDEPENDÊNCIADOS BANCOS CENTRAIS QUE AUXILIAM

NA SUPERVISÃO BANCÁRIA ...57

PARTE II – REGULAÇÃO E SUPERVISÃO BANCÁRIAS NO DIREITO COMPARADO E NO

DIREITO

INTERNACIONAL...60

CAPÍTULO 4 PRINCIPAIS AGENTES DO SISTEMA FINANCEIRO

INTERNACIONAL...61

4.1 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS INTERNACIONAIS –

IFIS...62

4.1.1FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL –

FMI...62

4.2 BANCOS MUTILATERAIS DE DESENVOLVIMENTO –

BMDS...66

(12)

4.4 BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS

BIS...68

4.2 FOROS FINANCEIROS

INTERNACIONAIS...70

4.2.1 GRUPO DOS SETE –

G-7...70

4.2.2 GRUPO DOS TRÊS –

G-3...72

4.2.3 GRUPO DOS DEZ –

G-10...73

4.2.4 GRUPO DOS VINTE E QUATRO –

G-24...74

4.2.5 GRUPO DOS VINTE E DOIS –

G-22...75

4.2.6 ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

OCDE...

.76

4.2.7 A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO –

OMC...77

1) CONSIDERAÇÕES

(13)

2) A OMC E OS BANCOS...79

4.3 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS DO SETOR

PRIVADO...81

1) HEDGE FUNDS...81

2)BANCOS...82

CAPÍTULO 5 SUPERVISORES

INTERNACIONAIS...84

5.1 O COMITÊ DE SUPERVISÃO BANCÁRIA DE

BASILÉIA...84

5.1.1 DIRETRIZES DO COMITÊ DE

BASILÉIA...85

5.1.2 OS PRINCÍPIOS DE

BASILÉIA...87

5.2 GRUPOS REGIONAIS DE SUPERVISÃO

BANCÁRIA...90

5.3 UNIÃO EUROPÉIA – U.E

...90

5.3.1REGULAÇÃO E SUPERVISÃO

BANCÁRIAS...96

1) AUTORIZAÇÃO

(14)

2) SUPERVISÃO PELO PAÍS DE

ORIGEM...98

3) EXAMES IN

LOCO...99

5.4 O PAPEL DA SUPERVISÃO NO SISTEMA EUROPEU DE BANCOS

CENTRAIS...99

5.5 A INDEPENDÊNCIA DO BANCO CENTRAL EUROPEU –

BCE...101

5.6 PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O COMITÊ DE BASILÉIA E A COMUNIDADE

EUROPÉIA

BRUXELAS)...103

5.7 ESTRUTURA INTERNACIONALDE SUPERVISÃO...104

CAPÍTULO 6 SISTEMA FINANCEIRO AMERICANO E SUPERVISÃO .

BANCÁRIA...106

6.1 ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL – O SISTEMA FEDERAL DE

RESERVA...106

6.2 INDEPENDÊNCIA DO BANCO CENTRAL AMERICANO

...110

6.3 REGULAÇÃO E SUPERVISÃO

(15)

6.4 ESTÁGIOS OU FASES DA SUPERVISÃO

BANCÁRIA...115

6.4.1 – AUTORIZAÇÃO...116

6.4.2 – FISCALIZAÇÃO...116

1) ESTRUTURA DA

FISCALIZAÇÃO...117

2) PRINCIPAIS INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA

FISCALIZAÇÃO...118

6.5 PUNIÇÃO...120

6.6 MECANISMOS DE GARANTIA DE LIQUIDEZ OU DE ADMINISTRAÇÃO DE CRISE PREVISTOS

NA LEI (FISCALIZAÇÃO

PRUDENCIAL)...121

6.6.1ADMINISTRAÇÃO DE

CRISE...121

6.6.2SEGURO DE DEPÓSITO ...122

6.6.3PROCEDIMENTOS DE INSOLVÊNCIA DE BANCOS

...122

PARTE III - REGULAÇÃO E SUPERVISÃO BANCÁRIA NO

BRASIL...125

CAPÍTULO 7 – SISTEMA FINANCEIRO

(16)

7.1 ASPECTOS GERAIS...126

7.2 ESTRUTURA...129

7.2.1 CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL – CMN - PRINCIPAIS

CARACTERÍSTICAS...12

9

7.2.2 BANCO CENTRAL...132

7.2.3 INDEPENDÊNCIA DO BANCO CENTRAL DO

BRASIL...137

CAPÍTULO 8 REGULAÇÃO BANCÁRIA NO

BRASIL...142

8.1 BREVE HISTÓRICO...143

8.2 PARÂMETROS DE DISCRICIONARIEDADE QUANTO AO CUMPRIMENTO DENORMAS

EXPRESSAS DO CONSELHO MONETÁRIO

NACIONAL...144

8.3 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DOS NORMATIVOS DO CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL E

DO

BANCO CENTRAL DO BRASIL FACE ÀS RECOMENDAÇÕES DO

COMITÊ DE BASILÉIA...146

CAPÍTULO 9 SUPERVISÃO BANCÁRIA NO

BRASIL...152

(17)

9.1.1 AUTORIZAÇÃO...154

9.1.2 FISCALIZAÇÃO E SUA

ESTRUTURA...155

1) PRINCIPAIS INSTRUMENTOS UTILIZADOS NAS FISCALIZAÇÕES DIRETA E

INDIRETA...156

2) INSPEÇÃO GLOBAL

CONSOLIDADA...159

9.1.3 PUNIÇÃO...160

9.1.4 MECANISMOS DE GARANTIA DE LIQUIDEZ E DE ADMINISTRAÇÃO DE CRISES

DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PREVISTOS NA LEI (FISCALIZAÇÃO

PRUDENCIAL)...161

1) ADMINISTRAÇÃO DE

CRISES...161

2) SEGURO DE DEPÓSITO...165

3) PROCEDIMENTOS DE INSOLVÊNCIA DOS

BANCOS...167

A) INTERVENÇÃO...167

B) LIQUIDAÇÃO...168

C) REGIME DE ADMINISTRAÇÃO ESPECIAL TEMPORÁRIA –

RAET...169

(18)

E) PROGRAMA DE ESTÍMULO À REESTRUTURAÇÃO E AO

FORTALECIMENTO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL –

PROER...171

CAPÍTULO 10 – ESTUDOS DE CASOS CONCRETOS - AÇÕES JUDICIAS E RELATÓRIOS DAS

COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO – CPIS – TENDO COMO OBJETO

QUESTIONAMENTOS À REGULAÇÃO

E SUPERVISÃO BANCÁRIAS DO BRASIL

...175

10.1 A APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DE BASILÉIA NO BRASIL...

177

10.2 AUSÊNCIA DE ATUALIZAÇÃO DA REGULAMENTAÇÃO BANCÁRIA PELO CONGRESSO

NACIONAL ...182

10.3 DEFICIÊNCIA NA REGULAÇÃO -- INCONSTITUCIONALIDADE Das MEDIDAS

PROVISÓRIAS Nº 1.179/95 E Nº 1.182/95 QUE REGULAMENTARAM

O PROER ...184

10.4 AUSÊNCIA DE INSPEÇÕES IN LOCO ... .186

10.5 AUSÊNCIA DE TRATAMENTO ADEQUADO ÀS INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS MAL ADMINISTRADAS E A SEUS ADMINISTRADORES

