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Inteligencia_Volitiva

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Academic year: 2021

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-Eduardo P. Pacheco

A inteligência associada ao poder de realizar

Volitiva

Inteligência

O inconformismo nos coloca dentro de uma missão, a paixão nos mantém nela e a iniciativa garante a sua realização.

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Volitiva

Inteligência

“É perceptível a importância das inteligências racional e emocional na construção do êxito profissional e da pereni-dade organizacional, quando se entende que o caráter de longevidade de uma compa-nhia se pauta no crescimento, que se fundamenta na inova-ção. No entanto, após onze anos dedicados ao mundo das franquias, acompanhan-do o desempenho de cente-nas de empreendedores de diferentes perfis, percebi que, embora as inteligências racio-nal e emocioracio-nal fossem fun-damentais, não garantiam o sucesso ao empreendedor. Além de um QI elevado e de um comportamento que per-mite o exercício da liderança pelo amor – QE, uma tercei-ra competência está presen-te entre os empreendedores bem-sucedidos: a inteligência volitiva – QV”.

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Volitiva

Inteligência

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EDUARDO PEREIRA PACHECO

1ª EDIÇÃO MINAS GERAIS

A inteligência associada ao poder de realizar

Volitiva

Inteligência

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Copyright ©2011 por Eduardo Pereira Pacheco Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito dos editores. ISBN: 978-85-911527-1- 1

Preparo de Originais: Eduardo Pereira Pacheco Revisão de Conteúdo: Cesar Falcão

Projeto Gráfico: William Rosada Primeira Revisão: Lúcia Helena Amaral Segunda Revisão: Ione Vieira

Terceira Revisão: Edetilde Mendes De Paula

Todos os direitos de comercialização desta edição foram cedidos para Sensus Editora Ltda.

Avenida Marcos de Freitas Costa, 666, 38400-238, Uberlândia, MG, Brasil www.inteligenciavolitiva.com

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À Letícia e Lara, motivos do mais puro sentimento de amor.

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SUMÁRIO

Agradecimentos,

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Realizando sonhos,

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Introdução: A inteligência integral,

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Capítulo 1: O inconformismo gerando necessidades,

35

Capítulo 2: A paixão pelo que se faz,

53

Capítulo 3: Iniciativa – O início da ação,

65

Capítulo 4: Inteligência volitiva e liderança,

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Capítulo 5: Inteligência volitiva e empreendedorismo,

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Agradecimentos

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Aos meus pais, Manoel e Alice, por terem depositado em meu coração os valores que alicerçam minhas realizações, que cultivo diariamente, para que se tornem as raízes de tudo o que faço: justiça, coragem, diligência, empreendedorismo e entusiasmo são objetos de minha busca cotidiana.

Às minhas filhas, Letícia e Lara, por me darem carinho, aconchego, paz e alegria, restabelecendo a prontidão de minha alma, e por me ensinarem, principalmente o verdadeiro significado do amor.

À Alana Cardoso, com muito amor, por estar ao meu lado, apoiando-me incondicionalmente no momento mais difícil de minha existência, pois sua presença me fortalece e entusiasma.

Ao meu sócio, Paulo Fernando, companheiro de batalhas duras, com quem muito aprendi, pela lealdade e constância no propósito de enfrentar os desafios que surgiram em nosso caminho.

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Agradecimentos

A todos os sócios e colaboradores que se uniram lealmente a mim na realização das missões propostas pelas organizações que fundei. Foi e tem sido uma honra compartilhar experiências com todos vocês.

A todos os franqueados que acreditaram em nosso modelo de negócios, em nossos produtos e em nossa capacidade de ajudá-los no desenvolvimento de seus negócios.

A todos os mestres que fizeram parte de minha vida: à Maria Helena, que me ensinou a ler e a escrever; aos professores do ensino fundamental e médio, pela paciência em ensinar quem ainda não entendia a importância da educação formal; aos meus professores da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Uberlândia, no Brasil, e do MGC – Middle Georgia College –, nos EUA, por terem me ensinado a grandeza do pensamento autônomo e à Cora Pavan Capparelli, por não ter permitido que eu desistisse dos meus sonhos e, assim, garantir que a diferença fosse consumada.

Agradeço, especialmente, ao amigo e mestre César Falcão, que, com sua sabedoria, generosidade e humildade, apresentou-me, entre várias outras coisas, a temperança. Devo a ele vários ensinamentos sobre gestão, sobre a verdadeira liderança e sobre o homem que vive

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na plenitude da integralidade, como espírito, mente, amor e corpo. A essência dos seus ensinamentos fez-me racionalizar a minha vida como empreendedor. O conteúdo desta obra traduz o que com ele aprendi. Nunca encontrei homem mais sábio e não teria sido capaz de escrever este livro, se não tivesse recebido o bilhete premiado que foi conhecê-lo.

Da mesma forma, agradeço aos vários amigos que têm ativamente participado de minha vida, fazendo de mim e de minha família pessoas mais felizes.

Este livro é o eco da fantástica experiência de conviver com todos vocês.

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Realizando Sonhos

REALIZANDO

SONHOS

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Durante minha trajetória, como empreendedor e líder organizacional, tive de enfrentar desafios que mais pareciam labirintos sem saída. Em alguns momentos de dura solidão e derrota iminente, a minha salvação foi ter optado por um espírito realizador, que originou novos empreendimentos e inovações. Replicar incansavelmente esse comportamento para todas as pessoas ligadas à minha corporação foi e tem sido fundamental para o meu crescimento contínuo. Ter desenvolvido um espírito inquieto levou-me a perseguir soluções antes impensadas. Tal comportamento foi determinante para ativar rapidamente as fórmulas que contribuíram para a perpetuidade de minha empresa e de minha perenidade profissional. O desenvolvimento da inteligência volitiva, para transpor as barreiras estabelecidas pelos paradigmas, sempre foi o condicionante das batalhas que venci.

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Realizando Sonhos

Acredito que a verdade é inexorável e evidenciada pela experiência, pelo contato direto com o conteúdo, enfim, pelos fatos que permeiam a existência humana. Os resultados intelectuais, materiais e sociais gerados por nosso trabalho representam as verdades de nossa vida profissional. Entretanto nem sempre nossas realizações representam o que sonhamos. O que me motiva a compartilhar a minha experiência é a vontade de viver em um mundo onde as pessoas consigam, além de sonhar, realizar seus sonhos. Essa motivação vem da certeza de que minha experiência pode ajudá-lo a transformar a sua vida e a sua verdade.

Com este livro, que é fruto do conhecimento adquirido por meio de uma vida dedicada ao empreendedorismo, quero contribuir para a formação de organizações vencedoras e, ao mesmo tempo, servir de inspiração para a sua vida profissional, que, indubitavelmente, se dará em um ambiente bastante competitivo.

Acredito, de forma apaixonada, nas ideias que transmito, e creio que elas contribuirão, positivamente e de forma decisiva, para o seu sucesso no que quer que você faça.

Lembre-se, entretanto, de que a sua nova verdade só poderá ser construída por você mesmo, caso sinta o que eu senti, aja como agi. Em qualquer processo de aprendizagem,

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é a vulnerabilização do “eu”, permitindo-se ser o que, normalmente, não se é, que poderá ser precursora de resultados diferentes e enriquecedores.

“Ninguém obtém resultados diferentes ao agir da mesma forma que sempre agiu. Portanto, se quiser

mudar o seu resultado, mude o seu jeito de agir.” Provérbio chinês

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Introdução

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INTRODUÇÃO

A globalização é um fenômeno espetacular e, ao mesmo tempo, extremamente desafiador. O mundo sem fronteiras contribui para o desenvolvimento das nações de diferentes regiões do planeta, por meio da integração econômica e da transferência rápida de conhecimento, cultura e de novas tecnologias. Entretanto, a democratização das informações, principalmente por meio da internet, fragiliza as organizações que se veem, prematuramente, sem seus segredos de negócios e sem os diferenciais competitivos que detinham.

