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Dos riachos aos canais: o desprezo pela natureza na cidade em ambiente semiárido no Brasil (Juazeiro-Ba)

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

MATTEO NIGRO

DOS RIACHOS AOS CANAIS:

O DESPREZO PELA NATUREZA NA CIDADE EM AMBIENTE

SEMIÁRIDO NO BRASIL (JUAZEIRO-BA)

Salvador - BA 2017

(2)

MATTEO NIGRO

DOS RIACHOS AOS CANAIS:

O DESPREZO PELA NATUREZA NA CIDADE EM AMBIENTE

SEMIÁRIDO NO BRASIL (JUAZEIRO-BA)

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de Doutor em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Cristóvão de Cássio da Trindade de Brito

Salvador - BA 2017

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Nigro, Matteo

Dos riachos aos canais: o desprezo pela natureza na cidade em ambiente semiárido no Brasil (JuazeiroBA) / Matteo Nigro. -- Salvador--BA, 2017.

297 f.

Orientador: Cristóvão de Cássio da Trindade de Brito. Tese (Doutorado - Geografia) -- Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências, 2017.

1. Riachos urbanos. 2. Natureza. 3. Semiárido . I. Brito, Cristóvão de Cássio da Trindade de. II. Título.

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Aos meus companheiros do Movimento Popular de Cidadania, por me ensinar a lutar em defesa da vida.

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi com certeza o mais desafiante que já enfrentei, e foi possível somente graças à colaboração de muitas pessoas que fizeram parte da minha vida nestes últimos quatro anos.

Por isso agradeço: ao prof. Cristóvão Brito, por me orientar com entusiasmo, atenção e dedicação, mostrando-me que vale a pena prezar pela qualidade dos nossos trabalhos.

À profa. Maria Lúcia Carvalho, por todas as colaborações de pesquisa, por ser um exemplo de profissional comprometida; por ter acreditado em mim, me dado força e apoiado sempre em cada momento de dificuldade.

Aos demais professores da banca: Hernani Löebler Campos, Jémisson Mattos dos Santos, Brais Estévez-Vilariño, Liliane Ferreira Mariano da Silva, pelas contribuições.

Ao meu parceiro Ademir Fernandes – técnico da Secretaria de Meio Ambiente de Juazeiro-BA – pela amizade, pelas imensas contribuições dadas a este estudo, pelo incentivo moral, por apoiar as minhas visões de cidade, por demostrar continuamente força, comprometimento e amor pela vida.

Aos meus colegas e companheiros do Movimento Popular de Cidadania, por dedicar tempo e trabalho às causas socioambientais, por acreditar no poder da sociedade civil organizada, por apoiar e divulgar as minhas propostas para Juazeiro-BA, por me acompanhar nos diálogos com o poder público e, não menos importante, por ter me ensinado que o povo tem o poder de transformar a realidade.

Aos moradores ribeirinhos dos riachos, por falar sobre a própria vida, dificuldades, angústias e desejos de um dia conviver com espaços mais agradáveis e saudáveis.

Aos lideres comunitários, professores, estudantes, empresários, técnicos da prefeitura e vereadores que participaram das oficinas.

Aos secretários municipais e vereadores que responderam ao questionário. Aos alunos do CETEP por ter me acompanhado durante a primeira aplicação dos questionários.

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À profa. Miriam Cleide Cavalcante de Amorim e suas monitoras, por ter me orientado na pesquisa da qualidade da água-esgoto, e realizado as análises no Laboratório de Engenharia Ambiental (LEA/UNIVASF).

À profa. Vânia Palmeira Campos e suas monitoras Camila Lima, Juliana Lage e Franciele Santana por ter me orientado na pesquisa de qualidade do ar, e realizado as análises no Laboratório de Química Analítica Ambiental (LAQUAM/UFBA).

A José Clemente de Mello Zanatta, da empresa EDZA – Planejamento e Consultoria em Informática S.A., por ter doado os Amostradores Passivos para a pesquisa de qualidade do ar.

À equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Juazeiro-BA, pelo incentivo, pelos documentos disponibilizados e por ter me envolvido nas atividades de educação ambiental do município.

Aos meus pais e irmãos, por suportar a distância durante todo este período de estudo desenvolvido no Brasil. Com certeza, este apoio fez, e faz, toda a diferença para o meu crescimento.

Aos colegas de curso e também amigos Flora Sousa Pidner, Lucas Zenha, Leonardo Thompson, Rita Luquini, Maria Goreth Neri, pelas conversas, pelo apoio moral e a partilha de experiências.

Aos professores Cristóvão Brito, Wendel Henrique, Maria Lúcia Carvalho, Ângelo Serpa, Xico Costa, que ministraram as disciplinas que cursei.

Aos meus amigos Francisco Meira e Luiza Meira pelo apoio e amizade.

À equipe do projeto CONVIVERDE do DCHIII/UNEB, pela oportunidade de desenvolver pesquisa interdisciplinar sobre temas de meu interesse.

À Coordenação de Aperfeiçoamento a Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo auxílio financeiro.

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“Eu também quero a volta à natureza. Mas essa volta não significa ir para trás, e sim para a frente.”

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RESUMO

Neste estudo aborda-se o tema dos riachos urbanos poluídos, na perspectiva da valorização e do respeito pela natureza na cidade por parte da população e do poder público. O objetivo da pesquisa foi realizar uma análise socioambiental dos nove riachos urbanos de Juazeiro-BA que, ao longo da história da cidade, foram transformados em grandes canais de esgoto a céu aberto, gerando impactos sobre a vida da população. Com isso, na cidade apareceu uma imagem negativa da natureza, que não favorece a sua recuperação. Sendo uma questão de ordem política, em nível teórico buscou-se explicar a relação entre a natureza e a política, com base numa concepção político-filosófica. Partindo da história das atitudes humanas sobre a natureza foi discutida a teoria do alheamento como condição de origem do desprezo do sujeito humano (político) pelo objeto natural. Por meio de levantamentos de campo, análise da água/esgoto e do ar, questionários, entrevistas, grupos focais e pesquisa documental, neste estudo foi investigado principalmente o processo histórico local de como os riachos foram transformados em canais, e procurou-se compreender empiricamente em que se baseiam as representações sociais negativas sobre os riachos urbanos, analisando a lógica atual de esconder e tamponar os riachos na cidade, tratando os ambientes naturais como se fossem resíduos, e não a própria natureza.

(10)

ABSTRACT

This paper examines the issue of polluted urban rivers, with the prospect of enhancing and promoting the respect for the nature of the city by the population and the public authorities. The objective of the research was to conduct a socio-environmental analysis of the nine urban rivers in Juazeiro-BA. During the historical evolution of the city, these rivers have been transformed into large canals of open sewage, thus affecting people's lives. For this reason, a negative picture of nature has emerged in the city, which does not encourage its recovery. As a matter of political order, we tried to explain in theory the relationship between nature and politics, based on a political-philosophical conception. Starting with the history of human attitudes about nature, the theory of alienation has been discussed as a condition of origin of the contempt of the human being (political) for the natural object. In this study we have mainly investigated the local historical process of how the rivers have been transformed into channels. This study has been conducted through field surveys, wastewater and air analysis, questionnaires, interviews, focal groups and documentary research. We have also tried to empirically understand what is the basis for the negative social representations on urban rivers; to this purpose we analyzed the current logic of hiding and covering the rivers in the city, being natural environments treated as if they were residues, and not the nature.

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RIASSUNTO

Questo studio tratta del tema dei fiumi urbani inquinati, con la prospettiva di valorizzazione e rispetto per la natura nella città da parte della popolazione e delle autorità pubbliche. L’obiettivo della ricerca é stato realizzare un analisi socioambientale dei nove fiumi urbani di Juazeiro-BA che, durante il percorso storico della città, sono stati trasformati in grandi canali di fognature a cielo aperto, provocando un’ impatto sulla vita della popolazione. Per questo, nella città è nata un’immagine negativa della natura, che non favorisce la sua recuperazione. Essendo una questione di ordine politica, a livello teorico si é cercato di spiegare la relazione tra la natura e la politica, con base in una concezione politico-filosofica. Partendo dalla storia delle attitudini umane sulla natura, si è discussa la teoria dell’ alienazione come condizione di origine del disprezzo del soggetto umano (politico) per l’oggetto naturale. Mediante i rilievi in campo, l’ analisi delle acque reflue e dell’aria, i questionari, le interviste, i gruppi focali e la ricerca documentale, nel presente studio si è investigato principalmente il processo storico locale di come i fiumi sono stati trasformati in canali, e si è cercato di comprendere empiricamente in cosa si basano le rappresentazioni sociali negative sui fiumi urbani; quindi si è analizzata la logica attuale di nascondere e ricoprire i fiumi nella città, trattando gli ambienti naturali come se fossero residui, e non natura.