QUANDO DA CRISE VIVIDA PELO BRASIL ANTES E APÓS O PLANO

REAL ...188

(19)

10.7 FALTA DE INDEPENDÊNCIA E TRANSPARÊNCIA DO BANCO CENTRAL

BRASILEIRO ...198

10.8DEMORA NO JULGAMENTO DAS QUESTÕES DO SFN NO PODER JUDICIÁRIO ...200

CONCLUSÃO ...201

REFERÊNCIAS ...211

GLOSSÁRIO ...218

APÊNDICE I – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PARLAMENTARES PARTICIPANTES DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DOS BANCOS E DA CPI DO PROER......220

ANEXO I – ESTUDOS DE CASOS CONCRETOS – AÇÕES JUDICIAIS AJUIZADAS EM FACE DO BANCO CENTRAL DO BRASIL TENDO COMO OBJETO QUESTIONAMENTOS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL...221

ANEXO II - ESTUDOS DE CASOS CONCRETOS – TRECHOS DE RELATÓRIOS DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO – CPIS QUE ANALISARAM O PROER.... .239

(20)

INTRODUÇÃO

Prejuízos causados na área do Sistema Financeiro, freqüentemente

assumidos pela União, impedem o investimento em diversos programas sociais do

país e prejudicam a geração de empregos.

A efetividade da supervisão bancária constitui-se em um mecanismo de

grande importância para a vitalidade do sistema financeiro de determinada nação,

bem como para o Sistema Financeiro Internacional.

É objeto deste trabalho nossa supervisão bancária nacional em cotejo com

outro país, os Estados Unidos da América, e com as regras internacionais já

estabelecidas nos fóruns mais importantes. Nesse passo, também se faz um

estudo de direito comparado, mostrando as conseqüências ruins que uma

supervisão bancária deficiente gera na tutela do Sistema Financeiro Nacional.

Consideram-se, então, as seguintes hipóteses:

• A ineficácia no processo de supervisão bancária gera prejuízos no

Sistema Financeiro Nacional e no Sistema Financeiro Internacional.

• A normatização adotada no Brasil com relação à Supervisão e

Regulamentação Bancárias traz como conseqüência o fortalecimento do

Sistema Financeiro Nacional.

Busca-se, assim, encontrar a solução do problema proposto representado

pela pergunta:

• Quais as deficiências na aplicação das regras que regem a Supervisão

Bancária no Brasil em relação às que norteiam tal instituto nos Estado Unidos

(21)

Nesse sentido, surgiram as seguintes indagações a serem respondidas na

conclusão desta Dissertação:

• Os Princípios de Basiléia são aplicados no Brasil?

• A regulamentação bancária brasileira atende aos ditames de direito comparado

recomendados pelos E.U.A.?

• O Banco Central cumpre devidamente o seu papel como autoridade monetária

responsável pela Supervisão Bancária Nacional?

• O Proer – Programa de Estímulo à Estruturação e ao Fortalecimento do

Sistema Financeiro Nacional atendeu aos objetivos a que se propôs de

assegurar a liquidez e solvência nesse sistema e resguardar os interesses de depositantes e investidores?

• Há transparência Institucional do Banco Central do Brasil em relação ao Poder

legislativo?

• O controle Judicial Nacional da Legalidade dos atos e decisões do Banco

Central na condução de suas funções é efetivo?

Assim, segundo a conceituação apresentada pela doutrina, classifica-se o

presente trabalho de “Pesquisa Exploratória” pela identificação da intenção com as

fontes e métodos postos como característicos desse tipo de investigação.

Escolheram-se os Estados Unidos da América, para fins de comparações no

âmbito interno, por ser o mais importante sistema financeiro nacional do mundo.

Ademais, é país de grande influência no Comitê de Basiléia, hoje o mais

(22)

Apresenta-se também a legislação aplicada na União Européia, indicando as suas

principais regras.

Compõem o presente estudo as entrevistas, presentes no Apêndice I,

realizadas com membros do Congresso Nacional que participaram da “CPI dos

Bancos” e da “CPI do Proer”, onde foram tratados alguns dos temas aqui

analisados, como, por exemplo, o PROER - Programa de Estímulo à

Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional, e a fiscalização

exercida pelo Banco Central do Brasil. Os relatórios finais dessas duas CPIs

também foram estudados.

Utilizou-se também a pesquisa de caso para aprimorar as conclusões,

especificamente na parte da pesquisa relativa à supervisão bancária no Brasil.

Para tanto, analisaram-se algumas ações judiciais já propostasenvolvendo essa

matéria, em especial, os casos das liquidações dos bancos Nacional, Bamerindus

e Econômico, bem como o Proer e o “Caso Banestado”.

Ao final do estudo, após a identificação das principais falhas da regulação e

supervisão bancárias do Brasil, no cotejo com o sistema de supervisão dos E.U.A,

as normas do Comitê de Basiléia e análise das ações judiciais referidas, relatórios

das CPIs dos Bancos e do Proer e entrevistas efetuadas com os Parlamentares

mencionados, e obtendo a resposta às indagações supracitadas, indica-se uma

série de propostas, enfatizando os caminhos que creio sejam adequados para o

aperfeiçoamento do modelo tanto da regulação quanto da supervisão bancária

brasileiras, a fim de que ambas possam ser aperfeiçoadas, para a obtenção de

(23)

PARTE I

(24)

CAPÍTULO 1

ASPECTOS GERAIS DA ATIVIDADE BANCÁRIA

Nos termos já relatados na introdução, há uma grande influência da atividade

bancária e, em especial, da supervisão bancária, com a economia de um país.

Nesse passo, pertinente é a afirmação de LUNDBERG quando explica que

uma das funções mais nobres de um sistema financeiro é a de mobilizar

poupanças e canalizá-las para as atividades mais promissoras, contribuindo para

aumentar o crescimento e a eficiência do sistema econômico.1

Inicialmente será exposta uma visão geral da atividade bancária, o interesse

público implicado nessa atividade, o Sistema Financeiro Nacional e a importância

dos bancos centrais, bem como a influência da globalização financeira nos

sistemas financeiros internos dos países e no sistema financeiro internacional.

Nos capítulos seguintes dessa Parte I, serão mencionadas as definições de

regulamentação e supervisão bancárias adotadas pela doutrina.

1

(25)

1.1 CONCEITUAÇÃO DE BANCOS, MERCADO FINANCEIRO E DE

CAPITAIS

O tema do presente estudo encontra seu primeiro problema de delimitação

na própria definição de seu objeto, o banco. Esse termo varia de país para país,

onde diversos tipos de intermediários atuam dentro e fora de seus sistemas

financeiros, trabalhando com seguros, valores mobiliários e negócios.

Fazendo um paralelo com a nomenclatura em diversos países, tem-se que

nos E.U.A. é dada a nomenclatura genérica de “instituição de depósito” a bancos

comerciais, sociedades de poupança, cooperativas de crédito e qualquer

instituição que realiza empréstimos e recebe depósitos.

