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Evolução e impactos dos investimentos em infraestrutura no Brasil no período entre 2000 e 2015 : uma análise de insumo-produto

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Academic year: 2021

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ANDRÉ CORREIA BUENO

Evolução e impactos dos investimentos em infraestrutura

no Brasil no período entre 2000 e 2015: uma análise de

Insumo-Produto

Campinas

2019

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ANDRÉ CORREIA BUENO

Evolução e impactos dos investimentos em infraestrutura

no Brasil no período entre 2000 e 2015: uma análise de

Insumo-Produto

Prof. Dr. Fernando Sarti – orientador

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre em Ciências Econômicas.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO ANDRÉ CORREIA BUENO, ORIENTADA PELO PROF. DR. FERNANDO SARTI.

Campinas

2019

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Mirian Clavico Alves - CRB 8/8708

Bueno, André Correia, 1994-

B862e Evolução e impactos dos investimentos em infraestrutura no Brasil no período entre 2000 e 2015 : uma análise de insumo-produt / André Correia Bueno. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.

Orientador: Fernando Sarti.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Economia.

1. Investimentos. 2. Infraestrutura (Economia). 3. Relações intersetoriais. 4. Desenvolvimento econômico - Brasil. I. Sarti, Fernando, 1964-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Evolution and impacts of infrastructure investments in Brazil

between 2000 and 2015: an input-output analysis

Palavras-chave em inglês:

Investments

Infrastructure (Economics) Input-Output analysis

Economic development - Brazil

Área de concentração: Teoria Econômica Titulação: Mestre em Ciências Econômicas Banca examinadora:

Mariano Francisco Laplane Marcelo Pereira da Cunha Igor Lopes Rocha

Data de defesa: 20-02-2019

Programa de Pós-Graduação: Ciências Econômicas

Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a) - ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0002-3992-7298 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/7114542783512703

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ANDRÉ CORREIA BUENO

Evolução e impactos dos investimentos em infraestrutura

no Brasil no período entre 2000 e 2015: uma análise de

Insumo-Produto

Prof. Dr. Fernando Sarti – orientador

Defendida em 20/02/2019

COMISSÃO JULGADORA

Prof. Dr. Mariano Francisco Laplane - PRESIDENTE Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Prof. Dr. Igor Lopes Rocha

Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB)

Prof. Dr. Marcelo Pereira da Cunha

Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

A Ata de Defesa, assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de

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apoio concedido no decorrer do mestrado. Indubitavelmente, o seu auxílio e paciência nas orientações foram fundamentais para a concretização deste trabalho. Por meio do convívio como orientando e aluno, fui capaz de aprender e expandir meus conhecimentos profundamente. Graças ao seu rigor crítico e analítico, a minha formação cresceu exponencialmente. Por esses motivos, serei eternamente grato.

Possuo um carinho especial pelo professor Lucas Teixeira, sem a sua participação este trabalho não possuiria o rigor e a extensão alcançada. Sempre solícito e simpático às minhas questões, com valorosas sugestões as quais contribuíram imensamente nesta dissertação. Sou extremamente grato (mas ainda não ganha pastel não, rs). Outra pessoa essencial a este trabalho foi Thiago Miguez. Agradeço profundamente pelo fornecimento de dados imprescindíveis para a sua realização, e por estar sempre disposto a eliminar todas as minhas dúvidas e por esbanjar simpatia em todo o contato realizado. Muito obrigado!

Quero agradecer à Helena e ao professor Roberto Borghi por lerem meu trabalho em seu início e concederem pertinentes conselhos para o seguimento da pesquisa. Ao professor André Biancarelli, que conferiu conselhos e sugestões notáveis em minha qualificação. O mesmo pode ser dito do professor Marcelo Cunha, que além de participar de minha qualificação e banca de defesa, auxiliou-me continuamente em sua matéria e nas correções realizadas neste trabalho. Muito obrigado por toda ajuda! Agradeço ao professor Mariano Laplane, pela sua bondade de participar em minha defesa apesar de entraves burocráticos. A Igor Rocha, por aceitar o convite para participar de minha banca, embora estivesse extremamente atarefado, e conceder comentários e conselhos valorosos que enriqueceram o debate e meu trabalho.

Agradeço, também, ao apoio financeiro fornecido pelo CNPq em todo o percurso do Mestrado.

Aos meus amigos, Vitor e Felipe, por me aturarem e me fornecerem abrigo durante minhas estadas em Barão Geraldo. Muito obrigado! Também aos meus companheiros da URSAL (André, Gian, João, Renan, Alexandre e Chicão), e todos a os meus amigos e colegas da Pós do IE-UNICAMP. Obrigado a todos.

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leve no decorrer desse processo, apesar de minhas faltas devido ao tempo escasso.

Agradeço ao professor Laurindo por se dispor a revisar esta dissertação e fazer evoluir a minha escrita. Agindo sempre com muita calma e simpatia. Adorei nossas conversas, obrigado por tudo.

Agradeço a toda minha família, de sangue e de consideração, por me acompanhar sempre em todos os momentos. Em especial, ao meu pai, Kleber, e meu irmão, Renan, visto que me acompanham todos os dias em minha jornada. E apenas reforçando, como de costume, eu vos suplico, pulem da sacada, por favor! Brincadeira, não pulem, é sério, rs.

Outra pessoa a qual não poderia deixar de ser citada é a Dona Mara, rs. Sempre aturando minhas gracinhas e comentários impertinentes com muita leveza. Sou e serei, sempre, eternamente grato por tudo que você me proporcionou ao longo desses anos, e espero que continue pelas próximas décadas. Cuide-se!!! E prometo que tentarei não te matar do coração novamente, rsrs.

Quase chegando ao fim dessa extensa seção de agradecimentos, agradeço intensamente minha mãe, Denise, por realmente me aturar e cuidar de mim todos os dias de minha existência. Sem você, eu realmente não estaria onde estou, nunca chegaria tão longe. Obrigado por não desistir e acreditar em mim, mesmo quando eu não acreditava e já havia desistido. Realmente, uma mãe maravilhosa, rs.

Entretanto, o meu maior agradecimento é aos que sempre me acompanham e me amparam. Mais um degrau se foi, e ainda existem tantos outros a se subir. Realmente, muita coisa mudou desde que esta jornada, de fato, começou.

Esse é apenas o início da viagem.

Um menino, a qual após um lapso de coragem, zarpou em seu pequeno e vazio barco, envolto na escuridão e nevoeiro, rumando ao desconhecido. Mesmo sem perceber, seu pequeno barco era guiado desde o início de sua jornada, permitindo-lhe chegar em segurança, apesar das tempestades enfrentadas, de ilha em ilha, até o fim de seu destino. No decorrer de sua viagem, a cada vez que ancorava e zarpava, o menino se indagava: Qual, afinal, era o seu destino? Quantas ilhas teriam, ainda, de ser percorridas? Quando será, realmente, que chegaria ao final de seu suposto destino? Embora não possuísse respostas a tais questões, a escuridão e o nevoeiro já não envolviam mais seu pequeno barco. A cada

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pequeno, este não era mais vazio. Ele não apenas deixou coisas nas ilhas, também havia ganhado. Companheiros. Companheiros que iriam acompanhá-lo até o fim de sua jornada. Na verdade, percebeu que seu barco nunca esteve vazio, apenas lhe faltava percepção. E de fato, com o passar do tempo e de novas ilhas, o menino aprendeu e compreendeu uma imensidade de ideias novas, que outrora teria rejeitado. Ainda que suas indagações permanecessem perpassando em sua cabeça e o fizessem refletir, estas não eram o mais importante. Francamente, nunca foram. Onde o menino vai chegar? O que irá realizar e conquistar? Alguns podem até saber, porém o menino não tem a menor ideia. Mas isso pouco importa! Afinal, essa é a aventura, não é?

