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REPOSITORIO INSTITUCIONAL DA UFOP: Análise espacial das áreas verdes do perímetro urbano de Ouro Preto (MG).

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

MESTRADO EM

ENGENHARIA AMBIENTAL

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental

DISSERTAÇÃO

ANÁLISE ESPACIAL DAS ÁREAS VERDES DO

PERÍMETRO URBANO DE OURO PRETO (MG).

Autor: Thiago Nogueira Lucon

(2)

Universidade Federal de Ouro Preto

Programa de Pós-Graduação Engenharia Ambiental

Mestrado em Engenharia Ambiental

THIAGO NOGUEIRA LUCON

ANÁLISE ESPACIAL DAS ÁREAS VERDES DO

PERÍMETRO URBANO DE OURO PRETO (MG).

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade

Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do título: “Mestre em

Engenharia Ambiental” – Área de Concentração:

“Meio Ambiente”.

Orientador: Prof. Dr. José Francisco do Prado Filho

(3)

Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br

L941a Lucon, Thiago Nogueira.

Análise espacial das áreas verdes do perímetro urbano de Ouro Preto (MG) [manuscrito] / Thiago Nogueira Lucon – 2011.

169 f. : il. color.; grafs.; tabs.; mapas.

Orientador: Prof. Dr. José Francisco do Prado Filho. Co-orientador: Prof. Dr. Frederico Garcia Sobreira.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Ambiental.

Área de concentração: Meio Ambiente.

1. Preservação ambiental - Teses. 2. Desenvolvimento econômico - Aspectos ambientais - Teses. 3. Indicadores ambientais - Teses. 4. Espaço urbano - Ouro Preto (MG) - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

(4)
(5)

Primeiro foi necessário civilizar o homem

em relação ao próprio homem. Agora é

necessário civilizar o homem em relação

a natureza e os animais...

(6)

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. José Francisco do Prado Filho, pela orientação, por conselhos, diretrizes, apoio e principalmente pela liberdade e confiança.

Ao Prof. Dr. Frederico Garcia Sobreira, pela amizade, apoio, orientação e ajuda com a interpretação de dados e confecção dos mapas.

Ao Prof. Dr. Arnaldo Freitas de Oliveira Junior e ao Prof. Dr. Paulo Monte Alto, pelo apoio na interpretação de dados e leis e pela amizade e boa vontade.

Ao MSc. Paulo Roberto Simões, pela ajuda na confecção e interpretação dos mapas e pela amizade e apoio.

À Secretaria de Municipal de Patrimônio de Ouro Preto, pelo fornecimento dos dados cartográficos da cidade e também pelo apoio ao estudo.

Aos colegas da Sociedade Excursionista e Espeleológica (SEE), pelo apoio, companheirismo e ajuda na compilação dos dados amostrais.

Aos colegas da Pós-Graduação, pelo incentivo e apoio nas atividades.

À minha noiva, pela ajuda, paciência, confiança, apoio e incentivo, além do companheirismo e da ajuda com a organização dos dados amostrais.

(7)

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ... v

SUMÁRIO ... 6

LISTA DE FIGURAS ... 9

LISTA DE TABELAS ... 12

LISTA DE QUADROS ... 13

LISTA DE SIGLAS ... 14

RESUMO ... 15

ABSTRACT ... 16

1. INTRODUÇÃO ... 17

1.2 Justificativa ... 21

1.3 Objetivos ... 23

2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 24

2.1 Conceitos de área verde urbana ... 26

2.2 APP: definição e principais funções ambientais ... 31

2.3 Legislação pertinente ... 39

2.3.1 Legislação Federal ... 40

2.3.1.1 Lei Federal n.º 4.771/65 – Código Florestal ... 41

2.3.1.2 Lei Federal n.º 6.766/79 ... 42

2.3.1.3 Nova proposta de redação do Código Florestal ... 42

2.3.1.4 Lei Federal n.º 9.433/97 ... 43

2.3.1.5 Resolução CONAMA nº 303/02 ... 44

(8)

2.3.2.1 Lei Estadual n.º 14.309/02 ... 45

2.3.2.2 Lei Estadual n.º 18.023/09 ... 45

2.3.3 Legislação Municipal ... 46

2.3.3.1 Lei Municipal Complementar n.º 29 ... 46

2.3.3.2 Lei Municipal Complementar n.º 93 ... 49

2.4 Indicadores socioambientais aplicados em áreas urbanas ... 51

2.5 Ecologia urbana, qualidade de vida e relação custo/benefício das áreas verdes arborizadas ... 53

3. MATERIAIS E MÉTODOS ... 55

3.1 Pesquisa bibliográfica ... 56

3.2 Aquisição, seleção e tratamento das bases cartográficas ... 56

3.3 Fotointerpretação, classificação do uso do solo urbano de Ouro Preto e atividades de campo ... 57

3.4 Geoprocessamento e elaboração de bancos de dados ... 62

3.5 Determinação dos indicadores socioambientais aplicados em áreas urbanas ... 63

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ESTUDADA... 66

4.1 Breve histórico de ocupação da área urbana de Ouro Preto ... 68

4.2 Clima ... 75

4.3 Vegetação ... 76

4.4 Hidrografia ... 78

4.5 Geologia e Geomorfologia do Quadrilátero Ferrífero (QF) e da Área Estudada ... 81

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 90

(9)