Nas Comunidades Européias, o termo geral é considerado como

“instituição de crédito”, enfatizando-se a carteira de ativos, e não o passivo. No

Reino Unido, porém, o termo mais utilizado é “bancos”. 2

No Brasil, não há uma definição legal de banco em sentido estrito, mas tão

somente a de instituição financeira prevista no art. 17 da Lei nº 4.595/64, que,

dada sua imprecisão, não permite fazer uma distinção clara entre os dois termos,

que são comumente utilizados como sinônimos, pela figura de linguagem

sinédoque existente entre ambos, sendo instituição financeira o gênero do qual

banco é espécie.3

Assim, no presente estudo, consideram-se bancos e instituições bancárias

como sinônimos para facilitar o desenvolvimento dos temas. Não será estudada a

2 LASTRA, Rosa Maria.

Banco Central e regulamentação bancária. Tradução Dan Markus Kraft. Belo Horizonte: Del Rey, 2000, p. 62.

3 WAISBERG, Ivo.

(26)

fiscalização exercida pelo Banco Central nas instituições financeiras não

bancárias.

Como há diferentes conotações para os termos bancos e instituições

financeiras, alguns autores apresentam também diferenciações conceituais em

relação aos termos Mercado Financeiro e Mercado de Capitais. Por exemplo,

“O Prof. ALFREDO DE SOUSA utiliza em sinonímia as expressões de

mercado financeiro e de mercado de capitais. Mas outros autores

distinguem, dentro do mercado financeiro, o mercado monetário do

mercado de capitais. No primeiro, como a própria denominação indica,

transaccionar-se-ia moeda (embora, para alguns, apenas a curto prazo).

No segundo (também chamado, por vezes de novo, mercado financeiro),

teriam lugar operações a médio e longo prazo, distinguindo-se no

respectivo âmbito, o mercado de aplicações monetárias e de crédito a

médio e a longo prazo e o mercado de valores mobiliários (títulos de

diversas espécies)”.4

Os bancos atuam nesses mercados de modo geral intermediando operações

com moedas (seja de captação ou aplicação) e ativos. Nesse estudo

considerar-se-ão tais instituições inseridas no mercado financeiro, ou seja, no sistema

financeiro, pois é ele o local onde se dá a generalidade dessas operações.

4 ATHAYDE, Augusto de.

(27)

1.2 SISTEMAS FINANCEIROS – NACIONAL E INTERNACIONAL

Utilizando-se a definição de MARQUES, pode-se definir o Sistema Financeiro

"como o conjunto de instituições financeiras ou não interdependentes e afins,

cujas funções são de captar e intermediar os recursos financeiros da economia de

forma coordenada e em estrutura organizada". 5

Assim, o sistema financeiro nacional significa esse conceito aplicado ao

conjunto da instituições financeiras sediadas ou com filiais atuantes em

determinado país.

O Sistema Financeiro Internacional é mais abrangente, composto pelos

agentes governamentais, privados e instituicionais que atuam nos diversos países

e no âmbito internacional, agindo sob regras nacionais ou internacionais aplicáveis

às diversas operações e fatos travados entre eles. Essas relações ficaram mais

explicitas após o chamado processo de globalização.

5

MARQUES, Newton Ferreira da Silva. Estrutura e funções do Sistema Financeiro do Brasil. Brasília:Thesaurus, 2003, p. 29

(28)

1.3 BANCOS - DA INTERMEDIAÇÃO À GLOBALIZAÇÃO –

MUDANÇAS OCORRIDAS

Até meados do século XX, na maioria dos países, a atividade bancária

manteve-se sem maiores alterações. Os bancos exerciam, assim, a atividade de

receber depósitos, conceder créditos, proceder a descontos de papéis de

comerciantes, intervir no financiamento do comércio internacional, trocar moedas

estrangeiras, comprar e vender ações, obrigações e outros valores em Bolsas e

mercados afins. Nas palavras de ATHAYDE: “Os Bancos eram, em suma, as

empresas que exerciam na economia e na sociedade praticamente todas as

funções relacionadas com a intermediação do dinheiro e dos “papéis” nele convertíveis.”.6 Os Bancos tradicionais eram considerados universais, atuando em

diversas frentes.

Com o tempo, as atividades bancárias foram-se tornando especializadas, e

surgiram outras entidades financeiras que passaram a desempenhar as atividades

que anteriormente eram realizadas somente pelos bancos, obrigatoriamente, por

força de lei, ou por livre escolha dos intermediários. Exemplo disso são as

sociedades de locação financeira (leasing), sociedades de cessão financeira (factoring), sociedades financeiras, sociedades gestoras de fundos de investimento7, etc. Outros estabelecimentos bancários permaneceram com as

atividades gerais que desempenhavam.

(29)

Fato relevante jurígeno, e que acelerou essa transformação, foi a crise de

1929, acontecimento histórico de dimensões mundiais, que causou abalos em

grande parte dos sistemas financeiros dos países. Sobretudo nos Estados Unidos,

a reação da população foi forte no sentido da mudança, pois havia um verdadeiro

monopólio das atividades de captação de poupança popular e aplicação em

valores mobiliários, ou seja, em mercados de risco, ensejando uma série de crises

bancárias, com a ocorrência de falências, suspensão de pagamentos, paralização

do crédito, etc. Esse país, então, passou a ter o seu sistema financeiro

compartimentado. 8

Apesar da especialização e compartimentalização ocorrida em diversos

países em face do aumento da quantidade de serviços já tradicionamente

prestados e o surgimento de novos, os bancos obtiveram espaço cada vez maior

dentro da economia e da vida dos países, ocorrendo o fenômeno denominado por

alguns autores de “bancarização”.9

Notadamente, no final do século XX, esse fenômeno da bancarização veio

juntamente com outro fenômeno importante, designado de globalização da

economia, que influenciou os bancos em termos da normatização e supervisão

bancárias.

8 ATHAYDE, op. cit., p.13.

9 “se tem vindo, sistematicamente, a desenvolver o estabelecimento de relações entre as

(30)

1.4 INTERESSE PÚBLICO NO ÂMBITO BANCÁRIO

Não é raro as pessoas, os profissionais e principalmente as instituições

financeiras questionarem o porquê da intervenção estatal no sistema financeiro,

notadamente no sistema bancário. Considera-se, por um lado, que, dentro dos

princípios econômicos, quanto mais livre funcionem as operações econômicas

maior será a sua eficiência, até mesmo por uma seleção natural das empresas

com condições de atuar no mercado, com o expurgo daqueles que não tenham

condições de fazê-lo.