A inteligência emocional, a inteligência racional e a inteligência volitiva, juntas, alicerçam o

verdadeiro empreendedor.

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Introdução

Corporações que se imaginam possuidoras de “diferenciais sólidos” e de um capital intelectual singular, no mundo globalizado, enfretam subitamente, concorrentes que expressam em seus produtos e serviços as mesmas características dos produtos e serviços dos pioneiros. As empresas são, portanto, obrigadas a acelerar seu ciclo de inovações com o intuito de se manter sempre na vanguarda.

Ser vanguardista requer competência especial. A maioria dos profissionais se vê, prematuramente, sem o conhecimento e a energia necessários para exercer funções de forma competitiva. Valorizam-se, comumente, aqueles com capacidade intelectual para idealizar um novo modo de pensar e agir, viabilizando a inovação ou até a criação do que ninguém “nunca viu ou teve”.

O ciclo da inovação, cada vez mais curto, é uma condição “sine qua non” para a perenidade das organizações. Temos aprendido a experimentar o novo sem que uma postura refratária e ilógica exerça domínio sobre nós, levando-nos a dizer não a uma ideia qualquer simplesmente porque é nova. Peter Drucker afirmou que devemos nos preparar para promover a inovação de forma sistemática, incentivando a organização a identificar mudanças iminentes ou em curso como indicadores de oportunidades de inovar. Sabemos que realizar a inovação é o único

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caminho. Porém, a grande pergunta é: como assumir um comportamento capaz de realizar a inovação?

Ao longo de minha experiência profissional, busquei ser precursor da novidade. Nunca desejei deixar as descobertas a cargo do meu concorrente, assinando, assim, o “atestado de óbito” de minha organização. Sou consciente de que a ideia de experimentar o novo mantém os profissionais ativos, entretanto apenas aqueles, que não só aceitam mas também são diretamente responsáveis por inovar, são capazes de definir como as coisas devem ser e, por isso, constroem o sucesso financeiro e a perenidade de sua companhia. Estes, que buscam entusiasmadamente a inovação, desenvolveram a inteligência volitiva, que é o “gatilho” que “dispara” as realizações e a “chave que abre as portas” para a prosperidade.

A palavra “inovação” deriva da vocábulo latino innovatione, que significa renovação, e seu significado é totalmente diferente de criação. Esta é um ato de divindade, ao passo que inovar significa fazer o que já se faz, mas de outra forma, de modo mais revigorante, propiciando um novo desabrochar, a fim de atender às novas necessidades exibidas por clientes que passaram a ter desejos um pouco diferentes dos que possuíam anteriormente.

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Introdução

A inovação requer, em primeiro lugar, grande esforço de racionalidade para compreender as mudanças externas. Um líder atento aos movimentos mercadológicos consegue racionalizar a realidade com extrema sensibilidade e, ao mesmo tempo, colabora para a construção de um ambiente que permite, aos membros da organização, ajudar a descobrir soluções diferentes das que eram empregadas até então, valendo-se, inclusive, daquelas que já existem em outros segmentos, mas que ainda não são aplicadas na empresa.

As diversas interpretações da realidade, por diferentes membros da equipe, contribuem para se pensar em soluções inovadoras. Somente a ação da equipe é capaz de propiciar a almejada singularidade. Assim, além da capacidade racional, que permite a compreensão mercadológica e a proposição de soluções, uma liderança pautada no amor é vital para desencadear a participação ativa de todos na renovação. A democratização das informações promove o raciocínio questionador e, assim, o exercício da liderança se torna mais difícil, visto que os liderados exigem uma participação ativa na tomada de decisões. O mundo, salvo raras exceções, não oferece mais espaço para líderes que exercem poder não concedido, pois, atualmente, passaram a ser fortemente questionados. A liderança moderna é norteada pela inteligência emocional, que abre

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espaço para que todos possam cooperar com o sucesso organizacional.

É perceptível a importância das inteligências racional e emocional na construção do êxito profissional e da perenidade organizacional, quando se entende que o caráter de longevidade de uma companhia se pauta no crescimento, que se fundamenta na inovação. No entanto, após onze anos dedicados ao mundo das franquias, acompanhando o desempenho de centenas de empreendedores de diferentes perfis, percebi que, embora as inteligências racional e emocional fossem fundamentais, não garantiam o sucesso ao empreendedor. Além de um QI elevado e de um comportamento que permite o exercício da liderança pelo amor – QE, uma terceira competência está presente entre os empreendedores bem-sucedidos: a inteligência volitiva – QV, inteligência esta associada à vontade.

Ainda que se fale pouco sobre esse tipo de inteligência, percebi que as pessoas com vontade de fazer “as coisas certas” é que vencem.

O exercício do querer é a base para o sucesso organizacional. A vontade fomenta o desenvolvimento de ações que desencadeiam a evolução da inteligência racional e da inteligência emocional. Por isso, para mim, a mais

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Introdução

notável característica de qualquer profissional é o seu QV – Quociente Volitivo. A inteligência volitiva, que permite rapidamente implementar as inovações e estratégias que culminam na descaracterização da concorrência e fazem surgir novos mercados, determinará o nível de sucesso de um empreendedor.

O produto da inteligência volitiva chama-se realização. O ‘‘coração que irriga o nosso cérebro’’, viabilizando as adaptações e evoluções que as outras formas de inteligência nos permitem executar.

O produto ou resultado de uma organização é a soma das ações realizadas pelas pessoas que compõem a instituição, ou seja, é a soma das ações desencadeadas pelos colaboradores. Quando meço os resultados obtidos pelos gerentes de minhas empresas, na verdade, estou identificando se houve ou não trabalho empregado. Ora, o que é trabalho? Na física, é uma medida da energia transferida pela aplicação de uma força ao longo de um deslocamento. Quando o trabalho não é nulo, existe deslocamento, cria-se, então, uma realidade diferente da que se tinha inicialmente. No mundo dos negócios, podemos entender que existe trabalho, por exemplo, na área comercial, quando há deslocamento do volume de vendas. Podemos também dizer que existe trabalho no departamento de recursos humanos quando a capacidade

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dos funcionários em entregar mais valor é aumentada por meio de treinamentos. No meu conceito, só existe trabalho executado pelas lideranças, no momento em que o lucro líquido é maior do que o resultado do período anterior, ou quando o “market share” é maior, ou ainda se a taxa de retorno sobre o capital investido é maior. Enfim, existe trabalho quando as ações geram mudança de patamar de desenvolvimento.

Recordo-me de uma experiência vivenciada quando conversei com um gestor de uma de minhas franqueadas. Este assegurava estar trabalhando muito, mas os resultados não refletiam o empenho que relatava. Ele havia sido contratado por ter demonstrado, no momento da seleção, bom conhecimento do processo de venda ativa, ser racionalmente inteligente e ter habilidade para lidar com pessoas. Entretanto, por vários meses, o faturamento daquela unidade continuou inalterado. Ele argumentava que o problema estava no negócio e não nele e, por isso, o resultado financeiro da empresa naquela região não crescia. O que o gerente fazia na unidade não contribuía para o único propósito de qualquer organização, que, como o próprio Drucker ressaltava, é “gerar clientes”, e eu adiciono: aumentar o faturamento e o lucro. Logo, não houve trabalho na empresa citada, porque, quando existe trabalho, há deslocamento. Quando a força atua no sentido do deslocamento, o resultado é positivo, há

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Introdução

energia sendo acrescentada ao negócio, gerando mais receita e lucro. O fato é que, no caso daquele gerente, apesar do nível de sua inteligência racional e emocional, a sua inteligência volitiva era praticamente nula, o que o impedia de gerar clientes e de ter sucesso. A sua derrota profissional, dentro de nossa organização, deu-se por não ter desenvolvido a inteligência volitiva.

Muitas vezes, julgamos que estamos realizando um determinado trabalho, mas não o estamos. A única prova de existência de trabalho é a existência de uma ação que culmina em um deslocamento positivo.

