• Nenhum resultado encontrado

SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E LEITE ANAIS DO 1º SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E LEITE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E LEITE ANAIS DO 1º SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E LEITE"

Copied!
140
0
0

Texto

(1)

SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO DE BOVINOS

DE CORTE E LEITE

ANAIS DO 1º SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO DE

BOVINOS DE CORTE E LEITE

Bianual - v.1, 2016

EDITOR: PROF.DR. DANILO DOMINGUES MILLEN

(2)

ANAIS DO 1ª SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E LEITE

NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO

DE BOVINOS DE CORTE E LEITE

EDITOR RESPONSÁVEL:

PROF.DR. DANILO DOMINGUES MILLEN Bianual - v.1, 2016

APOIO

PATROCÍNIO

(3)

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS UNESP - campus de Dracena

Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, km 651. Bairro: Bairro das Antas

17900-000 - Dracena, SP, Brasil. Telefone: (18) 3821-8200

Fax: (18) 3821-8208 PABX: (18) 3821-8200 PERIOCIDADE: Bianual - v.1, 2016

EDITOR RESPONSÁVEL: PROF.DR. DANILO DOMINGUES MILLEN COLABORADORES:

Alan Carlos Barbosa Melo

Alice Helena Peres Marques Assumpção Ana Carolina Janssen Pinto Anderson Augusto dos Santos André Luiz Nagatani Rigueiro Arthur Fernando Lorena de Almeida

Breno Leite Demartini Carlos Henrique Garcia Daniel Hideki Mariano Watanabe

Evandro Fernando Ferreira Dias Gustavo Perina Bertoldi João Victor Tino Dellaqua

(4)

Murillo Ceola Stefano Pereira Osvaldo Alex de Sousa

Pedro Fernando Santi.

FICHA CATALOGRÁFICA

Desenvolvida pela Seção Técnica de Biblioteca e Documentação Campus de Dracena

Direitos Autorais

Nenhuma parte desta obra poderá ser traduzida, reproduzida, armazenada ou transmitida por meio eletrônico, mecânico, de fotocópia, de gravação e outros, sem autorização da Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas-UNESP-DRACENA.

Simpósio de Nutrição de Bovinos de Corte e Leite (1. : 2016 : Dracena) S567 Anais do 1º Simpósio de Nutrição de Bovinos de Corte e Leite: nutrição e

alimentação de bovinos de corte e leite / editado por Danilo Domingues Millen -- Dracena : Unesp, 2016.

140 p. : il.

Bianual – v.1, 2016 Inclui bibliografia. ISSN: 2448-4202

1. Ciências agrárias. 2. Zootecnia. 3. Nutrição animal. I. Simpósio de Nutri-ção e AlimentaNutri-ção de Bovinos de Corte e Leite. II. Millen, Danilo Domingues.

(5)

APRESENTAÇÃO

É com muita satisfação que apresentamos o I Simpósio de Nutrição de Bovinos de Cor-te e LeiCor-te.

Este evento, em sua primeira edição, traz os avanços nas pesquisas e estratégias nutrici-onais aplicadas a bovinos confinados. Contamos com o inestimável apoio de renomados profissionais e pesquisadores na área de bovinocultura de corte e leite, que prontamente aceitaram nosso convite para abrir mais este fórum de discussões.

Os grupos de Estudos NERU (Núcleo de Estudos e Extensão em Bovinocultura de Cor-te) e NEEL (Núcleo de Estudos e Extensão em Bovinocultura de LeiCor-te) vêm com a pro-posta de oferecer, por meio de Simpósios, a oportunidade de obtenção de informação de qualidade, sendo que a partir deste ano 2016, a proposta foi de promover simpósios com a apresentação de trabalhos científicos. Contamos com a participação no evento alunos de graduação e pós-graduação, professores/pesquisadores e profissionais, de diferentes Instituições e estados. Os dois grupos são formados por alunos de graduação e pós-graduação e coordenado pelo Prof. Dr. Danilo Domingues Millen.

Com esse intuito, o evento vem debater juntamente com o meio acadêmico-científico e técnico as ações necessárias para promover o avanço do sistema de produção em confi-namento de bovinos de corte e leite, pela experiência dos pesquisadores aliado aos co-nhecimentos práticos dos profissionais convidados. Esperamos que a realização de mais este evento contribua para o crescimento e atualização dos conceitos em Bovinocultura de Corte e Leite.

(6)

AGRADECIMENTOS

AOS PROFESSORES

A todos os professores que diretamente ou indiretamente nos apoiaram com a divulga-ção e o incentivo para que mais essa realizadivulga-ção dos grupos de estudos NEEL e NERU se concretizasse.

AOS PALESTRANTES

Agradecemos imensamente aos palestrantes que prontamente aceitaram nosso convite para participar de mais um desafio em reunir profissionais, pesquisadores, técnicos, produtores e alunos para discutirmos temas que norteiam a Bovinocultura de Corte e Leite. Sem dúvida, a participação deles em muito engrandece e confirma nosso objetivo de evoluir nossa pecuária produtora de carne e leite cada vez com qualidade e sustenta-bilidade.

Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral (UFMT/CUIABÁ)

Dr. Rodrigo Dias Lauritano Pacheco (Pesquisador da EMPAER-MT) Prof. Dr. Flavio Augusto Portela Santos (ESALQ/UPS)

Prof. Dr. Nicolas DiLorenzo (UNIVERSITY OF FLORIDA)

Zootecnista Diego Piovezan da Silva (CULTIVAR - ASSESSORIA AGRICOLA E PECUÁRIA)

Dr. Pedro Veiga Rodrigues Paulino (CARGILL ALIMENTOS LTDA) Mário Sérgio Zoni, Médico Veterinário (MILKONSULT)

Profa. Dra. Carla Maris Machado Bittar (ESALQ/USP)

Prof. Dr. João Mauricio Bueno Vendramini (UNIVERSITY OF FLORIDA) Dr. Marcelo de Queiroz Manella (SILVA TEAM)

(7)

AOS PATROCINADORES

A todas as Empresas pela participação e confiança imprescindíveis para a realização deste evento.

AS INSTITUIÇÕES DE APOIO

As Instituições de Fomento pelo constante apoio neste evento:

Fundação De Amparo A Pesquisa Do Estado De São Paulo (FAPESP) Pró-reitoria de Extensão Universitária (PROEX)

Universidade Estadual Paulista “Júlio De Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas campus de Dracena

(8)

PALESTRAS

ESCRITAS

(9)

Sumário

SAÚDE RUMINAL EM BOVINOS ... 10 Luciano da Silva Cabral, Leni Rodrigues Lima, Joelson Antonio Silva, Cláudio Luiz Barbosa de

Toledo(UFMT/Cuiabá)

USO DE GORDURA PROTEGIDA EM BOVINOS DE CORTE ... 31 Rodrigo Dias. Lauritano Pacheco, Bradley J. Johnson, Gustavo Rezende Siqueira, Rafael da

Costa Cervieri, João Carlos Fontanari de Carvalho, Marcos Renato Burim, João Paulo Sigolo Teixeira Bastos

ADEQUAÇÃO PROTEICA NAS DIFERENTES FASES DE LACTAÇÃO ... 51 Flávio Augusto Portela Santos – Professor do Departamento. de Zootecnia – ESALQ-USP

Camila Delveaux Araújo Batalha – Doutoranda do Departamento de Zootecnia – ESALQ - USP

NUTRITIONAL STRATEGIES TO PREPARE HEIFERS FOR RE-PRODUCTION

AND STEERS TO ENTER THE FEEDLOT ... 67 Nicolas DiLorenzo, Francine Messias Ciriaco, Darren D. Henry(University of Florida)

CONFINAMENTO DE MACHOS LEITEIROS ... 75 Diego Piovezan da Silva, Zootecnista, Cultivar Assessoria Agrícola e Pecuária.

QUALIDADE E COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS PARA O DESENVOLVIMENTO

RUMINAL DE BEZERRAS LEITEIRAS... 79 Carla Maris Machado Bittar, Lucas Silveira Ferreira(Esalq/USP)

SUPLEMENTAÇÃO DE BEZERROS DE CORTE ... 94 Joao Mauricio Bueno Vendramini, Joao Marcelo Dalmazo Sanchez(University of Florida)

USO DE TANINOS NA NUTRIÇÃO DE BOVINOS ... 105 Med. Vet. Marcelo de Queiroz Manella, PhD.Diretor de Nutrição Animal SilvaFeed Brasil

(10)

SAÚDE RUMINAL EM BOVINOS

Luciano da Silva Cabral1, Leni Rodrigues Lima1, Joelson Antonio Silva1, Cláudio

Luiz Barbosa de Toledo1

1Faculdade de Agronomia e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, Av.

