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Mudanças Climáticas e Mídia: um estudo de caso em Pernambuco

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Academic year: 2021

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Mudanças Climáticas e Mídia: um estudo de caso em Pernambuco

Robério Coutinho1, Francis Lacerda2

1  Jornalista, pesquisador, bolsista DTI – CNPq, assessor de imprensa do Laboratório de Meteorologia de Pernambuco  – LAMEPE, ITEP,  Recife – PE, Fone: (0xx81)3272.4366, belcoutinho@gmail.com  2  Doutoranda do Programa de Pós‐graduação em Engenharia Civil da UFPE, coordenadora do Laboratório de Meteorologia de Pernambuco  – LAMEPE, ITEP, Recife – PE, Fone: (0xx81)3272.4202, francis@itep.br    ABSTRACT

Demonstrate the mass communication coverage about climate changes is fundamental to society on the planet to understand that the transformation of habits of the population and the incentive of public politics concerning to the environment are priority. In the context, the great press of Brazil began give more attention to the thematic, the end of 2006, stimulated by “contemporary events, as the launch of the Report Stern, to movie An Inconvenient Truth, reports of Intergovernmental Panel on Climate Change and the occurrence of natural phenomenon, seen as likely consequence of changes in climate”, (ANDI, 2007 p. 4). Currently, the thematic has been scheduled with more frequently, mainly due of the importance, because “scientific evidence of climate change is great, due to very serious global risks, which demand an urgent global response”, (Stern Review, 2006 p. 33). However, beyond the increase of that matter, is the responsibility of the press, qualify the context of the matter, searching an approach more assimilated with the contemporary environmental necessity. Associated with the context presented, this article tries to show the details of media experience of the laboratory of meteorology of Pernambuco (LAMEPE), during march and april 2010, in total of 217 publications in various media for publication in the country. Will be prioritized clipping about climate changes, and, after, the matters relating to monitoring and forecasting of weather and climate in the state, released mainly in the media of Pernambuco and Northeast Region.

Palavras-chave: Mudanças climáticas, mídia, clima, jornalismo

1. Introdução

“O modo como atuamos contemporaneamente em relação às alterações climáticas acarreta conseqüências que perdurarão um século ou mais”, conforme informa o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (2007/2008). Ele ressalta que num futuro próximo, o resultado das emissões de gases de efeito estufa será irreversível e ainda, mostra que “isto faz das mudanças climáticas um problema específico, e mais difícil do que outros desafios políticos”.

Nesse contexto, cabe aos meios de comunicação, priorizar-se nessa abordagem, uma vez que é a sua função social corrigir os desajustes da sociedade, conforme define o conceito de quarto poder da imprensa. E dessa mesma maneira, é também papel das assessorias de imprensa dos órgãos envolvidos com a referida temática, consolidar os seus clientes como fontes permanentes da imprensa, colaborando assim, na ampliação do agendamento dessas informações por meio dos veículos de comunicação.

Frente ao exposto, o objetivo desse trabalho é mostrar a valorização do agendamento midiático sobre as mudanças climáticas, em especial nos meses de março e abril de 2010, por

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meio da experiência de mídia apresentada pelo Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (Lamepe), o qual trata a sua relação com a imprensa, de forma institucionalizada, por meio de sua assessoria de imprensa. Temas relacionados ao clima, no tocante à previsão tanto do tempo quanto do clima, também foram abordados no estudo, mediante a demanda jornalística apresentada no período.

2. Justificativa

Entende-se a responsabilidade da imprensa, no fomento da opinião pública, por meio de sua dimensão midiática, uma vez que se “baseia em alguns aspectos que são historicamente vinculados às funções e ao poder da mídia em regimes democráticos, como a capacidade de

agendamento e enquadramento dos temas, provisão de informação contextualizada e a

fiscalização (watchdog) das instituições”, (ANDI, 2010).

3. Material e Métodos

Os dados utilizados para a elaboração da pesquisa são do relatório de acompanhamento de mídia, da assessoria de comunicação do Lamepe, referente ao bimestre março e abril de 2010, disponível para consulta no próprio Laboratório. Metodologicamente, será utilizada no estudo, a análise quantitativa das matérias e pautas veiculadas pelas mídias pernambucana e demais estados do País. Assim como à análise qualitativa das referidas matérias e pautas, por meio da análise do conteúdo.

