• Nenhum resultado encontrado

REGULAÇÃO E SUPERVISÃO BANCÁRIAS NO DIREITO COMPARADO E NO DIREITO INTERNACIONAL

CAPÍTULO 4 PRINCIPAIS AGENTES DO SISTEMA FINANCEIRO

4.2 FOROS FINANCEIROS INTERNACIONAIS

4.2.7 A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO – OMC

1) OMC – considerações Gerais: A Organização Mundial do Comércio - OMC (World Trade Organization – WTO) originou-se do resultado das negociações da Rodada Uruguai do Acordo Geral de Tarifas e Comércio – GATT (General

Agreemente on Tariff and Trade). Sua constituição, bem como o ato final dessa

Rodada, foram assinados em 15 de abril de 1994 pelos ministros dos 115 países membros do GATT, em Marraqueche. A OMC constituiu-se como a mais nova das organizações intergovernamentais de caráter cooperativo, na tendência que predominou na história institucional da economia internacional desde o século XIX até meados do século XX.

Ela cumpriu importante papel na complementação do tripé institucional concebido em Bretton Woods, com o objetivo de aprofundar o multilateralismo econômico, constituído pelas duas organizações intergovernamentais já criadas, o Fundo Monetário Internacional – FMI e o Banco Mundial – BIRD, ficando então

essas duas encarregadas dos aspectos monetário e financeiro e a OMC dedicada exclusivamente ao Comércio. 67

Em 1995, a OMC contava com mais de 120 membros, diferentemente de sua antecessora histórica, a Organização Internacional do Comércio – OIC (International Trade Organization – ITO), que aprovada por 53 países participantes da Conferência de Havana de 1947/48, após três anos de criação, somente obteve duas ratificações, principalmente dada a pressão exercida pelo Congresso dos E.U.A. para a não-ratificação, o que inviabilizou a OIC. Provavelmente essa atitude é fruto da tendência isolacionista desse país em não tratar de temas multilateralmente quando as propostas não lhe sejam plenamente favoráveis. .68

A OMC foi concebida com a principal função de supervisionar o GATT, O Acordo Geral sobre Comércio de Serviços - GATS (General Agreement on Trade

in Services), e os Acordos sobre a Proteção Internacional da Propriedade

Intelectual - os TRIPs – (Trade Related Investment Measures), facilitando a sua aplicação, ser um foro de negociações comerciais multilaterais entre os países membros, administrar o entendimento que rege a solução de controvérsias, e cooperar com o FMI e o Banco Mundial para conseguir uma maior ingerência na formulação das políticas econômicas na escala mundial.

A OMC foi constituída com a seguinte estrutura: Conferência Ministerial, o Conselho Geral, a Secretaria Geral, os Conselhos Especializados, o Órgão de

67 ALMEIDA, Paulo Roberto de. A economia internacional no século XX: um ensaio de

síntese. Revista Brasileira de Política Internacional: RBPI, Rio de Janeiro, v.44, n.1, p. p.131-132. ,jan. 2001.

68

Resolução de Controvérsias e o Órgão de Revisão de Políticas Comerciais; e baseada em dois princípios: o da reciprocidade e o da não-discriminação. 69

2) A OMC e os Bancos - com relação ao comércio internacional e os bancos, o assunto foi tratado inicialmente em 1986, na Rodada Uruguai do GATT, incluindo-se a questão na parte que tratava do comércio de serviços, em especial, dos serviços financeiros. Porém, não houve muitos avanços, pois além do enfoque ser o da competição, e não o da supervisão, a discussão não progrediu, sendo abandonada ao final da Rodada Uruguai, em 1993, e no âmbito da OMC.

Sobre esse tema, dispõe LASTRA (p. 133):

“O comércio de serviços, financeiros e outros, foi incluído pela primeira vez na Rodada Uruguai do GATT em 1986. Através de negociações de comércio em serviços financeiros (sob o guarda-chuva do GATS) focou- se em matéria de competição em vez de supervisão, sendo que os dois assuntos são inter-relacionados, como Scott (1993, p. 509) relata, um acordo sobre comércio internacional de serviços financeiros foi suspenso quando a Rodada do Uruguai foi concluída em dezembro de 1993. Apesar de as discussões sobre esse assunto terem sido reiniciadas em 1995, os EUA deixaram o pacto da OMC sobre serviços bancários e financeiros em junho de 1995. Em julho de 1995, a EU tentou resgatar um acordo temporário que expiraria em 1997, em uma negociação na

69 GONÇALVES, Reinaldo. A nova economia internacional: uma perspectiva

brasileira. 2. ed. São Paulo: Campus, 1998. 392p.

GONÇALVES, Reinaldo. A nova economia internacional: uma perspectiva brasileira, p. 131- 132.

qual mais de noventa países concordaram em abrir seus mercados de banco, valores mobiliários e seguros reciprocamente a partir de julho de 1996 sob a base do tratamento da nação mais favorecida.”.

Ao longo desse período, apesar de os E.U.A. não terem tratado da supervisão bancária dentro do GATT e de o assunto não conseguir maiores progressos no âmbito da OMC, esse país levou a questão para o Comitê de Basiléia de Supervisão Bancária o qual será em seguida analisado, onde as orientações são colocadas aos países de modo não coercitivo, em face da natureza de fórum informal dessa instituição.

Como visto acima, no espectro do comércio internacional propriamente dito, o assunto bancos esteve atrelado às negociações do comércio de serviços, em especial, dos serviços financeiros. Nesse passo, o GATS foi o primeiro e único conjunto de normas multilaterais em vigor do comércio internacional de serviços. É considerado um dos mais importantes acordos da OMC. Ele foi elaborado pelos membros da OMC em virtude do enorme crescimento da economia e maior potencial de serviços durante os últimos 30 anos. Sua operacionalização é realizada pela enumeração de cada membro de sua lista nacional dos serviços que deseja garantir o acesso aos comerciantes estrangeiros, firmando um compromisso no qual pode ser colocada a limitação das medidas nas quais os comerciantes podem atuar. Por exemplo, um país que assume um compromisso de autorizar os bancos estrangeiros a atuarem em seu território pode limitar o número de licenças bancárias que venham a ser outorgadas (limitação de acesso

a mercados). Poderia também fixar um limite do número de sucursais que pode abrir um banco estrangeiro (limitação do trato nacional). 70

Atualmente, porém, há uma tendência no comércio internacional pela liberalização dos serviços financeiros na U.E. Verifica-se essa clara tendência na última década, havendo uma alteração da ênfase de mercadorias para serviços.

No âmbito da O.M.C., há também uma tendência para o livre comércio em serviços (financeiros e outros), o que se tornará uma das grandes prioridades em sua agenda, nos próximos anos.