Por outro lado, no entanto, verifica-se na prática que os bancos movimentam

recursos de grande monta decorrentes da poupança popular, movimentam o

patrimônio de empresas, prestam serviço de arrecadação de tributos, pagamento

de trabalhadores e fornecedores, empréstimos e aplicações tanto de pessoas

físicas, jurídicas ou governo. Os bancos trabalham com um grande volume de

recebimentos de crédito e com pagamentos em escala bem menor. Para que esse

sistema funcione de modo eficaz, fator essencial é a fidúcia no sistema como um

todo , de quem opera nele, principalmente porque o banqueiro trabalha quase que

totalmente com o capital de terceiros. Nesse sentido, LASTRA faz uma citação

interessante: “A característica distintiva do banqueiro, diz Ricardo, inicia-se no

momento em que ele usa o dinheiro dos outros; enquanto ele usa o seu próprio

dinheiro ele é somente um capitalista”.10

10

(31)

Na verdade, por atuar com o bem moeda e de terceiros, o banco vende ao

consumidor uma promessa de pagamento futuro em relação a seus depósitos, por

isso o fator credibilidade do sistema financeiro, em última instância é dada

indiretamente pelo governo, as regras de inserção no mercado dependem do

atendimento de requisitos por ele determinados, assim como para algumas

operações são estabelecidas regras impostas pela entidade garante. Nesse

passo, cita LASTRA: “A confiança será sempre um elemento essencial na área

bancária, seja com os reguladores enfatizando a proteção da fidúcia no sistema

como um todo (como no modelo alemão de banco universal) ou de depositantes

individuais (modelo anglo-saxônico). A proteção de tal “confiança” é geralmente

vista com dever do governo.”.11

Analisando-se a fundo as razões consideradas para a atribuição da tutela da

credibilidade do Sistema Financeiro de um país encontrar-se a cargo do Governo,

pode-se citar, além da proteção à Economia Popular, também a influência dessa

credibilidade na economia desse país, dada a interdependência econômica

mundial existente entre os países, um relação a outro, passa a preocupação com

a solvência e estabilidade do âmbito nacional para o âmbito internacional,

criando-se a obrigação conjunta de todos os paícriando-ses na tutela do sistema financeiro

internacional.12

Assim, surge um fator de peso para a determinação do exercício da

supervisão pelos Governos: é a influência exercida pelo Sistema Financeiro na

Economia de um país, dado não ser possível o bom ou o mau funcionamento de

11 Ibidem,p. 63. 12

(32)

um sem conseqüências no outro. Conseqüentemente, as políticas públicas

dependem do desempenho desses dois elementos essenciais para o bom

andamento e avaliação de um Governo.

A má condução do Sistema Financeiro de um país afeta também a política

cambial, dificultando a captação de recursos do país no exterior e o aumento do

chamado “risco país”.

O difícil é conjugar o elemento regulação com a liberdade de que precisa o

sistema para que a livre concorrência permita o lucro justo e a satisfação dos

consumidores, ou seja, a eficiência no funcionamento do sistema.

Finalmente, acresça-se que justificativa importante para a sujeição das

instituições financeiras à fiscalização estatal decorre, ainda, do fato da existência

nas operações efetuadas nos bancos de regras de sigilo, o que facilita a

ocorrência de fraudes, diferentemente de outros negócios.

1.5 REGULAÇÃO E SUPERVISÃO BANCÁRIAS – EVOLUÇÃO

HISTÓRICA

Após os anos 70, houve uma mudança no enfoque da regulação e

supervisão bancárias, passando-se a dar maior ênfase à estabilidade e solvência

do sistema bancário como um todo. Considera-se a relação direta desses fatores

na economia e política econômica dos diversos países, em termos positivos ou

negativos, tendo em vista a constatação da importância alcançada pelos bancos

(33)

pagamento dos países, eles intermediam a moeda e o crédito do sistema

financeiro.13

Após o processo de globalização, houve uma mudança significativa no

Sistema Financeiro Internacional, com consequências nos processos de regulação

e supervisão bancárias.

O World Economic Outlook , relatório do FMI, de maio de 1997, argumenta, porém, que a Globalização Financeira ou a integração econômica entre as nações

não é um fenômeno novo. A crescente integração da economia mundial iniciou-se

na metade do século XIX, e foi interrompida pela Primeira Guerra Mundial.

A grande diferença entre o atual processo de globalização financeira e o

daquela época é o significativo incremento no número de países que hoje

participam dela e os avanços tecnológicos conseguidos, o que reduz os custos da

alocação com transportes, telecomunicações e informática, fatores que facilitam

sobremaneira a presente integração global.14

Com a atual globalização dos mercados financeiros, houve uma diminuição

na função de intermediação de recursos entre os bancos, passando alguns de

seus clientes a operar diretamente. Todavia, em face do aparecimento de novos

serviços prestados por essas entidades, principalmente em termos de serviços

financeiros operações com fundos de investimento, os bancos continuaram a

13 SADDI, Jairo (Org.).

Intervenção e liquidação extrajudicial no Sistema Financeiro Nacional. São Paulo: Textonovo, 1999. p. 32.

14 MAIA, Elisa Rabello.

(34)

desempenhar um papel importante na economia dos países e na economia

internacional.

Houve também dentro desse processo uma tendência para a liberalização e

desregulação gradual dos movimentos de capitais, com o desaparecimento de

barreiras existentes entre os Estados, tendo como contrapartida a harmonização

progressiva das diferentes ordens jurídicas em face da maior integração dos

mercados de capitais a nível mundial. 15

Tal desregulação coincide, todavia, com um controle mais rigoroso da

situação das instituições financeiras, em face da maior influência de uma sobre a

outra, com a criação desse mercado global de capitais e a crescente

interdependência entre as Economias dos Estados e o Sistema Financeiro

Internacional, de modo geral.

Com o aumento nas relações, comércio e transações financeiras entre os

países, surgiu também nos diversos governos uma preocupação no plano

internacional, pois o desempenho de um país pode influenciar a de outro, sendo

necessária a manutenção da solvência e segurança do sistema financeiro

internacional e não somente nos sistemas financeiros nacionais, e, a partir daí, a

maior ênfase na supervisão bancária.16

15

ATHAYDE, op. cit., p. 29-31.

16

LEVINE, Ross; CAPRIO Jr., Gerard; BARTH, James R. Banking systems around the globe: do regulation and ownership affect performance and stability? 2000.Disponível em:

(35)

1.6 O PAPEL DOS BANCOS CENTRAIS E SUA INDEPENDÊNCIA

Historicamente, os bancos centrais surgiram no século passado com a

função precípua de tutela do sistema bancário de determinado país, antes mesmo

de considerar-se a sua função de manutenção da estabilidade da moeda.

Isso se deu, principalmente, pelas constantes oscilações na atividade

econômica, crises de recessão e de expansão vividas pelos países em virtude da

rigidez do padrão-ouro, no século XIX, que fez com que os diversos países

buscassem alternativas. Os Estados Unidos partiram diretamente para a criação

do Banco Central, baseado no Sistema de Reserva Federal17, que será mais

detalhado no Capítulo 6. A Inglaterra instituiu o seu Banco Central ao final do

século XVII. Napoleão I fundou o Banco da França, e o Banco do Canadá iniciou

suas operações em 1935. 18

Posteriormente, isso foi mudando, e alguns países passam a contar com

órgãos especiais para manter a tutela de seu sistema financeiro, não ficando os

seus bancos centrais, porém, totalmente alheios a tal função. Isso faz parte de sua

natureza, já que em última instância ele é o responsável pela assistência

financeira, por meio do redesconto, e porque o controle da moeda passa pelo

acompanhamento e controle dos próprios bancos, lugar 19por onde circulam

grandes valores monetários.