Fer-nando Corrêa da Costa, n.2367, Boa Esperança, Cuiabá – MT, CEP 78060-900. lucia-noufmt@gmail.com

Resumo – A evolução dos ruminantes os capacitou para o uso eficiente de alimentos

fibrosos, graças a simbiose desses animais com a diversa e numerosa população de mi-crorganismos ruminais, os quais secretam enzimas e digerem, principalmente, consti-tuintes da parede celular vegetal (PCV) e proteínas, gerando ácidos graxos voláteis (AGV’s) e proteína microbiana, sendo esses as principais fontes de energia e aminoáci-dos para o animal. O rúmen pode ser visto, desta forma, como compartimento central na digestão dos polímeros dietéticos, influenciando a saúde e desempenho produtivo dos animais. Neste sentido, a manutenção das condições fisiológicas do rúmen representa uma importante estratégia nutricional e “sanitária”, uma vez que as mesmas influenciam diretamente os tipos de microrganismos, seu metabolismo e produtos finais, que em última análise, afetam as condições citadas. Fatores dietéticos que afastam o rúmen des-sas condições fisiológicas devem ser evitados, as quais incluem as deficiências nutricio-nais comumente observadas em animais criados no Brasil em sistemas extensivos, espe-cialmente na época seca do ano, ou o excesso de carboidratos rapidamente fermentáveis associados à redução da quantidade de fibra efetiva característicos de sistemas intensi-vos em confinamento. No primeiro caso, a deficiência de nutrientes (carboidratos fer-mentáveis, compostos nitrogenados e minerais) além de afetar diretamente o crescimen-to e atividade da microbiota ruminal e, com isso, a produção de AGV’s e proteína mi-crobiana, também limita o número e aumento de tamanho das papilas ruminais, limitan-do com isso, a absorção limitan-dos AGV’s. No segunlimitan-do caso, o excesso de carboidratos não fibrosos (CNF), especialmente amido, em função de sua rápida digestão pela microbiota ruminal e, consequente elevada produção de AGV’s, pode exceder os mecanismos de tamponamento, causando com isso acidose ruminal (subclínica ou clínica). Portanto, controlar a taxa na qual os carboidratos são digeridos no rúmen e, com isso, a produção de ácidos, assim como entender os fatores que afetam os mecanismos de

(11)

tamponamen-tos desses ácidos é fator chave na prevenção da acidose ruminal e problemas associados. Considerável esforço tem sido dispendido no sentido de entender as alterações da mi-crobiota ruminal e seu metabolismo, especialmente no período de adaptação dos ani-mais às dietas com elevada proporção de concentrado, bem como das relações entre a composição da dieta e os mecanismos de tamponamento do pH ruminal, principalmente secreção salivar. Dos componentes dietéticos, a FDN fisicamente efetiva tem sido rela-cionada positivamente à secreção salivar e, com isso, há recomendações de teores mí-nimos na dieta de animais ruminantes no sentido de reduzir a ocorrência de acidose ru-minal. Entretanto, a contribuição da saliva (bicarbonato e fosfato) para a neutralização dos AGV’s no rúmen parece ser de no máximo 40% do total. Desta forma, tem havido mais recentemente, considerável esforço em entender os fatores que determinam a adap-tação do epitélio ruminal ao aumento da concentração de AGV’s no rúmen, uma vez que a absorção dos AGV’s pelas papilas do rúmen representa o principal mecanismo de tamponamento ruminal, incluindo aspectos morfológicos das papilas ruminais, mas es-pecialmente da sua atividade (expressão de genes de proteínas transportadoras de AGV’s). Os resultados indicam que a adaptação funcional ocorre mais rapidamente e é mais importante que a adaptação morfológica e, nesse sentido, parece ser a principal razão pela qual animais alimentados com a mesma dieta apresentam diferenças na sus-ceptibilidade à acidose ruminal e problemas associados. Esse assunto é de extrema im-portância, considerando que condições ácidas afetam negativamente o crescimento da população microbiana desejável do rúmen, predispondo com isso a ocorrência de outros problemas, tais como: ruminite, paraqueratose, abcessos hepáticos, inflamação aguda, laminite e poliencefalomalacia. A ocorrência de ambos os problemas tem como conse-quências indesejáveis a redução do desempenho animal, piora na eficiência alimentar e, em casos extremos, o óbito. Desta forma, a sua prevenção deve ser tida como meta prin-cipal. Considerando a importância científica e econômica dos eventos que afetam a “sa-úde ruminal”, foi realizada revisão da literatura no sentido de permitir melhor entendi-mento desses problemas e, com isso, o seu controle e prevenção.

(12)

INTRODUÇÃO

O Brasil apresentou em 2015, em números absolutos, o segundo maior rebanho de bovinos, e o maior rebanho comercial com aproximadamente 213 milhões de cabeças (USDA, 2016), o que possibilitou atingir a posição de segundo maior produtor e maior exportador de carne bovina.Tanto a pecuária de corte quanto de leite são conduzidas basicamente em condições de pastejo, sendo na primeira verificados sistemas mais extensivos e, na segunda, a predominância de maior intensificação (custo da terra, agricultura familiar, pequenas propriedades). Apesar disso, ambas passam por profundas mudanças quanto ao uso de tecnologias e processo de intensificação.

Seja na pecuária de leite ou corte, o desempenho produtivo dos animais é determinado por atributos genéticos e ambientais, bem como pela interação desses. Um aspecto importante na produção de bovinos diz respeito à saúde dos animais, pois a ocorrência de doenças afeta negativamente a economicidade da atividade, seja pela redução da produção ou pelos custos associados ao tratamentos das doenças ou perdas decorrentes da redução da produção ou dos óbitos.

No que se refere à saúde ruminal, a qual tem influência direta sobre a saúde do animal dada a importância dos eventos que ocorrem neste compartimento digestivo e os produtos gerados nele (ácidos graxos voláteis, proteina microbiana e vitaminas do complexo B), os eventos que afetam a “saúde ruminal” podem ser separados em aqueles que decorrem de carências nutricionais e os associados ao excesso de carboidratos rapidamente fermentáveis na dieta (carboidratos não fibrosos) associados à deficiência de fibra. Para discorrermos sobre os dois aspectos, será necessária a caracterização do ambiente ruminal como compartimento digestivo ou câmara de fermentação.

Embora seja comumente dada ênfase aos fatores que tiram o rúmen de suas características fisiológicas (ausência de saúde) associados às dietas com elevada quantidade de carboidratos de rápida fermentação e suas consequências, deve ser ressaltado que as condições dietéticas que impõe restrição na quantidade de nutrientes à microbiota ruminal e seu adequado crescimento, também deveriam ser lembradas quando se aborda o assunto saúde ruminal, pois trazem efeitos indesejáveis à saúde e produção dos animais. Adiante, acrescenta-se o fato de que na maioria das fazendas do Brasil central não se pratica qualquer tipo de suplementação, situação que se agrava com a ausência de manejo adequado do pasto (oferta de forragem não limitante ao consumo diário necessário para manter o animal vivo = mantença), especialmente na época seca do ano, o que certamente coloca o rúmen em condição de “estresse”.

(13)

Neste sentido, imaginando que as doenças nos animais e humanos são principalmente causadas por agentes agressores (bactérias, vírus, protozoários e fungos), os quais causam perturbação ao funcionamento celular, órgãos e tecidos, caracterizando, portanto, uma condição de estresse ao animal, as deficiências nutricionais também podem ser inclusas como causadores de ausência de saúde ruminal e do animal, pois causam severo estresse e colocam o animal em risco de morte.

Apesar do animal e seus produtos (carne, leite) permitirem a geração de recursos financeiros numa propriedade, e por essa razão, a atenção de produtores e técnicos estarem voltados para ele, no sentido de identificar a sua resposta ao manejo aplicado (sanitário, nutricional, reprodutivo, etc) e possíveis problemas, o rúmen tem papel central no processo produtivo dos animais ruminantes.

As funções produtivas manifestadas pelos animais ruminantes envolvem respostas de médio a longo prazo, embora alguns problemas (doenças) são visíveis em curto prazo (intoxicação por consumo excessivo de ureia, por exemplo). Ou seja, aquilo que é passível de ser percebido ou mensurado pelo homen demanda período de tempo variável com a função produtiva em questão, muito embora as alterações e perturbações no ambiente ruminal possam ser manifestadas em curtíssimo prazo. Como exemplo, cita-se o caso de bovinos de corte em condição de pastejo em que embora pode ser observado visualmente por avaliação da condição física (corporal) dos animais o seu status nutricional, as alterações sazonais são percebidas com um maior lapso de tempo (semanas ou meses). Entretanto, se fosse possível ao produtor monitorar as condições no rúmen, o crescimento e a atividade da microbiota ruminal, as quais são dinâmicas e respondem em curto espaço de tempo, ele certamente faria intervenções antecipadas de modo a minimizar os efeitos negativos da limitação de nutrientes ou alterações negativas no ambiente ruminal.

