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CONFINAMENTO DE MACHOS LEITEIROS Diego Piovezan da Silva, Zootecnista, Cultivar Assessoria Agrícola e Pecuária

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA 2011), no Brasil a cadeia produtiva do leite é considerada uma das mais importantes, sendo o Produto Interno Bruto (PIB) relacionado a este setor entorno de 34,5 bilhões de reais e segundo o International Farm Comparison Network (IFCN 2012), o Brasil é o quinto maior produtor mundial de leite. Segundo a Embrapa Gado de Leite (2009), 40% do emprego gerado no meio rural então relacionado a esta cadeia, ou seja, 3,6 milhões de pessoas.

Segundo o Salgueiro (2014), sobre as Perspectivas da Cadeia Produtiva do Leite no Brasil e no Mundo, a cadeia leiteira no Brasil avançou muito nos últimos anos, mas ainda será preciso novos avanços para o país se tornar um grande exportador de leite. O país saiu de uma produção de 7,3 bilhões de litros de leite na década de 70 para atuais 35 bilhões de litros. A expectativa é de que o país assuma este ano a terceira colocação em produção mundial de leite. O rebanho brasileiro de bovinos (corte e leite) em 2011 atingiu 212,8 milhões de cabeças, sendo 10% deste efetivo de vacas ordenhadas com uma taxa de crescimento anual em torno de 4%, superior à de todos os demais países produtores (IBGE 2012).

Na pecuária leiteira brasileira o bezerro leiteiro não é aproveitado de forma efici- ente, na grande maioria das propriedades esses machos são descartados ou sacrificados após o nascimento. Essa situação de descartar os machos leiteiros recém-nascidos con- trasta com a realidade mundial que busca nesses animais uma saída para produção de carne de qualidade (OVA, 2003). Segundo a Embrapa em 2012, no Brasil, foram orde- nhadas 23,5 milhões de vacas, considerando uma taxa de nascimento para machos de 50%, com o uso de sêmen convencional, e uma taxa de mortalidade de 15 %, estando disponível por ano cerca de 10 milhões de bezerro de origem leiteira para a produção de carne. Estas quantidades de animais disponíveis para a produção de carne, levando em consideração o peso mínimo de abate exigido pelos frigoríficos de 250 kg de carcaça, resultam em aproximadamente 160 milhões de arrobas que contribuiriam significativa- mente e positivamente no mercado consumidor. De ante ao cenário atual, onde o preço da reposição está elevado, a demanda aumentando cada vez mais assim como as expor-

tações, o aproveitamento do macho leiteiro ganha lugar de importância na cadeia produ- tiva de carne além de ser um fonte de renda secundária para os produtores de leite.

De acordo com o levantamento feito por Silva et al. (2013), em relação ao destino dado para os machos leiteiros, 61% desses animais são doados, 3% são vendidos, e ape- nas 8 % são destinados diretamente para engorda e frigoríficos posteriormente. Dessa maneira o público que devemos tentar atingir são, os produtores que recriam estes ani- mais e vendem, assim como os que engordam os mesmo tendo como destinos os frigorí- ficos, a importância é levar ao produtor o pensamento de que esses animais podem ser utilizados para a produção de carne.

ESTUDOS DE CASO:

Estudo 01: (CMA e Prime Nutri, 2016) Metas de acordo com os grupos raciais. O experimento contou com 300 animais, diferenciando em três grupos raciais, sendo 100 animais Nelores, 100 Anelorados, e 100 animais Mestiços.

É preciso entender primeiramente diferenciar os machos leiteiros entre os grupos raciais, não significa que macho Cruzado é Macho Leiteiro, o macho leiteiro possui pai ou mãe de origem leiteira, e os Anelorados são resultado do cruzamento de animais lei- teiros com animais de origem Zebuina. Neste estudo, é possível mostrar a eficiência dos diferentes grupos raciais comparados com os animais da raça Nelore, sendo os animais Anelorados 10,75%, e os Mestiços 9,6% menos eficientes que os animais Nelore, com isso, pode-se chegar a conclusão do preço o qual deve-se pagar por animais desses dife- rentes grupos raciais. Os animais Anelorados foram os menos eficientes quando compa- rados com animais da Raça Nelore. A maioria dos confinamentos no Brasil é a céu aber- to, interferindo no desempenho de animais que são sensíveis a este fator. Os animais Anelorados não são tão afetados quanto os Mestiços, e isso não influenciarão sobre o consumo, porém ganham menos peso, e acabam sendo menos eficientes. Os Mestiços apresentam problemas com conforto térmico, dessa maneira comem menos, e também ganham menos peso, assim, acabam sendo mais eficientes no sistema do que os animais Anelorados. Na análise de rentabilidade os animais Mestiços apresentam menor retorno lucrativo ao produtor, isso pode ser explicado pelo fato de serem prejudicados pelo es- tresse térmico, apesar de comerem menos, ganham menos peso, e quando se fala de rentabilidade eles são piores. Os animais Anelorados apesar não ganharem muito peso, ou seja, terem uma pior conversão é mais lucrativo neste experimento.

Estudo 02 - O experimento foi composto por 867 machos Nelore e 1.557 machos

Mestiço. Nos confinamentos atuais a separação por grupo racias é feita desta forma, sendo assim, para este experimento não pode-se dizer que estes machos mestiços são de origem leiteira. Nos resultados os animais Mestiços precisaram de mais dias de cocho em relação aos animais Nelores, porém o custo de aquisição dos animais Nelores foi mais alto do que os animais Mestiços, assim no final do experimento os Animais Mesti- ços foram mais lucrativos do que os animais Nelores pois o custo de aquisição deste foi em torno de 10% menor. O sucesso para confinar animais de origem leiteira esta na compra dos mesmos.

Na pecuária leiteira as vacas estão parindo ao longo do ano todo, e assim o pro- blema com frequência de oferta de matéria prima é amenizado. No entanto o maior custo de produção de carne via aproveitamento de machos de origem leiteira com base em dietas de grãos apresenta-se como um fator limitante para sua expansão e consolida- ção como tecnologia de aplicação prática imediata. Desta forma há que se avaliar, além dos aspectos ambientais, os aspectos bioeconômicos para a produção de carne a partir de machos de origem leiteira.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMBRAPA GADO DE LEITE. Importância econômica. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Leite/LeiteSudeste/importa ncia. html>. Acesso em: 10 de julho de 2016.

CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Desenvolvimento me- todológico e cálculo do PIB das cadeias produtivas do algodão, cana-de-açúcar, soja pecuária de corte e leite no Brasil. Piracicaba, São Paulo, Brasil. Fevereiro de 2011. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Produção da Pecuária Municipal 2011. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, volume 39. Rio de Janeiro/RJ, 2012.

IFCN - International Farm Comparison Network. A summary of results from the IFCN Dairy Report 2012. 6 p. 2012. Disponível em: <http://www.ifcndairy.org/media/bilder/inhalt/News/DR2012/IFCN-Dairy-Report- 2012- pressrelease-corrected.pdf>. Acesso em: 05 de Agosto 2016.

SALGUEIRO, R. Brasil deve subir no ranking mundial de produção de leite em 2014.

2014. Disponível em:

<http://www.girolando.com.br/index.php?paginasSite/noticia,37,2033>. Acesso em: 09 Julho. 2016.

QUALIDADE E COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS PARA O DE-