17

NOGUEIRA, Denio. Depoimento. Brasília: Banco Central do Brasil,1993, p. 118-119.

18 SISTEMA Federal de Reserva: objetivos e funções, Junta de Governadores do Sistema

Federal de Reserva. Tradução de Olavo Miranda. 2.ed. Rio de Janeiro: Ipanema, 1964 p. 17.

19

(36)

Um tema que tem ensejado muita discussão em âmbito mundial é a

independência do Banco Central. Há argumentos pró e contra 20. Importante é

salientar que, acerca de dez anos, somente três bancos centrais gozavam de

independência: o Banco Central norte-americano, o Banco Central alemão e o

Banco Nacional suiço, ao passo que atualmente podemos agregar a estes o

Banco Central do Chile (desde 1989), o Banco Central da Nova Zelândia (desde

1989), o Banco Central da Argentina (desde 1992) e o Banco Central das Filipinas

(desde 1993).

Os defensores da independência partem do princípio de que as funções do

Banco Central vão além da responsabilidade de condução da política monetária,

passando a incluir outras importantes tarefas tais como: o papel de doador de

últimos recursos de fiscalização e regulação bancárias, supervisão do sistema de

pagamentos, administração das reservas externas, e monopólio de emissão da

moeda. Eles colocam esses argumentos enfocando a relatividade da

independência, por considerarem que ela sozinha não garante a consecussão de

todos esses objetivos, notadamente a estabilidade de preços, que depende de

outras variantes no intuito de controle inflacionário.

Outro fator considerado como relativizador dessa independência é a questão

da transparência do Banco Central em relação a seus órgãos de controle. A

transparência é considerada como essencial dentro de uma democracia, a fim de

se evitar que a legitimidade da independência seja abalada pela falta de controle

20 Diferenciando dois termos que usualmente são utilizados equivocadamente como sinônimos,

(37)

do Banco Central, criando-se o “Estado do Estado”. Muitos defendem que se

podem facilmente dosar os limites dessa independência a partir da alteração da

legislação que disciplina os objetivos da instituição.

Assim, os argumentos favoráveis à independência estão centrados na

hipótese de “como pode a posição não política, apartidária, contribuir para a

credibilidade e visão de longo prazo de uma política monetária voltada à

estabilidade de preços.”. Para tanto, LASTRA defende a adoção de mecanismos

de garantia de transparência a fim de se dar a credibilidade necessária ao Banco

Central na obtenção de seus objetivos, notadamente o de controle de preços,

enfatizando que os argumentos favoráveis à independência superam aqueles que

lhes são desfavoráveis21.

Aqueles contrários a tal independência argumentam que a instituição Banco

Central, com a sua adoção, ficaria livre de controle político e, conseqüentemente,

sem legitimidade democrática. Afirmam que se deve defender a independência

tanto da política monetária quanto da política fiscal, que devem estar

coordenadas. Deve-se evitar o risco de que o Banco Central venha a privilegiar,

com a sua independência, seu próprio benefício ao invés do bem-estar geral. 22.

O primeiro ponto contrário já foi abordado no início deste item; o segundo é

refutado pela afirmação de que o importante é dar prioridade à política monetária,

sem o Estado ter que deixar de cuidar de outras políticas como a fiscal, por

exemplo. E o terceiro e último argumento é contraposto pelo fato de que se o

Banco Central tiver como objetivo principal a prevenção da inflação e não o

21 LASTRA, op. cit., p. 29. 22

(38)

conseguir, as conseqüências sob a sua direção devem ser bem definidas,

podendo até, em certos cargos, um descumprimento de meta causar a demissão

(39)

CAPÍTULO 2

REGULAÇÃO BANCÁRIA

Aqui, conceitua-se a regulação bancária, nos termos adotados pela doutrina,

ao passo que mencionam-se princípios e técnicas utilizados tanto no âmbito

nacional quanto no internacional que podem ser utilizados para a definição de uma

regulamentação bancária adequada.

2.1 CONCEITUAÇÃO

No decorrer desse estudo, utilizar-se-á preferencialmente o termo regulação

bancária, ao invés de regulamentação bancária, por ser o primeiro mais

adequado23. Mesmo assim, destaca-se que a maioria dos autores não faz

distinção em relação aos dois termos, utilizando-os como sinônimos.

Assim, na definição de LASTRA24, a

regulamentação bancária pode ser definida como o estabelecimento de regras, incluindo atos do legislativo (congresso ou parlamento), e

23 “regulação se distingue de regulamento. Regulamentar, em sentido estrito, é a

prerrogativa legal do Poder Executivo de editar normas sobre matéria de alcance específico. A regulamentação é manifestação de vontade dos governantes, expressa em atos administrativos que produzem efeitos jurídicos. Já regular é, em sentido amplo e descrevendo-o por uma de suas funções, “processo de ordenação de atividade econômica, através da função legislativa estatal, que não se confunde com lei, mas que tem como objetivo determinar a conduta dos agentes econômicos sob a inspiração de uma dada política econômica”. (SADDI, Jairo. Crise e regulação bancária: navegando mares revoltos. São Paulo : Textonovo, 2001, p.89).

24

(40)

instrumentos ou regras emanadas de autoridades delegadas. Em nível

nacional, tais autoridades delegadas estão no governo, através do

ministério das finanças ou tesouro, o Banco Central e outras agências

reguladoras de bancos. A regulamentação bancária também pode

envolver regras emanadas de organizações auto-reguladas ou “clubes”

privados, como associação dos bancos cooperativos.”.

No mundo em geral, a regulação bancária decorreu de crises e quebras dos

mercados financeiros: “A experiência histórica sugere que a regulamentação

bancária, mais especificamente a regulamentação bancária governamental, não

foram um produto “natural”, mas um subproduto ou reação a crises e conflitos”.

Podemos citar como exemplo as experiências do Reino Unido (caso do Banco

Barings), os E.U.A.(caso do Banco BCCI (Bank of Credit and Commerce International) e a Espanha.25.

A grande dificuldade na regulação reside no estabelecimento de normas que

garantam a segurança e solidez dos sistemas financeiros e ao mesmo tempo

permitam a necessária flexibilização para dar espaço ao risco inerente às

operações desse sistema.

Conforme se demonstrou, a confiança ou credibilidade no sistema bancário

constitui-se em finalidade precípua da regulação. Contudo, não menos

importantes para a sua eficácia é a necessidade de se manter a segurança e

liquidez do sistema financeiro, bem como a neutralidade econômica na alocação

do crédito.

25

(41)

Um fator que também estimula a necessidade de regulação governamental

bancária é a existência de deficiências informativas, na relação banco/cliente, que

determinam a criação de algum mecanismo de proteção legal ao consumidor. 26

2.2 PRINCÍPIOS E TÉCNICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE

UMA REGULAÇÃO ADEQUADA NO CONTEXTO NACIONAL E

MUNDIAL

Nos termos já mencionados, a atividade bancária está naturalmente sujeita

à regulação e fiscalização públicas, dadas as suas próprias características de

funcionamento.