Entretanto, apesar das perdas pontuais ocorridas nos episódios de estresse nutricional bem como dos efeitos sobre a idade de abate, qualidade da carne e retorno do capital investido, quando não há restrição nutricional severa, os animais se recuperam nos períodos subsequentes em função do aumento da oferta de forragem e, em sua maioria, são destinados ao abate, fazendo com que tal condição seja encarada como algo cíclico e normal inerente à atividade pecuária conduzida nos trópicos ou até mesmo em condição de vida livre dos animais (não domesticação).

Associado a isso, a maioria dos trabalhos de pesquisa conduzidos que envolve a saúde ruminal é realizada em países onde as causas de carências nutricionais parece ser

(14)

bem limitada, tornando com isso, os problemas de saúde ruminal comumente associados às condições dietéticas que impõem aos animais consumo de elevada quantidade de CNF, como aquelas que ocorrem em condições intensivas de produção (leite ou corte). Portanto, a maior parte do presente manuscrito trata dos eventos associados ao consumo de CNF. Desta forma, considerando a importância digestiva e, com isso, de suprir nutrientes para mantença e produção dos animais, o ambiente ruminal assume importância primária nos animais ruminantes, determinando efeitos sobre a vida, saúde e produtividade dos mesmos, o que reforça a importância do assunto para o ensino, pesquisa e extensão.

O ECOSSISTEMA RUMINAL E SUAS CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS - “SAÚDE RUMINAL”

Os animais ruminantes evoluíram há pelo menos 40 milhões de anos atrás a partir de animais herbívoros de estômago simples, especialmente para consumirem plantas, no caso as gramíneas, as quais possuem elevado teor de componentes de parede celular vegetal (VAN SOEST, 1994). Esses animais se diferenciam dos demais (estômago sim-ples) pela elevada habilidade de usarem como fonte de energia os compostos fibrosos (celulose e hemicelulose), que não são hidrolisados pelas enzimas secretadas pelos ma-míferos, incluindo os ruminantes. Para isso, os animais ruminantes desenvolveram alte-rações anatômicas e fisiológicas no seu trato gastrintestinal (TGI), possibilitando o esta-belecimento de realização simbiótica com a diversa e numerosa comunidade microbiana do rúmen.

O rúmen é um compartimento de elevada complexidade, onde são mantidas condições físico-químicas adequadas para o crescimento de bactérias, protozoários, fungos e bacteriófagos (Hungate, 1966). Elevadas concentrações de microrganismos são observadas no rúmen: 1010-1012 células/mL de bactérias, 104-6 células/mL de protozoários e 102-4 células/mL de fungos. Mais de 1000 espécies de bactérias são estimadas para ocorrerem no rúmen, cerca de 250 espécies de protozoários e seis gêneros de fungos foram isolados e identificados por meio de procedimentos laboratoriais tradicionais.

A elevada concentração e diversidade de microrganismos verificadas no rúmen são mantidas pelo fornecimento de nutrientes via consumo de alimentos pelo animal e pelas condições físico-químicas ruminais (pH, temperatura, anaerobiose e osmolalidade), as quais são influenciadas pela dieta, bem como pelas relações existentes

(15)

entre os microrganismos do rúmen e as características da dieta e aspectos relacionados ao animal (Hungate, 1966; Russell, 2002).

Assumindo que as características ruminais observadas em animais saudáveis refletem assim como influenciam a saúde ruminal, pode-se inferir que os fatores que afastam o ambiente ruminal destas condições o aproximam de uma condição de “falta de saúde” ou “desequilíbrio”. Neste sentido, as seguintes características do rúmen em animais sadios podem ser tomadas como referência: temperatura variando de 37 a 39ºC; anaerobiose ou baixíssima concentração de oxigênio, o que reflete num potencial redox de -250 a -350; pH variando de 6,0 a 7,0; concentração de ácidos graxos voláteis variando de 60 a 110 mMol/L; osmolaridade entre 250 - 280 mOsm/L; contrações rumino-reticulares (normais e frequentes, incluindo as concentrações associadas à ruminação e eructação); concentração e tipos de microrganismos normais; proporção de líquidos em torno de 80-85%; concentração de N-NH3 variando de 8-15 mg/dL (Owens

e Goetsch, 1993).

Considerando que os principais eventos que ocorrem no rúmen são a digestão dos polímeros dietéticos e o crescimento da população microbiana nele existente, os quais não apenas são responsáveis pela ação digestiva, gerando AGV’s (principal fonte de energia para o animal), mas também supre aminoácidos e vitaminas hidrossolúveis para o animal, a estabilidade da microbiota ruminal pode ser tida como principal fator que determinaria a saúde do rúmen, e com isso, do animal.

Krause e Russell (1996) explanaram que em ambientes hostis a diversidade biológica é de modo geral muito pequena e, portanto, a diversidade de seres vivos (exemplo de microrganismos) pode ser um índice geral da abundância de níveis tróficos em determinado ambiente. Neste sendito, Hungate (1966) inferiu que a complexidade da microbiota ruminal pode ser explicada considerando que os alimentos são relativamente complexos na sua composição e, consequentemente, apenas um microrganismo (espécie) provavelmente não fosse capaz de produzir a variedade de enzimas necessárias para utilizar estes compostos de forma eficiente e com máximo crescimento celular. Adicionalmente, Hungate (1966) acrescentou que mesmo que houvesse apenas um tipo de microrganismo especializado e mais ajustado para desempenhar essas atividades, como consequência da sua ação naquele ambiente, haveria mudanças no habitat as quais criariam nichos adicionais para outras bactérias.

O pH ruminal é considerado o segundo fator mais importante determinante da comunidade microbiana, depois da disponibilidade de nutrientes. Em geral, quando o

(16)

pH do rúmen é reduzido para valores abaixo de 6,0, o crescimento das principais bactérias celulolíticas e de protozoários é reduzido, enquanto que outros microrganismos menos importantes e indesejáveis, tais como Streptococcus bovis e Lactobacillus spp. aumenta rapidamente (Russell, 2002). Estas alterações estão associadas a utilização de dietas ricas em concentrado (> 65%, com base na matéria seca), com a redução do pH do rúmen (<6,0) e aumento da disponibilidade de amido e glicose e, adicionalmente, pode causar depressão da digestão de fibra, assim como estão relacionadas com a ocorrência de desordens nutricionais.As condições anaeróbicas mantidas no rúmen determinam que o metabolismo dos nutrientes pela microbiota deste compartimento seja diferente daquele observado em células aeróbias. Pois, em ambientes aeróbicos, a glicose pode ser totalmente oxidada até CO2 e água, uma vez que

o oxigênio é o aceptor final de elétrons. Contratariamente, em ambientes anaeróbicos (rúmen) a glicose é fermentada a ácidos orgânicos, onde o piruvato é o aceptor final de elétrons. Esta diferença no metabolismo de nutrientes limita a disponibilidade de energia em ambientes anaeróbicos e, portanto, são produzidos no máximo 4 ATP/glicose fermentada em comparação com 36-38 ATP/glicose em ambientes aeróbicos (Russell, 2002). Desta forma, quanto mais matéria orgânica, especialmente carboidratos, for digerida no rúmen, maior será a produção de AGV’s.

Embora os animais ruminantes consumam dietas compostas por quantidade variável de carboidratos (CHO’s), proteínas e lipídios, as variações na proporção dos carboidratos (carboidratos fibrosos = CF e carboidratos não fibrosos = CNF) promovem os efeitos mais dramáticos sobre as características ruminais e, portanto, sobre as populações microbianas verificadas no rúmen. A principal alternativa que os nutricionistas de animais ruminantes têm para alterar a densidade energética da dieta destes animais é pela manipulação dos níveis de concentrado, as quais promovem variações de teores de fibra e amido dietéticos. Neste sentido, pode-se inferir que os parâmetros mais importantes na adequação de dietas para animais ruminantes estão relacionados com a manutenção de níveis adequados de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e CNF, no sentido de atender os requisitos energéticos de animais de elevado desempenho, ao mesmo tempo em que os mantêm livres de desordens nutricionais causadas pelo excesso do amido (BEAUCHEMIN, 2007).

A principal diferença entre dietas à base de forragem e àquelas baseadas em grãos está associada com a taxa de degradação dos carboidratos poliméricos pela microbiota do rúmen. Por definição, a fibra (o principal componente dos alimentos volumosos) é

(17)

composta por polímeros insolúveis em detergente neutro (celulose e hemicelulose, assim como a lignina, que é considerada indigestível), os quais são lenta e incompletamente digeridos no trato digestivo, mas em contrapartida, estimulam a mastigação e secreção de saliva. No entanto, os CNF são digeridos de forma rápida e quase completamente, gerando uma maior quantidade de ácidos graxos voláteis e promovem, proporcionalmente, menor estímulo à mastigação e secreção salivar (MERTENS, 1996).

Assim, as variações nas proporções de CF e CNF das dietas promovem as mais profundas alterações na taxa de produção de AGV’s, associados com variações sobre os mecanismos de tamponamento, os quais irão determinar em última análise, o pH do rúmen em determinado momento do dia, bem como a sua variação ao longo deste.

