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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL MARIA DAS GRAÇAS DANTAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

MARIA DAS GRAÇAS DANTAS

RESIDÊNCIAS UNIVERSITÁRIAS NA UFRN: CONDIÇÕES DE PERMANÊNCIA E LIÇÕES DE VIDA NO COTIDIANO COLETIVO

NATAL-RN 2013

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MARIA DAS GRAÇAS DANTAS

RESIDÊNCIAS UNIVERSITÁRIAS NA UFRN: CONDIÇÕES DE PERMANÊNCIA E LIÇÕES DE VIDA NO COTIDIANO COLETIVO

Monografia apresentada ao Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª. Ms. Leidiane Souza de Oliveira.

NATAL-RN 2013

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MARIA DAS GRAÇAS DANTAS

RESIDÊNCIAS UNIVERSITÁRIAS NA UFRN: CONDIÇÕES DE PERMANÊNCIA E LIÇÕES DE VIDA NO COTIDIANO COLETIVO

Monografia apresentada ao Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial Para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Aprovada em: 20/06/2013

BANCA EXAMINADORA

Leidiane Souza de Oliveira (Orientadora)

Amanda Kelly Belo da Silva (Membro)

Raquel Maíra dos Santos A. Militão (Membro)

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Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Dantas, Maria das Graças.

Residências universitárias na UFRN: condições de permanência e lições de vida no cotidiano coletivo/Maria das Graças Dantas. - Natal, RN, 2013.

61f.

Orientadora: Prof.ª M. Sc. Leidiane Souza de Oliveira.

Monografia (Graduação em Serviço social) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Serviço social.

1. Assistência estudantil – Universidade (UFRN) - Monografia. 2. Residência universitária – Convivência - Monografia. 3. Bolsa residência - Monografia. I. Oliveira, Leidiane Souza de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 378

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“Não estamos perdidos. Pelo contrário, venceremos se não tivermos desaprendido a aprender”. (Rosa Luxemburgo)

“Aquele que obtém uma vitória sobre outros é forte, mas aquele que obtém uma vitória sobre si próprio é todo poderoso”. (LaoTsé)

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AGRADECIMENTOS

Aos amigos pelo conforto nas horas de angústia, por acreditarem em minha vitória e que junto comigo fizeram suas orações para que eu alcançasse meu objetivo.

As minhas companheiras de residência, em especial as que dividiram o quarto comigo nesta caminhada, principalmente pela paciência nestes últimos dias e pela compreensão nos momentos de mau humor e estresse.

Aos amigos que conquistei na Residência Biomédica e demais residências da UFRN, que me ajudaram a amenizar a falta de casa, pelo carinho, e pela troca de experiências e saberes adquiridos. E a equipe da PROAE pela atenção as minhas solicitações e reclamações que foram necessárias.

A assistente social Margarida (in memória) DEAE, pelas vezes que esteve presente em nossas casas, cuidando e zelando pelo nosso bem estar, e se fez presente até os últimos momentos de sua vida.

Aos profissionais da Psicologia UFRN, em especial Polianna Gonzalez, pelo carinho e paciência em me ouvir, pela força nas horas que mais precisei, pelo sorriso que sempre me motivou, por ser além de profissional um excelente ser humano.

A minha família que mesmo distante, foi aconchego e fortaleza nos momentos difíceis desta caminhada, pela ajuda financeira nos momentos de dificuldade e pela palavra de incentivo e afeto, mesmo não conhecendo a realidade ao qual eu estive inserida nestes anos de residência e o que se passava em meu coração.

Aos professores que muito contribuíram com minha formação, pelo conforto e ensinamento em suas palavras, e pelo exemplo de vida e

profissionais que são.

A minha eterna mestre e tutora do Pet – Conexões de Saberes Irene Paiva, pelas orientações e troca de saberes, pelas vezes que me ajudou a refletir sobre meus valores, e que em muitos momentos foi exemplo de mestre, de mulher, negra, mãe e excelente pesquisadora, comprometida com as camadas desfavorecidas da nossa sociedade, principalmente com homem do campo.

A amigas e companheiras do curso, que junto comigo traçaram essa caminhada, pela força neste momento, pela amizade que ficou de tantos atropelos vividos durante a graduação. Em especial a minha amiga e companheira Joilma

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Oliveira pelo muitos ensinamentos compartilhados, pela paciência e pela paz constantes nas palavras de conforto.

A minha orientadora Leidiane, por ter entendido o real sentido da palavra

“desafio” e por ter enfrentando junto comigo as minhas limitações e dificuldades na construção desse trabalho, obrigada por ser persistente e não ter permitido que eu desistisse.

A professora Amanda e a Assistente Social Raquel do DEAE, pela disponibilidade e pela paciência neste momento de desencontros e correria.

Agradeço a Deus pela sua infinita misericórdia, mestre dos mestres, por me conceder a vitória, Por ser fortaleza nas horas mais difíceis, pela escuta e pelo amparo nas horas que mais precisei. A vitória sempre será do PAI.

Agradeço a Deus pelo dom da palavra e do canto concedido a Celina Borges e Aline Ribeira pelas belas canções que me ajudaram a acreditar que eu poderia conseguir que mesmo na dor e entre lágrimas a vitória chegaria.

Posso, tudo posso, naquele que me fortalece Nada e ninguém no mundo vai me fazer desistir Quero, tudo quero, sem medo entregar meus projetos

Deixar-me guiar nos caminhos que Deus desejou pra mim [...]

Vou perseguir tudo aquilo que Deus já escolheu pra mim.

[...] Vou persistir, continuar a esperar e crer

E mesmo quando a visão se turva e o coração só chora Mas na alma, há certeza da vitória...

(Celina Borges, CD Tudo Posso)

“Nada poderá me abalar, Nada poderá me derrotar, Pois minha força e vitória, Tem um nome e é Jesus.”

(Eliana Ribeiro, DVD Barco a vela).

Maria das Graças Dantas

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RESUMO

Este trabalho apresenta uma análise da experiência vivenciada por estudantes que residem em ambientes coletivos, mais especificamente nas Residências Universitárias (RU) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. A rotina diária neste espaço foi o fator que suscitou as seguintes indagações: quais as dificuldades que enfrentam esses estudantes no convívio coletivo? O que poderia ser modificado estruturalmente e socialmente e quais as contribuições dessa experiência para sua vida? Buscou - se por meio de documentos e entrevistas semi- estruturadas expor as condições de vida desses alunos e as ações desenvolvidas pela Assistência Estudantil para garantir o direito e a permanência desses alunos na universidade. A expansão das residências também foi destaque neste trabalho, fruto das revindicações dos próprios estudantes e do Movimento Organizado de Casas em todo País e bem como na UFRN. Mediante as ações desenvolvidas, fica em evidencia a necessidade de um acompanhamento mais eficaz por parte da Assistência Estudantil na UFRN, principalmente no tocante às dificuldades de convivência encontradas no espaço residência.

Palavras-chave: Assistência Estudantil. Bolsa Residência. Convivência.

Permanência.

