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Frango de corte: uma análise do mercado brasileiro de 2006 a 2015

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

FRANGO DE CORTE: UMA ANÁLISE DO MERCADO

BRASILEIRO DE 2006 A 2015

TIAGO DA SILVA WIERSBITZKI

Ijuí – RS 2017

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TIAGO DA SILVA WIERSBITZKI

FRANGO DE CORTE: UMA ANÁLISE DO MERCADO BRASILEIRO

DE 2006 A 2015

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito para conclusão de curso.

Orientador: José Valdemir Muenchen

Ijuí – RS 2017

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer, em primeiro lugar, a Deus, pela força e coragem durante toda esta longa caminhada.

Dedico esta, bem como todas as minhas demais conquistas, aos meus amados pais (Vilmar Pedro e Telma), minhas irmãs (Jéssica, Patrícia, Pâmela e Jaqueline).

Agradeço também a todos os professores que me acompanharam durante a graduação, em especial ao Prof. José Valdemir Muenchen, responsável pela realização deste estudo.

Agradeço também a minha namorada (Taise), que de forma especial e carinhosa me deu força e coragem, me apoiando nos momentos de dificuldades.

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RESUMO

O presente estudo tem por objetivo analisar a cadeia da avicultura, em especial a brasileira, no período de 2006 até 2015, portanto uma década; demonstrando através de dados quantitativos o crescimento geral do setor aviário, seja em numero de aves produzidas, quanto no crescimento de consumo per capita por parte da população. A somatória destes fatores levou o Brasil a atingir recentemente o posto de segundo maior produtor de frango mundial, posto anteriormente ocupado pela China, e também desde 2004 é o maior exportador de carne de frango do mundo. O presente estudo foi realizado através da busca de informações junto aos órgãos oficiais, tais como: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Associação Brasileira de Proteína Animal, dentre outras. Foi tomado por base a ultima década por se tratarem de anos representativos da evolução aviaria, buscando uma observação mais detalhada em busca da identificação das causas motivadoras e das consequências prováveis. Também foram realizadas pesquisas bibliográficas, utilizando-se como referência tanto obras, teses e artigos sobre o tema, como matérias veiculadas em mídias especializadas, pesquisa em livros, artigos, revistas e informes setoriais.

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ABSTRACT

The present study aims to analyze the poultry chain, especially the Brazilian chain, from 2006 to 2015, thus a decade; Showing, through quantitative data, the general growth of the poultry sector, both in the number of poultry produced and in the per capita consumption growth of the population. The sum of these factors has led Brazil to reach recently the position of second largest producer of world chicken, formerly occupied by China, and also since 2004 is the largest exporter of chicken meat in the world. The present study was carried out through the search of information with the official bodies, such as: Brazilian Institute of Geography and Statistics, Brazilian Animal Protein Association, among others. The last decade was taken as the base for being representative years of the avian evolution, seeking a more detailed observation in search of the identification of the motivating causes and the probable consequences. Bibliographical researches were also carried out, using as reference works, theses and articles on the subject, as well as materials in specialized media, research in books, articles, journals and sector reports.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Participação percentual dos Estados Brasileiros em relação ao total de abates de frango no ano de 2006...26 Figura 2 - Participação percentual dos Estados Brasileiros em relação ao total de abates de frango no ano de 2016...28

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Abate de Frango no Brasil - As 10 Maiores Empresas em 2006 ... 27 Tabela 2 - Abate de Frango no Brasil - As 10 Maiores Empresas em 2014 ... 29 Tabela 3 - Consumo Per Capita (Kg/Hab.) de Carne de Frango, Suína e Bovina no Brasil, de 2006 até 2015. ... 32 Tabela 4 – Valor e Variação do Preço Médio das Carnes de Frango, Bovina e Suína, pagos ao produtor no Brasil. ... 36 Tabela 5 - Receitas das Exportações Brasileiras de Carne de Frango, PIB

Exportações e Percentual do PIB... 47 Tabela 6 - Estados Exportadores de Carne de Frango, comparação 2006 e 2015. . 49 Tabela 7 – 10 Principais Países Importadores da Carne de Frango Brasileira. ... 50 Tabela 8 – Previsão da Produção Brasileira de Carnes (Frango, Bovino e Suíno) no período 2015/2025. ... 58 Tabela 9 – Previsão do Consumo Brasileiro de Carnes (Frango, Bovino e Suíno) no período 2015/2025. ... 59 Tabela 10 – Previsão da Exportação Brasileira de Carnes (Frango, Bovino e Suíno) no período 2015/2025. ... 60

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – A produção brasileira de carne de frango em milhões de toneladas ... 21

Gráfico 2 – Alojamento da Matriz de Corte de Frango no Brasil (Milhões) ... 24

Gráfico 3 – Consumo Per Capita de carne de frango (de 2007 á 2015) ... 30

Gráfico 4 - Consumo Per Capita – Tendência de Consumo ... 33

Gráfico 5 – Variação Percentual do preço pago ao produtor da carne de frango, bovina e suína (de 2008 á 2016) ... 37

Gráfico 6 – Variação do IPA-DI comparativamente com a variação do preço do frango de corte ... 39

Gráfico 7 – Variação percentual do preço do frango de corte em relação a variação do PIB Nominal no período de 2006 a 2015 ... 40

Gráfico 8 – Relação entre a evolução do PIB Real Brasileiro e o Preço do Frango de Corte ... 41

Gráfico 9: Comparativo entre ICPFrango, IPCA e Preço do Frango ... 43

Gráfico 10: Exportações Brasileiras de Carne de Frango (2006-2015) ... 45

Gráfico 11 – Evolução dos Principais Produtores Mundiais de Carne de Frango, de 2006 até 2015 ... 52

Gráfico 12 – Principiais Países Exportadores de Carne de Frango no Mundo, em milhões de toneladas; de 2006 até 2015 ... 53

Gráfico 13 – Principiais Países Importadores de Carne de Frango no Mundo, em milhares de toneladas; de 2006 até 2015... 55

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1. CARACTERÍSTICAS GERAIS E HISTÓRICAS DA AVICULTURA ... 13

1.1 MODELO DE PARCERIA AVÍCOLA UTILIZADO NO BRASIL ... 17

2. MERCADO INTERNO DA CARNE DE FRANGO ... 20

2.1 PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE DE FRANGO ... 20

2.2 ALOJAMENTO DE MATRIZ DE CORTE DO FRANGO NO BRASIL ... 24

2.3 ABATE DE FRANGO POR ESTADO ... 25

2.4 CONSUMO PER CAPITA DE CARNE DE FRANGO (KG/HAB.) ... 29

2.5 CONSUMO PER CAPITA DE CARNE DE FRANGO, SUÍNA E BOVINA NO BRASIL, DE 2006 ATÉ 2015. ... 32

3. EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DA CARNE DE FRANGO NO MERCADO INTERNO ... 35

3.1 VALOR E VARIAÇÃO DOS PREÇOS MÉDIOS PAGOS AO PRODUTOR . 35 3.1.1 VARIAÇÃO DO IPA-DI COMPARATIVAMENTE COM A VARIAÇÃO DO PREÇO DO FRANGO DE CORTE ... 38

3.2 COMPARATIVO DA VARIAÇÃO PERCENTUAL DO PREÇO DO FRANGO DE CORTE EM RELAÇÃO À VARIAÇÃO DO PIB NOMINAL NO PERÍODO DE 2006 A 2015 ... 40

3.3 COMPARATIVO DA VARIAÇÃO PERCENTUAL DO PREÇO DO FRANGO DE CORTE EM RELAÇÃO À VARIAÇÃO DO PIB REAL NO PERÍODO DE 2006 A 2015 ... 41

4. CUSTOS DE PRODUÇÃO ... 42

5. EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE DE FRANGO, SÉRIE HISTÓRICA. ...45

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5.1 RECEITAS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE DE FRANGO (MIL/U$), SÉRIE HISTÓRICA. ... 47 5.2 PRINCIPAIS ESTADOS EXPORTADORES DE CARNE DE FRANGO,

COMPARAÇÃO ENTRE OS ANOS DE 2006 E 2015. ... 48 5.3 PRINCIPAIS PAÍSES IMPORTADORES DA CARNE DE FRANGO

BRASILEIRA (2015) ... 49 6. PRODUÇÃO DE CARNE DE FRANGO NO MUNDO ... 51 6.1 PRINCIPIAIS EXPORTADORES DE CARNE DE FRANGO NO MUNDO ... 53 6.2 PRINCIPAIS IMPORTADORES DE CARNE DE FRANGO NO MUNDO .... 54 7. PERSPECTIVAS PARA A AVICULTURA BRASILEIRA ... 57 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 62 BIBLIOGRAFIA ... 64

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INTRODUÇÃO

O agronegócio brasileiro atualmente é moderno, eficiente e competitivo, viabilizando assim uma atividade próspera, segura e rentável. Nosso país possui um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, são 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram explorados. Esses fatores fazem do Brasil um lugar de vocação natural para a agropecuária e todos os negócios relacionados à suas cadeias produtivas. O agronegócio é hoje a principal locomotiva da economia brasileira e responde por um em cada três reais gerados no país.

