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TRATADO DAS AÇÕES -PONTES DE MIRANDA.TOMO 4

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TRATADO DAS AÇÕES

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TOMO IV

AÇÕES CONSTITUTIVAS NEGATIVAS

Tábua sistemática das matérias

Parte III

Ações constitutivas negativas

Capítulo 1

Ação de interdição

§ 141. Interdição e levantamento da interdição.1.Processo de interdição e sentença. 2. Inquisitividade do processo. 3. Contenciosidade e voluntariedade da jurisdição

§ 142. Pedido de interdição. 1. Pedido de interdição e processo de interdição. 2. Promoção da interdição, legiti-mação ativa. 3. Procedimento para interdição. 4. Interditando e curador à lide

§ 143. Processo e sentença de interdição. 1. Perícia médico-Legal. 2. Morte do interditando. 3. Juízo, instrução do processo e julgamento. 4. Juiz e laudo. 5. Decretação de interdição e nomeação de curador. 6. Exame pessoal pelo juiz. 7. Competência judicial. 8. Correção à impropriedade de linguagem. 9. Eficácia da sentença de interdição. 10. Recurso que se interpõe da sentença de interdição. 11. Ministério Público e legitimação recursal

§ 144. Levantamento de interdição. 1. Pressupostos do levantamento. 2. Legitimação ativa do interditado e do Ministério Público. 3. Regra jurídica geral sobre legitimação ativa. 4. Particularidade da ação de levantamento. 5. Eficácia de coisa julgada formal. 6. Regra jurídica de competência pela conexão. 7. Recaída após o levantamento da interdição. 8. Coisa julgada formal e sentença

§ 145. Interdição dos surdos-mudos. 1. Surdos-mudos,interdição. 2. Levantamento da interdição

§ 146. Interdição dos pródigos. 1. Definição. 2. Doentes. 3. Síndrome. 4. Prodigalidade agravada. 5. Pródigo, parte na ação. 6. Regras jurídicas comuns sobre a interdição. 7. Curatela

Capítulo II

Ações de invalidade

§ 147. Pressupostos de validade do negócio jurídico e de atos jurídicos “stricto sensu”. 1. Validade e eficácia. 2. Pressupostos de validade. 3. Viciosidade. 4. Confusões de alguns juristas

§ 148. Existência, validade, invalidade e eficácia. 1.Existir e valer. 2. Valer e ser eficaz

§ 149. Nulidade e anulabilidade. 1. Problema liminar de ser ou não-ser. 2. Formalismo romano e conceito de nullus”. 3. Dois sentidos, de nullus” e de nulo”. 4. Direito comum. 5. Concepção hodierna. 6. Soluções técnicas quanto ao conceito de nulo. 7. Precisão conceptual indispensável aos sistemas jurídicos. 8. Manifestações tidas como não-escritas

§ 150. Limites entre o existente e o não-existente. 1.Problemas de técnica jurídica legislativa. 2. Validade e eficácia, erro grave nas confusões de conceitos

§ 151. Validade e não-validade. 1. Invalidade e ineficácia. 2. Resistência ao exato conceito de ato jurídico nulo; precisão de conceitos. 3. Conceito de nulidade e caracteres do ato jurídico nulo. 4. Eliminação necessária da confusão entre a inexistência e a invalidade. 5. Confusão entre nulidade e alguns caracteres do nulo. 6.

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Exis-tência e nulidade, quanto a defeito de forma

§ 152. Nulidade, ineficácia e pendência. 1. Não-consistência entre a classe dos atos jurídicos ineficazes e a dos atos jurídicos nulos. 2. Pendência e nulidade

§ 153. Nulidade e anulabilidade. 1. Invalidade passa-se no mundo jurídico. 2. Nulo e anulável. 3. Inconvalidabilidade da nulidade. 4. Conceito de anulabilidade

§ 154. Nulidades ditas absoluta e relativa. 1. Crítica ás duas expressões. 2. Outros sentidos das expressões.3. Decisões sobre invalidade

§ 155. Conceito preciso de anulabilidade. 1. Precisão do conceito. 2. Nulo e anulável. 3. Eficácia interimística do anulável. 4. Plano da validade. 5. Vantagem técnica.

§ 156. Eficácia do anulável. 1. Eficácia e invalidade. 2. Ataque à eficácia do ato jurídico anulável. 3. Princípio da eventualidade, quanto ás alegações de inexistência, nulidade e anulabilidade. 4. Concorrência cumulativa de alegações. 5. O que se ataca com a ação de nulidade ou com a ação de anulação

§ 157. Decretação, de ofício, da nulidade, e irratificabilidade. 1. Conteúdo da regra jurídica sobre decretabili-dade de ofício. 2. Insupribilidecretabili-dade, irratificabilidecretabili-dade

§ 158. Insanabilidade do nulo. 1. Validação e insanabilidade. 2. Pseudo-sanações do nulo. 3. Direito romano e sanação. 4. Significação histórica do prazo preclusivo em se tratando de nulidade de casamento. 5. Negócio jurídico referente a ato jurídico nulo. 6. Ato constitutivo negativo para desconstituição do ato jurídico nulo § 159. Nulidade ou anulabilidade total e nulidade ou anulabilidade parcial. 1. O que a nulidade atinge. 2. Nulidade total. 3. Conceito de nulidade parcial. 4.Direito romano e Direito contemporâneo.5.Separabilidade das partes

§ 160. Desconstituição por validade. 1. Desconstituição, e não declaração, do ato jurídico nulo ou anulável. 2. Nulidade e anulabilidade. 3. Ordem das questões perante a Justiça e pela Justiça. 4. Ação para se desconstituir § 161. Alegação de não-validade. 1. “Ação” para a desconstituição do ato jurídico nulo, regra jurídica excep-cional. 2. Permissão e dever de decretar de ofício a nulidade. 3. Alegação incidental do nulo. 4. Direito judiciário ou Direito administrativo. 5. Instrumentação pelo oficial público

§ 162. Invalidades concorrentes. 1. Concorrência de nulidades ou anulabilidades, ou de nulidades e anulabili-dades. 2. Ordem das questões. 3. Ação revocatória falencial

§ 163. Desconstituição do ato jurídico nulo. 1. Alegação da nulidade. 2. Alegações e princípio da eventuali-dade. 3. Tempo para a alegação da nulieventuali-dade. 4.Transferência da ação. 5. Quem pode alegar a nulidade

§ 164. Invocação pelo causador da nulidade. 1. Decretação por invocação do causador. 2. Interesse na decre-tação

§ 165. Eficácia da sentença que decreta a nulidade. 1.Força e eficácia. 2. Desconstituição

§ 166. Construção da anulabilidade. 1. Situação do anulável entre o nulo e o válido. 2. Não há invalidade superveniente. 3. Conseqüências da anulação. 4. Efeitos pessoais e conseqüências da anulação. 5. Direito de re-tenção e anulação. 6. Anulação e direitos formativos

§ 167. Causas de anulabilidade. 1. Defeitos, inclusive vícios. 2. Mínimo de vontade. 3. Atos jurídicos “stricto sensu” § 168. Ação de anulação. 1. Decretação de nulidade e decretação de anulação. 2. Cessão de direitos e de pre tensões § 169. Legitimação ativa nas ações de anulação. 1.Sujeitos ativos da ação de anulação. 2. Conteúdo da regra jurídica sobre a alegabilidade. 3. Exceções à regra juridica sobre alegabilidade. 4. Direito hereditário.5. Cessão

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de direitos e assunção de divida

§ 170. Legitimação passiva das ações de anulação por defeito de vontade. 1. Sujeito passivo da pretensão anulatória. 2. Negócios jurídicos unilaterais

§ 171. Extinção da anulabilidade. 1. Anulabilidade extingue-se; nulidade, não. 2. Relativamente incapazes e in-validade. 3. Assentimento a ato de outrem

§ 172. Ratificação. 1 . Conceito. 2. Sentidos

§ 173. Natureza jurídica da ratificação. 1. Ratificação, negócio jurídico- 2. Ratificação em sentido estrito. 3. Plano da existência e plano da validade. 4. Manifestação de vontade ratificante. 5. Ratificação tácita e conhecimento dos fatos causadores da anulabilidade

§ 174. Agente ratificante. 1. Faculdade de ratificar. 2. Pluralidade de titulares. 3. Atos jurídicos ratificáveis. § 175. Eficácia da ratificação. 1. Retroeficácia. 2. Validação ab initio”

§ 176. Prescrição das ações de anulação, 1. Interesse privado e anulabilidade. 2. “Quae ad agendum sunt tem-poraria, ad excipiendum sunt perpetua”. 3. Renúncia à prescrição

§ 177. Eficácia da sentença anulatória. 1. Eficácia constitutiva negativa. 2. Restituição em virtude da anulação. 3. Efeitos anteriores à anulação. 4. Cumulação. 5. Transmissão da propriedade. 6. conseqüências da anulação. 7. Anulação de parte do ato jurídico. 8. Direito ao interesse negativo. 9. Ações que a sentença de anulação pré-exclui. 10. Impossibilitação do restabelecimento da situação anterior. 11. Definitividade da anulação. 12. Anulação e interesses de terceiro.13. Conteúdo da regra jurídica sobre restituição e de outras regras jurídicas. 14. “Actio iudicati”

§ 178. Casamento e ações constitutivas. 1. Nulidade e anulabilidade. 2. Anulabilidades. 3. Ações constitutivas negativas. 4. Litispendência. 5. Declaratividade e constitutividade sentenciais. 6. Separação judicial. 7. Divórcio.

