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Contencioso eleitoral - uma análise em direito comparado - Portugal versus Brasil

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DEPARTAMENTO DE DIREITO

DOUTORADO EM DIREITO

ESPECIALIDADE EM CIÊNCIAS JURÍDICAS

CONTENCIOSO ELEITORAL - UMA ANÁLISE EM DIREITO

COMPARADO - PORTUGAL VERSUS BRASIL

Tese de Doutoramento apresentada à Universidade Autónoma de Lisboa, Departamento de

Direito, para a obtenção do grau de Doutor em Direito – Especialidade Ciências Jurídicas.

Autor: Daniel Castro Gomes da Costa

Orientadores: Professora Doutora Stela Marcos de Almeida Neves Barbas e Professor Doutor

Ruy Celso Barbosa Florence

Outubro de 2017

LISBOA

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CONTENCIOSO ELEITORAL - UMA ANÁLISE EM DIREITO

COMPARADO - PORTUGAL VERSUS BRASIL

Tese de Doutoramento apresentada à Universidade Autónoma de Lisboa,

Departamento de Direito, para a obtenção do grau de Doutor Direito.

Autor: Daniel Castro Gomes da Costa

Orientadores: Professora Doutora Stela Marcos de Almeida Neves

Barbas e Professor Doutor Ruy Celso Barbosa Florence

Outubro de 2017

LISBOA

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas contribuíram para que tivesse condições de realizar esse trabalho:

- meus estimados orientadores, Professora Doutora Stela Marcos de Almeida

Neves Barbas e Professor Doutor Ruy Celso Barbosa Florence;

- minha mãe Vera, meu pai David e meus irmãos, Rafael e Rodrigo, pelo amor de

hoje e sempre;

- Antonia, a quem essa tese foi dedicada;

- minha sogra Alexandrina e meu sogro Joaquim, pelas orientações e carinho;

- aos amigos Thiago Machado Grilo, Renato Loureiro de Carvalho Pavan, Edmar

Pinto Costa Neto, Hardy Waldschmidt, Ana Carolina dos Santos e Antonio

Morais dos Santos Júnior, que estiveram presentes ao longo dessa jornada.

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“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver

crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a

desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”

(Ruy Barbosa)

"This is essentially a People's contest. On the side of the Union, it is a struggle for

maintaining in the world, that form, and substance of government, whose leading object is, to elevate

the condition of men -- to lift artificial weights from all shoulders -- to clear the paths of laudable

pursuit for all -- to afford all, an unfettered start, and a fair chance, in the race of life."

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RESUMO

CASTRO GOMES DA COSTA, Daniel. CONTENCIOSO ELEITORAL - UMA ANÁLISE

EM DIREITO COMPARADO - PORTUGAL VERSUS BRASIL. (Doutorado em Ciências

Jurídicas) - Universidade Autónoma de Lisboa, Lisboa, 2017.

O tema Contencioso Eleitoral é de enorme importância para os países democráticos no

período contemporâneo. A presente tese busca deliberar, à luz da Teoria Geral do Direito

Constitucional Eleitoral e do Direito Comparado, como funcionam os sistemas eleitorais no

Brasil e em Portugal para, a partir disso, efetuar uma análise da atuação do Estado - Poder

Judiciário e Órgãos Administrativos Eleitorais - enquanto responsáveis pelos julgamentos de

requerimentos e ações durante as eleições. A experiência comparada tem o desígnio de avaliar

o organograma de competência processual eleitoral em ambos os países, esquadrinhando

individualmente os remédios previstos em ambas as legislações, de modo a ponderar os meios

e limites para a atuação do Estado. Nesse ponto, mister indicar a forma jurídica que

compatibiliza a evolução do direito eleitoral processual e a preservação da segurança jurídica

nas eleições, apontando os fundamentos legais e constitucionais, e a eficácia para que seja

atingido o objetivo fim: eleições céleres, justas e isonômicas. Defende-se, por conseguinte,

tendo em vista que o direito processual eleitoral tenha seus baluartes oriundos

majoritariamente das Constituições de ambos os países, a legislação infraconstitucional

assume uma grande importância no regimento das eleições, assumindo o papel de

regulamentadora das normas e postulados constitucionais. Em face dessas constatações,

apresenta-se a necessidade de que hajam reformas e adaptações nas constituições e legislações

a fim de que ambos os países - Brasil e Portugal - se adaptem à realidade moderna.

PALAVRAS-CHAVE

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RESUME

The topic of Electoral Litigation is of great importance for democratic countries in

the contemporary period. The present thesis seeks to deliberate, in the light of the General

Theory of Constitutional and Comparative Law, how the electoral systems in Brazil and

Portugal work, so as to analyze the State - Judiciary and Electoral Administrative Bodies - as

responsible for judgments of applications and actions during the elections. Comparative

experience has the purpose of evaluating the organizational chart of electoral procedural

competence in both countries, individually scrutinizing the remedies provided in both

legislations, in order to weigh the means and limits for the State's performance. At this point,

it is necessary to indicate the legal form that harmonizes the evolution of electoral procedural

law and the preservation of legal certainty in elections, pointing out the legal and

constitutional foundations, and the effectiveness of achieving the objective: swift, fair and

isonomic elections. It is therefore argued that since procedural electoral law has its

strongholds coming mainly from the constitutions of both countries, infra-constitutional

legislation is of great importance in the electoral regiment, assuming the role of regulating

constitutional norms and postulates. In view of these findings, there is a need for reforms and

adaptations in constitutions and legislation so that both countries - Brazil and Portugal - adapt

to modern reality.

KEYWORDS

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8

RESUMEN

El tema Contencioso Electoral es de enorme importancia para los países

democráticos en el período contemporáneo. La presente tesis busca deliberar, a la luz de la

Teoría General del Derecho Constitucional Electoral y del Derecho Comparado, cómo

funcionan los sistemas electorales en Brasil y en Portugal para, a partir de eso, efectuar un

análisis de la actuación del Estado - Poder Judicial y Órganos Administrativos Electorales -

como responsables de los juicios de requerimientos y acciones durante las elecciones. La

experiencia comparada tiene el propósito de evaluar el organigrama de competencia procesal

electoral en ambos países, escudriñando individualmente los medicamentos previstos en

ambas legislaciones, para ponderar los medios y límites para la actuación del Estado. En este

punto, es necesario indicar la forma jurídica que compatibiliza la evolución del derecho

electoral procesal y la preservación de la seguridad jurídica en las elecciones, apuntando a los

fundamentos legales y constitucionales, y la eficacia para que se alcance el objetivo final:

elecciones rápidas, justas e isonómicas. Se defiende, por consiguiente, teniendo en vista que

el derecho procesal electoral tenga sus baluartes oriundos mayoritariamente de las

Constituciones de ambos países, la legislación infraconstitucional asume una gran

importancia en el regimiento de las elecciones, asumiendo el papel de reglamentadora de las

normas y postulados constitucionales. Ante estas constataciones, se presenta la necesidad de

que haya reformas y adaptaciones en las constituciones y legislaciones a fin de que ambos

países-Brasil y Portugal- se adapten a la realidad moderna.

