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LEVANTAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE PATOLOGIA EXTERIOR DE CONSTRUÇÕES EDIFICADAS EM PORTUGAL ENTRE 1970 E 1995

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LEVANTAMENTO E

CARACTERIZAÇÃO DE PATOLOGIA

EXTERIOR DE CONSTRUÇÕES

EDIFICADAS EM PORTUGAL ENTRE

1970 E 1995

ARMANDO ARAÚJO JORGE DE BRITO EDUARDOJÚLIO

Professor Adjunto, Instituto Politécnico de Leiria, Escola Superior de Tecnologia e

Gestão

Professor Catedrático, Dep. Engenharia Civil, IST, UTL

Professor Auxiliar, Dep. Engenharia Civil, FCTUC

amma@estg.ipleiria.pt jb@civil.ist.utl.pt ejulio@dec.uc.pt

PORTUGAL PORTUGAL PORTUGAL

SUMÁRIO

A presente comunicação tem como objectivo apresentar um tratamento estatístico, com base no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), da informação recolhida referente às anomalias / causas prováveis dos elementos construtivos da envolvente exterior de várias dezenas de edifícios do distrito de Leiria, edificados entre 1970 e 1995.

Foram criadas fichas de inspecção, com suporte num “Manual de Apoio à Inspecção”, para identificar e caracterizar os edifícios, os seus elementos construtivos, as obras de beneficiação e as anomalias / causas em coberturas inclinadas, coberturas em terraço, fachadas e muretes (Norte, Sul, Este e Oeste), vãos de fachada e varandas / palas.

Da análise dos dados registados no âmbito das inspecções, verifica-se que houve uma intervenção reduzida nos edifícios, no que respeita a obras de beneficiação, que existe uma quantidade significativa de anomalias na generalidade dos elementos construtivos da envolvente e que se observa uma variabilidade significativa na classificação pseudo-quantitativa das anomalias e quanto à segurança / bem-estar e urgência de actuação. Palavras-chave: envolvente exterior, patologia, estatística

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1. INTRODUÇÃO

O período entre 1970 e 1995 correspondeu, em Portugal, a um fluxo de construção elevado que incidiu nos edifícios de habitação, nos de comércio e serviços e também nas obras públicas [1].

Para conseguir responder às necessidades de edificação, foi necessário recorrer, durante este período, a mão-de-obra imigrante, sobretudo africana, nos primeiros dois terços, e com forte incidência da Europa de Leste, no último terço [1, 2]. Embora esta última tenha, em média, um nível de habilitações muito mais elevado, partilha com a primeira a impreparação para os trabalhos associados à construção civil, os salários baixos e desmotivantes e a quebra de regras elementares de qualidade, segurança e saúde. Estas situações não eram, de um modo geral, corrigidas pela direcção de obra.

Face ao excesso de procura durante este período, os projectos também não primaram pela qualidade e, da conjugação destes factores, resultou um parque edificado com uma profusão de anomalias, a que se somaram as consequências de uma ausência generalizada de acções planeadas de manutenção e reabilitação.

A envolvente exterior dos edifícios é, em boa parte, a sua imagem para a sociedade. Uma degradação desta imagem cria não só fenómenos de menor auto-estima, como estigmatiza socialmente os habitantes dos bairros degradados.

2. CARACTERIZAÇÃO DA TIPOLOGIA DOS EDIFÍCIOS A INSPECCIONAR

Os dados estatísticos sobre as edificações em Portugal estão disponibilizados, on-line, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) [1]. Grande parte dessa informação serviu de base para a estruturação da definição do tipo de edifícios a estudar, da sua quantidade e localização. Verificou-se, porém, que não estava disponível informação completa da distribuição estatística pelos concelhos do período em estudo, com excepção do período de 1975 a 1981, assim como não se encontrou informação sobre a quantidade de edifícios construídos quanto ao tipo de acabamentos das fachadas e cobertura.

2.1 Obras concluídas e sua tipologia

O INE apresenta os dados do total de obras concluídas em Portugal e também a sua distribuição por tipos de obras (obras de construção, de ampliação, de transformação e de restauro). Do tratamento estatístico feito aos dados recolhidos, verifica-se que a grande maioria das obras concluídas diz respeito a construções novas (73,5%), seguindo-se em pequenas quantidades as ampliações (13,4%), as transformações (4%) e, finalmente, os restauros (9,1%).