Por isso, Drucker dizia que, para fazer a ‘‘coisa certa’’, é preciso que haja também a pessoa certa. Em meus negócios, busco escolher pessoas racionalmente inteligentes, pois elas conseguem identificar as mudanças externas e que são emocionalmente inteligentes, porque contribuem com o trabalho em equipe. Fundamentalmente, procuro identificar e desenvolver pessoas dotadas de inteligência volitiva, pois estas têm capacidade de aumentar continuamente o seu QI e QE, além disso executam e transformam a realidade e, consequentemente, os resultados. Pessoas com energia e capacidade de execução são valiosíssimas para as organizações. A competência em inovar e em desenvolver, por meio da liderança por amor, pessoas capazes de inovar, e a competência em

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agir, identificar e desenvolver pessoas aptas a agir, são pré-requisitos para o sucesso e definem a capacidade dos indivíduos e das empresas de gerar lucro.

Falo dos indivíduos e das empresas, porque não podemos separar as empresas das pessoas. Quando alguém diz: “minha empresa não é boa”, está, na verdade, afirmando: “eu não sou bom”. Da mesma forma, quando um líder diz: “os colaboradores não dão o melhor que podem”, ele está, de fato, falando: “eu não dou o melhor de mim e, com isso, a minha organização não dá o melhor que pode para a sociedade”. Uma companhia é um corpo único com células vivas, que são as pessoas. O fracasso de uma célula, geralmente, culmina no insucesso de outra. O mais trágico é que esse “câncer” pode levar o corpo, ou seja, toda a organização, à ‘‘morte’’. Por outro lado, pessoas que desenvolvem a inteligência volitiva funcionam como anticorpos capazes de agir e reagir rapidamente em prol do sucesso organizacional.

Muito se discute sobre as inteligências racional e emocional nas organizações. No entanto, pouco se fala sobre a inteligência volitiva, que é a base para a formação da inteligência integral. Quando nos referimos à busca pela inteligência volitiva, estamos falando daqueles que estão dispostos a sair do plano ideológico para se comprometerem com a realização da missão, sem se

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Introdução

importarem com as dificuldades encontradas pelo caminho. Não basta ser uma pessoa com boas ideias. O relevante é ter pessoas que, além de possuírem boas ideias, realizem-nas. A notícia ruim é que elas são raras. Não adianta ter ideias para o desenvolvimento, por exemplo, de uma tecnologia de ponta, quando as pessoas não estão preparadas e motivadas a realizá-la. Realização significa agir transformando a realidade, o que é diferente de planejar e formatar ideias. Uma ideia é apenas o início e, por si só, não transforma nada. Sem ação, tudo continuará como antes. Com tanta informação disponível, a diferença entre as pessoas não está na capacidade de ter ideias, mas, sim, na competência de ativá-las. Por isso, aprendi, ao longo de minha experiência, que as organizações com melhores condições para vencerem são as que, fundamentalmente, além de ter ‘‘cabeças brilhantes’’ capazes de desenvolver as melhores ideias, contam com pessoas capazes de realizar e de consumar o propósito dessas ideias. Devido ao nível de concorrência do mundo moderno, a inteligência volitiva é uma competência mandatória em qualquer organização vencedora, ela é intangível e é pura energia potencial de realização. Contudo, indivíduos volitivamente inteligentes são raríssimos e extremamente valiosos.

Na busca pela perenidade, o que as organizações têm demandado, essencialmente, são pessoas comprometidas

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mudanças que ocorrem em um ritmo alucinante, a empenharem-se para promover transformações nos liderados e, finalmente, a lutarem para provocar mudanças no próprio mercado. Essas pessoas inovadoras, equilibradas na promoção de suas inovações e, principalmente, cheias de energia para agir, criam necessidades que antes não existiam, geram mercados onde não havia, contribuem para a perpetuidade das marcas e, consequentemente, para a própria longevidade profissional. O intuito deve ser atingir, individualmente ou em equipe, um patamar de desenvolvimento ainda não alcançado e sobreviver.

Empresários, líderes, executivos e toda a cadeia organizacional, para se manterem vivos, são obrigados a desenvolver o hábito de inovar, mediante espírito participativo que promova o engajamento coletivo. Devem se habituarem, sobretudo, a realização de forma inovadora, rompendo, portanto, com paradigmas, a fim de buscarem empregar inovações na sociedade.

Ademais, refletindo de forma ainda mais aprofundada sobre o assunto, a realização de uma oferta singular de algo altamente desejado parece ser a razão da sobrevivência das organizações, mas, se fizermos uma análise de causa e efeito, veremos que a verdadeira razão para a vitalidade das organizações é a realização de uma oferta singular de condições propícias para que as pessoas inovem e

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Introdução

realizem. A inteligência volitiva do líder, associada à sua racionalidade e à sua capacidade de liderança por amor, cria condições para que essas mesmas competências se repliquem em toda a equipe. A inteligência volitiva é, então, a competência definitiva, que desencadeia a evolução constante das inteligências racional e emocional, criando o ambiente perfeito para a formação da inteligência integral e propiciando o equilíbrio das forças que levam as organizações adiante.

Líderes de organizações modernas, feitas para prosperar e durar, criam condições psicológicas e estruturais favoráveis ao endoempreendedorismo, ou seja, ao empreendedorismo exercido por todos os membros da organização. A equipe deve estar disposta a inovar conjuntamente e a realizar a missão da entidade na

Inteligência Racional

Inteligência Integral

Inteligência

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sociedade. Para exercer a inteligência de forma integral, a disseminação da inteligência volitiva é o principal desafio.

Meu primeiro negócio de tamanho e complexidade relevante foi uma franqueadora de uma rede de escolas de idiomas. Depois que meu sócio e eu desenvolvemos o mais eficaz método de ensino de línguas já criado, saímos pelo mundo para vender o nosso produto e a nossa franquia. Todas as vezes que o nosso método entrava em ação, as pessoas se surpreendiam e percebiam o quanto ele era inovador e eficaz. Por várias vezes, cruzei com pessoas que diziam: “eu sempre pensei em fazer algo exatamente assim”. Muitas pessoas têm ideias, mas o grande problema é que a maioria não realiza, não age. O que as impede de consumar suas ideias? Por que grande parte das pessoas não consegue incorporar um comportamento realizador? E por que alguns se tornam líderes e não conseguem assumir atitude capaz de criar um ambiente propício para o endoempreendedorismo?

Já vi vários profissionais e empresários jogarem às traças oportunidades ímpares por falta de inteligência volitiva. Um observador que acompanha o desenrolar dos fatos do lado de fora da matriz de acontecimentos surge

atônito com a indagação: “mas, por que você não fez?”

Parece simples, mas ser volitivamente inteligente é, de fato, psicologicamente desafiador.

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Introdução

Nos próximos capítulos, dissertarei sobre como desenvolvi o que tenho de melhor: a inteligência volitiva. Ela desencadeia um espírito muito empreendedor, que é a base comportamental para uma vida de sucesso no mundo globalizado e competitivo. O desenvolvimento da inteligência volitiva para o exercício do empreendedorismo ou endoempreendedorismo, quando a opção é por uma carreira corporativa, ajudará você a ser um profissional vencedor. Ao longo da leitura, você conhecerá exemplos de uma história real.

“As oportunidades aparecem normalmente disfarçadas de muito trabalho, e é por isso que a maioria

das pessoas não as reconhece.” Ann Landers

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O inconformismo gerando necessidades

CAPÍTULO 1

O INCONFORMISMO

GERANDO

NECESSIDADES

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Tinha sete anos de idade. Riscava o chão de cimento com giz branco, construindo ruas e avenidas que se espalhavam pelo quintal da casa. Na minha cidade de “faz de conta”, havia prédios, casas, postos de gasolina, lojas de roupas, oficinas para autos, estádios de futebol, cinema e várias outras empresas que eclodiam em minha mente, reproduzindo a realidade. Na brincadeira de copiar o mundo real, saía de casa pela manhã, abastecia o carro e seguia para o escritório de minha empresa, uma transportadora, como a do meu pai. Usava os talões de vales amarelos inutilizados pela empresa de meu pai

“Controle o seu próprio destino ou outra pessoa o fará.”

