• Nenhum resultado encontrado

Avaliação do perfil das indicações da ressonância nuclear magnética de mama em pacientes de um serviço de radiologia em Itajaí (SC)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Avaliação do perfil das indicações da ressonância nuclear magnética de mama em pacientes de um serviço de radiologia em Itajaí (SC)"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Revista Brasileira de Oncologia Clínica  Vol. 9, no 34  outubro /novembro /dezembro  2013

Artigo originAl

Enviado: 26/02/2013 | aprovado: 24/07/2013

Avaliação do perfil das indicações da ressonância

nuclear magnética de mama em pacientes de um

serviço de radiologia em Itajaí (SC)

Evaluation of the profile indications from breast MRI in patients of a

radiology department in Itajaí (SC)

Giuliano Santos Borges1, Estela Regina Eidt2, Karyn Albrecht Siqueira de Maman3, Mayra Clara Jatobá Zabel4, Flávia Vicentini Fernandes, Mariana Rodrigues Cremonese, Thais Marques, Gustavo de Souza Custódio, Priscila Thais dos Anjos, Bruna Rodrigues de Senna, Juliana Hasse5, Taimara Zimath6 e Thais Batista Rodrigues Barbosa7

1 CRM-SC 11867 2 CRM-SC 9471 3 COREN/SC 178226 4 COREN/SC 225527 5 (47) 84211393

R. Otávio Cesário Pereira, 11, São Vicente, Itajai – SC. juliana_hasse@msn.com

6 (47) 99249394

R. Corifeu de Azevedo Marques, 383, apto 4, São Judas, Itajai – SC. t.zimath@gmail.com

7 (47) 91391675

R. Augusto Schlutter, 350, Jardim Pomerânia, Pomerode – SC. thaisb_r@hotmail.com

Clinica São Lucas Medicina Diagnóstica, Itajai (SC)

Centro de Novos Tratamentos Itajaí / Clínica de Neoplasias Litoral, Itajaí (SC)

rEsumo

Introdução: O câncer (CA) de mama representa a segunda neoplasia mais comum no

mun-do. Estima-se que em 2012 ocorram 52.680 novos casos de câncer de mama no Brasil1. A

ressonância magnética (RM) é um método diagnóstico que passou por significativos avan-ços, revelando-se promissor na investigação e estadiamento do CA mamário2. De todas as

técnicas de imagem da mama que estão atualmente disponíveis, a RM apresenta a maior sensibilidade para CA de mama invasivo3.

Materiais e métodos: Neste trabalho foi realizado um estudo quantitativo, retrospectivo

e transversal de pacientes submetidas ao exame de ressonância magnética das mamas, realizados em uma clínica de radiologia do município de Itajaí (SC) no período de janeiro de 2011 a abril de 2012, com o objetivo de avaliar o perfil das indicações de RM de mama neste serviço. Resultados: Observamos que a média de idade foi de 46 anos. A principal indicação foi avaliação de implante mamário, em 48,31% das pacientes; seguido pela indi-cação de avaliação de nódulo mamário (17,97%), achados inconclusivos na MMG e/ou US em (16,85%), entre outros. Conclui-se que a RM vem conquistando progressivamente apli-cabilidade como método adjunto da mamografia, tornando-se um método mais disseminado na prática clínica diária, mas deve ter seu uso ponderado e seguindo indicações precisas.  palavras-chavE

Mama, câncer, RM,

indicações, BI-RADS®

abstract

Introduction: Cancer (CA) breast is the second most common cancer in the world. Estimated

to occur in 2012 52,680 new cases of breast cancer in Brazil1. Magnetic resonance imaging

(MRI) is a diagnostic method that has undergone significant improvements, proving to be  KEywords

Breast cancer, MRI,

indications, BI-RADS®

(2)

promising in the investigation and staging of CA mamário2. Of all the breast imaging

tech-niques that are currently available, MRI has the highest sensitivity for breast CA invasivo3.