2.2 Distribuição dos edifícios de construção pelo Continente e ilhas

O tratamento estatístico aos dados do INE referentes aos edifícios de construção no Continente e ilhas permitiu constatar que a grande maioria das edificações foi construída no Continente (95%) e que os restantes 5% estão distribuídos pelos Açores e Madeira.

2.3 Distribuição dos edifícios de construção pelos distritos do Continente

O INE disponibiliza informação sobre os edifícios de construção nos distritos do Continente. Do tratamento estatístico feito a essa informação, verifica-se que o maior volume de construção está concentrado no distrito do Porto (12,6%), seguindo-se Lisboa (8,9%), Aveiro (8,7%), Braga (8,6%), Leiria (8,3%), Santarém (7,5%), Viseu (6,3%), Faro (6,1%), Coimbra e Setúbal (5,7%), Guarda (3,7%), Viana do Castelo (3,6%), Vila Real (3,3%), Castelo Branco (3%), Bragança (2,7%), Évora (2%), Portalegre (1,7%) e Beja (1,6%).

2.4 Distribuição dos edifícios concluídos segundo a sua utilização

Da análise efectuada à distribuição dos edifícios concluídos em Portugal, e segundo a utilização, verifica-se que, nos edifícios construídos de raiz, nas ampliações, nas transformações e nos restauros, a habitação tem o maior peso com uma média de 75%. Em relação aos edifícios construídos de raiz, a habitação tem a maioria do

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edificado (78%). De salientar que os edifícios públicos, de saúde e de educação ocupam um valor global de 6%. 2.5 Tipologia dos edifícios a inspeccionar

Os tratamentos estatísticos efectuados permitiram avaliar a variação quantitativa das edificações e as tipologias da construção em Portugal, conduzindo a que:

• o levantamento das anomalias do património edificado, no período de 1970 a 1995, fosse direccionado para o Continente, que representa 95% das obras edificadas em Portugal, e para os edifícios construídos de raiz, que representam 74% do total das edificações;

• nos edifícios construídos de raiz do Continente, fossem avaliadas as anomalias / causas da envolvente exterior nos edifícios de habitação, que representam 78% daqueles edifícios.

Embora as construções unifamiliares (moradias) ocupem 84,3% dos edifícios de habitação, no período de 1970 a 1995, foi dado o enfoque às inspecções dos edifícios multifamiliares. Em boa verdade, nas moradias o proprietário faz manutenção, ao passo que nos edifícios multifamiliares os espaços comuns e a envolvente exterior não são considerados propriedade comum, sendo a sua manutenção mais facilmente negligenciada. 3. ENVOLVENTE EXTERIOR DE EDIFÍCIOS

3.1 Caracterização

O processo de avaliação da patologia exterior das construções consta do diagnóstico das anomalias dos seus elementos construtivos. Foram considerados os seguintes elementos construtivos da envolvente exterior para análise:

• coberturas inclinadas; • coberturas em terraço;

• fachadas e muretes (da cobertura e de varandas e palas); • vãos exteriores;

• varandas e palas.

3.2 Metodologia de diagnóstico

O diagnóstico das anomalias / causas das anomalias dos elementos construtivos através de ensaios de laboratório, de ensaios in situ e de sondagens, obriga à recolha de materiais para análise, logo à destruição localizada dos revestimentos em grande parte dos casos. No caso em estudo, não foi permitido realizar esses ensaios e sondagens pelos donos da obra. A metodologia que se achou mais adequada para o diagnóstico da envolvente foi a seguinte:

• autorização de inspecção pelo dono da obra ou seu representante;

• análise da documentação escrita e desenhada dos projectos fornecidos pelo dono da obra / seu representante ou obtidos nas entidades licenciadoras;

• inquirição aos residentes, ou seus legais representantes, sobre informação não existente relativamente a dados da construção e da sua envolvente;

• elaboração do diagnóstico através de registos escritos (fichas de inspecção) e fotográficos. 3.3 Anomalias não estruturais

As anomalias, de acordo com [3], “podem ocorrer de diversas formas, consoante a parte atingida, as funções que são afectadas, bem como a natureza dos materiais e técnicas de construção utilizadas, origem, causas e períodos de ocorrência”. Por outro lado, segundo [4], “as anomalias que afectam o revestimento traduzem-se em degradações inconvenientes e inestéticas no aspecto, perda de coesão e aderência do revestimento em relação aos suportes e pelo desgaste anormal dos mesmos”.