É de suma importância enfatizar que as alterações no ambiente ruminal decorrentes do consumo de dietas contendo elevado proporção de CNF, especialmente amido, caracterizads pela redução do pH ruminal para valores abaixo de 5,8 (acidose ruminal subclínica), estão associadas ou predipõem a outros problemas tanto no ambiente ruminal (ruminites, paraqueratose ou timpanismo espumoso) como metabólicos (acidose metabólica, abcessos hepáticos, laminite, poliencefalomalacia) (OWENS et al., 1998). Estes problemas não apenas podem afetar o consumo de matéria seca e o desempenho produtivo (ganho de peso ou produção de leite), mas também podem conduzir o animal ao coma e óbito.

DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS E SEUS EFEITOS SOBRE A SAÚDE RUMI-NAL

Considerando que no Brasil a maior parte do rebanho de bovinos é mantida basi-camente sob condições de pastejo ao longo da sua vida produtiva, em sistemas de pro-dução na sua maioria extensiva, o animal está exposto às variações quantitativas e quali-tativas da forragem. Isso significa dizer que em épocas críticas onde há limitada oferta de forragem com valor nutritivo reduzido, como na época seca do ano, o suprimento de nutrientes ao rúmen e, portanto, ao animal está aquém dos requisitos nutricionais.

O requisito nutricional da microbiota ruminal não é conhecido, pois depende de vários fatores, tais como tipos microbianos existentes, seu metabolismo e taxa de cres-cimento, assumindo que os outros fatores não são limitantes (pH, anaerobiose, tempera-tura, potencial redox, etc).

(18)

rela-ção simbiótica, na qual as condições que permitem uma parte prosperar favorecem a outra parte na cooperação, pode ser assumido que os requisitos nutricionais mínimos da microbiota ruminal são aqueles que permitem a esta população crescer ativamente no rúmen, de modo a cumprir sua função cooperativa com o animal, proporcionando a ele quantidades adequadas de substratos energéticos, aminoácidos e vitaminas compatíveis a não limitar a vida e saúde do animal. Contudo, como na Zootecnia objetiva-se aperfei-çoar a produtividade dos animais, o que impõe a necessidade de suprir a eles quantida-des de nutrientes acima das suas necessidaquantida-des de mantença, o fornecimento de nutrien-tes para a microbiota ruminal deve ser otimizada.

Neste sentido, limitada oferta de forragem de baixa qualidade deve ser evitada, uma vez que tal condição restringe o suprimento de nutrientes, numa primeira instância à microbiota ruminal, limitando com isso a produção de AGV’s e proteína microbiana que atendam pelo menos os requisitos de mantença, tomado como referência para defi-nir saúde ou ausência de saúde. Portanto, estratégias de manejo do pasto ao longo do ano devem, pelo menos, assegurar oferta de forragem que não limite o consumo volun-tário pelos animais, o que pode necessitar da combinação de vedação do pasto ao ajuste da taxa de lotação. Estratégias de suplementação tornam-se absolutamente necessárias no sentido de corrigir deficiências em energia e compostos nitrogenados associados ao consumo de forragem em quantidade limitada ou de baixo valor nutritivo.

EXCESSO DE CNF E SEUS EFEITOS SOBRE A SAÚDE RUMINAL E DO ANIMAL

O principal desafio imposto sobre o rúmen e suas características fisiológicas está associado ao elevado consumo de CNF (especialmente amido), o que predispõe ao de-senvolvimento de distúrbio nutricional denominado acidose ruminal (subclínica e clíni-ca). Este tipo de problema está associado a condições de produção intensiva em confi-namento, mas também tem sido relatado em animais (vacas de leite) mantidas em pastos de elevada qualidade combinados a níveis elevados de suplementação concentrada e baixos níveis de consumo de fibra fisicamente efetiva (FDNfe) (AVA, 2007).

Embora os transtornos digestivos representem apenas o segundo problema sanitário mais importante que acomete bovinos em confinamento no Brasil (MILLEN, 2009), os nutricionistas de confinamento consideram a acidose ruminal e suas implicações como os principais e de maior impacto no confinamento, em função de

(19)

causarem redução e/ou oscilação no consumo de matéria seca, do desempenho animal e, consequentemente, da rentabilidade.

A acidose ruminal pode ser classificada, de acordo com a sua gravidade, como clínica e subclínica, dependendo da extensão da diminuição do pH ruminal, mas a correta definição e identificação pode ser confusa e arbitrária, considerando que a observação do pH em determinado tempo após a alimentação não é um indicador de quanto tempo foi mantido neste valor. Na literatura, o termo acidose subclínica é usado quando o pH do rúmen é mantido em 5,6 ou menos, enquanto que a acidose clínica é caracterizada quando o pH ruminal é inferior a 5,0 (GONZALEZ et al., 2012).

Mais recentemente, verificou-se grande progresso nestas definições, em que um animal para ser considerado com acidose subclínica é necessário que o pH do rúmen seja mantido igual ou infeior a 5,6 por cerca de 12 horas por dia (GONZALEZ et al., 2012). Entretanto, há variações na definição do tempo em que o pH e do valor limite de pH para se considerar a ocorrência de acidose subclínica.

Além disso, ao contrário do que foi anteriormente mencionado, durante a acidose subclínica, ácido láctico é raramente observado no líquido ruminal ou sua concentração é relativamente baixa (< 10 mMol /L), devido ao maior número de bactérias fermentadoras de lactato, as quais podem usá-lo como fonte de energia. Por outro lado, na acidose clínica, o ácido láctico é acumulado no fluido ruminal, por causa de um aumento da população de S. bovis e Lactobacillus spp., as quais produzem grandes quantidades de ácido láctico, associado com a redução do crescimento de bactérias fermentadores de lactato (NAGARAJA e TITGEMEYER , 2007).

O pH no rúmen em determinado momento do ciclo de alimentação é determinado pela relação entre a produção de ácidos pela microbiota ruminal e a eficiência dos mecanimos de tamponamento desses. A produção de ácidos é dependente da quantidade de carboidratos consumida e da sua taxa e extensão de digestão ruminal, enquanto que o tamponamento desses é mantido pela ação da saliva (neutralização por íons bicarbonato e fosfato) e remoção desses ácidos do rúmen, via absorção pelo epitélio ruminal ou passagem para o trato digestivo inferior.

Enquanto dietas a base de forragem, por serem diferidas lentamente pela microbiota ruminal e ocorrer suficiente produção salivar, estão relacionadas com concentração de AGV’s no rúmen que varia de 70 a 100 mMol/L, dietas contendo elevadas proporções de CNF favorecem ao aumento destes valores para 110 a 140 mMol /L (NAGARAJA e LECHTENBERG, 2007). Com isso fica evidente que dois

(20)

eventos ocorrem simultaneamente: aumento da taxa de produçaõ de ácidos graxos voláteis pela população microbiana que fermenta os CNF, e limitação nos mecanimos de tamponamento (ação salivar, absorçao e passagem pra os compartimentos inferiores). A quantidade de CHO’s consumida, ou seja, que entra no rúmen é dependente do nível de consumo pelo animal, enquanto que a taxa e extensão da digestão desses é função do tipo e fonte de carboidrato, bem como do processamento do grão.

Com base na definição dos carboidratos dietéticos proposta por Mertens (1996), fica evidente que os CF apresentam baixo potencial de reduzir o pH ruminal, diferentemente dos CNF, os quais podem ser fermentados numa elevada extensão no rúmen em curtos períodos de tempo. Portanto, dietas contendo elevada proporção de CNF apresentam risco potencial de causar desequilíbrios no ambiente ruminal, em função da elevada proporção desses, associada à sua rápida e elevada extensão da digestão.

Em condições normais (animais mantidos em pastejo), onde o teor de fibra da dieta é elevado, existe um equilíbrio entre a taxa de produção de AGV e os mecanismos de tamponamento, permitindo que o pH ruminal seja mantido próximo à neutralidade (maior que 6,2). No entanto, quando os animais são submetidos às dietas com elevado teor de amido e menor teor de fibras, especilamente de forma rápida, as quais provocam um aumento drástico na produção de AGV’s e diminuição do fluxo de saliva, ocorre queda do pH ruminal (RUSSELL, 2002).

A ocorrência de acidose ruminal em bovinos de corte em confinamento é mais comum no período de adaptação (primeiros 14-28 dias) às dietas com elevada proporção de concentrado, enquanto em vacas de leite de elevada produção é mais frequente até a 8a semana pós-parto, momento este que coincide com o aumento do consumo de matéria seca e aumento da proporção de concentrado na dieta (ELAM, 1976; HALL, 2002; AVA, 2007;).

