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PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DOS NORMATIVOS DO CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL E DO BANCO CENTRAL DO

REGULAÇÃO E SUPERVISÃO BANCÁRIAS NO DIREITO BRASILEIRO

CAPÍTULO 8 REGULAÇÃO BANCÁRIA NO BRASIL

8.3 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DOS NORMATIVOS DO CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL E DO BANCO CENTRAL DO

BRASIL FACE ÀS RECOMENDAÇÕES DO COMITÊ DE BASILÉIA

No Brasil, a primeira norma que procurou seguir as orientações desse Comitê de Basiléia, já referido no Capítulo 5, foi a Resolução nº 2.099, de 17.08.94, do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Assim, apesar do atraso da reforma na legislação bancária de que padece o Brasil, o Conselho Monetário Nacional foi, ao longo desses anos, desde a sua criação em 1964, editando Resoluções, e o Banco Central do Brasil, Circulares,a fim de normatizar as questões do Sistema Financeiro, de modo geral, e também da Supervisão Bancária.

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MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 20. ed. p. 135

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Nessa linha, o processo de globalização da economia obrigou o CMN a regulamentar em 17/08/94, através da Resolução nº 2.099, os Limites Mínimos de Capital realizado e Patrimônio Líquido para Instituições Financeiras, com o objetivo de enquadrar o mercado financeiro aos padrões de solvência e liquidez internacionais que foram definidos em julho de 1988 em acordo assinado na Basiléia, Suíça, pelos bancos centrais dos países que compõem o grupo dos dez.

Esses parâmetros foram utilizados no lugar do limite de endividamento ou alavancagem, que vigia no Brasil, de até 15 vezes o PL da instituição financeira.144

Segundo FORTUNA, essa resolução, em seus quatro anexos, consolida a mais importante mudança realizada no mercado financeiro nos últimos 30 anos.”.145

As regras estabelecidas determinam a manutenção de um nível mínimo de capital segundo percentual aplicado sobre o resultado de uma ponderação de risco, variando entre 0%, 20%, 50% e 100%, compatível com o grau de risco de crédito dos ativos da instituição financeira, atribuindo-se fatores de ponderação de risco. Vale ressaltar que as recomendações do Comitê foram no sentido de estabelecer-se o percentual mínimo de capital de 8% e o do Brasil é de 11%, nos termos da Resolução do CMN de nº 2.748, de 27.11.1997.146.

Alterações mais significativas somente ocorreram com a edição da Lei nº 9.447, de 14.03.1997, que permitiu a essa autarquia pôr em prática medidas de

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LUNDBERG, Eduardo Luis.Rede de proteção e saneamento do sistema bancário. In: SADDI, Jairo (Org.). Intervenção e liquidação extrajudicial no Sistema Financeiro Nacional, p. 39.

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FORTUNA, op. cit., p. 439.

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supervisão preventiva de: transferência acionária, capitalização e reorganizações societárias, conforme o caso.

Outro avanço significativo que vale a pena frisar é a edição da Lei nº 9.613, de 03.03.1998, cujo objeto é a lavagem de dinheiro, consubstanciando-se também em uma das causas de combate definidas pelo supracitado Comitê.

Além dessa definição de capital mínimo de risco acima referida, outra norma importante editada pelo Banco Central do Brasil em relação às recomendações do Comitê, foi a Resolução nº 2.390/1997, que tratou da Central de Risco de Crédito, classificando os clientes, pessoas físicas ou jurídicas, com saldo devedor igual ou superior a R$ 5.000,00(cinco mil reais), em níveis para garantir à instituição financeira melhor avaliação da capacidade de pagamento do cliente e, consequentemente, do risco de crédito global da carteira do Banco.

A Resolução nº 2.474/1998, por sua vez, editou parâmetros de diversificação de risco por cliente, fixando em 25% do – Patrimônio Líquido Ajustado - PLA o limite a ser observado por cada um deles na contratação de operações de crédito e de arrendamento mercantil e na prestação de garantias, e também aquelas decorrentes de operações com derivativos. E, posteriormente, a Resolução nº 2.844/2001, introduzindo o conceito de Patrimônio de Referência - PR em substituição ao de PLA, visou a garantir o monitoramento prudencial internacionalmente adotado de operações de concentração de risco, com valor de PR acima de 600%, mesmo naquelas operações individuais que não ultrapassem 25% do PLA.147

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Outra norma editada que levou em consideração o risco em relação à liquidez dos bancos, foi a Resolução nº 2.804/2000, que estabeleceu “procedimentos para a manutenção de sistemas de controle que permitiam o acompanhamento permanente das posições assumidas nos mercados financeiro e de capitais, de forma a evidenciar o risco de liquidez no desenvolvimento de suas atividades.”.148

Em relação à Supervisão Global Consolidada (IGC), apesar de ter sido instituída no Brasil em 1996 anteriormente à publicação dos princípios do Comitê (1997), ela veio a consolidar-se como forma contínua de inspeções. Ela é denominada como forma global de inspeção, por envolver todas as dependências da instituição financeira, seja no Brasil ou no exterior e é considerada consolidada por estender-se às empresas do conglomerado, sejam financeiras ou não.149

Quanto aos fundos de investimento, foram editadas as circulares de nºs 2.451/1997 e 2.486 de 1998, estabelecendo “a segregação das atividades de administração de recursos de terceiros das demais atividades das instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil”, visando inclusive a maior transparência na gestão dos fundos , carteiras e clubes de investimento.150

Em 1998, foi editada pelo Conselho Monetário Nacional a Resolução nº 2.554, que tratou dos controles internos das instituições financeiras, exigindo a existência de estrutura de divulgação de informações, controle de risco, definição

148 Ibidem, p. 102. 149 Ibidem, p. 45. 150

de responsabilidades, de políticas e procedimentos, indo desde a diretoria do banco até o seu nível gerencial.151

Em 1999, o Conselho Monetário Nacional editou a Resolução nº 2.682, com a finalidade de adequar melhor o provisionamento de perdas, com a classificação mais adequada determinando níveis para as carteiras de crédito, buscando dar também maior transparência, ao exigir a divulgação de notas explicativas nas demonstrações financeiras publicadas pelos bancos.

A Resolução do Conselho Monetário nº 2.686/2000, por sua vez, determinou a securitização de recebíveis através da permissão de cessão de crédito de instituições financeiras a entidades não pertencentes ao SFN.152

Outro normativo relevante é a Resolução nº 2.817, que tratou da obrigatoriedade da existência de sistema de segurança da informação à instituição financeira que oferece o serviço de abertura e movimentação de contas de depósitos por meio eletrônico, exigindo também meios de prevenção contra os crimes de lavagem de dinheiro com sistemas certificados por entidade externa, a manutenção de central de atendimento telefônico e assunção de responsabilidade por prejuízos que venham a ser causados aos clientes por ineficiência ou fragilidade da tecnologia oferecida.153

Em relação aos consumidores dos serviços bancários, o CMN editou as Resoluções nºs 2.878 e 2.892, ambas de 2001, que dispõem sobre os procedimentos a serem observados pelas instituições financeiras no seu relacionamento com clientes e usuários, buscando trazer para a regulamentação

151 Ibidem, p. 97. 152

Ibidem, p. 99.

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desta relação os princípios da legislação em vigor aplicáveis à defesa dos direitos dos consumidores.154

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CAPÍTULO 9