4. Resultados e discussões

A primeira análise do acompanhamento de mídia (março/abril-2010) do Lamepe demonstrou que, além da imprensa escrita tradicional ter agendado quantitativamente as mudanças climáticas em suas coberturas, este cenário também foi verificado em outras mídias, como os sites, blogs, portais de notícias e as emissoras de rádio. Outra observação é que todas essas mídias continuaram demonstrando interesse sobre as pautas meteorológicas, em busca das informações sobre o clima. O detalhe é que as pautas sobre previsão climática superou as de tempo.

Foi registrado no bimestre, um total de 217 publicações, tendo o Lamepe como fonte jornalística. Isso representa mais de três notícias veiculadas por dia. Essas notícias foram expostas em 47 sites, 22 portais de notícias, 15 blogs, oito jornais impressos e 11 emissoras de rádios. A figura 1 representa a distribuição quantitativa das referidas mídias.

Figura 1 – Distribuição quantitativa das mídias.

Foram registras 94 publicações em 47 sites. Cerca de 36% desses veículos são de Pernambuco. E os 64% restante estão distribuídos nos estados do Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Ceará, Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Paraíba, Sergipe, São Paulo, dentre outros. A média de notícias por dia ficou em cerca de 1,5. Os portais de notícias publicaram uma matéria quase que todos os dias. Foram 46 publicações em 22 veículos. Desses veículos, oito são de Pernambuco, o que representa cerca de 36% do total. Os outros 64% correspondem a veículos distribuídos em quase todas as Regiões do País. Nos blogs, houve a postagem de

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uma matéria a cada três dias. Foram 21 notícias em 15 veículos. Desses blogs, destacam-se duas publicações no blog do Jamildo – veículo do Jornal do Commercio, segmentado em política. E ainda uma postagem no blog do Jornal Folha de Pernambuco. Nas rádios de Pernambuco, aproximadamente a cada quatro dias, em média, o Lamepe participou de debates e reportagens. Totalizando 16 notícias em 11 rádios.

A publicação de notícias nos jornais impressos demonstrou uma positiva frequência de agendamento. Foram 40 veiculações em oito periódicos de Pernambuco e de outros estados. Dos periódicos de Pernambuco, destaca-se a veiculação de 17 publicações no Jornal do Commercio e de 13 no Diário de Pernambuco. Dessas pautas, seis foram capas dos respectivos periódicos, sendo três de cada um. Ainda sobre os jornais escritos, veículos dos estados do Rio Grande do Norte/RN (Jornal Diário de Natal), Paraíba (Diário da Borborema) e Rio de Janeiro (O Globo) publicaram informações disponibilizadas pelo Lamepe.

Contudo, vale ressaltar que, além de destacar a quantidade das notícias veiculas sobre as mudanças climáticas e o monitoramento e previsão do clima e tempo, o qual se apresentou positivamente no referido bimestre, também torna-se necessário quantificar o número de pautas destinadas somente às mudanças climáticas, assim como os outros enfoques meteorológicos abordados.

Cerca de 26% das notícias veiculadas pautaram as mudanças climáticas como principal tema da matéria. Previsão climática ficou com 52%, enquanto que o monitoramento e previsão de tempo e outros assuntos meteorológicos e ambientais totalizaram 22%. A figura 2 mostra a distribuição quantitativa dos principais temas abordados no bimestre março e abril de 2010.

Figura 2 - Distribuição quantitativa dos principais temas abordados no período.

Deste modo, é verificado que as pautas sobre as mudanças climáticas na imprensa têm sido positivamente agendadas pela mídia. Foram 57 inserções sobre as alterações climáticas em apenas 60 dias. E ainda vale ressaltar que o acompanhamento midiático realizado pela assessoria de imprensa do Lamepe, só registrou as notícias, as quais tinham o Laboratório como fonte jornalística, ficando excluídas do levantamento outras fontes locais e nacional, o que certamente elevaria o quantitativo informado.

Entretanto, é também constatado que, mesmo diante deste cenário de ampliação de informações sobre as alterações climáticas, a referida pauta é apresentada em menor proporção midiática quando comparada a pautas sobre previsão climática. O resultado das previsões climáticas das reuniões de consenso entre os meteorologistas dos centros estaduais de meteorologia da Região Nordeste e institutos federais realizadas nos estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas foram pautadas 104 vezes. Tais informações representaram no período, quase o dobro das notícias sobre as mudanças climáticas.