(12)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Cidade de Juazeiro-BA: identificação dos riachos urbanos - 2016 25 Figura 2 Juazeiro-BA: Canal da Vila Jacaré na sua configuração antes de

ser canalizado e coberto (imagem à esquerda); e o mesmo canal depois de ser coberto com placas de concreto (imagem à direita).

26

Figura 3 Figura 3 – Juazeiro-BA: Riacho João Freitas (imagem à esquerda) e placa de indicação do mesmo riacho (imagem à direita) - 2015

27

Figura 4 Figura 4 – Juazeiro-BA: Riacho Malhada (imagem à esquerda) e placa de indicação do mesmo riacho (imagem à direita) - 2015 28 Figura 5 Figura 5 – Juazeiro-BA: Riacho Macarrão (imagem à esquerda) e

placa de indicação do mesmo riacho (imagem à direita) – 2015 28 Figura 6 Ponto 1 da coleta de água-esgoto para a análise - 2017 34 Figura 7 Ponto 2 da coleta de água-esgoto para a análise - 2017 34

Figura 8 Esquema de um amostrador passivo 35

Figura 9 Amostradores passivos no ponto 1 em campo – Março 2017 36 Figura 10 Amostradores passivos no ponto 2 em campo – Março 2017 37 Figura 11 Amostradores passivos no ponto 3 em campo – Março 2017 38 Figura 12 Amostradores passivos no ponto 4 em campo – Março 2017 38 Figura 13 Amostradores passivos no ponto 5 em campo – Março 2017 39 Figura 14 Rio Cheonggyecheon antes da reabertura – foto sem indicação

da data 99

Figura 15 Rio Cheonggyecheon depois da reabertura ocorrida entre

2003/05 – foto sem indicação da data 100

Figura 16 Rio Biévre antes da reabertura até 2002 – foto sem indicação da

data 101

Figura 17 Rio Biévre depois da reabertura em 2003 – foto sem indicação da

data 101

Figura 18 Rio Trent antes de ser renaturalizado - 2012 103

Figura 19 Rio Trent depois ter sido renaturalizado - 2014 103

Figura 20 Córrego Baleares antes (em cima) e depois da sua recuperação

(embaixo), Belo Horizonte – ca. 2010 106

Figura 21 Localização da cidade de Juazeiro-BA na região Nordeste/Brasil -

2013 108

Figura 22 Localização das regiões fisiográficas da bacia do rio São

Francisco 112

(13)

Figura 24 Mapa dos solos do município de Juazeiro-BA 116 Figura 25 Precipitação pluviométrica na Estação Experimental de

Bebedouro (Pbeb), em Petrollina-PE, e de Mandacaru (Pmand), em Juazeiro-BA. Desenho: Embrapa Semi-Árido.

117

Figura 26 Vegetação do bioma Caatinga durante o período de estiagem,

Vale do Salitre, Juazeiro-BA - 2012 119

Figura 27 Vegetação do bioma Caatinga durante o período de chuva, Vale

do Salitre, Juazeiro-BA - 2014 120

Figura 28 Cidade de Juazeiro-BA: insuficiência de arborização nas

margens da rodovia BR 407, bairro Alto do Cruzeiro - 2015 121 Figura 29 Cidade de Juazeiro-BA: topografia e localização dos riachos -

2015 123

Figura 30 Tipos de canais fluviais: meândrico (A); anastomosado (B);

ramificado (C); reticulado (D) 124

Figura 31 Trecho do riacho Malhada no município de Juazeiro-BA,

mostrando a sua configuração de riacho intermitente 124 Figura 32 Juazeiro-BA: hierarquização fluvial da rede hidrográfica dos

riachos urbanos - 2017 126

Figura 33 Juazeiro-BA: Trecho do riacho Malhada no Bairro Alto do Alencar – 2015. Distância de cerca dois metros entre as casas e a margem do riacho

128

Figura 34 Juazeiro-BA: Soluções individuais contra os alagamentos na rua

Castro Alves, bairro Centro - 2016 129

Figura 35 Juazeiro-BA: Soluções individuais contra os alagamentos na rua

Castro Alves, bairro Centro - 2016 130

Figura 33 Juazeiro-BA: Esgoto sendo despejado no riacho Macarrão, bairro

Piranga I - 2015 123

Figura 34 Riacho Mulungu fora da cidade de Juazeiro-BA, na sua forma

natural - 2016 124

Figura 35 Juazeiro-BA: Riacho Mulungu (antigo leito, retificado) dentro da

cidade, bairro Dom Tomaz - 2015 125

Figura 36 Juazeiro-BA: Encontro do riacho Macarrão com o rio São

Francisco - 2014 126

Figura 37 Trecho do riacho Mulungu fora da cidade de Juazeiro-BA, ao

SUL, na sua forma natural – 2016 134

Figura 38 Juazeiro-BA: trecho do riacho Mulungu (antigo leito retificado)

dentro da cidade, bairro Dom Tomaz - 2015 135

Figura 39 Juazeiro-BA: encontro do riacho macarrão com o rio SF - 2016 136 Figura 40 Juazeiro-BA: Esgoto sendo lançado no rio São Francisco, pela

(14)

Figura 41 Juazeiro-BA: Esgoto sendo lançado no rio São Francisco, pela

foz do riacho Macarrão - 2016 137

Figura 42 Juazeiro-BA: Pontos de coleta da água-esgoto para as análises –

2017 145

Figura 43 Juazeiro-BA: Pontos de medição do H2S e NH3 em Juazeiro-BA

– 2017 150

Figura 44 Juazeiro-BA: plantas aquática se desenvolvem no esgoto doméstico lançado no Riacho Macarrão entre os bairros Jardim Novo Encontro e Alto do Cruzeiro – 2017

156

Figura 45 Juazeiro-BA: plantas aquáticas ocupam o leito do Riacho

Malhada, bairro Alto do Alencar - 2017 156

Figura 46 Juazeiro-BA: Casas construídas sobre a margem do leito do

riacho Malhada - 2016 157

Figura 47 Juazeiro-BA: padrão construtivo simples das casas localizadas

na margem do Riacho Malhada, bairro Jardim das Acácias - 2015 157 Figura 48 Juazeiro-BA: Juazeiro-BA: assoreamento de um trecho do

Riacho Malhada, bairro João XXIII - 2015 159

Figura 49 Juazeiro-BA: Resíduos sólidos domésticos no riacho Macarrão,

bairro Lomanto Junior – 2014 160

Figura 50 Juazeiro-BA: Resíduos sólidos no riacho Macarrão obstruindo o

escoamento das águas, bairro Lomanto Junior – 2014 160

Figura 51 Imagens referentes à pergunta 1 do questionário 2 177 Figura 52 Juazeiro-BA: Configuração inicial dos riachos - 1870/80 192 Figura 53 Juazeiro-BA: Segunda fase da expansão da cidade – 1880/90 195 Figura 54 Juazeiro-BA: Terceira fase da expansão da cidade; construção

da ferrovia – 1890/1910 196

Figura 55 Juazeiro-BA: Quarta fase da expansão da cidade; construção das

estradas – 1910/30 197

Figura 56 Juazeiro-BA: Quinta fase da expansão da cidade; construção dos

diques – 1930/50 199

Figura 57 Juazeiro-BA: Enchente de 1949 nas proximidades do estádio

municipal 200

Figura 58 Juazeiro-BA: Transbordamento das águas do riacho Macarrão

em um dia de chuvas – Janeiro 2016 201

Figura 59 Juazeiro-BA: Sexta fase da expansão da cidade; construção da

BR – 1950/70 203

Figura 60 Juazeiro-BA: Vista da construção de acesso à ponte que corta a

cidade 204

Figura 62 Juazeiro-BA: Ponte da BR407 em cima da “passagem molhada” -

2014 205

Figura 63 Juazeiro-BA: Os dois lados Oeste (à esquerda) e Leste (à direita)

(15)

Figura 64 Juazeiro-BA: Sétima fase da expansão da cidade; desvio dos riachos – 1970/80