Materials and methods: In this paper we present a quantitative study, retrospective and

cross-sectional patients submitted to MRI of the breasts, performed in a clinical radiology city of Itajai (SC) from January 2011 to April 2012 with the objective of evaluating the profile of breast MRI indications in this service. Results: We found that the mean age was 46 years. The main indication was evaluation of breast implant in 48.31% of patients, followed by the indication of breast lump evaluation (17.97%), inconclusive findings on mammography and / or in U.S. (16.85%), among others . We conclude that MRI is gaining progressively applicability as an adjunctive method of mammography, becoming a more widespread in clinical practice, but its use should be considered and followed precise.  introdução

O câncer (CA) de mama representa a segunda neoplasia mais comum no mundo, atrás apenas do CA de pele não melanoma. Estima-se que em 2012 ocorram 52.680 novos casos de câncer de mama no Brasil; o risco estimado é de 52 novos casos para cada 100.000 mulheres1.

Nos últimos anos, os métodos diagnósticos para detec-ção do CA de mama tornaram-se mais eficazes, como a mamografia digital, a ultrassonografia (US) da mama e, recentemente, a ressonância magnética (RM)4.

De todas as técnicas de imagem da mama que estão atualmente disponíveis, incluindo MMG, US, tomografia (TC) e cintilografia, a RM apresenta a maior sensibilidade para CA de mama invasivo3. Sua alta sensibilidade é

dada porque detecta o tamanho do tumor e sua rela-ção com as demais estruturas anatômicas2, demonstra

a extensão da lesão2, afasta ou constata a presença de

lesão multifocal e/ou lesão multicêntrica2,5. Porém, não

possui alta especificidade, apresentando vários casos de falsos positivos, além de não diferenciar algumas lesões benignas de malignas2.

Muitas indicações para realização da RM das mamas têm sido identificadas e avaliadas6. O Colégio Americano de

Radiologia (ACR) apresentou um guideline de doze apli-cações clínicas da RM na avaliação de doenças mamárias, são elas: rastreamento de CA de mama em pacientes de alto risco, rastreamento da mama contralateral em pa-cientes com novo CA de mama, avaliação de implantes de silicone, avaliação da extensão do carcinoma invasivo e do carcinoma ductal in situ, avaliação da invasão da fáscia, pós-esvaziamento axilar com margens positi-vas, avaliação de quimioterapia (QMT) neo-adjuvante, avaliação da recorrência do CA de mama, avaliação de CA metastático quando o CA primário é desconhecido (suspeitando-se de ser mamário), caracterização da lesão quando outro método de imagem é inconclusivo, avalia-ção da reconstruavalia-ção de tecidos no pós-operatório e para a biopsia guiada pela RM7.

Buscamos avaliar com esse trabalho o perfil de indica-ções de RM na avaliação de patologias mamárias em um serviço de radiologia geral de Itajaí-SC, e discutir se esse exame vem sendo solicitado de acordo com a literatura.

matEriaisE métodos

Foi realizado um estudo quantitativo, retrospectivo e transversal através da revisão de 89 laudos de exames de imagem de pacientes submetidas ao exame de RM das mamas, realizados em uma clínica de radiologia do município de Itajaí (SC).

Foram incluídas na pesquisa todas as pacientes do sexo feminino, de qualquer idade, que tenham realizado a RM das mamas no período de janeiro de 2011 até abril de 2012. Os dados coletados dos prontuários compreenderam a idade e informações sobre o ciclo menstrual da paciente, indicação da RM mamária, o laudo do exame realizado, além dos resultados que são categorizados de acordo com o léxico Breast Imaging Reporting and Data System (BI-RADS®)8. Avaliou-se, também, se a paciente trouxe

exames prévios e o seu respectivo BI-RADS®. O BI-RADS® foi classificado em nove categorias, sendo elas: BI-RADS® 0, BI-RADS® 1, BI-RADS® 2, BI-RADS® 3, BI-RADS® 4A/B/C, BI-RADS® 5 E BI-RADS® 6.

Em relação à idade, foram considerados intervalos de dez anos, a partir de 21 anos. Não houve pacientes com idade inferior a 21 anos e superior a 90 anos.