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ABSTRACT

This paper presents an analysis of the lived experience of students residing in collective environments, but specifically in University Residences (RU) of the Federal University of Rio Grande do Norte - UFRN. The daily routine in this space was the factor that gives rise to the following questions: what difficulties these students face in collective living? which could be modified structurally and socially, and what contributions this experience to your life? Sought - by means of documents and semi- structured interviews to expose the living conditions of these students and the actions undertaken by the Student Assistance to ensure the right and retention of these students at the university. The expansion of the residences was also featured in this work, the result of CLAIMS students themselves and the Movement of Organized Homes across the country, as well as in UFRN. Through the actions taken, is in highlighting the need for more effective monitoring by the Student Assistance in UFRN, especially regarding the difficulties of living space found in residence.

Keywords: Student Assistance. Residence bag. Coexistence. Stay.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Sala da casa 32 Residência Biomédica 48 Figura 2 - Sala da casa 30 Residência Biomédica 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número de residências da UFRN no período de 2003 a 2009 26 Tabela 2 - Critérios de Avaliação para definição de Classe Econômica 28 Tabela 3 - Número de Residências Universitárias de 2009 a 2013 33 Tabela 4 - Propensão de residências até final de 2013 - UFRN 34

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LISTA DE SIGLAS

ANDIFES - Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior

CAE - Comissão de Assuntos Estudantis

CARU - Conselho Administrativo das Residências Universitárias CONSAD - Conselho Superior de Administração

CONSUNI – DEAE-

Conselho Superior Universitário

Departamento de Assistência Estudantil DAS - Departamento de Assistência ao Servidor ENCE - Encontro Nacional de Casas de Estudantes

ENNECE - Encontro Norte e Nordeste de Casas de Estudante ERECE - Encontro Regional de Casas de Estudantes

FHC - Fernando Henrique Cardoso

FONAPRACE - Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis

HOSPED - Hospital de Pediatria

HUOL - Hospital Universitário Onofre Lopes

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IFES - Instituições Federais de Ensino Superior IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada LDB - Leis de Diretrizes e Bases Nacional

MCE - Movimento de Casas de Estudantes MEC - Ministério da Educação

MEJEC - Maternidade Escola Januário Cicco

MT - Mato Grosso

PNAES - Programa Nacional de Assistência Estudantil PNE - Plano Nacional de Educação

PROAE - Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis PROUNI - Programa Universidade para Todos

REUNI - Programa de Restruturação e Expansão das Universidades Federais

RN - Rio Grande do Norte

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RU - Residência Universitária RU - Restaurante Universitário

SAE - Secretaria Assistência Estudantil

SENCE - Secretaria Nacional de Casas de Estudantes

SENCENNE - Secretaria Nacional de Casas de Estudantes Norte e Nordeste SISU - Sistema de Seleção Unificada

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

2 UNIVERSIDADES PÚBLICAS: ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL COMO GARANTIA DE DIREITOS

16

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA UNIVERSIDADE: CONTRADIÇÕES ENTRE PÚBLICO E PRIVADO

16

2.2 AUMENTO DA DEMANDA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NAS IFES E POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

20

3 PROGRAMA BOLSA MORADIA NA UFRN: POSSIBILIDADES E DESAFIOS

25

3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS RESIDÊNCIAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

31

3.2 PERFIL DOS RESIDENTES: QUEM SÃO? 34

3.3 REALIDADE DA MORADIA: SOCIABILIDADE, ESTRANHAMENTO E CONDIÇÕES DE MORADIA DOS (AS) RESIDENTES

35

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 53

REFERÊNCIAS 55

APÊNDICES 58

APÊNDICES A - Roteiro de entrevista 59

APÊNDICES B - Perfil dos residentes 60

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1 INTRODUÇÃO

O interesse pelo tema surgiu a partir da minha própria experiência enquanto moradora neste espaço coletivo chamado Residência Universitária, durante meu período de graduação quatro (04) anos. Pude observar o dia a dia dos estudantes, realizei visitas constantes em suas casas. Foi esse convívio diário que me despertou o desejo de estudar um pouco mais essa realidade e como se dá essa experiência na vida dos alunos inseridos no Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), e como os mesmos avaliam as ações desenvolvidas pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (PROAE) na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Dentro da residência foi possível vivenciar a experiência de Conselheira, função administrativa nas residências, que me possibilitou o contato direto com os residentes e acesso a suas dificuldades, bem como os momentos de alegrias e de partilha.

Por meio da minha própria experiência neste espaço, das minhas inquietudes, dificuldades, alegrias, tristezas, solidão, conflitos internos e externos, passei então a sentir a necessidade de conhecer e saber um pouco como essa passagem pela residência universitária contribui ou não para a formação acadêmica e social dos estudantes, o que eles poderão levar em suas bagagens para toda a vida.

Conhecer as dificuldades relacionadas à adaptação a um ambiente coletivo, onde são alocadas pessoas de diferentes culturas, idades, gênero, orientação sexual, religião. Dificuldades em manter hábitos, costumes e rituais de estudo, visto que cada estudante traz seus próprios mecanismos de absolvição do conhecimento, ou seja, existem os que precisam de silêncio total para estudar, outras preferem ler em voz alta, ouvir música enquanto estudam e cada um desenvolve sua própria metodologia de apreensão do conteúdo, o que muitas vezes pode gerar conflitos entre os mesmos, já que o espaço físico é coletivo.

Nesse período pude ainda vislumbrar alguns indícios da importância da bolsa permanência ou bolsas complementares na vida dos residentes, o que vem a ser de suma importância para a sua permanência dentro da universidade. Para tanto, faz- se necessário um estudo mais aplicado do contexto da vivência nas Residências Universitárias, principalmente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

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A minha participação em movimento de casas também foi de suma importância para a escolha do meu objeto de estudo, visto que passei a observar mais ao meu redor, comecei a compreender que os residentes além de uma casa para morar também precisam de atenção e cuidados. Quando faço referência à estrutura física, essa também será um dos pontos de investigação, pois buscarei compreender se o espaço físico pode interferir ou não na qualidade de vida dos moradores dessas residências, bem como no seu rendimento acadêmico.

Os objetivos aqui propostos são de desvelar e analisar a importância da Residência Universitária enquanto espaço de convivência e permanência, de aprendizado e formação intelectual e social. Definir um método de investigação é de suma importância para que se alcancem os objetivos traçados, de forma clara, coerente e concisa. Desse modo, este estudo fará uso de métodos tanto qualitativos como quantitativos.

Conforme Paulilo (1999, p.136) “ambos os métodos são de natureza diferenciada, não excludentes, podendo ser complementares uma à outra na compreensão de uma dada realidade”.

Ainda sobre tais abordagens Paulilo (1999, p.136) afirma: “somente quando as duas abordagens são utilizadas dentro dos limites de suas especificidades é que podem dar uma contribuição efetiva para o conhecimento”. Com isso abordaremos sob a luz de tais perspectivas, com a finalidade de extrair de diversas formas as informações necessárias.

Para realização dessa pesquisa foi imprescindível a adoção de um instrumento de coleta de dados que possibilite ao máximo a obtenção de informações coerentes com o objeto do estudo. Desse modo, tomamos como primordial a adoção da entrevista, da observação, pesquisa bibliográfica e documental.