Dentro desse contexto o presente estudo tem por objetivo específico avaliar o mercado brasileiro de frango de corte na década de 2006 a 2015, visando explicar o porquê de a avicultura ser uma das atividades agropecuárias de maior importância para o setor; afinal está entre as dez principais atividades geradoras de recursos para o país. Através da pesquisa e análise dos dados do presente estudo percebe-se que nos últimos anos o Brasil tornou-se referencia no mercado aviário, pois se transformou no maior exportador de carne de frango do mundo, desde 2004 e também no segundo maior produtor da proteína de frango, atrás somente dos EUA.

Além da importância econômica que a carne tem para o nosso país, não podemos deixar de mencionar o fato de o povo brasileiro estar apreciando cada vez mais o frango, tanto que no mercado consumidor interno, o brasileiro tem mudado seu hábito de consumo de carnes, passando de um país preponderantemente consumidor de carne bovina para consumidor da carne de frango. A qualidade, a imagem de produto saudável e os preços acessíveis auxiliaram na conquista dessa posição. O aumento do consumo per capita demonstra essa mudança de hábito. Hoje o frango não é só um substituto para a carne bovina, agora ele é prato principal em muitas mesas brasileiras.

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para avaliar o setor avícola como um todo, para isso a metodologia utilizada baseou-se em pesquisa, leitura, organização, e avaliação de dados, visando a demonstração do que ocorreu no setor, tanto em relação as exportações no período, quanto as importações. Utilizei-me de dados relativos aos preços pagos aos produtores pelo quilo do frango neste período, comparando-os como os preços do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Consta também, em outros dados, os valores de exportação, importação e produção dos principais concorrentes do Brasil em cada item específico em relação à carne de frango no período estudado, isto para que possa ser feita a comparação em relação àquilo que ocorreu na avicultura brasileira no período de tempo estudado.

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1. CARACTERÍSTICAS GERAIS E HISTÓRICAS DA AVICULTURA

A Ásia é considerada o berço da galinha domestica, pois, foram os asiáticos os primeiros a domesticar aves silvestres que descendem principalmente ou unicamente da galinha vermelha do mato, que ainda é encontrada nas selvas Asiáticas. A disseminação de galinhas pelo mundo ocorreu logo após a Europa se interessar pela criação, as galinhas eram enviadas através de comerciantes e militares para todos os cantos em troca de mercadorias. (PICOLI, 2004),

No Brasil a origem da chegada da avicultura nos faz voltar à época do descobrimento do País pelos portugueses. Pois o relato da primeira ave que aqui chegou, foi registrado na famosa carta, redigida por Pero Vaz de Caminha, escrivão sob o comando de Pedro Álvares Cabral, que desembarcou em nosso país no dia 22 de abril de 1500 no litoral sul, atual estado da Bahia. Em um dos trechos da carta, Caminha descreve o entusiasmo, o espanto e o medo que os índios tiveram ao se deparar com tal animal (DIAS, 2016).

A carta de Caminha registrando as suas impressões sobre a terra comprova a veracidade de que as primeiras matrizes de frango chegaram junto com as primeiras caravelas. Está comprovado também que no ano de 1502, a bordo da frota que saiu de Portugal com destino ao Brasil, comandada por Gonçalo Coelho, navegador, que fora encarregado de mapear parte do desconhecido litoral do Brasil, também trouxe abordo algumas destas aves (FERREIRA, 2014).

A criação de frangos era de forma simples, ficavam soltos no quintal das casas, sem nem um tipo de cuidado especifico, se alimentavam de restos e insetos. Os produtores não apresentavam interesse em cuidar a alimentação ou genética das aves (PICOLI, 2004) e (FORMIGONI, 2005). Para FRANÇA E FERNANDES FILHO (2003) o ano de 1900, marcou o inicio de uma serie de transformações para a avicultura, pois neste ano a ração, pela primeira vez é fornecida as aves. Desde então há uma variedade de estudos que visam fabricar rações balanceadas que

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consigam melhorar a qualidade das rações, suprindo as necessidades nutricionais das aves e as exigências do marcado.

Segundo FERREIRA, (2011) apesar dos custos e a dificuldade de produção de aves serem baixos, durante muitos anos a carne era cara e escassa não só no Brasil como também no resto do mundo. O crescimento populacional das cidades do interior, em virtude do ciclo de mineração do ouro brasileiro, estimulou a produção de aves, visando à comercialização. Dentro deste contexto, o estado de Minas Gerais, onde estavam as principais jazidas de ouro brasileiras, no final do século XIX era o maior produtor de aves do país. Era de Minas que saiam grande parte das aves que abasteciam o território nacional.

Na década de 30 houve a necessidade de buscar novas estratégias para estimular os setores indústrias e fugir da tradicional dependência das exportações de café na qual girava a economia. Com isso ocorreu também o crescimento dos setores do agronegócio. A avicultura foi um dos primeiros setores do agronegócio a investir na produção em escala, para continuar atendendo o crescente aumento populacional (DIAS, 2016).

O aumento da produção trouxe a necessidade de organização, de profissionalizar o abastecimento de mercado e de qualificar os produtores para elevar a produção. Assim surge a cooperativa avícola de São Paulo, que buscou métodos de ensinar ao produtor como deveria cuidar da produção para conseguir aumentar a qualidade da carne e dos ovos, também visando defender e estimular a produção (FERREIRA, 2011).

Imigrantes de diversas nacionalidades, como italianos, alemães, suíços, ucranianos, holandeses, suecos e portugueses, escolheram o Brasil como nova pátria e aqui se estabeleceram. E trouxeram culturas e técnicas agrícolas até então desconhecidas, mas que contribuíram para melhorar a produtividade do setor. Que com a crescente demanda interna, tiveram que expandir as criações que até então eram concentradas em Minas Gerais e São Paulo, para os estados do Rio Grande do Sul, do Paraná e de Santa Catarina, assim como Mato Grosso e Goiás. Neste contexto de expansão e modernização da economia os imigrantes foram fundamentais

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Segundo MALAVAZZI, (1977) o século XIX, foi marcado por diversos acontecimentos importantes para o setor avícola como. Foi nesta época que Instituto Biológico foi criado e passou a estudar os tipos de doenças que existia nas aves e também a produzir vacinas contras a algumas destas, como a bouba e a cólera; Também nesta época o Governo Federal permitiu a importação de material avícola o que ajudou a expandir as produções.

Na década 40, no interior de São Paulo, a modernização da produção, com novos métodos de manejo das aves, era acompanhada por técnicos do Instituto Biológico do estado. Naqueles anos, a Segunda Guerra Mundial estimulava a maior produção interna de alimentos. E a carne de frango ampliou sua presença no cardápio brasileiro (FERREIRA, 2011).

Ao final da Segunda Guerra Mundial, o Brasil foi vitima de uma forte crise cambial devido a um sistema aberto, combinado com taxa de câmbio fixa tarifas aduaneiras específicas, inflação crescente e corrida às importações. Essa situação gerou dificuldades ao país em sua balança cambial e de pagamentos, fazendo com que o governo criasse um controle do comércio exterior (BARBOSA, 2010).