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que a base do sistema produtivo está fundamentada, fornecendo uma gama de serviços e insumos básicos para o desempenho apropriado de distintas atividades econômicas. O Brasil possui um histórico déficit estrutural nesse setor, o que acarreta diversos entraves para a economia, impactando negativamente sobre a produtividade e competitividade brasileira e prejudicando sua capacidade de crescimento. Ademais, o Brasil vem desde o início do milênio, caracterizado por um baixo dinamismo e deterioração de sua estrutura produtiva, na maior crise econômica de sua história, e que ainda o aflige. O modelo de crescimento brasileiro alcançou sua exaustão, tornando-se necessário um novo vetor de dinamismo para a economia. Dentre as alternativas possíveis, a expansão dos investimentos em infraestrutura, em razão de suas características, exibe-se como uma escolha viável. Por ser um gasto autônomo, os investimentos em infraestrutura possuem a capacidade de serem sustentadores e indutores da demanda agregada e do investimento. Portanto, esta dissertação possuiu como seu objetivo básico, analisar impactos socioeconômicos dos investimentos em infraestrutura no Brasil, entre 2000 e 2015, verificando as evoluções de seus desdobramentos. Reitera-se que, neste trabalho, os setores que compõem a infraestrutura são: Logística, Telecomunicações, Saneamento Básico e Energia Elétrica. Utiliza-se a Matriz de Insumo-Produto e a Matriz de Absorção de Investimento para a análise dos impactos socioeconômicos. É realizada, também, uma simulação, em 2015, da expansão desses investimentos, de 2,55% para 4% do PIB, isto é, num patamar próximo ao mundial (3,5%), o que possibilita a investigação sobre a capacidade de o investimento ser sustentador e indutor de um processo de crescimento. Os resultados obtidos são significativos, a elevação dos investimentos em 1,45 p.p. acarretaria no aumento do PIB em 2,5 p.p. e a geração de 2,7 milhões de novos postos de trabalho. Esses investimentos, então, possuiriam a capacidade de sustentar a atividade econômica no curto prazo, graças a manutenção do nível de emprego e da renda e, no longo prazo, em razão da combinação de seus intensos forward linkage e um elevado patamar de interações com os demais setores da economia, acarretaria um mecanismo poderoso de proliferação de externalidades positivas, a qual corroboram com sua característica de indutor da demanda agregada.

Palavras-chave: Investimento em infraestrutura; Formação Bruta de Capital Fixo; Crescimento econômico; Matriz Insumo-Produto; Matriz de Absorção de Investimento.

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through this that the basis of the productive system is grounded, providing a range of services and basic inputs for the proper performance of different economic activities. Brazil has a historical structural deficit in this sector, which causes several obstacles for the economy, impacting negatively on productivity and Brazilian competitiveness and hampering its growth capacity. Moreover, Brazil pass through since the beginning of the millennium, characterized by a low dynamism and deterioration of its productive structure, in the greatest economic crisis in its history, and which still afflicts it. The Brazilian growth model reached its exhaustion, making it necessary a new vector of dynamism for the economy. Among the possible alternatives, the expansion of investments in infrastructure, due to its characteristics, is shown as a viable choice. As it is an autonomous expenditure, investments in infrastructure have the capacity to be sustainers and inducers of aggregate demand and investment. Therefore, this dissertation had as its basic objective, to analyze socioeconomic impacts of investments in infrastructure in Brazil between 2000 and 2015, verifying the evolutions of its developments. It is reiterated that in this work the sectors that make up the infrastructure are: Logistics, Telecommunications, Basic Sanitation and Electric Energy. The Input-Output Matrix and the Investment Absorption Matrix are used to analyze socioeconomic impacts. A simulation of these investments is also carried out in 2015, from 2,55% to 4% of GDP, i.e. close to the global level (3,5%), which enables research into the capacity of the investment is sustaining and inducing a process of growth. The results obtained are significant, the increase of investments by 1.45 p.p. would lead to an increase of 2,5 p.p. and the generation of 2,7 million new jobs. These investments would then have the capacity to sustain economic activity in the short term, because to the maintenance of employment and income levels and, in the long term, due to the combination of their intense forward linkage and a high level of interactions with the sectors of the economy, would entail a powerful mechanism for the proliferation of positive externalities, which corroborates its characteristic of inducing aggregate demand.

Key-words: Investment in infrastructure; Gross Fixed Capital Formation; Economic growth; Input-Output Matrix; Matrix of Investment Absorption.

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Gráfico 2: Participação da Formação Bruta de Capital Fixo no PIB (em %) ... 69 Gráfico 3: Participação dos países e categorias selecionadas no PIB global (em %) ... 70 Gráfico 4: Contribuição dos países e categorias selecionadas para a taxa de crescimento global (em %) ... 71 Gráfico 5: Participação dos países e categorias selecionadas na Formação Bruta de Capital Fixo global (em %) ... 72 Gráfico 6: Participação das regiões selecionadas na Formação Bruta de Capital Fixo global (em %) ... 73 Gráfico 7: Contribuição dos países e regiões selecionadas para a taxa de crescimento da FBCF global (em %) ... 74 Gráfico 8: Brasil - contribuição das variáveis de demanda agregada (consumo das famílias, formação bruta de capital, consumo do governo e setor externo) para o crescimento do PIB (em %) ... 76 Gráfico 9: Participação da formação bruta de capital fixo, produto industrial e manufatureiro no PIB (em %) ... 78 Gráfico 10: China - contribuição das variáveis de demanda agregada (consumo das famílias, formação bruta de capital, consumo do governo e setor externo) para o crescimento do PIB (em %) ... 79 Gráfico 11: Participação dos investimentos em infraestrutura no PIB (média entre 1992-2013, em %) ... 85 Gráfico 12: Total de estoque de capital no setor de infraestrutura em % do PIB ... 86 Gráfico 13: A participação do setor de Infraestrutura no Valor de Produção, Emprego e Valor Adicionado Total (Em %)... 146 Gráfico 14: A participação dos impactos dos investimentos em Infraestrutura no Valor de Produção, Emprego e Valor Adicionado Total (Em %). ... 147 Gráfico 15: A participação do setor de EESB no Valor de Produção, Emprego e Valor Adicionado Total (Em %)... 148 Gráfico 16: A participação do setor de Telecom no Valor de Produção, Emprego e Valor Adicionado Total (Em %)... 150 Gráfico 17: A participação do setor de Transporte no Valor de Produção, Emprego e Valor Adicionado Total (Em %)... 151 Gráfico 18: Evolução do efeito indireto e renda no Valor de Produção do setor de Infraestrutura ... 154 Gráfico 19: Evolução do efeito direto, indireto e renda no Emprego do setor de Infraestrutura ... 157 Gráfico 20: Evolução do efeito direto, indireto e renda no Valor Adicionado do setor de Infraestrutura ... 159