PALABRAS CLAVE

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ÍNDICE

LISTAS DE TABELAS ... 14

LISTAS DE FIGURAS ... 15

LISTAS DE ABREVIATURAS ... 16

INTRODUÇÃO ... 18

CAPÍTULO 1 - TEORIA GERAL DO DIREITO ELEITORAL ... 33

1.1 Direitos Políticos ... 33

1.1.1 Conceito ... 33

1.2 Direito Eleitoral ... 35

1.2.2 Fontes do Direito Eleitoral ... 37

1.2.2.1 Fontes materiais ... 39

1.2.2.2 Fontes formais ... 39

1.2.3 Organização e modelos de organização eleitoral ... 41

1.2.4 Princípios de Direito Eleitoral ... 50

1.2.4.1 Princípio democrático ... 53

1.2.4.2 Princípio da representatividade ... 57

1.2.4.3 Estado Democrático de Direito ... 60

1.2.4.4 Princípio da soberania popular ... 62

1.2.4.5 Princípio Republicano ... 64

1.2.4.6 Princípio Federativo ... 66

1.2.4.7 Sufrágio Universal ... 68

1.2.4.8 Princípio da legitimidade ... 78

1.2.4.9 Princípio da Moralidade ... 79

1.2.4.10 Princípio da Probidade ... 82

1.2.5 Princípios processuais aplicáveis ao Direito Eleitoral ... 84

(10)

10

1.2.5.2 Princípio do contraditório ... 87

1.2.5.3 Princípio da Ampla Defesa ... 88

1.2.5.4 Princípio da Igualdade ... 89

1.2.5.5 Princípio do Juiz Natural ... 92

1.2.5.6 Princípio da Vedação Prova Ilícita ... 94

1.2.5.7 Princípio da Duração Razoável do Processo ... 96

1.2.5.8 Princípio do Duplo Grau de Jurisdição ... 98

1.2.5.9 Preclusão instantânea ... 98

1.2.5.10 Irrecorribilidade das decisões do Tribunal Constitucional e do Tribunal

Superior Eleitoral ... 101

CAPÍTULO 2 - DIREITO PROCESSUAL ELEITORAL PORTUGUÊS ... 103

2.1 Sistema Eleitoral Português ... 103

2.1.3 Legislação ... 139

2.1.3.1 Constituição da República ... 139

2.1.3.2 Lei Eleitoral do Presidente da República ... 144

2.1.1.3 Lei Eleitoral da Assembleia da República ... 165

2.1.1.4 Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais ... 186

2.1.1.5 Lei Eleitoral da Assembleia Legislativa da Região Autônoma dos Açores

... 194

2.2 Órgãos Administrativos das Eleições ... 202

2.2.1 Comissão Nacional das Eleições ... 202

2.2.1.1 Composição ... 204

2.2.1.2 Competência e Atribuições ... 214

2.2.1.3 Requerimentos ... 222

2.2.1.4 Impugnações ... 224

2.2.2 Outros Órgãos da Administração Eleitoral ... 228

2.3 Tribunal Constitucional de Portugal ... 232

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11

2.3.2 Composição ... 235

CAPÍTULO 3 - DIREITO PROCESSUAL ELEITORAL BRASILEIRO ... 242

3.1 Sistema Eleitoral Brasileiro ... 242

3.1.1 Legislação ... 244

A base do direito eleitoral brasileiro está alicerçada na Constituição Federal de

1988, que traz em seu bojo as regras e princípios norteadores do sistema político e

eleitoral. Ao mesmo tempo, distintas legislações infraconstitucionais integram o

conjunto normativo eleitoral brasileiro: Lei n. 4.737 de 15 de julho de 1965

(Código Eleitoral); Lei n. 6.091 de 15 de agosto de 1974; Lei n. 9.096 de 19 de

setembro de 1995 (Lei dos Partidos Políticos); Lei n. 9.504 de 30 de setembro de

1997 (Lei das Eleições), e Lei Complementar n. 64, de 18 de maio de 1990. ... 244

3.1.1.1 Competência legislativa ... 244

3.1.1.2 Constituição Federal ... 246

3.1.1.3 Código Eleitoral ... 250

3.1.1.4 Lei das Eleições - Lei n. 9.504/97 ... 250

3.1.1.5 Lei dos Partidos Políticos - Lei n. 9.096/95 ... 251

3.1.1.6 Lei das Inelegibilidades - Lei Complementar n. 64/90... 252

3.2 Organização da Justiça Eleitoral brasileira ... 253

3.2.1 Juntas Eleitorais ... 253

3.2.2 Juízes Eleitorais ... 254

3.2.3 Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) ... 256

3.2.3.1 Composição ... 256

3.2.3.2 Competência ... 257

3.2.3.2.1 Competência jurisdicional ... 257

3.2.3.3.2 Competência administrativa... 258

3.2.4 Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ... 260

3.2.4.1 Composição ... 260

(12)

12

3.2.4.2.1 Competência jurisdicional ... 261

3.2.4.2.2 Competência normativa ... 262

3.2.7 Ministério Público Eleitoral ... 264

3.2.7.1 Noções introdutórias ... 264

3.2.7.2 Procurador-Geral Eleitoral ... 267

3.2.7.3 Procuradores Regionais Eleitorais ... 268

3.2.7.4 Promotores Eleitorais ... 269

3.2.8 Organograma da Justiça Eleitoral brasileira ... 270

3.3 Direito Processual brasileiro ... 271

3.3.1 Ações Eleitorais ... 272

3.3.2 Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) ... 273

3.3.3 Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) ... 282

3.3.3 Ação de Impugnação de Registro de Candidatura (AIRC) ... 290

3.3.4 Ação de Impugnação da Diplomação (AIDI) ... 297

3.3.5 Ação de Reclamação por Propaganda Irregular (ARPI) ... 302

3.3.6 Ação de Reclamação por Arrecadação e Gastos Ilícitos (ARAGI) ... 316

3.3.7 Ação de Reclamação por Captação Ilícita de Sufrágio ... 321

3.3.8 Ação de Reclamação das Condutas Vedadas aos Agentes Públicos em

Campanhas Eleitorais ... 330

3.3.9 Ação Rescisória Eleitoral ... 335

3.4 Ações Constitucionais ... 342

3.4.1 Habeas data ... 342

3.4.2 Mandado de Injunção ... 344

3.4.3 Mandado de Segurança no Direito Eleitoral ... 346

3.5 Recursos Eleitorais ... 351

3.5.1 Embargos de Declaração ... 353

(13)

13

3.5.3 Agravo de Instrumento ... 358

3.5.4 Recurso Ordinário ... 361

3.5.5 Recurso Ordinário para o TSE ... 361

3.5.6 Recurso Ordinário Constitucional ... 364

3.5.7 Recurso Especial ... 367

3.5.8 Recurso Extraordinário ... 374

3.5.9 Reclamação ... 381

3.5.10 Recursos Inominados Eleitorais ... 382

3.5.11 Recursos Criminais Eleitorais ... 385

3.5.12 Recurso Em Sentido Estrito ... 392

3.5.13 Habeas Corpus ... 393

CONCLUSÃO ... 396

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LISTAS DE TABELAS

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15

LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 - Processo de Apresentação de Candidaturas Assembleia da República ...182