Todavia, vale ressaltar que a pauta mudança climática superou informações tradicionalmente procuradas pela imprensa, a exemplo da previsão de tempo. A procura dos jornalistas por essa pauta, resultou apenas em 13 matérias, enquanto que as alterações do

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clima totalizaram 57 notícias. O agendamento midiático sobre as mudanças climáticas ficou aproximadamente quatro vezes maior que a previsão do tempo. Esta condição pode está relacionada ao papel sistemático da assessoria de imprensa do Lamepe, no envio constante de informações científicas à imprensa.

Não obstante, também é fundamental analisar a principal agenda dessas informações e de como elas foram contextualizadas. Pois, segundo o estudo Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira (2007), “as vastas implicações geradas para a sociedade pelas mudanças climáticas ampliaram os contextos que devem ser trazidos à baila quando o tema está em discussão”. O estudo mostra que os enquadramentos presentes nos debates internacionais sobre as mudanças climáticas, como os aspectos tecnológicos, sócio-cultural, indivudual/mudança de comportamento, praticamente não tiveram muita atenção por parte da imprensa brasileira. A perspectiva ambiental foi a principal forma pela qual a mídia reporta a questão ambiental, com 35,8%, seguida do enfoque econômico, com 19,7%, conforme demonstra o estudo.

Em relação às matérias sobre as mudanças climáticas publicadas na mídia, no período de março e abril de 2010, as quais obtiveram o Lamepe como fonte jornalística, por meio do envio de release pela assessoria de imprensa do órgão, a principal pauta mais abordada foi às reuniões que trataram de assuntos sobre a alteração do clima associados à parceria de novas áreas de pesquisa e encontros voltados a públicos específicos, a exemplo de empresários. Essa abordagem representou 54% do total das matérias, seguido das pautas sobre questões tecnológicas, com 18%, consequência do aquecimento global/mudanças climáticas, com 9%, e por fim, parcerias teórico-científicas com 5%. Vale ressaltar que, no quesito enquadramento dessas matérias, a maioria delas abordou contextos presentes no debate internacional sobre mudanças climáticas, destacando-se enfoques sobre tecnologias, parcerias de pesquisas científicas em rede, além de informações, mesmo que em menor proporção, sobre responsabilidade individual na mudança de comportamento com o meio ambiente.

5. Conclusão e sugestão

Mostrar a valorização do agendamento de mídia sobre as mudanças climáticas, tendo como enfoque o acompanhamento midiático do Lamepe, nos meses de março e abril de 2010, demonstrou que o valor-notícia jornalístico sobre a pauta tem exigido contemporaneamente que os meios de comunicação divulguem-na. Entretanto, diante dos desafios postos pela conjuntura atual do clima à sociedade, a ampliação sistemática da referida abordagem deve ocorrer urgentemente, assim como a devida contextualização e o enfoques dessas pautas, a fim de provocar a opinião pública em busca da mobilização social para sinalizar a necessidade da gênese de políticas públicas específicas e transversais. Assim, conclui-se que, conforme diz o estudo Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira (2007), “cabe a imprensa estar disposta e capacitada para uma adequada cobertura dos debates e das decisões que levarão à formulação das políticas, e ainda mais para a cobertura das implementações dessas mesmas políticas e seus efeitos”. Como também, cabe as entidades científicas estarem sensíveis a esta demanda midiática, no tocante à disseminação de suas informações, qualificando o conteúdo e a forma como são divulgadas.

Diante desta, sugere-se a instituição de setores especializados em comunicação dentro dos órgãos científicos, capazes de facilitar o acesso das referidas informações. Ainda mais que, conforme estabelece TADDEI (2008), “a meteorologia produz (informações) e a maneira como a sociedade recebe, interpreta e utiliza essas informações nunca esteve tanto em evidência”.

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6. Referências

ANDI. Mudanças Climáticas: construindo a agenda pública, 2010. Disponível em: <http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/604>. Acesso em: 10 de mai. 2010, 15:22:30.

ANDI. Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira: uma análise de 50 jornais no período de julho de 2005 a junho de 2007. Brasília, DF, 2007. 59p.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Relatório de

Desenvolvimento Humano. Combater as mudanças climáticas: solidariedade humana num

mundo dividido. Tradução do Instituto Português do Apoio ao Desenvolvimento. Nova York/USA: (2007/2008). 420p.

STERN, Nicholas – The economics of climate change. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2006.

TADDEI, R. A Comunicação Social de Informações sobre Tempo e Clima: o ponto de vista do usuário. Boletim da Sociedade Brasileira de Meteorologia, São Paulo, v. 32, n. 2-3, p. 76-86, ago-dez. 2008. 

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