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(média entre 1992-2015, em %) ... 86 Tabela 2: As distintas bases de dados dos investimentos em infraestrutura no Brasil entre 2000 a 2016 (% do PIB). ... 90 Tabela 3: Investimentos em infraestrutura por segmento nos anos selecionados (em % do PIB) ... 92 Tabela 4: Investimentos em infraestrutura por segmento nos anos selecionados (em % do PIB) ... 95 Tabela 5: Vetor de investimentos demandados no período de 2000 a 2015 pelo setor de infraestrutura (Preços básicos e relativos a 2010 em milhões de reais). ... 108 Tabela 6: Participações (%) das atividades no vetor de investimentos demandados no período de 2000 a 2015 pelo setor de infraestrutura. ... 108 Tabela 7: Participações dos investimentos demandados pelos setores no PIB (%). Preços básicos e de 2010. ... 110 Tabela 8: Participações dos investimentos demandados pelos setores na FBCF (%). Preços básicos e de 2010. ... 111 Tabela 9: Taxa média da variação anual dos investimentos em infraestrutura nos períodos selecionados. ... 113 Tabela 10: Taxa média da variação anual dos investimentos em EESB nos períodos selecionados. ... 114 Tabela 11: Vetor de investimentos demandados no período de 2000 a 2015 pelo setor de Energia Elétrica e Saneamento Básico (Preços básicos e relativos a 2010 em milhões de reais). ... 115 Tabela 12: Participações (%) das atividades no vetor de investimentos demandados no período de 2000 a 2015 pelo setor de Energia Elétrica e Saneamento Básico. ... 115 Tabela 13: Capacidade instalada de geração elétrica por segmento no Brasil em anos selecionados (GW). ... 117 Tabela 14: Níveis de atendimento de água e esgoto no Brasil em 2016. ... 118 Tabela 15: Taxa média da variação anual dos investimentos em Telecom nos períodos selecionados. ... 120 Tabela 16: Vetor de investimentos demandados no período de 2000 a 2015 pelo setor de Telecomunicações (Preços básicos e relativos a 2010 em milhões de reais). ... 121 Tabela 17: Participações (%) das atividades no vetor de investimentos demandados no período de 2000 a 2015 pelo setor de Telecomunicações. ... 121 Tabela 18: Taxa média da variação anual dos investimentos em Transporte nos períodos selecionados. ... 123 Tabela 19: Vetor de investimentos demandados no período de 2000 a 2015 pelo setor de Transporte (Preços básicos e relativos a 2010 em milhões de reais)... 124 Tabela 20: Participações (%) das atividades no vetor de investimentos demandados no período de 2000 a 2015 pelo setor de Transporte ... 124

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Tabela 23: Volume transportado de toneladas por quilômetro útil (Em bilhões de TKU). ... 127 Tabela 24: Movimentação portuária brasileira (Em bilhões de TKU) ... 128 Tabela 25: Impactos do investimento em infraestrutura no Valor de Produção por segmentos. Média de 2000 a 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010).... 141 Tabela 26: Participação dos setores de infraestrutura nos impactos no Valor de Produção. Média de 2000 a 2015. ... 142 Tabela 27: Impactos do investimento em infraestrutura no Emprego por segmentos. Média de 2000 a 2015. ... 143 Tabela 28: Participação dos setores de infraestrutura nos impactos no Emprego. Média de 2000 a 2015. ... 143 Tabela 29: Impactos do investimento em infraestrutura no Valor Adicionado por segmentos. Média de 2000 a 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010).... 144 Tabela 30: Participação dos setores de infraestrutura nos impactos no Valor Adicionado. Média de 2000 a 2015. ... 145 Tabela 31: Impacto de um choque de investimento unitário médio (R$ 1 milhão) em Infraestrutura no Valor de Produção. Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010. ... 153 Tabela 32: Impacto de um choque de investimento unitário médio (R$ 1 milhão) dos segmentos de infraestrutura no Valor de Produção. ... 154 Tabela 33: Impacto de um choque de investimento unitário médio (R$ 1 milhão) em Infraestrutura no Emprego. ... 155 Tabela 34: Impacto de um choque de investimento unitário médio (R$ 1 milhão) dos segmentos de infraestrutura no Emprego. ... 157 Tabela 35: Impacto de um choque de investimento unitário médio (R$ 1 milhão) em Infraestrutura no Valor Adicionado. Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010. ... 158 Tabela 36: Impacto de um choque de investimento unitário médio (R$ 1 milhão) dos segmentos de infraestrutura no Valor Adicionado. ... 158 Tabela 37: Encadeamentos para trás (backward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes à Produção. Média referente ao período de 2000 a 2015... 160 Tabela 38: Coeficientes de variação (backward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes à Produção. Média referente ao período de 2000 a 2015... 160 Tabela 39: Poder de dispersão e sensibilidade de dispersão dos setores de Infraestrutura referentes a Produção. Média referente ao período de 2000 a 2015... 161 Tabela 40: Encadeamentos para frente (forward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes à Produção. Média referente ao período de 2000 a 2015... 162 Tabela 41: Coeficientes de variação (forward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes à Produção. Média referente ao período de 2000 a 2015. ... 162

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Tabela 43: Coeficientes de variação (backward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes ao Emprego. Média referente ao período de 2000 a 2015. ... 164 Tabela 44: Poder de dispersão e sensibilidade de dispersão dos setores de Infraestrutura referentes ao Emprego. Média referente ao período de 2000 a 2015. ... 164 Tabela 45: Encadeamentos para frente (forward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes ao Emprego. Média referente ao período de 2000 a 2015. ... 165 Tabela 46: Encadeamentos para trás (backward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes à Renda (VA). Média referente ao período de 2000 a 2015. ... 166 Tabela 47: Coeficientes de variação (backward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes à Renda (VA). Média referente ao período de 2000 a 2015. ... 166 Tabela 48: Poder de dispersão e sensibilidade de dispersão dos setores de Infraestrutura referentes à Renda (VA). Média referente ao período de 2000 a 2015. ... 167 Tabela 49: Encadeamentos para frente (forward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes à Renda (VA). Média referente ao período de 2000 a 2015. ... 168 Tabela 50: Variação do volume de investimentos demandados pelos setores de infraestrutura com efetuação do choque (Preços básicos e relativos a 2010, em milhões de reais). ... 173 Tabela 51: Impactos no Valor de Produção do choque de investimento exógeno no setor de EESB em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). ... 175 Tabela 52: Impactos no Valor de Produção de um choque de investimento exógeno unitário (R$ 1 milhão) no setor de EESB em 2015 (Valores em milhões de reais). ... 175 Tabela 53: Impactos no Emprego do choque de investimento exógeno no setor de EESB em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). ... 177 Tabela 54: Impactos no Emprego de um choque de investimento exógeno unitário (R$ 1 milhão) no setor de EESB em 2015 (Valores em milhões de reais)... 178 Tabela 55: Impactos no Valor Adicionado do choque de investimento exógeno no setor de EESB em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). ... 178 Tabela 56: Impactos no Valor Adicionado de um choque de investimento exógeno unitário (R$ 1 milhão) no setor de EESB em 2015 (Valores em milhões de reais). ... 179 Tabela 57: Impactos no Valor de Produção do choque de investimento exógeno no setor de Telecomunicações em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). ... 180 Tabela 58: Impactos no Valor de Produção de um choque de investimento exógeno unitário (R$ 1 milhão) no setor de Telecomunicações em 2015 (Valores em milhões de reais). ... 181 Tabela 59: Impactos no Emprego do choque de investimento exógeno no setor de Telecomunicações em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). ... 182 Tabela 60: Impactos no Emprego de um choque de investimento exógeno unitário (R$ 1 milhão) no setor de Telecomunicações em 2015 (Valores em milhões de reais)... 183

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Tabela 62: Impactos no Valor Adicionado de um choque de investimento exógeno unitário (R$ 1 milhão) no setor de Telecomunicações em 2015 (Valores em milhões de reais). ... 184 Tabela 63: Impactos no Valor de Produção do choque de investimento exógeno no setor de Transporte em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). ... 185 Tabela 64: Impactos no Valor de Produção de um choque de investimento exógeno unitário (R$ 1 milhão) no setor de Transporte em 2015 (Valores em milhões de reais). ... 186 Tabela 65: Impactos no Emprego do choque de investimento exógeno no setor de Transporte em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). ... 187 Tabela 66: Impactos no Emprego de um choque de investimento exógeno unitário (R$ 1 milhão) no setor de Transporte em 2015 (Valores em milhões de reais). ... 188 Tabela 67: Impactos no Valor Adicionado do choque de investimento exógeno no setor de Transporte em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). ... 189 Tabela 68: Impactos no Valor Adicionado de um choque de investimento exógeno unitário (R$ 1 milhão) no setor de Transporte em 2015 (Valores em milhões de reais). ... 190 Tabela 69: Impactos no Valor de Produção do choque de investimento exógeno no setor de Infraestrutura em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). .. 191 Tabela 70: Impactos no Valor de Produção de um choque de investimento exógeno unitário (R$ 1 milhão) no setor de Infraestrutura em 2015 (Valores em milhões de reais)... 191 Tabela 71: Impactos no Emprego do choque de investimento exógeno no setor de Infraestrutura em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). .. 193 Tabela 72: Impactos no Emprego de um choque de investimento exógeno unitário (R$ 1 milhão) no setor de Infraestrutura em 2015 (Valores em milhões de reais)... 193 Tabela 73: Impactos no Valor Adicionado do choque de investimento exógeno no setor de Infraestrutura em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). .. 194 Tabela 74: Impactos no Valor Adicionado de um choque de investimento exógeno unitário (R$ 1 milhão) no setor de Infraestrutura em 2015 (Valores em milhões de reais)... 195 Tabela 75: Comparação dos impactos no Valor de Produção dos choques de investimento exógeno em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). ... 196 Tabela 76: Comparação dos impactos no Emprego dos choques de investimento exógeno em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). ... 197 Tabela 77: Comparação dos impactos no Valor Adicionado dos choques de investimento exógeno em 2015 (Valores em milhões de reais - preços básicos e relativos a 2010). ... 199

