Direito Previdenciário
Maratona INSS
TCE – PR 2016 (Auditor)
1. Considerando a jurisprudência do STF, assinale a opção correta acerca do sistema tributário nacional.
A) Município pode instituir contribuição previdenciária incidente sobre a remuneração dos servidores públicos municipais para custeio do regime próprio de previdência, devendo, entretanto, os trabalhadores temporários e comissionados contribuir para o RGPS. B) Conforme o entendimento do STF, dado o pacto federativo celebrado pela República Federativa do Brasil, é possível a não incidência de contribuições previdenciárias sobre servidores e empregados públicos municipais.
Justificativa
Lei 8.213/91
Art. 11, I, g, o servidor público ocupante de
cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a
União, Autarquias, inclusive em regime especial,
e Fundações Públicas Federais.
2. A respeito da natureza, dos princípios, das
regras e do histórico da seguridade social,
assinale a opção correta.
a) O STJ admite tanto a desaposentação quanto
o despensionamento, espécies de renúncia ao
gozo de benefício vigente em proveito de
benefício mais vantajoso, sem que haja ofensa
ao princípio da solidariedade.
STJ - REsp 1515929 RS
“PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. DIREITO PERSONALÍSSIMO. BENEFÍCIO NÃO REQUERIDO PELO TITULAR DO DIREITO. ILEGITIMIDADE ATIVA DE SUCESSOR PREVIDENCIÁRIO. CONFIGURAÇÃO. 1. A autora, titular do benefício de pensão por morte de seu marido, pretende renunciar à aposentadoria do de cujus e requerer outra mais vantajosa, computando-se o tempo em que o instituidor da pensão, embora aposentado, continuou a trabalhar. 2. A desaposentação constitui ato de desfazimento da aposentadoria, pela própria vontade do titular, para fins de aproveitamento do tempo de filiação para concessão de nova e mais vantajosa aposentadoria. 3. Trata-se de direito personalíssimo do segurado aposentado, porquanto não se vislumbra mera revisão do benefício de aposentadoria, mas, sim, de renúncia, para que novo e posterior benefício, mais vantajoso, seja-lhe concedido. 4. Os sucessores não têm legitimidade para pleitear direito personalíssimo, não exercido pelo instituidor da pensão (renúncia e concessão de outro benefício), o que difere da possibilidade de os herdeiros pleitearem diferenças pecuniárias de benefício já concedido em vida ao instituidor da pensão (art. 112 da Lei 8.213/91). Recurso especial improvido. ”
b) As contingências sociais que interessam à
previdência social são aquelas que repercutem
negativamente
na
vida
econômica
do
trabalhador e decorrem de fatores involuntários,
como a invalidez, a idade e a doença.
c) A seguridade social caracteriza-se pela
contribuição direta do beneficiário do seguro
social,
embora
se
admitam
benefícios
assistenciais como o seguro-desemprego.
d) O princípio da previdência social que visa
conciliar a universalização, objetiva e subjetiva,
do seguro social com a capacidade econômica
do Estado, de modo a cobrir os riscos sociais
reputados mais relevantes, é o da seletividade.
e) CF veda peremptoriamente a concessão de
anistia e remissão de contribuições previdenciárias.
Justificativa: CF/88, art. 195, § 11.
É vedada a concessão de remissão ou anistia das
contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e
II deste artigo, para débitos em montante superior
ao fixado em lei complementar.
(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
3. Assinale a opção correta a respeito do custeio
da seguridade social.
a) Para o trabalhador filiado ao RGPS, não incide
contribuição
previdenciária
sobre
o
terço
constitucional de férias.
b) Em procedimento de aferição indireta para se
determinar o valor do movimento real de
remuneração dos segurados a seu serviço, do
faturamento e do lucro, durante o exame da
escrituração contábil ou de qualquer outro
documento da empresa, caso se constate
divergência entre a base de cálculo do tributo
devido e o efetivamente registrado, o ônus da
prova será da fiscalização previdenciária.
Justificativa
Lei 8.212/91
Art. 33, § 6º Se, no exame da escrituração contábil e
de qualquer outro documento da empresa, a
fiscalização constatar que a contabilidade não
registra o movimento real de remuneração dos
segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro,
serão
apuradas,
por
aferição
indireta,
as
contribuições efetivamente devidas, cabendo à
empresa o ônus da prova em contrário.
c) A COFINS, por incidir sobre o faturamento,
não alcança as receitas provenientes da locação
de bens móveis.
SÚMULA N. 423-STJ. A Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social – Cofins
incide sobre as receitas provenientes das
operações de locação de bens móveis.
d) Para que as contribuições para a seguridade
social sejam legalmente válidas, é imprescindível
que sua instituição se dê por meio de lei
complementar, ainda que as fontes de custeio
estejam expressas na CF.
CF/88, art. 195, § 4º A lei poderá instituir outras
fontes destinadas a garantir a manutenção ou
expansão da seguridade social, obedecido o
disposto no art. 154, I.
e) A contribuição para o Seguro de Acidentes do
Trabalho é devida pelas empresas para o
financiamento exclusivo dos benefícios por
invalidez.
