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Aproximações entre arte e informática na educação básica: Um levantamento bibliográfico relacionado às práticas educativas com arte digital / Rapprochement between art and informatics in basic education: A bibliographic search related to educational pract

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Academic year: 2020

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Aproximações entre arte e informática na educação básica: Um levantamento

bibliográfico relacionado às práticas educativas com arte digital

Rapprochement between art and informatics in basic education: A

bibliographic search related to educational practices with digital art

DOI:10.34117/bjdv6n9-691

Recebimento dos originais: 28/08/2020 Aceitação para publicação: 29/09/2020

Cely Kaori Hirata Mestranda em Educação

Instituto Federal do Paraná – Campus Jaguariaíva.

Rodovia PR 151 – Km 213,7, S/N - Centro, Jaguariaíva - PR, 84200-000 Email. celyhirata@ifpr.edu.br

Rossano Silva Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná

Av. Sete de Setembro - Centro, Curitiba - PR, 80230-085 rossano.silva@ufpr.br

RESUMO

O trabalho apresenta o resultado de um levantamento bibliográfico relacionado às ações pedagógicas realizadas na educação básica, num estreito diálogo entre o campo da Arte e da Informática para a criação de arte digital na educação básica. O texto vincula-se a uma pesquisa em andamento que tem como objetivo geral, analisar como o processo de ressignificação de imagens pode contribuir para a ampliação de atitude reconstrutiva a partir da técnica da colagem digital. Para tanto, o estudo apresenta um recorte temático a partir de relatos de experiência voltados à produção e edição de imagens digitais estáticas considerando-se o papel do professor e do computador como mediadores deste processo. Nessa perspectiva, a fonte de pesquisa deu-se por meio da busca por artigos publicados em anais de dois eventos nacionais voltados ao ensino de Arte: Congresso Anual da Federação dos Arte/Educadores do Brasil (Confaeb) e o Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (Encontro da Anpap). Neste levantamento, foram selecionados e analisados três relatos de experiência de professores da educação básica, cada qual com sua metodologia de ensino, contudo, favoráveis a um mesmo ponto de vista no que se refere ao processo de integração do conhecimento nas áreas da Arte e da Informática como caminho aberto ao professor para as possibilidades de trabalho que problematizem as relações sobre a forma de consumo, produção e distribuição de imagens digitais.

Palavras-chave: Imagem digital, Experiências estéticas, Edição de imagem, Ação pedagógica. ABSTRACT

The work exposes the result of a bibliographic search related to the pedagogical actions effected in basic education, in a close dialogue between the field of Art and Informatics for the creation of digital art in basic education. The text is linked to an ongoing research has as its general objective analyze how the process of reframing images can contribute to the expansion of the reconstructive attitude based on the technique of digital collage. Therefore, the study presents a thematic delimitation from experience reports focused on the production and editing of static digital images considering the role

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of the teacher and the computer as mediators of this process. In this perspective, the source of research was through the search for articles published in the annals of two national events aimed at teaching Art: Annual Congress of the Federation of Art Educators in Brazil (Confaeb) and the Meeting of the National Association of Researchers in Plastic Arts (Anpap Meeting). In this search, three experience reports from basic education teachers were selected and analyzed, each with its teaching methodology, however, favorable to the same perspective with regard to the knowledge integration process in the areas of Art and Informatics as a breeding ground for the teacher for the possibilities of work that problematize the relations on the use, production and distribution of digital images. Keywords: Digital image. Aesthetic experiences. Image editing. Pedagogical action.

1 INTRODUÇÃO

Este texto compõe parte do arcabouço teórico do estudo científico intitulado “Mediação do professor orientada para uma experiência reconstrutiva: colagens digitais numa perspectiva de ressignificação de imagens”, pesquisa esta, que se encontra em andamento no Programa de Pós-Graduação em Educação: Teoria e Prática de Ensino da Universidade Federal do Paraná (PPGE-TPEn/UFPR), tendo como objetivo geral, analisar como o processo de ressignificação de imagens pode contribuir para a ampliação de atitude reconstrutiva1 dos estudantes a partir da técnica da colagem digital.