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CESBs – Companhias Estaduais de Saneamento Básico

CICC – Coeficiente importado de insumos e componentes comercializáveis

CNI – Confederação Nacional da Indústria

EESB – Energia Elétrica e Saneamento Básico

FBCF – Formação Bruta de Capital Físico

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MIP – Matriz de Insumo-Produto

MAI – Matriz de Absorção de Investimento

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

PDE – Princípio da Demanda Efetiva

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PIB – Produto Interno Bruto

PND – Plano Nacional de Desenvolvimento

PPP – Parcerias Público-Privadas

SEB – Setor Elétrico Brasileiro

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Capítulo 1 – Investimento em infraestrutura, estrutura produtiva e crescimento

econômico ... 28

1.1. A importância do princípio da demanda efetiva e do investimento ... 30

1.2. As distintas teorias de crescimento e a centralidade do investimento ... 33

1.2.1. Os desenvolvimentistas clássicos ... 34

1.2.2. A teoria cepalina ... 38

1.2.3. Os economistas de Cambridge ... 43

1.3. A relevância do setor de infraestrutura e de seus investimentos para o crescimento econômico ... 46

1.4. As características do setor de infraestrutura e de seus investimentos ... 50

1.4.1. Os quatro prismas dos investimentos em infraestrutura: macroeconômico, microeconômico, espacial/territorial e da concentração de renda ... 53

1.4.2. Aspectos político-institucionais que circundam os investimentos em infraestrutura ... 57

1.5. Considerações Finais ... 61

Capítulo 2 – O esgotamento do crescimento brasileiro e o investimento em infraestrutura enquanto novo vetor de dinamismo ... 65

2.1. Panorama do desempenho econômico do Brasil em contexto internacional... 66

2.2. Padrões de crescimento e estrutura produtiva ... 74

2.3. Os desdobramentos da desindustrialização no Brasil ... 80

2.4. O investimento em infraestrutura enquanto sustentador e indutor do crescimento ... 84

2.5. Considerações Finais ... 87

Capítulo 3 – A dinâmica dos investimentos em infraestrutura no Brasil ... 89

3.1. O auge e o declínio dos investimentos em infraestrutura no Brasil (1950-1989) ... 91

3.2. As privatizações no setor de infraestrutura (1990-2002) ... 94

3.2.1. Telecomunicações ... 95

3.2.2. Energia Elétrica ... 98

3.2.3. Transporte ... 100

3.2.4. Saneamento ... 103

3.3. A tentativa de retomada do planejamento a longo prazo e o seu fracasso (2003-2015) ... 106

3.3.1. O setor de Infraestrutura ... 107

3.3.2. Energia Elétrica e Saneamento Básico (EESB) ... 113

3.3.3. Telecomunicações ... 120

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investimentos ... 131

4.1. Metodologia ... 131

4.1.1. Especificações dos dados e nível de agregação ... 131

4.1.2. O modelo insumo-produto ... 133

4.1.3. Indicadores síntese ... 138

4.2. Os impactos socioeconômicos dos investimentos em infraestrutura ... 140

4.2.1. O setor de Infraestrutura ... 141

4.2.2. As participações dos setores e seus investimentos na atividade econômica ... 145

4.3. Os desdobramentos dos choques de investimentos médios... 152

4.3.1. O setor de Infraestrutura ... 153

4.4. Evolução da estrutura do setor de infraestrutura ... 159

4.4.1. Produção ... 159

4.4.2. Emprego ... 163

4.4.3. Renda ... 166

4.5. Considerações Finais ... 168

Capítulo 5 – Os impactos de uma elevação dos investimentos em infraestrutura na atividade econômica: uma análise referente a 2015 ... 172

5.1. Os choques de investimento em infraestrutura ... 172

5.1.1. Energia Elétrica e Saneamento Básico (EESB) ... 174

5.1.2. Telecomunicações ... 179

5.1.3. Transporte ... 184

5.1.4. O setor de Infraestrutura ... 190

5.2. Comparações entre os quatro choques de investimento ... 195

5.3. Considerações Finais ... 200

Considerações Finais ... 203

Referências Bibliográficas ... 208

Anexo A – Tradutores das Atividades e Produtos ... 217

Anexo B – Impactos socioeconômicos e indicadores sínteses de 2000 a 2015 ... 221

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Introdução

A infraestrutura possui uma importância elementar para o funcionamento da economia. É por meio dela que a base do sistema produtivo está fundamentada, fornecendo uma gama de serviços e insumos básicos para o desempenho apropriado de distintas atividades econômicas. Ademais, possui a característica de proporcionar economias externas entre os diversos setores e, ainda, impactar intensamente sobre os fluxos de comércio internacional. Por conseguinte, um nível de estoque de infraestrutura insuficiente pode acarretar elevados entraves para o funcionamento pleno da atividade econômica, com perdas de produtividade e, portanto, de competitividade, fator primordial para o processo de crescimento, o que reduz o produto potencial da economia.

Hirschman (1958), em seu trabalho pioneiro, ressalta que um patamar insuficiente de Capital Fixo Social (infraestrutura) acarreta uma debilitação dos encadeamentos produtivos e, assim, da atividade econômica. Portanto, conclui que a infraestrutura é um fator importante para a indução de novos investimentos e o crescimento econômico. Outros autores, como Dávila-Fernández (2015) e Fleury (2009), enfatizam que, os investimentos em infraestrutura podem ser considerados como um instrumento de política industrial de base, devido às suas características.

Por certo, a importância da infraestrutura demonstra-se crescente em âmbito mundial nos últimos anos. Diversos estudos realizados expõem os potenciais ganhos da expansão e modernização desse setor para as economias do globo, por meio de elevações de produtividade e reduções de custos, promovendo o crescimento econômico e social (MCKINSEY GLOBAL INSTITUTE, 2013, 2016, 2017; PEREIRA & PUGA, 2016; CALDERON & SERVEN, 2004; MUSSOLINI E TELES, 2010). Tal conjuntura se amplifica para os países em desenvolvimento, visto que a universalização dos serviços prestados por esse setor (logística, energia, telecomunicações e saneamento) não foi atingida em grande parcela destes, antagonicamente às economias avançadas.

A universalização destes serviços foi alcançada, majoritariamente, durante a década de 1970 nas economias desenvolvidas, sendo que estes eram guarnecidos preponderantemente por empresas públicas. Esse processo não ocorreu por acaso, originando-se das vantagens de competitividade conquistadas por meio de ganhos de escala, e acesso a novos mercados consumidores com a elevação da interconexão regional. Pelo fato de o setor de infraestrutura possuir características de monopólio, havia a necessidade de uma aglomeração das empresas,

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obtendo-se assim, maiores escalas e capacidade de financiamento e investimento. “Desse modo, a constituição de grandes empresas de serviços de infraestrutura pode ser interpretada como resultante das vantagens competitivas adquiridas através da dinâmica da interconexão dos mercados. ” (PINTO JUNIOR, 2010, p. 1). Essas características da estrutura de mercado, conjuntamente com a capacidade de proporcionar externalidades positivas, evidencia a relevância da infraestrutura para a atividade econômica e, por conseguinte, legitima a intervenção estatal1 no setor, em diversas esferas – planejamento, financiamento, coordenação e operação.