Figura 2 - Procedimento de Apuramento Geral das Eleições para Assembleia da República...185

Figura 3 – Idade dos Membros da Comissão Nacional de Eleições...207

Figura 4 – Idade Média ao Longo dos Anos dos Membros da Comissao Nacional de Eleições.208

Figura 5 –

País de Origem dos Membros da Comissão Nacional de Eleições...208

Figura 6 –

Naturalidade dos Membros da Comissão Nacional das Eleições...209

Figura 7 – Nível de escolaridade dos Membros da Comissão Nacional das Eleições...210

Figura 8 – Área de Formação Académica dos Membros da Comissão Nacional das Eleições...211

Figura 9 –

Experiência Profissional dos Membros da Comissão Nacional das Eleições... 212

Figura 12 –

Género dos Membros da Comissão Nacional das Eleições...213

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LISTAS DE ABREVIATURAS

ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade

AG – Agravo de instrumento

AIDI - Ação de Impugnação da Diplomação

AIJE - Ação de Investigação Judicial Eleitoral

AIME - Ação de Impugnação de Mandato Eletivo

AIRC - Ação de Impugnação de Registro de Candidatura

ALRAA - Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores

AR – Assembleia da República

ARAGI - Ação de Reclamação por Arrecadação e Gastos Ilícitos

ARCIS - Ação de Reclamação por Captação Ilícita de Sufrágio

ARCONVE - Ação de Reclamação das Condutas Vedadas aos Agentes Públicos em

Campanhas Eleitorais

ARPI - Ação de Reclamação por Propaganda Irregular

CC – Código Civil Brasileiro

CF – Constituição Federal Brasileira

CNBB - Confederação Nacional dos Bispos do Brasil

CNE – Comissão Nacional de Eleições

CPC – Código de Processo Civil Brasileiro

CPP – Código de Processo Penal Brasileiro

CRP- Constituição da República de Portugal

CUT - Central Única dos Trabalhadores

DGAI - Direcção-Geral de Administração Interna

DJ – Diário da Justiça

EC - Emenda Constitucional

ED – Embargos de Declaração

LC- Lei Complementar

LEALRAA - Lei Eleitoral da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores

LEAR - Lei Eleitoral da Assembleia da República

LEOAL - Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais

LEPR – Lei Eleitoral do Presidente da República

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17

LTC – Lei do Tribunal Constitucional

OAB – Ordem dos Advogados do Brasil

PRACE - Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado

PSB - Partido Socialista Brasileiro

RE – Recurso Extraordinário

RESE - Recurso Especial Eleitoral

REsp – Recurso Especial

ROC – Recurso Ordinário Constitucional

STF – Supremo Tribunal Federal

STJ – Superior Tribunal de Justiça

TC – Tribunal Constitucional Português

TJ – Tribunal de Justiça

TRE – Tribunal Regional Eleitoral

TRF – Tribunal Regional Federal

TSE – Tribunal Superior Eleitoral

(18)

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INTRODUÇÃO

A escolha de apresentar o Direito Eleitoral de forma comparada, em seus vários

liames, formas de aplicação, seus institutos e procedimentos é, em última instância, a escolha

de se falar sobre Democracia. Em que pese ser um tema tão custoso aos povos avessos ao

autoritarismo, foi possível identificar algumas lacunas ainda não devidamente exploradas pela

comunidade acadêmica. Acredita-se que não se trata de falta de interesse ou desatenção, mas

de um sintoma identificado pelo autor da fragilidade em que muitas democracias se

encontram.

Tal sintoma, ainda tímido à época da escolha do tema, vem se confirmando e se

descortinando em uma crise política sem precedentes não só no Brasil, mas, de certa forma,

em todos os países que elegeram a democracia como regime político estruturador.

Nesse ínterim, desenvolver o tema eleito torna-se ainda mais necessário, não só do

ponto de vista de um trabalho acadêmico restrito à comunidade de cientistas, contudo,

também de maneira a trazer novos elementos para um debate mais amplo, com linguagem

acessível a todos que tiverem interesse em entender a ligação umbilical entre o direito

eleitoral, a legitimidade e a segurança na escolha dos representantes políticos,

indubitavelmente, um dos pilares do regime democrático.

Por esse motivo, a primeira tarefa deste estudo é justamente apresentar o Direito

Eleitoral, pois acredita-se que, apesar de grande parte da população dos países democráticos

exercer seu direito ao voto na época das eleições - em nosso caso, principalmente Brasil e

Portugal, já que serão os países a serem estudados - o Direito Eleitoral em toda sua amplitude

e importância ainda é um desconhecido.

Validamente, a escolha dos governantes por meio do voto é um elemento central

localizado num sistema muito mais amplo: o Direito Eleitoral material. O presente trabalho

buscou proporcionar ao leitor mais intimidade com os outros elementos deste sistema, de

maneira a conceber uma mirada holística do tema, por entender tratar-se de elucidação

essencial nos dias atuais.

O processo de escolha dos representantes por meio de eleições pode conceber um

modelo democrático ou não. Todavia, as eleições realizadas pelo voto direto são a fórmula

que garante a legitimidade na escolha dos governantes no regime democrático. Essa diferença

é de tamanha importância, haja vista que a simples desconfiança sobre a confiabilidade nos

mecanismos de escolha dos candidatos pode levar a uma crise política e institucional de um

país.

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A partir daí, temos dois campos do Direito Eleitoral material a serem

compreendidos: as fontes formais e as fontes materiais que o concebem. Em relação às fontes

materiais é indispensável e madura a compreensão de que os elementos democráticos advêm

do povo e se movimentam de forma dialética. Isso significa dizer que os conceitos de

legitimidade democrática mudam através dos tempos e caminham com a maturidade política

de uma nação.

Muitas foram as versões de representatividade no Brasil para se chegar ao que

hoje entendemos como espaço legítimo de poder, sendo que este ainda está em constante

mudança. Da mesma forma, a maneira como foram concebidos os partidos políticos, o

diálogo com a sociedade e seu status de legitimidade, que de maneira inegável muitas vezes

ocorre de acordo com interesses que estão na contramão da coletividade, tem gerado

constante desconfiança e sentimento coletivo de insatisfação – o que sinaliza para a

necessidade de reciclagem ou completa mudança na forma de fazer política no país.

Dito isso, é possível vislumbrar que o movimento descrito pode significar uma

completa ruptura de paradigma no Direito Eleitoral material, já que, o que se entende hoje por

participação política – leia-se voto – tem se demonstrado ineficaz no sentido de conferir

legitimidade para o regime democrático. A fórmula atual de escolha de representantes à época

das eleições nos níveis municipal, estadual e federal (Brasil), como única manifestação de

participação político-democrática do povo parece ter seus dias contados.

Por conseguinte, o Direito Eleitoral terá de identificar e absorver as novas

materializações de legitimidade que estão a emergir, mais conectadas, mais locais e, por isso,

mais complexas, sob pena de se tornar obsoleto. Como ramo do Direito Público, é um risco

grande demais para se correr, já que, em última instância, trata-se da segurança jurídica

conferida a um modelo de Estado e de governo.