Jack Welch

O INCONFORMISMO GERANDO

NECESSIDADES

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O inconformismo gerando necessidades

como talões de cheques em minha fantasia como homem de negócios. À noite, em carros de luxo, ia ao restaurante, assistia a filmes no cinema e, em minhas férias, sempre viajava. Essa era a minha vida adulta em meus sonhos de criança. Era assim que eu iria ser quando crescesse.

Assim me criei, sempre sonhando com um futuro brilhante. Se, por um lado, meus sonhos eram sempre muito apoiados pela minha mãe, por outro, eles padeciam com a desconfiança de meu pai. Hoje, conforto-me em saber que o receio dele derivava do simples medo de ver um filho frustrado. Esse é, no entando, um jeito de ver a vida que consegui afastar de mim. Ainda muito jovem, assimilei um preceito que se tornaria essencial para a minha vida: o medo de perder nunca se fixaria como um obstáculo para mudanças, em todas as suas facetas, afastando-me do êxito no que quer que eu quisesse fazer, pois o meu medo de não vencer sempre foi muito maior.

De minha mãe e de meu pai, herdei a capacidade de realizar e de empreender. Minha mãe era uma dedicada professora de música, que me ensinou o poder da diligência e a capacidade de sempre acreditar em que tudo é possível. Ela só se dedicou à educação formal depois de ter tido quatro filhos. Como ela mesma conta, queria fazer faculdade, por isso, acordava às três da manhã, saía do quarto na ponta dos pés e ia estudar sem que o

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marido a visse. O modelo mental da época fazia-o criticar qualquer ato de libertação assumido por ela. No íntimo de sua sabedoria, ela sentia que conhecimento significava liberdade. Devo a ela o conhecimento que hoje carrego e a sede que tenho por mais conhecimento transformou -se na fonte de minha autonomia. A minha maior felicidade foi ter entendido que o conhecimento é um poder que liberta a humanidade, ao passo que o vazio de uma mente aprisiona as pessoas a uma vida angustiante.

Herdei de meu pai a capacidade de empreender, de enfrentar riscos e de assumir consequências. Também por causa dele, aprendi que, às vezes, o que o pai tem de melhor, o filho tem de pior e vice-versa. Portanto, para mim, foi essencial entender que vencer a vontade de meu pai significava desenhar o caminho mais rápido para uma vida vencedora. Não podia seguir o caminho dele, pois aquele caminho era o dele e não o meu. Ao mesmo tempo, agradeço ao meu pai por ter compreendido que eu precisava encontrar a minha paixão.

Aos quatorze anos, mesmo ainda sem entender completamente as nuanças do livre mercado, no qual as forças de oferta e demanda se confrontam para a formação do preço, já observava a importância de manter-me com habilidades desconhecidas por muitos outros e, por consequência, escassas. Percebi que se pagava mais

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àqueles que tinham qualidades raras. Decidi, então, que meu crescimento profissional e financeiro dependeria do acesso a experiências que poucos tinham.

Aos dezessete anos, já estava cursando a Faculdade de Economia na Universidade Federal de Uberlândia, no estado de Minas Gerais. Ao mesmo tempo, buscava vivenciar uma experiência internacional e, aos dezenove anos de idade, consegui uma bolsa de estudos para fazer faculdade nos Estados Unidos. A experiência de estudar lá foi essencial. Lá, nos EUA, fiz amigos vindos de todos os continentes do mundo, com jeitos totalmente distintos de ver e viver a vida. Convivi com mestres fantásticos e aprendi a entender, a respeitar e a admirar culturas diferentes. Minha verdade não era mais a única. Nunca vou me esquecer de todos que gentilmente me ajudaram durante o tempo em que lá vivi.

Depois que voltei dos EUA, continuei com minha graduação na Faculdade de Economia. Aos vinte e dois anos, ao passo que estudava, abri minha primeira empresa em busca de minha independência financeira. Contudo foi um fiasco. Quando meu pai percebeu que eu estava decidido a ganhar dinheiro, quis me ajudar. Entretanto ele dizia que me apoiaria financeiramente, caso eu abrisse um negócio que sempre quisera ter: uma revenda de óleo lubrificante. Eu não tinha o capital e, consequentemente,

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não tinha o poder, mas queria o dinheiro, por isso, decidi, desacertadamente, seguir o caminho apontado por ele, o que se revelou uma decisão errada, porque o fim era o meu único motivo para agir. O resultado não poderia ser mais desastroso, e a derrota pode ser explicada, principalmente, pela minha infelicidade em estar ali. Em apenas quatro meses depois de ter aberto o negócio, eu o fechei. A culpa pela derrota foi toda minha, pois eu aceitei a oferta que meu pai me fizera. Aprendi que só teria sucesso se sentisse paixão pelo que iria fazer, por isso, deveria ter declinado da oferta. Eu não tinha o menor interesse por óleo lubrificante, então, o que é que eu estava fazendo ali? Ainda com vinte e dois anos, motivado pela abertura de mercado e pela forte demanda pelo ensino da língua inglesa, ao longo de toda a década de noventa, abri minha primeira empresa de ensino de línguas. Com ela, tive sucesso e muito aprendi sobre a arte de ensinar. Quando decidi que precisava agir para realizar algo muito maior, senti necessidade de associar-me a alguém que pudesse incorporar experiência de ter trabalhado em grandes organizações. Cinco anos após ter aberto minha primeira empresa no segmento de idiomas, juntamente com o meu sócio, desenvolvi o mais eficaz método de ensino de línguas já construído. Ensinávamos nossos alunos a falar uma língua com autoconfiança, cinco vezes mais rapidamente do que os nossos concorrentes. Logo, o que era apenas

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uma escola se transformou em uma franqueadora, e começamos a espalhar nossa marca pelo país. Assim, passei toda a minha vida profissional vivenciando os desafios de um mercado extremamente competitivo. Experimentei convencer centenas de empreendedores a se associarem a mim no desafio de empreender, treinei e apoiei centenas de novos empresários no desenvolvimento de seus negócios.

Assim tem sido a minha vida: buscar sempre o próximo patamar de desenvolvimento. Nessa busca, por várias vezes, enfrentei obstáculos árduos, por isso, respaldo a verdade de que nenhuma conquista é fácil. O que sempre me manteve diligente na busca por realizações era saber exatamente o que eu queria viver e estar consciente sobre o quanto cada conquista era fundamental para minha felicidade. Eu via as realizações como necessidades, sabia que simplesmente não seria feliz se a minha realidade não fosse a que sonhara quando criança. A minha visão de futuro se mantinha firme em minha mente, e, mesmo nos momentos mais difíceis, ela me levava adiante.

Ao realizar a minha missão de apoiar empreendedores, percebi que muitos não conseguiam ter a mesma constância em seus propósitos de realizações. Vários desistiam no meio da jornada. Certa vez, em um “workshop”, estava reunido com um pequeno grupo de três franqueados

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de uma determinada região que vinha encontrando dificuldades em fazer crescer os negócios. Perguntei aos três se eles já tinham identificado o que estava afetando negativamente o resultado do negócio de cada um deles. Pelas explicações, ficou óbvio que conheciam o ‘‘gargalo’’ que impedia o crescimento de seus respectivos negócios. Por coincidência, no caso dos três, havia uma tremenda ineficácia no ritmo da atividade comercial. Ao longo do processo de relatar o problema, iam também apontando as soluções recomendadas pelo nosso manual comercial. No entanto, por que não agiam?