209

Figura 65 Juazeiro-BA: Desvio do riacho Malhada próximo ao bairro Dom

José Rodrigues, Juazeiro-BA - 2015 211

Figura 66 Juazeiro-BA: Desvio do riacho Mulungu, bairro Tabuleiro - 2015 211 Figura 67 Juazeiro-BA: Oitava fase da expansão da cidade; retificação dos

riachos - 1980/90 213

Figura 68 Representação esquemática de um riacho na sua forma natural

(à esquerda) e de um riacho após ter sido retificado (à direita) 214 Figura 69 Juazeiro-BA: Nona fase da expansão da cidade; riachos

interrompidos e fragmentados – 1990/2000 218

Figura 70 Juazeiro-BA: Décima fase da expansão da cidade; degradação e

cobertura dos riachos – 2000/15 220

Figura 71 Juazeiro-BA: forma meandrante pouco alterada de um trecho do

Riacho Macarrão, no bairro Lomanto Junior - 2014 221

Figura 72 Juazeiro-BA: Trecho da Rua Oscar Ribeiro, onde ocorre a galeria subterrânea que desemboca no canal da Vila Jacaré em direção à Rua do canal e à Avenida Luís Ignácio Lula da Silva - 2015

222

Figura 73 Juazeiro-BA: Canal da Vila Jacaré - 2015 224

Figura 74 Juazeiro-BA: Encontro do canal da Vila Jacaré com o riacho

Macarrão - 2016 226

Figura 75 Juazeiro-BA: Canal coberto da Avenida Luís Ignácio - 2016 228 Figura 76 Juazeiro-BA: trecho do antigo leito do riacho Mulungu após sua

retificação que o tornou estreito, bairro Dom Tomaz - 2015 233 Figura 77 Juazeiro-BA: Topografia do riacho João Freitas inserido na bacia

do riacho Mulungu -2016 237

Figura 78 Juazeiro-BA: Riacho João Freitas - 2016 238

Figura 79 Juazeiro-BA: Riacho João Freitas entre o Atacadão e o Juá

Garden Shopping - 2015 239

Figura 80 Juazeiro-BA: Inundação no bairro Itaberaba - Janeiro 2016 240 Figura 81 Juazeiro-BA: Inundação no bairro Itaberaba - Janeiro 2016 241 Figura 82 Juazeiro-BA: Novo perímetro urbano da cidade, com a rede

hidrográfica - 2016 256

Figura 83 Digestor-termoreator do LEA/UNIVASF - 2017 277

Figura 84 Espectrofotômetro do LEA/UNIVASF – 2017 278

Figura 85 Frascos com o capacete de leitura da DBO – 2017 279

Figura 86 Medidor de PH do LEA/UNIVASF - 2017 280

Figura 87 Destilador do LEA/UNIVASF – 2017 281

(16)

Figura 89 Autoclave do LEA/UNIVASF - 2017 281 Figura 90 Modelo do micro-tubo Eppendorf do LAQUAM/UFBA – 2017 283

Figura 91 Ultrassom do LAQUAM/UFBA – 2017 284

Figura 92 Centrífuga do LAQUAM/UFBA – 2017 284

Figura 93 Trecho do riacho Macarrão, bairro Jardim Vitória, Juazeiro-BA 295 Figura 94 Trecho do riacho malhada, bairro João XXIII, Juazeiro-BA 296 Figura 95 Trecho do riacho João Freitas, bairro entre Atacadão e Juá

Garden Shopping, Juazeiro – BA 296

Figura 96 Trecho do riacho malhada, bairro Alto do Cruzeiro, Juazeiro-BA 296 Figura 97 Trecho do desvio do riacho Malhada, bairro João Paulo II,

Juazeiro-BA 297

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Tabela 1 - Extensão dos riachos urbanos de Juazeiro-BA medida nos trechos localizados na zona habitada, dentro do perímetro urbano - 2015

26

Tabela 2 Renda familiar por domicílios em Juazeiro-BA - 2010 104 Tabela 3 Resultado da análise de DBO ao 5° dia do ponto 1 - 2017 145 Tabela 4 Resultado da análise de DBO ao 5° dia do ponto 2 - 2017 146

Tabela 5 Resultado da análise de N-NH3 do ponto 1 - 2017 147

Tabela 6 Resultado da análise de N-NH3 do ponto 2 - 2017 147

Tabela 7 Resultado da determinação do fósforo total do ponto 1 – 2017 148 Tabela 8 Resultado da determinação do fósforo total do ponto 2 (1:10)* –

2017 148

Tabela 9 Concentrações de H2S e NH3 no ar nas proximidades dos

riachos urbanos de Juazeiro-BA – Abril 2017 150

Tabela 10 Limite de tolerância do H2S e NH3 conforme NR-15 151 Tabela 11 Quantidade e faixa etária dos pesquisados (ribeirinhos) 168

Tabela 12 Naturalidade dos pesquisados (ribeirinhos) 168

Tabela 13 Tempo de moradia dos pesquisados na casa ribeirinha 169 Tabela 14 Informações sobre quem respondeu o segundo questionário –

2016 177

Tabela 15 Crescimento populacional de Juazeiro-BA pelos censos –

(17)

16

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Cidade de Juazeiro-BA: bairros atravessados pelos riachos -

2016 26

Quadro 2 Síntese das etapas da pesquisa 30

Quadro 3 Breve descrição das áreas dos pontos de coleta da água/esgoto

– Juazeiro - 2017 34

Quadro 4 Efeito da inalação do gás sulfídrico em seres humanos 152 Quadro 5 Grupos de respostas da pergunta1 do questionário 2 (apêndice

2): o que retratam essas fotografias? 178

Quadro 6 Seleção de algumas respostas da pergunta 1 do questionário 2 (questionário aplicado com as autoridades políticas, apêndice 2): o que retratam essas fotografias?

182

Quadro 7 Alguns depoimentos das oficinas sobre a questão do

cobrir/fechar ou não os riachos urbanos – 2016 248

Quadro 8 Alguns depoimentos das oficinas sobre a ação mais urgente a

ser implementada para os riachos urbanos – 2016 250

Quadro 9 Alguns depoimentos das oficinas sobre outras diretrizes para ações de gestão e planejamento dos corpos d’água urbanos – 2016

252

Quadro 10 Alguns relatos do 1° grupo de respostas da pergunta 1, sobre a

função dos riachos - 2015 276

Quadro 11 Alguns relatos do 2° grupo de respostas da pergunta 1, sobre a

função dos riachos - 2015 276

Quadro 12 Alguns relatos do 3° grupo de respostas da pergunta 1, sobre a

função dos riachos - 2015 277

Quadro 13 Alguns relatos do 4° grupo de respostas da pergunta 1, sobre a

função dos riachos - 2015 277

Quadro 14 Relatos do 5° grupo de respostas da pergunta 1, sobre a função

dos riachos - 2015 277

Quadro 15 Alguns relatos do 1° grupo de respostas do da pergunta 2,

sobre a representação dos riachos - 2015 278

Quadro 16 Alguns relatos do 2° grupo de respostas da pergunta 2, sobre a

representação dos riachos - 2015 278

Quadro 17 Alguns relatos do 3° grupo de respostas da pergunta 2, sobre a

representação dos riachos - 2015 279

Quadro 18 Alguns relatos do 4° grupo de respostas da pergunta 2, sobre a

representação dos riachos - 2015 279

Quadro 19 Alguns relatos do 5° grupo de respostas da pergunta 2, sobre a

(18)

Quadro 20 Alguns relatos de respostas da pergunta 3 sobre a representação dos elementos naturais - 2015

280

Quadro 21 Alguns relatos de respostas sobre as possíveis intervenções propostas pela população residente nas margens dos riachos (extraídos do questionário 1)

282

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Taxa de incidência de Hepatite A em Juazeiro-BA e na Bahia –

2001/2012 138

Gráfico 2 Taxa de mortalidade por diarreia em menores de 5 anos

comparando Juazeiro-BA com o estado da Bahia – 2000/2011 141

Gráfico 3 Taxa de mortalidade por diarreia em menores de 5 anos em

Juazeiro-BA e munícipios, vizinhos no ano 2000 141

Gráfico 4 Taxa de mortalidade por diarreia em menores de 5 anos em

Juazeiro-BA e municípios vizinhos, no ano 2011 142

Gráfico 5 Níveis de compostos emissores de odor na atmosfera dos

pontos medidos em Juazeiro-BA – Abril 2017: Amônia (NH3) 152 Gráfico 6 Níveis de compostos emissores de odor na atmosfera dos

pontos medidos em Juazeiro-BA – Abril 2017: gás sulfídrico (H2S)

152

Gráfico 7 Respostas da pergunta 1: na sua opinião, para que serve esse

riacho? 170

Gráfico 8 Respostas da pergunta 2: o que lhe vem à mente quando o

Sr/Sra pensa no riacho? 173

Gráfico 9 Respostas da pergunta 2 (questionário 2): Como o Sr./a Sra. PERCEBE ou CARACTERIZA os espaços mostrados nas fotografias?

