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O Estado Nacional no contexto da internacionalização

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Academic year: 2020

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O

ESTADO NACIONAL NO CONTEXTO

DA INTERNACIONALIZAÇÃO

R o berto F r e ir e

O

Estado é a a la v a n c a eco n ô m ic a e s o c ia l. A c o m p e titiv id a d e co m o controle d o E stado n a s e c o n o m i­ a s so cia is é fu n d a m e n ta l p a r a a dem ocracia. O m ercado n ã o é li­ vre e tem que sofrer regulação so­ cial. É preciso u m Estado que te­ nha a eficiência e a com petência p a ra nos to m a r com petitivos no processo de internacionalização. Nesse sentido, é necessário u m p ro ­ je to cujas características respeite

a realidade em que vivemos.

P

ro cesso dc in teg ração é algo que acom panha a hu ­ m anidade. H istoricam en­ te, o com ércio tem sido um dos responsáveis p o r esse processo, como, p o r exemplo, no período das descobertas. Esse processo de integração tem se acelerado em função de m udanças concretas que se operam na relação hom em / natureza, nas transformações ope­ radas na busca de progresso. As grandes revoluções não são assal­ tos ao poder. As grandes revolu­ ções são mudanças efetivas na base do processo d e produção. Q uan­ do da revolução industrial, o Esta­ do nacional surgiu praticam ente com o conseqüência, já que revo­ luções, bem en tendido como mu­ danças n o processo e no modo de produzir, m udam relações sociais e não apenas as de produção; mu­ d am c o n c e p ç õ e s, in stitu iç õ e s. Moldam novas concepções, novas in s titu iç õ e s . Este p ro c e sso de internacionalização que estamos vivendo é fruto concreto da revo­ lução industrial, e qu e caracteriza- se hoje como um a nova etapa de revolução científlco-tecnológica. O m odo de produzir, a riqueza de transform ar a natureza como hoje ela se opera, cria inclusive novos

paradigmas e tem força suficiente para modificar esse m odo de pro­ duzir, e p o d e até criar d e b a te s como esse. Nós estam os assistin­ do o início do fim - claro que d e n ­ tro de grandes conflitos - do Esta­ do nacional.

O nacionalismo exacerbado gera fascismo e é sem pre ideologia de direita. Mas existiu o paradoxo: no p ro c e s s o d e in te g ra ç ã o e d e internacionalização da econom ia, as econom ias periféricas viam o nacionalismo como algo que jus­ tificava muitas vezes posições re­ form istas e até revolucionárias.

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Portanto, de esquerda. Esse pro­ cesso conflituoso se acelera hoje de um a forma m uito mais dram á­ tica em função do poder das co­ m unicações. Talvez até possamos dizer que começamos também o início de um a nova civilização. Não m ais civilização industrial de tra­ balho , mas a civilização do co­ n h ecim en to e da com unicação. Se esse processo é tão p rofundo q u e m odifica relações e nossa consciência, ev identem ente que m odifica instituições. Os estados supranacionais que hoje começam a existir p o r força da integração econôm ica, da globalização do m u ndo pela comunicação está cri­ an d o a superação d o conceito de soberania e um a profunda trans­ formação no seu conteúdo. Não é mais a soberania dos estados na­ cionais, mas a soberania de iden­ tid a d e s n a c io n a is q u e po d em , n u m d eterm in ad o m om ento, se afirmar além do seu território, jun­ to à co m unidade internacional. Novos atores surgem, já não ten ­ d o mais limites de fronteira e in­ terferindo em soberanias de paí­ ses nacionais. As Organizações Não Governamentais são uma demons­ tração desse processo novo de par­ ticipação num a crescente dem o­ cratização da sociedade moderna. Iu d o isso faz com que se percam alguns referenciais que a civiliza­ ção industrial do trabalho postu­ lava a respeito, inclusive do papel dos próprios partidos políticos. A crise q ue os partidos políticos en­ frentam não é apenas brasileira. Talvez acon teça aq u i d e form a mais explícita, até porque nunca