5.2 Identificação, classificação e quantificação das APP do perímetro urbano de Ouro Preto

... 93

5.2.1 APP relativas à declividade ... 93

5.2.1 APP relativas à declividade ... 93

5.2.2 APP dos topos de morro ... 98

5.2.3 APP relativas a corpos d’água corrente ... 102

5.3 Quantificação e análise do conjunto das APP do perímetro urbano de Ouro Preto 108 5.4 Confronto de leis aplicáveis ao estudo proposto ... 117

5.5 Análises dos indicadores socioambientais: DP, PAV e IAV. ... 123

5.5.1 População e DP dos setores censitários de Ouro Preto ... 123

5.5.2 Porcentagem de áreas verdes (PAV) ... 128

5.5.3 Índices de áreas verdes (IAV) ... 130

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 135

7. RECOMENDAÇÕES ... 139

8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 140

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 Algumas APP,segundo o Código Florestal Brasileiro (Lei Federal n.° 4.771/65). Fonte: Veja 26/01/2011, página 78.

20

Figura 2.1 Fluxograma de Classificação do Verde Urbano de acordo com Cavalheiro et al.

(1999, apud Buccheri Filho & Nucci, 2006).

29

Figura 2.2 Faixas e Funções da Zona Ripária. Fonte: Connecticut River Joint Commissions (2008, apud CAMPOS, 2010).

33

Figura 2.3 Proposta de redação do Código Florestal. Fonte: Folha de São Paulo. 16/01/2011. Caderno C, página 1, com adaptação

42

Figura 3.1 Fluxograma das atividades desenvolvidas. 55

Figura 3.2 Vista de Arruamento e Área Construída. A: área localizada no Bairro Nossa Senhora do Pilar, à esquerda e à direita, Centro; B: área localizada no Bairro Centro, Praça Tiradentes.

58

Figura 3.3 Vista de Solo Exposto. A: área localizada no Bairro Passa Dez de Baixo; B: área não constituída por bairros, no cinturão verde, próximo ao trevo da entrada de Ouro Preto.

59

Figura 3.4 Vista de Vegetação Herbácea. A: área localizada no Bairro Vila Aparecida, divisa com Morro do Cruzeiro; B: área localizada no Bairro Jardim Alvorada, Lago do Azedo (antiga barragem de rejeito da Novelis); C: área localizada entre os Bairros Barra e Morro do Cruzeiro (IFMG e UFOP).

59

Figura 3.5 Vista de Áreas Reflorestadas com Eucalipto. A: área localizada no Bairro Morro do Cruzeiro, divisa com Saramenha de Baixo; B: área localizada no Morro do Cruzeiro, divisa com Saramenha e Vila dos Engenheiros.

60

Figura 3.6 Vista de Vegetação Arbustiva. A: área localizada no Bairro São Francisco, divisa com Centro; B: área localizada no Bairro Vila Aparecida, divisa com Morro do Cruzeiro. C: Vista de candeia. C1: detalhe da inflorescência de Eremanthus, C2: indivíduo de Eremanthus; C3: detalhe de população de Eremanthus (candial) ao fundo.

60

Figura 3.7 Vista de Vegetação Arbórea. A: área localizada no Bairro São Francisco, divisa com o Bairro São Cristóvão e o Bairro Água Limpa; B: área localizada no Bairro Centro; C: área localizada no Bairro Passa Dez de Cima.

61

Figura 3.8 Representação das incongruências das bases cartográficas inseridas no perímetro urbano de Ouro Preto. A: detalhe do limite dos bairros; B: limite dos setores censitários.

65

Figura 4.1 Mapa com a localização e a distribuição geográfica dos bairros que compõem o perímetro urbano de Ouro Preto. Lei Municipal n.º 29/ 2007.

(11)

Figura 4.2 Ocupação urbana em Ouro Preto de 1698 a 1940. Fonte: Oliveira (2010). 69

Figura 4.3 Evolução da ocupação urbana de Ouro Preto (1950, 1969, 1978 e 1986). Fonte: Oliveira (2010).

71

Figura 4.4 Uso e ocupação urbana de Ouro Preto em 2004. Fonte: Oliveira (2010). 72

Figura 4.5 Áreas de mineração de Ouro Preto e evolução da ocupação em 1978, 1986 e 2004. Fonte: Oliveira (2010).