Os embriões dessa nova política, mais participativa, têm previsão nos plebiscitos e

consultas públicas, mas o que se tem vislumbrado a partir daí é muito maior. Nesse sentido, é

imprescindível considerar os novos mecanismos de comunicação, em que se tem acesso em

tempo real às votações das casas legislativas, aos trâmites jurídicos dos projetos de lei e aos

motivos para suas aprovações ou não; a facilidade para a criação de fóruns de discussão sobre

as propostas dos representantes políticos com pessoas do país inteiro, além da identificação de

problemas locais e comparação com os meios de resolução em outros estados ou municípios

por meio de uma simples consulta ao site de uma prefeitura municipal, por exemplo.

A transparência - ou a falta dela - tem sido mais facilmente constatada e isso por

si só, traduz no desenvolvimento de consciência política de maneira coletiva e transversal.

(20)

20

Esse movimento coloca o voto como último elemento de uma grande escalada em busca do

bom serviço público; aquele que se dá através de representantes eleitos que sabem das

necessidades da população não apenas porque estão em diálogo com a população, mas

principalmente porque fazem parte dela, são primeiro cidadãos - que temporariamente

assumem a função de governantes – para depois do término de seu mandato retornarem às

suas tarefas habituais tendo contribuído para a melhoria de determinadas áreas com as quais

se comprometeram.

Além disto, por outro lado, a atual pouca confiabilidade conferida aos

representantes eleitos e aos partidos políticos também põe em cheque esses institutos que, por

tanto tempo, foram vislumbrados como uma estrutura organizacional segura de apresentação e

escolha de candidatos e plataformas políticas.

Nesse sentido, as novas organizações políticas, em seus mais diversos formatos,

devem servir de fonte para o Direito Eleitoral material, modificando sua estrutura superficial

para manter sua base de legitimidade. O mais interessante neste movimento, que é natural do

amadurecimento político de uma nação, é que a relação entre povo e regime democrático

torna-se mais visceral e, portanto, mais forte e mais difícil de ser corrompida.

Destarte, a crise política, geradora dessas novas fontes, nessa perspectiva é bem

vinda e necessária. É também uma travessia que servirá para polir os pilares democráticos e

trazer para o Direito Eleitoral os indicativos do que deve ser incorporado e do que não é mais

necessário no jogo democrático.

A transformação das fontes materiais do Direito Eleitoral ocorre em todos os

países que têm a democracia como regime político. Da mesma forma que ocorre no Brasil e

em Portugal, a partir de sua realidade demográfica e de seu processo histórico, também se

configurou esta transação mais enérgica há cerca de 50 anos, o que será desenvolvido

oportunamente.

Assim, quando se fala das fontes materiais do Direito Eleitoral, tem-se que há um

acesso mais direto e amplo com a população, com seus anseios e suas mudanças de

concepções em relação às fontes formais, como se verá, onde o processo de mudança tende a

ser um pouco mais lento.

Dessa forma, é fundamental saber identificar as diferenças entre os espaços de

atuação geradores das fontes formais e das fontes materiais, tendo em vista que os dois têm

sua importância e caminham de maneira complementar. O que não se pode perder de vista é

sempre o ponto crucial do debate, qual seja: o Direito Eleitoral é o ponto de partida da

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21

confiança da população em todas as instituições e em seu próprio regime político, de maneira

que toda mudança que descredibilize esta garantia não é interessante para a democracia.

Dito isso, o outro âmbito a ser abordado são as fontes formais do Direito Eleitoral,

ou seja, todas as normativas organizadas para definir e delimitar como é organizado o Direito

Eleitoral material e processual. A partir destas fontes, da maneira particular de cada país, é

que surgirá o Processo Eleitoral, que será controlado seja pela via judicial, seja pela via

administrativa.

Nesse espírito, o Processo Eleitoral será justamente o mecanismo pelo qual se

dará materialidade ao direito material. E a sua característica de mudanças mais lentas e

pontuais é o que confere a segurança jurídica do regime democrático, segurança esta aportada

na garantia do estrito cumprimento ou imediata punição em caso de descumprimento do que

está previsto nas legislações das eleições em todos os níveis.

Isso se dá porque uma falha no processo oficial de escolha de um governante

causa suspeição em toda a credibilidade de um sistema de regras e princípios idealizados para

esta finalidade e já aceitos socialmente. Por conseguinte, o direito processual eleitoral é um

ramo do direito que rege os procedimentos específicos das eleições, os atos, o tempo de

duração de cada um deles, a forma como deverão ser realizados, os requisitos necessários para

candidatar-se a cada cargo em específico, as restrições para os candidatos antes, durante e

depois das eleições, as formas de impugnação dos atos eleitorais e as punições aplicáveis em

cada caso, dentre outros.

De tal modo, é interessante perceber que todos os trâmites previstos devem

acontecer de maneira completamente restrita ao que está descrito na norma, e isto é de

extrema importância. Sopesada característica é o que balanceia as constantes mudanças do

Direito Eleitoral material, já que, em contraposição com a norma restrita, todas as mudanças

ocorrerão de maneira paulatina, garantindo, assim, que haja verdadeira representatividade

quando forem incorporadas à norma legal processual.

Doutro vértice, há, também, que atentar para o Direito Processual Eleitoral em seu

aspecto de acessibilidade. A verdade é que, tanto no Brasil quanto em Portugal, a maioria da

população desconhece as previsões legais eleitorais; não se sabe como ocorrem as eleições

desde a proposição das candidaturas até o resultado final com os candidatos já eleitos. As

maiores informações concentram-se mais especificamente nos dias de votação, na forma de

exercer o direito ao sufrágio e, muitas vezes, nas formas de justificar a ausência do voto, no

caso do Brasil, onde o voto é obrigatório.

(22)

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Existem, contudo, muitos outros procedimentos a serem abertos para

conhecimento dos cidadãos, de maneira a servirem de instrumento de movimentação da

máquina estatal ao longo das candidaturas, a fim de estabelecer mais contato com a população

destinatária dos resultados das eleições.

De outro giro, o conhecimento do processo eleitoral pela maioria das pessoas

também é uma forma de tornar mais amplo o acesso à disputa de candidaturas, já que para

candidatar-se a um cargo político, é necessário o conhecimento e a materialização de uma

série de procedimentos a serem realizados de maneira restrita e específica.

Assim, além de toda a articulação política para um cidadão concorrer às eleições,

é cogente o conhecimento técnico procedimental e material, este todo previsto nas leis e

constituição de cada país. Portanto, mister sopesarmos a ciência de onde se estabelece o

Direito Eleitoral para, então, realizar o diálogo entre Direito Eleitoral e Direito Processual

Eleitoral. Nesse sentido, constatamos que o Direito Eleitoral situa-se na subárea do Direito

Público interno, e isso significa basicamente que suas normas são imperativas, ou seja, não é

possível a alteração destas pela vontade ou pela composição das partes envolvidas no

Processo Eleitoral.