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envolvente exterior dos edifícios a avaliar. Nesse sentido, foram estudadas 148 anomalias que foram divididas pelos elementos de construção.

3.3.1 Classificação das anomalias

Quanto à classificação das anomalias, segundo [3], foram definidas as classes de “Urgência de actuação”, de “Segurança estrutural / Bem-estar das pessoas”, e “Pseudo-quantitativa”. Esta última classe representa a pontuação global quanto à urgência de actuação e segurança e bem-estar. A cada classe foram definidos níveis colocados por ordem decrescente de gravidade com respectiva pontuação (ver Quadro1). A cada anomalia foi atribuída uma pontuação nas classes 1 e 2, cujo somatório foi para um dos intervalos de pontuação da classe 3, definindo, assim, a prioridade global de actuação.

Quadro 1 - Classificação das anomalias

Classe 1 - Urgência de actuação 2 - Segurança e bem-estar 3 - Pseudo-quantitativa (1 + 2) Níveis 0 1 2 3 A B C 1 2 3 4 Pontuação 50 30 20 10 50 20 10 ≥80 e ≤100 ≥60 e ≤70 ≥40 e ≤50 ≥20 e ≤30 O significado atribuído às pontuações dos níveis das classes foi o seguinte:

• urgência de actuação:

grupo 0 e pontuação 50 - actuação imediata (segurança de bens e pessoas comprometida);

grupo 1 e pontuação 30 - actuação a médio prazo, 6 meses a um ano (não coloca de imediato em causa a segurança de bens e pessoas);

grupo 2 e pontuação 20 - sem urgência mas convém seguir a evolução da patologia; grupo 3 e pontuação 10 - sem urgência com efeitos visuais da anomalia;

• segurança e bem-estar:

grupo A e pontuação 50 - não cumpre as exigências de segurança;

grupo B e pontuação 20 - não cumpre as exigências mínimas de funcionalidade; grupo C e pontuação 10 - cumpre as exigências mínimas de funcionalidade; • pseudo-quantitativa:

grupo 1 e pontuação ≥80 e ≤100 - prioridade máxima; grupo 2 e pontuação ≥60 e ≤70 - grande prioridade; grupo 3 e pontuação ≥40 e ≤50 - pequena prioridade; grupo 4 e pontuação ≥20 e ≤30 - prioridade mínima.

As classificações descritas foram consideradas nas fichas de inspecção. 3.4 Causas das anomalias

De uma forma sintética, enumeram-se em seguida (ver Quadro 2), as causas prováveis associadas a factos considerados como geradores de anomalias nas várias fases do processo de construção.

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Quadro 2 - Relação das causas prováveis com os factos geradores de anomalias

3.5 Matriz de correlação anomalias - causas prováveis

Para o preenchimento desta matriz, dividiram-se as causas prováveis de ocorrência das anomalias em:

• causas directas, as que originam de forma imediata as anomalias (como as acções naturais - físicas, químicas e biológicas, os desastres naturais ou os desastres por causas humanas) sendo também caracterizados por poderem ser eliminados através de apropriadas soluções de reparação;

• causas indirectas, as que estão relacionadas com os primeiros passos do processo de deterioração (como as causas humanas nas fases de concepção e projecto, de execução em obra e de utilização do edifício). Para cada anomalia, são identificadas, através da matriz de correlação, as causas prováveis da sua ocorrência, sendo cada uma delas classificada de acordo com o grau de correlação que possui com a anomalia, segundo [5]:

0 - sem relação - não existe qualquer relação directa entre a anomalia e a causa;

1 - pequena relação - causa indirecta da anomalia relacionada com o despoletar do processo de deterioração; causa não necessária para o desenvolvimento do processo de deterioração, embora agrave os seus efeitos;

2 - grande relação - causa directa da anomalia, associada à fase final de deterioração; quando a causa ocorre, constitui uma das razões principais do processo de deterioração e é indispensável ao seu desenvolvimento.