§ 179. Invalidade das regras jurídicas. 1. Regras jurídicas, existência e validade. 2. Fontes das regras jurídicas.

Capítulo III

Ação de desconstituição de instituição do bem de família e ação de cancelamento do registro

§ 180. Conceito e pressupostos, 1. Conceito. 2. Pressupostos. 3. Circunstâncias posteriores. 4. Ato de insti-tuição. 5. Ato jurídico, a causa de morte, e pré-contrato ou promessa unilateral de contratar. 6. Procedimento edital. 7. Publicação antes do registro. 8. Competência do oficial do registro. 9. Resumo da escritura § 181. Direito de reclamação. 1. Reclamação do interessado. 2. Eficácia real. 3. Nem transcrição nem inscrição. 4. Registro. 5. Reclamação e suspensão do registro. 6. Registro a despeito da reclamação. 7. Natureza da decisão do juiz. 8. Registro contendo o despacho. 9. Cancelamento do registro. 10. Instituição embutida em regra jurídica de transmissão

Capítulo IV

Ação de nulidade de patente de invenção e de modelo industrial, e de registro de desenho industrial e de marca

§ 182. Patente de invenção, 1. Privilégio de patente de invenção. 2. Nulidade. 3. Natureza da invalidade. 4. Nulidade parcial. 5. Causas de nulidade. 6. Legitimação ativa à ação de nulidade. 7. Audiência do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, 8. Competência e rito. 9. “Exceptio pacti’. 10. Sentença e coisa julgada

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§ 183. Desenhos industriais e marcas. 1. Natureza da ação de nulidade. 2. Nulidade do registro. 3. Convales-cença. 4. Legitimação subjetiva para as ações de nulidade. 5. Competência e recursos. 6. Eficácia da sentença de nulidade. 7. Cumulação das ações de nulidade e de indenização

§ 184. Legitimação ativa. 1. Especialidade do processo. 2. Legitimação ativa. 3. Objeto da patente, pré-exclusões. 4. Interesse e prejuízo. 5. Capacidade de ser parte e interesse. 6. União, litisconsorte. 7. Litisconsór-cio e assistência. 8. Acordo. 9. Assistência pelos Procuradores da República

§ 185. Suspensão da eficácia da patente e do registro. 1. Suspensão dos efeitos da concessão. 2. Defeito da lei, correção “de iure condito”

§ 186. Ação de nulidade de marcas. 1. Ações de nulidade, 2. Função do Ministério Público § 187. Procedimento. 1. Rito processual ordinário.2. Competência, no caso de cumulação.

Capítulo V

Ação de denúncia

§ 188. Conceito de denúncia. 1. Precauções de método. 2. “Competiu”, dies” e denúncia. 3. Denúncia e exigibilidade

§ 189. Pressupostos. 1. Aformabilidade da denúncia.2.Interesse dos figurantes. § 190. Mora e denúncia. 1, Denúncia e prazo para prestar. 2. Dois ou mais créditos § 191. Espécies de denúncia. 1. Duas espécies. 2. Conceitos § 192. Denúncia e renúncia. 1’ Denúncia e disposição. 2.Problema terminológico

§ 193. Denúncia, resolução e resilição. 1. Desconstituição e eficácia. 2. Eficácia. 3. Precisões conceptuais. 4. Relação jurídica e denúncia. 5. Eficácia “ex nunc” da denúncia. 6. Começo da eficácia

§ 194. Ação e procedimento. 1. Ação de denúncia. 2.Negócios jurídicos pendente a lide. 3. Atos processuais

Capítulo VI

Ação de redibição e ação “quanti minoris”

§ 195, Conceito e natureza dos vícios redibitórios. 1. Vícios redibitórios. 2. Antes da entrega e depois da entrega. 3. Direito romano e direito grego. 4. Momento em que se aprecia o vicio do objeto. 5. “Contratos comutativos’ e responsabilidade por vícios do objeto. 6. Conhecimento pelo adquirente do bem. 7. Prazo pre-clusivo

§ 196. Anulabilidade e vícios redibitórios. 1. Redibir e anular. 2. Crítica e solução

§ 197. Duas pretensões em alternatividade. 1. Direito ao objeto e pretensões por vicio do objeto. 2. Alternativi-dade. 3. Vícios do objeto sucessivos

§ 198. Nascimento e extinção da pretensão à responsabilidade por vício do objeto. 1. Nascimento da pretensão. 2. Vicio do objeto ou defeito “stricto sensu e falta de qualidade. 3. Ignorância do vício do objeto pelo outorgado. 4. Anulação e redibição. 5. Pré-exclusão do nascimento da pretensão. 6. Renúncia à pretensão à responsabilidade por defeito do objeto. 7. Extinção da pretensão por fato de silêncio. 8. Natureza e pressupostos da “reserva” ou “ressalva”. 9. Preclusão.10. Satisfação da pretensão à responsabilidade pelo vício do objeto § 199. Dívidas e bens genéricos. 1. Gênero e espécie. 2. Pretensão ao adimplemento. 3. Vício do objeto nas

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prestações de bens genéricos ou subgenéricos. 4. Indenização de danos

§ 200. Pretensão a redibição. 1. Nascimento da pretensão à redibição. 2. Como se opera a redibição. 3. Plu-ralidade de bens e vicio do objeto. 4. Responsabilização e liquidação da redibição. 5. Pressupostos das preten-sões nascidas da redibição. 6. Pluralidade de outorgados e pluralidade de outorgantes

§ 201. Pretensão á diminuição do quanto contraprestado. 1. Pressupostos. 2. Exercício da pretensão à diminuição da contraprestação. 3. Pluralidade de outorgados e pluralidade de outorgantes. 4. Como se opera a minoração da contraprestação

§ 202. Vendas em hasta pública. 1. Pré-exclusão da ação. 2. Abrangência

§ 203. Pretensão á responsabilidade por vícios do objeto e outras pretensões. 1. Precisões. 2. Pretensão de indenização por inadimplemento e pretensão à responsabilidade por vícios do objeto. 3. Exercício da pretensão por vício do objeto antes da tradição. 4. Pretensão à anulação por erro e pretensão à redibição ou redução. 5. Pretensão à anuiação por dolo e pretensão à redibição ou redução. 6. Qualidade assegurada.7.Dolo do outorgante

§ 204. Se existe, no direito brasileiro, a exceção de vício do objeto. 1. Comunicação da existência do vício do objeto. 2. Exceção de redução da contraprestação. 3.Exceção de redibição

Capítulo VII

Ação de extinção de usufruto

§ 205. Desconstitutividade em se tratando de usufruto. 1. Extinção de usufruto. 2. Constitutividade

§ 206. Eficácia sentencial. 1. Coisa julgada. 2. Exame dos efeitos.

Capítulo VIII

Ações revocatórias

§ 207. Conceito de revogação. 1. Vinculação e eficácia mínima. 2. Vinculabilidade. 3. Vinculação e revogação. 4. Natureza da revogação. 5. Princípio da irrevogabilidade. 6. Precisões. 7. Técnica legislativa e revogação. 8. Revogação livre e revogação dependente. 9. Doação e revogação. 10. Ação revocatória falencial

§ 208. Ação de anulação por fraude e revocatório falencial. 1. Caráter da ação de anulação. 2. Objeto da

ação de anulação. 3. Eficácia da ação anulatória. 4. Ação anulatória e ação revocatória. 5. Autor. 6.Réus. 7. Processualística. 8. Ônus da prova. 9. Ação declarativa de ineficácia

§ 209. Ação revocatória falencial. 1. Natureza da ação. 2. Pressupostos da ação. 3. Fundamento da ação. 4. Sentença anterior sobre o ato jurídico. 5. Hipoteca judiciária. 6. Exceção e réplica revocatórias. 7. Anulação e revogação; ação e exceção

§ 210. Extinção e prescrição da ação de anulação. 1.Direito romano. 2. Direito brasileiro

§ 211. Anulação de negócios jurídicos onerosos do insolvente, ciente o outro figurante, e enriquecimento

in-justificado. 1. Direito romano. 2. Direito brasileiro

§ 212. Ações cautelares. 1. Para prevenir atos do adquirente ou beneficiado. 2. Se há medida cautelar antes do ato fraudulento

§ 213. Eficácia das sentenças na ação de anulação. 1.Natureza das sentenças anulatórias. 2. Destino do valor restituído. 3. Frutos. 4. Danos ao réu