tivemos a civilização industrial do trabalho associada à democracia e, portanto, à formação de partidos. Discutir o Estado nacional num a realidade que sem pre se definiu b ip o la rm e n te , m esm o q u a n d o num m undo bipolar, tinha d eter­ minadas implicações ideológicas explícitas: de que lado se estava. Apesar de que m uitas vezes a es­ querda não tivesse a clara compre- e n s ã o d e q u e o p r o c e s s o d e autarquização que o nacionalismo nos países periféricos im p u n h a não era algo que referendasse o seu isolamento, mas era um p ro ­ cesso de luta que buscava a ru p tu ­ ra com o sistema que o integrava para integrar-se ao o u tro sistema, ã outra organização social, ao o u ­ tro bloco hegemônico do ponto de vista econômico, político e militar. Em n e n h u m m o m e n to alguém podia im aginar um processo de isolam ento das suas econom ias, dos seus interesses, d o seu terri­ tório. O processo era um proces­ so de integração, só que bipolar que se exercia sob forma d e inge­ rência direta e sem intervenção da c o m u n id a d e in te rn a c io n a l, a té porque o po d er de veto da ONU era oferecido a estes dois blocos. Nós fomos vítimas várias vezes de ingerência, com o foram vítimas outros países no bloco socialista. Hoje, num a outra relação, com o fim da guerra fria e a inexistência de blocos da bipolaridade, a reali­ dade nos leva a repensar a ques­ tão dos interesses nacionais b us­ cando identificá-los d entro dessa multipolaridade, dessa nova

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com-p lex id adcd o m undo. E, com-portanto, buscar saber qual o papel desse Estado nacional. Porque conti­ nuam os a denom iná-lo d o mesmo m odo, mas seu conteúdo, passan­ do p o r profundas transformações, certam ente não será mais o mesmo.

Há algumas questões que, quan­ do são colocadas, de imediato nos levam a perceber as mudanças que com eçam a o p erar no conteúdo desse Estado. Um exemplo, quan­ do se fala cm capital externo. O que se define com o capital exter­ no em economias regionalizadas, d e in te g ra ç ã o , c o m o o MERCOSUL? C apitai e x te rn o é aqueleextem o à Argentina, ao Bra­ sil, ao Uruguai, ao Paraguai? Como vamos tratar capital extem o nas econom ias integradas da Europa Ocidental? Com o vai se falar de capital extem o no NAPTA? Sc esse fluxo começa a se d ar não apenas pelo fluxo tradicional que se fazia com barreiras alfandegárias, com protecionism os, mas passa a ser feito a p a rtir d e p ro ce sso s de integração, de processo de aceita­ ção e de assentim ento? Como dis­ cutir conceitos que tinham a ver com fronteiras bem definidas, com barreiras econômicas explicitadas, com so beranias bem afirmadas, quando se dá a delegação de so­ berania, quando as fronteiras não mais existem, quando não se tem mais esse fluxo barrado po r pro­ tecionismos ou barreiras típicas de econom ias que se contrapunham ? Esse novo papel do Estado é algo que precisa ser com preendido nes­

sa nova re a lid a d e . Esse n o v o paradigm a coloca a q u e stã o da democracia, hoje, como um a ques­ tão central, para qualquer tipo de ideologia política. Já não tem mais sentido nenhum a defesa de ou tro tipo de regime que não seja o da participação e da afirmação da ci­ dadania. Em termos concretos, o próprio tema desse encontro é a tentativa de saber qual o Estado nacional brasileiro. O que nós te­ mos é algo que foi de fundam en­ tal importância, inclusive naquilo que hoje se discute m uito, que foi o seu papel de intervenção no pro­ cesso econômico e in d u to r d o d e­ senvolvimento nacional. Esse pa­ pel pode m udar de conteúdo, mas con tin ua sen do p rese n te e não apenas no interesse nacional bra­ sileiro, mas nos interesses nacio­ nais de todos os países. Aqui foi dito e é verdadeiro: em nenhum a econom ia o papel do Estado foi dim inuído. Ele pode ter sido m u­ dado. E m udou. E o Brasil talvez esteja num m om ento em q u e a mudança tem que se operar. É ver­ dade que o Estado brasileiro foi responsável por esse país que não é Primeiro Mundo, mas tam bém não é Terceiro, em bora tenha não só Terceiro, mas o Q uarto e até o Q uinto nas suas fronteiras, em ter­ mos da perversa realidade social. Mas, ao mesmo tem po, ele criou estruturas que o colocam, talvez, como um dos poucos países que concretam ente tem a o p o rtu nid a­ de de participar desse processo da revolução científico-tecnológica. Essa capacidade que o Brasil adquiriu foi fruto de toda uma

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política cm que o listado foi a ala­ vanca fundam ental.