Partindo da prática cotidiana onde muitos docentes têm buscado desenvolver estratégias metodológicas numa perspectiva de integração das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) aos recursos didáticos de sua área de atuação, pode-se dizer que, a mediação estabelecida entre o docente e os recursos digitais durante o processo de ensino e aprendizagem tende a favorecer experiências interdisciplinares junto aos educandos. Neste viés, o diálogo que ocorre entre os campos da Arte e da Informática sugere inúmeros caminhos para a condução de trabalhos em sala de aula, a exemplo de abordagens relacionadas à criação de arte digital.

De acordo com Luiz Antonio Zahdi Salgado (2020), dada sua pluralidade de possibilidades de experimentação, o termo arte digital “é adotado de modo abrangente, envolvendo as mais variadas formas de arte que utilizam, de alguma maneira, a linguagem digital, seja na produção, seja na distribuição, seja na recepção” (SALGADO, 2020, p. 30).

Nesse contexto, o autor apresenta uma visão particular acerca das questões relacionadas à produção e à recepção da arte digital atrelada à cibercultura2, propondo uma reflexão a partir de

1 Autoconsciência de sua própria experiência em relação às obras, aos artefatos, aos temas ou aos problemas que trabalham na sala de aula (e fora dela). (HERNÁNDEZ, 2000, p. 50).

2 Cultura contemporânea que vem estabelecendo-se gradativamente como uma prática sociocultural numa inter-relação com as tecnologias - desde os anos 1970 com a aproximação das telecomunicações e a informática até os dias atuais através da unificação das mídias pela linguagem digital -, gerando mudanças radicais relativas à

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trabalhos artísticos organizados em seis categorias, a saber: a) sites diversos, estéticos, interativos, imersivos, transgressões de linguagens; b) vida artificial, robótica, ciborgues; c) hipermídias on-line e off-line; d) realidade virtual, realidade aumentada, telepresença; e) games; f) instalações interativas e performances. (SALGADO, 2020, p. 36).

Pode-se notar que, as modalidades destacadas acima dizem respeito a algumas possibilidades de experimentação em arte digital sem a pretensão de esgotá-las, uma vez que, o autor reafirma em outros momentos que “na área artística, a cibercultura e o ciberespaço proporcionam diversas novas modalidades, tanto do ponto de vista da produção quanto da recepção de obras de arte”. (SALGADO, 2020, p. 30).

Ao trazer esse universo de possibilidades de exploração da arte digital para o contexto das práticas pedagógicas, os nossos estudos estão balizados na problematização da cultura visual e sua relação com a imagem digital, valendo-se de imagens estáticas/fixas como meios passíveis de ressignificação pelo olhar do estudante. Para esta experimentação, foi utilizada a técnica da colagem digital como recurso de criação artística.

Com relação ao estilo artístico das colagens, Wolf Lieser (2009) destaca que, foi a partir de trabalhos artísticos desenvolvidos pelas vanguardas europeias do início do século XX que as colagens tornaram-se um dos elementos mais importantes da arte contemporânea:

Durante a década de 1920, a colagem era formada por diferentes pedaços de papel e de outros materiais soltos que se juntavam para formar uma obra artística. No caso da colagem digital, o computador substitui este trabalho manual com material tangível pela composição de elementos digitais através de processamento de imagens. (LIESER, 2009, p. 86).

Dessa maneira, pode-se dizer que, a técnica da colagem como composição digital de imagens processadas eletronicamente por meio de computadores e softwares, tem como estilo precursor obras criadas por George Braque, Henri Matisse e Hannah Höch, artistas estes, reconhecidos pelos trabalhos de colagem de movimentos de vanguarda europeia da arte cubista, fauvista e dadaísta, respectivamente. (LIESER, 2009, p. 86).

Nessa convergência entre a arte e a informática como possibilidade de experimentações criativas, apreciações sobre o tema chegam até as práticas educativas, território fértil para a reflexão sobre as diferentes abordagens metodológicas sobre o assunto, com destaque ao processo de criação/transformação de imagens digitais fixas com o apoio de computadores e softwares, considerando-se, portanto, a atuação da informática e do professor como agentes mediadores na apropriação e socialização do conhecimento.

compartilhamento de informações (acesso ao conhecimento por meio da internet deixa de ter domínio e controle restrito a poucos privilegiados). (SALGADO, 2020, p. 15 a 17).