Conforme aponta Baptista e Cunha (2007) a entrevista é um método de pesquisa que consegue obter maior riqueza de detalhes, permite capturar sentimentos e ações que contribuem de forma bastante clara para a pesquisa. A entrevista é o um dos métodos mais usados na pesquisa qualitativa.

O modelo de entrevista será a semi-estruturada, o qual de acordo com Minayo (2007) faz uso de um roteiro previamente elaborado. Desse modo, para atingir tais propósitos metodológicos, formulou - se um roteiro de questões com o objetivo de uniformizar e dar uma sequência lógica às questões levantadas ao grupo de

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informantes, como também sob a perspectiva de auxiliar o desenvolvimento das entrevistas.

A entrevista será realizada com os alunos das residências universitárias no campus central de Natal-RN, especificamente com os residentes das residências Campus III, Biomédica e Mirassol. Os sujeitos desta pesquisa foram escolhidos por meio de sorteio, visando assim garantir e evitar manipulação durante a entrevista, visto que aqui o pesquisador também é pesquisado.

Foram criados alguns critérios para a escolha dos residentes que responderiam a entrevista: viver a um (01) ano ou mais na residência; ser bolsista de outra modalidade; ser natural de outro estado brasileiro; fazer parte do movimento de casas na UFRN. Com relação à totalidade dos estudantes pesquisados a amostragem foi relativamente pequena, foram entrevistados com dez (10) alunos, em virtude do pouco tempo disponível, no entanto o que se esperava da pesquisa foi alcançado

Para Gil (1999) a amostra é o “subconjunto do universo da população, por meio da qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população”, o que se refere à representatividade do universo a ser investigado.

O presente trabalho perpassa por dois capítulos, onde pretendemos abordar a assistência estudantil no contexto nacional e no âmbito local.

No primeiro capítulo foi feita uma abordagem da assistência estudantil enquanto garantia de direitos, direito a educação superior, direito a inserção e a permanência dos alunos de origem popular nas universidades, o aumento considerável na demanda por assistência estudantil nas IFES e por fim importância da Política Nacional de Assistência Estudantil.

O segundo capítulo será feito uma breve contextualização sobre as Residências Universitárias no Brasil, será dado um enfoque maior as Residências Universitárias no Rio Grande do Norte – UFRN. Apontaremos o processo de inserção e lutas vivenciadas pelos alunos/residentes para sobreviver em ambiente coletivo.

Nas considerações finais, discorrer-se-á sobre as dificuldades e aprendizados adquiridos, apontados pelos residentes e sua avaliação sobre o que pode vim a contribuir para um melhor aproveitamento da sua estadia neste espaço de vivência coletiva.

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2 UNIVERSIDADES PÚBLICAS: ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL COMO GARANTIA DE DIREITOS

Nesse capítulo abordamos alguns aspectos da universidade enquanto instituição histórica e inserida na contradição dos interesses de classe. Destacam-se alguns elementos ao longo de sua institucionalização com destaque para o momento contemporâneo, com as atuais medidas que buscam a inserção e a permanência de estudantes de origem popular nas universidades.

Diante desse novo contexto, identifica-se também uma crescente demanda por assistência estudantil nas Instituições de Ensino Superior, sobre a qual faremos uma análise, considerando os desafios do momento histórico atual para inserir e garantir a permanência desses, vislumbrando a realidade da UFRN.

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA UNIVERSIDADE: CONTRADIÇÕES ENTRE PÚBLICO E PRIVADO

A Universidade em conformidade com Almeida Filho (2008) está perpassada por vieses de cunho cultural, profissional e anos depois se encaminha para um aporte científico-tecnológico. A primeira função da instituição universitária foi constituir-se como lócus da cultura, passando a incorporar a função profissional, restrita aos moldes e vetores políticos da própria instituição.

No contexto histórico das universidades, podemos dizer que após o renascimento, as profissões, artes e as técnicas eram privilégios das elites, considerando assim a universidade clássica de instituição para a formação da elite.

No tocante a transformações ocorridas nas Universidades, essa, no decorrer da abertura do mundo para a era industrial, traz nova roupagem enquanto instituição, que ganha ares de universidade científica – tecnológica. Somente a partir do século XX, a universidade de fato passa a se constituir como espaço, ou instância intelectual e ideológica, o que incide como fator primordial de produção de conhecimento. Como retrata Almeida Filho (2008) no plano político a, missão da universidade é torna-se de fato uma instituição de inclusão social.

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Nas nossas analises, identificamos que a Universidade também surge e ressurge em um contexto de contradições, visto que ora nasce como instituição de formação da elite e ora se apresenta como instituição de inclusão social.

Esta nova conjuntura de universidade surge de lutas, das massas populares, tanto culturalmente como etnicamente, onde sobre forte pressão buscam o direito ao acesso à educação superior em todas as partes mundo.

Entre os anos 1960 a 1968, ocorre a derrubada dos muros da universidade. Em maio de 1968 representantes dos segmentos sociais excluídos adentram os espaços e redes, transformando a universidade numa instituição de mobilidade social e inserção política, merecendo a designação de universidade social.

O Brasil foi o País da América Latina que mais tardiamente veio a criar sua Universidade Pública, cujo incentivo se deu pela presença do Rei Leopoldo da Bélgica em 1922. Concordamos com Buarque quando em documento afirma:

Não fosse por aquela visita e a ingênua vaidade de um monarca ou o capricho de algum de seus cortesãos, a universidade brasileira talvez tivesse demorado mais 10 ou 20 anos para ser criada. Isso serve para demonstrar o obscurantismo e o servilismo da elite brasileira.

(BUARQUE, 2003, p.21)

A princípio, a primeira sede foi alocada na cidade do Rio de Janeiro- RJ em 1920, nesta época já existia no País diversos cursos de ensino superior, mas foi em 1930, na cidade de São Paulo-SP, outra grande e conhecida surgiu e assim foi se espalhando por todo Brasil.Tudo isso reflexo das lutas dos intelectuais brasileiros aliados aos intelectuais franceses. Vale salientar que o ideal clássico da universidade está ligado à concepção humboldtiana, ou seja, uma universidade voltada para a formação do homem e de todo o seu intelecto levando em consideração a cultura, pesquisa e o ensino das profissões, no caso do Brasil, entretanto sua função era a formação de bacharéis tanto dos grupos oligárquicos, ligadas às grandes famílias e de professores para consolidar o ensino fundamental e médio.

Em meados dos anos 1960, Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, que nesta época estavam a frente do Instituto Nacional de estudos pedagógicos, que tinha Anísio como diretor e Darcy como encarregado de coordenar o planejamento da Universidade de Brasília, assim criaram uma nova universidade, agora tendo como sede o Distrito Federal – Brasília, capital do País. Mas esse experimento foi

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interrompido no ano de 1964 pelo golpe militar.Neste contexto podemos analisar o quanto foi complexo o processo histórico da universidade pública neste país, que se cria e se recria, em meio a crises históricas e reformas de Estado.

Muitas transformações começam a ser implementadas nas universidades, tendo sua consolidação no período de 1968, a reestruturação inicia - se por meio de farta disponibilidade de recursos financeiros e o apoio à construção de novos prédios e compra de equipamentos, tudo isso se deu em virtude da reforma empreendida pelos militares, com o apoio dos americanos.