Considerando isso, maior atenção deve ser dada a esses períodos, mas não significa dizer que a ocorrência de acidose ruminal não possa ser verificada em outros momentos. Todo e qualquer fator que cause variação no consumo de matéria seca e, mais especificamente, no consumo de CNF, pode favorecer a ocorrência de acidose ruminal em qualquer momento do ciclo produtivo. No Brasil, a maior parte dos animais de corte que entra nos confinamentos é proveniente de sistemas de pastejo exclusivo, onde pouca ou nenhuma estratégia de suplementação é mantida antes do confinamento. Associado a isso, as fazendas de recria, em sua maior parte, não estão muito próximas

(21)

às plantas de confinamento, tornando necessário o transporte desses animais por longo tempo, os submetendo a períodos de restrição alimentar em alguns casos extremamente prolongados. Esse tipo de particularidade associada ao tipo de sistema produtivo prévio predispõe a chegada de animais altamente famintos nos confinamentos, aumentando a chance de elevado consumo de CNF ou à rejeição dos cochos pelos animais.

Diferentemente do que acontece nos confinamentos norte-americanos, no Brasil, os animais permanecem confinados por curto período de tempo (90 a 120 dias em média), tornando necessária uma rápida adaptação dos animais às dietas de terminação, para que elevados consumos sejam mantidos a fim de garantir elevado desempenho diário. Desta forma, períodos de adaptação variando de 14 até 21 dias são comuns, com tendência de redução deste tempo. Cabe aqui definir adaptação como a condição na qual um animal proveniente de uma dieta a base de forragem é mudado para uma dieta de elevada proporção de concentrado (> 65% com base na MS) sem que isso cause qualquer transtorno (acidose) a ele, enquanto causaria transforno a outro animal (COUNOTTE et al., 1981).

Embora as dietas sejam formuladas no período de adaptação e ao longo do confinamento para asseguar adequados níveis de fibra que estimulem a produção de saliva, assim como pela inclusão de aditivos (antibióticos e tamponantes), pelo processamento dos grãos e manejo do trato (número de tratos, horários, tempo de mistura, formação dos lotes) no sentido de prevenir a ocorrência de acisose, a elevada variação entre animais relacionada ao histórico prévio, nível de consumo de MS, seletividade, secreção salivar, tempo de ruminação, tamanho ruminal e superfície papilar, microbiota ruminal e taxa de passagem, torna clara a necessidade de melhor entendimento dos fatores associados ao controle do pH ruminal e susceptibilidade à acidose (KRAUSE e OETZEL, 2006; MARTENS, et al., 2012; NAGARAJA et al., 1998; OETZEL, 2007, SCHWARTZKOPF-GENSWEIN et al., 2003).

Ao mesmo tempo, há bastante interesse por parte de pesquisadores e nutricionais de animais em confinamento entenderem como a introdução gradativa de alimento con-centrado causa alterações na comunidade microbiana ruminal que culminaria com a acidose. É sabido e assumido por uma questão de lógica que a microbiota do rúmen é basicamente função da composição da dieta consumida e, neste sentido, poderia inferir que em animais mantidos em pastejo haveria predominância de grupos fibrolíticos ou a eles associados. Entretanto, em animais consumindo elevada proporção de concentrado (>65% na MS da dieta), haveria elevada proporção de organismos amilolíticos e afins.

(22)

Seja em trabalhos que utilizaram técnicas de cultivo e contagem ou técnicas mole-culares, a mudança expressiva da população microbiana do rúmen tem sido notada, com consequente redução da população de bactérias fibrolíticas e protozoários e concomitan-te aumento na proporção de organismos amilolíticos e fermentadores de glicose, tais como S. bovis e Lactobacillus spp. No caso particular dos protozoários, embora haja até a presenta data uma relação negativa entre essa população de microrganismos ruminais e a eficiência de síntese de proteína microbiana (g de N microbiano/kg CHO’s fermen-táveis no rúmen) ou síntese de proteína microbiana diária (g/dia), sob condições de die-tas contendo elevada proporção de CNF parece que os protozoários exerceriam um efei-to benéfico no ambiente ruminal, uma vez que eles tendem a engolfar amido e isso re-duziria a disponibilidade de amido para as bactérias citadas anteriormente (BROWN et al., 2006; PETRI et al., 2012; KHAFIPOUR et al., 2009).

A acidose ruminal começa com um aumento de consumo de CNF (amido), o que promove o crescimento rápido de bactérias amilolíticas, culminando com o rápido aumento da produção de AGV’s e, consequente redução do pH ruminal (<6,0). A manutenção da elevada ingestão de amido e do pH do rúmen abaixo de 6,0, favorece o rápido crescimento de Streptococcus bovis, uma bactéria gram-positiva anaeróbia facultativa. Sob estas condições, S. bovis muda o seu metabolismo e produz ácido láctico como produto principal da fermentação da glicose, pela utilização da enzima lactato desidrogenase (LDH), reduzindo com isso a produção de acetato e formato (OWENS et al., 1998).

Embora a produção de lactato gere menos ATP por unidade de glicose fermentada em comparação com a produção de acetato ou formato, a produção de ATP por unidade de tempo aumenta com a produção de lactato, o que permite a S. bovis manter elevadíssimas taxas de crescimento (tempo de duplicação de cerca de 12 min). Sob estas condições, S. bovis aumenta o seu número no rúmen de cerca de 104-7 células/g para 1011células/g conteúdo ruminal (NAGARAJA e TITGEMEYER, 2007).

Apesar de a dieta ser o principal fator do meio e o mais importante que afeta a comunidade microbiana ruminal, há evidências de que cada animal tenha uma comuni-dade microbiana particular, mesmo sendo mantido em lotes consumindo a mesma dieta, o que pode estar associado por questões comportamentais, fisiológicas e imunológicas de cada animal (YANEZ-RUIZ et al., 2015). Essa questão merece destaque, pois ajuda explicar a variação na susceptibilidade de animais à acidose ruminal consumindo dietas formuladas para prevenir esse tipo de problema.

(23)

É importante destacar que as alterações na microbiota ruminal decorrentes do elevado consumo de CNF e baixo teor de FDNfe associadas ao pH do rúmen inferior a 5,8 podem promover a liberação de lipolissacarídeos (LPS) da camada lípida externa das bactérias gram-negativas bem como a produção de exopolissacarídeos pelo excesso de CHO’s fermentáveis no rúmen, os quais estão relacionados com a ocorrência de resposta inflamatória aguda (e laminite) e timpanismo espumoso, respectivamente (GOZHO et al., 2007; PLAIZIER et al., 2014).

Considerando a elevada importância da alteração da microbiota ruminal em função do aumento do consumo de CNF e sua relação com acidose ruminal e distúrbios associados, há necessidade de mais estudos para entender quais populações de microrganismos no rúmen deveriam ser controladas e quais tem potencial de serem aumentadas para prevenir a ocorrência de tal distúrbio.

Conforme já mencionado, a produção de AGV’s no rúmen é aumentada por incrementos na inclusão de amido em dietas (> 100 mM) (BEAUCHEMIN, 2007), porque o amido é degradado no rúmen de forma rápida e numa extensão elevada quando comparado com a celulose, que é apenas parcialmente degradada e de forma lenta pela microbiota ruminal. Além disso, as dietas com elevadas concentrações de amido promovem alterações nas proporções dos AGV’s, com redução do acetato e aumento de propionato e/ou butirato.

Diversos fatores podem estar relacionados com a ocorrência de acidose ruminal em bovinos de corte, incluindo as estratégias adaptação dos animais, a inclusão de grãos, o tipo e dose do aditivo usado (ionóforos, leveduras, óleos essenciais), manejo alimentar, processamento de grãos, etc. Estes fatores alteram rapidamente as populações microbianas no rúmen de bovinos oriundos de pasto, os quais representam a maior parte do gado confinado no Brasil. Entre esses fatores que determinam a acidose ruminal subclínica, aqueles associados com a composição da dieta e com o manejo alimentar são os mais importantes (GONZÁLEZ et al., 2012).

De acordo com o acima mencionado, a acidose ruminal subclínica é mais problemática do que a acidose clínica, pois pode causar flutuações do consumo de matéria seca (CMS) e, com isso, afetar negativamente o desempenho dos animais. Algumas teorias têm sido usadas para explicar a diminuição do consumo em animais acometidos pela acidose subclínica, incluindo o pH mais baixo do líquido ruminal, o acúmulo de ácidos orgânicos no rúmen, o aumento da osmolalidade do fluido do rúmen, a depressão da digestão ruminal da fibra, as respostas inflamatórias do epitélio do

(24)

rúmen e menor motilidade ruminal (GONZÁLEZ et al., 2012).

A quedo do pH ruminal com o aumento do consumo de CNF, especialmente amido, indica ao mesmo tempo um aumento na taxa e extensão da digestão deste tipo de CHO, bem como limitações dos mecanismos de tamponamento dos AGV’s. Sobre a contribuição dos mecanismos tamponantes da saliva (bicarbonato e fosfato) fica evidente sua participação em dietas contendo mínimos teores de FDNfe (14% MS), os quais contribuem provavelmente com no máximo 30% do tamponamentos dos íons H+ liberados no rúmen (BEAUCHEMIN, 2007).

