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Processo de criação do livro-brinquedo "Nas águas do Brasil"

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Academic year: 2021

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Departamento de Artes

Bacharelado em Design

MARIA GABRIELLE FIGUEIRÊDO XAVIER

Orientadora

Elizabeth Romani

TCC II

PROCESSO DE CRIAÇÃO

DO LIVRO-BRINQUEDO

“NAS ÁGUAS DO BRASIL”

Natal

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RESUMO

A pesquisa apresenta um estudo sobre o livro-brinquedo e o processo de criação do li-vro pop up “Nas águas do Brasil”. O objetivo deste trabalho foi realizar um breve levan-tamento sobre a evolução do livro para criança, pesquisar sobre materiais e técnicas empregados nos livros pop up, projetar um livro-brinquedo que despertasse o interesse pela leitura, tendo como público-alvo crianças entre seis e sete anos, e executar um pro-tótipo para verificação. Para o projeto foi utilizada a metodologia de Munari (1981), com dois métodos adicionais, de Stickdorn e Schneider (2014), que foram entrevistas contextuais e mapa de expectativas. Como resultados, testes realizados com o público--alvo mostrou grande nível de satisfação com o objeto final. Apesar de imprevistos no decorrer do projeto, o resultado foi satisfatório.

Palavras-chave: livro-brinquedo, pop up, criança, design gráfico.

ABSTRACT

The research presents a study about toy book and the creation process of the “In the waters of Brazil” pop up book. The aim of this work was to conduct a brief research about the evolution of children’s books, materials and techniques applied in pop up books, design a toy book that stimulate interest in reading, destined to children between six and seven years old, and make a prototype for verification. For the project was used the methodology of Munari (1981), with two additional methods, by Stickdorn and Schneider (2014), which were contextual interviews and expectations map. As a result, tests conducted with the children showed high level of satisfaction with the final object. Although unexpected problems during the project, the result was satisfactory.

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SUMÁRIO

08 INTRODUÇÃO

10 1. BREVE PANORAMA HISTÓRICO DO LIVRO PARA CRIANÇA

14 2. LIVRO-BRINQUEDO

15 2.1 Toy book (ou livro-jogo)

15 2.2 Livro de pano

16 2.3 Livro com textura

16 2.4 Livro de banho

16 2.5 Movable book (livro de movimento) 19 2.6 Play book e livros sonoros

19 2.7 Livro teatro de sombras

20 2.8 Pop up

20 2.9 Livro com dobraduras

20 2.10 Step inside

21 2.11 Livro imantado

21 2.12 Livro interativo

22 2.13 Livro de criação

22 2.14 Livro janela mágica

23 2.15 Livros em lanterna mágica

23 2.16 Livro maletinha ou pastinha

24 2.17 Livros do tipo lousa mágica

24 2.18 Livro cenário

24 2.19 Esconde-esconde, toque e descubra, raspe e cheire 26 3. PRODUÇÃO GRÁFICA DO LIVRO PARA CRIANÇA

26 3.1 Materiais e acabamentos

27 3.2 Engenharia do papel

27 3.2.1 Estruturas que se armam a 90º 28 3.2.2 Estruturas que se armam a 180º

29 3.2.3 Linguetas que produzem movimento

30 3.2.3 Linguetas que produzem rotação

32 4. METODOLOGIA

35 5. PESQUISA QUALITATIVA

41 6. ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS

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46 8. EXPERIMENTAÇÃO

49 9. PARÂMETROS DO PROJETO GRÁFICO

56 10. VERIFICAÇÃO

57 11. DESENHO TÉCNICO DAS FACAS DE CORTE E VINCO

60 12. MODELO FINAL

65 13. CONSIDERAÇÕES FINAIS

66 14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INTRODUÇÃO

Os livros para crianças passaram por grandes transformações e evoluções no decorrer das décadas. Durante esse processo de desenvolvimento, as ilustrações passaram a ter mais importância e a construção do sentido entre a imagem e o texto ficou mais elabo-rada. O processo de expansão do mercado editorial possibilitou o surgimento do livro contemporâneo, categoria na qual está inserido o livro-brinquedo, que é o objeto de estudo deste trabalho.

O livro-brinquedo é um suporte que se divide em várias categorias, sendo que a divisão está organizada nas especificidades de interação, sendo elas: Toy book (livro-jogo); livro de pano; livros com textura; livro de banho; movable book (livro de movimento); play book e livros sonoros; livro teatro de sombras; pop up; livro com dobraduras; step inside; livro imantado; livro interativo; livro de criação; livro janela mágica; livros em lanterna má-gica; livro maletinha ou pastinha; lousa mámá-gica; livro cenário; esconde-esconde, toque e descubra, raspe e cheire. De modo geral, o livro-brinquedo possui um enorme potencial lúdico e estimula o contato direto da criança com o livro, criando autonomia e ajudando no processo de aquisição da linguagem presente na primeira infância (PAIVA, 2013). É muito importante incentivar a leitura nos primeiros anos de vida. Neste sentido, o livro-brinquedo, com seu caráter lúdico e experimental, atrai o olhar da criança e inspira curiosidade. Nesse ponto, um título pode incentivar a leitura por meio de um projeto editorial coerente e esteticamente agradável, fazendo uso das tecnologias disponíveis atualmente no mercado. Além disso, busca atender as necessidades dos leitores e cum-prir seu papel social no campo da educação.

Em alguns casos, quando a criança ingressa no Ensino Fundamental, por volta dos seis anos de idade, ela já possui uma carga de conhecimento, seja por meio de contatos pré-vios com livros ou por outros meios de comunicação que a rodeia. Com isso, o professor concentra o processo de ensino-aprendizagem na aquisição da escrita. Para que um livro possa oferecer uma leitura significativa para a criança, ele deve conectar a leitura com temas do seu cotidiano e incentivar a fantasia. Dessa maneira, o designer pode atuar no processo de formação do leitor fornecendo essa conexão entre leitura e criatividade por meio do projeto gráfico. O uso de formas e acabamentos diferentes no livro pode influenciar na percepção da criança sobre o texto e na importância que ele terá para ela. Tendo isso em vista, o trabalho tem como objetivo principal projetar um livro-brinque-do que desperte o interesse pela leitura, tenlivro-brinque-do como público-alvo as crianças que se encontram na fase de desenvolvimento da alfabetização, entre seis e sete anos, de classe social A, B e C. Além disso, são objetivos específicos deste trabalho: realizar um breve levantamento sobre a evolução do livro para criança; pesquisar sobre os materiais e téc-nicas empregados nos livros; elaborar um projeto de livro-brinquedo, especificamente um livro pop up, e executar um protótipo para avaliação com o público-alvo.

A primeira etapa deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC I) foi dividida em quatro partes, que juntas formam o referencial teórico sobre o objeto de pesquisa e o design editorial voltado para criança. Para a construção da fundamentação teórica, foi reali-zada uma pesquisa bibliográfica utilizando livros, teses e artigos de diferentes áreas do conhecimento.

Na primeira parte foi realizado um relato sobre o panorama histórico do livro para crian-ça, com base nos trabalhos de Salisbury e Styles (2013), Powers (2008) e Van der Linden (2011), que descrevem a importância do surgimento de novas técnicas de produção grá-fica. Nessa etapa, pode-se notar o impacto do avanço tecnológico no desenvolvimento dos livros para criança e como o acabamento gráfico foi importante para a construção do livro contemporâneo.

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A segunda parte, foi construída a partir de Paiva (2013), expondo as definições sobre o objeto de pesquisa e as diferentes categorias de livro-brinquedo, ilustrando a classifica-ção apresentada com imagens e uma breve descriclassifica-ção sobre sua interaclassifica-ção. Para essa etapa foi realizada uma pesquisa de campo em livrarias de Natal para analisar mais de perto cada tipo de categoria e entender melhor as tecnologias empregadas nos livros.

Na terceira parte, elencou-se alguns parâmetros utilizados no design editorial que pu-dessem ser aplicados no projeto, sendo selecionados os materiais e acabamentos empre-gados nos livros-brinquedo e as técnicas de engenharia de papel.

Na quarta parte, apresentou-se a metodologia a ser empregada no projeto do livro-brin-quedo. A metodologia escolhida foi a de Munari (1981), sendo propostas algumas alte-rações, com o intuito de complementar com ferramentas apresentadas por Stickdorn e

Schneider (2014). A primeira ferramenta é a entrevista contextual, realizada com crian-ças entre 6 e 7 anos, com a finalidade de entender os pontos que mais as marcaram durante as experiências literárias que já tiveram. A segunda ferramenta é o mapa de expectativas, que serviu para destacar as expectativas que as crianças entrevistadas pos-suem ao encontrar um livro.