Para Buarque (2003) a nova universidade é filha do regime militar e da tecnocracia norte-americana. Sob esse patrocínio e essa tutela, nos anos de 1964 e 1985, a universidade brasileira passa a crescer em níveis quantitativos e qualitativos, mediante o aumento no número de instituições, bem como ocorre um aumento considerável de alunos inscritos na pós-graduação (mestrado e doutorado).

Em 1985, pode-se dizer que a universidade se reafirma democraticamente, é a volta da “liberdade” sendo garantido ao corpo docente o direito de escolher os seus dirigentes, com eleição para o cargo de Reitor. Mas em virtude deste feito, como já era esperado, houve uma grande redução nos recursos financeiros, chegando ao total abandono das universidades.

No Brasil os governos pós-ditatoriais, principalmente os governos de Fernando Collor de Melo (1990–1992) e Fernando Henrique Cardoso (1995-1998; 1999-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva. No governo Lula, houve significativo aumento da universidade privada e de bolsas de pagamento para alunos ingressantes em universidades privadas (2003-2006; 2007-2010), aprofundaram em seus governos as tendências privatizantes existentes no regime militar.

Nessa perspectiva privatista do ensino superior, a universidade pública brasileira nos anos 2000, apresenta um cenário de falência, visto que as modificações ocorridas no seio das instituições de ensino superior no Brasil tem suas estruturas abaladas em virtude do processo de reforma de estado, encabeçado por Fernando Collor e Fernando Henrique respectivamente.

Segundo Germano (2001, p.225):

O processo de reforma do Estado desencadeado no contexto da globalização e neoliberalismo tem repercutido seriamente nas universidades púbicas de muitos países. Tal reforma está ancorada na idéia de Estado mínimo, por sua vez, reabilita o mercado como

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estância regulamentadora por excelência das relações econômicas e sociais.

Essas modificações de cunho político e o enxugamento dos recursos financeiros alocados para as universidades públicas vêm atingir os alunos destas instituições e os futuros egressos.

Em meados de janeiro de 2001, é criada a Lei 10.172, que aprova o PNE – Plano Nacional de Educação, neste já se evidenciava a preocupação do governo com o aumento considerável na demanda de alunos de escolas públicas e oriundos das camadas mais pobres da nossa sociedade matriculados em cursos do ensino médio, nesta lógica se espera um aumento de alunos de classe populares no ensino superior.

O que de fato não ocorreu como se esperava, visto que a base escolar destes alunos doravante não foi muito bem construída, acarretando uma deficiência em algumas áreas de conhecimento.

No entanto, está escrito na subdivisão do PNE, no nível ensino médio-B, a seguinte citação com relação ao ensino superior:

Criar políticas que facilitem às minorias, vítima de discriminação, acesso à educação superior, através de programas de compensação de deficiências de sua formação escolar anterior, permitindo- lhes, desta forma, competir em igualdade de condições nos processos de seleção e admissão a esse nível de ensino (MEC, 2010).

Com essa colocação já podemos ter um breve entendimento de como as desigualdades no Brasil são gritantes em todos os níveis sociais e não poderiam ser diferentes na área da educação, neste caso faz-se referência às dificuldades de acesso a Universidade Pública.

Veremos posteriormente o quanto é difícil também a permanência na universidade para a classe popular, visto que os empecilhos são muitos na caminhada rumo a um diploma de nível superior. Foram criados alguns programas pelo Ministério da educação, tendo como órgão responsável a SESU- Secretaria de Educação Superior, esta que tem como suas atribuições, planejar, orientar e supervisionar o processo de formulação e consolidação da Política Nacional de Educação Superior – PNAES.

No contexto contemporâneo temos o incentivo dado pelo Governo Federal para expansão das Universidades Públicas e bem como o número de egressos oriundos

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das camadas populares, dentre os programas e bolsas criadas, algumas caracterizam Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – (REUNI) e o Sistema de Seleção Unificada (SISU).

A educação superior no Brasil, no período que antecede o governo de Lula, traz modificações e incentivos para a democratização do ensino superior no Brasil, o que vem a corroborar com aspectos da nossa história que faz menção a educação superior como espaço para poucos e destinado à classe abastada da nossa sociedade, de fato os primeiros cursos existentes tinham em sua composição filhos de grandes elites, que iam estudar também em outros Países, como Lisboa- Portugal.

O governo de Lula foi bastante criticado por seguir ou dá continuidade às privatizações que iniciaram nos governos Fernando Collor e FHC, dito como reforma neoliberal da educação, onde muito foi investido no setor privado e houve um crescimento acelerado no terceiro setor, ou seja, a educação com bases em modelos mercantilista.

2.2 AUMENTO DA DEMANDA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NAS IFES E A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

Com o crescimento considerável na demanda de estudantes advindos das classes sociais menos favorecidas nas Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil- (IFES), reflexo das políticas de inclusão no ensino superior, como os Programas de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) e o Programa Universidade para Todos (PROUNI), dentre outros, o Estado é forçado a formular um programa que pudesse garantir a esses estudantes não somente a sua inserção na Universidade, mas a sua permanência e a conclusão de seu curso.

Segundo dados coletados em pesquisa realizada em pelo Fórum Nacional de Pró - Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE), juntamente com o apoio da Associação dos Dirigentes das Instituições de ensino Superior (ANDIFES), que teve com principal objetivo conhecer o Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação de Universidades Federais Brasileiras, a inserção de estudantes de baixa renda e em estado de vulnerabilidade social do Ensino Superior, forma um novo perfil das Universidades Públicas, que podemos

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identificar uma incidência maior das classes menos abastadas no ensino superior, ainda que com muitos desafios.

Essa mesma pesquisa revelou que a participação de estudantes em bolsas de permanência, tem como principais beneficiários os estudantes das classes C, D e E, assim classificados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), fundação vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, e tendo como órgão parceiro o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa aponta que dentre os programas mais difundidos estão: a alimentação, bolsa permanência e transporte (IPEA, 2004). A maioria dos dados foi coletada no período de 2003 a 2010.

Mediante os pontos abordados, é perceptível a necessidade de se ampliar as políticas voltadas a atender a demanda educacional em nosso país, e repensar mecanismos para fortalecer as estratégias de permanência nas Universidades Federais. Também é relevante destacar a educação como um processo que se articula a outras políticas e necessidades, como assistência social, saúde, moradia, dentre outras.

A Constituição Federal (1988) aborda a educação como um direito social e fundamental, e como esta deve ser. Vejamos os art.205 e o art.206:

Art.205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

O Art.206 é claro, quando fala da importância de se garantir tanto o acesso quanto à permanência, seja em qualquer nível escolar.

É de suma importância se criar estratégias que viabilizem a inserção dos alunos de escolas públicas e de pequeno poder aquisitivo nas Universidades Públicas, mas não podemos desconsiderar que essas ações ainda se apresentam em quantidade mínima, é necessário investir em políticas que venham a garantir a permanência e a conclusão do curso. Devemos analisar que as iniciativas para o acesso destes alunos foi facilitado com os programas do governo.