179

Gráfico 10 Respostas da pergunta 3 (questionário 2): Esses espaços mostrados nas fotografias, no seu ponto de vista, são úteis para:

180

Gráfico 11 Respostas da pergunta4 (questionário 2): Na sua opinião, esses

espaços mostrados nas fotografias devem: 180

Gráfico 12 Respostas da pergunta (questionário aplicado com as autoridades políticas): Como o Sr./a Sra. PERCEBE ou CARACTERIZA os espaços mostrados nas fotografias?

183

Gráfico 13 Respostas da pergunta (questionário aplicado com as autoridades políticas): Esses espaços mostrados nas fotografias, no seu ponto de vista, são úteis para:

(19)

Gráfico 14 Respostas da pergunta: Na sua opinião, esses espaços mostrados nas fotografias devem:

185

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APP – Área de Preservação Permanente.

CEPLA – Fundação Centro de Planejamento e Desenvolvimento Municipal. CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco.

CO2 –Dióxido de Carbono ou Gás Carbônico.

CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco. CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente.

CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio.

DISF – Distrito Industrial do São Francisco.

DNOS – Departamento Nacional de Obras e Saneamento. DQO – Demanda Química de Oxigênio.

EEE – Estação Elevatória de Esgoto.

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. ETE – Estação de Tratamento de Esgoto.

FIOCRUZ – Fundação Osvaldo Cruz. H2S – Sulfeto de Hidrogênio.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IDH – Índice de Desenvolvimento Humano.

INEMA – Instituto Estadual de Meio Ambiente da Bahia. INSA – Instituto Nacional do Semiárido.

IPEA – Instituto de pesquisa econômica aplicada. LEA – Laboratório de engenharia ambiental.

LAQUAM – Laboratório de Química Analítica Ambiental. mgN-NH3/L – Miligramas de Nitrogênio Amoniacal por Litro. mgO2/L – Miligramas de Oxigênio por Litro.

(20)

MME – Ministério de Minas e Energia do Brasil. MPC – Movimento Popular de Cidadania. N-NH3 – Nitrogênio amoniacal.

NaOH – Hidróxido de sódio. NH3 – Amônia.

OMS – Organização Mundial da Saúde. P – Fósforo.

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento (Governo Federal do Brasil). PH – Potencial Hidrogeniônico da Água.

PMSB – Plano Municipal de Saneamento Básico.

PNDR – Programa Nacional de Desenvolvimento Regional. ppm – Partes por milhão

REGIC – Regiões de Influência das Cidades.

RIDE – Rede Administrativa Integrada de Desenvolvimento. SAAE – Serviço autônomo de água e esgoto.

SE – Sudeste.

SEMAOP – Secretaria Municipal de meio ambiente e ordem pública de Juazeiro-BA. SES – Sistema de Esgotamento Sanitário.

SESAB – Secretaria de Saúde do Estado da Bahia.

SESP – Secretaria Municipal de Serviços Públicos de Juazeiro-BA. SF – (rio) São Francisco.

µg/m3 – Microgramas por Metro Cúbico UFBA – Universidade Federal da Bahia

UNIVASF – Universidade Federal do Vale do São Francisco.

UNICEF – United Nations International Children's Emergency Fund. VSF – Vale do São Francisco

(21)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO . . . .22 1.1 OBJETO DE PESQUISA. . . 23 1.2 QUESTÕES DE PESQUISA. . . 28 1.3 OBJETIVOS . . . 30 1.4 METODOLOGIA . . . 30

1.4.1 Aspectos metodológicos da pesquisa empírica . . . . . . 43

2 O PERCURSO HISTÓRICO DAS ATITUDES HUMANAS SOBRE A NATUREZA NA CIDADE . . . .48

2.1 RIACHOS URBANOS, NATUREZA E POLÍTICA . . . .48

2.1.1 A natureza na cidade tratada como resíduo. . . . . . 54

2.2 COMPREENDER A NATUREZA E O SER HUMANO. . . .59

2.2.1 O princípio da “domesticação” do mundo natural . . . . . . 68

2.2.2 As atitudes humanas em relação à natureza. . . . . . .72

2.3 A POLÍTICA EM SUA RELAÇÃO COM A NATUREZA. . . 79

2.3.1 Buscando constituir uma ecologia política. . . 81

2.3.2 O significado das agressões humanas à natureza. . . 88

2.4 O ALHEAMENTO COMO A ORIGEM DO DESPREZO PELA NATUREZA. . . . 91

3 SITUAÇÃO ATUAL: OS RIACHOS URBANOS INTERMITENTES EM JUAZEIRO-BA . . . 98

3.1 EXEMPLOS DE RIACHOS URBANOS PELO MUNDO. . . 98

3.2 CARATERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO. . . 107

3.3 ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES AMBIENTAIS DOS RIACHOS. . . 127

3.3.1 Da observação/vivência em campo. . . .155

4 AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS RIACHOS URBANOS E DA NATUREZA NA CIDADE. . . 162

4.1 AS ATUAIS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA NATUREZA NA CIDADE. . . .167

4.1.1 A visão dos ribeirinhos. . . .167

4.1.2 A visão dos não ribeirinhos. . . .175

4.1.3 A visão das autoridades políticas . . . .181

(22)

5.1 A CIDADE ANALISADA EM FASES . . . .187 5.1.1 As origens e a configuração inicial dos riachos – 1870-90 . . . . . . . .189 5.1.2 A chegada do trem e das estradas – 1890-1930. . . .195 5.1.3 A construção dos diques e da rodovia BR407 – 1930-70. . . 198 5.1.4 Os desvios e a retificação dos riachos – 1970-2015. . . 207 5.2 O CASO DO CANAL DA VILA JACARÉ . . . .221 5.3 O CASO DO RIACHO MULUNGU E A POLÊMICA DAS APPs. . . 228 5.4 O CASO DO RIACHO JOÃO FREITAS. . . .236 6 O FUTURO DOS RIACHOS URBANOS COMO POSSIBILIDADE . . . 244 6.1 O DISCURSO POLÍTICO SOBRE O QUE FAZER COM OS RIACHOS . . . 244 6.2 UMA PROPOSTA PARA O FUTURO DOS RIACHOS. . . 255 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS. . . 258 REFERÊNCIAS. . . 262 APÊNDICE 1 - questionário 1. . . 274 APÊNDICE 2 - questionário 2 . . . 275 APÊNDICE 3 - modelo de entrevista semiestruturada. . . 276 APÊNDICE 4 - procedimento da análise em laboratório de DBO; N-NH3; P, da água/esgoto coletado em dois pontos do riachos Macarrão em Juazeiro-BA . . . . 277 APÊNDICE 5 - procedimento da análise em laboratório dos gases H2S; NH3, coletados em cinco ponto nas margens dos riachos de Juazeiro-BA. . . 283 APÊNDICE 6 - folder para mobilização e sensibilização da sociedade. . . .285 APÊNDICE 7 - transcrição de algumas respostas obtidas no questionário 1, aplicado aos moradores ribeirinhos. . . 286 APÊNDICE 8 - transcrição de algumas respostas obtidas no questionário 1, aplicado aos moradores ribeirinhos, referentes a intervenções sobre os riachos.. . . .293 APÊNDICE 9 - algumas propostas de intervenção de requalificação urbana das áreas marginais aos riachos de Juazeiro-BA . . . 295

(23)

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, devido a problemas como a poluição das águas e do solo, a contaminação do ar e dos alimentos, a proliferação de vírus e de doenças, a natureza tem se tornado mundialmente cada vez mais objeto de argumentação política.

Nesse sentido, Neste estudo propõe-se uma discussão em torno da relação conceitual entre a natureza e a política, tendo como objeto de análise um elemento natural que, ao longo do processo de urbanização, perdeu progressivamente as suas características originárias, tornando-se cada vez mais artificial: trata-se dos riachos que foram incorporados pela cidade e fortemente alterados pelas atividades humanas. Contudo, a natureza na cidade não é representada somente pelos riachos urbanos, pois existem diversos elementos naturais como lagoas, áreas verdes ou áreas permeáveis que ainda não foram nem pavimentadas, nem transformadas em ambiente construído.