A matriz de correlação teórica entre as anomalias e as causas prováveis das mesmas será validada, total ou parcialmente, no decurso das inspecções. Apresenta-se no Quadro 3 a correlação teórica de uma amostra da cobertura inclinada em que as linhas representam as causas e as colunas representam as anomalias.

Quadro 3 - Amostra da matriz de correlação teórica anomalias – causas

4. FICHAS DE INSPECÇÃO

Foram elaboradas, em folhas do Excel, fichas de inspecção para o diagnóstico da envolvente exterior de edifícios, nomeadamente quanto às características gerais, às obras de beneficiação, à tipologia dos elementos construtivos, às suas anomalias / causas e à classificação das anomalias. O registo das fichas de inspecção tem o apoio de um “Manual de Inspecção” onde são identificados os procedimentos para o preenchimento das fichas de inspecção e são identificados os materiais possíveis de aplicar, bem como identificadas as anomalias / causas.

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Os dados registados nas fichas de inspecção são exportados para folhas apropriadas com o objectivo de serem tratados estatisticamente através do programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) [6]. É possível, através desse programa, fazer a análise de frequências de uma grande quantidade de informação registada nas fichas de inspecção sobre um elevado número de edifícios a inspeccionar.

Para efeitos de inspecção visual, foram elaborados três tipos de fichas de inspecção:

• ficha tipo A (uma ficha - A1), para a identificação e caracterização geral do edifício (“Dados gerais”, “Local de implantação”, “Tipologia do edifício”, “Tipologia da estrutura resistente”, “Tipologia da cobertura”, “Tipologia das paredes exteriores”, “Tipologia dos materiais das paredes exteriores”, “Tipologia dos revestimentos / acabamento de paredes exteriores”, “Tipologia das caixilharias / envidraçados / guarda-corpos”);

• ficha tipo B (duas fichas, B1 e B2), para o registo dos diferentes tipos de obras de beneficiação dos cinco elementos construtivos da envolvente (19 em cobertura inclinada, 14 em cobertura em terraço, 14 em fachadas, 11 em vãos exteriores e 11 em varandas e palas);

• ficha tipo C (dezasseis fichas), para avaliação de cada um dos cinco elementos construtivos, no que diz respeito à constituição dos seus materiais, às anomalias / causas e à classificação das anomalias; está subdividida na ficha C1 para avaliar o elemento construtivo, na ficha C2 para registar as anomalias / causas e na ficha C3 para classificar as anomalias.

A repartição das fichas do tipo C, pelos elementos construtivos, foi a seguinte: cobertura inclinada:

- corresponde às fichas CCI1, CCI2 e CCI3; a CCI1 permite registos nos campos: “Forma e visualização da cobertura”, “Exposição da cobertura”, “Estrutura de suporte”, “Revestimento da cobertura”, “Camada de isolamento térmico”, “Ventilação da cobertura” e “Singularidades da cobertura”; a CCI2 contém 32 anomalias para diagnosticar e 16 causas, de um total de 18, correlacionadas com as anomalias; a CCI3 classifica as anomalias;

cobertura em terraço:

- corresponde às fichas CCT1,CCT2,CCT3,CCT4, CCT5 e CCT6; as CCT1 e CCT2 permitem registos nos campos: “Acessibilidade / tipologia da cobertura”, “Estrutura de suporte”, “Camada de forma”, “Barreira pára-vapor”, “Camada de dessolidarização”, “Camada filtrante (para terraços-jardim)”, “Camada drenante (para terraços-jardim)”, “Materiais de base da impermeabilização”, “Protecção e acabamento”, “Remates da impermeabilização”; as CCT3 e CCT4 contêm 40 anomalias para diagnosticar e 15 causas, de um total de 18, correlacionadas com as anomalias; as CCT5 e CCT6 classificam as anomalias;

fachadas e muretes:

- corresponde às fichas CFa1, CFa2 e CFa3; a CFa1 permite registos nos campos: “Visualização das fachadas”, “Condições de exposição”, “Camada de isolamento térmico”, “Singularidades das fachadas”; a CFa2 contém 38 anomalias para diagnosticar e 15 causas, de um total de 18, correlacionadas com as anomalias; a CFa3 classifica as anomalias;

vãos de fachada:

- corresponde às fichas CVa1 e CVa2; a CVa1 permite registos no campo “Singularidades” e contem 19 anomalias para diagnosticar e 16 causas, de um total de 18, correlacionadas com as anomalias; a CVa2 classifica as anomalias;

varandas e palas:

- corresponde às fichas CVaPa1 e CVaPa2; a CVaPa1 permite registos no campo “Singularidades” de varandas e palas e contem 19 anomalias para diagnosticar e 15 causas, de um total de 18, correlacionadas com as anomalias; a CVaPa2 classifica as anomalias.

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4.1 Preenchimento

As fichas de inspecção foram concebidas de modo a que o seu preenchimento, no acto da inspecção, seja de fácil execução. Com excepção dos casos pontuais de campos onde são registados o número da inspecção realizada, a data de inspecção, a localização do edifício (distrito, concelho e rua), o ano de construção, o processo camarário, o código estatístico e as medidas (espessuras, inclinação, pé-direito, etc.), todas as fichas têm o seguinte preenchimento geral:

0 - não - não existe ocorrência do facto a registar (por ex. não tem obras de beneficiação, não existe a anomalia, não existe a causa provável teórica);

1 - tem - existe ocorrência do facto a registar (por ex. tem obras de beneficiação, existe a anomalia, existe a causa provável teórica);

2 - não se sabe se tem - não se sabe se existe ocorrência do facto a registar (por ex. não se sabe se tem obras de beneficiação, não se sabe se existe a anomalia, não se sabe se existe a causa provável teórica). 5. ANÁLISE ESTATÍSTICA A INSPECÇÕES REALIZADAS

Foram realizadas inspecções a 15 edifícios em Leiria, que serviram para testar e validar as fichas de inspecção. Foram avaliadas algumas frequências importantes para todos os elementos da envolvente e que permitiram também testar a validade das bases de dados. Os resultados obtidos são apresentados em histogramas, com excepção da frequência de ocorrências em obras de beneficiação. Como exemplo, apresentam-se os resultados para a cobertura inclinada e fachadas e muretes.

5.1 Obras de beneficiação

Foram registados, para os diversos elementos construtivos dos elementos da envolvente, poucas obras de beneficiação (32 ocorrências) com a seguinte distribuição percentual: 31% na cobertura inclinada, 19% na cobertura em terraço, 25% nas fachadas e 12,5% para vãos exteriores e varandas e palas.

5.2 Cobertura inclinada

A análise de frequências das anomalias da cobertura inclinada (Figura 1) permite dizer que a anomalia mais frequente foi a 6 (acumulação de musgos e verdete) com 14% das ocorrências, seguida das 3 e 13 (diferenças de tonalidade e eflorescências) com 11%. Segue-se um grupo com uma média de 8,5% (ventilação insuficiente e deficiências de remates em chaminés). As anomalias 1, 9, 11, 16, 18, 19, 25 e 27 (inclinação insuficiente, sobreposição / encaixe insuficiente, elementos fracturados / fissurados, deficiência de remate de cumeeira / rincões, deficiências de remates com paredes emergentes / platibandas, deficiências de remates no coroamento de platibandas, deficiências em caleiras recuadas e existência de ralos de pinha em caleiras) têm uma média de 3,3%. As restantes anomalias andam entre 2 e 0% e não se considera relevante fazer a sua enumeração exaustiva.

3% 0% 11 % 8% 1% 14 % 1% 2% 4% 0% 3% 0% 11 % 0% 0% 4% 9% 5% 5% 2% 0% 0% 0% 1% 3% 1% 4% 0% 1% 2% 2% 2% 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 Anomalias % p on de ra da

Figura 1 - Histograma de frequências das anomalias

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frequente, no total das anomalias registadas, foi a 3 (execução deficiente) com 27% das ocorrências, seguindo-se as 1 e 2 (pormenorização omissa ou deficiente e prescrição de materiais omissa ou deficiente) com uma média de 18,5% e as 5, 8 e 15 (utilização inadequada de materiais, acumulação de humidade e ausência / inadequação de manutenção) com uma média de 9,3%. As restantes causas estão abaixo de 2% e não se considera relevante fazer a sua enumeração.