4. Em abril de 2013, Jeane sofreu um acidente de
trabalho, e o médico da empresa na qual ela
trabalhava considerou-a incapaz para retornar a
suas atividades e aconselhou-a a solicitar sua
aposentadoria por invalidez. Representada por um
advogado, Jeane ingressou diretamente em juízo
com
ação
previdenciária,
pleiteando
a
aposentadoria por invalidez.
Jurisprudência
O Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão plenária
nesta quarta-feira (27), deu parcial provimento ao
Recurso Extraordinário (RE) 631240, com repercussão
geral reconhecida, em que o Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) defendia a exigência de prévio requerimento
administrativo antes de o segurado recorrer à Justiça para
a concessão de benefício previdenciário. Por maioria de
votos, o Plenário acompanhou o relator, ministro
Luís Roberto Barroso, no entendimento de que a
exigência não fere a garantia de livre acesso ao Judiciário,
previsto no artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição
Federal, pois sem pedido administrativo anterior, não fica
caracterizada lesão ou ameaça de direito.
a) segundo o STJ, o prévio requerimento administrativo é prescindível para a admissibilidade da ação previdenciária interposta por Jeane.
b) a data de início do benefício da aposentadoria por invalidez será a data da juntada aos autos do laudo pericial em juízo.
c) caso Jeane necessite de assistência permanente de outra pessoa, o valor da aposentadoria será acrescido de 25%, ainda que o valor do benefício atinja o limite máximo.
d) se for considerada apta para outro tipo de trabalho pela previdência social, a despeito de sua situação cultural e econômica, Jeane não terá direito à aposentadoria por invalidez.
e) a aposentadoria por invalidez requerida por Jeane poderá ser cumulada com o auxílio-acidente.
5. Cada uma das opções abaixo apresenta uma situação hipotética a respeito da pensão por morte, seguida de uma assertiva a ser julgada. Assinale a opção que apresenta a assertiva correta, considerando que todos os indivíduos mencionados sejam filiados ao RGPS.
a) Carla era dependente de José, falecido em 1994. À época do óbito, a lei estabelecia que a pensão por morte devida a Carla correspondia ao montante de 50% do salário-de-benefício de José. Em 1995, nova lei aumentou o percentual da pensão para 100% do salário-de-benefício. Nessa situação, Carla tem direito à revisão de seu benefício.
b) Jorge, vítima de um tsunami no norte da
Oceania, era companheiro de Nicole. Nessa
situação, Nicole tinha direito à pensão provisória,
enquanto estivesse em curso o processo de
reconhecimento de morte presumida para fins
previdenciários, no qual, para conceder a prestação
previdenciária, a justiça federal teria de declarar a
morte presumida de Jorge.
Justificativa – Lei 8.213/91
Art. 78. Por morte presumida do segurado, declarada pela autoridade judicial competente, depois de 6 (seis) meses de ausência, será concedida pensão provisória, na forma desta Subseção.
§ 1º Mediante prova do desaparecimento do segurado em conseqüência de acidente, desastre ou catástrofe, seus dependentes farão jus à pensão provisória independentemente da declaração e do prazo deste artigo.
§ 2º Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão cessará imediatamente, desobrigados os dependentes da reposição dos valores recebidos, salvo má-fé.
Decreto 3.048/99
Art. 112. A pensão poderá ser concedida, em caráter provisório, por morte presumida:
I - mediante sentença declaratória de ausência, expedida por autoridade judiciária, a contar da data de sua emissão; ou
II - em caso de desaparecimento do segurado por motivo de catástrofe, acidente ou desastre, a contar da data da ocorrência, mediante prova hábil.
Parágrafo único. Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão cessa imediatamente, ficando os dependentes desobrigados da reposição dos valores recebidos, salvo má-fé.
IN 77/2015
Art. 380. Nas situações de morte presumida relacionadas no art. 112 do RPS, a cada seis meses o recebedor do benefício deverá apresentar documento da autoridade competente, contendo informações acerca do andamento do processo, relativamente à declaração de morte presumida, até que seja apresentada a certidão de óbito.
c) Vânia e Jaime estavam separados havia dois anos
quando Jaime, que não possuía descendentes, morreu.
Nessa situação, dada a manutenção do vínculo
matrimonial, presume-se a dependência econômica de
Vânia, que, por isso, teria direito à pensão por morte.
Lei 8.213/91, Art. 76, § 1º O cônjuge ausente não exclui
do direito à pensão por morte o companheiro ou a
companheira, que somente fará jus ao benefício a partir
da data de sua habilitação e mediante prova de
dependência econômica.
d) Miguel tem três anos de idade e seu pai, Rômulo, faleceu em 20/2/2015. Lúcia, sua mãe, solicitou o pagamento da pensão por morte para Miguel em 20/11/2015. Nessa situação, o benefício será devido desde a data do requerimento da pensão, uma vez que transcorreram mais de noventa dias entre o óbito e o requerimento.
e) Mara é pensionista de Sandro, que, quando faleceu, era aposentado por invalidez e gozava do adicional de 25% sobre o valor do benefício, já que necessitava de assistência permanente. Nessa situação, o valor da pensão por morte para Mara deve englobar o referido adicional.