A dificuldade na regulação do mercado bancário está em ajustar de forma

proporcional o risco da atividade com os limites adequados ao desenvolvimento

dessa mesma atividade, de modo a garantir uma convivência harmônica e que

garanta a competição adequada entre os banqueiros e outros intermediários

financeiros que oferecem produtos similares e que não estão sujeitos a tanta

regulação.

Segundo LASTRA, uma regulação adequada deve ter a participação dos

reguladores e isso aliado à técnica, reputação junto com informações objetivas,

tais como estatísticas, classificação e registros de seu desempenho que deveriam

ser considerados quando da produção de legislação bancária.

Em nível internacional, a tendência dos países é integrarem

“clubes”privados, tais como o Comitê de Basiléia, ou como associação dos bancos

26

(42)

cooperativos, onde são estudadas regras de cunho não impositivo para aplicação

a seus membros.

Outra tendência verificada é a regulação emanada de organizações

internacionais, tais como, as Comunidades Européias, onde os Estados-membros

estão sujeitos a Tratados (Direito Comunitário Primário), Regulamentos (Direito

Comunitário Secundário) ou Diretivas. Estas últimas devem se tornar parte das

legislações internas antes de adquirirem poder vinculante junto aos

Estados-Membros.

Essas normas de âmbito internacional sofrem ainda grande resistência

tanto na harmonização quanto na execução das regras nos países membros.

Apesar dessas dificuldades, os países de modo geral reconhecem a necessidade

de haver uma regulação internacional para reger a matéria bancária, e isso tem

sido tema de discussão em diversos encontros internacionais, onde se buscam

(43)

CAPÍTULO 3

SUPERVISÃO BANCÁRIA

Nesse capítulo, situa-se a supervisão bancária, delimitando-a como

instrumento de consecussão da estabilidade econômica interna de um país. Ela

passa por quatro estágios: autorização, fiscalização, punição e administração de

crises, aparecendo o Banco Central como ator fundamental para o sucesso desse

procedimento.

3.1 CONCEITUAÇÃO

Seguindo a definição de LASTRA,

“ A supervisão bancária, em sentido amplo, pode ser definida como um processo com quatro estágios ou fases: autorização, fiscalização, punição

e administração de crises, que compreende o papel do Banco Central de

doador de última instância, esquemas de seguro de depósito e

procedimentos de insolvência bancária.”.27

27

(44)

A seguir, utilizando como parâmetro essa definição de supervisão bancária,

seguem descritos os estágios da fiscalização bancária utilizada de modo geral

pelos diversos países, podendo assim chamar-se de padrão ideal.

A supervisão bancária afigura-se como atividade essencial para o bom

funcionamento do Sistema Financeiro Nacional e garantia de eficácia das políticas

monetária e cambial, apesar de ela não ser tão comentada pelos agentes que

nele atuam.28

Diversos estudos mundiais demonstram que a efetividade da supervisão

bancária constitui-se em um mecanismo de grande importância para a saúde do

sistema financeiro de determinada nação, bem como para o Sistema Financeiro

Internacional de modo geral.

LUNDBERG29 afirma que uma fiscalização adequada permite o

aperfeiçoamento da própria regulação prudencial, evita que uma instituição mal

gerenciada aumente seu campo de atuação no mercado, impede que o banco

central opere e empreste recursos para instituições insolventes, bem como reduz

as perdas potenciais para um fundo ou seguro de depósito nos casos de

insolvência de instituições financeiras, pela intervenção e liquidação das mesmas,

antes que os prejuízos se avolumem.

28

COSTA, Emílio Dantas. Supervisão bancária: conceitos gerais. In: SADDI, Jairo (Org.) Intervenção e liquidação extrajudicial do Sistema Fiananceiro Nacional : 25 anos da Lei 6.024/74.São Paulo: Textonovo, 1999, p. 71.

29

(45)

Essa concepção, sobre os efeitos benéficos da efetividade da supervisão

bancária nos sistemas financeiros acima exposta encontra-se expressa nas

diretrizes do Federal Reserve, dos E.U.A.30

Essa premissa é fixada também como princípio a ser seguido pelos membros

do Comitê da Basiléia, vejamos como:

“1. A fragilidade no sistema bancário de um país, seja ele desenvolvido

ou em desenvolvimento, pode ameaçar a estabilidade financeira tanto

dentro do país como internacionalmente. A necessidade de fortalecer a

solidez dos sistemas financeiros tem atraído crescente preocupação

internacional. O Comunicado divulgado ao final da Cúpula do G-7 em

Lyon, em junho de 1996, reclama por ações nesse campo. Diversas

organizações oficiais, inclusive o Comitê da Basiléia para Supervisão

Bancária, o Banco de Compensações Internacionais – BIS, o Fundo

Monetário Internacional – FMI e o Banco Mundial, têm examinado

recentemente formas de fortalecer a estabilidade financeira em todo o

mundo.”.3132.

30 HANSEN, Joyce M. The federal reserve System’s Supervision and Regulation of the

transactions and affiliations of United States Member Banks. In: Regulation and supervision of bank affiliated conglomerates in Latin America. Miami, Florida: The Word Bank, 1998, p. 10.

31

OS PRINCÍPIOS essenciais da Basiléria: princípios essenciais para uma supervisão bancária eficaz. Tradução e editoração eletrônica, Jorge R. Carvalheira. Basiléia : Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia, 1997, p. 1.

32 O Comitê da Basiléia para Supervisão Bancária é um comitê de autoridades de supervisão

(46)

3.2 ESTÁGIO OU FASES

3.2.1 - AUTORIZAÇÃO

Dada a preocupação dos Governos em relação ao Sistema Financeiro

Nacional, os bancos, diferentemente de outras empresas, necessitam de uma

licença da autoridade pública do país, que será concedida se atendidos alguns

requisitos previamente definidos, a fim de assegurar solidez e segurança às

práticas bancárias desse Sistema. Exemplos desses requisitos são: exigência de

capital mínimo, competência e integridade administrativa, previsões do banco

sobre lucros futuros e necessidades de crédito junto à comunidade à qual ele irá

se estabelecer.33

O licenciamento bancário é um bom momento para que o país, exercendo

a sua atividade fiscalizatória preventiva, impeça o ingresso de aventureiros e

desonestos dentro de seu Sistema Financeiro. Porém, sempre devem as regras

de prevenção ser conjugadas com as de livre concorrência, para que não haja um

impedimento ao ingresso de novos agentes financeiros no mercado,

impossibilitando assim a fruição do capital ao cliente, causando o esvaziamento

do crédito e aumento excessivo dos juros bancários, vindo a se desenvolver uma

concentração indevida desse capital em detrimento do consumidor-bancário.

Assim, previamente ao início de sua atividade, a instituição bancária

demanda um registro público ou licença para atuar, a fim de se assegurar desde o

(47)

início, práticas bancárias sólidas e seguras. Os requisitos variam de país para

país, referindo-se de modo geral a capital mínimo, competência, integridade

administrativa, dentre outros. Este é o primeiro passo para a garantia de uma

supervisão bancária eficaz, barrando-se antes mesmo do início de suas

atividades, a instituição que não atenda aos requisitos mínimos para o início de

seu funcionamento, numa supervisão dita preventiva. 34.