Desta forma, entender os fatores que governam os mecanismos de absorção dos AGV’s é um processo vital com vistas a reduzir a ocorrência de acidose ruminal em bovinos confinados. Durante várias décadas a capacidade do epitélio ruminal em retirar ácidos (ânions e íons H+) era basicamente associada à superfície papilar ruminal, determinada essencialmente pelo número e tamanho das papilas ruminais. Sem dúvida alguma, quanto maior o número e o tamanho das papilas espera-se maior capacidade do epitélio ruminal de retirar AGV’s do rúmen. Entretanto, na última década especialmente uma série de estudos foi realizada in vivo e com epitélio ruminal isolado do animal, nos quais foi possível inferir que mais importante do que a área superficial do epitélio ruminal seria a resposta funcional do epitélio ruminal ao aumento da concentração de AGV’s (ASCHENBACH et al., 2011; MARTENS et al., 2012; PENNER et al., 2007; PENNER et al., 2009; PENNER et al., 2011).

Se a ingestão de amido continua a aumentar rapidamente, mais ácido láctico será produzido por S. bovis, o que predispõe a uma redução ainda mais drástica do pH do rúmen, podendo alcançar valores abaixo de 5,0. Sob estas condições, o crescimento de bactérias fermentadores de lactato é diminuída, o que resulta no acúmulo de ácido láctico no líquido ruminal provocando com isso, uma queda mais acentuada do pH do rúmen. Quando o pH ruminal está abaixo de 5,0, o crescimento de S. bovis é reduzido, enquanto o Lactobacillus spp. aumenta seu número rapidamente, o que provoca um aumento dramático na produção e acúmulo de ácido láctico no rúmen, caracterizando desta forma, a acidose ruminal clínica (NAGARAJA e TITGEMEYER, 2007).

No rúmen, algumas bactérias são capazes de utilizar o lactato, sendo as mais conhecidas: Megasphaera elsdenii, Selenomonas ruminantium ssp. lactilytica,

Anaerovibrio lipolytica, Fusobacterium necrophorum, Peptostreptococcus

asaccharolyticus, Propionibacterium acnes e Veillonella parvula. No entanto, as bactérias mais ativas no rúmen de animais alimentados com dietas ricas em grãos são

(25)

Megasphaera elsdenii e Selenomonas ruminantium (NAGARAJA e TITGEMEYER, 2007). Além disso, considerando que Megasphaera elsdenii é capaz de fermentar em torno de 60 a 80% do DL lactato no rúmen e tolera mais o pH ácido que a S. ruminantium, esta bactéria parece ser o organismo mais importante que fermenta o ácido láctico no rúmen e, portanto, desempenha papel central na prevenção do acúmulo de ácido láctico nos animais adaptados a dietas ricas em grãos. Assim, a adequação do rúmen para as dietas ricas em grãos deve ter como alvo um aumento das populações de bactérias capazes de utilizar o ácido láctico (HUBER et al., 1976).

Embora a resposta inflamatória pareça estar relacionada com o efeito da absorção de LPS em animais com acidose ruminal, os grupos microbianos liberadores de LPS e o local de absorção das mesmas ainda não estão completamente entendidos. Embora a produção de LPS seja comumente associada à população de bactérias gram-negativas normalmente verificadas no rúmen, parece que o aumento de E. coli no rúmen ou intestinos seria a explicação mais provável para o aumento de LPS na circulação periférica. É importante lembrar que a LPS de E. coli é muito mais potente em causar uma resposta inflamatória do que as provenientes das bactérias comumente observadas no rúmen. Igualmente importante, embora seja assumido que o a absorção de LPS ocorra no ambiente ruminal, parece que esse epitélio representa uma forta barreira para esse evento, o que permite inferir que provavelmente a absorção de LPS ocorra nos intestinos (GRESSLEY et al., 2011; PHAFIPOUR et al., 2011).

A continuada exposição do epitélio ruminal a baixo pH ruminal agravado pelo acúmulo de lactato, pode promover lesões no mesmo conhecidas como ruminite, as quais favorecem a entrada de bactérias ruminais na circulação, evento esse associado a ocorrência de absessos hepáticos em bovinos confinados. Ao mesmo tempo, a redução do pH sistêmico decorrente da acidose ruminal, a absorção de lipolissacarídeos (LPS, toxinas) bacterianas e de aminas ativas (histaminas) tem sido relacionadas à ocorrência de laminite e resposta inflamatória aguda, condição este que causa perdas severas de produtividade dos animais. Como resposta ao aumento da acidez no rúmen, pode ocorrer excesso de queratinização do seu epitélio como mecanismo de proteção, o que tem sido associado à redução da absorção de AGV’s no rúmen e agravamento do quadro de acidose (HINDERS e OWEN, 1965).

(26)

A manutenção das condições fisiológicas no ambiente ruminal, consideradas neste texto como referência de saúde, é de importância fundamental no sentido de ga-rantir a saúde e permitir adequado desempenho produtivo dos animais. As condições proporcionadas nos sistemas de criação que desafiam essas características geram dese-quilíbrio no ambiente ruminal, o que pode ter efeitos severos sobre os animais. As defi-ciências nutricionais (energia e N) representam, no Brasil, a principal condição na qual as características fisiológicas do rúmen são desafiadas e devem ser entendidas como meta prioritária. Adiante, nos sistemas intensivos de produção onde são usadas dietas contendo elevada proporção de CNF e baixo teor de FDNfe, associadas a práticas de manejo deficitárias, predispõem a ocorrência de acidose ruminal e suas consequências. Há necessidade de um melhor entendimento da relação ou efeito das mudanças promo-vidas por esses tipos de dietas sobre a microbiota ruminal e sua ação no rúmen, bem como sobre o funcionamento do epitélio ruminal, incluindo processos funcionais, tais como a expressão de genes (transportadores de AGV’s), ao invés apenas da abordagem morfológica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASCHENBACH, J. R.; PENNER, G. B.; STUMPFF, F.; GABEL, G. Role of fermenta-tion acid absorpfermenta-tion in the regulafermenta-tion of ruminal pH. Journal of Animal Science, Champaign, v. 89, p. 1092–1107, 2011.

AVA - Australian Veterinary Association. Ruminal acidosis - understandings,

pre-vention and treatment. A review for veterinarians and nutritional professionals.

Reference Advisory Group on Fermentative Acidosis of Ruminants - RAGFAR, 2007. 56 p.

BEAUCHEMIN, K. A. Ruminal acidosis in dairy cows: balancing physically effective fiber with starch availability. In: FLORIDA RUMINANT NUTRITION SYMPOSIUM, 2007, Gainesville, FL. Proceedings… Gainesville: 2007. p. 16-27.

BROWN, M. S.; PONCE, C. H.; PULIKANI, R. Adaptation of beef cattle to high con-centrate diets: Performance and ruminal metabolism. Journal of Animal Science, Champaign, v. 84 (E. Suppl.), p. 25-33, 2006.

COUNOTTE, G. H. M.; PRINS, R. A. Regulation of lactate metabolism in the rumen.

(27)

ELAM, C. J. Acidosis in feedlot cattle: practical observations. Journal of Animal

Sci-ence, Champaign, v. 43, n. 4, p. 898-901, 1976.

ERDMAN, R. A. Dietary buffering requirements of the lactating dairy cow: a review.

Journal of Dairy Science, New York, v. 71, p. 3246-3266, 1988.

GOAD, D. W.; GOAD, C. L.; NAGARAJA, T. G. Ruminal microbial and fermentative changes associated with experimentally induced subacute acidosis in steers. Journal of

Animal Science, Champaign, v. 76, p. 234-241, 1998.

GOZHO, G. N.; KRAUSE, D. O.; PLAIZIER, J. C. Ruminal lipopolysaccharide con-centration and inflammatory response during grain-induced subacute ruminal acidosis in dairy cows. Journal of Dairy Science, New York, v. 90, n. 2, p. 856-866, 2007.

GONZÁLEZ, L.A., MANTECA, X.; CALSAMIGLIA, S., SCHWARTZKOPF-GENSWEIN, K.S.; FERRET, A. Ruminal acidosis in feedlot cattle: Interplay between feed ingredients, rumen function and feeding behavior (a review). Animal Feed Science and Technology, 172:66– 79, 2012.

GRESSLEY, T. F.; HALL, M. B.; ARMENTANO, L. E. Productivity, digestion, and health responses to hindgut acidosis in ruminants. Journal of Animal Science, Cham-paign, v. 89, p. 1120–1130, 2011.

HALL, M. B. Rumen acidosis: carbohydrate feeding considerations. In: Proc. 12th Int. Symp. on Lameness in Ruminants. JK Shearer, ed. Orlando, FL. 2002. p. 51-61.