Na década de 40, o Brasil conse­ guiu, em função de contradições internacionais, rom per aquilo que era norm a do imperialismo finan­ ceiro no m undo, nas relações de fluxo d e capital. O Brasil conse­ guiu im plantar uma indústria de base - a siderui^ia; construiu, no cam po energético, a Petrobrás, a Eletrobrás; passou a investir deci­ sivamente em infra-estrutura. Para term os alcançado a massa crítica profissional e tecnológica de que dispom os hoje o papel do Estado foi fundam ental, inclusive para a form ação d e con g lo m erad o s e grupos d e capitais nacionais - até p orque grande parte dos nossos bens d e capitais foram subsidia­ dos ou diretam ente construídos pelo Estado brasileiro. Isso gerou o país que nós temos.

Só que essa m udança que se ope­ ra no m undo, com a grande revo­ lução no m odo de produzir, ge­ rou problem as para países que c o n s e g u ira m te r e s ta d o s q u e alavancaram o desenvolvimento, criaram condições dignas para a su a p o p u laç ã o , um Estado do bem -estar social. Exemplos con­ cretos existem na Europa. No Bra­ sil esse processo de desenvolvi­ m ento não gerou estruturas de bem -estar social. Ao contrário. Essa nova realidade levanta ques­ tões fundam entais ainda sem dar respostas convincentes na Europa Ocidental, p o r exemplo, onde o processo d e transform ação d e ­

semprega, onde o processo da re­ volução científico-tecnológico cria problemas para o p róprio Estado do bem-estar social. É a grande dis­ cussão, hoje, na Europa, sobre o que fazer com aqueles que saem do mercado de trabalho e da p ro d u ­ ção industrial e que não têm espa­ ço nem na área do serviço ou na área de lazer, não alcançam a ple­ na ocupação, gerando aquilo que o Muro de Berlim separava como organização social. Hoje, os m uros separam os pobres, p o rq u e não mais se precisa d o exército indus­ trial de reserva. Essa crise européia está sendo vivida tão gravem ente que esquerda, em q uase to d a a Europa, vem sendo chamada para discutir o que fazer com essa mas­ sa de desem pregados que não di­ minui mesmo com o aum ento e a produção da riqueza com o nunca foi visto - exem plo m aior disso é a Espanha, com mais de 20% de sua força de trabalho desem pregada, mas que foi um país qu e experi­ m entou um grande crescim ento. Não se tem idéia de com o resolver esse problem a m ediante a in ter­ venção do Estado, qu e é ou não a forma organizada c s u p e rio r de qualquer sociedade?

No Brasil, temos que enfrentar essa terceira revolução industrial - da ciência e da tecnologia - para ser­ mos contem porâneos desse futu­ ro num Estado que não cum priu com as suas obrigações m ínimas durante o processo de industriali­ zação e d e crescim ento. Vamos enfrentar problem as que nos colo­ cam no Primeiro M undo, quando

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estam os precisando também en­ frentar aquilo que nos rem ete ao Q uinto ou ao Sexto.

E isso não p o d e ser feito com a ausência do Estado, com Estado mínimo, com essa visão neoliberal cm que discute tam anho de Esta­ do. Eu quero discutir não é tama­ nho, eu quero discutir é eGciên- cia. Eu quero discutir quais os ob­ je tiv o s, e e sse s o b je tiv o s têm que ser definidos pela cidadania. O m om ento concreto de discutir no Brasil qual o papel do Estado é esse. Temos que ter, por um lado, a continuação do processo de de­ senvolvimento, da capacidade de nos inserirmos nessa revolução, de serm os con tem p o rân eo s; e p o r outro, precisamos d e um Estado q ue tenha a capacidade de fazer as transformações sociais para supe­ rar a perversa desigualdade que existe na sociedade brasileira. Esse duplo papel do Estado tem que ser agora formulado.

Está se discutindo o papel do Es­ tado na economia. Eu falei da si­ derurgia. Podemos falarem vários outros m om entos em que o Esta­ do brasileiro fez intervenção con­ creta. Talvez não seja mais o mo­ m ento de imaginarmos o Estado brasileiro investindo em siderur­ gia, até p o rq u e novos m ateriais deixam a siderurgia para países periféricos. Mas o Estado tem um papel im portante exatamente em relação aos novos materiais. O Es­ tado tem um papel a desem penhar na formação, na educação, na qua­ lificação da sua população. Porque

aí é com o vai se qualificar pela com petitividade, se integrar, se internacionalizar de acordo com seus interesses. É irreversível a internacionalização. O que o Esta­ do brasileiro tem que, talvez, dis­ cutir, é que não cabe mais a sua intervenção no aço, mas nas no ­ vas tecnologias d e ponta, especi­ al, dos novos materiais, da eletrô­ nica e, fundam entalm ente, naqu i­ lo que é futuro, a biotecnologia. E sem Estado, tal como na década de

40, não vamos criara alavanca para

esse processo. Não vão ser capitais privados, porque os nacionais não têm capacitação, tal como não ti­ nham em 40 para m ontar nossas siderurgias, nem capital externo, a té p o r q u e e sse p r o c e s s o d e internacionalização não deixa de ser processos de subordinação, de colonização.

