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A TELEVISÃO NO BRASIL

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Academic year: 2022

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(1)A TELEVISÃO NO BRASIL Por Danieli Giovanini, Historiadora e Analista de Documentação e Pesquisa da Fundação Energia e Saneamento. No nosso imaginário, a televisão é mais do que um aparelho eletrônico que transmite imagens e sons de forma instantânea. Ela é parte do nosso dia a dia, protagonista em muitas salas de estar das casas, presente em 96,4% dos lares brasileiros, segundo o IBGE1. A TV é um dos principais meios de comunicação de massa na sociedade brasileira, mas essa não era a realidade vivida no início do século passado.. Televisão conjugada com radiovitrola, da marca Zenith. Década de 1950. Acervo Fundação Energia e Saneamento. A televisão foi idealizada desde o século XIX, sendo fruto de várias pesquisas de cientistas, físicos, engenheiros e matemáticos, entre outros. E, tão importante quanto o aparelho eletrônico, são as imagens por ele transmitidas. As primeiras transmissões aconteceram na Alemanha, em 1935, ainda em salas de projeção públicas. Em 1936, foi a vez da França iniciar as transmissões regulares, usando a Torre Eiffel como antena, e da Inglaterra, com a fundação da BBC de Londres. Já os EUA foram pioneiros na produção e venda em larga escala de aparelhos televisores. 1. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2018, realizada pelo IBGE, dos 71.738 mil domicílios particulares permanentes do País, em 96,4% havia televisão, sendo que em muitos domicílios pode-se encontrar mais de um aparelho. Al. Cleveland, 601 Campos Elíseos São Paulo SP 01218-000 Tel. (11) 3224 1499 e-mail: patrimonio@energiaesaneamento.org.br website: www.energiaesaneamento.org.br.

(2) No Brasil, a primeira transmissão televisiva aconteceu no dia 18 de setembro de 1950, pela TV Tupi, emissora pertencente aos Diários Associados, conglomerado do jornalista, empresário e político Assis Chateaubriand. Porém, o sinal da emissora já estava no ar desde 21 de julho, quando foi instalada uma antena transmissora no 35º andar do Edifício Altino Arantes, hoje conhecido como Farol Santander. Mas faltava uma parte para o início da transmissão: os aparelhos televisores para receberem o sinal. Chateaubriand, às pressas, teve que resolver esse problema, importando 200 televisores dos EUA, instalando alguns em lugares públicos, um modo de chamar audiência para acompanhar a primeira transmissão da TV brasileira. No dia da estreia, existiam cerca de 500 televisores na cidade de São Paulo. Três meses depois, o número havia crescido para 2 mil aparelhos. Nessa época, a televisão demorava cerca de 30 segundos para ligar depois de girar o botão. Isso porque a TV possuía filamentos, que precisavam esquentar antes de iniciar a transmissão das imagens em tons de cinza.. Avenida São João em direção à Praça Antonio Prado. Ao centro, o Edifício Altino Arantes, inaugurado em 1947. Década de 1940. Notação: ELE.CEI.SDM.017.0001. Acervo Fundação Energia e Saneamento. Al. Cleveland, 601 Campos Elíseos São Paulo SP 01218-000 Tel. (11) 3224 1499 e-mail: patrimonio@energiaesaneamento.org.br website: www.energiaesaneamento.org.br.