As informações analisadas sobre o ciclo menstrual foram data da ultima menstruação, uso de anticoncepcional oral (ACO), se a paciente estava no climatério ou menopausa, e se fazia uso de terapia de reposição hormonal (TH). Foram excluídos os seguintes dados: nome do paciente preservando a privacidade, o nome do médico solicitante e o telefone. Também foram excluídos a data do exame e o tipo de convênio.

Tais dados foram registrados em uma planilha de software Microsoft Office Excel® 2007 para análise estatística. Para descrever as variáveis quantitativas foram calculadas as médias e os desvios-padrão, valores mínimos, máximos e medianos. As variáveis categóricas foram descritas por meio de suas freqüências absolutas (n) e relativas (%). A associação entre as variáveis foi analisada por meio do teste do Qui-quadrado de Pearson. Foram consideradas significativas as diferenças quando valor de p≤0,059. As

análises foram realizadas através dos aplicativos Micro-soft Excel e EpiInfo 6.04.

(3)

Revista Brasileira de Oncologia Clínica  Vol. 9, no 34  outubro /novembro /dezembro  2013 O exame de RM de mama de todas as pacientes foi

bilate-ral, usando bobina dedicada, em um Magneto de 1,5 T. A paciente foi colocada em posição prona e as mamas foram imobilizadas com leve compressão. Os seguintes cortes foram obtidos: axiais “Fast Spin- Echo” ponderados em T2; sagitais “STIR”; coronal T2; axiais “Gradient-Echo” 3D ponderados em T1, com saturação de gordura, antes e após (5 sequências) a injeção endovenosa de contraste paramagnético (gadolíneo); T2 com supressão de silicone quando com prótese mamária; sagitais “Fast Spin Echo” ponderados em T1 com alta resolução e saturação de gordura, após a injeção de contraste; pós processamento com técnica de subtração e analise das curvas dinâmicas de realce (ROI) e reconstrução 3D MIP nos planos axiais, coronais e sagitais.

Os procedimentos do estudo seguiram as recomendações da Resolução 196/96 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para pesquisas envolvendo seres humanos.  rEsultados

Foram analisados 89 laudos de RM de mama de pa-cientes submetidas ao exame de ressonância magnética das mamas, realizados em uma clínica de radiologia do município de Itajaí (SC), no período de janeiro de 2011 a abril de 2012.

A idade das pacientes variou de 24 a 80 anos, sendo a média de idade 46 anos. A faixa entre 31-40 anos perfez a maioria, sendo 25,84% (n=23). (Gráfico 1)

como indicação a avaliação de implante mamário. Destas 4,49% (n=4) tiveram a avaliação de nódulo mamário concomitantemente, bem como outras três pacientes (3,36%) que além da avaliação de prótese mamária tive-ram avaliação adicional de cisto, achados inconclusivos em mamografia e/ou ultrassonografia e rastreamento por ter alto risco para câncer de mama.

A segunda indicação mais prevalente foi avaliação de nódulo mamário, correspondendo a 17,97% das pa-cientes (n=16). As que tiveram somente esta indicação correspondem a apenas 3,37% das pacientes (n=3), sendo que o restante (14,6%) teve adicionalmente as seguintes indicações: avaliação de implante mamário, achados inconclusivos na mamografia e/ou ultrassonografia, avaliação antes e/ou após quimioterapia neoadjuvante, cisto e distorção arquitetural/assimetria focal.

A terceira indicação de RM mais prevalente foi devido a achados inconclusivos na MMG e/ou US, representando 16,85% das pacientes (n=15). Sendo que 11,23% das pacien-tes (n=10) tinham outras indicações somadas a essa, incluin-do avaliação de implante mamário, cisto, nódulo, avaliação antes e/ou após quimioterapia neoadjuvante, rastreamento por alto risco para câncer de mama, distorção arquitetural/ assimetria focal e pós-mastectomia com reconstrução. Distorção arquitetural e assimetria focal corresponde-ram à quarta indicação mais prevalente, perfazendo um total 11,24% (n=10) das pacientes, sendo uma indicação raramente isolada. Em 10,12% há outras indicações concomitantes.