A parte final consistiu na aplicação da metodologia para o desenvolvimento do objeto final, sendo produzida a narrativa e ilustrações do livro-brinquedo e foram utilizados mecanismos da engenharia do papel para produção de um modelo para verificação com duas crianças que participaram do processo da pesquisa.

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1. BREVE PANORAMA HISTÓRICO DO LIVRO PARA

CRIANÇA

A contação de histórias por meio de imagens se iniciou com as pinturas rupestres, en-contradas em cavernas, meio de comunicação utilizado pelos povos durante o período pré-histórico (SALISBURY e STYLES, 2013). Desde então, as imagens têm sido usadas por diversas civilizações como meio de narrar um acontecimento importante. Como exemplo disso, temos os egípcios que utilizavam os hieróglifos (escrita pictográfica) para relatar fatos ligados à religião e ao cotidiano, explicando os rituais que praticavam no dia a dia e retratando como seria a vida após a morte. Eles escreviam histórias sobre a vida dos faraós para que estes, após a ressurreição, pudessem saber sobre as histórias de suas vidas e não ficar desorientados no pós-vida. Desta maneira,

Diz-se que o livro ilustrado mais antigo ainda existente é um papi-ro egípcio de cerca de 1980 a.C. O pupapi-ro acaso de sua conservação, enterrado na areia, sugere que tais artefatos estavam ali por muito mais tempo. Os pesquisadores acreditam que palavras e imagens eram inscritas em materiais perecíveis, como madeiras, folhas, couros, peles, e em alguns materiais predecessores ao papel, em muitas culturas da Antiguidade. (SALISBURY; STYLES, 2013, p. 11).

Antes do século XVI os livros eram publicados com capas provisórias para que os com-pradores pudessem substituir com capas de couro a seu gosto, as quais só tinham o tí-tulo do livro e o nome do autor. Apenas no século XVI surgiu o chapbook, livro impresso em uma única folha dobrada com doze a dezesseis páginas, o que barateava os custos de impressão, e que possuía muitas vezes em sua capa ilustrações em xilogravura. Segundo Powers (2008, p. 10), “nem todos os chapbooks eram destinados a crianças, mas muitos traziam contos folclóricos de gigantes e mágicos de que elas gostavam e com os quais po-diam aprender a ler”. Desse modo, o uso de ilustrações na capa surgiu associada ao livro para criança. Outros grandes marcos na história do livro ilustrado foram ocasionados por Thomas Bewick (1753 - 1828) que, nos anos 1770, teve a ideia de fazer uma ilus-tração utilizando uma base de madeira, em que as gravuras ficavam em relevo, gerando melhorias significativas ao processo, tal técnica recebeu o nome de xilogravura de topo, e permitia que as imagens fossem gravadas com grande precisão; e por George Baxter (1804 - 1867), que criou um método de impressão colorida, a partir da técnica da xilo-gravura. Nesse processo, eram utilizadas várias matrizes, de metal ou de madeira, cada qual com uma cor diferente. Essa técnica foi utilizada em livros como o de Jane Eyre

(1847), de Charlotte Brontë.

Entre as décadas de 1850 e 1860, George Routledge (1812-1888) e seu sócio, Frederick Warne (1825-1901), criaram livros-brinquedo que possuíam um formato maior que o utilizado na época e eram produzidos com duas folhas coladas e, entre elas, colocavam linho para dar maior durabilidade ao produto (POWERS, 2008).

Na primeira metade do século XIX houve grande produção de livros com ilustrações, mas o texto escrito ainda predominava no miolo, enquanto que as ilustrações eram poucas e em páginas isoladas. Somente durante o final do mesmo século, inova-se a produção do livro ilustrado por meio de formatos maiores do que o convencional. Essa nova concep-ção de livro, com a imagem predominante na página, passa a se chamar livro ilustrado

moderno. Randolph Caldecott (1846-1886) é considerado o pai dessa categoria, por ter

criado uma relação de justaposição entre palavra e imagem, no qual o texto escrito dei-xou de ser o foco do livro, abrindo espaço para que as imagens transmitissem as princi-pais ideias acerca da história narrada (VAN DER LINDEN, 2011).

Já entre os séculos XIX e XX, temos outras publicações importantes, que contribuíram ainda mais para a inversão da importância dada ao texto em relação às imagens. Dentre

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as publicações, Van der Linden (2011) destaca: Macao et Cosmage (1919), de

Edy-Le-grand (1892-1970), que atrai a atenção do leitor para as figuras desde o prefácio e possui pouco volume textual; A história de Babar, o pequeno elefante (1931), de Jean de

Brunhoff (1899-1937), que utiliza páginas duplas repletas de figuras, nas quais o texto e a imagem estão fortemente interligados; e Gédéon fait du ski (1938), de Benjamin

Rabier (1864-1939), em que as imagens aparecem novamente em destaque, algumas ocupando páginas inteiras.

O período entre a segunda metade do século XIX e o início do sécu-lo XX ficou conhecido como a era de ouro dos livros infantis, época em que houve uma convergência de muitas inovações na tecnolo-gia da impressão, de mudanças de atitudes em relação à infância e do surgimento de artistas brilhantes. Os desenhos de sir John Tenniel para a obra de Alice’s Adventures in Wonderland

(Ma-cmillan, 1865), de Lewis Carroll, talvez tenham dado início a essa nova era. Eles trouxeram algo de novo para a página; as imagens passaram a ter um papel fundamental na experiência da leitura e, posteriormente, tornaram-se cruciais em nosso modo de ler. (SA-LISBURY; STYLES, 2013, p. 18).

Após a Segunda Guerra Mundial, de acordo com Powers (2008), houve limitações no mercado editorial, o que fez com que os designers se vissem obrigados a desafiar os problemas, tentando recuperar a alegria e a fantasia no meio dos livros para crianças. A partir da década de 1950 houve uma evolução da imagem no âmbito dos livros para criança, pois muitos artistas passaram a trabalhar de modo a aumentar o espaço da

ima-Figura 1: Capa e página dupla do livro Macao et Cosmage (1919),

de Edy-Legrand Fonte: Index Grafik

Figura 2: Página dupla do livro A história de Babar, o pequeno elefante (1931), de Jean de

Brunhoff

Fonte: The Morgan Library & Museum

Figura 3: Página dupla do livro

Gédéon fait du ski (1938), de

Benjamin Rabier Fonte: Pic Click

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gem. Nesse processo surge o trabalho de Robert Delpire (1926-2017), que em conjunto com André François (1915-2005) e Alain Le Foll (1935-1981), criaram um livro que vi-nha em uma caixa especial, comprida, que possuía forma similar à caixa representada no conteúdo interno do livro. Essa obra, cujo nome é Les Larmes de crocodile (1956)

anuncia a chegada do livro ilustrado contemporâneo, no qual o aspecto visual passa a ter um peso bem maior que nos períodos anteriores.

Em 1965, a editora L’École de Loisirs, trabalhou em conjunto com vários artistas na cria-ção de livros inovadores para a época, como no caso de livros fotográficos, livros-imagem e outros com figuras abstratas. Outras editoras passaram a seguir os mesmos passos da L’École de Loisirs, ousando em suas produções, investindo em técnicas e estilos diferen-tes, criando livros em que a imagem passasse a ter cada vez mais importância frente ao texto, e produzindo obras de diversos formatos, tamanhos e acabamentos (VAN DER LINDEN, 2011). Durante o mesmo período um autor-ilustrador se destacou pelo caráter experimental de seus livros, John Burningham (1936-2019). Ele utilizava tinta, giz de cera, guache, acrílico, fotografias, entre outros materiais em suas obras (Powers, 2008). Na década de 1990, ocorreu a revolução digital e um grande crescimento econômico, o que foi favorável para o mercado editorial, barateando os custos de impressão a cores. O desenvolvimento da indústria gráfica alterou as especificações dos projetos gráficos dos títulos para crianças. Quanto aos temas abordados nos livros neste período, passaram a retratar cada vez mais assuntos ligados ao crescimento, relações pessoais e problemas sociais e menos narrativas fantásticas (Powers, 2008).