Perguntei a eles se, na semana anterior, eles haviam seguido o processo de acordo com o manual de nossa empresa, o que significava acrescentar nomes à sua lista de “leads” – clientes em potencial, fazer o número de ligações necessárias para que pudessem conseguir o volume satisfatório de visitas a clientes, realizar as que haviam sido programadas para aquela semana e, finalmente, fechar o número de contratos previsto de acordo com as estatísticas que tínhamos como referência. Nenhum tinha realizado algo do que estava previsto no manual. Sabiam o que tinha que ser feito, mas não o fizeram.

Perguntei a eles se achavam que uma mudança comportamental seria importante para suas vidas e todos disseram que sim. Eu já sabia que a palavra proferida se

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transformava em atos. Por isso, lancei um desafio, pedi a cada um que se comprometesse com todos os que ali estavam, dizendo em voz alta que seguiriam todo o processo de vendas para novos clientes durante a semana seguinte. Eu sugeri a eles que o colega cobrasse os resultados. Infelizmente, ninguém teve a coragem de comprometer-se e percebi que todos ficaram envergonhados. Havia o desejo de ter uma empresa, mas nenhum deles demonstrava ter vontade, na medida certa, para levá-lo a, consistentemente, executar as atividades que ajudam a edificar o empreendimento. Descobri que o maior problema daquelas pessoas chamava-se Inteligência Volitiva.

Esperar que os problemas sejam solucionados automaticamente, não saber planejar as mudanças necessárias e, o mais importante, não escolher executá-las são erros fatais que um empresário não pode cometer. Quando o medo do fracasso é maior que o de não vencer, o crescimento é automaticamente bloqueado, isso vale para as organizações e para as pessoas.

Passo pelo menos metade de meu tempo motivando pessoas, ajudando-as a vencer seus medos, a eliminar gargalos e a buscar soluções. Um empresário não deveria precisar de motivação extrínseca, no entanto, no mundo dos negócios, essa não é a tônica. O empresário

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Inteligência Volitiva

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é, frequentemente, alguém que se aventura a abrir uma empresa, mesmo quando não tem vocação para o ambiente empresarial. Naquele encontro com franqueados, uma empresária iniciante queixava-se, relatando que precisava ter alguém próximo para que seguisse adiante e complementava dizendo que, às vezes, sentia-se sozinha, consequentemente, desmotivada. Lembro-me exatamente de suas palavras: “Eu olho para trás e não vejo ninguém me motivando, alguma coisa está errada com esta organização!” Ela se fazia de vítima e buscava um culpado para os problemas, para o insucesso até então. É assim que a maioria das pessoas age. É mais fácil culpar o outro pelos problemas que se tem. Boa parte dos empresários que fracassam atribui a culpa ao governo, à economia, à esposa, ao marido, aos filhos, aos pais, mas, nunca, à eles. Continuando, a franqueada me perguntou: “onde eu busco a minha motivação?”

Olhando firmemente nos olhos dela, disse: “Olhe para

trás de mim. Quem você vê?” Ela me perguntou: “Como assim?” Eu completei: “É isso mesmo, quem você vê? Quem está comigo o tempo todo me motivando?” Ela deu um sorriso e afirmou: “Ninguém!” Então, eu continuei: “Você acredita que não se motiva porque nós não estamos presentes cem por cento do tempo, certo? Permita-me fazer-lhe uma segunda pergunta: Você acha que é fácil estar longe de minha família por várias semanas ao longo de cada ano

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para dar apoio aos negócios dos franqueados?” Ela, com um olhar um tanto surpreso, perguntou-me: “o que te leva a fazer isso?” Eu falei: “A mesma coisa que falta em você e que a ajudaria a desprezar a aparente necessidade de ter outra pessoa junto a você, motivando-a a fazer o que sabe que deve ser feito e não precisa ser dito. O meu motivo de estar aqui é o meu inconformismo com a minha situação atual e a necessidade de concretizar a minha visão de futuro. Estou aqui porque estou construindo um mundo que me faz ainda mais feliz. Quanto a você, qual é o mundo em que se vê mais feliz? Você precisa ter o seu próprio motivo para agir e ser mais feliz. Não há dúvidas de que tem que vir de dentro, tem que ser um mundo autenticamente seu. Você precisa ter a sua visão de futuro. Comece a pensar sobre o seu futuro e estará moldando uma vida entremeada, cada vez mais, de prazer. Essa é a verdadeira fonte de energia e motivação de um empreendedor. Sem esse combustível, você nunca vai ser uma empreendedora de sucesso”. Ela baixou os olhos, ficou envergonhada e pediu ajuda, confirmando que realmente tinha entendido a importância da visão em nossos treinamentos, mas afirmou que não tinha ainda conseguido definir quem ela era e o que queria fazer da sua vida. Ela estava fugindo de algo, mas não se encontrava ali para mudar a realidade. Havia comprado uma empresa, mas não tinha uma visão clara e não sabia em que esta estava se transformando,

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algo que é completamente inaceitável para um empresário. As pessoas compram ou fundam suas companhias sem ter uma visão estabelecida, sem saber por que as abriram, para onde estão caminhando, o que devem fazer para atingir os seus objetivos e, enfim, como devem agir para modificar o futuro. Em geral, tornam-se empresários para fugir de algum incômodo. É o que eu chamo de empresários pelo acaso e não por vocação. Montam os negócios olhando para trás, para o passado, querendo se livrar dele, em vez de abrirem um negócio olhando para o amanhã.

Um empreendedor feito para vencer sabe para onde está caminhando e conhece bem a fonte de sua motivação. Ele olha para frente e consegue enxergar-se no futuro. Esse empreendedor já se definiu como pessoa e compreende o que é o seu conceito de felicidade. O que precisa ser e ter para ser feliz são questões sob seu domínio. Além disso, pela certeza que tem sobre as suas necessidades, assume o compromisso de buscar uma vida feliz e relaciona essa tarefa à de obter resultados expressivos no que quer que se proponha a fazer.

Saber exatamente o que você precisa viver, sendo e tendo, é a principal fonte de motivação e energia na busca de felicidade. A necessidade fará com que você se comprometa com as atividades que precisa desempenhar em sua rotina, para que atinja os resultados extraordinários

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que busca e que são basilares para a efetiva transformação de sua vida e da vida dos que estão próximos a você.

Por isso, levo sempre em consideração o que dizia Joel Barker. Quando pergunto às minhas filhas o que elas querem ser quando crescerem, dou muita atenção às suas respostas, porque sei que estou ajudando-as a pensar sobre o seu futuro, ou seja, sobre o lugar onde elas passarão o resto de suas vidas.

Como você se vê no futuro? Qual é a sua visão? Como você se vê feliz? Ao responder a essas perguntas, estará produzindo o combustível para viver uma vida dedicada à ação em prol da transformação. Ao construir uma visão significativa sob o seu ponto de vista, você será capaz de gerar energia suficiente para vencer. Entenda o que é felicidade e estará definindo as raízes de sua motivação.

Preocupo-me com a capacidade que temos de ceifar as raízes do poder de realização. Fui criado sob a regência de premissas relativamente conservadoras que eram respaldadas pelos dogmas religiosos da Igreja Católica. Minha mãe, insistentemente e de forma pouco racional, tentava fazer com que eu assumisse para minha vida a doutrina religiosa. No entanto, a impressão que eu tinha era a de que aqueles que representavam a Igreja, durante a década de setenta e oitenta, pareciam pouco preparados

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para interpretar a Palavra de forma isenta e, ao mesmo tempo, lidar com as desigualdades sociais que imperavam na época. Era fácil perceber que os líderes insistiam nas interpretações tendenciosas.

As incursões dos líderes religiosos em prol de um sistema econômico moldado por ideias marxistas me incomodavam tremendamente. Eu já sentia que esses conceitos não seriam implementados se não por meio da estruturação de uma sociedade submissa. Tudo isso ia contra o espírito de liberdade que eu tinha, os meus ideais de governo limitado e a minha crença de que cada indivíduo tem o direito de buscar a sua evolução de forma a atingir patamares de desenvolvimento antes não encontrados e de acordo com a própria vontade. Não suportava a ideia de uma vida pautada em realizações limitadas.