(3) Inicialmente, os aparelhos de TV comercializados em solo brasileiro eram importados, com custos elevados. Assim sendo, ter uma televisão era símbolo de status e acompanhar a sua programação era uma desculpa para o convite do chá da tarde nas mais elegantes casas da sociedade paulista. Já o restante da população, o acesso ao que a televisão mostrava se dava por meio das vitrines de grandes estabelecimentos comerciais e em prateleiras de espaços como bares, cafés e confeitarias. No final dos anos 1950, empresas estrangeiras fabricantes de televisores começaram a se instalar no Brasil, permitindo a queda no preço dos aparelhos, possibilitando a expansão do eletrônico como bem de consumo. Em 1964, o número de televisores era de 2 milhões e 1974, já eram 9 milhões, marcando presença em 43% dos lares brasileiros. Com isso, além do aumento do número de aparelhos de TV, os telespectadores cresceram e se diversificaram. A população demorou para se habituar aos televisores. Várias foram as reclamações para os profissionais da assistência técnica, pois poucos sabiam como utilizar o novo aparelho e qualquer alteração na imagem ou no som causavam reações enfurecidas dos novos consumidores, atribuindo ao televisor o defeito, a despeito das oscilações da energia elétrica e do próprio alcance do sistema de micro-ondas utilizado nas transmissões. Em reportagem ao jornal ​Correio Paulista,​ em 21 de setembro de 1952, o então chefe do Departamento Técnico da Philco, relata um chamado típico do período.. Trecho de entrevista publicada no ​Correio Paulista​, em 21 de setembro de 1952 (ELE.RPU.MPI.1085.346). Acervo Fundação Energia e Saneamento. Al. Cleveland, 601 Campos Elíseos São Paulo SP 01218-000 Tel. (11) 3224 1499 e-mail: patrimonio@energiaesaneamento.org.br website: www.energiaesaneamento.org.br.

(4) A programação da televisão no Brasil começou muito parecida com o rádio, com a adaptação de programas para o formato televisivo - não por acaso, já que a maioria dos primeiros profissionais das emissoras trabalhava anteriormente no rádio -, entretanto, a novidade permitiu a experiência integral ao espectador, sendo que as pessoas não necessitavam mais imaginar o cenário, os personagens das novelas ou os jornalistas em seus noticiários favoritos, tendo acesso ao som em conjunto com as imagens. Nos primeiros anos da televisão brasileira, programas estrangeiros (“enlatados”), principalmente norte-americanos, coexistiram com programas de produção doméstica, como telenovelas, shows de entretenimentos, humorísticos e programas de música popular. As novelas despontaram como preferidas pelo público, se tornando campeãs de audiência nos lares brasileiros. Para se ter ideia, em 1986, o capítulo final da novela “Roque Santeiro” alcançou a marca de 97% das televisões ligadas e sintonizadas na Rede Globo, historicamente, só perdendo para as transmissões da chegada do homem à Lua e da final da Copa do Mundo de Futebol de 1970 - quando o Brasil alcançou o Tricampeonato Mundial -, que marcaram 100% de audiência. A primeira vez que a programação foi nacionalmente integrada aconteceu na inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960, graças o uso do videoteipe. Em 1965, a criação da Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações), possibilitou o início das transmissões via satélite. Já a transmissão direta nacional televisiva começou em 1969, com a inauguração, no Rio de Janeiro, do primeiro centro de TV, pela Embratel, que tornou possível a ligação das estações com o Sistema Nacional de Telecomunicações, permitindo que a organização das emissoras em redes com algumas estações produtoras e várias afiliadas não-produtoras, mas replicadoras da programação. A ascensão da Rede Globo e seu padrão, nessa época, demonstra o impacto dessa inovação. Em 1971, o Grupo Bandeirantes de Comunicação transmitiu os primeiros programas a cores da televisão brasileira. Onze anos depois, em 1982, o Grupo também foi pioneiro no uso do satélite em suas transmissões, substituindo o sistema de micro-ondas. Várias mudanças tecnológicas culminaram na TV Digital, que foi lançada em São Paulo no ano 2007, sendo que a primeira emissora que transmitiu sinais em alta definição para todo o Brasil foi o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). No ambiente digital, a televisão passou a realizar trocas diretas com o telespectador, que adotou uma postura mais participativa e menos contemplativa. A TV se tornou interativa. Acompanhando as evoluções tecnológicas da transmissão, os aparelhos televisores mudaram muito ao longo do tempo. Desde modelo da RCA, um dos primeiros Al. Cleveland, 601 Campos Elíseos São Paulo SP 01218-000 Tel. (11) 3224 1499 e-mail: patrimonio@energiaesaneamento.org.br website: www.energiaesaneamento.org.br.