No intuito de entender a transformação da natureza na cidade durante o processo de produção do espaço urbano, foi estudado o caso de Juazeiro-BA – uma cidade localizada na região semiárida do Brasil, na margem do rio São Francisco. Pelo censo populacional de 2010 em Juazeiro existia uma população urbana de 160.775 pessoas, das quais 51,7% possuíam um rendimento mensal de 1/2 salário mínimo, portanto o município apresentava uma incidência de pobreza de 45,24% (IBGE, 2017). Em 2013 o município apresentava um índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,677 (PNUD, 2017). Já a sua cidade “irmã” de Petrolina-PE – localizada na outra margem do rio São Francisco – é maior, e em 2010 havia 219.215 pessoas residentes na área urbana, com uma incidência de pobreza de 42,96% (IBGE, 2017), e apresentava em 2013 um IDH de 0,697 (PNUD, 2017). As duas cidades constituem um polo de atração regional no vale do São Francisco e a maior aglomeração urbana da região do Semiárido brasileiro, com uma estimativa em 2016 de cerca de 452 mil habitantes residentes nas duas áreas urbanas.

Juazeiro-BA possui nove riachos na zona urbana que, no presente estudo, foram considerados os objetos que mostram a face da natureza na cidade.

(24)

do tema foi motivada por pesquisas anteriores e paralelas ligadas à questão dos ambientes naturais da cidade; entre estas, na dissertação de mestrado abordou-se o tema dos indicadores ambientais urbanos em Juazeiro-BA e Petrolina-PE (FRANCHINO et al., 2011), na busca de pensar espaços públicos abertos mais harmônicos com a paisagem no contexto semiárido. A partir desse estudo, junto com a participação de alguns moradores e técnicos das duas prefeituras municipais, foram elaboradas diversas proposições paisagísticas para vazios urbanos, praças, áreas de borda de avenidas das duas cidades, áreas marginais dos riachos.

Outra pesquisa que foi realizada paralelamente a esta tese de doutorado é o projeto CONVIVERDE1, que busca compreender a convivência com o ambiente semiárido no espaço urbano de Juazeiro-BA, a partir dos princípios da educação contextualizada, envolvendo pesquisadores e alunos de três áreas: geografia, arquitetura e urbanismo, pedagogia.

Além das pesquisas acadêmicas que agregaram conhecimentos complementares ao presente estudo, a vivência em campo como morador de Juazeiro-BA facilitou a articulação com os diversos segmentos da sociedade civil local e os agentes do poder público municipal, para as atividades de mobilização social e educação ambiental2 que foram realizadas paralelemente às pesquisas teóricas e empíricas, no sentido de estimular o interesse da população ao tema dos riachos urbanos, visando à participação ativa da sociedade nos processos de decisão política.

1.1 OBJETO DE PESQUISA

Os objetos de estudo desta pesquisa são os riachos urbanos, tendo como recorte espacial a cidade de Juazeiro-BA, e como marco temporal os últimos 139 anos de sua emancipação política.

A cidade está inserida na bacia hidrográfica do rio São Francisco. Na área

1

Projeto de pesquisa e extensão financiado pela FAPESB e realizado em rede entre o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido (NEPEC-SAB) do DCHIII-UNEB, e o Laboratório de Conforto Ambiental (LACAM) da FAU-UFBA.

2

(25)

urbana consolidada e em expansão existem em origem três riachos naturais: Macarrão, Malhada e Mulungu, que cortam a cidade. Além destes, existem outros seis riachos que se formaram posteriormente devido aos desvios, aterramentos, retificações ocorridas ao longo do tempo, de modo que atualmente é possível reconhecer nove riachos na cidade (figura 1).

A tabela 1 mostra a extensão dos riachos, totalizando 28,277 km. Dois dos nove riachos (Malhada e Mulungu) se estendem além da área atualmente habitada, tendo suas nascentes intermitentes na área rural, e a sua foz no encontro com o riacho Macarrão, que deságua diretamente no rio São Francisco.

Atenção especial merece o riacho Macarrão, já que nele deságuam outros riachos como o Malhada e o canal da Vila Jacaré (chamado também ‘canal fechado’ na Av. Luiz Ignácio Lula da Silva); este é um antigo riacho que em 2004 foi canalizado e coberto por placas de concreto em toda a sua extensão (figura 2). Outro córrego a desaguar no riacho Macarrão é o antigo leito do riacho Mulungu, que foi quase completamente desviado e em parte aterrado, até ser escavado e retificado novamente para receber não somente águas de chuva, mas principalmente esgoto das habitações que foram sendo construídas ao longo do seu curso nas últimas duas décadas.

No quadro 1 constam os nove riachos/canais e os respectivos bairros por onde eles passam a fim de mostrar a grande quantidade de bairros que são atravessados pelos riachos na cidade.

Além desses riachos que correm em leitos pouco sinuosos, existem na cidade algumas lagoas, como a lagoa de Calu, a lagoa do Bosco, lagoa do Antônio Guilhermino, lagoa do Dom José Rodrigues, dentre outras que não possuem nome.

Sendo os riachos de Juazeiro parte do contexto geográfico de clima semiárido, seria de esperar que estes cursos d´água, intermitentes originalmente, pudessem produzir efeitos paisagísticos e funcionais benéficos para a cidade, mas ao contrário disso, atualmente os riachos encontram-se transformados a ponto de não serem mais reconhecidos como riachos, mas sim como canais receptores de despejos líquidos (esgotos domésticos e efluentes industriais) e sólidos.

Com isso, os riachos urbanos passaram a ser nomeados pela população local “canais de esgoto”, “esgotão”, “canais da vergonha”, “canais das muriçocas”, e não mais Riacho Macarrão, Riacho Malhada, Riacho Mulungu etc..

(26)
(27)

Tabela 1 - Extensão dos riachos urbanos de Juazeiro-BA medida nos trechos localizados na zona habitada, dentro do perímetro urbano - 2015 Riacho Extensão (km) Macarrão 7,070 4,802 2,091 2,011 0,998 5,230 3,303 1,688 1,584 Malhada Mulungu João Freitas

Braço do riacho Malhada Desvio do riacho Malhada Desvio do riacho Mulungu Antigo leito do Mulungu Canal coberto da Vila Jacaré

Fonte: Elaborada por Matteo Nigro com base em pesquisa de campo, 2015.

Figura 2 – Juazeiro-BA: Canal da Vila Jacaré na sua configuração antes de ser canalizado e coberto (imagem à esquerda); e o mesmo canal depois de ser coberto com placas de concreto (imagem à direita).

Fotos: Jean Corrêa, 2003 (esquerda) e Matteo Nigro, 2015 (direita).

Quadro 1 – Cidade de Juazeiro-BA: bairros atravessados pelos riachos - 2016

Riachos Bairros

Macarrão

1- Nova esperança; 2- Piranga I; 3- Argemiro; 4- Nossa Senhora das Grotas; 5- Jardim Vitoria; 6- Piranga; 7- João XXIII; 8- Lomanto Junior; 9- Alto do Cruzeiro (confinante); 10- Jardim Novo Encontro (confinante); 11- Monte Castelo (confinante); 12- Park Centenário (confinante); 13- São Geraldo (confinante).

Malhada

1-Pedro Raimundo (confinante); 2- Malhada da Areia;

3- Jardim São Paulo; 4- João XXIII (confinante); 5- Castelo Branco (confinante); 6- Alto do Cruzeiro; 7- Monte Castelo. Braço do riacho

Malhada

1- Malhada da areia; 2- CODEVASF- Padre Vicente; 3- Alto da Aliança; 4- Jardim das Acácias.

(28)

Riachos Bairros Desvio do riacho

Malhada

1- João Paulo II; 2- Dom José Rodrigues (confinante).

Mulungu Área agrícola da AGROVALE entre Itaberaba e Tabuleiro. Desvio do riacho

Mulungu

1- Itaberaba (início); 2- Tabuleiro.

Antigo leito do riacho Mulungu

1- Dom Tomaz; 2- Monte Castelo.

Canal coberto da Vila Jacaré

1- Centro (confinante); 2- Correia; 3- Centenário

(confinante); 4- Maria Goretti (confinante); 5- Jardim Novo Encontro (confinante); 6- Lomanto Junior (confinante). João Freitas 1- Distrito Industrial; 2- Itaberaba.

Fonte: Elaborado por Matteo Nigro com base em pesquisa de campo, 2016.

A população juazeirense não considera mais os riachos como elementos naturais, mas sim como canais artificiais que recebem esgoto e o levam diretamente para o rio São Francisco, embora existam até as placas rodoviárias para sinalizar que por baixo das pontes correm os riachos, como no caso do João Feitas (figura 3), do Malhada (figura 4) e do Macarrão (figura 5).

Figura 3 – Juazeiro-BA: Riacho João Freitas (imagem à esquerda) e placa de indicação do mesmo riacho (imagem à direita) - 2015

Fotos: Matteo Nigro, 2015.