Não há dúvidas de que o Direito é um fenômeno político, entretanto, a

imperatividade das normas de Direito Eleitoral tem significado ímpar, tendo em vista que

caso fosse permitido aos candidatos, partidos, ou organizações da sociedade alterarem

unilateralmente normas que tutelam direitos indisponíveis, estar-se-ia soterrando um dos

pilares da democracia participativa, qual seja, o da soberania popular.

Nesse sentido, de maneira geral, há três ramos da jurisdição pelo qual perpassa o

Direito Eleitoral dentro das regras processuais, sobre os quais irá ater-se esta tese, valendo-se

das particularidades do Brasil e de Portugal.

A jurisdição ordinária é a mais amplamente acessada, com maior número de

demanda, baseada no controle jurisdicional feito por juízes comuns. Jurisdição especializada é

aquela com competência para um fim específico, como é o caso das varas da criança e do

adolescente, da violência doméstica, e em alguns países, para as eleições. Há, ainda, a

jurisdição constitucional, que pode ser acessada em relação às eleições para impugnar

decisões advindas da justiça comum ou da especializada.

O mais importante ponto a ser desenvolvido ao longo deste trabalho em relação às

jurisdições é justamente a finalidade da criação de órgãos de justiça eleitoral especializada,

pertencentes ao judiciário ou com autonomia em relação a este. Tem-se que sua

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23

essencialidade parte do pressuposto de garantir a imparcialidade do Poder Judiciário,

mantendo-o mais afastado possível de decisões que envolvam candidatos e partidos políticos.

É fato que esta justificativa pode ser uma armadilha hermenêutica, de forma a

acobertar relações políticas que irão acontecer de independentemente dos freios legais, mas

acredita-se caber justamente aos pesquisadores a tarefa de sobrepesar as vantagens e os riscos

existentes nos diferentes processos eleitorais a serem ponderados.

Outrossim, será especificado o papel e a importância da jurisdição constitucional

no Processo Eleitoral, mesmo quando da existência de regras de irrecorribilidade, como é o

caso das decisões proferidas pelo Tribunal Superior Eleitoral no Brasil.

Dito isso, retomando-se a ideia aventada de que o Processo Eleitoral vai muito

além do estabelecimento do procedimento para o exercício do voto, nota-se que serão

apontadas e desenvolvidas as noções de três fases pelas quais o processo perpassa: a fase

pré-eleitoral, a fase eleitoral e a fase pós-eleitoral.

No momento em que se compreendem os atos a serem praticados em cada fase,

pode-se inferir o significado e o papel do contencioso eleitoral no Processo Eleitoral. Isto se

dá pelo fato de que, a partir do momento em que as fases do processo eleitoral se

materializam, naturalmente surgirão demandas divergentes, dúvidas e questionamentos que

sempre irão pairar sobre o círculo de legalidade estabelecido pelas normais do Direito

Eleitoral.

Entretanto, quando de sua aplicabilidade em cada eleição irão emergir situações a

serem solucionadas a partir da interpretação das normas legais. O contencioso eleitoral, nesse

sentido, será o modo através da qual as normas materiais e processuais de direito eleitoral

terão sua aplicabilidade garantida quando do surgimento de conflitos e divergências.

Torna-se, destarte, o manto protetor do sufrágio popular, já que impedirá fraudes,

interpretações em desacordo com os princípios constitucionais e democráticos e a

consequente proteção dos interesses da sociedade. É, portanto, um assunto que merece

destaque e que será devidamente apontado a partir das regras procedimentais e processuais do

Brasil e de Portugal, além de modelos de jurisprudência dos órgãos dotados desta

competência.

Assim, tendo em vista que o Direito Processual Eleitoral, em última instância, é o

meio pelo qual se materializa o direito à escolha democrática dos representantes eleitos pela

população para representá-los e também para trabalhar juntamente a eles, sendo este,

indubitavelmente, o mais importante instrumento de garantia e manutenção do Estado

Democrático de Direito.

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24

Sendo assim, é interesse a análise, não só por se tratar de norma

infraconstitucional, mas pelo próprio substrato teórico e histórico de sua confecção, que

estejam presentes em todos os atos processuais os princípios constitucionais, adaptados às

especificidades do caso concreto.

Por este motivo, o presente esboço dará grande atenção a todos os princípios

constitucionais que fundamentam o Processo Eleitoral, tanto no Brasil quanto em Portugal,

bem como aqueles princípios derivados, mais adaptados às nuances da matéria ventilada.

Registra-se, ainda, que não há como compreender a lógica procedimental no Processo

Eleitoral sem compreender os princípios sob os quais estão assentados.

Além disto, objetiva-se trazer o Direito Processual Eleitoral à acessibilidade de

todas as pessoas, o que pressupõe a compreensão dos institutos a serem desenvolvidos. Não

há como compreender requisitos, atos e normativas sem perfazer os caminhos da norma legal

que fizeram com que estes fossem necessários. Os atalhos, nesse caso, levam a um contato

raso com a matéria, o que distancia os cidadãos da área jurídica ou não do exercício do

questionamento, tão caro aos dias atuais.

É desse modo que os princípios processuais tradicionais, como o contraditório,

ampla defesa e duplo grau de jurisdição terão de ser colocados em cena de maneira a atender

as especificidades das fases eleitorais. Isso se dá pelo fato de que, caso não fosse observado,

por exemplo, o princípio da celeridade, os próprios princípios privativos não teriam eficácia.

Por conta disto, todos os procedimentos do direito eleitoral, incluindo-se aí o

contencioso, ocorrem pouco antes, durante ou logo depois das eleições. A celeridade nesse

caso é indispensável, tendo em vista que quaisquer decisões que sejam tomadas muito antes

ou muito depois das eleições que geraram o ponto de discussão, implicam a validade e

confiabilidade dos resultados, o que colocaria em risco a segurança jurídica nos institutos e

nos projetos pensados para os mandatos.

Ao mesmo tempo, também ocorre no processo eleitoral uma opção do legislador

que acreditamos devesse ser expandida para todos os ramos do direito. A simplificação dos

atos processuais, em razão da necessidade de praticidade e celeridade faz com que estes sejam

mais facilmente compreensíveis por aqueles ditos leigos, o que traduz, indubitavelmente,

democracia.

Obviamente que casos mais complexos demandam mais aprofundamentos teórico

e filosófico, entretanto, os procedimentos de realização de eleições devem e podem ser

simples e objetivos, permitindo que as pessoas não só compreendam, mas, compreendendo,

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25

também possam acompanhar-lhe cumprimento de maneira adequada e, ainda, problematizar

aqueles atos que não satisfizerem os interesses da maioria das pessoas.

É muito cara a discussão do significado do tempo para o Direito. Em outras áreas,

nas quais os princípios têm grande influência, por exemplo, o da busca pela verdade real

(seara penal), permitir que haja um grande distanciamento entre os fatos ensejadores de uma

lide (sentido amplo) e o julgamento que irá solucionar aquela questão é uma forma de tornar

mais difícil o julgamento socialmente aceito e de gerar um sentimento de segurança e justiça.

O estudo entre o tempo e o direito é um hiato ainda pouco explorado. Prova disso

é que pouco se fala sobre a relatividade do tempo para cada um. Ou seja, para cada pessoa, de

acordo com o impacto e o sofrimento gerado por uma situação, o tempo passa diferente.