Essa discussão passa até pelas m e­ nores coisas. Nós estam os enfren­ tando uma questão da revisão, que eu não sei se já foi enterrada. E o centro da discussão talvez tenha sido exatam ente o papel d o Esta­ do. E se discutiu mal, se discutiu ideologicamente, tal como se usa a privatização de forma ideológi­ ca. Embora alguns setores tenham tentado tirar a ideologia ela está m uito presente, e não está apenas na esquerda, que não fez revisão, ela está na direita que q u e r conti­ n u ar m antendo a exclusão. Nós temos que discutir é o papel que o Estado brasileiro tem que d e ­ s e m p e n h a r n e sse p ro c e s s o d e tra n s fo rm a ç ã o im p o s to p e la internacionalização, resultante da

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in te g r a ç ã o c da g lo b a liz a ç ã o provocadas pelos meios de com u­ nicação. Nós estamos vivendo um m om ento em que ele terá condi­ ç õ e s d e se e x p a n d ir e d e se aprofundar, que é o processo elei­ toral qu e se avizinha. Não pode­ mos fugir da discussão de saber q u e talv ez o m o n o p ó lio da Petrobrás deva continuar, até por­ que esse setor é cartelizado. Isso não é um setor de competitividade ou de concorrência. E não é por­ que a Petrobrás pode não ter tido c o m p etên cia, p o r exem plo, no corporativism o e tenha lido gran­ d e c o m p e tê n c ia n o s e to r tecnológico, ou porque não tenha a te n d id o o seu objetivo para o qual foi criada, de ter auto-sufici­ ência em petróleo. É porque este é um setor que depende ainda de um Estado para evitar que ele pos­ sa ser cartelizado por outros inte­ resses que não sejam os nacionais. Da mesma forma as telecomunica­ ções. Até porque o nosso m ono­ pólio é atípico. Não é um m ono­ pólio de comunicações em geral, tal como existia na Europa, na In­ glaterra mesmo, que hoje, é inte­ ressante notar, banca toda a sua onda neoliberal. Aqui, nós sempre tivem os um m onopólio atípico, que era apenas de alguns setores, enq uan to outros era predom inan­ tem ente da iniciativa privada, por concessão - as comunicações soci­ ais. E é im portante que assim seja, e é im portante que continue, até como m onopólio atípico, por uma q u estão básica que é a questão democrática. É um setor também cartelizado no m undo, intenso de

capital e que não pode se imagi­ nar a formação de m onopólios pri­ vados. Se o m onopólio estatal nas comunicações, quando foi geral, gerou distorções q u e hoje reco­ nhecem os - apesar de que d u ran ­ te m uito tem po nós com unistas defendíamos a estatização com ple­ ta de todas as comunicações, par­ ticularmente as comunicações so­ ciais - e s ta m o s v e n d o q u e competitividade dada pelo Estado e com controle da sociedade é algo fundamental para a democracia. E, portanto, a perm anência do m o­ nopólio se faz necessária. Mesmo que continue atípico, p o d en d o fa­ zer concessões para outros setores, mas com esse controle social que é essencial. Até p o rq u e ao se fa­ lar em econom ia de m ercado é bom qu e se tenha tam bém p re ­ sente qu e m ercado não é livre. Isso é fetiche. M ercado tem q u e sofrer regulação social, p o r co n ­ ta dos m onopólios, dos cartéis, do s o ligopólios, p o r co n ta das s u b o rd in a ç õ e s in te rn a c io n a is , p o r conta dos in teresses n a c io ­ nais. Esse processo d e discussão e n g a tin h a p o rq u e a id e o lo g ia presen te ainda é forte o suficien­ te para q u e a esquerda, inclusive a brasileira, ainda não ten ha fei­ to toda a sua reciclagem . Alguns ainda pensam q u e o M uro n ão caiu. E eles precisam sab er qu e caiu em cim a d a g e n te . O q u e im aginávam os é q u e cairia em cima do capitalism o, já q u e a o r­ g an ização social so c ia lista e ra algo superior, e ela foi a prim ei­ ra vítima dessa revolução cientí- fica-tecnológica. A incapacidade