Entretanto, com o processo de liberalização econômica, transcorrida inicialmente na década de 1980 e de maneira mais intensa nos anos 1990, as relações entre os agentes foram modificadas, alterando toda a organização antes estabelecida (FIORI, 1997). Por certo, a estabilização econômica proporcionada nas décadas subsequentes ao pós-guerra, permitiu um ambiente propício ao relaxamento das intervenções estatais, acarretando, desse modo, nas reformas regulatórias e institucionais e na ascensão da iniciativa privada nos anos 90. Tais reformas alteraram o papel do Estado, atribuindo a este, principalmente, a função de regulador (BRAGA et al, 2017). Assim, a indústria de infraestrutura não passou ilesa ao longo deste processo, ocasionando importantes desdobramentos para o setor, remodelando profundamente a sua organização setorial (PINTO JUNIOR, 2010).

Esse movimento de reformas, mudanças regulatórias e liberalização dos mercados, alastrou-se ao resto do mundo no decorrer da década 1990. Essa dinâmica configurou-se na segunda onda de liberalização econômica, atingindo principalmente as economias em desenvolvimento. Logicamente, o processo de abertura econômica se diferencia de país para país, entretanto, alguns padrões são identificados. Diversos países optaram por privatizar os ativos estatais e/ou estimular as empresas transnacionais, privadas e públicas, para a efetuação de novos investimentos em infraestrutura.

Todavia, Pinto Junior (2010) afirma que as reformas liberalizantes só possuíram os resultados almejados nos países que contemplassem certos requisitos, como: (i) capacidade de absorção das novas tecnologias, competências e funções; (ii) um extenso planejamento formulado e realizado em longo prazo; (iii) aptidão na elaboração, e manuseamento de fundos

1 Nesse sentido, um caso representativo é o da Europa após as grandes guerras, retendo como elementos que explanam tal cenário: (i) uma conjuntura de extrema incerteza ocasionada pelo pós-guerra; (ii) as peculiaridades dos investimentos de infraestrutura, ou seja, seu grande período de maturação e elevados riscos. Portanto, apenas o Estado, por meio de intervenções, estaria capacitado para implementar os investimentos requisitados para a recuperação e a ampliação do setor de infraestrutura.

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públicos setoriais e captação de recursos privados para o fomento de parcerias com o capital privado de reestruturação.

A iniciativa privada, dessa forma, elevou sua participação no setor e demonstrou sua relevância como operadores e financiadores das atividades, contribuindo para o aumento da eficiência da indústria de infraestrutura. Indubitavelmente, esse aumento de eficiência não passou despercebido entre os agentes governamentais, acarretando um esforço cada vez maior para a concretização de parcerias público-privadas em todo o mundo. De todo modo, o Estado ainda permanece com uma função primordial na atividade, atuando em diversos segmentos – como investidor, consumidor e, sobretudo, após o início do processo de liberalização, como regulador e mediador, ou seja, do “Estado produtor, para o Estado regulador”.

A nova configuração das funções dos agentes envolvidos, conjuntamente com os novos arcabouços institucionais, ocasionou uma organização setorial de elevada complexidade, demasiadamente mais elevada a que os policy makers presumiam. Os patamares dos investimentos em infraestrutura demonstraram-se insuficientes após as reformas, revelando que o Estado, apenas como regulador, não implica um nível satisfatório de investimentos, mesmo que essa função seja primordial para o setor. Destarte, torna-se imprescindível um Estado financiador e casualmente operador, não permanecendo apenas no papel de regulador. Em suma, Pinto Junior (2010, p.10) pondera que:

Num ambiente marcado pela presença de um número muito maior de atores e instituições do que no passado, quando predominavam empresas estatais monopolistas, a complexidade do processo de decisão de investimentos requer instituições e novos modos de planejamento e de execução de projetos de infraestrutura. Cabe, nesse ponto, reforçar as dimensões política e estratégica dos setores de infraestrutura, os quais necessitam, de forma imperiosa, tratar da garantia da provisão desses serviços, em sua maioria considerados serviços públicos, com continuidade e equidade do fornecimento.

Acrescenta, ainda, que os países, os quais obtiveram sucesso no processo de reorganização dos seus setores de infraestrutura, empreenderam mecanismos de coordenação das condutas entre os distintos agentes e uma perspectiva de planejamento ancorada na complementaridade sistêmica dos investimentos em infraestrutura. Desse modo, os países em desenvolvimento, os quais já detinham uma tarefa árdua, quanto à modernização e à universalização, verificaram um aumento da complexidade do setor com o processo de privatização instaurado (PINTO JUNIOR, 2010)

No que tange ao caso brasileiro, o país possui imensos déficits de infraestrutura que, por sua vez, acarretam inúmeras externalidades negativas para a atividade econômica. A

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disponibilidade dos serviços de infraestrutura é extremamente desigual entre os estratos de renda e entre as regiões brasileiras, trilhando a norma de elevadas desigualdades que o país possui. No que se refere à ampliação da infraestrutura, esta procedeu-se principalmente durante as décadas de 1970 e, de forma mais atenuada, de 1980, sendo as prestadoras de serviços majoritariamente estatais (BIELSCHOWSKY, 2002). A queda dos investimentos no decorrer dos anos 1980 advém da crise financeira do setor público na década, por minar qualquer possibilidade de expansão do setor. As empresas estatais perderam sua capacidade de financiamento com o fim de recursos do Estado, dos recursos externos em virtude da conjuntura externa adversa, e do financiamento próprio, visto que foram utilizadas no combate inflacionário via controle de tarifas.

Assim, a ampliação dos investimentos em infraestrutura alcançou seu esgotamento nesse período, tornando-se imprescindível uma alteração do panorama setorial, a qual ocorreria por meio do processo de privatização na década subsequente. Mesmo com um certo retardamento relativo às demais nações, o processo de privatização avançou no Brasil em meados de 1990, alterando fortemente a configuração e organização do setor, promovendo a ascensão do setor privado nos segmentos da infraestrutura. Esse processo procedeu de maneira desigual entre os setores, com maior intensidade nos setores de telecomunicações e energia. De fato, para o caso do setor de telecomunicações os resultados foram favoráveis inicialmente, visto que seu investimento foi ampliado significativamente de 1995 a 2001, de 0,53% do PIB para 1,72%. No entanto, esses não corresponderam às expectativas originais e não proporcionaram o ciclo duradouro de investimentos em infraestrutura esperado (BIELSCHOWSKY, 2002; MONTES & REIS, 2011). Conforme descrito por Pinto Junior (2010), apenas os países com mecanismos de coordenação e regulação adequados tiveram êxito nesse processo. No caso brasileiro, em muitos setores, esse processo foi apressado, especialmente no setor de energia que culminou na crise energética no começo do milênio.

Com o propósito de contornar esses problemas, foram implementados em 2004 os projetos de parcerias público-privadas (PPP), que obtiveram um relativo sucesso. Entretanto, apenas com a implementação do PAC, em 2007, os investimentos em infraestrutura apresentam uma certa retomada. Todavia, os patamares desses investimentos ainda se mostraram extremamente abaixo dos níveis da década de 1970 e, também, dos requisitados pela atividade econômica. Indubitavelmente, tais patamares acarretaram um estoque de capital insuficiente no setor, sendo transmitido para os imensos déficits estruturais que o país apresenta, impactando negativamente na esfera econômica e social. Em alguns segmentos

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desse setor, os investimentos realizados não são capazes de repor o capital depreciado, sendo que tal fato veio a ser agravado com a crise atual brasileira, intensificando os gargalos estruturais já existentes (PEREIRA & PUGA, 2016). De acordo com Frischtak, Mourão e Noronha (2017), para a recomposição do capital depreciado seria necessário um investimento da ordem de 2,5% do PIB. Um valor semelhante é apontado por Tadini e Rocha (2018), de cerca de 3% do PIB para a mera depreciação dos ativos. Esse cenário adverso não se restringiu apenas aos investimentos de infraestrutura. Impactou fortemente o investimento total e ocasionou desdobramentos negativos por toda a economia.