No que diz respeito ao livro para criança contemporâneo, Van der Linden (2011), espe-cifica que há nove categorias, que podem ser apresentadas como:

1. Livros com ilustração: o texto tem maior predominância, sendo o meio principal de transmissão da narrativa, e as ilustrações acompa-nham o texto;

2. Primeiras leituras: destinados a crianças em processo de alfabetiza-ção, possuindo capítulos curtos, muitas vinhetas e ilustrações junto ao texto;

3. Livros ilustrados: as imagens predominam em relação ao texto, mas existe uma relação entre ambos. Dentro desta tipologia há também o livro-imagem, onde não existe texto;

4. Histórias em quadrinhos (HQ): apresenta em seu interior várias ima-gens, organizadas de modo compartimentado;

5. Livros pop-up: utilizam sistemas de esconderijos, abas, encaixes e ou-tros elementos, possuindo mobilidade e tridimensionalidade;

6. Livros-brinquedo: segundo a autora, são objetos híbridos, situados frequentemente entre o livro e o brinquedo, que podem apelar para os diferentes sentidos;

Figura 4: Capa do livro Les Larmes de crocodile (1956), de

André François

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7. Livros interativos: servem de suporte para atividades como pintura, recortes e colagens, e pode ter outros tipos de materiais (além do pa-pel) em sua composição;

8. Imaginativos: prezam pela aquisição da linguagem por meio do reco-nhecimento de imagens referenciais;

9. Tipologia impossível: nessa subcategoria se encaixam os demais li-vros, como os livros-CD, os livros de plástico, livros que misturam duas ou mais tipologias diferentes, entre outros.

Tendo como base esse breve panorama histórico, observa-se como o livro para criança se desenvolveu graças ao surgimento de novos processos de impressão e ao investimento de algumas editoras em livros experimentais. Isso possibilitou o surgimento de diferen-tes gêneros literários voltados para crianças e ampliou as opções disponíveis hoje no mercado.

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2. LIVRO-BRINQUEDO

O livro-brinquedo é um suporte que se diferencia dos livros tradicionais por seu caráter lúdico, e gera nos leitores uma experiência afetiva. A data de origem do livro-brinquedo é desconhecida, entretanto, Paiva (2013) estima que a produção, no Brasil, iniciou-se nos anos 1980. A autora relata que durante a década seguinte houve uma maior propa-gação dessa categoria, sendo então, incluído nos catálogos das brinquedotecas do país. Durante a década de 1980, eles eram mais conhecidos como livros interativos ou pop up. No livro-brinquedo, a criança é convidada a descobrir todos os mistérios escondidos em suas páginas, seja por meio de uma textura, de uma aba que se abre e mostra uma cena anteriormente oculta, de um botão que, quando acionado, emite um som, ou até mesmo de uma página que, quando posicionada sobre outra, gera um efeito de movimento. A surpresa presente nestas páginas desperta a curiosidade das crianças e as convida para brincar e experimentar algo novo. Paiva (2013, p.76) conceitua o livro-brinquedo, ao afirmar que:

Editorialmente, livro-brinquedo lembra livro-objeto e, consequen-temente, uma irrevogável vocação experimental, além de um lugar de transição de uso, com função de entreter, alegrar, levar à ação e ao conhecimento, pela plasticidade gráfica e artística, performan-ce e tecnologias adaptadas a usos de interagir e brincar. O termo supracitado é aplicado a livros que chamam ao manuseio, à auto-nomia, à escolha do leitor, a jogos imaginativos, à coordenação e a passeios sensoriais-visuais, sem que necessariamente sejam estri-tamente livros de imagem. Tudo isto, de modo interdependente, constitui um panorama significativo para a compreensão de uma dinâmica de criação contemporânea e seu alcance – e usufruto – no campo de produção de livros.

A partir do conceito exposto, compreende-se que o livro-brinquedo consegue prender a atenção da criança, aguçando sua curiosidade, promovendo interação e interesse do leitor, educando seu olhar através de sua composição gráfica única. Desse modo, o livro incentiva a leitura, já que consegue manter a criança presa às suas páginas, querendo desvendar seus mistérios. Atualmente, o livro-brinquedo vem ganhando cada vez mais destaque entre os livros para crianças, associado ao crescente surgimento de novas tec-nologias e acabamentos especiais, que possibilitam uma maior diversificação gráfica. Em razão da complexidade desta categoria editorial, Paiva (2013) classifica o livro-brin-quedo em várias categorias de acordo com a atividade lúdica proposta. Desse modo, po-de-se distinguir o livro-brinquedo em: Toy book (ou livro-jogo); livro de pano; livros com textura; livro de banho; movable book (livro de movimento); play book e livros sonoros; livro teatro de sombras; pop up; livro com dobraduras; step inside; livro imantado; livro interativo; livro de criação; livro janela mágica; livros em lanterna mágica; livro maleti-nha ou pastimaleti-nha; livro do tipo lousa mágica; livro cenário; esconde-esconde, toque e des-cubra, raspe e cheire. Um livro pode se encaixar em uma ou mais das categorias citadas. A seguir, apresenta-se as especificidades dos tipos de livros citados acima e os materiais mais utilizados para sua construção.

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2.1. Toy book (ou livro-jogo)

O livro-jogo, como é chamado no Brasil, pode conter peças para encaixe, sons, carimbos, acessórios com números para auxiliar no aprendizado da contagem, entre outras ferra-mentas que estimulem o jogo. Em decorrência das atividades propostas, os materiais mais utilizados para sua fabricação são: papel, plástico e/ou tecido, podendo ter mate-riais soltos à estrutura. A Figura 5 exemplifica um livro produzido em material plástico com imagens adesivadas, apresentando estruturas que emitem sons quando apertadas e ao virar as páginas, estimulando a leitura pela musicalidade.

2.2. Livro de pano

Os livros de pano são feitos de tecido, podendo ou não ter bordados e acessórios anexa-dos à estrutura (como abas costuradas que se abrem). Eles também podem ter outros elementos em seu interior, como areia ou mecanismos que produzem efeitos sonoros quando apertados. Por ser fabricado em tecido, há ainda a possibilidade de se trabalhar com diferentes texturas.

The Wonderful World of Peekaboo (Figura 6) é um exemplo de livro de tecido com

abas costuradas em todo o miolo, que revelam objetos e animais quando levantadas, fazendo com que a criança tenha que interagir para compreender a narrativa.

Figura 5: Capa e página dupla do livro VTech Musical Rhymes

(2015), de VTech.

Dimensões: 8,8 x 7,5 x 1,7 cm

Fonte: Amazon

Figura 6: Capa e página dupla do livro The Wonderful World of Peekaboo (2016), de Melissa &

Doug

Dimensões: 8,2 x 8 x 1,7 cm

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2.3. Livro com textura

No livro com textura são utilizados diferentes materiais para estimular o sentido do tato e criar uma memória tátil. Os materiais muitas vezes são utilizados em associação com imagens, para simular o pêlo de um animal ou pele, por exemplo, utilização de tecido duro e escamoso para representar uma cobra.

No título Floresta: Toque e Sinta as Texturas (Figura 7) foi utilizado um tecido macio

e com textura de pelúcia na capa, representando a região interna da orelha do elefante, de modo a estimular a percepção tátil do leitor. No miolo foram empregados diferentes tipos de tecidos, tais materiais retratam as partes dos corpos dos animais representados.

2.4. Livro de banho

Como o nome já indica, o livro de banho tem o propósito de incentivar a leitura durante o banho. São produzidos com material plástico para durar em contato com a água e sui no interior de suas páginas uma espuma que o torna macio, para que os leitores pos-sam apertá-lo e até mordê-lo. Além disso, vários livros dessa subcategoria possuem uma presilha para que possam ser fechados após o uso, como está ilustrado na figura abaixo.

2.5. Movable book (livro de movimento)

Livros que possuam efeitos de movimento em sua capa ou miolo são denominados

Movable book. Dentro dessa subcategoria são adotadas geralmente três técnicas para

propiciar o efeito de deslocamento: sequenciamento de desenhos, holografia, flip book e

scanimation.

Figura 7: Capa do livro Floresta: Toque e Sinta as Texturas

(2017), de Ciranda Cultural Dimensões: 19,2 x 18,8 x 1,4 cm

Fonte: Amazon

Figura 8: Capa do livro Jonas e o Grande Peixe (2012), de

Ciran-da Cultural

Dimensões: 27,5 x 19,5 x 1 cm Fonte: Lojas Americanas

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O flip book é constituído de desenhos sequenciados, provocando um efeito de movimen-to quando as páginas são passadas rapidamente. Na imagem abaixo vemos diferentes páginas com imagens mostrando as pás de um moinho em várias posições, e estas, quando unidas e movimentadas rapidamente, dão a percepção de que as pás estão giran-do. Quanto mais páginas e detalhes tiver o desenho, mais perceptível será a animação.

Já a impressão holográfica é um acabamento gráfico que permite a visualização de duas imagens que se alteram dependendo do ângulo de visão. Para esse fim são utilizadas duas imagens diferentes, que são divididas em pequenos módulos e combinadas entre si, em um longo processo de impressão em material plástico que entrelaça as imagens para permitir a percepção de movimento (Figura 10). O título ABC3D (Figura 11) é um

exemplo do efeito holográfico. O livro possui em sua capa um material com efeito holo-gráfico, possibilitando que o leitor consiga enxergar mais de uma letra, dependendo do ângulo de visualização.