As desigualdades vivenciadas pelos alunos ingressantes oriundos de camadas populares no Ensino superior é algo preocupante, visto que são alunos que

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apresentam dificuldade para se adaptar ao contexto acadêmico em virtude da falta de uma base educacional mais eficaz.

Não basta somente encher os bancos das universidades de alunos carentes, isso não é suficiente. Corroborando com Frizzo; Caôn ([20--?]) não basta políticas públicas que garantam somente o acesso, se não houver esforços para políticas públicas que assegurem a permanência dos estudantes no sistema educacional de ensino superior.

Outra medida de incentivo a inserção de alunos de baixa renda nas universidades, são as ações afirmativas, que entendemos como:

[...] as ações afirmativas podem ser definidas como um conjunto de políticas públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo ou voluntário, concebida com vistas ao combate à discriminação racial, de gênero, por deficiência física e de origem nacional, bem como para corrigir ou mitigar os efeitos presentes da discriminação praticada no passado, tendo por objetivo a concretização do ideal de efetiva igualdade de acesso a bens fundamentais como a educação e o emprego [...] trata-se de políticas e de mecanismos de inclusão concebidos por entidades públicas, privadas e por órgãos dotados de competência jurisdicional, com vistas à concretização de um objetivo constitucional universalmente reconhecido – o da efetiva igualdade de oportunidades a que todos os seres humanos têm direito.

(GOMES, 2007, p.55).

Enquanto Política Pública que visa efetivar a igualdade de acesso aos bens fundamentais como a educação, as ações afirmativas vieram a corroborar com a implementação do PNAES dentro das IFES, visto que este também busca por meio de ações permanentes combater às desigualdades.

O Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) nasce sobre forte pressão das próprias instituições e seus representantes, como Associação dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (ANDIFES) e dos representantes dos movimentos estudantis dentro das universidades.

Tendo como objetivo garantir as condições favoráveis à inserção e à permanência nas universidades, foi criada em 2007 pelo Ministério da Educação e sobre a responsabilidade da Secretária de Educação Superior, no dia de 12 de dezembro de 2007, a portaria de nº 39, onde foi instituído o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), programa este inserido na Política Nacional de Educação (PNE).

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O PNAES foi criado como estratégia para combater às desigualdades sociais e regionais e como forma de ampliar e democratizar o acesso e a permanência dos estudantes nas Universidades Federais. Nessa premissa espera-se que os estudantes possam alcançar esses três pilares: a inserção, permanência e a conclusão do curso superior.

A política de assistência estudantil, a criação de alternativas e ações de combate à evasão escolar, são ações de suma importância para essa classe menos abastada, para que somente assim esses possam permanecer dentro da instituição sem prejuízos educacionais e discriminação social.

As alternativas e ações desenvolvidas dentro das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) variam de estado para estado, no entanto, todas essas ações são mantidas pela Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), sendo desenvolvidas nacionalmente atividades de extensão, pesquisa e ensino, em algumas instituições existe a bolsa permanência sem contra partida, que variam de universidade para universidade, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN essa bolsa ganha o título de apoio técnico sendo que o aluno tem que constar 20 horas de atividades semanais.

Atividades essas desenvolvidas em órgãos vinculadas à UFRN, como o Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), no Hospital de Pediatria (HOSPED), na Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), Núcleo de Hematologia, Bibliotecas central e setorial, Reitoria e demais setores em atividades administrativas como auxiliar.

Essas ações ou atividades fornecidas pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PROAE) estão contidas também no plano de ação do PNAES (2010) que cita algumas ações apresentadas a seguir:

Parágrafo único do Art.2º I. Moradia;

II. Alimentação;

III. Transporte;

IV. Assistência à saúde;

V. Inclusão digital;

VI. Cultura;

VII. Esporte;

VIII. Creche; e

IX. Apoio pedagógico

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Essas ações juntas devem ter como principal meta viabilizar oportunidades, e contribuir para um melhor rendimento acadêmico desses estudantes desprovidos de recursos financeiros. Trataremos no próximo capítulo sobre o programa de bolsa residência, uma das ações desenvolvida pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PROAE-UFRN) e sobre quais dessas iniciativas existem, com destaque para a bolsa residência e suas particularidades nessa universidade.

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3 PROGRAMA BOLSA RESIDÊNCIA NA UFRN: POSSIBILIDADES E DESAFIOS

As primeiras moradias estudantis de que se tem notícia no Brasil foram

“Repúblicas” em Ouro Preto-MG. Quando no período imperial XIX, grupos de estudantes com ideais republicanos se juntaram e foram morar em casarões e sobrados. Conforme dados da Secretaria Nacional de Casas de Estudantes (SENCE) (2011) na história mais recente, durante o período da ditadura Civil - militar (1964-1985), as casa de estudantes serviram como locais estratégicos de refúgio e resistência.

Como poderíamos definir Casa de Estudante? Para a SENCE (2011, p.2) é todo o espaço destinado à moradia de estudantes, podendo receber as seguintes denominações: alojamento estudantil, residência estudantil, casa de estudante (universitário, secundária, pós-graduação, autônoma, estadual, municipal), república e outras, independente da renda dos (as) seus moradores (as).

No entanto, a SENCE entende que prioritariamente, o público a ser contemplado por casas de estudantes devem ser estudantes em condição de vulnerabilidade socioeconômica e cultural.

Conforme a SENCE (2011) pode-se classificar a moradia Estudantil em três tipos: Residência Estudantil, Casa Autônoma de Estudantes e República Estudantil.

A saber:

I. Residência Estudantil: é a moradia de propriedade de Ensino Superior e/ou das Instituições Secundaristas Públicas, mantidas pela instituição de ensino;

II. Casas Autônomas de Estudantes: é a moradia estudantil administrada de forma autônoma, segundo estatutos de associação civil com personalidade jurídica própria, sem vínculo com administração de Instituição de Ensino Superior ou secundarista;

III. República Estudantil: Imóvel alocado coletivamente o para fins de moradia estudantil. É mantida por seus próprios moradores.

Independente do nome utilizado todas essas casas tem como finalidade assegurar moradia para alunos de cursos de nível secundário ou superior.

Trataremos mais especificamente das casas de estudantes universitários, que no RN são denominadas de Residências Universitárias (RU).

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O acesso à moradia estudantil no Brasil bem como no Rio Grande do Norte (RN), não ocorreu de maneira imediata, foi conquistado com muita luta por parte dos movimentos estudantis.

Dentro do Programa de Assistência Estudantil desenvolvida pela UFRN, podemos citar como um dos carros chefes a Bolsa Residência, que estar contido no PNAES Art.2, inciso I, sendo uma das bolsas mais solicitadas pelos alunos desta instituição, só perdendo em demanda, para bolsa alimentação.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte contava, até o início do ano de 2012, com 15 (quinze) moradias estudantis, sendo estas distribuídas na capital e no interior do estado. Sendo 11(onze) de graduação e 01(uma) de Pós-graduação em Natal, 02(duas) em Caicó, 01(uma) em Currais Novos. Com o aumento na demanda e das pressões por parte dos representantes do Núcleo Administrativo da Residência (NAR), composto por residentes escolhidos em eleição dentro das casas para representar os residentes em reuniões administrativas, junto aos Pró - reitores de assistência estudantil, visando principalmente zelar pela manutenção das casas bem como o bem estar de seus moradores.