O Brasil, desde o Milagre Econômico e o fim do II PND, apresenta um crescimento econômico abaixo dos demais países emergentes. Houve a ascensão de países que se encontravam mais atrasados, como foi o caso da China. Apenas no período Lula (2003-2010), com uma conjuntura externa extremamente favorável, o país voltou a obter um crescimento estável e significativo. Contudo, esse crescimento não perdurou como se imaginava, culminando, em 2015, na maior crise da história que ainda aflige o país. Pode-se notar que desde o fim do II PND o baixo crescimento do país está atrelado aos baixos investimentos realizados. O crescimento brasileiro, desde então, esteve calcado no consumo2, conservando atenuado desenvolvimento industrial e tecnológico. Enquanto isso, a China e os Tigres Asiáticos apresentavam um patamar elevado da participação os investimentos no PIB e aumento do desenvolvimento industrial e tecnológico. Essa situação acarretou ganhos sistêmicos de competitividade e de penetração de suas exportações no mercado internacional. Embora nos Tigres Asiáticos o padrão de crescimento seja liderado pelas exportações, o nível de investimento e o estado de suas estruturas produtivas são fundamentais para o processo de crescimento. A China, ao seu turno, possui o seu vetor de dinamismo no volume de investimentos que efetua, especialmente a partir de 2000, obtendo imensos avanços na sua indústria, proporcionando intensos encadeamentos intersetoriais pela economia e sendo o motor do descomunal crescimento chinês nas últimas décadas.

O investimento é, indubitavelmente, a variável mais importante dentre as que compõem a demanda agregada em virtude de seu caráter dual. Por um lado, o investimento é demanda para a atividade econômica, visto que requisita uma diversa gama de bens e insumos para a sua realização. Por outro lado, impacta a oferta da economia após o lapso temporal necessário para a maturação desses investimentos, por promover a expansão da capacidade

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produtiva e do produto potencial. Dessa forma, constata-se a relevância dessa variável por ser a única com a capacidade de proporcionar tanto uma elevação da demanda agregada corrente, como uma ampliação e diversificação da estrutura produtiva vigente, fator vital para as economias, especialmente as que se encontram no estágio de desenvolvimento, como no caso do Brasil.

Enquanto um crescimento calcado no consumo parece ter alcançado seu limite no Brasil com as elevadas importações nos períodos de crescimento, em virtude de uma estrutura produtiva deficiente, um crescimento baseado nas exportações requisitaria uma competitividade a qual a indústria brasileira não possui no momento. Tal adversidade que poderá ser enfrentada apenas a médio e longo prazo. Por conseguinte, torna-se primordial elevar a taxa de investimento brasileira a patamares semelhantes às de outras nações emergentes, utilizando a intensa demanda por bens industriais para o estímulo da estrutura produtiva e sua expansão e modernização. Todavia, como realizar tal tarefa árdua, não conseguida por diversos formuladores de programas econômicos? A presente dissertação propõe que a expansão dos investimentos em infraestrutura é a alternativa mais viável.

A potencialidade do investimento em infraestrutura, como sustentador e indutor do próprio investimento e da demanda agregada por ser um gasto autônomo, faz com que a sua expansão possa elevar a taxa de crescimento do Brasil. No curto prazo, os investimentos em infraestrutura podem sustentar a atividade econômica por mobilizarem um elevado montante de capital e, principalmente, de emprego. No longo prazo, a maturação dos investimentos proporciona diversos benefícios à economia com seu poder de difusão e de elevados encadeamentos. Em outras palavras, a expansão dos investimentos em infraestrutura pode acarretar a elevação da taxa de inversão e, por sua vez, promover a transformação necessária na estrutura produtiva do Brasil, ampliando-a e modernizando-a, e ocasionar um aumento da competitividade e a revitalização da indústria nacional, podendo ser considerada uma política industrial de base. Reitera-se, que o impulso de demanda que provém desse processo deverá ser absorvido pela estrutura produtiva, antagonicamente ao que acontecera no período anterior, com o grande volume de vazamentos de demanda.

É por meio dessa dinâmica que o Brasil obteria meios para a retomada de um crescimento sustentável a longo prazo. Portanto, esta dissertação pretende responder a duas perguntas: (i) quais são os impactos e desdobramentos dos investimentos em infraestrutura na atividade econômica brasileira entre 2000 e 2015? (ii) em virtude das características e ser um gasto autônomo, os investimentos em infraestrutura possuem a capacidade de sustentar a

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atividade econômica no curto prazo e induzi-la no longo prazo? Estas indagações nos levam à principal hipótese do trabalho: que uma expansão dos investimentos em infraestrutura no Brasil, a padrões internacionais, tendo em vista sua capacidade de ser um sustentador e indutor da demanda agregada, acarretaria elevações significativas na taxa de crescimento brasileira. Para tanto, será realizada uma simulação da expansão dos investimentos em infraestrutura no ano de 2015, analisando, por conseguinte, a sua potencialidade.

Logicamente, o investimento em infraestrutura seria apenas o catalizador inicial desse processo que possui diversas outras variáveis, as quais devem ser contempladas para a manutenção de um alto dinamismo a longo prazo. Fatores como, por exemplo, a taxa de câmbio, a reforma tributária e uma política industrial adequada são imprescindíveis. Outros elementos, como a taxa de juros e o financiamento dos investimentos, são de suma importância. Especificamente sobre o financiamento, embora exerça uma função central para o escopo deste trabalho, que são os investimentos em infraestrutura, esse aspecto não possui o enfoque do trabalho, que são seus impactos na atividade produtiva e não os condicionantes de sua realização.

Assim, com o objetivo de analisar os impactos socioeconômicos dos investimentos em infraestrutura no Brasil, entre 2000 e 2015, e de sua expansão, em 2015, a um patamar próximo ao mundial, esta dissertação se divide em cinco capítulos, além desta introdução e uma conclusão. O primeiro capítulo procura expor as principais características do setor de infraestrutura e a importância dos seus investimentos para o crescimento econômico. Para atingir tal finalidade, primeiramente pretende-se demonstrar, por meio da teoria estruturalista e pós-keynesiana, a dinâmica do processo de crescimento e o caráter fundamental do investimento em virtude da sua característica dual. Posteriormente, é realizada uma fundamentação teórica e empírica da relevância da infraestrutura para a atividade econômica; e o seu potencial enquanto motor do crescimento por meio dos intensos encadeamentos e das externalidades positivas que proporciona para os demais setores da economia. Por fim, explana-se de forma mais extensa as características do setor de infraestrutura através dos seus quatro prismas: macroeconômico, microeconômico, espacial/territorial e da concentração de renda.

O capítulo dois, ao seu turno, procura conciliar o referencial teórico exposto no capítulo um e a conjuntura atual do Brasil, enfatizando que a expansão dos investimentos em infraestrutura é uma opção viável para a retomada do crescimento, por ser um gasto autônomo e ter a capacidade de sustentar e induzir o investimento e a demanda agregada. É demonstrado

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o desempenho da economia brasileira nas últimas décadas inserido em uma comparação internacional, investigando as evoluções das participações do Brasil no PIB e investimento global. Verifica-se, também, as contribuições dos países e regiões nas taxas de crescimento do PIB e investimento. Conforme já reiterado, os baixos níveis de investimento impactam negativamente no processo de desenvolvimento brasileiro, sendo um desdobramento do padrão de crescimento desde o fim do II PND. Esse cenário é antagônico aos países asiáticos, como no caso da China. Dessa forma, efetua-se uma breve análise sobre os padrões de crescimento dos países, especialmente Brasil e China. Ainda, demonstra-se que o Brasil possui um investimento em infraestrutura abaixo da média internacional, e que a sua expansão permitiria um crescimento baseado no investimento (investment led growth) análogo ao crescimento chinês.