HUNGATE, R.E. The rumen and its microbes. Academic Press. New York. 1966. HINDERS, R. G.; OWEN, F. G. Relation of ruminal parakeratosis development to vola-tile fatty acid absorption. Journal of dairy science, v. 48, n. 8, p. 1069-1073, 1965. HUBER, T. L. Physiological effects of acidosis on feedlot cattle. Journal of Animal

Science, Champaign, v. 43, n. 4, p. 902–909, 2011.

KHAFIPOUR, E.; LI, S., PLAIZIER, J.C., KRAUSE, D.O. Rumen microbiome compo-sition determined using two nutritional models of subacute ruminal acidosis. Applied Environment Microbiology. V.75, p.7115-7124, 2009.

KHAFIPOUR, E.; PLAIZIER, J. C.; AIKMAN, P. C.; KRAUSE, D. O. Population structure of rumen Escherichia coli associated with subacute ruminal acidosis (SARA) in dairy cattle. Journal of Dairy Science, New York, v. 94, n. 1, p. 351-360, 2011.

(28)

KRAUSE, K. M.; OETZEL, G. R. Understanding and preventing subacute ruminal aci-dosis in dairy herds: A review. Animal Feed Science and Technology, Amsterdam, v. 126, p. 215-236, 2006.

KRAUSE, D.O., RUSSELL, J.B. How many ruminal bacteria are there? Journal of Dairy Science. 79: 1467-1475, 1996.

MARTENS, H.; RABBANI, I.; SHEN, Z.; STUMPFF, F.; DEINER, C. Changes in rumen absorption processes during transition. Animal Feed Science and Technology, Amsterdam, v. 172, p. 95-102, 2012.

MERTENS, D.R. Using Fiber and Carbohydrate Analyses to Formulate Dairy rations. In: INFORMATIONAL CONFERENCE WITH DAIRY AND FORAGES INDUS-TRIES, 1996, USA, Proceedings...Wisconsin, 1996.

NAGARAJA, T. G.; GALYEAN, M. L.; COLE, N. A. Nutrition and disease. Feedlot

Medicine, v. 14, n. 2, p. 257-277, 1998 Veterinary Clinics of North America: Food

An-imal Practice

NAGARAJA, T. G.; LECHTENBERG, K. F. Acidosis in feedlot cattle. Veterinary

Clinics Food Animal Practice, CIDADE, v. 23, p. 333-350, 2007.

NAGARAJA, T.G; TITGEMEYER, E.C. Ruminal acidosis in beef cattle: the current microbiological and nutritional outlook. Journal of Dairy Science. 90, p.17-38. 2007.

OBA, M.; WERTZ-LUTZ, A. E. Acidosis: new insights into the persistent problem.

Journal of Animal Science, Champaign, v. 89, p. 1090-1091, 2011.

OETZEL, G. R. Subacute ruminal acidosis in dairy herds: physiology, pathophysiology, milk fat responses, and nutritional management. In: AMERICAN ASSOCIATION OF BOVINE PRACTITIONERS - 40th ANNUAL CONFERENCE, 2007, Vancouver, BC.

Proceedings… Vancouver: EDITORA, 2007. p. 89-119.

OWENS, F.N., GOESTSCH, A.L. Ruminal fermentation. In: CHURCH, D.C. (Ed.). The ruminant animal digestive physiology and nutrition. 1993. p.145-171.

OWENS, F.N., SECRIST, D.S., HILL, W.J., GILL, D.R. Acidosis in cattle: a review. Journal of Animal Science. V. 76, p.275-286, 1998.

(29)

PENNER, G. B.; STEELE, M. A.; ASCHENBACH, J. R.; MCBRIDE, B. W. Molecu-lar adaptation of ruminal epithelia to highly fermentable diets. Journal of Animal

Sci-ence, Champaign, v. 89, p. 1108–1119, 2011.

PENNER, G. B.; TANIGUCHI, M.; GUAN, L. L.; BEAUCHEMIN, K. A.; OBA, M. Effect of dietary forage to concentrate ratio on volatile fatty acid absorption and the expression of genes related to volatile fatty acid absorption and metabolism in ruminal tissue. Journal of Dairy Science, New York, v. 92, n. 6, p. 2767-2781, 2009.

PENNER, G. B.; BEAUCHEMIN, K. A.; MUTSVANGWA, T. Severity of ruminal acidosis in primiparous holstein cows during the periparturient period. Journal of

Dairy Science, New York, v. 90, n. 1, p. 365-375, 2007.

PETRI, R.M., FORSTER, R.J., YANG, W., MCKINNON, J.J., MCALLISTER, T.A. Characterization of rumen bacterial diversity and fermentation parameters in concen-trate fed cattle with and without forage. Journal Applied Microbiology. V.112, p.1152-1162, 2012.

PLAIZIER, J. C.; LI, S.; LE SCIELLOUR, M.; SCHURMANN, B. L.; GÓRKA, P.; PENNER, G. B. Effects of duration of moderate increases in grain feeding on endotox-ins in the digestive tract and acute phase proteendotox-ins in peripheral blood of yearling calves.

Journal of Dairy Science, New York, v. 97, n. 11, p. 7076-7084, 2014.

RODE, L. M. Maintaining a healthy rumen - an overview. Advances in Dairy

Tech-nology, Lethbridge, v. 12, p. 101-108, 2000.

RUSSELL, J.B. Rumen microbiology and its role in ruminant nutrition. New York, 2002, 139.

SCHWARTZKOPF-GENSWEIN, K.S., BEAUCHEMIN, K.A., GIBB, D.G., CREWS, D.H., Jr. D. D. HICKMAN, STREETER, M., MCALLISTER, T.A. Effect of bunk management on feeding behavior, ruminal acidosis and performance of feedlot cattle: A review. Journal of Animal Science. 81, 2003.

USDA – United States Department of Agriculture. Livestock and poultry: world

mar-kets and trade. Disponível em:

<http://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/livestock_poultry.pdf>, Acesso em: 31 jul 2016.

(30)

VAN VUUREN, A. M.; CALSAMIGLIA, S.; UDÉN, P. Rumen health - a 360º analy-sis. Animal Feed Science and Technology, Amsterdam, v. 172, p. 1-3, 2012.

YANEZ-RUIZ, D.R., ABECIA, L., NEWBOLD, C. Manipulating rumen microbiome and fermentation through interventions during early life: a review. Frontiers in Microbi-ology. V.5, p.1-12, 2015.

(31)

USO DE GORDURA PROTEGIDA EM BOVINOS DE CORTE

Rodrigo Dias Lauritano Pacheco1, Bradley J. Johnson2, Gustavo Resende

Siquei-ra3, Rafael da Costa Cervieri4, João Carlos Fontanari Carvalho4, Marcos Renato

Burim5, João Paulo Sigolo Teixeira Bastos6

1Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural-EMPAER-Várzea

Grande, MT; 2Department of Animal and Food Sciences, Texas Tech University,

Lub-bock 79409; 3APTA Regional - Alta Mogiana, Colina, SP; 4Nutribeef Consultoria, Bo-tucatu, SP; 5Nutricorp, Araras, SP; 6JBS, São Paulo, SP

INTRODUÇÃO

A utilização de gordura protegida (GP; também conhecida por sabões de cálcio ou sais de cálcio de ácidos graxos) na alimentação de bovinos não é recente. Desde a déca-da de 90, a literatura é robusta acerca de estudos conduzidos com o enfoque sobre o aumento dos índices produtivos e reprodutivos de vacas leiteiras e, mais recentemente, cresceu o interesse sobre a investigação do efeito da GP na melhoria dos índices repro-dutivos em vacas zebuínas de corte, em especial, quando se adotam protocolos de inse-minação artificial em tempo fixo (Lopes et al., 2011).

Contudo, quando comparado aos estudos de reprodução, existem relativamente poucos experimentos que avaliam os efeitos da GP sobre o desempenho e características de carcaça. Ainda, a grande maioria destas pesquisas não representam o sistema de en-gorda intensiva no Brasil por se tratarem de estudos internacionais ou não replicaram as dietas mais recentemente recomendadas pelos nutricionistas de confinamentos brasilei-ros. Dessa forma, cria-se o viés ao avaliarmos os dados de literatura com potencial desta tecnologia em aumentar o peso e terminação de carcaça nas situações nacionais de en-gorda intensiva comercial.

Neste sentido, Millen e Pinto (2016) reportaram que 10,3% dos nutricionistas de confinamentos brasileiros recomendam o uso de GP para o adensamento energético das dietas de terminação. Ao investigar o perfil dos confinamentos que utilizam essa tecno-logia, nota-se que pertencem a grandes grupos de pecuaristas e frigoríficos, os quais preconizam alto grau de controle da gestão financeira, bem como o de manejo nutricio-nal. Complementarmente, são observados aspectos práticos do uso da GP em confina-mentos comerciais que não são possíveis de serem reproduzidos em situações

(32)

experi-mentais ou que possuem exigências específicas de mercados consumidores, dentre os quais, podem ser citados:

1- Logística: uma carreta de GP corresponde em média a 5 carretas de caroço de algo-dão.