Naquele momento o Brasil expandia sua economia para fazer com que seus produtos chegassem ao mercado internacional. O governo então criou uma instituição profissional que manteria o controle e também a gestão do comércio exterior e, em 1953, surgia então a Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil (CACEX). A instituição cuidava do controle da importação, assim como da promoção das exportações. Constituiu-se, portanto, num grande agente para disseminar a mentalidade exportadora no Brasil, já que era fomentadora, na prática, de uma política de substituição das importações e grande financiadora das exportações (FERREIRA, 2011).

Durante as décadas de 50 e 60 a criação e o abate de frangos ganhou ainda mais impulso, com um novo ciclo de modernas técnicas de produção. Também houve significativa ampliação dos cuidados quanto à dieta alimentar e à sanidade do plantel, esta última, por intermédio do desenvolvimento de novas vacinas. Algo pouco comentado anteriormente passou a estar cada vez mais presente: a genética (QUEVEDO, 2003).

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Estas novas técnicas de criação chamaram a atenção de avicultores que se dedicavam apenas à produção de ovos, fazendo com que estes mudassem de mentalidade. Pois com a utilização de um manejo novo e adequado, utilizando raças próprias para corte, os produtores viram que conseguiam produzir frango, em menor tempo e com mínimo de alimentação, atingindo o máximo de peso para o mercado. E certamente conseguiram um bom mercado, pois as aves apresentavam um peito carnudo e bem desenvolvido, com a carne macia e de excelente apresentação.

No entanto os primeiros cincos anos da década de 60 ainda havia a necessidade de elaborar projetos que visavam estimular as empresas estrangeiras a investirem no País. Pois apesar do mercado avícola brasileiro se encontrar em grande expansão, a produção ainda esbarrava no mercado, era impossível comparar um quilo de carne de boi com um quilo de carne de frango, que custava bem mais caro, além do que o consumidor tinha preferência pela carne bovina. A produção de ovos ainda era bem maior que a produção de frangos de corte, e os maiores centros produtores de ovos comerciais estavam localizados nos estados do Rio de Janeiro, Espirito Santo e Minas Gerais. Estes estados possuíam os núcleos com maiores numero de matrizes de poedeiras não só do Brasil, mas também da América do Sul (FERREIRA, 2011).

Em 1960 firmas produtoras de linhagens de alta qualidade dos Estados Unidos, chegam ao Brasil. E implantam novas técnicas de produção que aprimoram o plantel brasileiro (FORMIGONI, 2005). No início da década de 70 com os resultados das novas técnicas implantadas começaram a aparecer, o desenvolvimento do setor da avicultura se efetivou (FRANÇA, 200). A vinda dos especialistas no processo de produção do frango, as transformações tecnológicas, técnicas de produção intensiva e o desenvolvimento de genética adaptada contribuíram para o avanço da atividade.

Para garantir a produção nacional foi instituído em 22/04/65 o decreto nº 55.981, para disciplinar a importação de ovos e aves para a produção no Brasil. A medida impediu a importação de matrizes, que a partir daí passaram a ser produzidas em território nacional. Surgiram as granjas matrizeiras para produção de ovos de incubação e os incubatórios, que se encarregavam de produzir pintos de um dia. As granjas de criação, que se especializaram na produção de frangos ou de

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ovos para consumo, tornaram-se os escoadouros dos incubatórios. Assim surgiu a avicultura moderna; para maior eficiência e grandeza da indústria. (FERREIRA, 2011).

1.1 MODELO DE PARCERIA AVÍCOLA UTILIZADO NO BRASIL

O sistema de produção integrada existe no Brasil há mais de 60 anos. É uma parceria entre produtores e agroindústria, onde, cada um colabora com o que têm de melhor, para produzir animais de qualidade. A indústria geralmente participa com os animais, rações, medicamentos, transporte de animais e insumos, e a assistência técnica necessária à produção; enquanto que o produtor participa com as instalações, equipamentos, água e energia elétrica, bem como se responsabiliza em criar e engordar os animais até que os mesmos atinjam a idade de abate. (DIAS, 2016).

Este sistema é regido por um contrato de integração feito entre as partes interessadas, contendo os direitos e deveres recíprocos. Ele apresenta cláusulas gerais e muitas vezes mal definidas, não se confundindo, entretanto com um simples contrato de fornecimento, tendo por única cláusula um preço combinado (COTTA, 1997).

Este contrato de integração é normalmente individual, porem pode ser realizado coletivamente, entre vários produtores interessados. Ele é um ato jurídico misto, (civil e comercial), deve conter cláusulas que ofereçam garantias ao produtor, de pelo menos a certeza de uma renda mínima. Pode ser feito, o rompimento do contrato, mediante aviso prévio, sem nenhuma indenização. A empresa integradora deve se responsabilizar pela boa qualidade dos serviços prestados e dos insumos fornecidos, assim como pela retirada dos lotes combinados. O integrado tem o dever de executar os trabalhos segundo as condições previstas, de se abastecer de insumos junto à integradora, de aceitar a assistência técnica, os padrões de criação impostos entre outros.

Segundo FERREIRA (2004) esta integração teve inicio em 1961, quando a Sadia do empresário Atílio Fontana, resolveu aprimorar sua produção buscando

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novas especialidades nos EUA e para aplicar em suas unidades no Brasil. Inspirada nos sistemas de integração americanos entregou 100 pintos a um avicultor, para o mesmo manejar e criar e posteriormente foi aumentando a quantidade de pintinhos que dava ao produtor. Satisfeita com os resultados o frigorífico passou a contratar pequenos produtores rurais, para criarem as aves e posteriormente entregar para o abate. A indústria se encarregou também em fornecer ao produtor além dos pintinhos, o medicamento, a ração, a assistência especializada e a supervisão.

O sistema de integração se espalhou pelo Brasil, primeiro com os produtores do estado de Santa Catarina, e depois disseminou para o Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais que aderiam rapidamente à ideia. Essa transformação possibilitou a formação e consolidação de grandes frigoríficos no sul do país e sua expansão para outras regiões do Brasil. (FORMIGONI, 2005).

O novo sistema de produção contribuiu para o desenvolvimento da avicultura nacional, tornou a atividade mais organizada e eficiente, o estabelecimento de padrões de manejo e de “boas práticas” de fabricação foi fundamental para o desenvolvimento do setor agrícola. Esse conjunto assistencial proporcionou a produção avícola uma maior biosseguridade, sanidade, qualidade dos animais e da carne de frango, que ajudaram a conquistar o mercado (CNA & CEPEA, 2015).

Esse sistema contribuiu para o desenvolvimento não só do setor avícola, mas também para despertar o produtor, que vendo as transformações do mercado, e entendendo que para gerar lucros e ganhar o mercado precisava produzir produtos de qualidade decidiu também se modernizar. Passou a procurar por conhecimento, por informações, a prestar atenção nas novidades do mercado não só as voltadas para o seu setor de atuação, mas também as relacionadas à produção industrial, ao comércio, à política e ao mercado. Este novo homem passa a ter mais cuidado ao analisar noticias que tratam de politica e exportação, pois vele sabe que isso pode afetar a economia e consequentemente a sua atividade produtiva (FERREIRA, 2011).

Analisando o sistema pela ótica dos avicultores é possível notar que a opção pela integração é de fato uma boa escolha, pois garante o escoamento do produto, produção ininterrupta, maior facilidade de acesso ao crédito sem recorrer ao sistema bancário, incorporação mais rápida de inovações tecnológicas, assistência técnica

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direta e certeza de uma renda no final da criação. No entanto se visto com outros olhos, observando o outro lado do sistema vemos que, ele apresenta um inconveniente, pois ao oferecer tantas vantagens ao produtor ele se torna economicamente dependente da indústria, pois muitos avicultores do sistema não têm outras atividades para retirar seu sustento e muitas vezes acaba tento que aceitar as condições que a indústria expõe, sem muitos questionamentos.

O sistema de integração moderniza a avicultura e a introduz a economia capitalista. As agroindústrias optam pelo processo de integração como uma maneira de obter matéria-prima a um custo menor do que a produção própria. Desta forma, as empresas conseguem as matérias-primas em quantidade, qualidade e tempo adequado ao ritmo do processo produtivo, possibilitando a adaptação às condições instáveis de mercado (FERREIRA, 2011).