3.2.2 FISCALIZAÇÃO

A fiscalização está ligada ao monitoramento do Sistema Financeiro pela

autoridade responsável em cada país, principalmente para serem evitadas

insolvências ou perdas de liquidez, garantindo-se, assim, a solidez e a segurança

necessárias ao bom desempenho dos bancos que atuam nesse mercado.

Cabe aqui um esclarecimento sobre a distinção entre insolvência e iliquidez.

A primeira refere-se ao descumprimento de suas obrigações por parte dos bancos,

chegando-se ao ponto de seus débitos serem superiores aos seus haveres, ou

patrimônio, por conta dos prejuízos acumulados. Já a iliquidez, consubstancia-se

na ausência de numerários, ou seja, de caixa para que a instituição financeira

possa fazer frente aos seus compromissos a curto prazo, independentemente de

sua situação de solvência.

LUNDENBERG aponta que as principais causas de insolvência bancária

estão associadas a: mau gerenciamento, riscos excessivos assumidos, fraudes e

34

(48)

alterações inesperadas na conjuntura econômica, que afetem negativamente o

retorno de seus empréstimos e aplicações. 35

A fiscalização é realizada nos diversos países, normalmente por autoridades

públicas, por meio de medidas e instrumentos diferentes, tais como: relatórios,

classificação, exames in loco, acompanhamento interno e consultas junto aos altos níveis de administração, e, ainda pode ser complementada por meio de

informações de auditores independentes.36

1) – Relatórios - Recomenda-se que dentro de um programa de supervisão prudencial, exija-se a apresentação pela instituição financeira de relatórios,

devendo as informações e periodicidade variar de acordo com o tamanho da

instituição supervisionada. Aconselha-se uma padronização desses relatórios por

parte do banco quando este o apresenta para reguladores, auditores,

administradores, acionistas e depositantes.

A disponibilidade de informações é vista pelos banqueiros, supervisores de

organizações internacionais, tais como o FMI, como instrumento promotor de

transparência de uma instituição financeira. Para tanto é necessária a exigência

de padronização dessas informações e principalmente da contabilização, o que se

35

LUNDBERG, E. L. Rede de proteção e saneamento do sistema bancário.In: SADDI, Jairo (Org.). Intervenção e liquidação extrajudicial no Sistema Financeiro Nacional , p. 33.

(49)

tem mostrado difícil de se verificar em países em desenvolvimento e antigas

economias de planejamento central.37

Apesar da importância da análise estatística dos dados, somente ela não é

suficiente para a implementação de uma supervisão bancária eficaz,

necessitando-se da complementação desta, com exames in loco ou consulta junto a administração do banco fiscalizado, para obter-se uma visão geral.

2) – Classificação -A classificação é um instrumento utilizado pela supervisão, consistente em se atribuir uma pontuação que determina a condição financeira, ou

a “solidez” de um banco. Para estes, o sistema de classificação é comumente

conhecido como CAMEL, onde são examinados cinco aspectos considerados

críticos das operações e condição de uma instituição: adequação de Capital,

qualidade dos Ativos, Administração, Ganhos e Liquidez.

Em determinados países, como os E.U.A., além da classificação pública

realizada, que não é divulgada, há a classificação realizada por agências privadas

de classificação.

Registre-se a complexidade na realização dessas classificações, haja vista

os aspectos subjetivos implicados, porque não se trata de ciência exata.

3) - Exames in loco - Chamados também de inspeções, os exames in loco

demandam a visita dos fiscais à instituição financeira, a fim de se verificar in situ a sua real condição, se é condizente com os dados apresentados em seus relatórios

e seu cumprimento da legislação.

37

(50)

É importante ressaltar que um sistema que estimula a transparência e

divulgação de informações financeiras por parte das instituições está menos

sujeito a necessidade de exames in loco, apesar de não afastá-los.

4) - Acompanhamento interno e consultas junto aos altos níveis de administração -

Esta é uma forma amigável de fiscalização oposta às inspeções, onde as

consultas sobre as técnicas de administração de risco e o uso de produtos

derivativos podem ser diretamente tratados com a alta administração da instituição

financeira. Apesar do dinamismo que essa técnica demonstra, muitos países

entendem que a utilização desse método não exclui a fiscalização in loco.

5) - Relatório de auditores externos independentes - Essa forma de supervisão pressupõe a avaliação do programa interno de auditoria por uma auditoria externa

independente, servindo esta como complemento aos instrumentos de supervisão

disponíveis às autoridades bancárias, sem no entanto substituí-las, pois ambos

prestam informações e possuem responsabilidades em relação a diferentes

grupos.

6) – Inspeção global consolidada-IGC - Essa forma de fiscalização faz parte das orientações dadas nos Princípios definidos pelo Comitê de Basiléia (Consolidate

Supervision of Bank), quanto a métodos ideais de supervisão que devam ser

(51)

Ela ressalta a necessidade de monitoramento da posição de risco e

adequação de capital de um banco ou grupo bancário com base na totalidade dos

negócios conduzidos pelo grupo de empresas que fazem parte de conglomerados.

Nesse caso a análise abrange o grupo de empresas correspondente,

considerando as repercussões que problemas financeiros do grupo de empresas

possam acarretar dentro de instituição financeira que o componham. 38

Assim, o monitoramento efetuado por meio das inspeções é estendido

também à avaliação de operações não financeiras, dada a experiência que se tem

de que a quebra de uma instituição financeira do grupo pode originar-se a partir do

abalo de negócios em outros setores de empresas pertencentes ao mesmo.39

3.2.3 PUNIÇÃO

A punição é uma parte importante da supervisão bancária, pois a sua

implementação pela autoridade fiscalizadora funciona como um freio naquele

agente fraudador, ou descumpridor da legislação, que avaliará friamente as

vantagens e desvantagens de atuar contra-legem. Assim, o sucesso da legislação

e regulação bancárias depende de seu efetivo cumprimento.

A punição varia entre ordens de “cessar”, “desistir”, rescisão ou suspensão

do seguro de depósito, penalidades civis, criminais e outras, tendo o seu ponto

máximo na cassação da licença de funcionamento do banco. Normalmente o

38 LASTRA, op. cit., p.139. 39

(52)

poder de fechar um banco é da mesma autoridade que possui poderes para

autorizar o seu funcionamento.

3.2.4 MECANISMOS DE GARANTIA DE LIQUIDEZ OU DE

ADMINISTRAÇÃO DE CRISES DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

(FISCALIZAÇÃO PRUDENCIAL)

Em complementação à regulação e supervisão, a atividade bancária, dada

a sua importância para a estabilidade da economia de um país, recebe a proteção

para enfrentar determinadas crises temporárias de liquidez ou insolvência. Na

primeira hipótese, o Banco Central funciona como doador de última instância,

provendo empréstimo emergencial; e na segunda aplica-se o seguro de depósito.

Uma boa administração de crise é crucial para a preservação ou rápida

recuperação da confiança no sistema bancário, que é certamente o objetivo lógico

de todo o processo de supervisão.

1) - Administração de crises - A administração de crise somente deve ser utilizada para crises temporárias, onde se possa preservar ou reestabelecer de forma

rápida a recuperação da instituição financeira e conseqüentemente a confiança no

sistema bancário, objetivo lógico de todo o processo de supervisão.