Ao longo do processo de expansão física da cidade, nos riachos já existentes foi ampliada gradativamente a largura de seus leitos; segundo os moradores ribeirinhos mais antigos, durante os últimos 40 anos a largura dos riachos aumentou em média 5m. Foram também desviados, retificados, em parte cobertos e, como tal, poluídos, desprezados e transformados em canais. Com isso, a população foi

(29)

privada do valor paisagístico e dos benefícios sociais e ecológicos que os riachos proporcionavam antes da sua deterioração.

Figura 4 – Juazeiro-BA: Riacho Malhada (imagem à esquerda) e placa de indicação do mesmo riacho (imagem à direita) - 2015

Fotos: Matteo Nigro, 2015.

Figura 5 – Juazeiro-BA: Riacho Macarrão (imagem à esquerda) e placa de indicação do mesmo riacho (imagem à direita) – 2015

Fotos: Matteo Nigro, 2015.

1.2 QUESTÕES DE PESQUISA

A partir da vivência cotidiana na cidade de Juazeiro-BA, observou-se durante 10 anos (2007-2017) que, tanto os moradores antigos quanto os mais novos, têm uma consideração negativa sobre as condições dos riachos na zona urbana, que é visível também nas representações sociais.

(30)

Mediante os meios de comunicação disponíveis para as denúncias da população em forma de matérias, vídeos e comentários em blogs e rádio locais3, aparece que os riachos urbanos são nomeados como “os canais feios”; “os canais da vergonha de Juazeiro”; “o maior aglomerado urbano de muriçocas”; “uma vergonha que precisa ser eliminada” 4

. Já outros comentários sobre a cidade mostram Juazeiro-BA nomeada como “a cidade das muriçocas”, “a cidade fedorenta”, “a cidade da poeira”, “a cidade da temperatura infernal” 4

. Ou ainda contribuições em forma de perguntas dirigidas às autoridades políticas; exemplo:

Aproveitando a ida do ilustre secretário ao blog gostaria de saber, QUEM PODERÁ NOS LIBERTAR DO FEDOR de Juazeiro principalmente nos pontilhões da cidade, é como diz um primo meu de MG que vez em quando vem me visitar: eu gosto de Juazeiro, mas esse fedor é o que mata (BLOG GERALDO JOSÉ, 2015)5.

Essas representações sociais da cidade entram em contraste com os nomes com que Juazeiro-BA é publicizada nos meios de informações, que definem o município de Juazeiro da Bahia como: "Terra das Carrancas"; "Oásis do Sertão"; "Capital do São Francisco"; "Metrópole do Sertão" 6.

Com base nessas representações sociais e no intuito de discutir a natureza na cidade a partir dos riachos urbanos, a questão central da presente pesquisa é: quais foram os fatores que facilitaram a transformação dos riachos em canais, deixando aparecer uma imagem negativa da natureza na cidade?

As questões auxiliares são: 1) a imagem negativa sobre os riachos representados como feios, fedorentos, vergonhosos é só uma visão da sociedade civil ou também do poder público local?

2) Como as visões e escolhas da política local influenciaram a formação dessa imagem sobre os riachos e a natureza na cidade?

3

Blog do Geraldo José, blog do Carlos Brito, rádio transamérica FM, rádio Juazeiro 1190 AM.

4

Os depoimentos foram extraídos dos sites disponíveis em: <http://carlosbritto.ne10.uol.com.br/>; <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=97953841>; <http://geraldojose.com.br/>; Acessos em: 27 mar. 2013.

5

Extraído do blog de Geraldo José. Disponível em:

http://www.geraldojose.com.br/index.php?sessao=noticia&cod_noticia=64306. Acesso em: 16 fev. 2015.

6

Nomes extraídos da página de apresentação do município de Juazeiro-BA no site Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Juazeiro_(Bahia). Acesso em: 01 jan. 2017.

(31)

1.3 OBJETIVOS

Objetivo geral: analisar os riachos urbanos de Juazeiro-BA, valorizando a necessidade de respeitar a natureza na cidade.

Objetivos específicos: 1) caracterizar a área de estudo quanto aos elementos da natureza: clima, geologia e geomorfologia, rede de drenagem, cobertura vegetal e solo; 2) compreender em que se baseiam as representações sociais sobre os riachos urbanos; 3) investigar o processo histórico local de como os riachos naturais foram transformados em canais de esgoto; 4) avaliar as possibilidades de intervenção sobre os riachos urbanos a partir dos conhecimentos gerados por este estudo.

1.4 METODOLOGIA

A presente pesquisa foi desenvolvida mediante investigações teóricas e análises empíricas, seguindo o roteiro metodológico sintetizado no quadro 2. Os resultados e as discussões de cada atividade são mostrados nos respectivos capítulos.

Quadro 2 – Síntese das etapas da pesquisa

Capítulos Atividades Especificação

Cap. 2 Discussão teórico-conceitual

Revisão bibliográfica sobre: Natureza na cidade Relação natureza/política

Cap. 3 Caracterização do objeto de estudo

Descrição dos aspectos ambientais do estudo de caso

Estudo das alterações ambientais dos riachos

Análise da água/esgoto Análise dos odores/gases

Cap. 4

Análise das representações

sociais Questionários Aos ribeirinhos

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Às autoridades políticas

Cap. 5 Investigação historiográfica

Entrevistas

Pesquisa bibliográfica Pesquisa documental

Cap. 6 Avaliação das possibilidades

futuras Oficinas de grupos focais

Fonte: Elaborado por Matteo Nigro, 2017.

A seguir são apresentados os procedimentos realizados para cada etapa da pesquisa.

Etapa 1 - Discussão teórico-conceitual

Procedimentos: a) por meio de revisão bibliográfica, foi analisado o tema da natureza na cidade; especificamente o que se entende por natureza na cidade (SERRA, 1987; HENRIQUE, 2009); a diferença entre as noções de natureza e de ambiente (DULLEY, 2004); as crises ambientais e os riscos para a sociedade (LIEBMANN, 1979; RICKLEFS, 2003); os problemas ambientais urbanos (MCHARG, 1969; CARVALHO, 1999; COELHO, 2005; HISSA, 2008; MARQUEZ, 2008); o desgaste dos elementos naturais e o sentido com que é compreendida a natureza na cidade (RODRIGUES, 1998; SANTOS, 2006; MOSLEY, 2013).

b) Em seguida foi realizada a investigação teórica sobre a história da natureza, ou seja, como começou e como mudou a relação do ser humano com a natureza na história da humanidade, principalmente segundo um pensamento filosófico, e nesse percurso histórico da ideia de natureza foi identificado quando e em que condições ocorreu a mudança de atitudes e de sentimentos da sociedade humana em relação à natureza, expondo como o desenvolvimento das ciências influenciou diretamente na ideia de dominação do homem sobre a natureza, mediante o pensamento de filósofos e historiadores (LENOBLE, 1975; PASSMORE, 1986; THOMAS, 1988; MACFARLANE, 1989; GONÇALVES, 1990; SERRES, 1991; WHITEHEAD, 1993; ALMINO, 1993; MACNAGHTEN; URRY, 1995; UNGER, 2001), sem deixar de tratar da relação cidade-campo, visando identificar as origens do apreço e do desprezo

(33)

pela natureza na cidade (WILLIAMS, 2011).

c) Após isso, foi analisado o sentido e a essência da política (ARENDT, 2007, 2009), para discutir a relação teórica que existe entre os dois campos disciplinares aparentemente conflitantes: a natureza e a política, tratando das possibilidades de aproximação da política com a natureza, a partir de uma mudança conceitual baseada na superação da tradicional dicotomia natureza/sociedade, podendo chegar à formação de uma ecologia política (LATOUR, 1994, 2004).

d) Na tentativa de entender as razões para o desprezo pela natureza na cidade, uma das principais categorias de análise utilizada neste estudo foi o fenômeno do alheamento (ARENDT, 2000, 2007), que é abordado como fator de separação entre a política e a natureza, assim como entre a esfera pública e a sociedade civil, no sentido de considerar os elementos naturais e o fenômeno da natureza como questões alheias ao poder público e consequentemente à sociedade civil.

e) A discussão teórica também incluiu os aspectos metodológicos da pesquisa empírica, que se baseiam nos princípios da pesquisa participante (BORDA, 1989; CARDOSO, 1989; THIOLLENT, 1988); identificando os agentes sociais relevantes (BIJKER et al, 1989; RAFFESTIN, 1993) para realização de oficinas de grupo focal (CARLINI-COTRIM, 1996; MORGAN, 1996, 1988), e a interpretação dos dados qualitativos mediante a análise do discurso (ORLANDI, 2010).