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Para tanto, o presente artigo apresenta o resultado de um levantamento bibliográfico realizado junto aos anais do Congresso Anual da Federação dos Arte/Educadores do Brasil (Confaeb), bem como do Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (Encontro da Anpap).

Nesta busca, o recorte temático partiu da leitura de relatos de experiência relacionados à disciplina de Arte e voltados à produção e edição de imagens digitais estáticas, considerando-se as possibilidades de construção de experiências subjetivas que reflitam sobre a leitura e compreensão do mundo de estudantes da educação básica.

2 REVISÃO DE LITERATURA

Uma vez que, a nossa pesquisa tem-se debruçado nas reflexões voltadas à prática docente na educação básica, a escolha pela busca de trabalhos publicados no Congresso da Faeb, bem como no Encontro da Anpap, justifica-se pelo entendimento de que ambas as comunicações (com periodicidade anual), referem-se a uma ampla fonte de dados confluentes à divulgação e ao compartilhamento de informações dedicadas especialmente ao contexto das práticas em sala de aula, ou seja, de uma maneira geral, são textos que compõem relatos de experiência desenvolvidos por professores atuantes na disciplina de Arte em diferentes níveis e modalidades de ensino em âmbito nacional.

O levantamento de dados ocorreu no mês de abril de 2020, mediante acesso aos anais publicados nas seguintes plataformas digitais: a) sítio eletrônico da Faeb, onde foram verificados os artigos completos relacionados ao período de 1994 até a última edição ocorrida em 2019 (não foram consideradas as edições dos anos de 1988 a 1993, 1996, 1997, 1999 e 2004 devido à indisponibilidade dos arquivos digitais na página virtual); b) sítio eletrônico da Anpap, onde foram verificados os artigos completos relacionados ao período de 2006 até a última edição ocorrida em 2019 (não foram consideradas as edições dos anos de 1988 a 2005 devido à indisponibilidade dos arquivos digitais na página virtual).

Inicialmente, foram encontrados 25 trabalhos, os quais, título ou parte do texto sugeriam uma inter-relação entre o estudo da imagem e a tecnologia digital, conforme disposto no Quadro 1.

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Quadro 1 – Quantitativo dos trabalhos encontrados conforme assunto relacionado ao estudo da imagem e a tecnologia digital. Assunto Anais ConFAEB Anais Anpap Total

Arte e interface computacional - 03 03

Arte digital 03 01 04

Computador como mediador 01 - 01

Cultura digital 02 - 02 Imagem digital 02 06 08 Novas tecnologias 01 01 02 Novos meios 01 - 01 Poéticas digitais - 01 01 Tecnologia digital 01 01 02 Tecnologias contemporâneas 01 - 01 Total 12 13 25

Após a leitura dos textos, buscou-se como critério de triagem para a etapa de análise e discussão, artigos que apresentassem uma aproximação à proposta de ensino em nível de educação básica, com enfoque nas práticas educativas desenvolvidas pelo professor com o apoio de computadores e softwares voltados ao processo de transformação/edição de imagens digitais fixas e, como já mencionando anteriormente, a reflexão sobre a atuação do professor como agente mediador na construção de experiências subjetivas refletidas sobre a leitura e compreensão do mundo e dos lugares culturais do público estudantil através do exercício de ressignificação de imagens.

Nesse processo, três textos foram selecionados para a etapa de análise e discussão, conforme o Quadro 2:

Quadro 2 – Artigos selecionados para a discussão.

Edição/ Evento/ Ano Título Palavras-chave Autoria Público-alvo XXII/ ConFAEB/ 2012 Apropriação e transformação de imagens: o ensino de Artes e as novas tecnologias Ensino de Arte, Novas Tecnologias, Poéticas Tecnológicas. Maria Rosalina S. P. Miguel Estudantes dos 7ºs e 8ºs anos do ensino fundamental

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XXVIII/ Anpap/ 2009 Construção de narrativas imagéticas digitais Narrativa imagética, Cultura digital, Arte e tecnologia. Andréia Machado Oliveira; Mafalda Roso; Roxane Miranda Estudantes do 8°ano do ensino fundamental XXVIII/ ConFAEB/ 2008 A linguagem fotográfica em projetos de inclusão visual e expressão socio-cultural Artes Visuais; Ensino de Arte; Fotografia. Solange de Souza Vergnano Estudantes e comunidade com idade entre 10 e 18 anos