Para TONI (2011) presidente do Conselho Diretivo da União Brasileira de Avicultura a adoção do sistema de integração foi valioso para avicultura brasileira, que hoje é uma eficiente ferramenta de distribuição de renda. Com a avicultura em escala industrial o Brasil se tornou o líder incontestável no ranking de exportadores, oferecendo um produto de elevada qualidade e sanidade, competitivo internacionalmente e adequado às preferências dos consumidores mais exigentes.

Por meio deste sistema bem-sucedido os frigoríficos mantem a sanidade das aves, uma vez que fornecem toda a vacinação, e também asseguram que os frangos tenham desenvolvimento uniforme, já que as empresas fornecem à genética e a ração. O sistema de integração das aves tornou-se, em pouco tempo, um paradigma para o setor. Causando aumento da eficiência no campo; este por sua vez traduziu-se em preços mais competitivos para o consumidor final, e o frango foi definitivamente integrado à dieta nacional (FERREIRA, 2011).

O sistema de integração entre produtores e frigoríficos no setor avícola é um fator preponderante para que a avicultura tenha se tornado um dos mais importantes setores do agronegócio nacional. Por meio deste sistema a produção brasileira teve um grande aumento no que se refere à produtividade. Através deste modelo avícola, baseado no trabalho e na dedicação dos integrados, o país desenvolve níveis de desempenho que fazem com que a avicultura brasileira seja hoje uma das melhores do planeta (LAZIA, 2012).

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2. MERCADO INTERNO DA CARNE DE FRANGO

O capítulo 2 aborda diversos aspectos da produção avícola realizada no Brasil, como por exemplo, a produção de aves de corte em território nacional; a quantidade de matriz de corte e onde esta alojada a sua produção, quantidade de abate, tanto nacional como também a nível estadual, etc.

2.1 PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE DE FRANGO

Segundo dados coletados a partir do Relatório Anual divulgado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) a produção brasileira de carne de frango totalizou no ano de 2015 o montante de 13,146 milhões de toneladas, volume 3,58% superior ao registrado no ano de 2014.

Com este resultado, o Brasil se consolidou como um dos maiores produtores de carne de frango do mundo Isso ocorreu porque internamente o comercio foi mantido aquecido e com demanda adequada, também contribuiu para esse cenário o aumento das exportações, que chegaram a quatro milhões de toneladas. Apesar da crise econômica, a cadeia produtora e exportadora de carne de frango conseguiu viver um bom momento no ano de 2015. O consumo per capita de carne de frango atingiu índice médio de 43,25 quilos em 2015, saldo 1,1% maior que o obtido no ano anterior (ABPA, 2016).

No ano de 2015 a carne de frango ampliou sua liderança como a mais consumida pelo brasileiro. Isto, entre outros motivos, graças ao aumento do preço da carne bovina nas gondolas e a consolidação do frango como uma das proteínas favoritas do consumidor. Apesar do otimismo gerado pelos bons resultados de 2015, é necessário cautela na estratégia das agroindústrias do setor, frente ao

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problemático cenário de insumos, conforme palavras do presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra:

“Temos expectativa que as ações que estão sendo tomadas pelo governo deverão acalmar e tornar mais „reais‟ as cotações do milho, que também deverá sofrer influência do aumento da oferta com a colheita da primeira safra e do provável desaquecimento as exportações, com a intensificação dos embarques de soja, tomando os espaços nos portos de grãos”.

Ao compararmos a situação da produção de frangos, tomando por base a ultima década (de 2006 até 2015) é possível verificarmos um crescimento linear da produção, conforme o gráfico a seguir:

Gráfico 1 - A produção brasileira de carne de frango em milhões de toneladas

Fonte: Relatório Anual 2016 - ABPA

No ano de 2006 a produção aviaria foi de 9,34 milhões de toneladas, este foi o ano da gripe aviária na Europa, na Ásia e na África, o que fez com que as exportações caíssem, obrigando a contenção da produção. Neste ano os produtores foram orientados a manter o controle do alojamento de pintos para manter a produção adequada à demanda. Outro fator que explica o menor desempenho das exportações naquele ano foi à taxa de câmbio desfavorável às exportações

9,34 10,31 10,94 10,98 12,23 13,06 12,65 12,31 12,69 13,14 9 10 11 12 13 14 15 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Produção Brasileira de Carne de Frango (Milhões de Ton.)

Produção Brasileira de Carne de Frango (Milhões de Ton.) Linear (Produção Brasileira de Carne de Frango (Milhões de Ton.))

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(valorização do real frente ao dólar), que resultou na queda da rentabilidade das empresas exportadoras (SILVA, 2005).

Passado o receio da gripe aviária, as exportações foram subindo e diminuindo a oferta interna, o que trouxe a recuperação dos preços e consequente aumento da produção, em 2007 foram produzidas 10,31 milhões de toneladas de frango, destas 3,18 milhões de toneladas foram exportadas, o que mostra uma recuperação no setor pós-gripe aviaria mesmo que o fator real continuasse valorizado, porém os preços dos produtos da avicultura tiveram maior valorização, proporcionando a recuperação do setor.

No ano de 2008 o setor avícola continuou a recuperação de mercado após o período de instabilidade devido à crise econômica mundial, que também trouxe reflexos para o segmento com uma crise não de demanda por alimentos, mas sim de liquidez por parte de alguns importantes mercados compradores. A redução do alojamento de pintos persistiu, conforme orientação da União Brasileira de Avicultura (UBA) chegando a ser de 20% comparativamente ao ano anterior.

A produção de carne de frango começou o ano de 2009 com redução, muito por causa das incertezas dos desdobramentos da crise econômica mundial, a produção entre os meses de janeiro e abril foi ainda inferior àquela vista em igual período de 2008. Nos meses seguintes, voltou a aumentar, retomando volumes anteriores à crise (SANTIN, 2009).

Basicamente dois fatores foram os responsáveis pela redução do total produzido no início daquele ano. O primeiro foi às previsões pessimistas do mercado quanto ao consumo de carne tanto no mercado externo quanto no doméstico. Outro motivo foi a falta de crédito para produção, também reflexo da crise. Muitos frigoríficos enfrentaram problemas no inicio do ano por não conseguirem dinheiro para continuar a produção. Alguns chegaram a parar o abate de animais. O caso mais notável de complicação financeira no setor foi protagonizado pela Sadia, que sofreu perdas de centenas de milhões de dólares com a desvalorização do Real frente à moeda americana e acabou precisando se fundir com a Perdigão, formando naquele mesmo ano a Brasil Foods; empresa que segue atuando no setor.

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Com a melhora das exportações, já no mês de março, as empresas começaram a aumentar o alojamento de matrizes em maio, acreditando que o mercado externo seguisse aquecido. Esse movimento resultou no recorde mensal de produção de carne de frango em agosto. De acordo com dados da Apinco (Associação dos Produtores de Pinto de Corte), naquele mês foram produzidas pouco mais de 1 milhão de toneladas da carne. O ano terminou com a produção de 10,94 milhões de toneladas no total.

A produção brasileira de carne de frango totalizou 12,230 milhões de toneladas em 2010, alta de 11,38% em relação a 2009. O crescimento em 2010 foi impulsionado principalmente pelo aumento de consumo de carne de frango e pela expansão de 5,1% nas exportações. Agregando-se a isso também o aumento da renda média da população brasileira (UBABEF, 2011).

Em 2011 a produção de frangos foi de 13,06 milhões de toneladas, o que representou um crescimento de 6,8% em relação a 2010 e um recorde, até aquele momento, na história do setor. Chama atenção o fato de que do montante produzido naquele ano, 69,8% foram destinados ao mercado interno, traduzindo uma preferencia maior do povo brasileiro em relação a carne de frango, principalmente em um momento em que a carne bovina vivia uma grande instabilidade de preço (RURAL, 2012).