74

Figura 4.6 Índices pluviométricos mensais de Ouro Preto. Fonte: Castro (2006). 76

Figura 4.7 Fitofisionomias vegetacionais presentes na região de Ouro Preto. A: Cerrado; B: Campo rupestre; C: Floresta estacional semidecidual montana. 76

Figura 4.8 Mapa com a localização e distribuição das nascentes, rios e córregos do perímetro urbano de Ouro Preto e sua classificação quanto à ordem, de acordo com Horton-Strahler.

80

Figura 4.9 Mapa geológico do Quadrilátero Ferrífero. Fonte: Alkmim & Marshak (1998). 81

Figura 4.10 Mapa litoestratigráfico de Ouro Preto. Fonte: adaptado de CPRM (1993 apud

Oliveira 2010).

83

Figura 4.11 Registro de movimentos de massa de Ouro Preto e áreas de antigas minerações. Fonte: Adaptado de Castro (2006).

88

Figura 5.1 Representação gráfica da área total formada pelos bairros e do cinturão verde ou zona de amortecimento que compõem o perímetro urbano de Ouro Preto.

90

Figura 5.2 Mapa de uso do solo do perímetro urbano de Ouro Preto. 91

Figura 5.3 Representação gráfica das APP relativas às declividades superiores a 45º do perímetro urbano de Ouro Preto.

95

Figura 5.4 Áreas ocupadas irregularmente nas APP relativas às declividades acentuadas do perímetro urbano de Ouro Preto. A: final do Beco da Ferraria, Centro; B: divisa dos Bairros Água Limpa e Nossa Senhora do Rosário; C: Bairro Nossa Senhora do Pilar.

96

Figura 5.5 Representação gráfica da distribuição das APP relativas aos topos de morros do perímetro urbano de Ouro Preto e tipologias de uso do solo para os 10 locais selecionados.

100

Figura 5.6 Áreas ocupadas irregularmente nas APP relativas aos topos de morros do perímetro urbano de Ouro Preto. A: Morro do Cruzeiro (UFOP); B: Bairro São Francisco; C: Bairro Santa Cruz.

101

Figura 5.7 Representação gráfica das APP relativas à hidrografia (nascentes, córregos e rios) do perímetro urbano de Ouro Preto e tipologias quanto ao uso do solo, de acordo com o Código Florestal Brasileiro, Lei n.º 4.771/65.

(12)

Figura 5.8 Áreas ocupadas irregularmente nas APP relativas às margens dos corpos d’água do perímetro urbano de Ouro Preto. A e C: Bairro Nossa Senhora do Pilar; B e E: Bairro Nossa Senhora do Rosário; D: Bairro Antonio Dias.

104

Figura 5.9 Representação gráfica das APP relativas às margens de lagoas e represas inseridas no perímetro urbano de Ouro Preto e tipologias quanto ao uso do solo.

106

Figura 5.10 Áreas ocupadas irregularmente nas APP relativas às margens das lagoas e represas do perímetro urbano de Ouro Preto. A: Lagoa do Gambá em vários ângulos. A1 e

A2: vista da invasão das faixas marginais de 30 m pelas edificações; A3 : ausência da mata ciliar; A4: entulhos dispostos nas margens da Lagoa do Gambá.

107

Figura 5.11 Representação gráfica da distribuição das APP relativas aos topos de morro, à hidrografia e à declividade do perímetro urbano de Ouro Preto.

108

Figura 5.12 Representação gráfica das APP relativas à hidrografia, à declividade e aos topos de morro do perímetro urbano de Ouro Preto e tipologias quanto ao uso do solo.

109

Figura 5.13 Áreas com tendência para expansão urbana no núcleo de Ouro Preto. Fonte: Oliveira, (2010).

113

Figura 5.14 Representação gráfica das áreas passíveis de expansão no perímetro urbano de Ouro Preto, de acordo com o Código Florestal Brasileiro.

115

Figura 5.15 Representação gráfica da distribuição das APP relativas à aplicação ao perímetro urbano de Ouro Preto da nova proposta do Código Florestal.

117

Figura 5.16 Representação gráfica das APP relativas à hidrografia e à declividade do perímetro urbano de Ouro Preto e tipologias quanto ao uso do solo, de acordo com a nova proposta de redação do Código Florestal Brasileiro.

119

Figura 5.17 Representação gráfica da relação de perda de áreas verdes, considerando-se o Código Florestal vigente e a nova proposta de redação, para o perímetro urbano de Ouro Preto.

121

Figura 5.18 Mapa do perímetro urbano de Ouro Preto com a distribuição dos bairros sobre os setores censitários (IBGE, 2007).