No relato de Miguel (2012), a autora inicia o texto destacando a importância do diálogo que tem se desdobrado entre a arte e as tecnologias digitais em sala de aula, haja vista, as questões relacionadas à influência da cultura digital sobre cotidiano dos estudantes:

A arte deve ser pensada nas suas inter-relações e o seu ensino, voltado para o nosso tempo, um tempo digital, de apropriações e transformações, também das poéticas tecnológicas. Tempo da interatividade, da mediação por máquinas, da participação do público, das conexões e territórios digitais. (MIGUEL, 2012, p.2).

Por esse viés, Miguel (2012) realizou experimentações na disciplina de Arte com ênfase no processo de construção da sensibilidade estética com o aporte das tecnologias digitais, tendo como público-alvo, suas turmas de 7ºs e 8ºs anos do ensino fundamental da Escola Municipal Professor Otávio Batista Coelho Filho, localizada na cidade de Uberlândia/MG. Neste ensaio, não foi informado sobre a época em que ocorreu a ação, bem como o tempo despendido para a realização de cada etapa da proposta.

Ao dedicar uma seção sobre as conexões entre a arte e as tecnologias digitais, Miguel (2012) considerou em sua proposta pedagógica a abordagem dos seguintes conceitos:

[...] a arte e as diferentes mídias; os meios de produção da imagem; o suporte, os equipamentos tecnológicos e o uso de softwares gráficos; os elementos estruturais e de composição da imagem (linhas, cores, texturas, figura e fundo, perspectiva, deformação, simplificação), entre outros. (MIGUEL, 2012, p. 3).

Pelo caminho da experimentação em edição de imagens digitais, a professora recorreu ao laboratório de informática da escola, onde os participantes fizeram uso de computadores para a busca por imagens da internet e para o processo de edição de imagens através de dois programas computacionais: o Paint da Microsoft e o GNU Image Manipulation Program (GIMP), software livre com interface e ferramentas de edição equivalentes ao Adobe Photoshop. Outros recursos utilizados foram as câmeras de dispositivos móveis para registros fotográficos.

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No que se refere à leitura de imagem voltada para um olhar reflexivo do estudante, Miguel (2012) relatou que foram realizadas discussões em sala de aula sobre os conceitos relacionados à apropriação de imagem, processo de criação, novas tecnologias, recortes, poéticas, transformações, recriações, reinvenções, ressignificação e autoria. Neste exercício, a docente buscou trabalhar imagens de fotografias criadas por alguns artistas contemporâneos, tais como: Evgen Bavcar, Vik Muniz, Rosângela Rennó e Alex Flemming.

Em seu artigo, a autora dá ênfase aos aspectos técnicos de edição de imagem trabalhados durante a atividade prática de utilização dos softwares de edição, onde foram descritos alguns efeitos visuais (inclusão de textos, formas e linhas, redimensionamento, sobreposições, repetições, recortes, deformações, alteração de cores e aplicação de filtros relacionados à saturação, contraste e texturização) que foram realizados sobre imagens obtidas pela internet e outras criadas com estilo abstrato pelos próprios estudantes.

A ação foi finalizada com a socialização dos trabalhos produzidos, sendo um momento de reflexão e discussão em sala de aula.

No que se refere ao trabalho desenvolvido por Oliveira, Roso e Miranda (2009), o artigo trata da problematização sobre a construção de imagens no âmbito da cultura digital ao analisar as ações pedagógicas desenvolvidas em 2009, por meio de um projeto da disciplina de Arte intitulado Olhares Virtuais, cujo tempo de duração foi de três meses. Nesta ação, participaram estudantes do 8° ano do ensino fundamental de uma escola da rede privada do município de Porto Alegre/RS.

De acordo com as autoras, buscou-se investigar de que maneira os estudantes poderiam apropriar-se da fotografia digital e da informática para a produção de suas próprias narrativas imagéticas perante um olhar crítico e estético acerca das imagens discutidas e analisadas em sala de aula.