Outra aplicação clínica da RM de mama foi para a avalia-ção antes e/ou após quimioterapia neoadjuvante,

corres-Tabela 1. Indicações de Ressonância Magnética de mama

Indicações de Ressonância Magnética

de mama N %

Avaliação de implante mamário 43 48,31%

Nódulo 16 17,97%

Achados inconclusivos na mamografia

e/ou ultrassonografia 15 16,85% Distorção arquitetural/assimetria focal 10 11,24% Avaliação antes e/ou após

quimioterapia neoadjuvante

8 8,99%

Carcinoma 5 5,62%

Avaliação de tumor recorrente/cicatriz

cirúrgica após cirurgia mamária 5 5,62%

Cisto 4 4,49%

Pós-mastectomia com reconstrução 4 4,49% Estadiamento e planejamento cirúrgico 3 3,37% Rastreamento de pacientes com alto

risco para câncer de mama 2 2,25% Pós-reconstrução da mama com

retoabdominal 1 1,12%

Gráfico 1. Faixa etária

As informações sobre o período do ciclo menstrual (ou sobre a influência hormonal) que a paciente se encontrava no momento da realização do exame de RM de mama foram obtidas somente em 23,60% das pacientes (n=21), sendo os dados a data da ultima menstruação (8,38%), menopausa (2,9%), climatério (4,19%), TH (1,5%), histe-rectomia (1,5%), amenorréia (1,5%) e ACO (4,19%). Quanto às indicações do exame de ressonância magnética de mama (Tabela 1), 48,31% das pacientes (n=43) tiveram

(4)

pondendo à indicação de 8,99% das pacientes (n=8), com 4,49% delas tendo somente esta indicação, e 4,5% sendo indicadas a realizar a RM de mama também por avaliação de nódulo e carcinoma e devido a achados inconclusivos na mamografia e/ou ultrassonografia.

Outras indicações menos frequentes para a RM mamária foram avaliação de tumor recorrente/cicatriz cirúrgica após cirurgia, carcinoma, cisto, avaliação pós-mastec-tomia com reconstrução, estadiamento e planejamento cirúrgico, rastreamento de pacientes com alto risco para câncer de mama, entre outros.

Dentre os 89 laudos analisados, os principais achados (Tabela 2) foram nódulos, encontrados em 35,96% das pacientes (n=32), seguido de alterações em prótese ma-mária (contratura, ruptura, dobra, liquido peri-implante, prega, deslocamento, contorno irregular e silicone livre) e imagem de cisto perfazendo 32,58% (n=29), e 28,09% (n=25), respectivamente. 25,84% (n=23) dos laudos não descreviam anormalidades no exame. Áreas de realce pelo contraste foram evidenciadas em 20,22% das pa-cientes (n=18), e em 12,36% das papa-cientes (n=11) foram encontrados linfonodos intramamários habituais, seguido de esteatonecrose com 11,24% das pacientes (n=10). Carcinoma foi descrito em 6,74% das pacientes (n=6). Distorção arquitetural/assimetria focal em 4,49% das pacientes (n=4). Com menor prevalência tiveram achados de fibrose de estroma, mamoplastia, ductos dilatados com nódulos em seu interior e edema de pele e retração de papila, esses perfazendo um total de 7,87%.