125

Figura 5.19 Mapa do perímetro urbano de Ouro Preto com a distribuição dos bairros sobreos setores

censitários e as densidades populacionais (IBGE, 2007). 127

Figura 5.20 Mapa com a distribuição dos bairros sobreos setores censitários e respectivas PAV. 129

(13)

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 Número de feições e porcentagem relativa (em área) dos tipos de movimentos gravitacionais de massa e processos correlatos.

87

Tabela 5.1 Uso do solo no perímetro urbano de Ouro Preto (MG). 92

Tabela 5.2 Uso do solo das APP relativas à declividade superior a 45º situadas no perímetro urbano de Ouro Preto (MG).

96

Tabela 5.3 Locais para aplicação dos parâmetros estabelecidos pela Resolução CONAMA n.º 303/02 referente às APP de topos de morro.

99

Tabela 5.4 Tipologias de uso do solo das APP relativas aos topos de morro do perímetro urbano de Ouro Preto.

101

Tabela 5.5 Uso do solo das APP relativas à hidrografia. 104

Tabela 5.6 Uso do solo das APP relativas às margens de lagoas e represas do perímetro urbano de Ouro Preto.

106

Tabela 5.7 Uso do solo das APP relativas aos topos de morro,à hidrografia e à declividade do perímetro urbano de Ouro Preto.

110

Tabela 5.8 Uso do solo nos diferentes tipos de APP (declividade acentuada, topos de morro e hidrografia) inseridas no perímetro urbano de Ouro Preto. 111

Tabela 5.9 Conjunto de APP do perímetro urbano de Ouro Preto, de acordo com a nova proposta de redação do Código Florestal Brasileiro.

118

Tabela 5.10 Aplicação da Lei Federal n.º 6.766/1979 para APP relativas à hidrografia para o perímetro urbano de Ouro Preto.

(14)

LISTA DE QUADROS

(15)

LISTA DE SIGLAS

AE: Área Estudada

AP: Áreas Públicas

APP: Área de Preservação Permanente

AV: Área Verde

DP: Densidade Populacional

ha: Hectare(s), equivalente a 0,01 Km2 ou 10.000 m2

hab: Habitantes

IA: Índice de Adequação

IAV: Índice de Áreas verdes

PAV: Percentual de Áreas verdes

SIG: Sistema de Informações Geográficas

SMPOP: Secretaria Municipal de Patrimônio de Ouro Preto (MG).

ONU: Organizações das Nações Unidas.

UNESCO: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization.

(16)

RESUMO

O crescimento das cidades e suas consequências constituem uma preocupação dos profissionais ligados à questão urbano-ambiental. Ouro Preto não é diferente das demais cidades brasileiras, onde muitas das suas áreas legalmente protegidas foram suprimidas pela urbanização, reduzindo, assim, a qualidade dos recursos hídricos, a estabilidade geológica, a biodiversidade, bem como o bem- estar, a qualidade de vida e a qualidade ambiental da população. Em vista disso, este estudo identifica, quantifica e classifica o uso do solo do perímetro urbano, destacando as áreas de preservação permanente (APP) definidas de acordo com a Lei Federal n.° 4.771/65 e a Lei Municipal n.º 93/06. Também calcula índices socioambientais, como densidade populacional (DP), porcentagem de áreas verdes (PAV) e índice de áreas verdes (IAV), para cada um dos setores censitários de Ouro Preto (IBGE, 2007). De acordo com os resultados obtidos, o perímetro urbano é composto por 27,9 km2, sendo 14,5 km2 distribuídos entre os 38 bairros que compõem a cidade e 13,3 km2 formados por um cinturão verde, áreas verdes localizadas no perímetro urbano, porém não compreendidas em nenhum bairro. Aproximadamente, 24% (6,69 km2) da área do perímetro urbano de Ouro Preto é constituída de áreas construídas, arruamento e solo exposto, e 76% (21,09 km2) de áreas verdes (vegetação herbácea, arbustiva, arbórea e revegetação com eucalipto). Com relação à aplicação das diretrizes propostas pelo Código Florestal (Lei Federal n.o 4.771/65), complementada pela Lei Municipal n.º 93/06, o perímetro urbano de Ouro Preto apresenta 19,37 km2 de APP, representando 69% da área total do perímetro. Dentre as APP, 19% (3,70 km2) encontram-se antropizadas, constituídas de áreas construídas (11%), arruamentos (3%) e solo exposto (5%), favorecendo problemas, como processos erosivos, instabilidade e deslizamentos de massa, assoreamento dos corpos d’água, diminuição na qualidade dos recursos hídricos. Com a aplicação dos indicadores socioambientais, pode-se observar que os setores mais populosos estão inseridos nos Bairros Padre Faria, Morro de Santana, Morro de São João, Nossa Senhora das Dores e Vila Aparecida; os setores com DP mais elevada pertencem aos Bairros Vila Itacolomi, Alto da Cruz e São Cristóvão; os setores com PAV mais baixa foram encontrados em setores inseridos nos Bairros São Cristóvão, Alto da Cruz e Vila Itacolomi e os piores valores do IAV foram encontrados para os setores que compreendem os Bairros Vila Itacolomi, Alto da Cruz e São Cristóvão. Analisando o conjunto de indicadores socioambientais (DP, PAV e IAV), nota-se que os setores censitários mais críticos da cidade pertencem aos Bairros Alto da Cruz, São Cristóvão e Vila Itacolomi, bairros que merecem atenção especial para o planejamento e ocupação. Por fim, os procedimentos indicam todas as APP, inclusive as ocupadas irregularmente, além de detectar, pelos indicadores socioambientais, os locais aptos a expansão e aqueles onde ela deve ser controlada ou mesmo proibida, procurando contribuir para futuras adequações do planejamento ambiental da cidade, de acordo com o Plano Diretor (OURO PRETO, 2006) e a Lei de Uso e Ocupação do Solo do município (OURO PRETO, 2011).