A produção avícola no ano de 2012 foi de 12,65 milhões de toneladas, o que representou uma queda de 3,17% em relação ao ano anterior, esta redução teve como principais causas a disparada dos preços da soja e do milho, que representam os principais custos do setor. Esse impacto nos gastos com a ração foi acompanhado pela ausência de créditos para avicultores e agroindústrias; o que resultou na paralisação de atividades de diversas empresas e consequentemente milhares de demissões no setor (MENDES, 2013).

Em 2013 a produção brasileira de frango totalizou 12,30 milhões de toneladas, comparativamente ao ano anterior a produção decresceu 2,6%, este resultado foi reflexo da alta do preço do milho no mercado internacional, consequência da quebra da safra nos Estados Unidos em 2012, e que encareceu a ração, e o crescimento do volume da produção de frango em 2011, que reduziu o preço. O milho mais caro e o preço menor do frango, mais os desdobramentos da

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crise internacional, que reduziram as exportações, já haviam causado dificuldades ao setor avícola entre 2011 e 2012 (BRASIL, 2014).

Segundo dados da ABPA a produção brasileira de carne de frango totalizou, no ano de 2014, o total de 12,691 milhões de toneladas, resultado 3,11% superior ao total produzido pelo setor em 2013. Este aumento ocorreu principalmente pela elevação de preços da carne bovina.

No ano de 2015 ocorreu um crescimento de 3,58 %; foram produzidos 13,14 milhões de toneladas de carne de frango. Com este resultado, o Brasil manteve o posto de segundo maior produtor do mundo, superando a China – que produziu no ano passado 13,025 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Com isso, o aumento da produção de frango foi alavancado pelo aumento do preço da carne bovina (TURRA, 2015).

2.2 ALOJAMENTO DE MATRIZ DE CORTE DO FRANGO NO BRASIL

O gráfico 2 aborda uma série histórica a respeito do alojamento das matrizes de frango de corte; ou seja, o numero de frangos que foram criados em nosso país.

Gráfico 2 - Alojamento da Matriz de Corte de Frango no Brasil (Milhões)

38,4 42,5 48,6 44,4 46,6 50,0 46,5 46,1 49,3 52,7 0 10 20 30 40 50 60 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Alojamento de Matriz de Corte (Milhões de Unidades)

Alojamento de Matriz de Corte (unidades)

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Na comparação do ano de 2007 com o ano de 2008, é possível verificar que ocorreu um aumento do volume alojado em 14%. Porem nos dois anos seguintes, o alojamento foi significativamente menor; mesmo havendo relativa melhora de 2010 em relação a 2009.

Em 2011, quando o volume alojado superou ligeiramente a casa dos 50 milhões de cabeças, o incremento anual foi relativamente menor que o de 2008: chegando a pouco mais de 6%, na comparação com o ano de 2010. Mas acabou agravado, no ano seguinte, por um excesso de produção no primeiro semestre e pela explosão dos preços das matérias-primas no segundo semestre (ABPA, 2013).

A questão do alojamento da matriz de frangos é diretamente ligada ao ambiente econômico da produção, senão vejamos; quando bons momentos foram experimentados no biênio 2007-2008; o setor animou-se e ignorando a realidade, exagerou no alojamento de matrizes (OLIVEIRA, 2008).

Esta animação teve um alto custo para os avicultores, pois em 2009 eclodiu a crise econômica mundial, além disso, outro fato até mais importante que este foi que a produção passou a ser excedente (NASCIMENTO, 2008).

O golpe pareceu ter sido assimilado e em 2009 o alojamento acabou recuando. No ano seguinte, os avicultores mantinham-se inseguros quanto ao futuro econômico do País, com isso o alojamento permaneceu moderado, o resultado foi uma significativa melhora de mercado no biênio 2010-2011. Então, novamente, cometeu-se o mesmo equívoco anterior: obtendo bom retorno, o setor voltou a exagerar no alojamento. E outra vez voltou a amargar sérios prejuízos, desta vez agravados pela crise inédita das matérias-primas, especialmente do milho (UBABEF, 2015).

2.3 ABATE DE FRANGO POR ESTADO

A figura 1 mostra a participação percentual dos Estados Brasileiros em relação ao total de abates de frango no ano de 2006. Nela é possível verificarmos que os três estados da Região Sul dominavam amplamente a produção, sendo responsável por mais de 62% do total produzido. Esta proeminência em relação aos

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demais estados deve-se principalmente aos imigrantes europeus, que trouxeram nas primeiras décadas do século 20, a prática do trabalho rural e as tecnologias

utilizadas na Europa naquela época. Muitos desses imigrantes fugiram de seus países por causa das guerras; 1ª e 2ª Guerra Mundial (INDUSTRIAL, 2016).

Figura 1 – Participação percentual dos Estados Brasileiros em relação ao total de abates de frango no ano de 2006.

Fonte: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

De acordo com Oliveira (2016, pg 79), “A qualidade da carne de frango produzida no país é inspecionada e fiscalizada, no âmbito federal, pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), que atua diretamente em abatedouros frigoríficos, cujas

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funções são inspecionar e fiscalizar o processo de produção da carne ofertada à população visando garantir sua qualidade higiênico-sanitária. Esta é uma atividade privativa do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), sempre que se tratar de produtos destinados ao comércio interestadual ou internacional, e abrange inspeção “ante” e “post mortem” dos animais, recebimento, manipulação, transformação, elaboração, preparo, conservação, acondicionamento, embalagem, depósito e rotulagem, de quaisquer produtos e subprodutos”.

Essa inspeção é seguida de forma rigorosa nas principais empresas do setor no país. Segue abaixo uma tabela trazendo as 10 maiores empresas, na área do abate, no setor aviário em 2006, em números reais e também a sua participação percentual no total brasileiro.

Tabela 1 - Abate de Frango no Brasil - As 10 Maiores Empresas em 2006

Fonte: ABPA – Relatório 2007

É interessante notar que estas dez empresas foram responsáveis por mais da metade dos abates de frangos no Brasil no ano de 2006. Porem somente as duas primeiras, Sadia e Perdigão, tem quase o mesmo percentual das outras oito somadas, o que comprova mais uma vez a força das duas perante o cenário agrícola brasileiro. Destas dez empresas somente a Pena Branca não possuía estabelecimento na Região Sul em 2006, fato que corrobora com o que foi apresentado anteriormente.

Abate de Frango no Brasil - As 10 Maiores Empresas em 2006

Empresa Aves (Cabeças) Participação %

1º Sadia 629.209.878 14,21 2º Perdigão 498.850.657 11,27 3º Seara 277.320.934 6,26 4º Frangosul 237.068.234 5,36 5º Avipal 208.096.594 4,70 6º Dagranja 117.199.849 2,65 7º Aurora 91.826.334 2,07 8º Diplomata 90.754.483 2,05 9º Pena Branca 82.155.225 1,86 10º Copacol 72.080.048 1,63

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Figura 2 – Participação percentual dos Estados Brasileiros em relação ao total de abates de frango no ano de 2015.

Fonte: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

A figura 2 demonstra através de dados obtidos no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, o percentual de abates de frango de cada estado brasileiro no ano de 2015. Segundo dados divulgados pelo próprio Ministério; o estado do Paraná foi o que mais abateu frangos no país; foram mais de 4,6 milhões de aves por dia. Para se ter uma dimensão do volume, foi abatido quase um frango para cada dois habitantes do estado, que tem 11 milhões de moradores. No total, 1,68 bilhão de aves foram abatidas. Um crescimento de 7,3% em relação ao ano anterior, quando a avicultura paranaense abateu 1,56 bilhão de unidades.

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O segundo estado em numero de abates aviários continua sendo Santa Catarina, as aves abatidas representam 16,24% do total brasileiro; logo abaixo vem o Rio Grande do Sul com 14,13%.

Tabela 2 - Abate de Frango no Brasil - As 10 Maiores Empresas em 2014

Fonte: Revista Avisite – nº 92

A divulgação dos dados de abate do setor depende da boa vontade das empresas em divulgar claramente seus números. Por este motivo não foi possível a obtenção de informações confiáveis do ano de 2015, foi tomado por base então o ano de 2014. Dentre as empresas que obtiveram maior destaque estão a BRF e a JBS, primeira e segunda colocada no ranking, respectivamente.