É possível vislumbrar esta questão no direito penal, quando se imagina um

inocente que passou anos preso cautelarmente a espera de um julgamento. Para ele, o tempo

provavelmente irá passar mais devagar do que para as testemunhas que irão depor a seu favor

ou contra ele. Por outro lado, há que se assinalar que, também elas, serão afetadas pelo passo

do tempo, no sentido de que seus depoimentos serão afetados pela falha da memória, que não

é capaz de reviver todos os fatos da mesma forma como seria se fossem chamados a depor

logo após os fatos ocorridos.

No Direito Eleitoral, ao se falar de tempo, transpassa-se a noção individual para

um sentimento coletivo. Toda uma nação é afetada pela demora no julgamento da validade de

uma candidatura se essa vier a atrasar as eleições. O Estado sofrerá em caso de um projeto

político, eleito na figura de um candidato, ser interrompido, porque a solução de uma questão

afeta a eleição deste candidato somente for solucionada meses depois do início de seu

mandato. Dessa forma, justifica-se a importância da celeridade na seara eleitoral,

materializada nos procedimentos específicos e restritos previstos no Direito Processual

Eleitoral.

Brasil e Portugal se distinguem grandemente em termos de tamanho e forma de

Estado, já que o Brasil, por sua dimensão e volume populacional, adotou o sistema federativo,

e Portugal, por sua vez, é um estado unitário. Não obstante, ambos possuem, cada um à sua

maneira, processos eleitorais, administrativos ou judiciais revestidos de inúmeros

procedimentos especiais, todos protegidos por diversos princípios gerais, eleitorais e

processuais, estando vários deles albergados em ambas as constituições e legislações

infraconstitucionais eleitorais.

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26

Com efeito, os referidos princípios visam dar segurança jurídica ao processo de

escolha dos candidatos, ou seja, à efetivação da democracia, por isso, merecem ser objeto de

desenvolvimento e reflexão ao longo do presente estudo.

É nesse sentido que, ao se falar em princípio democrático de maneira ampla,

estará se falando em dignidade da pessoa humana. Consigna-se que em ambos os Estados -

Brasil e Portugal -, não há como vislumbrar o Direito Eleitoral fora desse princípio. Isto

significa dizer que não se pode perder o horizonte de sentido de que as eleições não se bastam

como instituto em si, elas existem para satisfazer um fim específico, que é o de possibilitar

que os cidadãos tenham cada vez mais melhoradas as suas condições de vida, de saúde,

educação, moradia, etc.

Não existe eleição que não seja para isso. Fora desse princípio é que imperam as

vaidades, a política como carreira, a corrupção e os desvios morais que tanto prejudicam o

andamento de uma nação. Esta compreensão, como se vê, não é nada abstrata ou pouco

aplicável.

Nessa toada, assenta-se também o princípio da representatividade, esculpido na

Constituição Federal Brasileira e também previsto na da República Portuguesa. O

desenvolvimento da noção dos limites da forma indireta de democracia, na qual o povo elege

representantes que considera aptos a promover seus interesses num projeto político,

estabelece o poder da população ao exercer seu direito ao voto.

Nesse escopo, tem-se que a participação das pessoas ao eleger representantes na

democracia indireta é um conceito que merece ser desenvolvido no sentido das outras

múltiplas possibilidades de participação política da população dentro do sistema da

democracia indireta. Não há meio mais lúcido de promover este debate se não aquele que

parte da compreensão do princípio que fundamenta teoricamente este sistema de delegação.

Destarte, o princípio do Estado Democrático de Direito remete à ideia de que nos

dias atuais pode parecer bem simples, mas que, ao longo da história, inclusive na mais

recente, mostrou-se impeditivo da garantia e promoção de muitos direitos fundamentais. A

ideia básica desse princípio é a de que o poder estatal emana do povo, da população de uma

nação de maneira ampla, coletiva e compartilhada. Não pertence a pequenos grupos com força

militar, não pertence a uma só pessoa e muito menos a uma ideologia dominante. Os

representantes da coletividade emitirão, dessa forma, a identidade de toda essa coletividade,

porque eleitos através de voto direto.

Isso significa dizer, fundamentalmente, que os candidatos eleitos terão o condão

de delinear as políticas públicas que promovam os direitos fundamentais, sob pena de não

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representarem, em uma próxima eleição, os interesses populares. Ao vislumbrar a atual

situação política presente no Brasil, por exemplo, e em outras que também se proclamam

democracias, percebe-se claramente a falta de compreensão deste princípio por grande parcela

da população, o que prejudica a sua aplicabilidade de maneira ampla.

Ao lado do princípio do Estado Democrático de Direito está o da soberania

popular. Entender que todo poder emana do povo é medida preventiva para autoritarismos dos

mais diversos, mesmo aqueles travestidos com a aparência da legalidade. É preciso ter

esclarecido que o poder popular não é matéria inerente das organizações políticas, e

justamente por não ser natural é que precisa ser reafirmado, monitorado e defendido por todos

aqueles que acreditam neste modelo de expressão e manejo do poder político.

O princípio republicano, que também merecerá ampla problematização ao longo

desta tese, alude a uma forma específica de governo, a república. Diferentemente da

monarquia, que tem como marca a hereditariedade e a vitaliciedade, a república é uma

construção social fundamentada na alternância do poder através das eleições. Assim, o

princípio republicano, presente tanto no Brasil e em Portugal, dialoga com a ideia de

representatividade.

O princípio federativo, doutro vértice, relaciona-se com a forma de Estado. No

Brasil é vigente a definição de Federação, que consiste na união de Estados autônomos entre

si, embora submetidos a uma mesma Constituição. Já em Portugal não vige a forma

Federativa de Estado, sendo este um Estado Unitário. A referida distinção enseja em

substanciais diferenças na organização das eleições nos dois países irmãos, diferenças que

serão sistematicamente tratadas no desenvolvimento da nossa tese.

O sufrágio universal, por seu turno, em sua expressão principiológica, é a

manifestação cristalina da vontade popular na escolha de seus representantes. Este princípio,

assim como já ventilado sobre o princípio da democracia, não tem grande incidência na

história, motivo pelo qual é necessária redobrada atenção para sua manutenção e

continuidade.

Nesse sentido caminha também o Princípio da Legitimidade. Em outras formas de

organização política, tal qual a monarquia, a legitimidade advém da certeza da

hereditariedade. Na democracia a legitimidade advém do respeito às regras do jogo, ao

processo eleitoral, às previsões de inelegibilidades. Tudo isso merece ser devidamente

desenvolvido e aprofundado, dada sua relevância para o processo eleitoral.

É pela própria constituição democrática que advém também a necessidade de

existência dos Princípios da Moralidade e da Probidade. Se o poder político dos governantes

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28

não advém de nenhuma entidade, não é definida pelo sangue, tem-se que se tornar possível

exigir que os representantes eleitos obedeçam a uma forma específica de comportamento e

que estejam sujeitos à punição em caso de falharem nesta empreita.

