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Capítulo 3 – A dinâmica dos investimentos em infraestrutura no Brasil

4.4. Evolução da estrutura do setor de infraestrutura

4.4.2. Emprego

Já no âmbito do emprego, em conformidade com a Tabela 42, por todo o período averiguado, todos os segmentos de infraestrutura mostraram uma trajetória de queda de seus encadeamentos, isto é, a demanda por trabalho, finalizando o período abaixo de suas respectivas médias. Tal redução, demonstrou-se mais forte no setor de Transporte. De fato, houve queda da atividade, no que concerne a seu posicionamento, além da piora do patamar de suas relações intersetoriais. Sobre os demais segmentos, esses tiveram um avanço de suas posições. Isso, decorre da retomada dos encadeamentos a partir de 2012, embora insuficiente para atingir os níveis no ponto de origem.

Tabela 42: Encadeamentos para trás (backward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes ao Emprego. Média referente ao período de 2000 a 2015.

Descrição da atividade nível 40

2000 2005 2010 2015 Média

BL Ord. BL BL Ord. BL BL Ord. BL BL Ord. BL BL Ord. BL

EESB 42,05 35 37,49 34 31,42 35 33,96 33 35,47 34,06

Transporte 60,94 14 55,91 16 45,07 17 47,73 18 51,19 16,50

Telecom 48,75 24 45,45 24 38,30 25 41,61 21 42,80 23,06

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Faz-se interessante notar que, esses índices síntese referentes à produção, podem indicar um possível efeito do PAC. Enquanto as demais atividades apresentam uma maior queda, ou menor recuperação dos seus encadeamentos intersetoriais (na média da economia), os segmentos de infraestrutura, sobressaíram-se sobre os demais. Essa situação decorre, especialmente, nos setores de EESB e Transporte, os quais possuem grande destaque na política pública. Todavia, essa conjectura necessitaria uma abordagem extremamente mais aprofundada.

Fonte: Elaboração própria; com base nos dados fornecidos por Miguez (2016) e Passoni e Freitas (2018). Uma perspectiva positiva para o desempenho da infraestrutura, enquanto demandante de emprego, é o setor de EESB conservar uma atuação difusa pelas atividades, possuindo uma grande abrangência (Tabela 43). EESB, demonstrou, ainda, uma nítida e paulatina trajetória de melhora do índice de coeficiente de variação. O mesmo não pode ser descrito para o setor de Transporte e Telecom, tendo em vista, suas posições no coeficiente de variação. Esses apresentaram, em 2015, um coeficiente abaixo da sua própria média.

Tabela 43: Coeficientes de variação (backward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes ao Emprego. Média referente ao período de 2000 a 2015.

Descrição da atividade nível 40

2000 2005 2010 2015 Média

Cv Ord. Cv Cv Ord. Cv Cv Ord. Cv Cv Ord. Cv Cv Ord. Cv

EESB 2,22 36 2,15 40 2,12 39 2,08 39 2,13 38,63

Transporte 2,58 12 2,64 14 2,58 15 2,62 13 2,65 12,69

Telecom 2,33 23 2,29 23 2,30 20 2,26 20 2,30 20,69

Fonte: Elaboração própria; com base nos dados fornecidos por Miguez (2016) e Passoni e Freitas (2018). Ademais, o desenrolar de seus percursos foram muito mais oscilantes que EESB e, para o caso de Transporte, o seu desempenho decresceu, comparativamente ao ano 2000. Tal situação é observada por meio de sua classificação entre os 40 setores da atividade econômica. Quanto aos demais, ambos obtiveram um avanço nesse aspecto, o que acarretou aumento de suas capacidades de difusão.