(17)

ABSTRACT

Professionals working on urban-environmental issues are concerned with the growth of cities and its consequences. The city of Ouro Preto is no different from other Brazilian cities, with many of their legally protected areas suppressed by urbanization, thus reducing the quality of water resources, biodiversity, geological stability, life and environmental quality and the local population’s well-being. This study identified, quantified and ranked the use of permanent preservation areas, emphasizing the permanent preservation areas (APP) defined according to Federal Law No. 4.771/65 (BRASIL, 1965) and the Municipal Law No. 93 (OURO PRETO, 2006). The study also estimated socio-environmental indices, such as population density, percentage of green areas and green area index, for each of the census tracts of the city of Ouro Preto (IBGE, 2007). According to the results the urban area is composed of 27.9km2 and 14.5km2 distributed among 38 districts that make up the city and the other 13.3km2 consisting of a green belt, green areas located within the urban perimeter, but not understood in any neighborhood. Approximately 24% (6.69km2) of the urban area of Ouro Preto is composed of built-up areas, streets and exposed soil, and 76% (21.09km2) of green areas (grass, shrubs, revegetation with trees and eucalyptus). Regarding the application of the guidelines proposed by the Forest Code - Federal Law No. 4.771/65 complemented by the Municipal Law No. 93, the city showed a permanent preservation area of 19.37 km2 representing 69% of the total area of the perimeter. Among the preservation areas in the urban perimeter 19% (3.70 km2) are degraded, consisting of built-up areas (11%), roads (3%) and bare soil (5%), favoring problems such as erosion, soil and slope instability, debrys flow, water bodies siltation, water quality decline, eutrophication, among others. With the implementation of socio-environmental indexes can be observed that the most populated areas are embedded in Padre Faria, Morro Santana, Morro São João, Nossa Senhora das Dores and Vila Aparecida neighborhoods; the sectors with population density higher belong to Vila Itacolomi, Alto da Cruz and São Cristóvão districts; the lower percentages of green areas were found in the sectors included in the neighborhoods São Cristóvão, Alto da Cruz and Vila Itacolomi; and the worst values of index of green areas were found in the sectors which includes Vila Itacolomi, Alto da Cruz and São Cristóvão districts. Analyzing the set of socio-environmental indicators, note that the census tracts critical of the city belong to Alto da Cruz, São Cristóvão and Vila Itacolomi neighborhoods, that deserve special attention for the planning and occupation. Finally, the procedures indicated all permanent preservation areas, including those illegally occupied by the city's population, and detect through social and environmental indicators, the local fit and others where the expansion should be controlled or even banned, trying to contribute to the future adjustments of the environmental planning of the city in accordance with the Master Plan (Ouro Preto, 2006) and the Law of Land Use and Occupation of the city (Ouro Preto, 2011).

(18)

Análise espacial das áreas verdes do perímetro urbano de Ouro Preto

(MG).

1. INTRODUÇÃO

A partir da metade do século XX, o modelo de desenvolvimento adotado no Brasil culminou em intenso e acelerado processo de urbanização, gerando ocupação desordenada e caótica dos espaços urbanos, desmatamento, problemas econômicos e sociais, além de forte pressão e deterioração do serviço de saneamento básico. Com o aumento na demanda de serviços de infraestrutura, passou a ocorrer um conflito pela conquista de espaços entre árvores, veículos, obras de construção e equipamentos públicos necessários, como arruamentos, iluminação, saneamento (MENEGUETTI, 2003).