A Igreja da época parecia perdida em relação à relevância e à importância da matéria, e a mensagem que passava era a de que o desenvolvimento material era incompatível com o desejo divino. Uma ideia no mínimo retrógrada para um país que apresentava um dos piores indicadores sociais do mundo e carecia de líderes realizadores para que a transformação social viesse à tona.

A Igreja da década de setenta e oitenta, a meu ver, ceifava sonhos – as raízes da realização – e, consequentemente, o

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poder de transformação das pessoas, que é o único capaz de mudar a vida para melhor. Se o propósito era acabar com as desigualdades, parecia-me o caminho mais adequado ajudar o povo a visualizar um futuro diferente, tendo a matéria como relevante.

Um ‘‘script’’ de vida, baseado na irrelevância da matéria, estava sendo desenhado para que eu o seguisse. Entretanto, escolhi um caminho diferente. Lutei contra esse ‘‘script’’ e busquei traçar um novo caminho para a minha existência. Hoje me pego pensando em quão pobre e limitada minha vida teria sido se os líderes religiosos tivessem conseguido inculcar suas ideias em mim.

Quando, como sociedade, criamos um ambiente que cerceia o desenvolvimento humano, cabe, como último recurso, ao próprio homem desenvolver-se como ser livre. Hoje entendo que o homem se completa quando se desenvolve de forma autônoma. Como dizia Rudolf Steiner: “A natureza faz do homem um ser natural. A sociedade faz dele um ser social. Somente o homem é capaz de fazer de si um ser livre.”

O meu mestre, Cesar Falcão, racionalizou de maneira espetacular essa questão, indo de encontro a toda a prática religiosa daquele tempo: “me ponho a pensar no que seria de Deus se ele não tivesse criado a matéria. Talvez nem existisse, pois foi só criando a matéria que Ele se consumou

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como Deus.” Por pensar exatamente assim, a minha inibição quanto à valorização da matéria e, consequentemente, do ter, dissipou-se anos atrás. Uma sábia conclusão foi a chave que me ajudou a construir as raízes que dariam vida às realizações.

Vendo Deus como o criador de tudo o que existe, entendemos que ele se realiza na matéria. Quando Deus age e cria, demonstra sua existência. Como seria Ele sem sua criação? Deus de quê? Deus de quem? Sendo assim, por que para o próprio homem seria diferente? O homem também se realiza na matéria e deve sentir-se livre para, também, construí-la.

Por isso, quando falo de visão, falo, na verdade, de um profundo desejo de realizar por necessidade de evoluir para um patamar de desenvolvimento mais elevado. Falo das necessidades de fazer mais e de ser melhor a cada dia e, por fim, de um sentimento de extrema avidez e inquietude em não aceitar as coisas como elas parecem ser.

Esse sentimento de inconformismo só é criado quando o que é almejado se torna uma necessidade absoluta. A necessidade de transformação, respaldada pela esperança de que o futuro será diferente, é a raiz de todas as realizações e é o que não deixa o sonho morrer, impedindo as pessoas de desistirem de suas atividades, por mais desafiadoras

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que pareçam ser. A necessidade é ativada pelo instinto de sobrevivência e é ele que mantém as pessoas ativas para que não sejam aniquiladas.

O inconformismo, gerando uma necessidade absoluta, é o primeiro dos três ingredientes que dão forma à inteligência volitiva.

“Um homem não está acabado quando ele é derrotado, mas quando desiste.”

Richard Nixon Inteligência Volitiva Inconformismo gerando necessidades

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CAPÍTULO 2

A PAIXÃO PELO

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Um dia, ouvi o extraordinário Warren Buffett relatando que acreditava que são dados a todos bilhetes da sorte. Segundo ele, o dele foi ter nascido em um país fantástico. No meu caso, um dos bilhetes da sorte que recebi foi ter encontrado em meu caminho pessoas fabulosas que, de alguma forma, influenciaram-me, mostrando-me a vida tal qual a percebo hoje. Alguns eu não conheci pessoalmente, mas regozijei-me ao me deparar com suas reflexões perpetuadas em livros extraordinários. Outros tive o prazer de encontrar e, entre eles, está Cesar Falcão. Apesar de não termos nos encontrado tantas vezes assim, “Se eu pudesse dar um único conselho aos mais jovens seria:

busque dedicar-se àquilo pelo que você sente paixão. Fazer aquilo que não se gosta é mais ou menos como deixar

o sexo para a velhice. Não me parece fazer sentido.” Warren Buffett

A PAIXÃO PELO QUE SE FAZ

CAPÍTULO 2

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A paixão pelo que se faz

sei que poucos tiveram tanta influência sobre mim quanto Cesar – um ser humano que dissemina sabedoria por onde quer que passe. Ele, tal qual o vejo à luz de nossos encontros, é um homem que vive à busca da própria evolução, decididamente exercitando a humildade, não fazendo a menor questão de reconhecimentos públicos. É um desses empreendedores que se deleita com o fato de poder transformar a vida das pessoas e organizações e de contribuir com o conhecimento e sabedoria acumulados ao longo de décadas, com as experiências vividas ao redor de todo o mundo, nas mais variadas áreas de conhecimento. Para ele, a transformação basta. A Cesar sou grato por ter aprendido a viver mais conectado à ótica do homem integral.

Entender os conceitos do homem integral permitiu-me viver de forma mais equilibrada, autônoma, e iluminou os caminhos que eu deveria percorrer para ser mais completo, mais livre e mais feliz, tanto no âmbito pessoal quanto nos aspectos ligados à vida profissional. Hoje, ao ver o homem sob o conceito da integralidade, entendo-o como sendo mente, amor, matéria e espírito, e, quando penso na razão da minha existência, penso em buscar livremente a minha evolução mental, emocional, física e espiritual, pois agora sou humano e sinto que preciso desenvolver ao máximo o que sou.

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Diagrama do Homem Integral

Como sei que sou mente, busco a evolução mental e procuro melhorar cada vez mais a capacidade de decidir, de escolher, de sonhar – construindo o futuro –, de gerir, de planejar e de ser original.

Como homem, sou também amor, sei que devo, constantemente, desenvolver-me como ser social e desencadear harmonia nas minhas relações. Contribuir com o outro é a consumação de nossa capacidade de

César Falcão

MENTE

AMOR

CORPO

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A paixão pelo que se faz

amar, de cuidar, de compreender e, enfim, de viver de forma plena como seres sociais.

Sou também corpo, sou matéria, e o desenvolvimento da matéria, em todos os sentidos, é condição para a minha sobrevivência, seja a matéria, o meu próprio corpo ou objetos de que preciso para viver bem. Reconhecendo-me como corpo, dedico-me a incrementar minha capacidade de ser disciplinado, de executar bem os planos desenhados pela mente, de dedicar-me aos meus objetivos materiais de forma aguda e de desenvolver sincronia e coordenação no quer que eu faça em equipe, estabelecendo uma sinergia entre o homem-corpo e o homem-amor.

Como homem, também sou espírito, e o meu espírito é capaz de desencadear energia pura quando se encontra equilibrado. O espírito equilibrado é entusiasmo, é também inspiração. A palavra entusiasmo vem do grego enthusiasmus. En significa “dentro”, e Theos, “Deus”. Assim, a palavra entusiasmo literalmente significa “Deus no interior.” Quando falamos que executamos uma atividade com entusiasmo, realizamos essa atividade com Deus dentro de nós: uma fonte de energia inigualável.

