Amor-próprio
DIANA DUARTEMódulo 2. Voz Interior
Lição 4. Erros Cognitivos
No Módulo 1. Amor incondicional na Lição 6 e 7 apresentei-te dois erros cognitivos presentes na forma como interpretas as tuas vivências: Sobregeneralização e o Perfecionismo. Acredito que são os erros mais presentes em cada uma de nós, e por isso apresentei-tos separadamente. No entanto há outros erros comuns em todas nós que deves conhecer para alargares a tua reflexão sobre as tuas crenças em relação a ti e aos outros.
Porque lhe chamo erros cognitivos?
Ao longo do teu crescimento como mulher foste construindo formas de ver o mundo e estas formas são, muitas vezes, desadaptativas, como vimos anteriormente. Esta visão e interpretação, não estão em si certas ou erradas, apenas são uma forma de compreenderes o que te rodeia. O que acontece grande parte das vezes é que interpretas de acordo com aquilo que viveste no passado e não com o que estás a passar no presente. Isto faz com que a informação que recolhes no presente seja processada de forma alterada porque as vês idêntica à experiências do passado.
Vou apresentar-te alguns erros com exemplos para perceberes melhor o que te estou a dizer:
1. Eu sou sempre a culpada de tudo - quando atribuis a ti todas as
responsabilidades pelo que acontece.
2. Se não consigo impressionar o meu chefe significa que sou uma falhada –
3. Tudo me corre mal – quando atribuis partes de situações isoladas e generalizas
para a tua vida toda.
4. Se o início de férias está a correr mal, estou a ver que vão ser umas férias
horríveis – quando distorces o grau de importância de um acontecimento e generalizas para outros.
5. Sinto-me mal fisicamente, se calhar tenho uma doença grave – quando antecipas
possíveis acontecimentos negativos no futuro, sem motivos suficientes que justifiquem o teu medo.
6. Tudo de mal me acontece – avaliação global, absoluta negativa.
7. Por muito que eu tente mudar, vai aparecer sempre alguma coisa que me deixa
ficar mal – quando tens a tua atenção focada no negativo.
8. O mundo é um sítio perigoso para se viver e a qualquer momento acontece uma
tragédia – quando sentes vulnerabilidade excessiva em relação a episódios externos da natureza.
9. Tenho de proteger muito os meus filhos porque os acidentes estão sempre a
acontecer – quando desejas controlar e hiperproteger por medo.
10. Tenho de controlar o meu namorado porque só assim consigo garantir que não
deixa de gostar de mim – quando sentes medo de rejeição e dependência emocional.
11. Para mim não há meios termos, ou é branco ou preto – quando tens um
pensamento não flexível e implacável.
12. Os meus amigos saíram e quase de certeza que não me disseram nada porque
não gostam de mim – quando pensas que tens menos valor em função de um ou mais acontecimentos pontuais.
13. Só tenho problemas, nada corre bem na minha vida – seleção exclusiva com
base em acontecimentos negativos, desvalorizando experiências positivas.
14. Se eu não me evidenciar nunca irão gostar de mim – quanto delegas aos outros a
valorização pessoal e amor próprio.
15. Nunca mais vou voltar a fazer isto – quando tens crenças absolutistas (nunca e
sempre não existem).
16. Nunca vou ser perfeita – quando acreditas que a perfeição existe.
17. Tenho quase a certeza que aquela pessoa está a falar mal de mim –é um erro de leitura mental em que assumes a uma tendência para achares o que sabes o que os outros pensam sobre ti.
Estes são alguns dos erros mais comuns presentes na nossa forma de interpretar a realidade. Imagina que estes erros são como se fossem uns óculos que tu colocas e através deles vês o mundo. Isto justifica porque podemos estar as duas a olhar para uma mesma situação e, no entanto, chegar a conclusões diferentes, porque os óculos que eu ponho são diferentes dos teus.
Quando identificas os teus erros de interpretação da realidade ganhas consciência da tua forma de pensar e da tonalidade da tua voz interior.
Vamos agora reformular estes erros, colocando a tua voz interior mais adapativa e promotora do teu crescimento e do teu bem-estar:
1. Devo assumir as minhas responsabilidades e perceber como posso melhorar
numa próxima situação idêntica. Assumo responsabilidades não a culpa, porque nem tudo depende de mim.
2. Gostava de impressionar o meu chefe, mas se não conseguir não significa que
sou uma falhada. No fundo, se fizer o meu trabalho bem, não preciso de o impressionar nem do seu reconhecimento.
3. Na minha vida, à coisas que me correm bem e outras que me correm mal. Tudo
faz parte.
4. O início de férias está a correr mal, acredito que vão correr melhor a partir de
agora. Não posso mudar o que aconteceu, só viver o presente.
5. Estou desconfortável no meu corpo, tenho de cuidar de mim e pedir ajuda para
poder perceber o que se passa comigo.
6. Há coisas na vida que não me têm corrido tão bem, mas vou concentrar-me no
que quero viver e em como me quero sentir.
7. A mudança é um processo que por vezes demora algum tempo. Vou aprender a
ter paciência comigo e a não desistir perante o erro. Sou falível mas isso não significa que não possa continuar a tentar.
8. No mundo acontecem tragédias e milagres. Há de tudo, e só tenho de alimentar
aquilo que quero viver.
9. Tenho de proteger muito os meus filhos mas também lhes tenho de proporcionar
momentos de aprendizagem para não serem dependes de mim.
10. Se o meu namorado deixar de gostar de mim, só terei de aprender a lidar com
isso. O meu amor próprio não está dependente do amor dele e se ele já não quer estar comigo, tenho de aprender a respeitar a sua vontade.
11. A vida não é uma dicotomia. Nunca esquecendo os meus valores, devo
12. Os meus amigos saíram e por algum motivo não me convidaram. Vou saber
onde foram e o que aconteceu.
13. Tenho alguns desafios para resolver. O facto de no passado não ter corrido bem,
não significa que não corram no presente.
14. Se eu gostar de mim não preciso de me evidenciar, basta ser o que sou.
15. Vou-me focar no que quero fazer, e analisar o que tenho de fazer para não voltar
a acontecer o mesmo.
16. Nunca vou ser perfeita porque a perfeição não existe.
17. Só consigo perceber aquilo que penso, não tenho capacidades sobrenaturais para
escutar o que os outros pensam.
Estas são algumas das possíveis e infindáveis alternativas que podes dar à voz interior distorcida, para passar a ser mais clara e racional. O facto de não conseguires mudar o que dizes para ti nas primeiras tentativas, não significa que não as consigas mudar um dia. A mudança faz-se por tentativa e erro não te esqueças. Aprende a aceitar a tua voz por muito negativa, pessimista e ansiosa que seja. Depois de a aceitares não desistas de a mudares, para uma voz mais adaptativa que te permita viver melhor e com mais amor próprio incondicional.