§ 214. Eficácia da sentença na ação revocatória falencial. 1. Força constitutiva negativa. 2. Eficácia executiva mediata

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even-tual do dano. 4. Coisa julgada. 5. Registro e cancelamento

Capítulo IX

Ação revocatória falencial

§ 216. Conceito e natureza. 1. Dados históricos.2. Conceito e pressupostos. 3. Intenção de prejudicar credores. 4. Restituição

§ 217. Legitimação ativa. 1. Síndico. 2. Credor

§ 218. Pressupostos da ação revocatória falencial. 1.“Animus nocendi”. 2. Simulação. 3. Fraude contra credores. 4. Assuntos estranhos

§ 219. Procedimento. 1. Pedido em processo próprio, procedimento em impugnação, ou em contestação, ou em objeção, ou em embargos de executado ou de terceiro. 2. Rito ordinário

§ 220. Propositura da ação revocatória falencial. 1. Legitimação ativa. 2. Legitimação passiva. 3. Com-petência. 4. Prazo preclusivo. 5. Seqüestro em caso de ação declarativa de ineficácia relativa e seqüestro em caso de ação de revogação falencial

§ 221. Ineficacização de decisão transita em julgado. 1.Posição do problema. 2. Sentenças pretensamente atingidas

§ 222. Restituição dos bens. 1. Conseqüências da declaração de ineficácia relativa ou da revogação.2.Acessões e frutos

§ 223. Conclusões. 1. Duas ações com fim idêntico. 2. Defeitos das doutrinas. 3. Estado e as ações de ineficácia relativa e de ineficacização. 4. Concurso de credores civil e a ação de ineficácia relativa

Capítulo X

Ação revocatória de doação

§ 224. Revogação por ingratidão. 1. “Evocatio”. 2. Causas de revogabilidade por ingratidão. 3. Atentado contra a vida do doador. 4. Ofensa física ou psíquica. 5. Injúria grave ou calúnia. 6. Recusa de alimentos necessários ao doador. 7. Perdão e renúncia. 8. Revogação e direitos de terceiros. 9. Ação de revogação

§ 225. Casos de irrevogabilidade por ingratidão.1. Doações especiais. 2. Doações remuneratórias. 3. Encargos do donatário. 4. Doações em adimplemento de obrigações naturais e doações por dever moral. 5.Doação para casamento. 6. Eficácia da revogação

Capítulo XI

Ação de revogação dos poderes de administração pelo comuneiro

§ 226. Administração do bem comum. 1. Administração comum. 2. Administração sem explícita deliberação. 3. Escolha

§ 227. Deveres, função e permanência. 1. Deveres e obrigações do administrador. 2. Ato de administração.3. Maioria

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Capítulo XII

Ação de separação consensual e ação de separação litigiosa

§ 228. Separação judicial em geral. 1. Conceito de separação judicial e pressuposto de existência do casamento. 2. Ação e sentença de separação judicial e pedido de decretação de nulidade ou anulação do casamento. 3. Espécies de separação judicial. 4. Pressupostos da separação consensual. 5. Petição de separação consensual. 6. Acordo sobre a guarda dos filhos. 7. Criação e educação dos filhos. 8. Pensão alimentícia entre os cônjuges. 9. Ação de modificação.10.Exigência do reconhecimento da firma. 11. Acordo sobre a partilha dos bens. 12. Partilha em execução da sentença de separação judicial. 13. Partilha inclusa no acordo inicial. 14. Audiência dos cônjuges. 15. Ratificação ou retratação. 16. Desistência

§ 229. Recurso e coisa julgada. 1. Recurso. 2. Cessação dos direitos da sociedade conjugal. 3. Retratação bilateral. 4. Morte do cônjuge

§ 230. Homologação definitiva. 1. Eficácia da sentença que homologa a separação judicial. 2. Guarda dos filhos, criação e educação

§ 231. Reconciliação e eficácia. 1. Reconciliação dos cônjuges. 2. Processo e sentença. 3. Morte, antes do trânsito em julgado da sentença. 4. Separação litigiosa, pedido após o pedido de separação consensual § 232. Ações de separação judicial e sentença.1.Separação litigiosa e separação consensual. 2. Sentença na ação de separação consensual

§ 233. Reconciliação. 1. Conceito. 2. Eficácia

Capítulo XIII

Ação de desapropriação

§ 234. Conceito e natureza da ação de desapropriação. 1. Conceito. 2. Espécies

§ 235. Pressupostos da pretensão e da ação. 1. Necessidade pública, utilidade pública e interesse social.

2. Natureza da regra jurídica sobre desapropriação.3. Competência sobre desapropriação. 4. Apreciação judicial. 5. Ato desapropriativo. 6. Bens desapropriáveis. .

§ 236. Pressupostos processuais. 1. Declaração de desapropriação. 2. Direitos atingíveis. 3. Prazo legal. 4. Indenização. 5. Indenização, registro e mudança de figurantes. 6. Qualificação do demandado. 7. Renúncia à declaração de desapropriação. 8. Acordo. 9. Custas. .

§ 237. Justiça e execução. 1. Petição inicial. 2. Valor do bem. 3. Mandado de imissão na posse. 4. Ato desa-propriativo

Capítulo XIV

Ação popular

§ 238. Fontes e conceito. 1. Fontes. 2. Ação desconstitutiva dos atos lesivos ao patrimônio público ou de enti-dade de que o Estado participe, à moralienti-dade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural

§ 239. Natureza da ação e legitimação ativa. 1. Ação popular. 2. Titulares sucessivos. 3. Pressupostos objetivos da ação popular

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Capítulo XV

Ação rescisória de sentença e outras decisões

§ 240. Conceito e natureza da ação rescisória. 1. Julgamento de julgamento. 2. Pressupostos objetivos da ação rescisória. 3. Ação contra a coisa julgada formal.4. Rescindibilidade e ineficácia. 5. Ação e recurso; ação rescisória de sentença e ação de revisão criminal. 6. Legitimação ativa e legitimação passiva

§ 241. Fundamentos para o pedido de rescisão. 1. Distinções. 2. Eficácia das sentenças rescindíveis. 3. Prevaricação, concussão ou corrupção do juiz. 4. Impedimento do juiz prolator da sentença. 5. Incompetência absoluta do juízo. 6. Dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida. 7. Ofensa à coisa julgada.8. Infração do direito objetivo. 9. Falsidade da prova. 10. Obtenção de documento novo. 11. Invalidade de comissão, de desistência, ou de transação. 12. Erro de fato. 13. Rescindibilidade de sentenças e de acórdãos. 14. Sentença estrangeira e homologação de sentença estrangeira. 15. Prazo para a propositura da ação rescisória de sentença. 16. Influência da coisa julgada na decisão de outra ação. 17. Embargos de terceiro e rescisão. 18. Rescindibilidade total e rescindibilidade parcial. 19. Ação rescisória de sentença proferida em ação rescisória. 20. Direito em tese e ação rescisória de sentença rescisória. 21. Rescisão de atos judiciais que não dependem de sentença ou que essa seja meramente Homologatória. 22. Eficácia sentencial

Capítulo XVI

Ação de revisão de sentença criminal § 242. Dado histórico e natureza da ação. 1. Dado histórico. 2. Natureza da ação

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Parte III

Ações constitutivas negativas

Capítulo 1

Ação de interdição

§ 141. Interdição e levantamento da interdição

1. Processo de interdição e sentença. A ação de interdição do incapaz é ação com efeito eventual no passado, ex tunc, mas ação e sentença de sua natureza constitutiva, e não declarativa, como erradamente se usa construir. Todas as incapacidades, exceto a resultante da idade (porque nasce com o homem e se extingue com o advento do dia certo, ou em virtude de ato de outrem, suplementando a idade), exigem decisão judicial. O louco, para ser louco, prescinde de ato judicial; e o surdo-mudo. Mas a interdição só existe se houve a decisão do juiz. Quanto à ação de interdição, surge o problema de se tratar de ação constitutiva negativa, ou de ação constitutiva positiva, ou de ação declarativa. O elemento declarativo é alto, porém não preponderante. O estado da pessoa é declarado e o que se constitui é a incapacitação. O argumento de que pode haver eficácia retroativa, o que imporia a classificação da ação como declarativa, não bastaria. Nulidades decretam-se, com efeitos ex tunc, sem que se haja de considerar declarativa a ação. A ação de interdição desconstitui: se há retroeficácia da sentença, a razão está em que se teve de acolher enunciado de fato, relativo ao início da causa. Dá-se o mesmo se propõe ação de nulidade por ser absolutamente incapaz, mas ainda não interditado, quem figurou em ato jurídico.