Neste exercício, foi relatado que os momentos de retomada da observação e reflexão da narrativa imagética produzida pelos estudantes foram significativos para que fossem lançados questionamentos sobre como a imagem os afetava diante de uma nova leitura da mesma:

Os alunos vivenciam experiências de comunicação baseadas na aceleração e no descartável, isto é, produção de inúmeras imagens que podem ser descartadas com um simples gesto de deletar. Propomos a inserção do tempo nas imagens produzidas; os alunos observaram, analisaram e decodificaram durante três meses as mesmas imagens. Também, indicamos que o uso ocorreria no sentido de dar a ver, de desacelerar o olhar sobre o cotidiano, e não poluí-lo mais com mais imagens desprovidas de sentido. (OLIVEIRA, ROSO E MIRANDA, 2009, p. 3549).

Desafiados a explorar a cognição e a criativamente por meio dos recursos de edição de imagem digital, as ações deste projeto foram organizadas por meio das seguintes etapas: a) estudo da história da arte por meio da leitura de imagem e discussão sobre algumas obras do estilo moderno

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criadas por Pablo Picasso e Maurits Cornelis Escher, e também de fotografias produzidas por Vik Muniz, Sebastião Salgado, Araquém Alcântara e Artur Omar; b) realização de uma oficina de fotografia em parceria com um profissional da área; c) trabalho de campo onde os estudantes, organizados em duplas, deveriam realizar um mínimo de seis registros fotográficos de um determinado tema (violência, poluição visual e ambiental, portadores de necessidades especiais, responsabilidade social, drogas, amizade, moda, etnias, objetos pessoais, solidariedade e outros a critério de cada dupla); c) uso do laboratório de informática da escola para a etapa de produção das narrativas com a utilização de computadores e dos seguintes softwares: Photostory (para criação de slideshow), Adobe Firework (para edição de imagens), Microsoft Power Point (para criação de apresentação gráfica) e Microsoft Movie Maker (para edição de vídeo); d) trabalho final de uma experiência autoral, apresentado em formato audiovisual; e) exposição dos resultados do projeto no espaço cultural do Santander na cidade de Porto Alegre/RS.

Já na discussão proposta por Vergnano (2008), a autora considera o caráter interdisciplinar da fotografia nas práticas pedagógicas contemporâneas para o ensino de Arte e apresenta em seu texto, um relato de experiência relacionado ao seu trabalho na educação não-formal. Esta ação ocorreu em formato de oficina de fotografia junto a crianças e adolescentes de comunidades de baixa renda da região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, projeto este, mantido pelo polo de educação pelo trabalho da rede municipal de ensino fundamental da Prefeitura do Rio de Janeiro.

O público atendido compreendeu crianças entre dez anos e jovens de 18 anos e quanto aos dados relacionados a datas e a duração das ações desenvolvidas, tais informações não estavam presentes no texto.

Diferentemente do grupo analisado nos estudos de Oliveira, Roso e Miranda (2009), os participantes da oficina de fotografia conduzida por Vergnano (2008), em sua maioria, eram provenientes de comunidades de baixa-renda que, de acordo com a autora, não dispunham de conhecimento prévio nem recursos materiais relacionados à linguagem fotográfica, sendo estes, um dos fatores que dificultou a permanência de alguns membros atendidos pelo projeto:

A carência do contato com o equipamento fotográfico por parte do aluno e a consequente reduzida intimidade com o fazer e com a linguagem da fotografia, apresenta uma certa dificuldade para o ingresso e permanência do educando na oficina. Este fato provoca rotatividade nas turmas. Isto acarreta um atraso no início das atividades mais alternativas e experimentais, uma vez que demandam conhecimentos básicos da técnica e de laboratório e na autonomia para a aquisição de uma linguagem expressiva pessoal. (VERGNANO, 2008, p. 1056).

Mesmo com esses contratempos, a autora destaca que a dinâmica das atividades não sofreu prejuízos, uma vez que, houve a disponibilização dos recursos materiais pelo órgão municipal e o trabalho de sensibilização para a compreensão da linguagem fotográfica ocorreu durante as aulas

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teóricas e práticas em laboratórios fotográficos voltados tanto para as imagens analógicas quanto para as digitais.