Figura 9: Imagem exemplificando como é construído um flip book Fonte: Flipsnack Blog

Figura 10: Exemplo de constru-ção do efeito lenticular, de Hiram C. J. Deeks

Fonte: United States Patent Office

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Para a construção do efeito do Scanimation, é utilizada uma folha de acetato com listras pretas e transparentes intercaladas sobre uma folha de papel. No papel são desenhadas imagens com linhas paralelas e alinhadas para produzir efeito de movimento quando o acetato passa por cima (Figura 12). Esse mesmo efeito pode ser observado no título

Meus Robôs em Pijamarama (Figura 13), livro que permite a criação de movimento

em imagens, deslizando a folha de acetato impressa com tiras pretas na frente dos de-senhos.

Figura 11: Capa do livro ABC3D

(2008), de Marion Bataille Dimensões: 18,6 x 14,6 x 4,4 cm Fonte: Acervo da autora

Figura 12: Detalhe de imagem do livro Gallop!: A Scanimation Picture Book (2016), de

Rufus Butler Seder Fonte: Tumblr

Figura 13: Capa e página dupla do livro Meus Robôs em Pijamarama (2015), de Michaël

Leblond e Frédérique Bertrand Dimensões: 29,8 x 21,4 x 0,6 cm Fonte: Acervo da autora

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2.6. Play book e livros sonoros

Os livros sonoros estimulam o leitor e ajudam no processo de reconhecimento de sons, trabalhando com a associação de imagens aos efeitos sonoros ou através de gravação narrada. Eles vêm com mecanismos que podem ser apertados ou com CDs encartados. São muitas vezes produzidos utilizando a associação de papel e plástico, mas também podem ser feitos em tecido.

No caso do livro Praia Ensolarada (Figura 14), dispositivos sonoros estão localizados

na lateral da narrativa, permitindo que a criança acompanhe o som ao longo do livro. Os sons reproduzem o barulho representativo de cada animal, estimulando a leitura.

2.7. Livro teatro de sombras

Nesta subcategoria, a criança pode criar projeções utilizando imagens, uma fonte de luz e um cenário. Segundo Paiva (2013), eles costumam vir com lanternas para facilitar o processo, e as telas para a projeção das sombras são em acetato. A partir das projeções é possível criar histórias utilizando os personagens produzidos com objetos ou até mes-mo feitos por meio de sombras projetadas pelas mãos.

O livro Le petit théâtre d’ombres (Figura 15) é constituído de uma estrutura para

incluir cenários impressos em materiais translúcidos. Quando a luz da lanterna ilumina o cenário em um ambiente escuro, a imagem da composição é projetada na parede.

Figura 14: Capa do livro Praia Ensolarada (2015), de Ciranda

Cultural

Dimensões: 19,8 x 19,5 x 1,3 cm Fonte: Livraria Saraiva

Figura 15: Capa e miolo do livro

Le petit théâtre d’ombres

(2009), de Gallimard Jeunesse Giboulées

Dimensões: 25,5 x 21,3 x 7 cm Fonte: Ledoux dit et lit, blogspot

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2.8. Pop up

Os pop ups possuem dobraduras e efeitos tridimensionais, que causam surpresa nas crianças por saltarem para fora dos livros quando estes são abertos. Assim, as páginas duplas se desdobram em grandes cenários, cheios de detalhes, ou até mesmo em casas onde podem ser acomodadas bonecas. Isso aumenta a interatividade entre a criança e a narrativa. Esse tipo de livro-brinquedo também costuma conter aberturas que mostram cenas ocultas, como portas ou janelas. O título O Mágico de Oz (Figura 16) é uma

edi-ção em pop up de um clássico da literatura americana. Nele, utilizaram a engenharia do papel para criar os famosos cenários de Oz.

2.9. Livro com dobraduras

Os livros no estilo flap (com abas), folder e pop up estão inseridos nessa subcategoria, por conter vincos e levantamentos de cena tridimensionais em sua estrutura (PAIVA, 2013). O desenvolvimento das técnicas de engenharia do papel possibilitou a evolução dessa tipologia de livro. A obra O Ursinho Apavorado (Figura 17) contém dobraduras

que ajudam a ilustrar a narrativa.

2.10. Step inside

Nesta subcategoria, são criados cenários com sobreposição de imagens, dando um efeito de tridimensionalidade e profundidade. No caso do livro Mini House: The Enchanted Castle (Figura 18), tem-se um livro com várias páginas que juntas formam um castelo e

Figura 16: Página dupla do livro

O Mágico de Oz (2011), de

Lyman Frank Baum Dimensões: 30 x 24 x 6 cm Fonte: Folha de S. Paulo

Figura 17: Capa e miolo do livro

O Ursinho Apavorado (2000),

de Keith Faulkner

Dimensões: 25,6 x 25 x 2,2 cm Fonte: Amazon; Blog Bossa Mãe

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separadas mostram diferentes cômodos do castelo. No processo de produção são utiliza-das facas especiais para realizar o corte especial nas páginas, para configurar o contorno do castelo e criar as janelas. O acabamento permite formar o cenário mais detalhado e folhas de papel cartão coladas possibilitam gerar volumetria.

2.11. Livro imantado

De acordo com Paiva (2013), o livro imantado recebe cargas metálicas durante a fabrica-ção do papel, para que ele possa atrair ímãs ou outras superfícies magnéticas. Ele sempre vem acompanhado de itens que podem ser anexados nas páginas. No livro Vamos Con-tar (Figura 19) há uma caixa plástica na capa com personagens produzidos em material

imantado. Com isso, a criança pode anexar as figuras nos cenários presentes nas páginas duplas e aprender a contar através da visualização do número de personagens que se encontram na narrativa.

2.12. Livro interativo

Livro interativo é todo aquele que prioriza a interação com o leitor, possibilitando a manipulação de seus elementos pela presença de abas, dobraduras, encaixes, encartes e acessórios. Pode também entrar nesta subcategoria o livro sonoro, pop up, step inside, ou

movable book. Alguns, inclusive, convidam o leitor a entrar no personagem da narrativa

com itens recortáveis em seu miolo ou com acessórios que acompanham o livro. O título

O Livro Secreto das Fadas (Figura 20) possui em seu interior uma coroa de papel,

pulseira e anel de contas, brincos adesivos, um pingente e outros acessórios, para que a criança possa se vestir como uma fada e vivenciar uma experiência de encenação.

Figura 19: Capa do livro Vamos Contar (2006), de vários autores

Dimensões: 33 x 29,5 cm Fonte: Livraria Saraiva Figura 18: Capa e miolo do livro

Mini House: The Enchanted Castle (1995), de Peter Lippman

Dimensões: 13,3 x 9,5 x 7 cm Fonte: Acervo da autora

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2.13. Livro de criação

Nos livros de criação, as crianças podem recortar, colar, pintar, dobrar, costurar, modi-ficar a história como bem entenderem. Isso favorece o uso de sua criatividade, possibili-tando que criem seu próprio rumo da narrativa. O título Un Zoo de Pompones (Figura

21) tem um estojo anexo contendo pompons para a criação de animais.

2.14. Livro janela mágica

Originalmente o livro janela mágica é composto por três camadas: a primeira é uma folha de acetato com silhueta em preto e branco, a do meio é um papel cartão branco, e a última é uma folha de acetato colorida. Segundo Paiva (2013), quando a criança puxa a lingueta do meio, o papel cartão se move por meio de um trilho e a imagem em preto e branco fica colorida. No título X-Ray Scanner - Predadores (Figura 22) utilizou-se

uma técnica semelhante para a construção do efeito de raio-x. Foi utilizada uma folha de acetato com desenho do esqueleto do animal, uma folha com um desenho colorido e realista do mesmo, e entre elas um papel cartão, encaixado através de dois cortes no papel. Ao deslizar o papel cartão pela folha, o fundo branco oculta o desenho realista e

Figura 20: Capa e contracapa do título O Livro Secreto das Fadas (2008), de Penny Dann

Dimensões: 21,4 x 15 x 2,2 cm Fonte: Amazon

Figura 21: Capa do título Un Zoo de Pompones (2006)

Dimensões: 19,7 x 19,7 x 2,5 cm Fonte: Amazon

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fornece destaque ao desenho presente no acetato.