Ao se averiguar o poder de dispersão dos setores, nota-se que, embora suas posições no backward linkage assinalem uma aproximação, a média e o impacto desses, encontram-se abaixo, com a exceção do setor de Transporte. De acordo com a Tabela 44, Transporte e EESB orbitaram em torno de suas médias no decorrer do intervalo, superando-as, ligeiramente, em 2015. Por sua vez, Telecom teve um gradual aumento de seu indicador, o que é transladado para o ano de 2015, com o indicador acima da média do período. Constatamos, então, que as repercussões da infraestrutura no âmbito do emprego, na qualidade de demandante, são inferiores à zona intermediária da economia.

Tabela 44: Poder de dispersão e sensibilidade de dispersão dos setores de Infraestrutura referentes ao Emprego. Média referente ao período de 2000 a 2015.

Descrição da atividade nível 40 2000 2005 2010 2015 Média Pd Sd Pd Sd Pd Sd Pd Sd Pd Sd EESB 0,72 0,38 0,67 0,37 0,68 0,42 0,73 0,39 0,70 0,40 Transporte 1,05 1,63 1,00 1,68 0,98 1,68 1,02 1,87 1,01 1,73

Telecom 0,84 0,42 0,81 0,45 0,83 0,51 0,89 0,55 0,85 0,49

Fonte: Elaboração própria; com base nos dados fornecidos por Miguez (2016) e Passoni e Freitas (2018).

No caso dos forward linkages e do indicador de sensibilidade de dispersão do emprego, há uma circunstância pertinente quanto ao segmento de infraestrutura. Observando meramente as posições para o caso dos encadeamentos para frente, esses segmentos mostram- se em bom patamar, especialmente em Transporte, segundo a Tabela 45. Porém, direcionando-se para a perspectiva da sensibilidade de dispersão, apenas o setor de Transporte possui impacto relevante. Os demais, por sua vez, conservam impactos significantemente abaixo da média. Portanto, essa conjuntura singular, tanto de Telecom como de EESB, deve- se, preponderantemente, pelo elevado patamar dos demais setores que compõem a economia141, fazendo com que exibam uma classificação acima da zona intermediária, opostamente a suas repercussões.

Sobre as trajetórias dos encadeamentos para frente ao longo do período, tanto Transporte como EESB tiveram suas relações intersetoriais reduzidas, perpassando sob as mesmas condições que a média da atividade econômica. A situação mais alarmante foi de EESB com um ininterrupto decaimento, ao passo que Transporte apresentou certa recuperação de 2011 a 2015. Telecom, em contrapartida, exibiu um aumento de seus encadeamentos, sendo a exceção nesse aspecto.

Tabela 45: Encadeamentos para frente (forward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes ao Emprego. Média referente ao período de 2000 a 2015.

Descrição da atividade nível 40

2000 2005 2010 2015 Média

FL Ord. FL FL Ord. FL FL Ord. FL FL Ord. FL FL Ord. FL

EESB 21,99 17 20,53 18 19,10 19 18,27 20 19,98 18,25

Transporte 94,59 5 94,04 5 77,06 5 87,60 5 87,21 5,00

Telecom 24,17 16 24,95 16 23,34 15 25,79 14 24,44 15,38

Fonte: Elaboração própria; com base nos dados fornecidos por Miguez (2016) e Passoni e Freitas (2018). No que se refere ao grau de penetração nas demais atividades econômicas, os três setores se posicionam favoravelmente, principalmente o setor de Transporte142. De todo modo, o setor de infraestrutura, com exceção de Transporte, não oferece impactos elevados na criação de postos de trabalhos em suas atividades produtivas. Todavia, conforme já

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De qualquer maneira, essa situação é, de fato, um atenuante.

142 Os coeficientes de variação e, assim, a ordem dos setores, são idênticos nos três âmbitos. Desse modo, optou- se por não disponibilizar esses dados novamente. O mesmo ocorrerá para o caso da renda.

enfatizado, o mesmo não ocorre com os seus investimentos, sendo que este é um elemento necessário a ser sublinhado, sobre sua capacidade de sustentador da demanda agregada e do investimento.