A luta sempre foi por ampliar e manter as casas nas condições favoráveis a uma boa estadia. O tabela 01, traz dados da quantidade de residências e residentes no período que vai de 2003 até 2009. Desse montante, porém, algumas residências passam por reformas e outras foram construídas, ocorreu ainda uma nova reestruturação na formação e divisão de alunos por quartos, visto que muitas eram as reclamações, de espaços superlotados dentro das residências principalmente nas residências campus I e II.

Até os primeiros meses deste ano de 2013, algumas das residências encontrava-se em reforma, algumas em construção e outras alugadas pela universidade. Vejamos a tabela das Residências Universitárias da UFRN no Rio Grande do Norte no período de sua construção até meados de 2009.

Tabela 1 - Número de Residências Universitárias de 2003 a 2009.

RESIDÊNCIAS UFRN GÊNERO QUANT/RESIDENTES*

Campus I MASCULINA 96

Campus II MASCULINA (REFOR) 96

Campus III MASCULINA 128

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Mipibu MASCULINA 26

Mipibu FEMININA 24

Praça Cívica FEMININA (REFORMA) 24

Biomédica MISTA 120

Bronzitas MISTA 21

Caicó-Ceres MASCULINA 24

Caicó-Ceres FEMININA 18

Currais Novos MISTA 12

Pós-graduação MISTA 20

Violetas (mirassol) MISTA 18

Gardênias FEMININA 24

Saudade FEMIINA 25

Total 676

Fonte: SAE/UFRN, maio (2012).

Com o aumento considerável de alunos vindos das camadas populares e oriundas do interior do estado, cresce ainda mais a necessidade de ampliação de residências universitárias, o que vem ocorrendo em diversas universidades que aderiram ao REUNI, ocasionando assim uma demanda bem maior para esse benefício. O quadro acima será utilizado para comparar o aumento significativo de residências construídas de 2009 até 2013.

Segundos os dados levantados em todas as universidades brasileiras por pesquisa realizada pelo FONAPRACE, somente 2,5% dos alunos pesquisados moram em Residências Universitárias, e que a grande maioria desses residentes pertencem às chamadas classes C, D e E (FONAPRACE, 2000).

Para melhor definir a população conforme sua classe econômica, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), utiliza alguns critérios de avaliação, dividindo as categorias em classes sociais de acordo com sua renda familiar mensal, na tabela 2 observemos a variação de valores, referentes ao ano de 2011, ganham as letras abaixo descritas para melhor entendimento dos valores aqui descritos:

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Tabela 2 - Critérios de Avaliação para definição de Classe Econômica.

Classes Renda Mensal (R$)

E Até 551.00

D De 571.00 até 1.200

C De 1.200 até 5.174

B De 5.174 até 6.745

A Acima de 6.745

Fonte: Elaboração própria. Dados fornecidos pela folha de São Paulo (2011).

Portanto na classe E figuram famílias que recebem entre R$751, na classe D, figuram famílias que recebem entre R$ 751,00 e 1.200 mês, a classe C é composta de famílias com renda entre R$1.200 e 5.174,a classe B inclui pessoas com renda familiar entre R$ 5.174 e 6.745, qualquer família que ultrapasse esse valor é considerada de classe A ( FOLHA ONLINE, 2011).

Quando nos referimos aos alunos que se enquadram no perfil sócio econômico, ou fazem parte das categorias D,E e C, podemos também definir como alunos de baixo poder aquisitivo, que hoje ingressam nas IFES e posteriormente buscam algum tipo de apoio no tocante à assistência estudantil.

A quantidade de alunos beneficiados por Vagas nas residências universitárias brasileiras ainda é pequena, em visto que ainda não são todas as Universidades que disponibilizam acesso à moradia. Na UFRN, é possível observarmos o binômio procura- demanda até o início do ano de 2012 a demanda na UFRN por Residência Universitária era gritante, chegando a alcançar uma fila de espera de aproximadamente 700 alunos, enquanto que as vagas que surgiam não ultrapassavam uma média de 20 vagas por semestre, em todas as casas no campus de Natal.

Visando atender à grande demanda por moradia estudantil, e a irrisória quantidade de vagas nas residencias existentes no Campus central, principalmente para atender a demanda de alunos oriundos do interior do estado e de outros estados brasileiros, a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis – PROAE- insere em seu quadro de ações de assistência a Bolsa Auxílio Moradia.

A bolsa auxílio moradia é o apoio financeiro destinado aos alunos que solicitaram a bolsa residência e não conseguem entrar no quadro de vagas, e que

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ocupam uma extensa fila de espera, esse bolsa visa ajudar no aluguel de um espaço para morar, a PROAE disponibiliza a quantia atual de R$ 200,00 por estudante junto com o complementado da bolsa alimentação, o que não atende as necessidades dos estudantes, não passando de ações paliativas. Mas esse fato vem se alastrando e preocupando o Movimento Organizado de Casas, em todo Brasil e não poderia ser diferente na realidade vivenciada na UFRN.

Para refletirmos um pouco sobre essa nova modalidade de bolsa, é importante atentarmos para os benefícios ou não que a mesma vai acarretar. Num primeiro momento o que seria uma bolsa com aspecto temporário, passa a ganhar status de permanência, visto que a procura por bolsa auxilio aumentou gradativamente, enquanto que houve uma redução no tocante à procura por bolsa residência.

Conforme aprovada na resolução no 046/2009-CONSAD, é importante atentarmos para o seu Art. 2º que diz do caráter excepcional da referida bolsa auxílio:

Art. 2o O auxílio moradia será concedido mediante disponibilização de vagas nas residências universitárias existentes nos campi da UFRN ou quantia financeira, em caráter excepcional, quando não houver vagas nas residências, observados os limites orçamentários aprovados pelo CONSAD destinados ao programa de assistência estudantil. (CONSAD, 2009).

Ocorreu, portanto uma inversão dos papeis, ou seja, antes a demanda maior era por residências e com a alternativa da bolsa auxílio essa procura diminuiu consideravelmente, fugindo do controle de ação paliativa e excepcional, tornando-se uma ação opcional para o aluno, o que vem ocorrendo é que muitos preferem ficar recebendo o valor irrisório de 200,00 reais a ter garantido os direitos adquiridos como residente universitário. O que vem a gerar não mais uma preocupação por vagas, já que existe a opção do auxílio.

Em reuniões realizadas pelos representantes do Movimento de Casas, tanto a nível Nacional quanto local, vem debatendo se esse novo formato de assistência estudantil, que se apresenta como uma forma da Universidade desresponsabilizar - se pelos residentes, ou seja, o estudante recebe o auxílio e não mantém relação com a universidade no tocante à saúde, não conta com apoio da pró-reitoria e geralmente não moram no campus. O que diferencia um bolsista do auxílio moradia

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e um residente é que, quando o aluno é alocado em casas da universidade, esta passa a ser responsável por ele, e tudo que vier a acontecer com o mesmo dentro desse espaço, tanto no tocante a garantia das condições mínimas de sobrevivência, que estão inclusas: alimentação, água, luz, gás, internet, segurança 24h, telefone para ligações locais.