tiveram alterações encontradas. Além disso, houve 8 pa-cientes que mesmo não tendo a indicação para avaliação da prótese mamária, tiveram-na descrita na conclusão do laudo, sendo que destas, uma paciente tinha alterações na prótese e 15,21% (n=7) não tinham a mesma alterada. Dentre as pacientes que foram indicadas (n=15) a realizar o exame de RM de mama devido a achados inconclusivos na MMG e/ou US (Tabela 3), 13,33% (n=2) tiveram como con-clusão alteração em prótese de mama, enquanto que 6,67% (n=1) não tinham alterações na prótese mamária. 26,67% (n=4) apresentaram áreas de realce pelo contraste, 20% (n=3) das pacientes tinham esteatonecrose, 26,67% (n=4) apresenta-ram cisto ao exame de imagem, 46,67% (n=7) das pacientes apresentavam achados de nódulo. Achados menos freqüentes foram distorção arquitetural/assimetria focal em 13,33% (n=2), fibrose de estroma, linfonodo intramamario habitual, ductos dilatados com nódulos em seu interior e achados negativos no exame, com 6,67% cada um, separadamente. Quanto ao BI-RADS® das RM de mama analisadas, a maioria, 41,57%, das pacientes (n=37) tiveram achados benignos (BI-RADS® 2), seguido de 34,83% das pacientes (n=31) com BI-RADS® 3. O BI-RADS® 4A correspondeu a 6,74% das pacientes, e 5,62% das pacientes tiveram como resultado BI-RADS® 4B e 6, separadamente. O restante, 5,61% das pacientes (n=5), tiveram como resultado o BI-RADS® 1, BI-RADS® 4C e BI-RADS® 5.

Tabela 2. Achados de imagem na RM de mama

Achados na RM de mama n %

Nódulo 32 35,96%

Implante com alterações 29 32,58%

Cisto 25 28,09%

Implante sem alterações 22 24,72% Áreas de realce pelo contraste 18 20,22% Linfonodo intramamario habitual 11 12,36%

Esteatonecrose 10 11,24%

Carcinoma 6 6,74%

Distorção arquitetural/assimetria focal 4 4,49%

Achados negativos 3 3,37%

Mamoplastia 2 2,25%

Ductos dilatados com nódulos no seu

interior 2 2,25%

Edema de pele e retratação de papila 2 2,25%

Fibrose de estroma 1 1,12%

Tabela 3. Resultados das pacientes com achados

inconclusivos na mamografia e/ou ultrassonografia

Resultados nas pacientes com achados

inconclusivos na MMG e/ou US n %

Nódulo 7 46,67%

Áreas de realce pelo contraste 4 26,67%

Cisto 4 26,67%

Esteatonecrose 3 20%

Prótese mamária alterada 2 13,33% Distorção arquitetural/assimetria focal 2 13,33% Prótese mamária sem alterações 1 6,67%

Fibrose de estroma 1 6,67%

Linfonodo intramamario habitual 1 6,67% Dictos dilatados com nódulos em seu interior 1 6,67%

Achados negativos 1 6,67%

Entre as pacientes que tiveram como indicação a ava-liação de prótese mamária, 65,11% (n=28) delas tiveram alteração na prótese de mama, e 34,88% (n=15) não

Dentre as 89 pacientes que realizaram a RM de mama, 70,79% (n=63) trouxeram algum tipo de exame de mama prévio. Destes, 68,25% (n=43) eram mamografia, 79,36% (n=50) ultrassonografia e 7,93% (n=5) ressonância mag-nética prévia de mama, sendo que 47,61% (n=30) das pacientes possuíam mamografia e ultrassonografia juntas. Os BI-RADS® das mamografias prévias (n=43) apareceram com a seguinte frequência: BI-RADS® 2 com 37,21%,

(5)

Revista Brasileira de Oncologia Clínica  Vol. 9, no 34  outubro /novembro /dezembro  2013 BI-RADS® 0 com 25,58%, BI-RADS® 1 e BI-RADS® 3

ambos com 11,63%, BI-RADS® 4A e 4B com 4,65% e BIRDS® 5 E 6 com 2,33%, sendo que não havia nenhum BI-RADS® 4C descrito. Os BI-RADS® das ultrassonografias prévias (n=50) apareceram com as seguintes frequências: BI-RADS® 2 em 26%, BI-RADS® 3 em 24%, BI-RADS® 4A em 20%, BI-RADS® 0 em 12% e BI-RADS® 1, BI-RADS® 4B e BI-RADS® 4C apareceram em 6% das ultrassonogra-fias, separadamente. Nas ressonâncias magnéticas prévias que as pacientes trouxeram, havia duas com BI-RADS® 2, duas com BI-RADS® 3 e somente uma com BI-RADS® 4A.  discussão

O câncer (CA) de mama representa a segunda neoplasia mais comum no mundo. Apesar do câncer de mama ser de prognóstico relativamente bom se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil, provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados10.