As outras também ranqueadas foram: Aurora, GT Foods, Copacol, C. Vale, São Salvador Alimentos, Zanchetta, Cooperativa Lar e Nutriza. Em relação aos números da JBS é importante salientar que os números não incluem os abates de empresas adquiridas no decorrer de 2014 (Big Frango, Céu Azul e Tyson). De qualquer forma, a JBS permanece como a segunda maior do setor; sendo superada somente pela BRF que conseguiu a incrível marca de mais de 1 bilhão e 600 milhões de aves abatidas (AGRO, 2015).

2.4 CONSUMO PER CAPITA DE CARNE DE FRANGO (KG/HAB.)

Abate de Frango no Brasil - As 10 Maiores Empresas em 2014

Empresa Aves (Cabeças) Participação %

1º BRF 1.664.000.000 48,62 2º JBS 954.000.000 27,88 3º Aurora 215.300.000 6,29 4º GT Foods 122.380.000 3,58 5º Copacol 98.700.000 2,88 6º C. Vale 98.530.000 2,88

7º São Salvador Alimentos 70.319.000 2,05

8º Zanchetta / Alliz 70.104.000 2,05

9º Coop. Lar 69.926.000 2,04

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Aquele famoso prato típico brasileiro, com arroz, feijão e bife, está mudando. E isso tem a ver com o bolso e com a concorrência. Na hora de fazer companhia para o feijão com arroz, a preferência nacional já não é só pela carne de boi. A alta do preço da carne bovina faz o consumidor preferir a carne de frango no supermercado. O alimento bovino subiu, em média, 12% nas capitais brasileiras nos últimos 12 meses, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Em uma década o consumo de carne de frango aumentou 26%. O da carne suína, 19%. Já o da carne bovina caiu 10%. O resultado é que hoje o brasileiro consome mais carne de frango do que de boi. E a carne de porco está bem mais companheira do feijão com arroz.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal o aumento no consumo de carne de frango e de porco também tem a ver com o investimento em genética, na higiene das granjas e na ração. A qualidade da carne melhorou.

Gráfico 3 - Consumo Per Capita de carne de frango (de 2006 á 2015)

Fonte: Relatório ABPA – 2016

36,97 37,02 38,47 38,47 44,09 47,38 45,00 41,80 42,78 43,25 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Consumo Per Capita de Carne de Frango (Kg/hab)

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Através da análise do gráfico 3 percebe-se que durante esta pequena serie houve crescimento nos três primeiros anos atingindo um percentual de 3,76% de 2007 até 2009; com a crise econômica mundial do ano de 2009 o consumo de carne bovina e também suína, mais cara, foi reduzido e isso afetou diretamente o mercado de aves, haja visto que no ano seguinte o consumo per capita de carne de frango do brasileiro foi de 44,09 kg/hab.

No ano de 2011 o consumo per capita de carne de frango foi de 47,38 quilos, ou seja, um crescimento de 7,5% em relação ao ano anterior, tamanho consumo jamais havia sido registrado antes. Isto significa um consumo de carne por habitante, em média, de quase quatro quilos mensais ou um quilo a cada semana. O consumo per capita de carne de frango no Brasil, em 2011, também superou o verificado nos Estados Unidos, que foi de 44,4 quilos, segundo o USDA.

Em 2012 ocorreu redução no consumo, quase 8% em relação ao ano anterior, isto ocorreu pelo fato da oferta também diminuir, isso porque os custos do setor aumentaram ocasionando assim uma redução de produtividade, mesmo assim o consumo daquele ano foi alto, 45 kg/hab. No ano seguinte novamente ocorreu redução no consumo, porem em 2014 e 2015, passado o primeiro impacto da inflação dos alimentos,o consumo per capita de carne de frango voltou a crescer no Brasil (G1, 2012).

O consumo per capita de carne de frango no Brasil em 2014 foi de 42,78 kg/hab, superando em 2,2% o consumo de 2013, que foi de 41,80 kg/hab. Este aumento no consumo da proteína animal teve relação também com a enorme presença de turistas no país, para acompanharem a Copa do Mundo da Fifa realizada em junho e julho. Segundo estatísticas federais, pouco mais de 1 milhão de estrangeiros visitaram o Brasil durante o período do torneio (INDUSTRIAL, 2014).

Contudo tanto em 2014 como também em 2015, o principal fator que originou um consumo maior de carne de frango por parte do brasileiro foram os preços elevados da principal concorrente da proteína de frango, a carne bovina, que ocasionaram o aumento da procura pelas aves, sendo esta uma proteína mais barata. Segundo estimativa da ABPA, o consumo per capita da carne de frango chegou a 43,25 quilos por habitante ao ano em 2015, alta de 1,1% ante os 42,78

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quilos registrados no ano anterior. O consumo per capita, porém, ainda é inferior aos 45 quilos por habitante registrados em 2012 (POINT, 2014).

2.5 CONSUMO PER CAPITA DE CARNE DE FRANGO, SUÍNA E BOVINA NO BRASIL, DE 2006 ATÉ 2015.

A tabela 3 contém dados a respeito do consumo per capita dos três principais tipos de carnes preferidos pelo brasileiro: carnes de frango, suína e bovina. Ao analisar-se a tabela nota-se que a proteína de frango manteve-se como a mais consumida ao longo deste período de 10 anos; isso em função do aumento de preço da carne bovina, o que fez com que o consumidor fosse buscar um substituto imediato e de menor custo para a sua cesta básica, o aumento de produção de aves também contribuiu para esse maior consumo por parte da população brasileira.

Quanto a carne suína, a tendência de consumo comprova um pequeno aumento nesta serie analisada, de pouco mais de 2 quilos. Apesar de não comparar-se em consumo com a carne de frango e gado, a carne suína mantem comparar-seu consumo estabilizado desde 2007, com pequenas oscilações.

Tabela 3 - Consumo Per Capita (Kg/Hab.) de Carne de Frango, Suína e Bovina no Brasil, de 2006 até 2015.

Ano Consumo Per Capita de

Carne de Frango

Consumo Per Capita de Carne Suína

Consumo Per Capita de Carne Bovina 2006 36,97 10,24 37,00 2007 37,02 13,00 36,80 2008 38,47 13,40 36,90 2009 38,47 13,70 37,10 2010 44,09 14,10 37,80 2011 47,38 14,90 39,30 2012 45,00 14,90 39,60 2013 41,80 14,50 39,10 2014 42,78 14,70 41,26 2015 43,25 15,10 30,60

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Com o auxilio do gráfico 4 abaixo é possível perceber a discrepância existente entre os três tipos de proteína e ratificar a importância atual, e crescente da carne de frango para a alimentação da população brasileira, mantendo os níveis da proteína em níveis acima até mesmo da carne bovina.

O brasileiro tem consumido mais carne de frango nos últimos anos, e este crescimento esta bem demonstrado no gráfico 4, senão vejamos: no ano de 2006 o consumo per capita de carne de frango era de 36,97 kg/hab; neste mesmo ano a carne bovina possuía consumo per capita de 37 kg/hab, ou seja, até então era a proteína animal mais consumida pelo povo brasileiro.

Gráfico 4 - Consumo Per Capita – Tendência de Consumo

Fonte: Elaboração própria com dados do IBGE, Conab e ABPA

Este cenário alterou-se a partir do ano seguinte, quando pela primeira vez a carne de frango tomou a dianteira na preferencia brasileira, passando a ter um consumo de 37,02 kg/hab contra 36,80 kg/hab de carne bovina. Essa mudança esta vinculada a alguns fatores, como por exemplo, o aumento do quilo do corte da carne bovina e a redução no preço do quilo da carne de frango, bem como o aumento de exportações da carne bovina reduzindo assim a oferta da mesma no mercado interno. Deste então, até o ultimo ano do estudo (2015) não ocorreu nenhuma troca

10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Tendência de Consumo

Consumo Per Capita de Carne de Frango Consumo Per Capita de Carne Suina

Consumo Per Capita de Carne Bovina

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de posição entre as duas, ou seja, o consumo de frango manteve um crescimento mais acentuado em relação à carne bovina.