De acordo com Bensusan (2006), o avanço crescente da humanidade sobre o meio ambiente, em função das tecnologias desenvolvidas, permite explorar mais rapidamente a natureza, causando profundas modificações na paisagem com influência direta na destruição da biodiversidade e constituindo uma preocupação dos profissionais e segmentos ligados à questão ambiental, pois, com o avanço das cidades, sem um planejamento adequado, há maior deterioração do espaço urbano. Isso propicia inúmeras consequências, como enchentes, deslizamentos de terra e rochas, que vêm ocorrendo cada vez com maior frequência e intensidade, atingindo centenas de cidades, milhões de brasileiros e deixando um rastro de milhares de vítimas fatais, além de prejuízos sociais, econômicos e ambientais imensuráveis.

(19)

Rossi-Espagnet et al. (1991) relatam que as mudanças climáticas globais, a chuva ácida, a destruição de florestas tropicais e o desaparecimento de diversas espécies animais e vegetais também são problemas relacionados com a urbanização acelerada e desordenada. De acordo com Gouveia (1999), a crise do ambiente urbano está originando diversos impactos na saúde ambiental, com problemas considerados prioritários, como os relacionados com a água, o saneamento básico, a moradia, a disposição dos resíduos sólidos e o ar.

O Código Florestal Brasileiro (Lei Federal n.º 4.771/65) determina que, nas APP, a vegetação seja mantida intacta, tendo em vista garantir a preservação dos recursos hídricos, da estabilidade geológica, da biodiversidade e o bem-estar da população humana.

As áreas verdes urbanas, incluídas as legalmente protegidas, atuam potencialmente na manutenção da qualidade ambiental, como provedoras de benefícios ao homem, interferindo positivamente na qualidade de vida pela manutenção das funções ambientais, sociais e estéticas que podem mitigar ou amenizar a gama de propriedades negativas da urbanização. Milano (1990, 1992 e 1994), Detzel (1992 e 1994), Sattler (1992), Cavalheiro & Del Picchia (1992), Cavalheiro (1992 e 1994), Goya (1994), Henke-Oliveira (1996), Metzger et al. (2010) e Ab'Sáber (2010) enfatizam os benefícios da vegetação urbana, abordando a sua importância para controle climático, redução da poluição do ar e da acústica, melhoria da qualidade estética, efeitos positivos sobre a saúde física e mental da população, aumento do conforto ambiental, valorização de áreas para convívio social, valorização econômica das propriedades, conservação da biodiversidade, estabilidade geológica, entre outros.

(20)

realidade urbana, auxiliando, assim, segundo Pereira & Carvalho (2000), a tomada de decisões sobre o espaço urbano.

Para Buccheri Filho & Nucci (2006), as áreas verdes devem ser discutidas no âmbito da ecologia da paisagem, segmento que se preocupa com o ordenamento, enfatizando aspectos ecológicos e, mais especificamente, a paisagem urbanizada com a conservação da natureza e o ordenamento do verde, para estabelecer um ambiente saudável e viável, em longo prazo, para o uso humano. Tem de haver, portanto, regulamentação do uso do solo e dos recursos ambientais, salvaguardando-se a capacidade dos ecossistemas e o potencial recreativo da paisagem e retirando-se o máximo proveito do que a vegetação pode fornecer para a melhoria da qualidade ambiental.

Ouro Preto é uma das mais importantes cidades históricas do Brasil, reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade, desde 1980, pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Unesco) e conhecida internacionalmente. Ela possui, no perímetro urbano, um conjunto arquitetônico colonial do século XVIII, exibindo, além de ruas estreitas e ladeiras tortuosas, magníficos exemplares da arquitetura religiosa e civil e diversas atrações históricas, artísticas e naturais. Mas, devido à falta de planejamento, desde os primórdios, a ocupação propiciou o aparecimento de inúmeros problemas com relação à utilização do espaço urbano, ferindo a harmonia das relações entre o meio biótico e abiótico e ignorando e suprimindo diversas áreas verdes, até as legalmente protegidas, as áreas de preservação permanente (APP).

(21)

Figura 1.1-Algumas APP, segundo o Código Florestal Brasileiro (Lei Federal n.° 4.771/65).

Fonte: Revista Veja 26/01/2011, página 78.

É importante destacar que os problemas relacionados à ocupação urbana se repetem e estão sempre relacionados à má utilização do meio físico. Dizem Sobreira e Fonseca (2001): “os problemas existentes na cidade de Ouro Preto [...] não decorrem apenas das condições naturais desfavoráveis, mas também em parte considerável da má utilização do meio físico e da

falta de planejamento e adoção de procedimentos regidos por critérios técnicos consagrados”. Além disso, o uso desordenado do meio físico continua a avançar sobre outras estruturas, suprimindo as APP e reduzindo as áreas verdes da cidade e as benesses oriundas delas.