O assunto tem sido descurado. A natureza das ações de interdição de modo nenhum se confunde com a natureza das ações de paternidade ou filiação, inclusive quando se discute a maioridade ou a existência do pátrio poder. Algumas delas são declarativas; as de interdição, não. As decisões, naquelas, têm força de coisa julgada material; nessas, constitutiva. O que fez a confusão foi a eficácia ex tunc, aliás eficácia restrita ás sentenças nas ações de interdição por loucura e surdo-mudez. Uma das conseqüências de tal pensamento é que se não permite a ação declarativa típica, porém cabe, em ação ou em defesa, a alegação da loucura ou da surdo-mudez, própria ou de outrem, com efeito declarativo da sentença que julga essa questão prejudicial (e. g., exceção de direito material de incapacidade do contraente). Existe elemento declarativo na sentença, porém não é preponderante; o constitutivo, sim. A ação e a sentença de interdição têm por fito organizar a defesa do incapaz e assegurar a eficácia erga omnes. Quando o juiz deixa preciso, na sentença, o tempo em que começou a incapacidade, o efeito declarativo de modo nenhum é inerente á sentença de interdição (pode omiti-lo, como é freqüente); é o efeito declarativo da parte da sentença que a essa data se refere, tanto assim que pode esbarrar com a coisa julgada material de alguma sentença anterior em ação diferente ou sobre alegação. ou defesa, com elemento declarativo. A sentença de interdição, essa, é constitutiva, quer se trate de interdição por incapacidade absoluta, quer se trate de interdição por incapacidade relativa. Prática judiciária de dezesseis anos e investigação de mais de um quartel de século posteriores à 1ª edição do nosso Direito de Família (435 e 436), levaram-nos a essa distinção, de conseqüências, teóricas e práticas, relevantes. O efeito declarativo ex tunc não seria erga omnes. A sentença de interdição adquire essa eficácia. (Sobre tratar-se de sentença constitutiva — Konrad Hellwig, Lehrbuch des deu tschen Zivilprozessrechts, 1, 52).

A sentença de interdição exclui qualquer outra demanda de interdição ex eadem causa, não porque tenha força de coisa julgada material, e sim porque, sendo constitutiva, importaria reconstituir o constituído (bis in idem). O levantamento da interdição não importa, como se tem pretendido, quebra da coisa julgada material, e sim ação de modificação, á semelhança (não identidade!) das ações com julgamento fundado em equidade. A ação de levantamento é constitutiva negativa, não declarativa (não confundir com os efeitos ex tunc de direito material, quando os há).

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2. Inquisitividade do processo. Note-se que o processo inquisitivo predomina, menos radicalmente, é certo, do que no velho direito português e no luso-brasileiro até o século XIX. Uma das conseqüências mais importantes é a de ser irrevogável e intransmissivel o pedido de interdição ou de levantamento da interdição, pelo interesse do interditando ou do interditado em que, qualquer que seja o conteúdo da sentença, o juiz a profira. Afasta-se, pois, a desistência. O princípio não vale quanto à interdição por prodigalidade.

A competência é, precipuamente, do juiz do domicílio do interditando não do que pede a interdição; sem razão, a Câmara Civil do Tribunal de Apelação de São Paulo, a 3 de fevereiro de 1944 (RT 150/132).

3.Contenciosidade e voluntariedade da jurisdição. (a) O processo de interdição é tido por Leo Rosenberg (Lehrbuch des deutscben Zivilprozessrech És, 511) como contencioso, porque assim entendem os legisladores; mas, disse ele, seria mais próprio inclui-lo na jurisdição voluntária. Ora, há variedade na determinação dos limites entre as duas, devido á época. Porém a variedade não depende somente da forma. O elemento histórico muda alguma coisa mais do que o procedimento. A sentença estrangeira de interdição precisa de homologação (Supremo Tribunal Federal, 16 de maio de 1944, JSTF 22/7).

(b)O interditando, na ação de interdição, é parte, e tem capacidade processual, embora se nomeie curador à lide. Pode recorrer, inclusive apelar, ainda que não o faça o curador à lide. A curadoria não lhe tira a autonomia processual. Tem capacidade processual para pedir o levantamento. Também pode ele querelar a nulidade da sentença, se não foi ouvido, ou se foi nula a audiência (e. g., sem a presença do juiz) ou a citação. A ação rescisória também lhe é permitida, porque ele foi parte. As regras jurídicas, sobre recorribilidade pelo interditando e pedido de levantamento pelo interditado, levam a essa conclusão.

(c) Ainda que não tenha sido proposta pelo órgão do Ministêrio Público a ação de interdição, à função consultiva dele está junta, potencialmente, a função de parte, sempre que ele seria legitimado a propô-la. Dai a sua legitimação para recorrer e para prosseguir no pleito, ainda que o promovente da interdição tenha desistido da causa, ou se tenha dado extinção do processo sem julgamento do mérito. A sua situação, desde o início da demanda, é, in potentia, a de litisconsorte necessário. Não nos serve a figura do Litisconsórcio necessário in actio porque nada obsta a que o órgão do Ministério Público também se desinteresse do processo e promova processo seu, em que parte, desde o começo e in actio seja ele. O direito processual apresenta-nos vários casos como esse, em que o legitimado como parte se satisfaz com a posição de interveniente assistente, equiparado ao litisconsorte: ou de assistente vulgar, ou mesmo, de consultor, ajudando ao juiz. Leva-nos isso a entender que, nos casos de interdição promovível pelo órgão do Ministério Público, se outrem suscitou o processo, somente a conduta expressa ou tácita do Ministério Público o investe da situação de parte. Dele depende, e só dele, litisconsorciar-se ao promovente.

Se, na ação pendente, o órgão do Ministério Público se mantém na sua só função consultiva, porque a postulação e a diagnose não permitiam que fosse parte, pode ele inserir-se como parte e, no mesmo processo. pedir a interdição pelo novo fundamento que as condições psíquicas ou neuríticas do interditando configuraram. Não importa distinguirem-se condições anteriores á propositura da ação de interdição e condições novas. A inquisitividade do processo de interdição permite esse aproveitamento, para o qual, concorre, do seu lado, o assente principio de economia processual.

(d) A função inquisitiva do juiz dá ensejo a alguns problemas técnicos do processo, que se parecem com os expostos e resolvidos acima. O juiz não tem a promoção; a sua função inquisitiva restringe-se á investigação da verdade sobre o que se articulou e a sua possível revelação a mais; portanto, exclui-se, no estado atual do direito brasileiro, a iniciativa pelo juiz, que se construiria, nos casos especiais, como cumulação de duas funções estatais (a de órgão de promoção e a de julgador), como em todas as iniciativas de ofício. Resta saber-se, abandonando as partes o processo (inclusive o órgão do Ministério Público, se o promoveu, ou se litisconsorciou, ou se recusa a inserir-se na relação jurídica processual como parte), pode o juiz prosseguir na instrução. A resposta, pois que, ex hypothesi, lhe falta a iniciativa (o poder de prosseguir não supõe o de iniciar), é positiva. No mesmo sentido, na Itália, a opinião de S. Castellett (Effetti delia perenzione dei giudizio di interdizione, Rivista di Diritto Processuale Civíle, VI, Parte II, 5, nota 2).

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(e) Uma das conseqüências da transformação da função consultiva em função de parte, em virtude da conduta do orgão do Ministério Público, conforme se disse sob (c), é a de cessar a função de defensor do incapaz, que ele tinha. Desde o momento em que o órgão do Ministério Público se insere, como parte, no processo — o juiz tem de substitui-lo nas funções de defensor do incapaz. Do mesmo modo, se, por falta superveniente do defensor nomeado, o juiz tem de nomear outro, e o órgão do Ministério Público, que fora parte promovente, ou que fora litisconsorte, se retira da relação jurídica processual (e. g., se convenceu de que o interditando sarou), pode ficar a seu cargo— e é bem que fique — a função de defensor do incapaz. Dissemos “pode’, porque, em tais casos, não nos parece que a lei civil faça completa a regra jurídica: o sistema jurídico, se, por um lado, põe a alternação (ou nomeado, na falta do órgão do Ministério Público, ou esse), dá relevo especial, por outro lado, à promoção pelo órgão do Ministério Público. A falta superveniente contém o elemento excludente e o elemento includente.

§ 142. Pedido de interdição

1.Pedido de interdição e processo de interdição. O pedido deve satisfazer ao duplo caráter da interdição, o constitutivo e o inquisitivo. Tratando-se de processo inquisitivo, a liberdade do juiz é maior do que aquela mesma que em geral se lhe dá, mas o Código de 1939 não se afastou, aí, discrepando da tradição do velho direito luso-brasileiro e do brasileiro anterior ao Código Civil, do principio Ne iudex procedat ex officio.

O art. 1.109 do Código de 1973 estabeleceu o que tinha de estabelecer para a jurisdição voluntária.

