Guia de iluminação de Obras de Arte
Seguro para coleções públicas e privadas
Índice
03 Introdução
04
Iluminação de quadros e obras de arte
05
Princípios gerais
06 Conservação
08
Outras considerações sobre a iluminação
09
Tipos de iluminação
Guia de iluminação de Obras de Arte 03
Introdução
O poema abaixo de António Gedeão fala-nos da beleza da luz e da forma como, das paredes da nossa casa, nos transporta para o mundo:
Tenho quarenta janelas nas paredes do meu quarto. Sem vidros nem bambinelas posso ver através delas o mundo em que me reparto. Por uma entra a luz do Sol, por outra a luz do luar, por outra a luz das estrelas que andam no céu a rolar.
É uma bela metáfora para ilustrar esta faceta de uma coleção de arte: as coleções são sempre únicas, porque assim as tornam os espaços onde se inserem. As várias divisões, cantos e recantos, com as suas diferentes configurações, decorações e luminosidades, completam o processo de es-colha e disposição de uma coleção, tornando esse processo mais afetivo. Ao longo de mais de 10 anos que vemos em Portugal toda a paixão com que os nossos colecionadores constituem as suas coleções, muitas vezes indissociáveis da paixão que têm pelas suas próprias casas. Adquire assim extraordinária importância a escolha da melhor localização e disposição possível na nossa casa.
Apesar da iluminação ser, por vezes, descurada, ela tem um papel fundamental em fazer sobressair a beleza de uma obra, pois transporta-nos para o sol, luar e estrelas de António Gedeão e ainda para tudo o que da nossa casa queiramos visitar. O quadro mais bonito pode não ser visto como tal se a iluminação não for a correta. Sem esquecer, claro, que uma correta iluminação ajuda a prevenir a deterioração da obra. Por isso editámos este guia para disponibilizar alguns conselhos em iluminação de obras de arte e coleções privadas no interior da habitação.
Esperamos que este guia, desenvolvido pela divisão de consultoria
de iluminação da Años Luz e editado pela Hiscox, desperte o seu interesse e permita antecipar riscos na altura de escolher a melhor forma de iluminar as suas obras de arte. E que dê o seu modesto contributo para o que mais nos importa: que os portugueses disfrutem plenamente das suas coleções de arte.
Gonçalo Baptista Diretor-geral da Innovarisk
Iluminação de quadros e obras de arte
As nossas casas não são museus ou galerias, mastemos que ter um cuidado especial para que as nossas obras brilhem com luz própria. Este guia aborda com especial cuidado a importância da iluminação e as necessidades de proteção específica de que carecem as obras de arte.
Deste modo, não só contribuiremos para uma maior expressão plástica e beleza das obras, como também para a sua correta conservação.
Para que a iluminação seja a adequada é necessário cumprir-se dois parâmetros fundamentais:
• Conhecimento da tecnologia disponível, lâmpadas, acessórios e mecanismos de controlo;
• Saber o que é que se deseja comunicar.
Recordamos que a iluminação é uma arte e uma ciência.
Princípios gerais
Antes de entrar em detalhes sobre a iluminação correta, é importante ter em conta que cada pessoa, habitação ou obra de arte tem as suas próprias necessidades de luz. A obra de arte mais bonita pode não só perder toda a sua beleza devido à má iluminação como também corre o risco de se deteriorar se a luz não for a correta. O mesmo sucede com os materiais usados para produzir uma peça de arte. Cada material tem os seus requisitos específicos no que diz respeito à iluminação. Por exemplo: há um tipo de luz, uma intensidade, uma temperatura de cor, um ângulo de incidência, com os quais conseguiremos dar-lhes destaque.
Por esta razão podemos dizer que a iluminação é uma mistura de arte e ciência. Desta forma, deve ter--se uma boa dose de sensibilidade artística além de conhecimentos técnicos adequados.
Um bom projeto de iluminação deve ter em conta os seguintes princípios:
• o desenho da iluminação é muito importante para que uma obra brilhe e reflita todo o seu esplendor; • a colaboração entre o projetista de iluminação com
o arquiteto ou o arquiteto de interiores, para que o projeto tenha coerência;
• ao projetar a iluminação há que ter em conta a con-servação das peças, não as danificando com a luz; • no caso de haver mais que uma obra, as soluções
devem ser concebidas com um só sistema, de forma global. Assim daremos homogeneidade à iluminação.
Conservação
Para uma boa conservação é preferível conhecer a composição da obra: se se tratam de materiais sensíveis, frágeis, duros, entre outros.
Antes de um trabalho de iluminação devem categorizar--se os objetos de acordo com a seguinte lista:
• peças de elevada resistência à luz: pedra, metais, cerâmica, joias, automóveis ou outras peças de colecionismo. Em princípio não têm grandes problemas de conservação relacionados com a incidência da luz;
• peças pouco sensíveis à luz: pinturas a óleo ou pigmentadas, esculturas pintadas, madeiras ou policromías. É recomendável controlar o nível de iluminação, tentando não superar níveis de 150 Lux, dependendo de cada peça;
• peças hipersensíveis à luz: aguarelas, trabalhos de papel, exemplares de história natural, garrafas de vinho ou bebidas espirituosas premium. A luz não só altera a cor como debilita a estrutura material do objeto. No caso das bebidas líquidas pode afetar o seu conteúdo. As peças deverão ser iluminadas de forma indireta e utilizarem-se frequentemente filtros ultravioletas/infravermelhos. O importante é controlar o calor.
Existem também princípios básicos a ter em conta na hora de projetar a iluminação para uma coleção privada:
• procurar reduzir ao mínimo a iluminação para favorecer uma visão cómoda
• procurar também reduzir o tempo de iluminação da obra para favorecer a conservação da mesma • é imperativo minimizar a radiação ultravioleta • controlar o calor emitido pelas lâmpadas e
acessórios.
“A luz não só
altera a cor,
como debilita
a estrutura
material
do objeto”
Outras considerações sobre a iluminação
• O reflexo: há que ter em conta se as obras estãoemolduradas ou cobertas com vidro.
• Deve procurar distribuir-se uniformemente a luz sobre as superfícies ou sobre o detalhe que queremos iluminar.
• Há que trabalhar a iluminação tendo em conta a escala do objeto, não só o tamanho, como a comparação entre o nível do detalhe e o todo. • Também é importante a textura, a cor e a forma
como a luz se reflete na obra.
Quadro com uma iluminação correta
Tipos de iluminação
Iluminação geral
Concebida para dar luz geral à sala, mediante a utilização de sistemas em conjunto (fluorescência e/ou descarga), sem dar destaque às obras. Trata-se de uma iluminação básica que não procura detalhes.
Iluminação pontual
Consiste na iluminação direta da peça exposta mediante projetores. Em alguns casos em que se pretenda dar destaque à peça, será necessário o uso de obturadores e/ou filtros como os utilizados na tecnologia Magic Eye. Magic Eye é um sistema pioneiro de iluminação que permite definir com precisão uma área específica. Possui uma temperatura de cor de 3.000ºK o que proporciona uma reprodução cromática perfeita, além de ter uma dimensão reduzida, ficando oculto debaixo de qualquer teto falso.
Quando se trata de iluminar salas com obras de arte temos que ter em conta o tipo de arte que essa sala alberga e qual a sua finalidade. Estas são as principais formas de iluminar uma sala:
“ A muita luz é como a muita
sombra: não deixa ver.”
Octavio Paz
“ A luz não é coisa que possa
ser reproduzida, senão algo
que deve ser representado
usando outra coisa... cores.”
Paul Cézanne
“ As cores dependem da luz
que cada um vê.”
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