2.15. Livros em lanterna mágica

De acordo com Paiva (2013), os livros em lanterna mágica são impressos em quatro cores e possuem em seu miolo molduras com folhas de acetato escuro sobrepondo as folhas com impressão colorida. Eles vêm acompanhados de uma lanterna feita de papel branco, que quando movida sobre o acetato escuro cria-se uma ilusão de ótica e mostra o que está escondido por trás do acetato, como uma luz acesa na escuridão. Na capa do livro Turma da Mônica - Lanterna Mágica (Figura 23) podemos perceber o efeito

criado por essa técnica.

2.16. Livro maletinha ou pastinha

Esse livro assume forma de maleta ou pasta, facilitando o transporte. Geralmente acom-panha um boneco de plástico ou pelúcia que remete ao protagonista da narrativa. O livro Cu-cú, cantaba la rana y muchas más canciones para jugar (Figura 24) inclui

marionetes feitas em tecido com velcro na parte de trás, possibilitando sua inserção na narrativa.

Figura 24: Página dupla do livro Cu-cú, cantaba la rana y muchas más canciones para jugar (2010)

Dimensões: 27,4 x 21,4 x 3,8 cm Fonte: Marta Dansa

Figura 23: Capa do livro Turma da Mônica - Lanterna Mágica

(2009), de Mauricio de Souza Produções Ltda

Dimensões: 27,5 x 27,5 cm Fonte: Livraria Saraiva Figura 22: Capa e recorte de página dupla do título X-Ray Scanner - Predadores (2018),

de Anna Claybourne Dimensões: 21,5 x 34 x 1,5 cm Fonte: Acervo da autora

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2.17. Livros do tipo lousa mágica

O livro do tipo lousa mágica é produzido em material plástico e vem acompanhado de caneta para quadro branco e flanela, para que a criança possa treinar a escrita por meio de repetições, como é exemplificado na figura abaixo.

2.18. Livro cenário

Esse livro, quando aberto, transforma-se em um cenário tridimensional, utilizado pela criança para o desenvolvimento de narrativas. No exemplo que segue (Figura 26), temos um livro que vira uma casa de dois andares com vários cômodos, e vem com peças des-tacáveis, uma boneca representando a protagonista do livro (Ninoca), e um livro extra com sugestões de atividades para o leitor.

2.19. Esconde-esconde, toque e descubra, raspe e cheire

Esses livros possibilitam uma maior interação das crianças, e sua estrutura pode conter abas, texturas, acabamentos de verniz com aromas, entre outros. Estas subcategorias do livro-brinquedo possuem grande apelo sensorial, trabalhando o aspecto tátil, visual e olfativo dos leitores. O livro Baby Sentidos - Olfato (Figura 27) contém o aroma de

Figura 25: Capa e página dupla do livro Escreva e apague: números (2013), de Todolivro

Ltda

Dimensões: 27,4 x 20,6 x 1,3 cm Fonte: Amazon; Youtube

Figura 26: Livro A Casinha de Brincar da Ninoca (2008), de

Lucy Cousins

Dimensões: 30,9 x 24 cm Fonte: Senta que lá vem história, wordpress

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cinco frutas, que podem ser acessados através da ação de raspar as partes delimitadas.

A análise das diferentes categorias de livro-brinquedo possibilitou um maior conheci-mento acerca de materiais e temas mais utilizados em livros presentes atualmente no mercado. O pop up, escolhido para o desenvolvimento do projeto final, é uma das cate-gorias mais comercializada nas livrarias, com tecnologia originada da arte do origami (Paiva, 2013) e diversas opções de mecanismos que encantam os leitores.

Figura 27: Capa do livro Baby Sentidos - Olfato

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3. PRODUÇÃO GRÁFICA DO LIVRO PARA CRIANÇA

O livro é um importante instrumento no processo de alfabetização, tendo o poder de ajudar no desenvolvimento da imaginação da criança e de desenvolver seu gosto pela leitura de um modo prazeroso. Quanto mais instigante o livro for, maior será o interesse da criança pelo aprendizado. Segundo Martins et al. (2004) apud Lourenço (2011), p. 49,

A literatura infantil é importante sob vários aspectos biopsicoso-ciais. Quanto ao desenvolvimento cognitivo, ela proporciona às crianças, meios para desenvolverem habilidades que agem como facilitadores dos processos de aprendizagem. Estas habilidades podem ser observadas no aumento do vocabulário, nas referências textuais, na interpretação de textos, na ampliação do repertório lingüístico, na reflexão, na criticidade e na criatividade. Estas ha-bilidades propiciariam no momento de novas leituras a possibili-dade do leitor fazer inferências e novas releituras, agindo, assim, como facilitadores do processo de ensino-aprendizagem não só da língua, mas também das outras disciplinas.

Para se desenvolver um livro que instigue as crianças a buscarem o conhecimento, levan-do ao desenvolvimento das habilidades acima descritas, deve-se levar em consideração uma série de fatores: a faixa etária do público-alvo, a quantidade de texto ideal para a idade deles, o conteúdo textual e imagético, apelos sensoriais através de diferentes ma-teriais e tecnologias, as cores certas para atrair sua atenção, e o uso de uma tipografia adequada para o público em questão. E o livro deve trazer todos esses itens de modo harmonioso e coerente, por meio do projeto gráfico.

O livro-brinquedo se distingue de outros livros para criança principalmente pelo uso de materiais e acabamentos diferenciados, especialmente a aplicação das técnicas da en-genharia de papel. Apesar da importância de todos os aspectos do projeto gráfico, será feito um levantamento do que é mais presente nos livros-brinquedo.

3.1. MATERIAIS E ACABAMENTOS

O plástico está presente em grande parte dos livros-brinquedo. Ele é amplamente uti-lizado nos livros sonoros, livros com texturas, livros de banho, movable books, teatro de sombras e nos livros de criação. É um material versátil, que pode ser lavável (no caso dos livros de banho) e possui alta resistência. Como são livros que podem ser colocados na boca pelas crianças, o plástico deve ser atóxico.

Outro material muito utilizado é o tecido, que pode ser lavado, também apresenta boa resistência, e possui muita variedade de tipos. Paiva (2013) destaca a seda, o algodão, o linho e tecidos de lã como sendo os mais usados para a construção dos livros, por serem muito macios e agradáveis ao toque. Eles podem estar presentes em toda a estrutura do livro, ou somente em detalhes, para representar alguma textura diferente.

Já no caso dos livros que exploram a tridimensionalidade, o papel deve ser resistente, pois vai ser manuseado várias vezes. No caso dos livros step inside, são utilizadas várias camadas de papel cartão para criar um cenário tridimensional. Já no pop up a gramatura ideal para a construção de estruturas resistentes, segundo Birmingham (2006), é de 220 g/m².

E os acabamentos também são escolhidos de acordo com o tipo do livro e o fim preten-dido. Os mais recorrentes no mercado editorial são:

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Verniz UV: pode ter brilho ou ser fosco, e em alguns casos também possuem

textu-ra. Eles são utilizados em páginas completas ou em algumas pequenas áreas para dar maior destaque. Ele confere um grande apelo visual ao produto e dá maior resistência ao produto. No caso do verniz texturizado, pode ser encontrado em diversos efeitos, como camurça, pele de pêssego, pele de rosa, couro, linho, pedra, veludo e glitter (PAIVA, 2013).

Também existe o acabamento de verniz com aroma, que pode ser aplicado em pequenas regiões. Esse acabamento libera um aroma com o atrito, devido à ruptura das microcáp-sulas de essência. A utilização deste verniz aumenta a imersão sensorial do leitor.

Laminação PET metalizada: dá ao livro um efeito metalizado de ouro, prata ou

holográfico. Esse tipo de acabamento também confere resistência e impermeabilidade às páginas (PAIVA, 2013).

3.2. ENGENHARIA DO PAPEL

A engenharia do papel é uma técnica utilizada em um subgênero específico de livro-brin-quedo, o pop up, para criar tridimensionalidade e abas que podem ser abertas ou rotacio-nadas. Nessa técnica, utilizam-se ferramentas de corte e diferentes tipos de dobraduras, para a criação de efeitos distintos, inclusive de movimento, podendo revelar elementos da narrativa anteriormente escondidos.

Segundo Haslam (2007), os pop ups podem ser subdivididos em quatro classes, de acor-do com o métoacor-do utilizaacor-do para sua construção: os que se armam a 90º; os que se armam a 180º; linguetas que produzem movimento; linguetas que produzem rotação. Para a elaboração da estrutura de cada classe, é necessário a realização de dobras, vincos, cor-tes, e em alguns casos é necessário colar outras páginas à base.