Dentre os anos tomados por base nesta serie de dados o que teve mais destaque em relação ao consumo de carne de frango, foi o ano de 2011, recorde de consumo inclusive. O consumo per capita de carne de frango cresceu 7,5% em relação ao ano anterior, o consumo por brasileiro foi, em média, de quase quatro quilos mensais ou um quilo a cada semana.

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3. EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DA CARNE DE FRANGO NO MERCADO INTERNO

Os preços relativos à produção avícola são extremamente vinculados aos valores praticados em outros tipos de cultura, principalmente o milho, pois este compõe a maior parte da alimentação das aves. Ou seja, se avaliarmos este aumento de custo da alimentação das aves de forma global, o crescimento dos preços dos grãos pressionam os custos de produção avícola e, consequentemente, acabam sendo repassados pelas empresas para os consumidores. Se estes aumentos persistem os produtores muitas vezes acabam recorrendo a estratégia de promover cortes adicionais na produção (AGRON, 2014).

Os subcapítulos a seguir abordam informações a respeito do preço do quilo do frango pago ao produtor, bem como o preço no atacado e suas respectivas séries históricas.

3.1 VALOR E VARIAÇÃO DOS PREÇOS MÉDIOS PAGOS AO PRODUTOR

Como mencionado anteriormente todos os fatores que compõem a criação de aves deve ser levado em consideração na formação de preço; porem quando se trata de preço pago ao produtor o que influencia diretamente é a questão da demanda e oferta do produto. Em um cenário onde a demanda cresce, o que tem ocorrido, os preços pagos ao produtor tendem a manterem-se em níveis crescentes, mesmo sem equivalerem-se.

As três principais carnes consumidas no Brasil e também no mundo são as carnes de frango, bovina e suína. Por esta razão a tabela abaixo traz uma serie histórica comparativa dos preços destes três tipos de proteína animal. Segundo os dados ali contidos, a carne de frango é a proteína animal de menor valor em relação

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às outras duas, possui pequena variação cambial, principalmente se comparamos com a carne bovina, que esta perdendo mercado nos últimos anos (SPROESSER, 2008).

Apesar da variação percentual da carne suína ser até menor, o preço mantem-se acima do frango, influenciado pela questão do custo operacional e de produção dos suínos, bem como pela demanda reduzida principalmente nos países asiáticos de religião muçulmana onde a carne suína não pode ser consumida. A tabela 4 traz dados quantitativos a respeito do valor e da variação do preço médio pago aos produtores pelas carnes de frango, bovina e suína (RURAL, 2016).

Tabela 4 – Valor e Variação do Preço Médio das Carnes de Frango, Bovina e Suína, pagos ao produtor no Brasil.

Fonte: Elaboração própria com dados de Agrolink e Cepea

A variação percentual dos preços dos três tipos de proteína avaliada mostra que a carne de frango é dentre estas a que menos oscilações possuíram durante o período avaliado. A carne suína foi a que teve uma oscilação maior, pois teve uma queda de preços acentuada em 2009, ano do surgimento da gripe suína, o que acarretou em diversos problemas para o setor como diminuição de exportações e desconfiança do consumidor em relação à qualidade e sanidade da produção. Em

Valor e Variação nos Preços Médios Ano Carne Bovina

(kg) Variação Bovina Carne Frango (kg) Variação Frango Carne Suína (kg) Variação Suína 2006 R$ 1,79 // R$ 1,36 // R$ 1,60 // 2007 R$ 2,17 17,51% R$ 1,48 8,11% R$ 1,78 10,11% 2008 R$ 2,57 15,56% R$ 1,79 17,32% R$ 2,63 32,32% 2009 R$ 2,51 -2,39% R$ 1,71 -4,68% R$ 1,94 -35,57% 2010 R$ 2,63 4,56% R$ 1,65 -3,64% R$ 2,31 16,02% 2011 R$ 3,12 15,71% R$ 1,81 8,84% R$ 2,50 7,60% 2012 R$ 3,22 3,11% R$ 1,93 6,22% R$ 2,37 -5,49% 2013 R$ 3,34 3,59% R$ 2,23 13,45% R$ 2,90 18,28% 2014 R$ 4,18 20,10% R$ 2,25 0,89% R$ 3,49 16,91% 2015 R$ 4,94 15,38% R$ 2,36 4,66% R$ 3,28 -6,40% Variação Total 63,77% Variação Total 42,37% Variação Total 51,22%

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2013 houve uma grande elevação no preço pago, mais de 22%, isso ocorreu principalmente pelo investimento russo em importações da produção brasileira de suínos.

No caso da carne bovina a variação percentual manteve-se próxima a que ocorreu com a carne de frango, mas mesmo que o custo de produção da carne bovina no Brasil esteja entre os menores da América do Sul, segundo estudos do Cepea, o Brasil também tem um dos menores preços médios pagos pela sua carne, o que dificulta a rentabilidade para os pecuaristas brasileiros.

O gráfico 5 elucida essa compreensão sob forma mais visual, pois fica mais claramente representada a variação ocorrida nos três tipos de carne ao longo do período de tempo estudado.

Gráfico 5 - Variação Percentual do preço pago ao produtor da carne de frango, bovina e suína (de 2007 á 2015)

Fonte: Elaboração própria com dados de Agrolink e Cepea

O preço pago ao produtor de carne suína possuiu uma maior variação devido aos problemas sanitários ocorridos, em especial a gripe suína e também devido às contingências do mercado, mesmo assim ao longo do período seu nível de procura mostrou-se regular, causando assim manutenção de oferta.

-30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Variação Percentual do Preço pago ao produtor

Carne Bovina (Kg) Carne Frango (Kg) Carne Suina (Kg)

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3.1.1 VARIAÇÃO DO IPA-DI COMPARATIVAMENTE COM A VARIAÇÃO DO PREÇO DO FRANGO DE CORTE

O subcapítulo refere-se a um comparativo percentual entre o que é pago ao produtor pelo quilo de frango e a variação percentual do IPA-DI (Índice de Preços ao Produtor Amplo - Disponibilidade Interna) no mesmo período. Produzido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), este índice é o principal indicador da evolução dos preços no setor atacadista brasileiro. São pesquisados preços de matérias-primas agrícolas e industriais, produtos intermediários e de uso final.

Este índice foi criado em 1947, e era chamado inicialmente de Índice de Preços por Atacado. Apenas em Abril de 2010, a nomenclatura atual – Índice de Preços ao Produtor Amplo – passou a ser adotada. Esse importante índice inflacionário registra as variações de preços de produtos agropecuários e industriais nas transações interempresariais, ou seja, nos estágios de comercialização anteriores ao consumo final. O IPA é basicamente um índice de preços de venda de produtos em nível de produtor.

Em 1964, quando foi introduzida a correção monetária no Brasil, o IPA foi escolhido como índice de referência para correção das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN) e para o cálculo da Unidade Padrão de Capital (UPC), parâmetro de reajuste de financiamentos imobiliários. O Índice de Preços ao Produtor Amplo é uma estatística contínua, de periodicidade mensal, calculado entre o primeiro e o último dia de cada mês, sendo divulgado em três diferentes versões: IPA-DI, IPA-10 e IPA-M.

A amostra de produtos do IPA é composta por 481 mercadorias distribuídas em 18 grupos, que são organizados para medir a evolução de preços segundo o destino que se atribui aos bens componentes – para consumo ou para produção. A coleta de preços é realizada nos quinze principais estados do país: Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

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Gráfico 6 – Variação do IPA-DI comparativamente com a variação do preço do frango de corte

Fonte: Elaboração própria com dados do FGV e CEPEA

Nesta amostragem fica claro que preço da carne de frango de corte teve uma variação maior em relação ao IPA-DI, que é o principal índice balizador da evolução dos preços no setor atacadista brasileiro, por exemplo no ano de 2007 a variação do IPA-DI foi de 9,80% em relação ao ano anterior enquanto neste mesmo período a carne de frango teve um crescimento de valor de 20,95%, ou seja, uma variação consideravelmente maior; isso traduziu-se em uma remuneração superior para o produtor de aves no que se refere a média das vendas no atacado dos demais produtos.