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do Estado socialista de acom pa­ n h a r essa rev olu ção - aco m pa­ n h a v a s o m e n te p o r c o n ta da g u e r r a fria , in v e s tin d o em tecnologia m ilitar sem fazer a me­ diação com a sua cidadania - ge­ rou o seu esg otam ento e a sua derro cada. E a prim eira vitima, co m o a s e g u n d a vítim a, e stã o se n d o os países do capitalism o in d u stria l q u e não co nseguem d a r esse salto qu e estão vendo fugir a sua hegem onia. Isto é algo tre m en d a m en te positivo. Preci­ sam o s falar em e sta tiz a çã o da saúd e e da educação. Porque no Brasil não se criou esse Estado do bem -estar social e nós tem os as m aiores perversidades. E, talvez, sejam os beneficiários dela, e n ­ q u a n to parcela da população que po d e escam otear os serviços do Estado relativos à saúde e à e d u ­ cação. Porque há m uito tem po prescindim os de um Estado para g e rir essas ativid ad es, q u e são fu ndam entais para a p rópria d ig­ n id ad e d o indivíduo. A m aioria da po p ulação precisa do Estado para isso. Nós não, só querem os o Estado q u a n d o estam os discu­ tin d o as m ensalidades escolares o u os plan o s de saú d e com as s u a s e x o r b itâ n c ia s e s e u s abusivos aum entos. Aí é Estado. Embora, possam os ter até como discurso a fala de q ue querem os a escola pública, de que querem os a saúde pública mas esse discurso é retórico. Porque nossa prática é colocar nossas bandeiras em lutas pelas m ensalidades. Não tem os bandeira alguma quando se dis­ cute a escola pública.

Esse processo de privatização do Estado é algo que precisa ser en ­ frentado, tom ando-o público na­ quilo que é essencial, não esque­ c e n d o d o seu p a p e l d e a lav an cag em n o p r o c e s s o d e indução do crescimento. É im por­ tante ajustar esses dois m omentos, imaginar o processo q ue se avizi­ nha e a necessidade d e um a refor­ ma dem ocrática do Estado para q ue o país tenha capacidade d o bem-estar. Não estou tentando re­ cuperar ou resgatar nenhum pro ­ jeto social-democrata dos tradi­ cionais anos 30 ou 40 da Europa, mas um projeto social-democrata, ou o nom e que se queria dar, para o Brasil desse limiar do século XXI. Projeto cujas características respei­ te a realidade em que nós vivemos. Enfim, um Estado que tenha a efi­ ciência, a com petência para nos to m ar competitivos no processo de internacionalização. Resum en EL ESTADO NACIONAL EN EL CONTEXTO DE LA INTERNACIONALIZACIÓN

EI Estado cs la palanca econôm ica y social. La competitividad con el c o n tro l d e i E sta d o en las economias sociales es fundam en­ tal para la democracia. El merca­ do no es libre y tiene que sufrir

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rcgulación social. lis nccesario un Estado q ue tenga la cficicncia y Ia com petencia para haccm os com­ p e titiv o s en el p ro c e s o d e intem cionalización. En esc senti­ do, es nccesario un proyecto cuyas características respeten la realidad en q u e vivimos.

A bstract

THE NATIONAL STATE IN THE CONTEXT OF

INTERNATIONALIZATION PROCESS

T he S ta te is th e eco n o m ic and social lcver. M arket efficiency w ith th e State c o n tro l is fu n d a ­ m e n ta l f o r d e m o c r a c y . T h e m a r k e t i s n ’t f r e e a n d m u s t suffer social rcg u lam cn tatio n . A S ta te th a t h as e fficie n cy a n d c o m p e t e n c e is n e c e s s a r y to m ake lh e eco n om y co m p etitiv e in th e in t c r n a t i o n a l i z a t i o n p ro cess. In this sence, a p ro jcct - w i t h c h a r a c t c r i s t i c s t h a t rc s p e c t th e reality in w hich wc live - is necessary.

Texto baseado cm palestra profe­ rida durante o Encontro Nacional: Função Pública, Estado e Socieda­ de, realizado na ENAP, Brasília/DF, em abril de 1994. .

Roberto Freire é senador pelo PPS/PE.

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