Após ter mais intimidade com os conceitos que moldam o homem integral, dei mais um passo na compreensão de como a inteligência volitiva é edificada, ao mesmo tempo

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em que passei a observar franqueados e funcionários em suas atuações diárias. Percebi que, na maioria dos casos, quando alguém executava uma atividade que não refletia a sua integridade espiritual, o efeito gerado era absolutamente o contrário do almejado, geralmente, destrutivo e desencadeador de um sentimento de injustiça e de fracasso. Foi o que aconteceu comigo quando decidi acatar a oferta de financiamento de meu pai para abrir a minha primeira empresa. O varejo de lubrificantes nada tinha a ver com o propósito que desenhara para minha vida, e as minhas atividades diárias não refletiam de forma alguma o que eu tinha de melhor a oferecer ao mundo.

O axioma da vida é a busca por prazer. Quando sentimos satisfação no que fazemos, as descargas químicas em nosso corpo são positivas, geram prazer e, consequentemente, motivação para continuarmos com a execução da atividade com disciplina e dedicação, buscando patamares de desenvolvimento que nos aproximam da excelência. Um homem que decide viver seus dias desenvolvendo atividades que não representam a natureza de seu espírito é comumente um fracassado. A mente bloqueia qualquer realização dissonante com a vontade, e o resultado nunca pode ser positivo, porque a energia desencadeada nunca é a energia divina dentro de nós.

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Existem duas fontes de motivação. A primeira é a motivação extrínseca, que é aquela que vem do mundo exterior. Bob Knight, o legendário técnico de basquetebol universitário norte-americano, dizia que, naqueles que são bem-sucedidos, “a vontade de se preparar é maior do que a vontade de vencer”. Como se preparar bem e consistentemente quando não se gosta do que se faz? A motivação em desempenhar as atividades do dia a dia deve ser a razão de sua felicidade e não a conquista que pode ou não surgir a partir de seu desempenho. Esta é incerta e só causa frustração. Minha experiência mostrou-me que um homem cuja vida desenvolveu-se sob os conceitos do homem integral tem mais condições de desempenhar bem uma atividade do que um com um espírito contorcido, falso, que não carrega a essência do divino. Viver em consonância com o prazer da própria realização é uma estupenda fonte de renovação energética.

A minha experiência também me mostrou que um indivíduo que executa uma atividade com entusiasmo, com Deus dentro dele, é capaz de transformar a realidade de uma forma, aparentemente, sobre-humana. Quando a atividade é consonante com a razão de ser do indivíduo, uma quantidade de energia absolutamente exuberante é despejada sobre as ações executadas pelo “Homem-Corpo” e sobre as relações estabelecidas sobre o “Homem-Amor”.

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A única certeza que tenho sobre o futuro é a de que quem não é cúmplice de seu espírito está fadado ao fracasso. Um concorrente com um espírito genuíno, executando atividades de forma simples, mas, com extrema autenticidade, provavelmente, conquistará um posição muito mais confortável e triunfante e, acima de qualquer coisa, terá vivido a real razão da existência humana, que é a felicidade.

Ao experimentar uma vida em cumplicidade com o seu espírito, você perceberá que o seu estado de alerta atingirá um nível excepcionalmente fantástico, e os sentimentos mais profundos serão ativados em cada momento em que se dedicar à execução da missão que lhe foi atribuída. Por isso, viver de modo que respalde a sua razão de ser o manterá consistentemente ativo e em estado de desenvolvimento contínuo. Ao dedicar o seu presente à sua paixão, a sua inteligência volitiva estará muito mais próxima de ser desenvolvida e abrir-se-á espaço, consequentemente, para que as inteligências racional e emocional fluam juntamente com um comportamento realizador.

Quando você exercita uma mente livre, que funciona de maneira autônoma, ela decide-se por desencadear ações consonantes com o que você realmente é, e a sua essência emerge, assumindo um papel social positivo,

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maravilhando e contagiando àqueles que o cercam de uma forma magnífica.

Ao longo de minha experiência como empresário, convivi com outros profissionais, incluindo donos de negócios, cujas mentes eram completamente inexoráveis em relação a decidir-se com autonomia em favor de um espírito desimpedido e que pudesse gozar de liberdade. Para eles, as trilhas que levavam à mudança eram praticamente impossíveis de ser desvendadas e a adaptação ao que os outros desejavam ou aos previsíveis “scripts” de vida parecia ser inevitável. Um erro fatal! A decisão pela integridade do espírito teria sido muito mais sábia e frutífera. Só ela pode levar qualquer um ao sucesso no que quer que faça. Só a execução de atividades que desencadeiam prazer é capaz de fomentar realizações vencedoras a longo prazo.

Algumas vezes, cometi o erro de aceitar como franqueados e colaboradores pessoas que não demonstravam a devida paixão pelas atividades que estavam prestes a executar em suas respectivas rotinas de trabalho. Decisões desafortunadas como essa, invariavelmente, retardaram meu crescimento. Hoje, ajo com extremo cuidado quando seleciono alguém que se juntará a mim na realização da missão de minha companhia. Como Carl Rogers dizia, “os fatos são amigos”, e acobertá-los nunca é frutífero. Em alguns momentos, de forma aparentemente cômoda,

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tendi a concluir que bastava treinar e apoiar o novo parceiro ajudando-o a adaptar-se, mesmo quando existia a evidência de distorção espiritual, que os resultados seriam positivos. Na verdade, essa era uma grande ilusão que, de forma avassaladora, contrapunha-se à minha necessidade de grandes realizações. Contorcer o espírito de alguém para que execute um papel qualquer é um erro fatal de escolha que, indubitavelmente, acaba nos levando à derrocada.

Por outro lado, quando passei a recrutar somente franqueados ou colaboradores que eram apaixonados pelo que faziam, um nível extraordinário de energia passou a ser desencadeado, e a busca pela excelência tornou-se evidente, o que fez com que a eficácia se sobrepusesse e os ‘‘gargalos” fossem mais facilmente eliminados. Crescer passou a ser a consequência de um dia normal de trabalho. Comecei a perceber que a realização se consumava quando as pessoas gostavam do processo e não somente do resultado.

Percebi que o inconformismo, gerando necessidades, não se mostrava suficiente para a formação de um espírito realizador. Aqueles que carregavam um sentimento de inconformismo devido às respectivas circunstâncias em que viviam, demonstrando um profundo desejo por mudá-las, mas que, ao mesmo tempo, passavam os dias se dedicando às rotinas que liberavam um sentimento íntimo

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A paixão pelo que se faz

de dor, não conseguiam ter consistência no que faziam e, geralmente, não tinham sucesso em suas tentativas de assumir um comportamento realizador. Para eles, o abandono da busca de um fim glorioso era inevitável em algum momento da trajetória.

A inteligência volitiva só se desenvolve, quando, além de se ser inconformado com a situação presente, se é também apaixonado pelas atividades rotineiras. Ser apaixonado pelas ações do dia a dia e pelo propósito dessas ações é o segundo instrumento que orbita a construção da inteligência volitiva.

“Sem paixão você não tem energia, e sem energia, você não tem nada.”

Inteligência Volitiva Inconformismo gerando necessidades Paixão pelo que se faz (razão de ser)

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Iniciativa - O início da ação

CAPÍTULO 3

INICIATIVA

O INÍCIO DA AÇÃO

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Inteligência Volitiva

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Nada mais notório do que um homem de ação. A diferença entre o real e o sonho está na capacidade de agir do ser humano. Quando ele entende que nada mais importa senão aquilo que pode ser realizado agora, no momento presente, o “impossível” começa a ser construído e o sucesso a ser conectado.

Foi crucial tornar-me consciente de que só o que eu realizo hoje importa, pois só o tempo presente muda o futuro. Por isso, eu me fiz agindo. Ao longo do meu desenvolvimento, no processo de desvendar quem eu

“Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito,

e não em ter condições de êxito. Condições de palácio têm qualquer terra larga, mas onde estará o palácio

se não o fizerem ali?” Fernando Pessoa

INICIATIVA - O INÍCIO DA AÇÃO

CAPÍTULO 3

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Iniciativa - O início da ação

realmente era, encontrei serenidade e aceitei-me. Foi nesse momento que descobri que os pensamentos e críticas do outro não mais me paralisavam. Quando essa consciência se apoderou de mim, um espírito realizador passou a comandar os meus atos, e o medo de um resultado negativo se esfacelou. Agir passou a ser um evento trivial. Os paradigmas começaram a ser quebrados e um novo modelo emergiu por meio de minhas ações para transformar o meu mundo naquilo que eu desejava. Foi quando eu aprendi que um homem comum pode realizar coisas extraordinárias.