(22)

O presente trabalho pretende estudar as áreas verdes do perímetro urbano de Ouro Preto com o objetivo de quantificar e qualificar desde as áreas verdes legalmente protegidas (APP), a aquelas de domínio público e privado. Com bases de dados geradas, pretende, assim, contribuir para futuras adequações do planejamento ambiental da cidade, com a aplicação de legislação pertinente e a identificação dos indicadores socioambientais, como densidade populacional (DP), percentual de áreas verdes (PAV), índice de áreas verdes (IAV) e identificação Áreas de Preservação Permanente (APP).

1.2 Justificativa

Com o crescimento das cidades, verifica-se constantemente a necessidade de novos equipamentos urbanos, como arruamentos e abertura de vias, instalações elétricas e sanitárias e edificações, que acabam por ocupar e suprimir áreas verdes, favorecendo inúmeras consequências ambientais negativas, como a formação de “ilhas de calor”, a alteração no balanço de energia, a diminuição da diversidade biológica urbana e a alteração da dinâmica dos sistemas geoambientais (enchentes, colapsos e deslizamentos de terra e rochas), causando grandes prejuízos à população, além de milhares de vítimas fatais.

(23)

Nesse sentido, as áreas verdes urbanas têm de ser planejadas com o intuito de valorizar seu papel no funcionamento/metabolismo da cidade. É preciso definir, pois, quanto deve ser preservado, transformado ou reconstruído para a consecução de ambientes agradáveis e sadios que propiciem uma rica vida de interações sociais e gestão ambiental equilibrada. A falta de preservação propicia graves prejuízos sociais econômicos e ambientais, acarretando sérios riscos para a população humana.

A ocupação sem planejamento, em Ouro Preto, resultou na utilização inadequada do meio físico, ferindo a harmonia das relações entre o meio biótico e abiótico e fazendo com que o menor evento de ordem climática ou geológica possa desencadear problemas humanos e físicos graves, pois as características naturais locais não foram respeitadas (SOBREIRA & FONSECA, 2001). De acordo com Oliveira (2010), o quadro de descaracterização do patrimônio arquitetônico e cultural e o crescimento desordenado em áreas de risco, sítios arqueológicos e áreas verdes fizeram com que a cidade sofresse ameaças de perder o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.

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1.3 Objetivos

Este estudo tem como principal objetivo analisar, classificar e quantificar as áreas verdes inseridas no perímetro urbano de Ouro Preto e suas relações com os aspectos do meio físico, biótico e socioeconômico. Os principais aspectos do meio físico analisados estão relacionados com rede hidrográfica, declividade e geometria das vertentes. No que se refere aos aspectos bióticos, busca-se verificar e quantificar a vegetação e determinar a tipologia predominante na área urbana (vegetação herbácea, arbustiva, arbórea e áreas reflorestadas com eucaliptos), incluída a identificação e quantificação das áreas de APP. Para o aspecto socioeconômico, são analisados indicadores socioambientais, visando a classificar a qualidade ambiental e de vida do local.

Portanto o objetivo proposto envolve estas ações:

1) Classificar e quantificar o uso do solo do perímetro urbano de Ouro Preto.

2) Identificar e quantificar as APP do perímetro urbano de Ouro Preto quanto à declividade (áreas de declividade superior a 45º), à existência de topos de morro (o terço superior relativo à cota máxima e a cota base do morro) e à hidrografia (nascentes, rios, córregos, lagoas e represas).

3) Confrontar o Código Florestal Brasileiro atual (Lei Federal n.º 4.771/65) com a nova proposta de redação em discussão no Senado Federal e aprovada pela Câmara em 24 de abril de 2011.

4) Realizar análise dos indicadores socioambientais: DP, PAV, e IAV.

5) Oferecer subsídios para o planejamento territorial de Ouro Preto, apresentando, em bases cartográficas, as APP, além de pontuar os valores referentes à aplicação dos indicadores socioambientais.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

O presente trabalho utiliza como referência autores cujas linhas de pesquisa permitem certas direções, como dinâmica populacional e uso e ocupação do solo de Ouro Preto, enfoque nas APP inseridas no ambiente urbano, pertinência e compatibilidade dos dispositivos legais de proteção das APP, aplicação de indicadores socioambientais para auxiliar a ocupação dos espaços urbanos, buscando agrupar diferentes metodologias e abordagens e estabelecer a metodologia adotada.

O estudo de Oliveira (2010) analisa a evolução da ocupação da área urbana de Ouro Preto, nas últimas cinco décadas, e investiga tendências, indicando dez áreas, que são analisadas com informações geológicas, geomorfológicas (declividade, geometria dos topos e vertentes, hipsometria e processos superficiais) e geotécnicas. Também identifica os atuais problemas relacionados ao uso/ocupação do solo, levanta o quadro atual da ocupação urbana, examina os usos atuais e conflitos em relação ao meio físico, à legislação vigente e ao Plano Diretor municipal e disponibiliza produtos cartográficos para auxiliar no planejamento urbano de Ouro Preto. Assim, detecta setores que são aptos à expansão, enquanto outros devem ser controlados ou mesmo ter a expansão proibida, considerando o Plano Diretor (Lei Municipal Complementar n.º 29/06), a Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município (Lei Municipal Complementar n.º 93/11).