18 % 19 % 27 % 0% 10 % 1% 1% 9% 1% 0% 0% 2% 2% 0% 9% 0% 1% 0% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Causas % p on de ra da

Figura 2 - Histograma de frequências das causas

A avaliação das frequências por grupos de causas (Figura 3) permite concluir que os erros de concepção e de execução têm um peso muito elevado nas causas das anomalias (74%).

36% 38% 2% 15% 9% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 1 2 3 4 5 Erros de concepção Erros de execução Acções de origem mecânica Acções ambientais Utilização / manutenção

Figura 3 - Histograma de frequências dos grupos das causas

A avaliação das frequências quanto à classificação pseudo-quantitativa - prioridade de actuação - (Figura 4), permite concluir que 87% das anomalias detectadas deverão ser de pequena prioridade, 9% de prioridade mínima e 4% de prioridade máxima.

4% 0% 87% 9% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 1 2 3 4 Pseudo-quantitativo % p on de ra da

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5.3 Fachadas e muretes

A análise de frequências das anomalias das fachadas e muretes (Figura 5) permite afirmar que um conjunto elevado de anomalias, 2, 9, 12, 13, 14, 22, 24, 25 e 26 (colonização biológica / algas / líquenes / fungos / musgos / verdete, eflorescências / criptoflorescências, manchas localizadas, escorrimentos, ascensão capilar, fissuração rendilhada ou mapeada, fissuração predominantemente vertical, fissuração predominantemente horizontal e fissuração predominantemente inclinada) têm frequências entre 5 e 8%. Há outro grupo de anomalias, 8, 10, 21, 27, 29, 32, 34 e 38 (descolamentos / destacamento / descasque, alteração de cor, fracturação, corrosão de elementos metálicos incorporados no revestimento, deterioração / inexistência dos mástiques, deficiências em tubos de queda, colonização biológica do capeamento e inexistência de pingadeira no capeamento), que têm frequências entre 3 e 4%. As restantes anomalias andam entre 2 e 0% e não se considera relevante fazer a sua enumeração exaustiva. 0% 5% 0% 1% 1% 2% 2% 3% 5% 3% 2% 7% 8% 7% 1% 0% 1% 0% 0% 1% 3% 5% 1% 8% 8% 7% 3% 1% 3% 0% 0% 3% 2% 3% 0% 0% 0% 4% 0% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 Anomalias % p on de ra da

Figura 5 - Histograma de frequências das anomalias

A análise de frequências das causas da cobertura inclinada (Figura 6) permite afirmar que a causa mais frequente, no total das anomalias registadas, foi a 3 (execução deficiente) com 20% das ocorrências, seguindo-se as 5 e 8 (pormenorização omissa ou deficiente e prescrição de materiais omissa ou deficiente) com uma média de 14% e as 1, 2 e 15 (pormenorização omissa ou deficiente, prescrição de materiais omissa ou deficiente e ausência / inadequação de manutenção) com uma média de 11%. Segue-se o grupo 9, 12 e 13 (chuvas intensas, radiação solar / ultravioletas e poluição) com uma média de 4%. As restantes causas estão abaixo de 2% e não se considera relevante fazer a sua enumeração.

11 % 11 % 20 % 2% 15 % 0% 1% 13 % 5 % 2% 1% 4 % 3% 0% 10 % 0% 1% 1% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Causas % p o nd er ad a

Figura 6 - Histograma de frequências das causas

A avaliação das frequências por grupos de causas (Figura 7) permite concluir que os erros de execução têm o maior peso (37%), seguido das acções ambientais (28%), erros de concepção (22%) e utilização / manutenção (12%).

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22% 37% 1% 28% 12% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 1 2 3 4 5 Erros de concepção Erros de execução Acções de origem mecânica Acções ambientais Utilização / manutenção % p on de ra da

Figura 7 - Histograma de frequências dos grupos das causas

A avaliação das frequências quanto à classificação pseudo-quantitativa - prioridade de actuação - (Figura 8) permite concluir que 40% das anomalias detectadas deverão ser de pequena prioridade, 30% de grande prioridade, 19% de prioridade mínima e 11% de prioridade máxima.