Nos níveis das relações entre a Administração Pública e população e a

Administração Pública e agentes públicos, é exigível que os representantes eleitos obedeçam

a critérios de conveniência, oportunidade e justiça em todos os seus atos. Todos os atos que

não puderem se justificar nesses critérios são passíveis de investigação e punição,

obedecendo-se ao devido processo legal.

No entanto, além da noção de critérios e controle jurisdicional dos atos da

administração pública, residem nos citados princípios as noções de ética e moral. É esperado e

exigível que os candidatos eleitos tenham seus atos regidos por estas noções basilares. Por

mais difícil que possa parecer, num de determinadas circunstâncias de escândalos de

corrupção, desvio de dinheiro público e favorecimento de pessoas, é o fortalecimento dessas

noções na percepção dos cidadãos que irá ditar o novo rumo da Administração Pública no

Brasil e em outras nações.

Nessa toada, temos que tanto, no Brasil quanto em Portugal, há órgãos de

instância máxima de decisão do contencioso eleitoral. No Brasil, o Tribunal Superior

Eleitoral; em Portugal, o Tribunal Constitucional. Desta feita, qual seria a necessidade de

revisão das decisões destes órgãos? Ao longo deste trabalho serão pontuadas as situações em

que se fazem necessárias referidas reapreciações. No Brasil, em que pese haver previsão legal

para a irrecorribilidade das decisões de tribunais em último grau de jurisdição, a

jurisprudência abriga algumas exceções, sobre as quais iremos oportunamente versar.

Por outro lado, em Portugal, em que pese haver diversos princípios semelhantes

aos presentes no Brasil, por sua própria constituição histórica, demográfica e geográfica, é

interessante notar que há alguma diferença na doutrina ao versar sobre os mesmos princípios.

Tal comparação não objetiva indicar uma definição melhor ou mais adequada aos princípios,

mas, sim, servir de fonte de aprofundamento teórico e prático para ambas as repúblicas, tão

conectadas em suas raízes democráticas.

Nesse sentido, o Princípio da Democracia, presente em ambos os países, deve ser

analisado com o da Soberania do Povo. Isso porque se acredita que em uma organização

política na qual a forma de governo ou o poder advém e é definido pelo povo, o exercício do

poder político deve ser materializado conjuntamente. Esta noção talvez não seja tão clara na

política brasileira. Traduz-se no sentido de que, apesar da escolha de representantes, a

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29

capacidade de exercício do poder político não deve ser totalmente delegada. Isto é a

democracia indireta em versão aprofundada e madura.

Impossível fazer qualquer comparação matemática entre Brasil e Portugal, os dois

Estados possuem diferenças em inúmeros os sentidos, da extensão à constituição histórica,

mas é coerente pontuar um horizonte de sentido calcado no aprofundamento das relações

democráticas e na importância de terem sistemas processuais eleitorais seguros e

transparentes.

Em relação ao Princípio Democrático, este tratado, conjuntamente com o Estado

de Direito, direciona a discussão para a questão de que não necessariamente os órgãos de

soberania irão manifestar a vontade do povo emergida nas eleições. Dessa forma, é necessário

garantir esta colisão, e só assim estará concretizado o Estado Democrático de Direito.

Diferenciar que o Estado de Direito, ou seja, aquele regido por uma forma de Estado e de

Governo, baseado em uma Constituição, não será necessariamente sinônimo de respeito à

democracia em sua faceta de manifestação da vontade popular é outro sinal de maturidade no

jogo democrático.

Nessa fusão de princípios advêm outros de suma importância que irão orbitar

sobre o mesmo fundamento do Estado Democrático de Direito são: o princípio da

proporcionalidade, da segurança jurídica, da tutela jurisdicional da constitucionalidade, da

tutela jurisdicional da legalidade administrativa da responsabilidade civil das entidades

públicas por ações ou omissões lesivas dos direitos dos particulares, etc.

A responsabilidade política como princípio tem semelhança com os princípios da

moralidade e da probidade. A responsabilidade de prestar contas dos atos realizados na

administração pública e o dever do povo de acompanhar os procedimentos e, em caso de

constatada alguma irregularidade, substituir os representantes, deve ser vista como um

exercício natural do Estado Democrático de Direito.

Constata-se que a Separação dos Poderes está presente como princípio na doutrina

portuguesa, mas de maneira geral rege todas as democracias, incluindo-se o Estado Brasileiro.

Isso ocorre porque não há o que se falar em governo representativo se o poder estiver

concentrado. As funções de governo, de justiça e de elaboração de leis têm de ser

independentes entre si pelo fato de que muitas vezes representarão interesses diversos.

No jogo democrático há a necessidade da pluralidade de funções porque os cargos

e funções são exercidos por seres humanos, com capacidades restritas de discernimento entre

a amplitude de suas atribuições na vida da população. Há substrato filosófico e histórico

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30

suficiente para explicar o que o controle concentrado significou para a derrocada dos direitos

fundamentais de diversos povos.

Assim, fazem-se cogentes a pluralidade de órgãos no exercício do poder político,

em diferentes níveis de atuação, a primazia da competência legislativa ao parlamento e a

independência dos tribunais acompanhada pela reserva de jurisdição. Tudo isso alinhavado

aos órgãos de fiscalização e controle das atividades exercidas pelos membros dos três

poderes.

Isso porque, de acordo com a maneira como se dão as eleições, nem sempre a

vontade da maioria em relação aos anseios sociais será materializada no projeto político do

candidato eleito. Esta dissonância, ou o que acontece no meio do caminho, é um assunto

muito válido à população brasileira e portuguesa, porque a sintonia entre um ponto e outro são

um caminho para combater o sentimento de desânimo e falta de confiança nas instituições

públicas, muito presente nos dias atuais.

É preciso pontuar que as similitudes apresentadas entre os princípios eleitorais

constitucionais e processuais no Brasil e em Portugal dão-se em virtude da origem do direito

brasileiro, que, inegavelmente, possui forte influência portuguesa. Em que pese ao fato de o

regime monárquico ter permanecido por muito mais tempo em Portugal, o diálogo entre as

duas nações permaneceu sempre vivo, de forma que a Constituição de 1988, hoje vigente no

Brasil, recebeu grande influência dos institutos do direito português, principalmente em

relação aos Princípios Constitucionais.

Importa destacar que, apesar de o Brasil ter sido colonizado por Portugal e, por

conta disso, ter tido suas primeiras legislações elaboradas e impostas por este, mesmo depois

da independência restaram enraizados os preceitos do direito português, que depois de mais

de quatro séculos passaram por inúmeras mudanças, acabaram por resultar em sistemas

eleitorais semelhantes em suas bases teóricas e principiológicas.

É o que torna possível o presente diálogo e traduz a relevância do presente

trabalho, já que ambas as nações estão inegavelmente conectadas e a comparação científica de

seus institutos de Direito Eleitoral aponta para um ganho mútuo em qualidade dos órgãos

democráticos.

Para tanto, além dos princípios constitucionais e derivados, serão também

apresentados os órgãos através dos quais são realizadas as eleições em ambos os países. Será

possível vislumbrar as fórmulas eleitas por cada país, seus ganhos e as dificuldades

decorrentes de cada modelo. Acredita-se que uma análise teórica aliada à verificação técnica é

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31

um instrumento de verificação científica confiável para o que se objetiva promover sobre o

Direito Eleitoral.