Etapa 2 - Caracterização do objeto de estudo

Procedimentos: a) foram identificadas as características físicas do sítio onde se localiza a cidade de Juazeiro-BA: solo, hidrografia, clima, geomorfologia, vegetação, mediante a revisão bibliográfica e pesquisa de campo.

b) Mediante levantamentos diretos em campo, análise da ortofoto extraída da ferramenta Google maps (2015) e análise da topografia, foram elaborados com o auxílio dos softwares: Autocad versão 2007 - release 17.0, e Photoshop versão 2005 - CS2, três mapas (representados em escala gráfica) que mostram: 1) a configuração atual dos riachos inseridos na estrutura urbana de Juazeiro-BA; 2) o relevo do sítio com destaque nos riachos; 3) a topografia com indicação de algumas cotas. A base cartográfica para a elaboração dos mapas foi cedida pela Prefeitura Municipal de Juazeiro-BA (PMJ).

(34)

c) Após o levantamento de campo foi realizada uma revisão do registro da rede hidrográfica existente na cidade, nos sistemas de informação cartográfica digital online – GEOBAHIA.INEMA (2015) e Google maps (2015), para conferir a atualização e a veracidade dos dados disponíveis.

d) Foram observados em campo as condições dos riachos, identificando os problemas socioambientais como: a ocupação da terra nas margens; a eficiência da drenagem pluvial, as enchentes e alagamentos durante os dias chuvosos; a poluição com esgotos domésticos/industriais e resíduos sólidos; o assoreamento e a erosão das margens; a proliferação de insetos e outros vetores de doenças; a manutenção (limpeza e desobstrução) dos riachos e o progressivo aumento da sua vazão; a convivência da população ribeirinha com a poluição dos mesmos. Também foram realizadas quatro entrevistas semiestruturadas (apêndice 3) com agentes do poder público local: técnicos, gerentes e diretores dos setores de saneamento, infraestrutura, meio ambiente e ordem pública da PMJ.

e) Além da pesquisa empírica, a discussão sobre estes aspectos foi baseada em textos de engenheiros, biólogos, ecólogos e geógrafos (BINDER, 1998; MALTCHIK, 1999; VIEIRA; CUNHA, 2005; TEODORO et al, 2007; RICKMANN et al, 2008; CERQUEIRA, 2009; SILVA et al, 2009; MORAES et al, 2012; GARCIAS; ALFONSO, 2013).

f) Foi realizada a análise dos parâmetros: demanda biológica de oxigênio – DBO; nitrogênio amoniacal - N-NH3; fósforo – P, da água-esgoto coletada em dois pontos do riacho Macarrão em Juazeiro-BA. Para isto, foi coletado no dia 15 de fevereiro 2017, um litro (1L) de água-esgoto em dois pontos do riacho Macarrão; o primeiro na foz do riacho, onde ele desagua no rio São Francisco (figura 6), e o segundo no bairro Jardim Flórida, logo após a lagoa do Bosco (figura 7).

O Quadro 3 descreve brevemente alguns parâmetros referentes às condições ambientais em que se encontravam os locais onde foi coletada a água-esgoto para a análise.

O procedimento da análise foi realizado no laboratório de Engenharia Ambiental (LEA) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)7, e está detalhado no Apêndice 4.

7

O LEA é coordenado pela Profa. Dra. Miriam Cleide Cavalcante de Amorim. Departamento de engenharia do Campus universitário da UNIVASF, localizado em Juazeiro-BA, no bairro Country Clube.

(35)

Figura 6 – Ponto 1 da coleta de água-esgoto para a análise - 2017

Foto: Matteo Nigro, Juazeiro-BA, 2017.

Figura 7 – Ponto 2 da coleta de água-esgoto para a análise - 2017

Foto: Matteo Nigro, Juazeiro-BA, 2017.

g) Foi realizada uma medição e análise dos odores provenientes dos esgotos despejados nos riachos, mediante a coleta do gás sulfídrico (H2S) e da amônia (NH3) presentes na atmosfera nas proximidades dos riachos. Para isso, o Laboratório de Química Analítica Ambiental (LAQUAM) do Instituto de Química da

(36)

Universidade Federal da Bahia (UFBA)8, concedeu o empréstimo de 30 dispositivos de amostragem passiva (amostradores passivos), que possuem diversos componentes (figura 8). O amostrador passivo foi desenvolvido por Cruz (2000) no âmbito de uma pesquisa de mestrado, com a finalidade de ser um dispositivo adequado para medidas atmosféricas. Por isso a sua configuração:

[...] minimiza problemas de turbulência do ar e outras interferências de amostragem: utilizou um cilindro de polietileno (21 mm de diâmetro e 12 mm de comprimento), fechado no fundo e tendo na outra extremidade (na entrada de ar) uma tela de aço inox (fio de 0,08 mm e malha de 0,125 mm) adaptada, seguida por um filtro de Teflon e outro de celulose impregnado com reagente apropriado [...] (CRUZ; CAMPOS, 2002).

Quadro 3 - Breve descrição das áreas dos pontos de coleta da água/esgoto – Juazeiro - 2017 P * Mata ciliar Vegetação aquática Erosão das margens Velocidade da água Odor da água Cor da água Ocupação das margens 1 Ausente Ausente Moderada Muito lenta Forte

(ovo podre)

Escura Ausente

2 Pouca Acentuada Moderada Muito lenta Forte (ovo podre) Muito escura Acentuada (casas)

Fonte: Elaborado por Matteo Nigro com base em pesquisa de campo, 2017. * Ponto de coleta.

Figura 8 – Esquema de um amostrador passivo

Fonte: Cruz (2000).

8

(37)

Lima (2001), em seu estudo sobre o desenvolvimento de amostradores passivos para amônia na atmosfera – o mesmo dispositivo que foi usado na presente pesquisa –, ressalta algumas vantagens:

A aplicação dos amostradores passivos quando comparados com as técnicas ativas convencionais, ainda apresentam outras vantagens, tais como: são mais simples, de custo bem mais reduzido (por não necessitarem de bateria ou bombeamento externo), exigem pouca manutenção, não dependem de calibração de fluxos de ar e são de fácil operação (LIMA, 2001, p. 15).

Após a montagem e secagem em laboratório, os amostradores passivos foram transportados para Juazeiro-BA e posicionados em cinco pontos da cidade: 1 - na margem do canal fechado da Vila Jacaré, rua do Canal, bairro Centro (figura 9); 2 - na margem do riacho Malhada, final da rua Cinco, bairro Alto do Alencar (figura 10); 3 - na margem do antigo leito do riacho Mulungu, rua Joana D' Arc, bairro Dom Tomaz (figura 11); 4 - na margem do riacho Malhada, por baixo da rodovia Av. rod. Lomanto Junior, bairro Jardim São Paulo (figura 12); 5 - na margem do riacho Macarrão, na proximidade da rua Seis, bairro Nossa Sra das Grotas (figura 13).

Figura 9 – Amostradores passivos no ponto 1 em campo – Março 2017

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Figura 10 - Amostradores passivos no ponto 2 em campo – Março 2017

Foto: Matteo Nigro, 2017.

Em cada ponto foram colocados três amostradores passivos para a medição de H2S (de cor azul) e três para a medição de NH3 (de cor amarelo).

Os dispositivos permaneceram em campo captando os gases existentes na atmosfera, sob vigilância dos moradores das proximidades durante 14 dias (15/03/2017 -29/03/2017).

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Figura 11 – Amostradores passivos no ponto 3 em campo – Março 2017

Foto: Matteo Nigro, 2017.

Figura 12 – Amostradores passivos no ponto 4 em campo – Março 2017

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Figura 13 – Amostradores passivos no ponto 5 em campo – Março 2017

Foto: Matteo Nigro, 2017.

Etapa 3 - Identificação e análise das representações sociais dos riachos urbanos e da natureza na cidade

Procedimentos: a) foi tratado do ponto de vista teórico o recurso metodológico das representações sociais (MOSCOVICI, 1978, 2007; DURKHEIM, [1912] 1989; JODELET, 2002; ALEXANDRE, 2004; OLIVEIRA, 2012).

b) Com a finalidade de identificar as principais representações sociais que a população tem sobre os riachos urbanos, foi desenvolvido um questionário (apêndice 1) e aplicados a 212 moradores ribeirinhos. Seguindo as indicações propostas por Gil (2008, p. 97), na amostragem por cotas foi feita uma “[...] classificação da população em função das propriedades tidas como relevantes para o fenômeno a ser estudado [...]”; no caso, o público escolhido para aplicação dos questionários foi a população situada nas margens e no entorno dos riachos. Isso foi feito mantendo uma proporção de cota entre os vários trechos percorridos. Além dos questionários foram utilizadas conversas diretas, leituras de jornais locais, blogs e reportagens de televisão e rádio.