11% 30% 40% 19% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 1 2 3 4 Pseudo-quantitativo % p on de ra da

Figura 8 - Histograma de frequências das classificações pseudo quantitativas 6. CONCLUSÕES

Nesta comunicação, foram abordados os aspectos necessários para definir a tipologia dos edifícios a inspeccionar, a metodologia de diagnóstico da patologia da envolvente exterior para edifícios de habitação e o processo implementado na elaboração das fichas de inspecção.

Com base nas fichas de inspecção, foram inspeccionados 15 edifícios de maioria multifamiliar (85%), que permitiu avaliar, com sucesso, a compatibilidade da aplicação do programa SPSS à base de dados concebida. Foram apresentadas algumas, das muitas, hipóteses de análises de frequência estatística que o programa SPSS pode fazer sobre o elevado número de dados contidos nas fichas de inspecção.

Da análise às frequências das anomalias, bem como às suas causas, para a cobertura inclinada e fachadas e muretes, algumas conclusões se podem tirar:

• em ambos os elementos construtivos não foram registados, no decurso das inspecções, cerca de 27% das anomalias contempladas nas fichas de inspecção;

• verificou-se uma variação divergente, nas frequências das anomalias, para os dois elementos construtivos; • em relação a causas de anomalias associadas a erros de projecto e de execução verificaram-se percentagens elevadas nos dois elementos construtivos (74% na cobertura inclinada e 59% em fachadas e muretes);

• relativamente às prioridades de actuação (máxima, grande, pequena e mínima), associadas às anomalias detectadas, verificou-se uma divergência significativa das frequências nas prioridades de actuação entre a cobertura inclinada (4%, 0%, 87% e 9%) e as fachadas e muretes (11%, 30%, 40% e 19%).

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Tendo em conta o reduzido número de edifícios inspeccionados, os resultados estatísticos apresentados, não sendo conclusivos, deverão ser considerados como indicadores.

A partir do grande volume de informação, que irá ser obtido a partir de inspecções que irão ser realizadas a centenas de edifícios, e tirando partido das potencialidades do programa SPSS que permite fazer tratamento estatístico com cruzamento de dados, irão ser feitas muitas análises de frequência sobre todos os elementos construtivos da envolvente que permitirão tirar, então, resultados conclusivos com um certo grau de confiança. Como conclusão final, julga-se que se pode afirmar, com um elevado grau de segurança, que o sistema de avaliação concebido poderá ser aplicado à avaliação estatística da patologia da envolvente exterior de uma quantidade significativa de edifícios espalhados pelo Continente.

7. AGRADECIMENTOS

O autor agradece ao Dr. Fernando Sebastião a colaboração que deu na elaboração da base de dados para o tratamento estatístico no SPSS, assim como à Dr.ª Sofia Carvalho e à Eng.ª Susana Castela no apoio à utilização do programa SPSS.

8. REFERÊNCIAS

[1] INE - Instituto Nacional de Estatística - Estatísticas da construção de Edifícios, Anuário Estatística, on-line,1970 a 1995

[2] SEF - Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, on-line, 1999

[3] Gonçalves, C. - Anomalias não estruturais em edifícios correntes. Desenvolvimento de um sistema de apoio à inspecção, registo e classificação, Dissertação de Mestrado em Ciências da Construção na FCTUC, Coimbra, 2004

[4] Aguiar, J. et al. - Guião de apoio à reabilitação de edifícios habitacionais, Volume 2, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, 1997

[5] Brito, J. de - Desenvolvimento de um sistema de gestão de obras de arte em beta,. Tese de Doutoramento em Eng.ª Civil no IST, Lisboa, Outubro de 1992

[6] Pereira, Alexandre - SPSS, Guia prático de utilização - Análise de dados para ciências sociais e psicologia, edições Sílabo, Lda, Lisboa, 2006

(12)

ARMANDO ARAÚJO Professor Adjunto IPL, ESTG amma@estg.ipleiria.pt PORTUGAL JORGE DE BRITO Professor Catedrático Dep. Eng. Civil, IST, UTL

jb@civil.ist.utl.pt PORTUGAL

EDUARDO JÚLIO

Professor Auxiliar Dep. Eng. Civil, FCTUC

ejulio@dec.uc.pt PORTUGAL

Referências

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