A ação de interdição possui a sua estrutura própria, grande dose de inquisitividade, mas é ação como as outras. Perguntava-se, sob o Código de 1939: citem de ser citado o interditando? No caso de insanidade por uso de tóxicos, ou de prodigalidade, exigia-se, na lei especial, a citação. De citação não se falava a respeito da interdição por loucura ou surdo-mudez. Daí ter-se concluído que se dispensava a citação (3ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo. 14 de fevereiro de 1952, RT 200/298; 2ª Grupo de Câmaras Civis, 2 de agosto de 1952, 20/164). Previa-se que o curatelado tivesse advogado, pois que se lhe permitia recorrer. Quem podia constituir advogado depois de decretada a interdição, com mais forte razão havia de poder fazê-lo para evitar a incursão do Estado na sua esfera jurídica e, principalmente, no que toca à sua pessoa. O Código de 1973, no art. 1.182, § 2ª, foi explicito: “Poderá o interditando constituir advogado para defender-se”. Por isso, se o juiz não tem provas de que a citação seria inútil, convinha sob o Código de 1939 mandar citar o interditando para comparecer ao exame médico legal. Se o não fazia, a audiência do interditando, antes da perícia, continha a vocatio in ius, e havia de existir e ser válida como as citações em geral. Se faltou à audiência o interditando, era e é como se houvesse faltado a citação. Nem sempre é possível trazer-se à força o interditando. Tudo aconselhava que se citasse, primeiro, se tal acontece, ou o juiz se transporta à casa ou lugar de trabalho, ou hospital, em que se achasse o interditando. Sem razão, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, a 23 de junho de 1944, Iº de 12 de setembro, achou que era sempre dispensável a citação do interditando. Nos Comentários ao Código de 1939 (VIII, 2ª ed., 22 s.) sustentamos a necessidade da citação. o que na jurisprudência fomos

atendidos. Agora, o Código de 1973, no art. 1.181, foi claro, tal como queríamos: o interditando tem de ser citado.

A competência para o procedimento da curatela de interditos é do foro do domicilio, porque, segundo princípio geral, no foro do domicílio é o em que se propõem as ações fundadas em direito pessoal (art. 94). Se tem mais de um domicilio, em qualquer um deles (art. 94, § 1ª). Se incerto e desconhecido o domicílio, onde for encontrado (§ 2ª). Se não tem domicílio nem residência no Brasil, observe-se o § 3ª, e não o § 2ª.

2. Promoção da interdição, legitimação ativa, A interdição dos insanos e dos surdos-mudos pode e deve ser promovida: a) Pelo pai, ou pela mãe, ou pelo tutor. Se o suspeito de loucura já estava interdito por outro motivo (e. g., prodigalidade), ou a ele se estendia a autoridade do curador que se dera ao pai ou à mãe, o curador pode promover a nova interdição (Direito de Família, 429). b) Pelo cônjuge, ou algum parente próximo, isto é, ascendente, descendente, irmão ou tio (Direito de Família, 429, nota 37). A linha reta de parentesco assegura a todos a legitimação ativa (e. g., netos, 5ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, 6 de agosto de 1948, RT 116/281, e 179/693, bisnetos, avô, avó, bisavós). Excluem-se os afins (Direito de Família, fl ed., 420, nota 37; conosco, Estêvão de Almeida, Manual do Código Civil Brasileiro, VI, 514; J. M. De Carvalho Santos, Código Civil brasileiro interpretado, VI, 385; sem razão, o Tribunal de São Paulo, a 24 de setembro de 1929, RT 72/397). O insano, em estado de lucidez, não pode pedir. Baudry-Lacantinerie (Précis de Droit Civil, 1,

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650) entendia ser sem valor prático o problema; mas tivemos de resolvê-lo duas vezes, em cinco anos. O cônjuge separado judicialmente não pode promover a interdição do outro (4ª Câmara Civil, 19 de agosto de 1948, 176/743). c) Pelo órgão do Ministério Público, de acordo com o Código de Processo Civil, art. 1.178. A 3ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, a 22 de setembro de 1947 (RT 170/622), disse que, tendo sido decretada, sem que alguém pedisse, a interdição, é nulo o processo, e pode ser levantada sem que se tenha de observar o processo de levantamento. Ou não foi nula a sentença, e precisa-se de levantamento (eficácia sentencial contrária a outra eficácia sentencial); ou foi nula, e bastaria decretar-se a nulidade. Não se levanta interdição nula; nem se dispensa o procedimento para o levantamento, se de levantamento se precisa. Alguém suscitou a interdição, na espécie o juiz, se lhe cabe, ex hypothesi, fazê-lo. Houve, pois, ilegitimidade de parte. Sentença em ação em que a parte foi ilegítima e sentença rescindivel; não nula. Se não cabia o procedimento de oficio, tem-se de rescindir a sentença. Ou à rescisão da sentença ou ao levantamento da interdição tinha de ir o interessado, que foi parte e não alegou a ilegitimidade de parte.

3.Procedimento para interdição. Os procedimentos de interdição correspondem a ações que têm por conteúdo ato estatal, pelo qual se transforma a atividade de alguém em atividade de incapaz. Referem-se a status, e não a relação jurídica, e nem sempre o elemento eficacial é ex tunc. A expressão “declarar a interdição” é de linguagem vulgar e presta-se a enganos. A interdição é constitutiva, posto que as vezes tenha efeito ex tona o efeito declarativo é de alguma relação jurídica, ínfimo. E de tal natureza que, marcado pelo juiz o início em 1998, outro juiz pode, em ação constitutiva, ou em exceção, julgar ter começado em 1972. Mas há ofensa à res iudicata.

O interditando pode ter advogado, tanto assim, que pode recorrer. Mesmo se é advogado, pode agir no próprio nome. O art. 1.182, § 2ª, foi explícito (“para defender-se”). Se o tem, nem por isso se há de dispensar o defensor do incapaz (3ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, 14 de fevereiro de 1952. RT 200/298; 2ª Grupo de Câmaras Civis, 21 de agosto de 1952, 204/164; 10 Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, 22 de abril de 1950).

Pouco se estudaram a ação e a sentença, por se ter posto à frente o ter-se concebido a ação como de jurisdição voluntária, até que se lhes revelaram o elemento contencioso e a constituição com intuito de publicidade (para o efeito erga omnes). O procedimento especial é de certo modo um elemento contencioso, evidentemente. Não se considera a pessoa interditanda como objetivo de exame, e sim como parte. Assim, a melhor opinião é no sentido de ser objeto da demanda a capacidade do réu, o seu direito de própria atuação na vida jurídica (Konrad Hellwig, Lehrbuch des deu tschen Zivilprozessrechts, 1, 52). Os suscitadores do processo exercem pretensões ligadas ao interesse da família ou do público (ou estatal). Tal atitude, quanto à pessoa, deve ter o próprio policial, para não tratar como coisa o bêbedo, o louco, ou o preso. Por isso, entre as duas conseqüências, os bens do curatelado pagam as custas (inaplicável a regra jurídica sobre o não pagamento das custas se não há defesa no processo); o que não foi interditado tem ação de abuso do direito contra o que promoveu a interdição; e até o interdito contra o promovente abusivo; com maioria de razão contra o promovente doloso. A despeito da nomeação de curador à lide, pode tomar parte ativa no processo e é direito seu (James Goldschmidt, Zivilprozessrecht, § 75, 1), ainda que se trate de interdição por enfermidade grave da psique. Portanto, pode usar de qualquer recurso.

4. Interditando e curador à lide. Interditando é pessoa que ainda não está interditada, mas cuja interdição foi pedida: com ela passa-se a particularidade de defender-se por si e de ter curador à lide, que é o órgão do Ministério Público, ou, se foi esse o promovente. o curador nomeado pelo juiz. A razão da nomeação é a de que o órgão do Ministério Público, no segundo caso, é parte. tem os direitos e deveres da parte; ao passo que, no primeiro caso, a sua função não é a de parte, mas a de defensor, e a de assistência ao interditando (integrativa da capacidade). O curador à lide, no caso de ação de interdição, não tem a função de legitimado a propositura de ações, porque se supõe que a defesa possa ser frágil e precise de ajuda, tal como ocorre ao órgão do Ministério Público, oficiando como curador à lide. Esse acumula duas funções; o curador à lide, não. Não deve o órgão do Ministério Público, quando a interdição não poderia ser promovida por ele, assumir o papel de parte.

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§ 143. Processo e sentença de interdição

1. Perícia médico-legal. O juiz nomeia dois perito. Terão de ser ouvidos o interditando, o curador à lide, o advogado e as testemunhas, se as há. Defensor compreende, ai, o curador à lide e o advogado, salvo se o advogado mesmo foi nomeado curador à lide. Nas causas não promovidas pelo órgão do Ministério Público, esse e o advogado. A existência do curador à lide não dispensa o advogado. Se é o próprio interditando, conforme se permite ao demandado que é profissional, nenhuma nulidade advém disso, se for decretada a interdição.

A nomeação do perito só se dá depois que decorre o prazo para as impugnações. O perito vai dizer sim ou não: há ou não há anomalia psíquica.