No Brasil, há uma justiça especializada e autônoma que administra as eleições.

Este sistema está assentado em órgãos organizados de maneira hierárquica, iniciando-se pela

junta eleitoral, passando pelas zonas eleitorais - juízo de primeiro grau -, tribunal regional

eleitoral e tribunal superior eleitoral.

A junta eleitoral tem composição feita por um juiz eleitoral, que sempre irá

presidi-la, além de dois a quatro cidadãos dotados de notória idoneidade. Estes cidadãos serão

nomeados pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral, não sem antes serem aprovados por

toda a Corte.

As zonas eleitorais são presididas por juízes eleitorais - de primeiro grau - sempre

os togados, de carreira, com gozo das prerrogativas constitucionais (vitaliciedade,

inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios). Identifica-se, nesse modelo, uma intersecção

entre o poder judiciário e as questões políticas eleitorais, entretanto no modelo brasileiro há o

indicativo de que existe ganho no controle mais local ser exercido por juízes togados.

Ao mesmo tempo, temos os sopesados Tribunais Regionais Eleitorais, os quais

têm por escopo julgarem os processos em segunda instância eleitoral. Além disso, estão aptos

a deliberar sobre determinadas matérias com competência originária, assim como ocorre com

outros órgãos jurisdicionais de segunda instância e instância especial.

Uma vez que o Brasil tem a federação como forma de Estado, fora determinado

pela Constituição Federal de 1988 a instalação de um TRE em cada unidade federativa, e um

no Distrito Federal. A existência de 27 cortes eleitorais é baseada na necessidade de garantir a

independência de todos os entes da Federação em suas eleições estaduais e municipais. Por

fim, há também o Tribunal Superior Eleitoral que, por sua vez, é o órgão de instância especial

da Justiça Eleitoral Brasileira, com atuação nacional, sendo que suas competências e formas

de atuação serão oportunamente desenvolvidas.

Já em Portugal, de maneira diversa ao sistema eleitoral brasileiro, o controle e a

organização das eleições e do sistema eleitoral são feitos por órgãos administrativos, e a

atuação jurisdicional reservada tão somente para a fase recursal. O principal órgão

administrativo que tem a função de regular as eleições em Portugal em todos os seus níveis é

a Comissão Nacional das Eleições, e este um órgão independente dos três poderes e com

âmbito nacional. O aludido modelo é possível tendo em vista que Portugal é um estado

unitário, não sendo necessária a total independência de suas regiões nos sistemas eleitorais.

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Validamente, a Comissão Nacional das Eleições possui competência até para

aplicação das coimas para as infrações cometidas nos processos eleitorais das diferentes

legislações das regiões. Notemos que Portugal possui legislações eleitorais específicas para as

eleições em seus diferentes níveis (Lei Eleitoral do Presidente da República, Lei Eleitoral da

Assembleia da República, Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais, Lei Eleitoral da

Assembleia Legislativa da Região Autônoma dos Açores), e todas administradas e

fiscalizadas pela CNE.

Além da CNE, há outros órgãos de suporte ao sistema eleitoral português, por

exemplo, a Direcção Geral de Administração Interna, que tem por papel fornecer suporte

técnico para as eleições em diferentes áreas: planejamento estratégico e política

administrativa, relações internacionais e administração eleitoral.

Conforme sopesado, toda atuação administrativa eleitoral portuguesa, sob a qual

são feitos os requerimentos de registros de candidaturas e fiscalizações de toda natureza,

podem passar pelo crivo recursal do Tribunal Constitucional de Portugal o qual, em matéria

eleitoral, será acionado sempre as decisões em âmbito administrativo colidirem com os

princípios e normas constitucionais.

Como se vê, nesta tese delinear-se-á acerca dos principais temas relativos ao

contencioso eleitoral em direito comparado - brasileiro e português -, sobrepondo os sistemas

políticos e a jurisdição eleitoral de acordo com os objetivos traçados, quais sejam: de

possibilitar a comparação entre os fundamentais institutos do direito processual eleitoral

português e brasileiro, ações, requerimentos, impugnações e recursos eleitorais, e suas

importâncias nas eleições e na consolidação da democracia, com o fito cardeal de identificar

fórmulas que podem trazer mais ganhos aos preceitos democráticos do Estado de Direito para

Brasil e Portugal, e quais reformas - alterações nas legislações de ambos os países - são

necessárias a fim de possibilitar a efetivação do interesse popular nas eleições.

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33

CAPÍTULO 1 - TEORIA GERAL DO DIREITO ELEITORAL

1.1 Direitos Políticos

1.1.1 Conceito

Para melhor entender os direitos políticos, é fundamental assimilar o conceito de

política, que é, por natureza, multifacetado, apresentando-se nas mais variadas formas de

acordo com o ângulo pelo qual é observado.

Dos tempos da antiguidade grega, a política era tida como vida pública, em

contrapartida à vida privada e íntima do cidadão. Nesse sentido, englobava os espaços

públicos onde eram discutidas ideias e tomadas decisões coletivas. Não por menos, à vida

política era dado o maior grau de relevância pelos gregos, que não a concebiam fora da polis.

Destarte, temos que a política adquire dois significados fundamentais, alicerçados,

sobretudo, pela filosofia aristotélica. Em primeiro lugar, por política, entende-se a forma de

estabelecer o que se deve e o que não se deve fazer, objetivando alcançar a felicidade do

homem. Aqui, o termo política aproxima-se e, por vezes, confunde-se com as ideias de moral

e ética. Em segundo lugar, para conceituação do termo, parte-se do pressuposto do homem

como animal social, condicionado e influenciado por tudo ao seu redor, que se organiza em

sociedade e carece de um sistema político de regimento.

Nessa acepção, verifica-se que a política busca descrever a melhor forma de

organização do Estado, do sistema e do regime de governo, das Constituições, das

instituições, e de tudo aquilo que atrele formalmente o homem à sociedade em que vive.

Nesse sentido, nota-se que as duas concepções do mesmo termo, ainda que não se confundam,

completam-se, de modo que ambas se valem de caminhos distintos para alcançar o mesmo

fim: o bem-estar do homem.

Nos tempos modernos, o termo política é imediatamente ligado à ideia de

governo. Mais especificamente, relaciona-se a todos os processos e tomadas de decisões que

afetam o Estado, o governo, a res pública, sua administração e atribuição de poderes. Nesse

espírito, o filósofo inglês Giddens asseverou que política é o meio pelo qual o poder é

utilizado e contestado para influenciar a natureza e o conteúdo das atividades governamentais.

Desse modo, afirma que a esfera política inclui, além das atividades dos governantes, as ações

e interesses concorrentes de outros grupos de indivíduos

1

.

Depois dessa breve introdução, é possível salientar que os direitos políticos,

também conhecidos como cívicos, são prerrogativas e deveres com ligação íntima à noção de

1 GIDDEANS, Anthony, Sociologia, 4. ed, Trad. Sandra Regina Netz, Porto Alegre: Artmed, 2005, p. 342,

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Figura 2 - Procedimento de Apuramento Geral das Eleições para Assembleia da República

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