Em relação ao ano de 2015, segundo informações disponibilizadas pelo CEPEA o ritmo das vendas internas de carne de frango seguiu relativamente lento no decorrer do ano, chegando até mesmo a frustrar as expectativas de alguns agentes que aguardavam uma significativa melhora na demanda em virtude do recebimento dos salários por parte da população. Segundo o que foi mencionado pelos pesquisadores do Cepea, é a demanda enfraquecida que mantém baixa a liquidez. (CEPEA, 2016). -15,00 -10,00 -5,00 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Variação do IPA-DI x Variação do Preço do Frango

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3.2 COMPARATIVO DA VARIAÇÃO PERCENTUAL DO PREÇO DO FRANGO DE CORTE EM RELAÇÃO À VARIAÇÃO DO PIB NOMINAL NO PERÍODO DE 2006 A 2015

O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de todas as riquezas geradas por um país. No caso do Brasil, é medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a cada trimestre. Seu resultado anual é um dos principais indicadores de uma economia, abrangendo todos os setores (agricultura, comércio, serviços, indústria e governo). (ECONOMIA, 2016).

Já o PIB nominal é calculado a preços correntes, ou seja, considera os preços registrados no período em que o produto foi produzido e comercializado (BCB, 2016). Conforme consta no gráfico 6 a variação do PIB Nominal do Brasil no período de 2006 a 2015 foi maior que a variação do preço do frango de corte, principalmente nos primeiros anos desta comparação (entre 2006 e 2008), contudo entre os anos de 2014 e 2015 as variações são similares, tanto que a variação percentual do PIB Nominal no ano de 2015 foi de 3,83% e a variação do preço do quilo do frango de corte foi de 2,59%.

Gráfico 7 - Variação percentual do preço do frango de corte em relação a variação do PIB Nominal no período de 2006 a 2015

-15,0% -5,0% 5,0% 15,0% 25,0% 35,0% 45,0% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Variação do PIB Nominal x Variação do Preço do Frango

Variação PIB Nominal Variação Preço do Frango (Kg)

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3.3 COMPARATIVO DA VARIAÇÃO PERCENTUAL DO PREÇO DO FRANGO DE CORTE EM RELAÇÃO À VARIAÇÃO DO PIB REAL NO PERÍODO DE 2006 A 2015

O gráfico 8 sistematiza uma comparação entre a variação percentual do preço do frango pago ao produtor em relação a variação do PIB Real, no período de 2006 até 2015. Enquanto o PIB Real possui uma variação maior podemos perceber que o preço pago ao produtor manteve uma constância bem maior, isso quer dizer que o ganho do produtor não foi de maneira similar ao ocorrido com o PIB Real brasileiro no período.

Gráfico 8 – Relação entre a evolução do PIB Real Brasileiro e o Preço do Frango de Corte

Fonte: Elaboração própria com dados do BCB e CEPEA

A discrepância entre os dois valores fica mais evidente a partir de 2011, quando apesar de ocorrer uma significativa expansão no PIB Brasileiro o mesmo não ocorre com o preço do frango pago ao produtor pelo quilo do produto. Porem as variações efetivamente são menores no preço do frango em relação ao PIB Real, levando-se em consideração as unidades diferentes utilizadas para a comparação, com o proposito de tornar visível e didática a variação de ambos.

3,59 4,25 3,49 4,50 4,72 6,27 9,76 8,18 8,37 7,52 1,36 1,48 1,79 1,71 1,65 1,81 1,93 2,34 2,32 2,38 0 2 4 6 8 10 12 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 PIB Real (em trilhões de R$) x Carne de Frango (R$/Kg)

(42)

4. CUSTOS DE PRODUÇÃO

Na ultima década pode-se avaliar que o desempenho agropecuário do Brasil o colocou entre as nações mais prósperas e competitivas do mundo, sendo um dos principais fornecedores de proteínas no mercado de alimentos, abastecendo o mercado interno e destinando o excedente de sua produção a 215 países.

Porem cada vez mais se intensificam as discussões sobre os preços agrícolas no Brasil, que para diversos produtos se situam muito acima dos preços históricos. Todavia existe uma série de fatores que podem ser apontados como potenciais influenciadores dos preços e da produção, dentre os quais se destacam os baixos estoques mundiais de grãos e cereais. Dentre estes, soja e milho adquirem elevada importância pelo amplo uso na fabricação de rações animais como fontes principais de proteína e energia, em especial para aves e suínos. É expressiva a participação destes dois insumos nos custos de produção e no desempenho animal (POINT, 2005).

Em realidade tanto a criação de aves quanto a criação de suínos tem uma dependência essencialmente baseada na disponibilidade dos ingredientes necessários para composição da dieta do plantel, como também de os dois insumos terem preços compatíveis com os preços pagos por quilograma de carne ou pelo animal vivo. Desta forma, podemos afirmar que o desempenho do setor de produção de soja e milho está intimamente ligado ao setor de carnes e às exportações.

No entanto, as oscilações a que estão sujeitos os preços do milho e da soja representam um fator de insegurança no controle de custos de produção de carne suína e de aves no Brasil. Algumas pesquisas têm tentado mostrar uma forma de minimizar este problema, através do uso de ingredientes alternativos às dietas com os insumos tradicionais (PATRONI, 2015).

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Porem a grande questão que ainda não foi solucionada, a respeito desses estudos, é de que forma atingir a combinação ideal com outros grãos que possibilitem o aporte adequado de nutrientes (proteínas, minerais, vitaminas, aminoácidos, entre outros) e de energia para a expressão do potencial genético dos animais de produção e ao longo de todos os seus estágios de desenvolvimento. (INDUSTRIAL, 2012)

Diante deste quadro a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) resolveu criar uma índice que tomasse por base os custos de produção no Paraná, maior produtor de frango do Brasil, como modelo referencial de produção, este índice foi criado em 2010 e é chamado de ICPFrango, ou Índice dos Custos de Produção do Frango.

Gráfico 9 – Comparativo entre ICPFrango, IPCA e variação do Preço do Frango

Fonte: Elaboração Própria com dados do Cepea, Embrapa e IBGE

O gráfico 9 faz um comparativo entre os valores do ICPFrango, que é calculado pela Embrapa, o IPCA, e o preço do frango pago ao produtor, segundo dados da ABPA. -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Comparativo entre ICPFrango, IPCA e Preço do Frango

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O IPCA é medido mensalmente pelo IBGE e sua criação teve como objetivo demonstrar a variação dos preços no comércio para o consumidor final. O IPCA é considerado o índice oficial de inflação do país. Seu período de coleta estende-se do dia primeiro ao trigésimo ou trigésimo primeiro, dependendo do mês. A pesquisa é realizada em prestadores de serviços, estabelecimentos comerciais, concessionárias de serviços públicos e domicílios (para verificar valores de aluguel). Os preços obtidos na pesquisa são os efetivamente cobrados ao consumidor, para pagamento à vista.

Neste levantamento são considerados nove grupos de produtos e serviços: artigos de residência; despesas pessoais; alimentação e bebidas; habitação; comunicação; saúde e cuidados pessoais; educação; transportes e vestuário. Eles são subdivididos em outros itens. Ao todo, são consideradas as variações de preços de 465 subitens. (IBGE, 2007)

Este indicador reflete o custo de vida de famílias com renda mensal de um a quarenta salários mínimos, sendo estes residentes nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém, além do Distrito Federal e do município de Goiânia. (ECONOMIA, 2007).

Pois bem, é necessário informar que, diferentemente do restante da pesquisa, não foi possível fazer a comparação desde 2006, visto que, como já mencionado o ICPFrango só passou a ser medido pela Embrapa a partir de 2010, mesmo assim achei válida a comparação deste índice com o Preço do Frango e com o IPCA. A proposito; é possível verificarmos que o ICPFrango teve um crescimento acentuado em 2012 comparativamente a 2011, este aumento foi de quase 40%, impulsionado pelo aumento do preço das rações, cuja formulação depende de milho e farelo de soja, sendo estes insumos que mais pressionaram para a alta.

Foi também o preço das rações o fator preponderante para o ICPFrango no ano seguinte, 2013, porem desta vez ele atuou de forma positiva, ou seja, a redução do custo dos insumos das raçoes causou uma queda no custo de produção de frangos, esta queda foi em torno de 5,5% (SCHERER, 2014).

Referências

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