Hoje, só há um perito. Antes, o Código de 1939, art. 607, mal era autuada a petição (pois não havia a audiência prévia do Código de 1973, art. 1.181), o juiz nomeava dois peritos. Se entre eles advinha discordância, o juiz nomeava desempatador (art. 607, § 2ª). O juiz escolhe, com o esperado cuidado, o perito. No art. 421, § 1º 1, diz-se que incumbe às partes, dentro de cinco dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito indicar o assistente técnico. No caso da interdição, o perito é a pessoa competente para o exame e as conclusões. Se, excepcionalmente, e tem assistente técnico, nada obsta a que dele se utilize. O que pode acontecer é que o juiz, a despeito de ter escolhido o perito, entenda invocar o art. 1.109, para obter melhores informes. O laudo é submetido a exame dos interessados na audiência de instrução e julgamento, e o juiz não está sujeito a tê-lo como completo e verídico.

Se é certo que em todos os homens se presumem o senso e a razão, todos sabemos que é por sinais extrínsecos, inclusive as palavras, que se prova a loucura, e não repugna a prova testemunhal (Andrea Alciato, Tractatus de Praesumptíonibus, 149). Quanto ás cartas, além da letra e do prenome exarado numa delas, concorre a verossimilhança, que é elemento assaz importante na virtus probandi dos escritos (cioh. Wilh. von Tevenar, TI-ieorie des Beweises im Zivilprocess, nova ed., 242).

2. Morte do interditando. A morte do interditando põe termo ao processo, pela eliminação da pretensão. No entanto, a ação constitutiva negativa de alguma relação jurídica continua, se o interesse persiste. A ação constitutiva de interdição tem de parar; e aí está uma das conseqüências práticas da distinção. Se falece o autor, à pessoa que poderia ter proposto a ação de interdição é facultado continuá-la, dando-se superposição subjetiva processual, não sucessão subjetiva.

Aí, os autos da ação de interdição, se já houve o auto do art. 1.181 do Código de 1973, ou, a fortiori, a perícia (art. 1.183, 2ª parte), podem ser remetidos para o juízo em que fora proposta alguma ação na qual a afirmação do autor ou do réu é a de que estava com anomalia psíquica o interditando falecido. Os elementos probatórios não têm eficácia de coisa julgada: apenas servem para apreciação pelo juízo da outra causa.

3.Juízo, instrução do processo e julgamento. A despeito da aparência de simples homologação de laudo, o juiz não está adstrito a eles, porque (a) se trata de processo em que o interditando se manifesta e pode recorrer, (b) terminada a instrução e conclusos os autos, o juiz decreta, ou não, a interdição, (c) o processo é inquisitivo. A instrução é a de audiência, previamente designada, aplicáveis as regras jurídicas comuns.

Nada obsta a que, na audiência de instrução e julgamento, como na primeira, se possa inquirir o interditando. No direito anterior não havia aquele interrogatório em primeira audiência, mas o fato de ser exigido, em tese, pelo Código de 1973, seria absurdo que, na audiência de instrução e julgamento, não se pudesse ouvir o interditando. Também tal interrogatório é, de regra, indispensável na perícia. O interrogatório tanto pode ser a requerimento do autor da ação de interdição como do próprio interditando, do órgão do Ministério Público, ou do curador à lide. O que não se pode invocar, sempre, quanto ao depoimento do interditando, é o art. 343, § 1ª, que sendo intimada a parte a depor, do mandado há de constar que se presumirão confessados os fatos contra ela alegados, se não comparece ou se recusa a depor. Temos de distinguir da alegação de que está em estado de anomalia psíquica a alegação, por exemplo, de que o interditando em estado de desespero pusera fogo nas roupas dele e da mulher.

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da decretação da interdição e da nomeação do curador ao incapaz. Pode parecer que a sentença há de ser proferida na audiência. Não: ou o juiz a profere desde logo, ou tem o prazo de dez dias para fazê-lo (art. 456).

4. Juiz e laudo. O juiz fica adstrito ao laudo. As regras jurídicas sobre ordem de diligências e livre convencimento são aplicáveis, e ainda maior liberdade tem o juiz, porque é inquisitivo, por sua natureza, o processo. Por estar no rol das ações de jurisdição voluntária, o art. 1.109 é invocável. No mérito, a sentença sem base em laudo que opine pela incapacidade, seria sem prova suficiente (2ª Câmara Cível do Tribunal de Apelação do Paraná, 11 de abril de 1944, Paraná Judiciário, 39/438), não, porém, nula. No sentido que expusemos na 1ª edição dos Comentários ao Código de Processo Civil, de 1939, o Tribunal de Justiça de Alagoas, a 16 de fevereiro de 1951 (desembargador Mário Guimarães, RF 140/341), e a Turma Julgadora, a 13 de outubro de 1950 (134/209). A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, a 12 de maio de 1953 e a 6 de novembro de 1945 (AJ 79/110), salientou que o valor do laudo pericial não vai a ponto de em todo e qualquer caso determinar a interdição, se positivo, pois, se assim fosse, outras provas seriam inúteis, como a audiência do interditando, do defensor e das testemunhas, determinada na lei.

É de perguntar-se a nova perícia tem de ser requerida e acolhida antes da audiência de instrução e julgamento, ou se somente por ocasião da instrução. A resposta é no sentido de se acolher tanto a primeira solução como a segunda, porque ao juiz é que cabe designar a data da audiência e, deferido o requerimento feito antes disso, não há obstáculo. Se depois da designação, pode ele mudar a data.

É de praxe, antiga e também hoje recomendável, dar-se vista às partes do laudo pericial. Aliás, as partes podem desejar esclarecimento do perito, tendo de requerer ao juiz que manda intimá-lo a comparecer à audiência, formulando, desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos (art. 435); e o perito só está obrigado a prestar os esclarecimentos, quando intimado cinco dias antes da audiência (art. 435, parágrafo único).

O juiz, dissemos acima, não está adstrito ao laudo pericial: pode formar a sua convicção com outros elementos ou fatos apurados nos autos (art. 428). Além disso, por se tratar de ação posta no processo de jurisdição voluntária, há o art. 1.109.

Precisa daqueles elementos ou fatos apurados nos autos. Por isso, pode o juiz, de oficio ou a requerimento da parte (na espécie, também a requerimento do órgão do Ministério Público, ou do curador à lide), a realização de nova perícia (art. 437). Tal perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira, e destina-se a corrigir-lhe eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que a primeira conduziu (art. 438). No Código de 1939, art. 607, § 1ª, cerceva-se, erradamente, a função do juiz, a ponto de dizer que, “se os laudos declararem a insanidade mental do suplicado, o juiz decretará a interdição”.

Decretada a interdição, há apelação, com efeito apenas devolutivo (lª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, 21 de março de 1950, RT 186/276), porque, mesmo se a espécie não está prevista na lei, como acontece com o Código de 1973, art. 520, é de permitir-se que se lhe negue efeito suspensivo (art. 1.184: “embora sujeita a apelação”).

5.Decretação de interdição e nomeação do curador. A decretação da interdição e a nomeação do curador são todo incindível, como acontece à sentença de remoção e nomeação de outra pessoa como curador. Se não pode ser nomeado, desde já, o curador definitivo, nomeia-se o curador interino.

Na jurisprudência, tem-se dito, com acerto, que se não deve atribuir a curatela a pessoa que, ao tempo da sanidade mental do curatelado. não merecia a confiança dele (e. g., 1ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, 9 de outubro de 1951 (RT 197/279). Mesmo se o Código Civil, art. 413, III, fala de inimigo, sem acrescentar “capital”, é de invocar-se o principio geral (cf. art. 453).

6. Exame pessoal pelo juiz. Antes de se pronunciar acerca da interdição, tem o juiz de examinar pessoalmente o argüido de incapacidade, ouvindo profissional. O profissional é o perito. As críticas que se fizeram a esse enunciado do art. 450 do Código Civil revelam ignorância da função do juiz. Trata-se de demanda, com autor e réu, e não de simples cooperação do juiz (nunca o foi, mesmo ao tempo em que se reputava pura jurisdição

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voluntária). Nem precisaria estar em texto da lei, material ou formal, porque se entende ter o juiz a inspeção direta, sempre que essa possa ser ato de instrução útil. As partes postularam, referiram as provas e produziram-nas. O perito trouxe máximas de experiência, enunciados de fato, que se destinam a informar o juiz, sem a pressuposição de que esse não tenha conhecimento igual, ou melhor; e nunca se lhe tira a pressuposição de ter cultura geral apta a apreciar, e rejeitar, ou aceitar, o que o laudo lhe ofereceu. A inspeção direta é um dos meios para lhe facultar a crítica e a própria medida da atendibilidade.