(5) a ter a tecnologia a cores nos EUA, mais robusto, passando pela tentativa de uso de materiais mais leves na fabricação, passando pelos populares modelos dos televisores de tubo. Na década de 1990, as televisões de tela plana começaram a fazer sucesso, ainda com retroprojetor traseiro embutido. A inovação introduziu os modelos de plasma e o conceito de imagem em alta definição, seguido pelos modelos LCD e LED. Nos últimos anos, a inovação se pautou na conectividade, surgindo as Smart TVs, que trazem uma resolução de cinema com aplicativos que acessam conteúdo diretamente da internet.. Imagem de propaganda CESP, com detalhe da TV de tubo. 1990. Acervo Fundação Energia e Saneamento. Nos 70 anos de história da televisão no Brasil, ela se popularizou, passou da transmissão em preto e branco para definições cada vez melhores, com mais riquezas de cores e próximas da realidade, acompanhado de acentuado aperfeiçoamento técnico na captação, armazenamento, edição, produção e emissão de imagens e sons. Muitas são as possibilidades de contar sobre a televisão no Brasil e nossa relação com ela ao longo tempo, cabendo aqui uma síntese dessa história.. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:. INCONSTÂNCIA da energia elétrica causa principal má recepção de imagens na TV. Correio Paulistano​, [S.I.], 21 set. 1952. In: THE SÃO PAULO TRAMWAY, LIGHT AND POWER COMPANY (compil.). Álbum de clippings 1085, Fundo Eletropaulo, série Al. Cleveland, 601 Campos Elíseos São Paulo SP 01218-000 Tel. (11) 3224 1499 e-mail: patrimonio@energiaesaneamento.org.br website: www.energiaesaneamento.org.br.

(6) Matérias Publicadas em Imprensa; ELE.RPU.MPI.1085. (Fundação Energia e Saneamento, São Paulo). 1952. p.345-346. Disponível em: http://acervo.energiaesaneamento.org.br/consulta/AbrirArquivo.aspx?ID=35868. Acesso em: 04 ago. 2020. DESIGN CULTURE. ​A evolução dos aparelhos de TV​. Design Culture, 5 mar. 2015. Disponível em: https://designculture.com.br/a-evolucao-dos-aparelhos-de-tv. Acesso em: 04 ago. 2020. FERRARI, Bruno. ​Evolução das TVs: do tubo ao 5K​. Veja, 27 abr. 2018. Disponível em: https://veja.abril.com.br/economia/evolucao-das-tvs-do-tubo-ao-5k/. Acesso em: 04 ago. 2020. FILHO, João Freire. ​Por uma nova agenda de investigação da história da TV no Brasil​. Contracampo, edição especial, n. 10/11, 2004. Disponível em: https://periodicos.uff.br/contracampo/article/view/17380/11017. Acesso em: 28 jul. 2020. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. ​Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2018​. Acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/habitacao/17270-pnad-continua.html?edicao=2 7138&t=resultados. Acesso em: 27 jul. 2020. KORNIS, Mônica Almeida. ​Televisão, história e sociedade: trajetórias de pesquisa​. Rio de Janeiro: CPDOC, 2007. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/6761/1743.pdf. Acesso em: 28 jul. 2020. LEAL, Plínio Marcos Volponi. ​Um olhar histórico na formação e sedimentação da TV no Brasil​. 7º Encontro Nacional de História da Mídia – mídia alternativa e alternativas midiáticas. 19 a 21 de agosto de 2009. Disponível em: http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-nacionais/7o-encontro-2009-1/ Um%20olhar%20historico%20na%20formacao%20e%20sedimentacao%20da%20TV%20 no%20Brasil.pdf. Acesso em: 27 jul. 2020. SANTOS, Pablo Victor Fontes; LUZ, Cristina Rego Monteiro. ​História da Televisão: do Analógico ao Digital​. Inovcom, vol. 4, nº 1, 2013, p. 34-46. Disponível em: http://portcom.intercom.org.br/revistas/index.php/inovcom/article/view/1599/1567. Acesso em: 28 jul. 2020.. Al. Cleveland, 601 Campos Elíseos São Paulo SP 01218-000 Tel. (11) 3224 1499 e-mail: patrimonio@energiaesaneamento.org.br website: www.energiaesaneamento.org.br.

(7) SILVA, Arlindo. ​A televisão para milhões​. O Cruzeiro, ano 1950, edição 0002. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=003581&pagfis=70. Acesso em: 28 jul. 2020.. Al. Cleveland, 601 Campos Elíseos São Paulo SP 01218-000 Tel. (11) 3224 1499 e-mail: patrimonio@energiaesaneamento.org.br website: www.energiaesaneamento.org.br.

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