Dessa forma, no capítulo três, discorre-se sobre os investimentos no setor de infraestrutura, realizando uma breve recuperação da trajetória do setor desde os anos 1960, perpassando pelas privatizações na década de 1990 e a efetuação do PAC. Faz-se necessária essa trajetória histórica tendo em vista os desdobramentos e peculiaridades que cada período ocasionou no setor de infraestrutura, impactando diretamente em sua dinâmica e investimentos. Enfatiza-se que o trabalho focalizará a infraestrutura econômica, isto é, os setores de Logística, Energia Elétrica, Telecomunicações e Saneamento, e que nesse intervalo, a partir dos anos 2000, possuirá um maior enfoque. Procurar-se-á evidenciar as distintas contabilidades sobre o investimento em infraestrutura, discorrendo sobre suas características e divergências. Sobre a metodologia para análise dos investimentos, empregam-se as Matrizes de Absorção de Investimento, realizando-se uma proxy dos investimentos em infraestrutura. Posteriormente, adentra-se um nível mais setorial, explorando, separadamente, cada segmento do setor de infraestrutura.

O capítulo quatro tem como objetivo aprofundar a análise iniciada no capítulo três. Para tal, utiliza-se a Matriz de Insumo-Produto (MIP) e a Matriz de Absorção de Investimento (MAI), averiguando os impactos socioeconômicos dos investimentos em infraestrutura entre 2000 e 2015. Nesse sentido, explana-se, também, sobre a metodologia empregada neste trabalho. Em consequência das variações, tanto do volume como da composição desses investimentos, efetua-se um choque unitário médio no decorrer do período, investigando, assim, possíveis modificações de suas repercussões na estrutura produtiva. Outro aspecto fundamental, a qual aborda-se no decorrer do capítulo, é a evolução das ligações intersetoriais dos segmentos de infraestrutura e suas potenciais transformações no ínterim.

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Por fim, abordar-se-á, no capítulo cinco, a hipótese de uma elevação dos investimentos de infraestrutura a patamares internacionais e de seus impactos na atividade econômica, verificando assim, sua potencialidade enquanto sustentador e indutor do crescimento econômico. Esses desdobramentos serão examinados de forma individual, ou seja, por cada setor que compõem a infraestrutura, tendo em vista suas discrepâncias estruturais e de seus resultados.

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Capítulo 1 – Investimento em infraestrutura, estrutura produtiva e

crescimento econômico

Os investimentos em infraestrutura são um elemento relevante para a atividade econômica, por impactar no fornecimento de bens e insumos essenciais para o seu funcionamento. A importância desse setor vai muito além de ser um mero fornecedor. Como a sua abrangência no sistema produtivo é abundante, a infraestrutura desdobra-se por diversos segmentos e, ainda, por diversos prismas. Ao integrar a economia e elevar os encadeamentos intersetoriais, por meio do estímulo de demanda que proporciona, as demais atividades econômicas possuirão seus custos atenuados e seus lucros e produtividade aumentados, estabelecendo ao longo do tempo uma ampliação da competitividade da economia no cenário internacional. Nesse sentido, expandir os investimentos em infraestrutura propicia um crescimento econômico mais acelerado. Isso se deve também aos efeitos que ocasiona nas expectativas de longo prazo e confiança dos agentes, induzindo um maior volume de inversões, fator primordial para processo de crescimento.

A relevância dos investimentos em infraestrutura no investimento agregado e no crescimento econômico se fundamenta tanto no impacto direto, como no impacto indireto que acarreta nestes, posto que esse dinamismo retroalimenta-se com a interação entre o investimento e o produto. Consequentemente, a ampliação dos serviços de infraestrutura explicita sua relevância como um impulso inicial e/ou acelerador do crescimento por suas características. Conforme retratado previamente, a definição de infraestrutura utilizada nesse trabalho será a usual, ou seja, será composta pelos segmentos de logística, energia elétrica, telecomunicações e saneamento. Apesar de existirem outras definições, como a infraestrutura social que inclui educação e saúde, optou-se pela escolha convencional (PEREIRA & PUGA, 2016).

Isto posto, no que se refere ao investimento agregado, ressalta-se que os seus desdobramentos sobre a atividade econômica ocorrem enquanto demanda e oferta, demonstrando a dualidade dessa variável, que amplia e moderniza a estrutura produtiva, e possibilita que os efeitos multiplicadores desses investimentos, via demanda, expressem-se em uma elevação da taxa de crescimento. De fato, a efetuação do investimento, além de acarretar um aumento do gasto corrente no curto prazo, por meio dos insumos e equipamentos demandados em virtude dos encadeamentos produtivos, proporciona, também, uma demanda

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contínua à atividade econômica em virtude do seu período de maturação, tornando-se uma fonte de demanda a médio e longo prazo.

O investimento dispõe da capacidade de proporcionar transformações estruturais no sistema produtivo, elevando os encadeamentos produtivos, fator essencial para o crescimento econômico. Assim, torna-se imprescindível para a obtenção de uma estrutura produtiva moderna, diversificada e integrada e, por conseguinte, de um crescimento econômico robusto, um volume satisfatório de investimentos. Caso a estrutura produtiva não esteja consolidada adequadamente, os transbordamentos de demanda ocasionados pelos encadeamentos produtivos não gerarão estímulos para o crescimento doméstico, resultando em vazamentos de demanda via importações. No que tange aos países que não possuem um setor industrial fortalecido, estes tendem a demonstrar restrições de balanço de pagamentos no crescimento de longo prazo, devido às disparidades na elasticidade-renda da demanda de suas importações (bens manufaturados) e exportações (commodities). Dessa forma, estabelece-se elementar uma alteração da composição da estrutura produtiva nacional que procure a sua expansão e sofisticação, para a superação da tendência de declínio dos termos de troca (HIRSCHMAN; 1958; NURKSE, 1953; PREBISCH, 1950; KALDOR, 1968, 1977; THIRLWALL, 1979).

Por esses fatores, o crescimento do setor industrial ocupa uma função primordial para o crescimento da economia na tradição estruturalista e pós-keynesiana, visto que é o elemento de dinamismo por promover elevações de produtividade e tecnologia para os demais setores por meio de transbordamentos. Segundo esse arcabouço teórico, faz-se fundamental para o crescimento econômico, a intensificação dos encadeamentos produtivos e o estabelecimento de uma estrutura produtiva diversificada e integrada por meio da expansão dos investimentos, incorporando e conservando os estímulos de demanda. Esse cenário acaba por evitar o vazamento da demanda doméstica para o exterior, ou seja, atenuando as restrições de balanço de pagamentos.

Destarte, os investimentos em infraestrutura se posicionam como um sustentador e indutor desse processo, uma vez que, como explanado por Hirschman (1958), embora a infraestrutura não amplie a capacidade produtiva da economia diretamente, a própria é fundamental para o desenvolvimento para as atividades produtivas por impactar de forma indireta. Consequentemente, faz-se necessário compreender o processo de inversão em infraestrutura que, por ser um gasto autônomo (altamente calcado por recursos públicos), os aspectos político-institucional o impactam fortemente.