7. Competência judicial. O foro da interdição é o geral. Onde há juiz especial ou só alguns juizes podem conhecer dos pedidos de interdição, nenhum outro juiz interdita. Se ao juiz do processo do inventário, em que é interessado o incapaz, ainda não interditado, não é dado interditar, de modo nenhum se lhe faculta, a pretexto de ter de ser rápido o andamento do processo, nomear curador à lide ao louco, ou ao surdo-mudo, ou ao intoxicado. A 4ª Câmara Cível do Tribunal de Apelação do Distrito Federal entendeu que a lei processual lho permitia (29 de outubro de 1940, D VIII/348; Ad 57/190); mas, em vez disso, a lei vedava-lho, de modo insofis-mável: exigia-se e exige-se pedido, constante de petição fundamentada, feito pela pessoa que a lei considere legitimada para isso; se é o órgão do Ministério Público quem promove, ainda se exige a nomeação do curador à lide. Não só: o processo á contra alguém.

o interditando, compondo-se a figura da relação jurídica processual em ângulo. Há autuação, nomeação de perito, ouve-se o interditando, ouvem-se o defensor e as testemunhas do autor e do réu. A nomeação heterotópica de curador, porque o inventário tem de ir depressa, põe acima da pessoa humana os interesses de herdeiros e do fisco. Quem nomeia curador a incapaz não interditado interdita. Não se interdita sem a forma processual inserta na lei. No caso de faltar representante ao incapaz, em processo em que seja interessado, sim; ou no de incapacidade que não depende de interdição, qual a do menor.

8. Correção à impropriedade de linguagem. Quando se empregava no Código de 1939, art. 609, a expressão “sentença declarativa da interdição”, estava-se no sentido vulgar, e não no técnico. Com isso, a lei mostrava que não conhecia a classificação das sentenças em declarativas, constitutivas, de condenação, mandamentais e executivas. E assunto de ciência. Usar do adjetivo “declaratória”, ou “declarativa”, como o de “declarar”, ora no sentido de declaração de relação ou de status, ora de comunicação de conhecimento ou de vontade, ora de constituição, éerro grave. A sentença “que interdita”, é a que decreta a interdição. É isso que se há de entender. Felizmente, com a critica que fizemos ao art. 609 do Código de 1939 (Comentários, VIII, 2ª ed., 30: Tratado das Ações, IV, 1973, 1617), o Código de 1973 riscou o adjetivo “declaratória”: somente fala de “sentença de interdiçao

9. Eficácia da sentença de interdição. As regras jurídicas de ordinário tratam da eficácia da sentença de interdição na sua força especifica e nos seus efeitos. Faz-se a intimação consequência imediata da sentença, que não precisa de requerimento para se produzir.

Serão intimadas as partes, isto é, o juiz deve ordenar que se façam as intimações, tanto que se intima aquele mesmo que promoveu o processo. Não se diz, porém, que o curador assume imediatamente; mas é o que resulta da regra jurídica que estatui que o curador, intimado, há de prestar o compromisso. Essa intimação também se faz de oficio. Se há registro especial, a eficácia erga omnes começa com o registro; onde não há, com o registro no Registro das Pessoas Naturais, o que é exigido, e a publicação. O edital não supre, aí, o registro. A eficácia da sentença regia-se pelo art. 452 do Código Civil, que estatula:

“A sentença que declara a interdição produz efeitos desde 1090, embora sujeita a recurso”. A força constitutiva, que é intrínseca

à sentença (porque ela é constitutiva e o registro parte integrante), depende do registro e, na falta de registro especial, do registro no Registro das Pessoas Naturais da publicação em edital. É a sentença que se publica pelo registro ou pelo edital.

Note-se que o Código de Processo Civil de 1939 alterou, de certo modo, o direito anterior, posto que não se pudesse dizer revogado, ou derrogado, pelo art. 609, o Código Civil, art. 452. Enquanto a regra da Lei civil dizia que a sentença de interdição “produz efeitos desde logo, embora sujeita a recurso”, a da lei processual de 1939 impôs que se registrasse imediatamente ou se publicasse três vezes, com intervalo de dez dias, onde não

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houvesse registro especial. Mas, ai, registro e publicação são integrativos da sentença; por conseguinte, os dois artigos não eram inconciliáveis. O art. 452 do Código Civil passou a aludir ao art. 609 do Código de Processo Civil de 1939, como, antes, aludia a outras regras jurídicas de punicidade do direito anterior, plurilegislativo. O Código de 1973 diz que a sentença de interdição produz deito desde logo, embora sujeita a apelação (art. 1.184). É registrada no Registro de Pessoas Naturais e publicada pela imprensa local e pelo orgão oficial três vezes, com intervalo de dez dias. Do edital têm de constar o nome do interdito, o nome do curador, a causa da interdição e os limites da curatela.

Assim, hoje, o registro no Registro de Pessoas Naturais e a publicação na imprensa local e no orgão oficial por três vezes, no intervalo de dez dias, é indispensável para a eficácia erga omnes. Mas, com a sentença, mesmo que advenha apelação, produz o efeito típico, desde logo, de modo que só se apaga tal efeito se acontece o provimento da apelação, que o retira.

Surge um problema: se não se registrou a sentença de interdição, nem se procedeu à publicação, mas, subindo o recurso de apelação, foi confirmada a sentença e publicado o acórdão, a ainda não há a eficácia erga omnes? Não, porque faltou a publicação na imprensa local e por três vezes no orgão oficial. O que pode ocorrer é que se alegue e se prove que o interessado tinha ciência da sentença ou do acórdão (e.g., o Banco, que teve conhecimento da sentença ou do acórdão, emprega dinheiro levantando com cheque do interdito). Outro problema: houve o registro e só uma publicação, há efeitos erga omnes? Não, salvo se provado que a parte, de interesse contrário, conhecia o registro e a única ou primeira publicação.

Os cuidados e atos do curador, no intervalo das publicações, são eficácia constitutiva só interpartes, pois a interdição possui esse elemento constitutivo em dose suficiente (interdição dos psiconeuróticos e dos surdos-mudos).

“Desde logo”, significa: a) na interdição dos insanos, se o interditado se acha sob tutela, ou outra curatela, a partir da intimação ao tutor, ou ao curador; se não era incapaz, desde a sentença mesma, pois que nomeia o curador; b) na interdição por surdo-mudez, idem; c) na interdição por prodigalidade, desde a intimação ao pródigo.

O registro tem de ser feito desde logo, porque é efeito mandamental da sentença.

10.Recurso que se interpôeda sentença de interdição. O recurso é o de apelação (1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, 15 de abril de 1948, RF 124/508). Quanto a terceiros, o prazo de recurso conta-se da publicação do edital (3ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, 10 de junho de 1948, RT 175/307). Não tem efeito suspensivo, quanto à interdição, a despeito da omissão da lei no art. 520 do Código de 1973. O efeito imediato resulta do direito material. Nem, ainda, a apelação é suspensiva quanto à força constitutiva registra-se a interdição; e fazem-se as publicações. Pode ser alegado, no recurso, qualquer fato que altere a conclusão; não, porém, a melhora posterior do interditando.

A melhora posterior do interditando tem de ser alegada em ação de modificação, a cuja propositura não é obstáculo a pendência da ação de interdição, inclusive em grau de recurso.

11.Ministério Público e legitimação recursal, O órgão do Ministério Público pode recorrer da sentença de interdição: se concede; se nega, quando foi ele o promovente, ou ocorreu a superposição subjetiva, pela morte do autor. Se o autor não apela, o órgão do Ministério Público não pode apelar; mas, dando-se o caso de não existir, ou ter deixado de promover a interdição algum dos legitimados ativos, nada obsta a que promova, de novo, a interdição.

O órgão do Ministério Público pode recorrer se por ele foi promovido o processo. Está certo, de iure condendo; tendo-se, porém, de esclarecer, que, em certos casos, exatamente aqueles em que o órgão do Ministério Público poderia ter promovido o processo, ele fica em situação potencial de parte, dependendo da sua própria conduta a sua inserção na relação jurídica processual. Assim, se aceitou defesa do interditando, nem por isso está privado de intervir como litisconsorte, ou para tomar a si a causa, se o promovente desiste ou se há extinção do

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processo sem julgamento do mérito. Claro que, então, há de ser nomeado pelo juiz o defensor do interditando, a tempo de funcionar. Nenhum ato vale entre a nova função do orgão do Ministério Público e a nomeação, se causa prejuízo ao interditando, não defendido.

Também há outros casos em que o órgão do Ministério Público, sem ter promovido o processo de interdição, pode recorrer. E quando exerce a função de defensor. Então, é como defensor que recorre. Tal defensor é parte, como o defensor matrimonii, nas ações relativas ao casamento.

§ 144. Levantamento da interdição

1. Pressupostos do levantamento. O levantamento da interdição por ter desaparecido (ou não ter existido) a causa, que a motivou, é ação contrária àquela que constituiu a interdição. Uma vez que é parte, na ação de interdição, o interditando, segundo os princípios, tanto lhe há de caber a pretensão ao levantamento da interdição quanto a de rescindir a sentença que o interditou. As razões para se considerar parte, na ação de interdição, o interditando, vigoram para que se tenha como legitimado ativo, principal interessado, no levantamento, o interditado. Assim decidimos em muitos casos, contra a corrente vencedora então. Na doutrina, posteriormente, e com boas razões, 1 M. de Carvalho Santos defendeu a promoção pelo próprio interditado (Código Civil brasileiro interpretado, VI, 404-413). A regra jurídica há de ser terminante. Constrói-se como tendo ele capacidade processual (Andreas von Tuhr, Der Alígemeine TeU des Deutschen Búrgerlichen Rechts, 1, 417, nota 24) e pode constituir advogado.