Atendimento clínico e ginecológico no Departamento de Assistência ao Servidor, bem como a manutenção da estrutura física, e em algumas residências equipe de limpeza. Além do apoio psicológico e social por parte da equipe da PROAE, os estudantes residentes contam com acesso a 50 cópias de xerox mensal, confraternização natalina e são João, entre outras atividades de formação voltada para os residentes.

Em contrapartida os residentes, assim como gozam de direitos também lhes são cobrados alguns deveres, como posto na resolução nº 005/2002-CONSAD, em seu capítulo III, das Residências Universitárias.

Art. 14 – É dever do morador da Residência Universitária:

a) colaborar na manutenção da ordem interna e respeitar os direitos dos demais moradores, colegas e funcionários;

b) zelar pela conservação das instalações da Residência e colaborar na manutenção e higiene nas suas dependências;

c) comunicar à coordenação do Núcleo Administrativo da Residência as irregularidades de seu conhecimento, constatadas em suas dependências;

d) Indenizar danos e prejuízos materiais causados ao próprio bloco residencial, aos móveis e utensílios da Residência;

e) cumprir e fazer cumprir este Regimento, bem como o Regimento interno da casa;

f) Vedar a permanência de pessoas estranhas no recinto das residências, salvo as visitas eventuais de familiares e colegas.

Cabe, portanto, à Comissão de Seleção e Avaliação, constituída por dois (02) representantes do Conselho Administrativo das Residências Universitárias (CARU), um (01) representante das Pró-Reitorias de Graduação e Pós-Graduação, um (01) representante da Equipe Técnica da SAE e o representante da Secretária de Assuntos Estudantis, que será o Presidente da Comissão de Assistência Estudantil (CAE), reavaliarem, fiscalizarem e fazer valer o que estar posto na resolução no 046/2009-CONSAD.

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3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS RESIDÊNCIAS UNIVERSITÁRIAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

As residências que serão utilizadas como objeto de pesquisa são Residência Biomédica Campus III e Mirassol. As residências foram escolhidas seguindo alguns critérios: O perfil estrutural de cada residência e sua composição humana.

A residência Biomédica foi escolhida pela sua estrutura diferente, ou seja, o formato de casinhas e característica de vila, pois a mesma é formada por um conjunto de quinze (15) casas, com a seguinte estrutura física: corredor na entrada, sala de estar ou de refeição, 03 quartos, corredor externo, 02 banheiros, um (01) quarto denominado quartinho de estudo (somente 04 casas possuem), um pequeno quintal em algumas casas, lavanderia e cozinha, utilizadas em comum com a casa vizinha, ao que chamamos de núcleo.

A mesma recebe esta denominação por estar circunscrita no espaço do Centro de Ciências da Saúde, denominado complexo da saúde, estando mais próxima dos cursos de medicina, nutrição, farmácia, bem como do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC) e do Hospital de Pediatria (HOSPED).

Das 15 casas da Residência Biomédica, 06 casas são compostas por homens e 09 casas compostas por mulheres. Moram em cada casa 08 residentes, sendo divididos em 03 quartos. A residência não possui área de lazer comum, somente o espaço externo frontal e lateral de todas as casas e uma guarita na entrada. Ainda fica nas imediações da Residência Universitária Biomédica, o Restaurante Universitário (RU), área comum a todos os residentes. O RU fornece duas refeições diárias aos residentes, sendo estendido o atendimento aos servidores, aos bolsistas de alimentação e demais alunos pagantes.

Vale salientar que o RU da Biomédica, entrou em reforma no mês de Novembro de 2012, com promessa de retorno em 30 dias, o que ainda não ocorreu até o momento da realização deste trabalho, já se encaminhado para sete (07) meses sem funcionamento nas suas instalações, tendo sua estrutura material (mesas, cadeiras, balcões de distribuição de refeições, pratos e demais utensílios de cozinha) sido transferido para outro espaço (residência Mipibú feminina), vindo a gerar alguns transtornos para seus usuários, visto que estes precisam se deslocar para uma área um pouco distante de suas atividades diárias, acarretando muitas

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vezes a perda da refeição ou atraso no cumprimento de suas atividades acadêmicas ou de bolsistas na própria instituição.

Observamos no decorrer desta reforma do RU, um descaso do dinheiro público, onde uma aparente reforma se transforma em obra, pela quantidade de dias para sua conclusão, identificamos a falta de fiscalização pelos órgãos responsáveis, o que nos remete a importância de instrumento de controle social nas instituições federais, nas instâncias democráticas. Esse instrumento é de suma importância para garantir que as políticas sociais sejam de fato efetivadas e alcancem a excelência em qualidade, tão sonhadas por toda população.

O controle social pode ser entendido como a participação do cidadão na gestão pública, na fiscalização, no monitoramento e no controle das ações da Administração Pública. Trata-se de importante mecanismo de prevenção da corrupção e de fortalecimento da cidadania (CGU, 2010, p.16).

A Residência Mirassol, é uma das casas alugadas pela UFRN, para atender à demanda por moradia, sua estrutura física é estilo mansão, com primeiro e segundo andar. Na parte térrea fica a sala de estar, cozinha, banheiro, sala de estudo e um quintal onde tem um quarto suíte, antiga acomodação da empregada doméstica. Já na parte superior, uma (01) escada, quatro (04) quartos grandes, dois (02) banheiros. Com relação à organização dos quartos, esses são divididos em blocos femininos e blocos masculinos, onde são ocupados por seis (06) pessoas em cada bloco, totalizando 12 moradores.

A terceira residência a ser visitada foi a Campus III recentemente construída dentro da Universidade, esta contempla em suas instalações um complexo de quartos e três pisos, ou seja, primeiro, segundo e terceiro andar,uma (01) sala de estudo, uma (01) cozinha, uma (01) sala de informática, um (01) banheiro grande com vasos sanitários e chuveiros e um extenso corredor, na parte térrea, tem a recepção, lavanderia e espaço aberto no entorno da residência. Em cada piso tem 08 quartos, totalizando 24 quartos. É uma residência masculina, que comporta atualmente quatro (04) residentes 1por quarto.

1 Antes da reforma os quartos eram ocupados por 06 residentes, o que acarretava o total desconforto

por parte dos moradores. Depois de várias solicitações e pedidos feitos ao serviço social e aos Pró- reitores de assuntos estudantis, a quantidade de morador por quarto foi modificada para 04 residentes (PROAE, 2010).

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É notório que ocorreram alguns avanços nos últimos anos no tocante a assistência estudantil na UFRN, principalmente no aspecto referente a estrutura física, com relação à ampliação das Residências Universitárias,tema em pauta nesse trabalho. Evidentemente que este debate sobre moradia estudantil não se esgota aqui, ainda há muito que se lutar, muitas batalhas ainda serão travadas, muitos ainda serão os sujeitos que farão parte deste contexto de morador de residências, muitos carentes, apoio para conquistarem seus sonhos de um futuro mais promissor.

Vejamos a tabela (03) de residências existentes hoje na UFRN, e quadro (05) na perspectiva de casas já ocupadas, em reforma e sendo construída.

Tabela 03 - Número de Residências Universitárias de 2009 a 2013.