3.2.1. Estruturas que se armam a 90º

Essa classe é a que possui maior facilidade em sua produção, sendo feito a partir da página base, sem outras estruturas coladas, envolvendo apenas dobras e cortes, que são planejados de modo que a estrutura fique com efeito de tridimensionalidade ao ser pos-ta em um ângulo de 90º. Abaixo estão algumas das estruturas produzidas a partir desse método. A primeira possui cortes de mesmo comprimento, uma dobra vertical e outra horizontal, formando um quadrado quando posto em um ângulo de 90º; na segunda, os cortes foram feitos com diferentes comprimentos, criando um retângulo; e a última pos-sui duas dobras, a primeira dobra pospos-sui ângulo de 60º e a segunda um ângulo de 30º.

Figura 28: Dobras desenvolvidas a partir da página base, estrutu-ras em ângulo de 90º

(28)

3.2.2. Estruturas que se armam a 180º

Nesse caso, são feitas colagens de estruturas armadas em um ângulo de 180º em relação à página base do livro. Para o efeito ser percebido, a página dupla deve ser aberta em um plano. Na Figura 29 temos duas estruturas, uma triangular e outra constituída por dois quadrados, respectivamente, que foram elaboradas e recortadas de outras páginas, e em seguida coladas na página base por meio de abas de colagem. Também é possível o recorte de fendas na estrutura base, para que as abas sejam encaixadas e coladas no verso da página.

As formas coladas na página base também podem conter aberturas no topo ou nas la-terais, possibilitando a abertura de janelas que mostram elementos ocultos, conforme ilustra a Figura 30, que representa um cubo colado na base da estrutura, com uma aber-tura em seu topo.

Figura 29: Dobras desenvolvidas com abas, estruturas em ângulo de 180º

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Figura 31: Lingueta “pull-tab flipping wing”

Fonte: Haslam, 2007 Figura 30: Cubo com abertura superior com sobra a 180º Fonte: Haslam, 2007

3.2.3. Linguetas que produzem movimento

A lingueta “pull-tab flipping wing” (Figura 31) é muito utilizada em páginas simples, geralmente localizada na borda da página para efeito de movimento. Quando puxada na direção indicada, ela revela objetos ocultos na cena.

A Figura 32 ilustra a aplicação de outro tipo de lingueta amplamente utilizada em livros para criança, a “pull-strip”. Nesse caso, a estrutura é constituída pela página base, um papel colado em seu verso, que será deslocado, e os elementos que serão exibidos nos cortes presentes na página base. Quando a lingueta é puxada, o papel presente no verso da folha é movido, mostrando as cenas anteriormente escondidas.

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3.2.4. Linguetas que produzem rotação

A Figura 33 ilustra uma lingueta que, anexada a uma estrutura deslizante, provoca um efeito de rotação. Quando puxada, o mecanismo se move e a figura escondida aparece em um corte na página base.

Já na estrutura da Figura 31, um braço foi inserido no eixo central da lingueta, que quando puxada faz com que ele se mova na a direção contrária, dando a impressão de que o personagem está acenando.

Figura 33: Lingueta anexada à estrutura, gerando um efeito de rotação

Fonte: Birmingham, 2006 Figura 32: Lingueta aplicada para o movimento de mais de uma imagem

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Figura 34: Lingueta que produz rotação

Fonte: Birmingham, 2006

Os mecanismos utilizados para a construção dos livros pop up podem ser adaptados para diferentes finalidades, possibilitando o desenvolvimento de títulos com grande apelo visual, surpreendendo o leitor a cada página. Birmingham (2006) destaca a existência de outros mecanismos, mas decidiu-se abordar os mais utilizados no mercado editorial.

(32)

4. METODOLOGIA

Fuentes (2006, p. 14-15) afirma que “a metodologia do design tem por objetivo aumen-tar o conhecimento das coisas e dar maior sustentação ao ato criativo, permitindo am-pliar os pontos de vista sobre um determinado problema”. O uso de uma metodologia e métodos projetuais possibilita uma maior compreensão das etapas do problema e serve como guia até a solução do mesmo.

Para a construção do projeto, foi utilizada como base a metodologia proposta por Munari (1981), que se divide em 12 etapas: Problema; Definição do problema; Componentes do problema; Coleta de dados; Análise dos dados; Criatividade; Materiais e tecnologia; Experimentação; Modelo; Verificação; Desenho construtivo; Solução. De acordo com Munari (1981, p. 20), “o método projetual não é mais do que uma série de operações necessárias, dispostas por ordem lógica, ditada pela experiência. O seu objetivo é o de se atingir o melhor resultado com o menor esforço”. O propósito principal do estudo é a criação do livro-brinquedo, especificamente o livro pop up destinado a crianças em fase de alfabetização na faixa etária entre seis e sete anos.

Para um melhor entendimento do que foi feito em cada etapa do projeto, foi feita uma separação em macroetapas (exploratória, criativa e avaliativa), e microetapas, com a ex-plicação das ferramentas utilizadas, inputs e outputs de cada uma (Quadro 2).

Macroetapas Exploratória Criativa Avaliativa

Microetapas

Definição do problema; Componentes do problema;

Coleta de dados; Análise dos dados

Criatividade; Materiais e tecnologia; Experimentação Modelo; Verificação; Desenho construtivo Quadro 1: Separação das

macroetapas e microetapas do projeto

(33)

Macroetapas Microetapas Ferramentas Input Output

Exploratória

Definição do

pro-blema bibliográficaPesquisa Informações sobre o tema Delimitação do público-alvo e objeto de pesquisa

Componentes do

problema bibliográficaPesquisa Delimitar os objetivos do projeto

Entender o público-alvo; Compreender a evolução do livro para criança; Estudar as categorias e suas especificidades;

Conhecer as técnicas de criação do pop up e os materiais

empregados para a construção do livro-brinquedo

Coleta de dados

Pesquisa bibliográfica

Pesquisa sobre a evolução do livro para criança; Informações sobre o

livro-brinquedo

Breve panorama histórico do livro para criança; Definição e tipologias do livro-brinquedo; Materiais e acabamentos utilizados na construção dos livros-brinquedo; Técnicas da

engenharia do papel Entrevistas

contextuais Compreender o público-alvo Maior entendimento sobre a visão de mundo das crianças Mapa de

expectativas

Registrar por meio de desenhos as expectativas de

cada criança

Compreensão das preferências dos entrevistados

Análise dos dados

Mapa de empatia

Organizar as informações obtidas com as entrevistas e

o mapa de expectativas

Compreensão sobre os livros que os entrevistados gostam e como é feita a interação com livros

pop up

Critérios norteadores

Organizar os critérios base para o desenvolvimento do

projeto

Definição dos critérios que devem estar presentes no

projeto

Criativa

Criatividade Prototipagem Criação de páginas soltas personagens que compõem o Delimitação do cenário e dos livro pop up Materiais e

tecno-logia Prototipagem

Testes com diferentes tipos de papel

Delimitação da gramatura a ser utilizada no projeto Experimentação Prototipagem Testes dos mecanismos da engenharia do papel Definição dos mecanismos mais apropriados para representar

cada personagem

Avaliativa

Modelo Prototipagem; Mesa digitalizadora

Montagem do modelo final para testes

Pintura digital dos personagens e confecção do modelo com os

mecanismos Verificação Observação Opiniões individuais sobre o livro Informações sobre o produto em uso

Desenho

construtivo Software Adobe Illustrator Elaboração das facas de corte Desenho técnico para produção do boneco do livro Quadro 2: Descrição das etapas projetuais e ferramentas utilizadas

(34)

Quadro 3: Roteiro da entrevista

Na etapa de coleta de dados foram utilizadas ferramentas propostas por Stickdorn e

Schneider (2014), que possibilitaram uma melhor compreensão do público-alvo. A seguir há a descrição mais detalhada de cada técnica empregada:

1. Entrevistas contextuais: são realizadas no ambiente ou contexto no qual a crian-ça está inserida. Foram realizadas 04 entrevistas, feitas no ambiente domiciliar de cada criança, com a autorização e supervisão dos pais, utilizando linguagem apro-priada para seu entendimento. Para isso, o seguinte roteiro foi adotado:

1. Sexo: Masculino ( ) Feminino ( ) 2. Idade:

3. Seus pais costumam ler livros para você? Se sim, quais? 4. Qual é seu livro favorito? Por que?

5. Qual estilo de desenho que você mais gosta nos livros? 6. Você prefere que tipo de história?

7. O que mais chama sua atenção nos livros? 8. Se você pudesse criar um livro, como ele seria?

2. Mapa de expectativas: utilizado para mapear as expectativas dos usuários, serve para destacar as áreas que precisam de maior atenção. Para a construção do mapa de expectativas, foram disponibilizados giz de cera e lápis de cor para que as crianças pudessem desenhar elementos que gostariam de ver em um livro. A atividade foi feita com as mesmas crianças que participarem da entrevista, no mesmo dia e local. Após obter os dados por meio da pesquisa qualitativa, foram utilizados duas técnicas para organizar as informações e definir os pontos mais relevantes ao projeto:

1. Mapa de empatia: ferramenta utilizada para síntese de informações, possibilitando uma maior compreensão sobre as necessidades, comportamentos e aspirações dos usuários;

2. Critérios norteadores: aspectos essenciais para o desenvolvimento do projeto, que surgem após a análise dos dados coletados.