Há duas hipóteses de tratamento de crises: quando a crise é individual, ou

seja, caso a caso; quando a crise é do sistema, a chamada crise bancária

generalizada, a qual, normalmente é resultado ou reflexo da deterioração do

(53)

O termo LOLR (Lender of Last Resort – Doador de Último Recurso) é utilizado para definir o papel do Banco Central em sua função de, oferecendo

empréstimo assistencial de liquidez a instituição financeira em crise, buscar

resguardar um só banco em dificuldades ou a estabilidade do sistema bancário

como um todo, ao verificar que essa crise pode causar o contágio de outras

instituições gerando a quebra de ambas, o chamado risco sistêmico.

A doutrina do Banco Central como doador de último recurso, surgiu em

1802, com Thornton e depois foi mais bem detalhada por Bahehot, em 1873. Ela é

baseada em quatro pilares:

“1. O Banco Central – agindo como doador de último recurso – deveria

evitar [temporariamente] que bancos ilíquidos, mas solventes, quebrem.

(Esse tipo de empréstimo é, por natureza, de curto prazo).

2. O Banco Central deveria emprestar livremente, mas cobrando uma

taxa penalizante.

3. O Banco Central deveria acomodar qualquer banco com boas

garantias, avaliadas a preços pré-pânico.

4. O Banco Central deveria demonstrar sua disponibilidade em

emprestar livremente de forma antecipada.”.40

Vale frisar que esses pilares devem ser conjugados com dois outros

princípios. Primeiro, o Banco Central não é obrigado a dar a assistência

emergencial, pois o seu poder é discricionário. Segundo, a ajuda está adstrita à

40

(54)

análise não somente da iliquidez, mas também da quebra da instituição em crise

que pode causar, por contágio, a quebra de outras instituições, o chamado risco

sistêmico. O que se procura garantir, é a restauração da confiança no

restabelecimento da credibilidade do banco ou bancos, e não resolver por si só o

problema individual daquele banqueiro em crise de liquidez.41

A função de LOLR exercida pelo Banco Central é um argumento relevante

para justificar o seu envolvimento direto na supervisão bancária das instituições

que a ele recorrem, a fim de que possa haver um monitoramento próximo da

instituição financeira em crise.

2) - Seguro de depósito - O seguro de depósito público está na mesma linha da assistência de liquidez em relação ao papel do Banco Central de doador de última

instância, configurando-se como uma fase diferente de supervisão.

Essa é uma questão controversa entre os países, entendendo alguns que

há o “risco moral” nesse tipo de procedimento, com o incentivo para que essas

instituições totalmente protegidas atuem de forma irresponsável em sua

administração, garantindo-se na existência desse seguro.

Mesmo assim, a maioria dos países adota tal seguro, tendo a CE até uma

Diretiva adotada em 1994, “para garantir um nível mínimo harmonizado de

proteção de depósitos seja onde for que esses depósitos estiverem dentro da

Comunidade”.42

41 Ibidem, , p. 106.

42 LASTRA,

(55)

3) - Procedimentos de insolvência dos bancos - Conforme já mencionado, em muitos países os bancos não estão submetidos aos procedimentos normais de

falências de sociedades comerciais, e sim a um processo especial de insolvência

quando sofrem quebras.

Um banco é considerado quebrado quando as autoridades competentes

determinam a cessação de suas atividades. Ele, porém, pode ao invés de ser

declarado legalmente insolvente, receber assistência financeira, havendo formas

diferentes em cada país de lidar com a situação de um banco quebrado, como

veremos a seguir.43

a) “Pacote de salvamento ou assistência do banco aberto.” Esse método é utilizado para as instituições financeiras por meio da infusão de novos recursos,

porém a instituição é reestruturada em uma forma de assistência de “banco

aberto” e não mais instituição fechada.

A assistência estatal em relação a pacotes dos Governos é polêmica,

alguns considerando o fato de se ter que lidar com os interesses distintos de

contribuintes de um lado e de depositantes de outro. Algumas vezes se aplica

também a política do “muito grande para fechar”.44

b) “Encampação ou fusão ou compra e assunção”. Esse último nome é dado por haver nessa hipótese compra de ativos e assunção de passivos. Ela

funda-se na cooperação de outros agentes de mercado, adquirindo um caráter

mais privado do que público, este característico da maioria dos pacotes de

43 LASTRA, Ibidem

, p. 110.

44

(56)

salvamento. Na encampação, o adquirente é sucessor tanto na base de depósitos

quanto de clientes de empréstimo. Com isso é normalmente preservado o valor do

de fundo de comércio. A fusão pode ser de dois tipos: “assistida”, quando somente

são repassados ao adquirente os ativos bons, ficando os ativos ruins sob uma

administração especial; ou “desassistida”, quando o adquirente assume todos os

ativos e passivos (também chamada compra do banco todo).

c) “Liquidação e devolução de depósitos”. Para isso é necessário que o país possua um esquema de seguro de depósito. Assim, os depositantes

segurados recebem até o limite do seguro, e aqueles sem seguro e outros

credores não recebem os seus créditos. Apesar de simples, essa opção pode ser

onerosa à medida que parte dos depositantes é dissipada, podendo causar uma

ruptura nos serviços bancários de determinada comunidade, com a confiança no

sistema financeiro fortemente abalada. Ocasionalmente, a liquidação de uma

instituição pode ocasionar uma corrida a outras instituições. 45.

Enfatize-se que, mesmo numa crise sistêmica, o tratamento do Governo

pode ser individualizado, utilizando-se formas distintas, com aquisições e pacotes

de salvamento, bem como, em alguns casos, a própria liquidação; ou também

pode ser um tratamento generalizado, valendo-se o Governo uma estratégia geral

para lidar com todas as instituições efetiva ou potencialmente com problemas. É

importante que, numa ou em outra dessas hipóteses, a decisão governamental

seja rápida na superação da crise.

45

(57)

Como soluções extremas de crises sistêmicas disponíveis a governos

podemos citar: a injeção direta e capital pelo governo em instituições com problemas e a liquidação em larga escala no outro extremo. E, como opções intermediárias a essas duas: As técnicas de reestruturação de dívidas; Misto de assistência governamental e privada e criação de uma agência centralizada para dispor dos ativos das instituições falidas. 46

3.3 QUEM DEVERIA FISCALIZAR O NEGÓCIO BANCÁRIO?

Essa questão a que, num primeiro momento, parece simples responder,

numa análise mais profunda, mostra-se complexa e é tema de discussão em

diversos países. Ela implica os seguintes aspectos: fiscalização pública versus

fiscalização privada; uma autoridade versus várias autoridades; processo com motivação política versus independente. Caso a fiscalização seja sediada no Banco Central, mostra-se importante também a análise do relacionamento entre

suas responsabilidades monetárias e de supervisão.

Em relação ao primeiro ponto, lógico é deduzir que se há interesse público

no Sistema Bancário, uma supervisão bancária puramente privada seria

inexeqüível. Assim, a supervisão bancária pública é uma questão de dedução

lógica. Alguns defendem, porém, que o sistema mais eficiente de supervisão, seria

um sistema híbrido de supervisão bancária pública e privada.

46

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