Residências Gênero Capacidade/limite Residentes (Maio/13)

Biomédica Misto 120 116

Mipibú Masculino 26 24

Mipibú Feminino*2 26 _______

Campus I Campus II

Masculino**3 64 _______

Masculino 64 62

Campus III Masculino 128 128

Campus IV Feminina 128 90

Praça Cívica Feminina 24 19

Gardênias Masculina***4 22 22

Caicó Mista 80 78

Currais Novos

Mista 40 36

Santa Cruz Mista****5 60 _____

Pós-

graduação

Mista 20 20

Jundiaí Mista*****6 128 _____

Fonte: Elaboração própria autora. Dados PROAE/UFRN referentes à (2013).

2 * Encontra-se cedida ao RU - Biomédica, este passa por reforma.

3 **Encontra-se em reforma, com possibilidades de entrega ainda em 06/2013.

4 ***Casa alugada pela UFRN, em breve será ocupada por alunos da Pós-graduação.

5****Residência ainda não ocupada pelos estudantes.

6*****Em construção, com capacidade para 128 residentes.

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Tabela 04 – Propensão de residências até final de 2013 – UFRN.

Graduação e Pós-graduação

Número de residências ocupadas 10

Quantidades de residentes residindo em maio/2013 595 Número de residências (reforma, desocupada ou construção)

03 Capacidade total de residentes (todas ocupadas) 930 Quantidade geral de residências em 2013*7 14 Fonte: produção da própria autora (2013).

3.2 PERFIL DOS RESIDENTES: QUEM SÃO ?

São jovens de origem popular que ousaram sonhar entrar em uma universidade pública e assim o fizeram, são jovens que ousaram sair de suas regiões, estados e lares, enfrentando dificuldades de cunho financeiro, emocional e de convivência, para alcançar o diploma de nível superior e torna-se um profissional capacitado. São jovens que são capazes de passar por dificuldades e aprender com elas, e se proteger das desigualdades, do bullying e preconceitos de gênero, e o desrespeito encontrados ao longo da caminhada.

Uma característica comum a todos os Residentes Universitários é ser de outro município do estado do Rio Grande do Norte ou ser de outro estado Brasileiro. O que caracteriza a sua condição socioeconômica, é o fato de sua família não ter condições de custear sua dispersas com moradia, alimentação e transporte, além das necessidades pessoais, necessárias para a sua saúde e higiene.

Dos dez residentes entrevistados, dois (02) vieram de outro estado, os demais são oriundos de várias regiões do RN, algumas bem próximas a Natal e outras bem distantes da capital. A maioria dos residentes demoram muito ir em casa, devido à distancia, aos custos com transporte, a carga excessiva de atividades acadêmicos e a bolsa permanência que os prende no fim de semana.

Como o processo de escolha para a entrevista aconteceu por meio de sorteio e residências, a maior parte dos entrevistados são do gênero masculino, oito (08) e somente duas (02) do gênero feminino, vale salientar que isso já era esperado, pelo fato da residência campus III ser composta somente por homens, aumentando assim

7 * Doze (12) serão residências de graduação e duas (02) pós-graduação.

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a probabilidade de ter mais entrevistados do gênero masculino. Até o momento da entrevista todos os residentes estavam solteiros.

Com relação à faixa etária, os residentes se encontram numa média 20 e 32 anos, o que podemos observar é que esses estudantes entraram na universidade com um média de 17 a 18 e 26 a 27anos, vale salientar que a realidade do tempo de conclusão do curso vai depender da área de estudo, que tem uma variação de quatro a seis anos de curso. A maioria dos residentes entrevistados são de áreas distintas, que vai da área médica às engenharias.

3.3 REALIDADE DAS RESIDÊNCIAS: SOCIABILIDADE, ESTRANHAMENTO E CONDIÇÕES DE MORADIA DOS(AS) RESIDENTES

Falar em vivências sugere entrar em um campo de infinitas possibilidades e significados, nos remete a algo vivido de forma coletiva, em estâncias de cunho negativo bem como positivo.

Como falar em Assistência estudantil, e não nos reportar ao Sistema de Assistência Social (SUAS), que nos diz que assistência é para quem dela necessita.

Entre os objetivos da assistência social, no inciso III, do Art.2º, faz referencia aos direitos sociais e a sua rede sócio assistencial.

Art. 2o A assistência social tem por objetivos

III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais.

Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais. (NR) (LOAS, 2011)

Como direito social, a educação deve ser garantida em todos os níveis, do fundamental ao ensino superior, além de ser assegurada à inclusão de alunos oriundos das camadas menos abastadas de nossa sociedade, deve-se garantir a sua permanência até a conclusão do seu curso. Por isso, o acesso a residência de fato deve ser garantido para aqueles que de fato dela necessitam para dá continuidade aos seus estudos.

As entrevistas realizadas com os residentes de diferentes residências universitárias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (RN) vem nos trazer

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uma pequena amostra da importância desse benefício para a vida destes alunos, como na sua maioria estes moram distantes de sua cidade de origem, relatam que se não fosse a bolsa residência não teriam com se manter na universidade, visto que esta apesar de ser pública tem muitas despesas, e cabendo a eles custear suas apostilas, livros, instrumentários de cunho pessoal, além de passagens de ônibus, entre outras despesas.

A amostragem nos permitiu colher depoimentos que relatam um pouco do dia a dia dos estudantes moradores de casas de estudantes, com ênfase no contexto das Residências Universitárias Federais (IFES) na cidade de Natal no RN, foram feitas 10 (dez) entrevistas, sendo ainda um número pequeno mediante a quantidade de moradores nessas residências, que hoje somam 595 (PROAE/29/05/2013) no entanto o nosso objetivo foi alcançado na medida que os questionamentos feitos, foram satisfatórios e nos possibilitou fazer uma análise nesse mundo chamado

“Coletividade”.

A princípio foi questionado se os residentes conheciam a residência antes de passar a morar nela, dos 10(dez) entrevistados, todos disseram que desconheciam o espaço físico até o dia da sua inserção nas residências,quando relatam sobre o que já conheciam por ouvir falar, 03 (três) disseram que já conhecia por comentários de amigos, familiares, que já haviam morado neste espaço. Na sua maioria as informações se dão mais no contexto físico, estrutural.

Com relação ao aspecto organizacional, somente 01(um) residente relatou que já tinha algumas informações de como funcionava a organização dentro da residência, como relata,

[...] é a gente chega assim um pouco receioso por que é, antes de você entrar você conversa com alguns estudantes, e é eles contam muitas histórias né, tanto atuais como quanto passado que é de um lugar que não é tão tranquilo para estudar,de um lugar que rola muita bagunça, de um lugar que tem muita é... que é um lugar um pouco desorganizado,que tem muita festinha, não é um ambiente tão propício ao estudo e que moram pessoas de vários lugares, pessoas de várias culturas diferentes, várias idades, moram homens e mulheres próximos, então a gente tem, fica muito receioso de entrar nesse lugar onde todo mundo conta várias histórias, é isso existe, ao mesmo tempo que [...] (JMSD, BIOMÉDICA, 2013).

Durante muitos anos as casas de estudantes foram estigmatizadas, e ainda se perpetua essa visão, como espaço de badernas e desordem, observa-se que o fato

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