(35)

5. PESQUISA QUALITATIVA

Para a etapa de aplicação das entrevistas contextuais e do mapa de expectativas, foi realizada uma atividade individual com quatro crianças, na faixa etária prevista do pú-blico-alvo. O tempo estimado inicialmente para cada atividade foi de quarenta minutos, mas algumas crianças apresentaram maior dificuldade de comunicação, sendo preciso estabelecer uma relação de confiança antes das perguntas serem feitas. Com isso, as atividades tiveram duração de aproximadamente três horas por criança. A dinâmica foi organizada na casa das crianças e na presença de seus pais, para que se sentissem mais confortáveis em um ambiente conhecido.

Em um primeiro momento foi disponibilizado dois livros-brinquedo para que elas pu-dessem se familiarizar com o formato e apontar os pontos que mais chamaram sua aten-ção em cada um. A leitura foi mediada pela autora do presente trabalho, somente uma criança leu os livros sozinha. O primeiro livro (Figura 35) é sobre dinossauros e tem em suas páginas duplas elementos escondidos e um pop up de dinossauro. O segundo título (Figura 36) narra a história do gato de botas e tem elementos da engenharia do papel, com linguetas e um volante. Após a leitura, foram feitas as perguntas seguindo o roteiro elaborado para a entrevista. Por fim, foi disponibilizado material para que pudessem criar desenhos ou narrativas que elas gostariam que estivessem presentes nos livros.

Figura 35: Capa do livro

Dinossauros - pop up para ler e brincar (2018)

Fonte: Livraria Cultura

Figura 36: Capa do livro

Clássicos animados - O Gato de Botas (2019)

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Afim de preservar a identidade das crianças, cada participante foi nomeado da seguinte maneira: André, Ana, Amanda e Alex. O primeiro entrevistado, André, tem 7 anos de idade e maior contato com jogos, sendo o Minecraft seu favorito, o que reflete em sua preferência por livros nessa temática. Ele também gosta de assistir conteúdos sobre o mar e animais aquáticos na televisão. Quando interagiu com os livros que foram mos-trados, prestou maior atenção ao texto escrito e não foi muito receptivo quando viu o pop up, dizendo que achou feio. Ao comparar os dois livros, preferiu os mecanismos da engenharia de papel presentes no segundo.

1. Sexo: Masculino (x) Feminino ( ) 2. Idade: 7 anos

3. Seus pais costumam ler livros para você? Se sim, quais?

Não, lê sozinho. Quando ele não tem nenhuma atividade a ser realizada, lê his-tórias da Mônica.

4. Qual é seu livro favorito? Por que?

Os livros que ele ganha no aniversário. O primeiro é o A batalha da torre, o

segundo é o A batalha contra Herobrine e o terceiro A batalha contra En-der Dragon. Ele gosta por achar as histórias legais.

5. Qual estilo de desenho que você mais gosta nos livros? Animes.

6. Você prefere que tipo de história? Histórias de aventura.

7. O que mais chama sua atenção nos livros?

Ele gosta de ver o título e um pouco da história. 8. Se você pudesse criar um livro, como ele seria?

Ele relata que criou vários. Um dos que ele criou foi sobre o aquário de Natal. Prefere livros sobre o fundo do mar e animais pré-históricos.

Quadro 4: Roteiro sistematizado das perguntas e respostas de André

(37)

Ana, 6 anos, demorou mais para se abrir e responder as questões, mas ela foi a que teve maior contato prévio com livros-brinquedo. Sua mãe influencia muito a leitura e é assinante do clube Leiturinha, que entrega mensalmente livros para crianças em sua residência. Foi observado que seus livros preferidos giram em torno da temática da ami-zade e da família. Quando interagiu com os livros mostrados, teve maior interesse pelas imagens e se mostrou receptiva ao pop up e às técnicas de engenharia do papel, demo-rando-se mais na página que tinha a estrutura volante. No momento final, a influência do cotidiano familiar e recente separação dos pais pode ser observada na ilustração feita, na qual ela optou por representar duas residências e a família.

1. Sexo: Masculino ( ) Feminino (x) 2. Idade: 6 anos

3. Seus pais costumam ler livros para você? Se sim, quais?

Somente a mãe lê para ela. A maior cera de ouvido do mundo; Aventuras na netoland com Luccas Neto; Turma da Mônica; Jogo da memória com obras divertidas – primeiras palavras; Minha mãe tem visão de raio--x; Para seu Almeida, com abraço; Orion e o escuro; Marcelo, marmelo, martelo (favorito).

4. Qual é seu livro favorito? Por que?

Livro Marcelo, marmelo, martelo, história Teresinha e Gabriela. Porque

acha legal.

5. Qual estilo de desenho que você mais gosta nos livros? Não soube informar.

6. Você prefere que tipo de história? Aventura.

Quadro 5: Roteiro sistematizado das perguntas e respostas de Ana Figura 37: Desenho feito por André

(38)

7. O que mais chama sua atenção nos livros? As imagens.

8. Se você pudesse criar um livro, como ele seria?

Já criou um livro, O alienígena cagão. Segundo a criança, o livro era sobre

um homem que estava no trânsito com dor de barriga, não aguentou e fez cocô na rua. Após o ocorrido, uma iguana apareceu e mordeu a bunda dele, que ficou inchada, parecendo um ET. Depois prenderam ele e deram cenoura, que era comida para ETs, fazendo-o melhorar e ser solto. Após sua soltura apareceu uma nave para resgatá-lo, mas ele acabou sendo preso novamente.

Amanda, 6 anos, é filha de dois guias turísticos e viaja com maior frequência, indo muito à praia com os pais. Os livros que ela tem maior contato são sobre as cidades do mundo, contendo fatos sobre os locais e aventuras. Quando interagiu com os livros, preferiu o

pop up. Na última etapa da atividade, optou por um desenho na praia por ser um dos

locais que mais frequenta, e as casas da avó e dos pais. 1. Sexo: Masculino ( ) Feminino (x)

2. Idade: 6 anos

3. Seus pais costumam ler livros para você? Se sim, quais?

Os dois costumam ler para ela. Eles leem um livro sobre um leão que gosta de alface e outros sobre cidades turísticas.

4. Qual é seu livro favorito? Por que?

Prefere os livros sobre as cidades, por achar o conteúdo legal. 5. Qual estilo de desenho que você mais gosta nos livros?

Não soube responder. 6. Você prefere que tipo de história?

Super-heroínas.

Figura 38: Desenhos feitos por Ana

Quadro 6: Roteiro sistematizado das perguntas e respostas de Amanda

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7. O que mais chama sua atenção nos livros? A narrativa.

8. Se você pudesse criar um livro, como ele seria?

Segundo ela, o livro seria uma mescla de aventura, princesas, heroínas, bru-xas, aranhas, com conteúdo sobre a vida dela, com a amiga da princesa, no mar, na piscina, no parque, e na casa dela.

Alex, 6 anos, foi o que mais apresentou dificuldade em se comunicar, com isso não foi possível obter muitos dados com a entrevista. Alex se interessou mais em visualizar os livros-brinquedo, por um dos livros apresentar sua temática favorita, dinossauros. Ele ficou muito curioso com o pop up, interagindo com o livro por um período maior que as outras crianças, abrindo as abas diversas vezes e olhando para o elemento tridimensio-nal, tentando entender como ele se erguia. Na etapa do desenho, ele ilustrou seu dinos-sauro predileto, um tricerátops.

1. Sexo: Masculino (x) Feminino ( ) 2. Idade: 6 anos

3. Seus pais costumam ler livros para você? Se sim, quais? Os dois leem livros sobre dinossauros e O Patinho Feio.

4. Qual é seu livro favorito? Por que?

Sobre os dinossauros, por ter o Triceratops, que é seu personagem favorito.

Figura 39: Desenhos feitos por Amanda

Quadro 7: Roteiro sistematizado das perguntas e respostas de Alex

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5. Qual estilo de desenho que você mais gosta nos livros? Não soube responder.