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(apêndice 2) destinado a duas categorias: 1) 100 questionários foram aplicados à população que não reside nas margens dos riachos, mas que mora e transita pela cidade de Juazeiro-BA; 2) o mesmo questionário foi aplicado também a 27 representantes do poder público municipal executivo e legislativo – os secretários municipais e os vereadores.

Etapa 4 - Reconstrução histórica da transformação dos riachos em canais

Esta fase da pesquisa, que investiga as dinâmicas sócioespaciais que levaram os riachos a terem a atual configuração física, é ditada pela necessidade de perceber qual foi a trajetória histórica e as escolhas políticas dos gestores e da população, em relação ao tema dos riachos urbanos, que por sua vez está diretamente ligado a outras questões como a drenagem pluvial e o esgotamento sanitário. O intento foi compreender como, ao longo do tempo, esses riachos naturais foram sendo transformados em canais de esgoto, e com isso foi transformada radicalmente a própria estrutura física, por meio de aterramentos, cobertura/fechamento com placas em concreto, desvio de vários trechos, restrição e ampliação da vazão natural, chegando a ter uma forma muito diferente da configuração originária.

Procedimentos: a) revisão bibliográfica e fichamento de textos sobre a história da cidade de Juazeiro-BA, (SAMPAIO, 1938; CUNHA, 1978; DOURADO, 1983; GARSEZ; SENA, 1992; LUNA, 1992; RIBEIRO, 2005; LOPES, 2011; RAMOS, 2014; JUAZEIRO, 2015, 1990, 1985, 1981) disponíveis nos acervos da PMJ, nas bibliotecas públicas municipais e nas instituições de ensino superior locais.

b) Análise de mapas antigos da cidade disponíveis nos acervos da PMJ, referentes a estudos realizados principalmente na década de 1980.

c) A partir dessa base cartográfica a sistematização do material histórico foi realizada mediante a produção e análise de 10 mapas esquemáticos, cada um representando a situação de um momento significativo no processo de expansão física da cidade em que os riachos passaram por maior intervenção.

d) Quatro entrevistas (apêndice 3) com técnicos que trabalharam nas administrações anteriores no setor de obras, e conversas constantes com moradores antigos, os quais puderam fazer relatos consistentes sobre a história da cidade.

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Etapa 5 – mobilização e sensibilização da população juazeirense sobre o tema dos riachos urbanos, fortalecendo o Movimento Popular de Cidadania de Juazeiro-BA (MPC).

Procedimentos: a) foram realizadas oito palestras sobre o tema dos riachos: - em 2014, no teatro João Gilberto, no I Seminário de Saneamento Básico de Juazeiro-BA, organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto.

- Em 2015, no teatro João Gilberto, na Conferência das Cidades.

- Em 2015, no auditório da paróquia Nossa Sra de Fátima, para a comunidade dos bairros periféricos.

- Em 2015, na escola estadual CODEFAS, na plenária do Plano Municipal de Saneamento Básico.

- Em 2016, na sede do Rotary Club para os empresários associados, entre estes, secretários e diretores municipais.

- Em 2016, no teatro João Gilberto, na audiência pública sobre saneamento básico, organizada pela Diocese de Juazeiro em parceria com o Ministério Público dos estados da Bahia e Pernambuco.

- Em 2016, na Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNVASF), no II Congresso Interdisciplinar de Educação Ambiental.

- Em 2016, na UNVASF, para os alunos dos cursos de engenharias e para os bolsistas do laboratório de engenharia ambiental.

b) Quatro reuniões para discutir ações sobre os riachos urbanos, com os secretários municipais de: desenvolvimento urbano; meio ambiente; desenvolvimento econômico e turismo; administração, e três reuniões com vereadores.

c) Foi elaborado um folder (apêndice 6) sobre a situação dos riachos urbanos, e divulgado nas mídias locais e nas redes sociais, bem como impresso e distribuído à população e às autoridades políticas (secretários, diretores, vereadores).

d) Foi realizado um documentário sobre a realidade do Saneamento básico em Juazeiro-BA9.

e) Duas entrevistas em rádios locais (Radio Cidade AM 870; Radio Juazeiro AM 1190) apresentando e discutindo o tema dos riachos urbanos.

f) Uma entrevista para o jornal Gazeta do São Francisco, fazendo uma análise

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Disponível em: https://www.tratamentodeagua.com.br/video/saneamento-basico-em-juazeiro-ba-movimento-popular-de-cidadania/

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do tema dos riachos.

g) Auxiliou-se a TV Caatinga da UNIVASF na realização de um documentário10 específico sobre a situação dos riachos urbanos de Juazeiro-BA.

h) Foi realizada uma caminhada ecológica com o tema: ‘riacho é para levar água, não esgoto, para o rio’, com o apoio das comunidades eclesiais de base de Juazeiro-BA.

i) Por meio da participação na elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico, foi proposta a inclusão específica do tema dos riachos na Política Municipal de Saneamento Básico.

j) Auxiliou-se o Conselho Municipal de Meio Ambiente na pauta sobre os riachos de Juazeiro-BA.

Etapa 6 - Realização das oficinas de grupos focais

Procedimentos: a) foram identificados os seguintes agentes sociais para compor os grupos focais: os representantes das secretarias municipais de desenvolvimento urbano, de planejamento e de meio ambiente; quatro vereadores; os presidentes de associações de moradores (dos bairros atravessados pelos riachos urbanos); dois representantes do conselho municipal de meio ambiente; um ex. gestor municipal; um representante de instituições religiosas; quatro professores das universidades locais (UNEB; UNIVASF) e dois de escolas públicas municipais.

b) Foram escolhidas e organizadas as salas nas escolas municipais onde foram realizadas as oficinas. Os critérios para a escolha desses espaços foram: localização e fácil acesso por parte da população participante; disponibilidade em ceder as salas por parte dos gestores e diretores das escolas; escolas conhecidas pela maioria da população participante.

c) Foram realizadas quatro oficinas de grupo focal durante o mês de Outubro 2015. Participaram no total 19 pessoas, além do pesquisador-coordenador, portanto houve três oficinas compostas por cinco pessoas, e uma por quatro pessoas. Os grupos focais foram coordenados pelo pesquisador com o cuidado de evitar tensões entre os participantes e facilitar o diálogo e a troca de ideias. Conforme explica Carlini-Cotrim (1996),

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Cabe ao pesquisador moderador do grupo criar um ambiente propiciador para que diferentes percepções e pontos de vista venham à tona, sem que haja nenhuma pressão para que seus participantes votem, cheguem a um consenso ou estabeleçam algum plano (CARLINI-COTRIM 1996, p. 287).

Na prática do grupo focal, foi introduzido aos participantes o tema dos riachos urbanos de Juazeiro. Em seguida os participantes foram convidados a expressar as próprias opiniões em relação ao tema, focando nas possíveis intervenções que podem ser realizadas em forma de políticas públicas, de ações educativas, de legislação e de transformação do espaço.

d) Os resultados das quatro oficinas foram sintetizados mediante a seleção de alguns depoimentos significativos voltados a identificar eventuais diretrizes futuras, bem como compreender a lógica que está por trás das ações sugeridas.

Etapa 7 - análise do discurso sobre os riachos e a natureza na cidade

Procedimentos: a) A análise do discurso foi realizada mediante a interpretação das informações resultantes das oficinas, bem como dos depoimentos extraídos dos meios de comunicação midiática, das entrevistas e questionários aplicados.

b) Foi realizada uma análise dos discursos políticos durante a campanha eleitoral nas eleições municipais de 2016, observando como e em quais contextos foi abordado o tema dos riachos urbanos e da natureza na cidade.

1.4.1 Aspectos metodológicos da pesquisa empírica

A modalidade usada a título de procedimento metodológico foi a pesquisa participante, em que existe um pensamento comum aos pesquisadores que trabalham de forma engajada com os grupos sociais, que fazem parte do universo pesquisado, ou seja, a possibilidade de transferir conhecimentos para os interlocutores, a depender de qual seja o campo. De acordo com Borda (1986),

A potencialidade da pesquisa participante está precisamente no seu deslocamento proposital das universidades para o campo concreto da realidade. Este tipo de pesquisa modifica basicamente a estrutura acadêmica clássica na medida em que reduz as diferenças entre objeto e sujeito de estudo (BORDA, 1986, p. 60).

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