No que se refere às experimentações relacionadas à fotografia digital e sua manipulação mediada pelo computador ou outros recursos digitais, a abordagem metodológica não foi descrita por Vergnano (2008), tal como visto nos relatos de Miguel (2012) e Oliveira, Roso e Miranda (2009).

3 RESULTADOS

De acordo com os artigos analisados, verificamos que as três propostas de trabalho buscaram valorizar e articular as ações pedagógicas por meio do conhecimento do professor no campo da informática e da Arte para a realização de experimentações cognitivas junto aos estudantes, ação esta, que resultou na produção de narrativas autorais com o apoio de computadores e programas destinados à edição de imagens.

Sob o aspecto que recai sobre a descrição dos encaminhamentos metodológicos para as atividades teóricas e práticas, destacamos os textos de Miguel (2012) e Oliveira, Roso e Miranda (2009), pois, ambos buscaram indicar com maior clareza as etapas desenvolvidas durante a condução dos projetos.

Nesse sentido, Miguel (2012), procurou enfatizar os procedimentos técnicos e instrumentais para a produção e edição das imagens. Por outro lado, Oliveira, Roso e Miranda (2009), destacaram não somente de que maneira foram utilizados os recursos didáticos e os procedimentos técnicos relacionados à produção da arte digital, bem como, problematizaram sobre o olhar crítico e reflexivo, trazendo para a discussão conceitos da cultura visual abordados pelo pesquisador Fernando Hernández (2000).

No que se refere ao método utilizado para a leitura de imagens durante os estudos sobre a história da arte, todas as autoras indicaram que buscaram os referenciais da abordagem triangular (contextualizar, apreciar, produzir) delineados pela pesquisadora Ana Mae Barbosa (1991).

Por meio deste levantamento, outras inquietações surgem para nos motivar a seguir com nossa investigação permeadas pela imagem digital e suas ressignificações com base na percepção dos estudantes.

4 CONCLUSÃO

Nesse ensaio, abordamos reflexões relacionadas à interdisciplinaridade entre Arte e Informática voltadas ao contexto da educação básica, tendo como fonte de dados, o levantamento bibliográfico de relatos de experiência publicados nos anais do Confaeb e da Anpap.

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Dessa maneira, foram apresentadas algumas possibilidades de trabalho já desenvolvidas pelos professores, cada qual com suas metodologias de ensino, mas que seguiram uma mesma linha de pensamento ao envolver a imagem digital estática num exercício de transformação/ressignificação para uma experimentação subjetiva junto aos estudantes.

O assunto não se esgota por aqui, pelo contrário, o nosso intuito é de provocar o diálogo que conflua para novas leituras e abordagens relacionadas a experimentações artísticas por meio da manipulação da imagem digital fixa.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana-Mae. A imagem no Ensino da Arte. São Paulo, Porto Alegre: Perspectiva/Iochpe, 1991.

HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000.

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MIGUEL, M. R. S. P. Apropriação e transformação de imagens: o ensino de artes e as novas tecnologias. In: Congresso Nacional da Federação dos Arte/Educadores do Brasil, 22., 2012, São Paulo. Anais... São Paulo: UNESP/IA – Instituto de Artes, 2012, parte 3, p. 01-12. Disponível em: http://faeb.com.br/site/wp-content/uploads/2018/01/XXII-CONFAEB-REDUZIDO_Parte3.pdf. Acesso em: 19 abril 2020.

NUNES, A. L. R. Arte digital na formação continuada de professores de artes visuais: o computador como ferramenta e hiperferramenta. In: Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas, 18., 2009, Salvador. Anais... Salvador: UFBA – PPG em Artes Visuais, 2009, CEAV, p. 3056-3070. Disponível em: http://anpap.org.br/anais/2009/pdf/ceav/ana_luiza_ruschel_nunes.pdf. Acesso em: 19 abril 2020.

OLIVEIRA, A. M.; ROSO, M.; MIRANDA, R. Construção de narrativas imagéticas digitais. In: Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas, 18., 2009, Salvador. Anais... Salvador: UFBA – PPG em Artes Visuais, 2009, CEAV, p. 3543-3561. Disponível em: http://anpap.org.br/anais/2009/pdf/ceav/mafalda_roso.pdf. Acesso em: 19 abril 2020.

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