6. Você prefere que tipo de história? Animais.

7. O que mais chama sua atenção nos livros? A narrativa.

8. Se você pudesse criar um livro, como ele seria? Seria sobre dinossauros.

Figura 40: Desenho feitos por Alex

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6. ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS

Para a análise dos dados obtidos na etapa de pesquisa qualitativa, foram utilizadas duas ferramentas, o mapa de empatia e critérios norteadores. O mapa de empatia é utilizado para síntese das informações coletadas, para um maior entendimento sobre o público--alvo. Ele é construído levando-se em considerações sete aspectos relacionados ao coti-diano da pessoa, que são: com quem estamos sendo empáticos; o que ele precisa fazer; o que ele vê; o que ele fala; o que ele faz; o que ele escuta; o que ele pensa e sente (dores e desejos da pessoa).

1. Com quem estamos sendo empáticos?

Crianças entre seis e sete anos (fase de alfabetização). 2. O que ele precisa fazer?

Interagir com o livro; se interessar pela leitura. 3. O que ele vê?

Desenhos animados; vídeos no youtube; jogos. 4. O que ele fala?

Amizade; família; animais; brincadeiras; aventuras. 5. O que ele faz?

Observa as imagens; Interage com o pop up; escuta as histórias; constrói uma opinião sobre o livro.

6. O que ele escuta?

Histórias sobre amizade, animais, aventuras, lições sobre a vida. 7. O que ele pensa e sente?

Histórias de aventura, animais, no mar, com a família.

Com base no mapa de empatia foi possível definir alguns critérios norteadores, que ser-viram de base para o desenvolvimento do projeto. Foram escolhidos aspectos que mais se repetiram no mapa de empatia e alguns que já foram definidos anteriormente como objetivos do trabalho. Assim, o livro levou em conta os seguintes critérios:

- Personagens construídos a partir da representação de animais - Ambiente aquático

- Mecanismos interativos

- Mecanismos da engenharia do papel

Quadro 8: Mapa de empatia Fonte: Acervo da autora

(42)

7. CRIAÇÃO DE PÁGINAS SOLTAS

Após a etapa de pesquisa qualitativa, em que foi possível se aproximar mais do público--alvo e compreender determinadas preferências, optou-se por escolher uma das crianças para o desenvolvimento de mais páginas contendo uma narrativa. André, 7 anos, foi se-lecionado porque se mostrou mais receptivo à proposta. Essa etapa foi realizada na casa da criança, na presença de seu pai e utilizando como materiais para o desenvolvimento da história lápis grafite e canetas hidrográficas de diferentes cores. Para o processo de criação, que durou uma hora, foi explicado a proposta da atividade. André escolheu uma temática familiar para ele, que visitou o aquário de Natal recentemente e ficou fascina-do com o que viu. Após a definição fascina-do tema, ele criou os personagens e os nomeou. Na construção da narrativa ele começou a criação sozinho, mas foram feitas algumas inter-venções ao longo do processo.

A narrativa construída envolveu animais marinhos, que foram capturados por uma rede de pesca e levados ao aquário de Natal. O protagonista apresentado inicialmente é um peixe, de nome Peixão, que introduz a seguir seus amigos (Figura 42), o Turabão, tro-cadilho feito com a palavra tubarão; a Turartu, que é uma tartaruga; o Pularão, o polvo; a Água Morta, também um trocadilho; e o Crak Crak, o caranguejo. Depois da apresen-tação dos personagens, eles são capturados por um homem com uma rede, que leva um choque da Água Morta (Figuras 43). Ao escapar da rede eles caem em um tanque no aquário de Natal (Figura 44). Depois de fazer a história, a criança inseriu um gato nas páginas, afirmando que ele estava de olho nos peixes.

Figura 41: Desenho de André,

capa da história

Figura 42: Desenho de André, apresentação dos personagens

(43)

A narrativa criada por André foi importante para uma maior compreensão de como as crianças vêem as histórias. Para a concepção do livro pop up, alguns elementos da nar-rativa construída por André foram preservados, como o ambiente aquático e a inserção de espécies aquáticas como personagens. A partir dessa decisão de tema, surgiu a ideia de produzir um livro voltado à apresentação de espécies presentes em alguns biomas brasileiros.

Os personagens escolhidos foram a Payara (Hydrolycus scomberoides), também denomi-nada Cachorra ou Peixe-vampiro por possuir dentes caninos maiores que os demais; o Pirá-Brasília (Simpsonichthys boitonei

)

, ou peixe anual, encontrado somente em uma la-goa de Brasília que se forma uma vez ao ano; o Peixe-boi-da-Amazônia (Trichechus inun-guis), conhecido pelo som que emite, sendo muitas vezes associado à lenda das sereias; o Boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis), conhecido pela lenda do folclore brasileiro que dizia

Figura 43: Desenho de André, animais sendo capturados pela rede de pesca e homem levando choque da Água Morta

Figura 44: Desenho de André, se-quência de imagens que mostram os animais se libertando da rede e caindo no aquário

(44)

que em noites de lua cheia, durante o período das festas juninas, ele se transformava em homem; o Pirarucu (Arapaima gigas), um dos maiores peixes de água doce do Brasil, po-dendo chegar a três metros de comprimento; o Poraquê (Electrophorus electricus), espécie de peixe-elétrico parecido com uma enguia; e o Aruanã (Osteoglossum bicirrhosum), que pode saltar até a um metro fora d’água para capturar suas presas. Após a definição dos personagens, foram construídos textos misturando dados sobre as espécies e lendas que as cercam, de modo a apresentá-los às crianças de uma maneira mais divertida. Optou--se, então, em construir um livro informativo ao invés de uma narrativa convencional com apresentação, problema e desfecho. Após uma pesquisa breve, foram redigidos os textos para cada um dos animais selecionados.

Payara

Sou chamada de cachorra ou peixe-vampiro, Tudo por causa dos meus dentes caninos. Fiz da bacia Amazônica o meu lar,

Mas também em aquários você pode me encontrar.

Pirá-Brasília

Uma vez ao ano Você pode me encontrar

Embaixo da terra das lagoas de Brasília É onde vou estar.

Peixe-boi-da-Amazônia

Sou dócil e amo cantar,

Até com sereias podem me confundir. Gosto de comer algas,

E minha paixão é dormir.

Boto-cor-de-rosa

Sou muito inteligente E gosto de comemorar, Na festa junina diz a lenda

Que em homem vou me transformar.

Pirarucu

Meu nome significa peixe vermelho,

Até três metros de comprimento posso chegar. Sou o maior peixe de água doce do mundo, Duzentos quilos posso pesar.

Poraquê (peixe-elétrico da Amazônia)

Tenho corpo alongado e cilíndrico, Pareço uma enguia.

E igual a ela,

(45)

Aruanã

Tenho muitas escamas E gosto de saltar Para pegar comida

(46)

8. EXPERIMENTAÇÃO

Com o texto definido, foram realizados modelos iniciais de cada página dupla e em se-guida foi pensado em como seria a inserção dos elementos da engenharia do papel nas páginas. Tendo o intuito de apresentar diferentes mecanismos da engenharia do papel ao longo das páginas, para cada espécie foi designada uma técnica diferente.

Na apresentação do Payara (Figura 45) foram feitos recortes em dois pedaços de papel, dobrados ao meio, encaixados e colados na página dupla, criando uma estrutura que se arma a 180º; na tentativa de reproduzir o Pirá-Brasília (Figura 46), foi levada em conta a informação de que o mesmo deposita seus ovos na areia, que eclodem uma vez ao ano, e com isso foi criada uma aba representando a areia da lagoa, mostrando a espécie ao ser levantada. Para o peixe-boi-da-Amazônia (Figura 47) foi feita uma estrutura que se arma a 90º, para o boto-cor-de-rosa (Figura 48) foi escolhida uma estrutura que se desloca pela página horizontalmente de modo a mostrar sua transformação em homem.

Figura 45: Estudo da página dupla com estrutura que se arma com 180º representando o Payara

Figura 46: Estudo da página dupla com aba que, quando levantada, revela o Pirá-Brasília

(47)

Para representar o Pirarucu (Figura 49), que é um dos maiores peixes de água doce do Brasil, foram utilizadas duas folhas dobradas para passar a ideia de maior dimensão em relação aos outros.

Para o Aruanã (Figura 50) foi realizado um teste utilizando uma estrutura cenário para mostrar ele saltando para fora da página, mas os testes mostraram que a estrutura ga-nharia maior destaque do que o peixe, então foi decidido fazer outro mecanismo de modo que a espécie ficasse mais realçada.

Figura 47: Estudo da página dupla com estrutura que se arma com 90º representando o Peixe--boi-da-Amazônia

Figura 48: Estrutura que se desloca horizontalmente, mostrando dois personagens diferentes, representando a transformação do Boto-cor-de-rosa em homem

Figura 49: Estudo da página dupla representando o Pirarucu

Referências

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