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Esse capítulo é dividido em quatro seções, mais esta introdução e uma conclusão. A primeira seção enfatiza a importância do Princípio da Demanda Efetiva (PDE) para a determinação da renda, tanto no curto como no longo prazo, enfatizando, portanto, a importância do investimento enquanto gasto. A segunda seção tem o propósito de discorrer sobre as principais teorias do crescimento e desenvolvimento econômico, e da função que o investimento exerce nessas teorias, demonstrando sua pertinência nesse processo. Na terceira seção, procurar-se-á discorrer sobre a importância do setor de infraestrutura para o crescimento econômico, utilizando tanto estudos teóricos como empíricos para isto. Na quarta seção disserta-se sobre as características do setor e dos investimentos em infraestrutura e como este se desdobra em quatro prismas: macroeconômico, microeconômico, espacial/territorial e de concentração de renda. Ainda nessa seção são destacados os aspectos político-institucionais que permeiam o processo decisório e a efetuação dos investimentos em infraestrutura.

1.1. A importância do princípio da demanda efetiva e do investimento

Conforme supracitado, previamente a adentrar no escopo desse trabalho, que são os investimentos em infraestrutura, faz-se fundamental demonstrar o caráter dual do investimento, ou seja, seus desdobramentos, tanto na demanda como na oferta. O investimento não se restringe a apenas um gasto ou em uma expansão da capacidade produtiva. Ademais, é o investimento a variável que determina não apenas o patamar do produto corrente (por uma hierarquia de decisões dos empresários), mas também o produto potencial por ser a única variável com a capacidade de alterar a capacidade produtiva. Assim, o investimento é o fator preponderante para o acontecimento das flutuações e dos ciclos econômicos nas economias capitalistas. Desse modo, a dimensão temporal que permeia a realização do investimento se manifesta, visto que o próprio é a conexão entre o curto e o longo prazo, determinando a trajetória das economias em ambos os instantes. Portanto, com o propósito de demonstrar a centralidade do investimento para o funcionamento das economias capitalistas, partir do Princípio da Demanda Efetiva (PDE), enfatizando a sua validade, tanto no curto prazo como no longo prazo, é primordial.

Desde a publicação das obras seminais de Keynes (1936) e Kalecki (1954), a importância da demanda para atividade econômica se difundiu pela literatura por meio do Princípio da Demanda Efetiva (PDE), posicionando-se explicitamente antagônico à lei de Say. De acordo com Possas (1999, p. 19), o PDE “consiste na determinação unilateral das receitas (rendas) pelo gasto; em outras palavras, na constatação de que nas transações mercantis a

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única decisão autônoma é a de gastar (comprar, converter dinheiro em mercadoria) ”. Portanto, a igualdade entre os gastos e a renda é apenas contábil, recaindo aos gastos a determinação causal unilateral da renda. Ao se verificar o esquema analítico proposto por Keynes (1936), simbolizando o funcionamento das nações como economias monetárias de produção, constata-se que, a decisão de se gastar, que são decisões de demanda, compõe um papel central para a determinação do produto e do emprego. Reitera-se que as decisões de se gastar devem ser desmembradas em duas (em uma economia fechada), de se consumir e de se investir.

Nessa economia monetária da produção, o objetivo central, como de qualquer economia capitalista, é a obtenção de lucros para a continuidade do processo de acumulação. Como a única decisão autônoma que os agentes econômicos podem efetuar, é o gasto, estes organizarão suas decisões, para o atingimento de tal objetivo. Assim, pode-se realizar uma hierarquização das decisões que podem ser organizadas cronologicamente da seguinte maneira: (i) decisão de alocação da riqueza; (ii) decisão de investir e de consumir; (iii) decisão de produzir; (iv) e decisão de empregar. (BELLUZZO & DE ALMEIDA, 2002). Os empresários (capitalistas), que são os detentores dos meios de produção, procurarão alocar suas riquezas para a maximização de seus lucros e, assim, irão empregar e produzir com base nas suas expectativas (de curto prazo) sobre a demanda, isto é, sobre os gastos (consumo e investimento). Em outros termos, inexiste sequer uma tendência ao equilíbrio de pleno emprego, recaindo plenamente aos empresários, com base em suas expectativas, a determinação da demanda efetiva. Essas expectativas podem ser corrigidas apenas em um próximo período e, por conseguinte, sujeitas a previsões novamente errôneas, visto que, o processo de produção requer um lapso temporal e as decisões tomadas não podem ser completamente alteradas. Destarte, o processo de produção, nesse esquema analítico proposto por Keynes (1936), é determinado ex post, antagonicamente a demanda efetiva, um fenômeno estabelecido ex ante. Segundo Possas (1986, p.299):

(...) trata-se de uma teoria da determinação da produção apoiada, em dois conceitos temporais: o do período de produção (...) e o de curto prazo, referido ao horizonte temporal de expectativas e ao conteúdo do cálculo capitalista ao iniciar-se o período de produção, quando tomam-se as decisões de quanto produzir, que estoques manter e a que preços vender.

Ademais, nota-se aqui, que o investimento exerce uma função dual, de ser tanto o responsável pela produção como ser um componente de demanda. Por essas características o investimento é, indubitavelmente, dentre os componentes que compõem a demanda agregada, a variável-chave para a determinação da atividade econômica e do emprego.

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Essa centralidade não deriva certamente do peso do investimento no produto de uma economia capitalista, que é muito inferior ao do consumo; mas de sua muito maior autonomia em relação ao nível de atividade, o que o torna uma variável-chave para a determinação endógena não apenas desse mesmo nível de atividade, como também de suas variações, eventualmente de suas flutuações e mesmo de sua possível instabilidade. (POSSAS, 1999, p. 31)

O consumo, embora seja o elemento de maior participação na demanda agregada, não detém o papel fundamental para a determinação do produto e do emprego3. Isso decorre dessa variável ser primordialmente determinada pela renda disponível, sendo seu volume estável durante o tempo e, portanto, recaindo sobre o investimento, o caráter dinâmico e instável da economia. Nesse sentido, as flutuações da demanda, produto e emprego, assim como as crises do capitalismo, derivam-se majoritariamente do investimento. Por certo, com base na hierarquia das decisões e nas suas características intrínsecas4, o investimento é, fundamentado no PDE, o gasto de maior autonomia e, portanto, o elemento central para a dinâmica das economias capitalistas.

Destarte, por tamanha importância dessa variável, pode-se dizer que o PDE é o investimento, visto que toda a dinâmica proposta por este princípio gravita em torno deste último. Torna-se evidente, portanto, que o investimento é o fator preponderante para a determinação do produto e do emprego no curto prazo. No curto prazo, Keynes (1936) desenvolve sua teoria com o pressuposto de que a capacidade produtiva permanece constante e, assim, as variações do produto (e o ajustamento da poupança ao investimento) se devem às variações do grau de utilização da capacidade. Todavia, esse pressuposto é derrubado no longo prazo, permitindo assim, variações da capacidade produtiva (GAREGNANI, 1992). De fato, o investimento, por meio de seu caráter dual, possui o poder de modificar a capacidade produtiva a longo prazo, possibilitando que o processo de ajuste ocorra na própria. Faz-se necessário, então, explanar como essa relação desenrola-se no longo prazo, estendendo, dessa forma, a validade do PDE.

Com a variação da capacidade produtiva no longo prazo, o processo de ajustamento da poupança para o nível de investimento5 não se limita às oscilações da demanda agregada

3 O consumo apenas impacta significativamente a demanda agregada por meio da propensão a consumir e, assim, não sendo o responsável por toda a dinâmica da atividade econômica.

4

Como os desdobramentos advindos das expectativas de longo prazo e das incertezas que permeiam a decisão de se investir. Além do mais, por ser um gasto que necessita de um tempo de maturação, as expectativas e incertezas exercem um papel central nas previsões sobre seus futuros rendimentos, podendo impactar tanto positivamente como negativamente no próprio investimento e, por consequência, na demanda agregada.

5

Enfatiza-se, que tanto no curto como no longo prazo, a poupança é “por definição um fluxo de rendimentos simultâneos ao investimento e por ele determinado”; sendo, bem como a renda, estritamente residual, uma vez que é totalmente determinada por outras variáveis de gasto (POSSAS, 1999, p. 26 e 27).

Referências

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