2- Diferentemente dos países confinadores mais tradicionais, nos quais são adotadas suplementações líquidas, no Brasil a grande maioria dos confinamentos comerciais não possuem estruturas para a mistura de ingredientes líquidos como óleos. O fato da GP possuir ao redor de 85% de extrato etéreo e estar na forma sólida facilita a inclusão em qualquer tipo de misturador.

3- Em termos de formulação, para se atingir o mesmo nível de extrato etéreo, 100 g de GP correspondem a 425 g de caroço de algodão. Essa relação de 4,25 permite gran-de flexibilidagran-de na formulação, abrindo espaço para mais fibra ou carboidratos não fibrosos, dependendo da situação. A segunda opção permite o maior adensamento energético da dieta, sendo este não apenas restrito ao maior aporte de gordura. 4- Apesar de não ser comprovado cientificamente que o caroço de algodão possa

inter-ferir no sabor da carne, este insumo foi banido de rações dos programas de carne de alta qualidade. Assim, a GP por ser oriunda de fontes consideradas seguras de áci-dos graxos como o óleo de soja e palma, tornou-se alternativa bastante adotada nes-tes sistemas específicos de recria e terminação, onde são exigidos animais acima da classificação uniforme de gordura subcutânea e graus leves e/ou moderados de marmoreio.

Adicionalmente, a partir do avanço das técnicas de culturas celulares e de expres-são gênica, foram abertos novos horizontes para a exploração do potencial de ácidos graxos específicos sobre os tecidos musculares e adiposos, em especial por suas ações sobre as células satélites ou pela possível diferenciação e proliferação dos adipócitos. Sendo a biohidrogenação ruminal dos ácidos graxos insaturados o maior problema co-nhecido para o ajuste fino da exploração dos efeitos de determinados ácidos graxos na dieta de ruminantes, a GP representa uma alternativa técnica para se aproximar dessa meta.

Portanto, o objetivo deste trabalho é levantar a discussão para o potencial do novo conceito de aplicação desta tecnologia, já adotado por grandes confinamentos brasilei-ros, bem como demonstrar os resultados prévios das primeiras pesquisas realizadas que visam a comprovação científica dos resultados observados a campo. Assim, uma breve

(33)

revisão sobre o desenvolvimento dos tecido adiposo em gado de corte e expressão gêni-ca é necessária para a melhor fundamentação do conceito.

DESENVOLVIMENTO DO TECIDO ADIPOSO EM GADO DE CORTE

Desenvolvimento tecidual. O desenvolvimento dos depósitos de gordura foi pri-meiramente caracterizado pelos pesquisadores Moulton (1920) e Hammond (1932) usando carne bovina como modelo, e posteriormente por MacMeekan et al. (1940), os quais usaram suínos, para averiguar o desenvolvimento do esqueleto, músculo e gordu-ra. Os ossos se desenvolvem primeiramente, seguido dos músculos e por último, o teci-do adiposo. Este princípio também foi embasateci-do por Berg e Butterfield (1968), usanteci-do gado de corte. A Figura 1 ilustra o crescimento normal das curvas de crescimento teci-duais e demonstra o porque o osso é o primeiro tecido que se desenvolve, músculo o intermediário e por último gordura. Berg e Butterfield (1968) descreveram que um teci-do que se desenvolve primeiro, representa a maior porção da carcaça ao nascimento, quando comparado a fases mais tardias da vida (ossos). Complementarmente, gordura é o tecido mais tardio a ser desenvolvido, mas nas fases mais avançadas da vida, represen-ta a maior proporção da carcaça.

DESENVOLVIMENTO DO TECIDO ADIPOSO INTRAMUSCULAR EM GA-DO DE CORTE

O melhor entendimento sobre o desenvolvimento da gordura intramuscular se tor-na importante porque esta é altamente relaciotor-nada com a qualidade da carne e mais re-centemente, é considerado ótimo modelo para o estudo dos efeitos nutricionais sobre os tecidos adiposos.

Dessa forma, a composição química de uma carcaça é afetada por vários fatores, incluindo o sexo, genética, peso corporal (PC), plano de nutrição e idade. A engorda ocorre como parte normal do crescimento enquanto o animal se aproxima ao peso de abate. A ordem de deposição de tecido adiposo é intermuscular, subcutâneo e intramus-cular (Andrews, 1958). O tecido adiposo intramusintramus-cular, também conhecido como inter-fascicular ou marmoreio contribui menos para o total de gordura da carcaça e pode ser distinguido de outros depósitos de gordura pela sua localização entre o perimísio, o qual contorna as paredes das fibras musculares (Moody and Cassens, 1968).

Vários pesquisadores têm observado que o conteúdo de gordura intramuscular aumenta com mais dias de alimentação (Dolezal et al., 1982; Miller et al., 1987;

(34)

Schro-eder, 1990; Duckett et al., 1993; Alderson, 1994; Bruns et al., 2005), mas atinge o platô a medida que o tempo passa (Moody et al., 1970; Butts et al., 1980; Greene et al., 1989; May et al., 1992; Van Koevering et al., 1995). Entretanto, a pesquisa conduzida por Bruns et al. (2005) reportou que a taxa de crescimento do tecido adiposo intramuscular decresce mais que a taxa fracional de crescimento para a gordura e proteína da carcaça, o que pode indicar que o tecido adiposo intramuscular não é estritamente um depósito de desenvolvimento tardio, mas tem o potencial de se desenvolver no começo do perío-do de alimentação.

O tecido adiposo é um tecido conectivo que deriva da mesoderme do embrião em desenvolvimento. Essas células mesenquimais dão origem à forma de célula de gordura primária chamada de adipoblasto. A partir do fato de que o tecido adiposo é responsável pelo estoque de energia no corpo, durante o começo de deposição deste, existe o aumen-to da vascularização do tecido conectivo que pode estar associado ao desenvolvimenaumen-to de uma rede de capilares bastante extensa.

Após a vascularização, vários adipoblastos formam lóbulo fechado numa bainha de fibras de colágeno. Os adipoblastos irão continuar a se proliferarem até que uma va-riedade de células mandem sinais para cessarem a multiplicação. Nesta altura, os adi-poblastos podem se diferenciarem a pré-adipócitos. Otto e Lane (2005) descreveram como as células da mesoderme formam conglomerado de pré-adipócitos/adipofibroblastos em modelo de cultura de células. A medida que as gotícu-las de lipídeos se formam no pré-adipócito, eles se juntam para formar um grande gló-bulo, o qual é caracterizado como um adipócito maduro. Adipócitos maduros são as células predominantes no tecido adiposo.

O aumento de tamanho do tecido adiposo no animal pode ocorrer por hiperplasia (aumento do número de células) ou hipertrofia (aumento do tamanho das células pelo acúmulo de lipídeos). A medida que o animal cresce e gordura é depositada, uma popu-lação de células acumulam lipídeos e aumentam em volume e diâmetro. Células adicio-nais podem ser recrutadas para a deposição de tecido adiposo a fim de reparar o cresci-mento tecidual (Singh et al., 2007). Hood (1982) propuseram que o aucresci-mento do número de adipócitos pode estar relacionado com o preenchimento dos pré-adipósitos com lipí-deos, se tornando o suficientemente grande para contar com a diferenciação real ou pela proliferação dos adipócitos recém estimulados. Fernyhough et al. (2005) demons-traram que culturas de células de adipócitos maduros, com consideráveis volumes de lipídeos, ainda podem se proliferar.

Referências

Documentos relacionados

Desta forma, alguns autores na tentativa de auxiliar nesta modificação dos conteúdos propõem uma ideia de planejamento participativo, que segundo Melo e

Finalizando, destaca-se que a relação entre a busca por poder e prestígio e o comportamento de compra compulsiva não foi validada estatisticamente neste estudo, não sendo

Diet variety seems to decrease with age in childhood; these findings enhance the need of implementing effective strategies to increase the con- sumption of a variety of healthy

São considerados custos e despesas ambientais, o valor dos insumos, mão- de-obra, amortização de equipamentos e instalações necessários ao processo de preservação, proteção

Além disso, a experimentação possibilitou que os discentes tivessem uma visão diferenciada sobre a disciplina, sendo um diferencial na formação profissional do discentes (Quadro

Relatório de Estágio apresentado à disciplina Estágio Supervisionado Obrigatório do curso de Teologia da Faculdade do Maciço de Baturité, como requisito

Os principais efeitos dos taninos descritos são aumento da eficiência de síntese de proteína microbiana pela diminuição da digestão ruminal da pro- teína devido à formação

Adicionalmente, foram analisadas as Guias de Trânsito Animal (GTA), que permi- tiram identificar a movimentação do rebanho bovino em Mato Grosso. A maior parte dos