O estadista e primeiro ministro francês, Georges Clemmanceau, no início do século XX, , dizia que “um homem que tem de ser convencido a agir antes de agir não é um homem de ação. Você precisa agir ao mesmo tempo em que respira”. O meu respeito pela ação é tão grande que me leva, todo o tempo, a observar todos ao meu redor na tentativa de entender um pouco mais sobre a forma que cada um lida com a necessidade de agir. Analiso a capacidade humana de entrar em ação nas mais variadas circunstâncias, incluindo momentos em que uma ação simples é requisitada – por exemplo, quando estou na posição de cliente em uma loja qualquer – e outros em que ela requer decisões complexas e coragem. Por vender franquias, tive a oportunidade de encontrar

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oportunidades de investimento por meses e, em alguns casos, até anos, e eram bem preparados tecnicamente para ter um negócio próprio. Tenho a certeza de que venceriam como empresários se eles se permitissem se jogar no processo de viver verdadeiramente uma vida voltada para a realização. Entre eles, ao longo de minha jornada, deparei-me com gente extremamente culta, que trabalhava em grandes corporações. Frequentemente, eu os pegava reclamando de seus subordinados, de seus chefes e do estilo de vida que o mundo seletista normalmente oferece. Em algumas oportunidades, eu os ouvia falando sobre as várias ideias que tinham. Era fácil perceber que algumas delas eram magníficas e, se realizadas, contribuiriam de forma significativa para a vida das pessoas. Muitos me diziam que queriam mudar de vida e ter o próprio negócio, mas, tudo isso, no futuro. Quando penso nesses executivos, lembro-me do que meu mestre, Cesar Falcão, dizia: “se vai agir, então já deve estar agindo, porque se não está, muito provavelmente não vai”. Nessas circunstâncias é que distinguimos quem tem desejo de quem tem vontade. O grande problema com essas “mentes brilhantes” é que o futuro nunca chega, o tempo passa, elas não iniciam a ação e continuam a reclamar do que vivem no presente. O aparente brilhantismo daqueles indivíduos se ofuscava quando as realizações em torno do “querer” não se consumavam. Às vezes, a quantidade

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de dinheiro que tinham era relativamente significativa, portanto, eles aparentavam ser bem-sucedidos por essa condição financeira. Entretanto, na realidade, não se sentiam vitoriosos, por conseguinte, não o eram. O sucesso se consolida quando vivemos diariamente executando ações conectadas à realização de nossa visão. Como posso atribuir a palavra bem-sucedido a alguém que não realiza o que sempre quis? De que vale a vida se não realizo o que sou na essência ou se não vivo me transformando naquilo que tenho vontade de ser?

A minha percepção de que eles não consolidavam o sucesso parece proceder. Se eles não se sentiam bem trabalhando para outras pessoas, por que não pediam demissão e abriam o próprio negócio? O fato é que a iniciativa era neutralizada pelo medo. Não adianta ter um sonho se não há coragem para sair da inércia e agir. O comportamento empreendedor requer coragem e controle dos medos. Sem o controle dos medos não existe ação. Fico frustrado ao ver tamanha quantidade de recurso intelectual em estado vegetativo. Para mim, mentes em estado vegetativo são mentes mortas que se preocupam demasiadamente com o outro e com a derrota.

A coragem é prerrogativa de um espírito realizador. Assim, a autoconfiança é atributo de quem tem iniciativa, que é um sinal distintivo de quem age prontamente

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quando uma solução é necessária, sem se preocupar com o julgamento dos outros em relação às decisões e à forma de executá-las. O medo de sentir-se menor, menos importante, é o grande desafio para quem quer desenvolver a iniciativa. Quem tem pânico da ação, geralmente, o tem porque tende a colocar o outro como referência, em vez de ter o próprio desempenho como a marca a ser batida. É preciso aprender a aceitar-se. O medo do que o outro vai pensar pode levar à hesitação, bloqueando a capacidade de agir, de opinar, de encaminhar possíveis soluções, enfim, de dedicar-se à ação e mudar. Em contrapartida, a coragem é íntima daqueles que demonstram iniciativa em seu caráter.

O medo de “perder” abala a capacidade de agir do ser humano e o afasta de sua felicidade. O medo de iniciar a ação está relacionado ao sentimento de rejeição, ou, porque não dizer, ao medo do fracasso. Não ser amado é o primeiro pensamento que surge nas mentes da maioria dos que erram. A dependência do amor do outro parece ser vital para os que não confiam em si mesmos, valorizando-se. Em minha experiência, percebi uma característica comum entre os indivíduos com iniciativa. De maneira geral, eles apresentavam um profundo sentimento de independência em relação às observações de terceiros. O que essas pessoas efetivamente valorizavam era o que descobriam dentro de si quando se jogavam no processo da

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ação. Em vez de se preocuparem com a reação dos outros, seus pensamentos estavam focados na própria evolução. Cada ação era desencadeada com o propósito de corrigir as falhas encontradas no ciclo anterior de ações. Assim, as falhas eram observadas de forma natural e, além de identificar os pontos que deveriam ser melhorados, elas os ensinavam a ser um pouco mais psicologicamente “autossuficientes”. Mais basilar que o amor do outro era a opção pelas sensações que suas atividades traziam à tona, traduzindo a importância que atribuíam a si mesmos.

Carl Rogers escreveu: “a avaliação do outro não pode me servir de guia visto que a minha experiência é a suprema autoridade”. Quanto mais experimento e busco soluções variadas, mais aprendo que o mesmo objeto pode ser olhado por ângulos completamente diferentes e, com isso, sinto que minha capacidade intelectual é incrementada como se eu estivesse unindo realidades diferentes e construindo uma inteligência muito maior e capaz de ultrapassar obstáculos antes intransponíveis. Ao perceber que o fracasso me leva a observar o objeto sob outro prisma, mais construtivo, começo a relacionar-me com o sentimento de perda de uma forma mais enriquecedora. Por isso, aprendi a jogar-me nesse processo com todas as minhas forças para vencer, mas já sei que, mais cedo ou mais tarde, atingirei um limite de desenvolvimento, que é o máximo

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corporais e espirituais que tenho e os quais promovem a minha existência atual. Cabe a mim rearranjar esses recursos para que estabeleça novos limites e volte a evoluir. Quando encontro meus limites, sei que algumas batalhas serão perdidas, mas sei também que são só batalhas e que triunfarei na guerra da vida. Uma guerra que travo comigo mesmo para que eu seja sempre melhor. Sem a experiência da derrota, o paradigma anterior prevalece e os resultados anteriores se perpetuam, impedindo a inovação e a minha evolução. Os que carregam o espírito empreendedor já aprenderam que é primordial olhar a derrota como parte de um processo de construção de um novo túnel de realidade e de uma inteligência superior. A derrota, que pode inclusive nos arremessar eventualmente para a solidão, é uma tormenta psicológica terrível, mas, ao mesmo tempo, compele-nos a olhar o nosso interior em busca da renovação, do entusiasmo, de mais energia, ou seja, de Deus dentro de nós, instigando-nos a inovar, a nos transformar e a progredir de forma contínua. Para o verdadeiro empreendedor, o que importa é ser melhor hoje do que foi ontem. As dores da rejeição, o orgulho, a vaidade, enfim, os sentimentos negativos que acorrentam a nossa capacidade de realizar, passam a ser pequenos demais diante da grandeza da realização de um potencial. Aqueles que mais se expõem tendem a ser os que mais erram, os mais flexíveis e, ao mesmo tempo, os que mais

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