De todas as técnicas de imagem da mama que estão atual-mente disponíveis, incluindo MMG, US, tomografia (TC) e cintilografia, a RM apresenta a maior sensibilidade para CA de mama invasivo3 e maior acurácia em avaliar o tamanho

e as características morfológicas do tumor, bem como no diagnóstico de lesões multifocais e multicêntricas2.

Apesar do papel atual de destaque da RM no CA de mama, demonstrado na literatura, pudemos observar que, em nosso estudo, apesar das indicações de maior prevalên-cia estarem presentes em guidelines7, poucas foram as

indicações para rastreamento de pacientes com alto risco para CA de mama, estadiamento/ planejamento cirúrgico, perfazendo um total de 2,25% e 3,37%, respectivamente, indicações essas que perfazem a maioria em outros estu-dos4. Por outro lado observamos uma alta prevalência de

indicações para avaliação de próteses mamárias, sendo quase metade das pacientes (48,31%) com essa indicação, seguido de seguido de avaliação de nódulo (17,97%) e achados inconclusivos da MMG e / ou US (16,85%). Em uma metanálise comparando os métodos de imagem na detecção de ruptura de implante a sensibilidade foi de 38% para MMG, 59% para US e 78% para RM11. Estudos

sugerem que a RM deve ser indicada para confirmar ou excluir ruptura apenas em pacientes sintomáticas sem alterações nos exames de imagem convencionais12.

Observamos no nosso estudo que 53,48% das pacientes com indicação de avaliar prótese mamária trouxeram exames anteriores e não avaliamos se estas pacientes eram sintomáticas ou não.

Como citado anteriormente, a avaliação de nódulo mamá-rio foi a segunda indicação mais comum em nosso estudo, porém não havia nos laudos mais informações sobre eles, como dados morfológicos, tamanho, se era palpável ou não, ou se era para diferenciar de cistos. Estudos relatam que em determinadas situações o método pode ser uma

alternativa a biópsia ou ao acompanhamento, especial-mente em pacientes que apresentem múltiplos achados ou nódulos, que não foram esclarecidos, e o médico deseja definir qual das lesões merece prosseguir na investigação13.

Achados inconclusivos em exames anteriores foram a indicação em 16,85% das pacientes. Devido ao alto valor preditivo negativo da RM, esta é uma das indicações mais antigas do método, porém não há evidência científica que justifique o uso da RM no esclarecimento desses proble-mas13. Para tanto, é importante a seleção cuidadosa de

pacientes com achados inconclusivos em outros métodos de imagem, por ser a RM um exame com potenciais resultados falso-positivos e alta frequência de achados incidentais14.

Com relação aos demais dados analisados, concluímos que a idade média observada nos 89 laudos analisados foi de 46 anos, semelhante ao encontrado na literatura4.

Evidenciamos também que a maioria das pacientes da amostra (70,79%) trouxe algum exame de imagem prévio. A comparação da RM com exames prévios permite uma avaliação mais completa pelo médico radiologista, já que este terá parâmetros comparativos, o que pode direcionar a conduta do médico assistente4.

No laudo de apenas 23,60% das pacientes havia infor-mação sobre seu ciclo menstrual ou influência hormonal, o que é considerado insuficiente, pois de acordo com a fase do ciclo pode haver impregnação anômala do ga-dolínio no parênquima mamário, o que pode dificultar a interpretação do exame e ainda simular uma lesão, ou seja, induzir a um resultado falso-positivo3.