2. Legitimação ativa do interditado e do Ministério Público. Há a legitimação ativa do interditado. Não é o único legitimado. O órgão do Ministério Público — cuja admissão como parte, na ação de interdição, e delimitada — tem mais ampla missão que é a de proteger a pessoa contra a injusta interdição ou pela injusta continuação da interdição. Por conseguinte, é legitimado, em qualquer caso. O velho direito português e o luso-brasileiro eram omissos, devido à plena adoção do princípio do procedimento de ofício e inquisitivo, quer quanto à interdição, quer quanto ao levantamento. Só a interdição do pródigo escapava a esse regramento de inquisição. A única dificuldade construtiva é quanto a também poder o órgão do Ministério Público recorrer da sentença que levanta; mas a dificuldade é só aparente. Uma vez pedido por ele o levantamento, tem de assumir o papel de parte, e não mais lhe é dado exercer a função típica de ajuda ao juiz, ou ao tribunal, como agente do Estado, do mesmo modo que, promovendo a interdição, não poderia assumir, simultaneamente, a de curador à lide oficial.

3. Regra jurídica geral sobre legitimação ativa. As mesmas pessoas que pediram a interdição podem pedir o levantamento; e aquelas mesmas que, podendo fazê-lo, não o fizeram. Além delas, o curador do interdito, como seu representante. Explica-se isso por ser a legitimação de tais pessoas independente de pretensão a conseguir a interdição: trata-se de pretensão ao processo inquisitivo (Konrad Hellwig, Lehrbucl-, des deutscl-zen Zivil-prozessrechts, 1, 52, nota 5).

4. Particularidade da ação de levantamento. Particularidade da ação de levantamento de interdição é que pode ser promovida com fundamento em nunca ter existido o motivo para a interdição. E ponto firme na doutrina. A eficácia da sentença não é, porém, ex tunc quanto à constitutividade negativa erga omnes. A ação rescisória é outra coisa. Observe-se também que o órgão do Ministério Público, quando promovente do levantamento da in-terdição, não pode desistir da ação. Entra na classe dos pedidos irrevogáveis (James Goldschmidt, Zivilprozessrecht, § 75, 1), devido ao interesse do interditado em obter a decisão, quer se confirme, quer não, o seu status. Promovido o levantamento por alguém que não o interdito, esse é parte (litisconsorte).

5. Eficácia de coisa julgada formal. O que contratou com o incapaz, antes da interdição, pode alegar a capacidade, prová-la, e obter, em processo diferente, que se julgue; porém, depois da interdição, pela força da sentença constitutiva, a sentença de validade seria contra a sentença de constituição da incapacidade, isto é, contra o que se “publicou”. Pela mesma razão, a título de se acoimar de injusta a interdição, terceiros não podem, indiretamente, infirmá-la. A sentença constitutiva, formalmente transitada em julgado, somente se

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impugna pelos meios da ação de levantamento de interdição ou da ação rescisória. Salvo se houve nulidade (invalidade ipso iure).

A sentença de levantamento é sentença constitutiva negativa. Só em certos casos tem efeito ex tunc. Porém diz “a partir de ...“, e não “só a partir de Dai poder-se ir com ação que marque antes os efeitos.

No tocante a levantamento da interdição, ainda que o laudo conclua pelo restabelecimento progressivo da sanidade, ou pelo restabelecimento do curatelado, pode o juiz achar que ainda não se caracterizou a cura, ou desprezar o laudo diante de outras provas.

6. Regra jurídica de competência pela conexão. De ordinário, os sistemas jurídicos falam de requerimento ou de pedido junto ao processo. Temos, assim, regra de competência por conexão. Afasta-se qualquer ligação ao domicílio presente do curatelado, ou a qualquer outra mudança de circunstância determinante da competência. A regra jurídica que estabelece a junção do pedido ao processo de interdição, livra-se da opinião corrente (que, de lege ferenda, por vezes criticamos) quanto à ligação ao foro geral, considerando subsidiária a competência do juiz que decretou a interdição. Também diverge da norma da Convenção da Haia (sobre interdição) de 17 de julho de 1905.

7.Recaida após o levantamento da interdição. No Código de 1939, art. 611, § 32, dizia-se que, “ainda que se verifique a possibilidade de repetição da moléstia, será levantada a interdição, mas, em caso de recaída, o curador assumirá o cargo, publicando-se novos editais, na forma do art. 609, ou restabelecendose o registro”. O fito era o de simplificar-se a nova interdição, inclusive com dispensa do laudo e bastando a convicção do juiz, sem haver audiência. O Código de 1973 acertadamente retirou tais regras jurídicas, É preciso, se voltar a anomalia psíquica, que se processe a nova ação de interdição.

8. Coisa julgada formal e sentença. A sentença de levantamento de interdição passa formalmente em julgado. E constitutiva erga omnes. A força formal começa com o não ter havido recurso ou com o ter sido confirmada no segundo grau de jurisdição, sem caber recurso, ou, na mesma ou noutro grau de jurisdição, se expirou o prazo. A eficácia erga omnes começa do registro negativo (demos-lhe esse nome técnico), ou da publicação dos editais de que fala o art. 1.184 do Código de 1973, referentes à interdição.

§ 145. Interdição dos surdos-mudos

1. Surdos-mudos, interdição. Aplica-se aos surdos-mudos o direito material (cf. Código Civil, arts. 451 e 456), pois admite que o juiz assine, segundo o desenvolvimento mental do interdito, a favor dele, os limites da curatela. Quanto aos surdos-mudos, na sentença tem o juiz de assinar os limites da curatela, “segundo o desenvolvimento mental do interdito” (Código Civil, art. 451). Não há incapacidade relativa por surdo-mudo (Tratado de Direito Privado, Tomo IX, § 1.030, 9): ou a pessoa é absolutamente incapaz (art. 59, 111), ou é capaz. Os limites de que acima se fala (art. 451) nada têm com a incapacidade, apesar de serem limites da curatela. Se, na sentença de interdição, se deixa ao surdo-mudo a faculdade de casar-se, o que é possível, atenta a sua sanidade mental e em vista do grau de desenvolvimento intelectual, é necessário o assentimento do curador? O surdo-mudo só não pode casar-se não manifestar, de modo inequívoco, o consentimento (Código Civil, art. 183, IX).

2. Levantamento da interdição. A cessação da surdo-mudez e a aquisição de educação especial são causa de levantamento de interdição; à semelhança da sanidade mental, tratando-se de psicóticos. A ação de levantamento é um dos casos de ação de modificação (constitutiva negativa, quanto à eficácia), salvo se nega o fundamento da interdição.

Referências

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Concorrência de nulidades, ou de anulabilidades, ou de nulidades e anulabilidades Pode acontecer que o ato jurídico, além de ser anulável pela coação, pelo dolo ou por outra causa, seja anulável por outra causa de Interesse privado e anulabilidade O ato jurídico anulável produz todos os seus efeitos (e g., a tradição transfere a propriedade mobiliária, o registro transfere a propriedade imobiliária) A sentença, que decreta a Legitimação ativa São legitimados para propor ação de nulidade de patente de invenção: (a) todos os que têm a pretensão de usar da patente de invenção e podem exigir, com esse legítimo interesse, que se respeitem as Momento em que se aprecia o vício do objeto Sempre se teve como decisivo o momento da conclusão do contrato Recentemente, E Pringsheim (The Decisive Moment for Aedilician Liability, Arch lues d’Histoire d, Anulação e redibição A viciosidade pode dar ensejo à anulabilidade e à redibitoriedade ou diminuição da contraprestação. Hipoteca judiciária A hipoteca judiciária é efeito anexo da sentença, não efeito da sentença como fato (sem razão, Enzo Enriques, La Sentenza come fatto iuridico, 121) O elemento mandamental da sentença de Administração sem explícita deliberação Primeiro se há de resolver se a coisa deve ser administrada Depois, sobre quem a deve administrar Existe situação especialíssima, que se esboça quando nem todos os Audiência dos cônjuges O juiz tem de ouvir os cônjuges sobre os motivos do pedido A ratificação do pedido de separação judicial é formalidade essencial e constitui parte integrante da comunicação de vontade e Bens desapropriáveis Todos os bens são suscetíveis de desapropriação, inclusive os inalienáveis e os insub-rogáveis; salvo se, públicos, não são do domínio do Estado (evite-se falar de destinados a uso comum Indenização A indenização é pela desapropriação, pela perda que se vai dar No direito brasileiro, tal prestação é prévia; é pressuposto da desapropriação, e não consequência: não se presta a indenização, porque se

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