Todos os laudos analisados foram classificados de acordo com o recomendado pelo ACR BIRADS®8. Concordando

com os achados em literatura,4 não houve resultados

in-conclusivos (BI-RADS® 0) em nosso estudo. A maioria dos laudos (41,57%) foi classificada como BI-RADS® 2, o que seria esperado, pois, 48,31% das nossas indicações foram para avaliação de prótese mamária, que, mesmo alteradas, são classificadas como achados benignos. A diferença nas porcentagens deve-se a outros achados incidentais. A RM vem conquistando progressivamente aplicabilidade como método adjunto da MMG, tornando-se um método mais disseminado na prática clínica diária, mas deve ter seu uso ponderado e seguindo indicações precisas, pois é um exame de alto custo, com grande número de falsos positivos e que não substitui a mamografia como método de rastreio do câncer de mama. Atribuímos a discordância de prevalência das indicações da RM de mama, por ser este uma ferramenta diagnóstica recente em nosso meio e ao N pequeno avaliado em nosso trabalho.

rEfErências

1. Brasil. Ministério da saúde. Instituto Nacional do Câncer.

Estima-tivas 2012: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA;

2012. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/

(6)

2. Alvares BR, Michell M. O uso da ressonância magnética na inves-tigação do câncer mamário. Radiol Bras. 2003; 36: 373-8. 3. Kuhl CK. The current status of breast MR imaging. Part 1. Choice

of technique, image interpretation, diagnostic accuracy, and transfer to clinical practice. Radiology. 2007; 244: 356-78

4. Marques EF, Medeiros MLL, Souza JA, Mendonça MC, Bitencourt AGV, Chojniak R. Indicações de ressonância magnética das mamas em um centro de referência em oncologia. Radiol Bras 2011; 44(6): 363–6. 5. Brennan M, Spillane A, Houssami N. The role of breast MRI in

clinical practice. Aust Fam Physician. 2009; 38: 513-9

6. Chala LF, Barros N. Avaliação das mamas com métodos de imagem.

Radiol Bras. 2007;40(1):iv-vi

7. American College of Radiology Practice Guidelines for the Perfor-mance of Magnetic Resonance Imaging of the Breast. Disponível em: <http://www.acr.org>. Acesso em: Fevereiro 2012

8. American College of Radiology. Breast Imaging Reporting and Data System: BI-RADS Atlas. 4th ed. Reston, VA: American College of

Radiology; 2003.

9. KIRKWOOD,B. Essentials of medical statistics. 1988.

10. Brasil. Ministério da saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer. Estimativas 2008: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2007.

11. Lalonde L, David J, Trop I, Magnetic resonance imaging of the breast: current indications. Can Assoc Radiol J. 2005; 56: 301–8. 12. Sardanelli F, Boetes C, Borisch B, et al. Magnetic resonance imaging

of the breast: recommendations from the EUSOMA working group.

Eur J Cancer. 2010;46:1296-316

13. BRANDÃO A. Ressonância magnética da mama. 2010.

14. Moy L, Elias K, Patel V, et al. Is breast MRI helpful in the evaluation of inconclusive mammographic findings AJR Am J Roentgenol. 2009; 193:986-93.

Referências

Documentos relacionados

O primeiro conjunto de artigos, uma reflexão sobre atores, doenças e instituições, particularmente no âmbito da hanse- níase, do seu espaço, do seu enquadramento ou confinamen- to

Martins e De Luca (1994) mencionam que o passivo ambiental é toda a agressão que se pratica ou praticou contra o meio ambiente. Uma empresa possui um passivo ambiental quando

Dentre as principais conclusões tiradas deste trabalho, destacam-se: a seqüência de mobilidade obtida para os metais pesados estudados: Mn2+>Zn2+>Cd2+>Cu2+>Pb2+>Cr3+; apesar dos

Como foi visto, a primeira etapa do processo decisório de consumo é o reconhecimento da necessidade, com isso, observou-se que, nessa primeira etapa, os consumidores buscam no

O desempenho dos alunos nas Provas Bimest rais de Produção Text ual, est á indicado por seis níveis, os quais const it uem indicadores para a intervenção pedagógica

Com relação aos result ados das provas bimest rais, nas avaliações de Produção Text ual, de M at emát ica e de Ciências, a maior part e dos alunos apresent a um desempenho

Com relação aos result ados das provas bimest rais, nas avaliações de Leit ura, de Produção Text ual e de Ciências, a maior parte dos alunos apresent a um desempenho

Ainda no desenrolar do primeiro projecto fui realizando alguns esboços de possíveis peças a desenvolver (Ver Anexo X), sendo que em pequenas trocas de ideias pontuais com