A partir da interpretação dos dados relacionados à dinâmica populacional e ao uso e ocupação do solo do perímetro urbano de Ouro Preto, surgiu a necessidade de averiguar os casos de ocupação irregular de APP (margens dos corpos d’água, áreas de declividade acentuada, topos de morro) inseridas em áreas urbanas de outras localidades brasileiras, além de buscar referências com discussões a respeito da função ambiental das APP em áreas urbanas e os tamanhos que devem adotar.

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cursos d’água, nas margens de lagos, represas e reservatórios, no entorno das nascentes, nos topos de morro, nas encostas com declividade igual ou superior a 45º, nos mangues e nas várzeas, particularmente no ambiente urbano. O autor busca contribuir com as políticas urbanas das cidades, com foco nas regiões degradadas social e ambientalmente, onde são constantes os escorregamentos, enchentes e inundações, muitas vezes com mortes, como vem noticiando a imprensa.

Complementando o assunto relacionado às APP inseridas em áreas urbanas, Bastos (2008), que estuda a pertinência e a compatibilidade dos dispositivos legais de proteção das APP com as práticas socioeconômicas e culturais no semiárido baiano, avalia a evolução conceitual das APP, em especial dos cursos d’água e analisa o papel desempenhado pelas funções bióticas, abióticas e socioambientais e o estado atual dessas áreas ao longo de um trecho do rio Itapicuru-Açu, contemplando os municípios de Filadélfia, Itiúba, Ponto Novo e Queimadas. Para tanto, o autor analisa os tipos e a intensidade das pressões antrópicas, relacionando os impactos ambientais e as diferentes tipologias de uso e ocupação do solo. Com imagens do satélite IKONOS II (2005) e fotografias aéreas (1965, 1966, 1970) tratadas pelo software Arcgis, apresenta mapas digitais com as classes de cobertura do solo das APP do rio Itapicuru-Açu. Observa o autor que metade dessas APP estava ocupada por pastagens (50,83%), seguida da parte de vegetação preservada (41,18%), de solo exposto (6,89%), de plantação de coqueiros (0,91%), de área queimada (0,13%) e de estrada (0,06%).

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no IAV de 6,98 m2/hab, representando melhoria em relação à situação atual, contudo o valor prognosticado é considerado baixo, em comparação com outras cidades brasileiras.

Nesse sentido, complementando a gama de produtos ofertados pela utilização do geoprocessamento no estudo de áreas verdes, é possível obter diferentes indicadores tanto sociais quanto ambientais. Harder et al. (2006) aplicam índices ambientais para auxiliar a ocupação dos espaços urbanos no município de Vinhedo (SP). Para isso, realizam o levantamento das praças e árvores localizadas nos bairros da cidade. Como resultado, obtêm o valor de 2,19 m2 de área verde/habitante, para o índice de área verde total (IAVT) e 1,95 m2 de índice de área verde utilizável (IAVU), demonstrando que a maioria das áreas verdes apresenta função social. Assim, concluem que o município de Vinhedo apresenta o IAV abaixo do mínimo sugerido pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, isto é, de 15 m2 de área verde por habitante (SBAU, 1996).

A partir desses estudos, é possível determinar as metodologias a serem adotadas neste estudo, assim como definir as variáveis a serem trabalhadas, como a classificação e quantificação das áreas verdes inseridas no núcleo urbano e suas tipologias de uso e ocupação do solo e a aplicação dos indicadores socioambientais (DP, PAV e IAV), para apontar as áreas mais debilitadas do município.

2.1 Conceitos de área verde urbana

Tendo em vista a grande quantidade de trabalhos e discussões referentes ao assunto, foi realizada uma revisão conceitual acerca do termo. O conceito de área verde sugerido por Milano (1992) e adotado para o presente estudo é fruto da discussão do conceito de área livre de Kliass & Magnoli (1967).

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Segundo Kliass & Magnoli (1967), espaço livre, independentemente da destinação de uso, é uma área não edificada de propriedade municipal. Quando esse espaço se destina a área verde, passa a ser conceituado como espaço verde. Para a classificação dos espaços urbanos e suburbanos, Di Fidio (1990, apud Loboda & De Angelis, 2005) considera espaço verde urbano privado e semipúblico, espaço verde urbano público e espaço verde suburbano, definidos a seguir:

• Espaço verde urbano privado ou semipúblico: jardins residenciais, hortos urbanos, verde semipúblico;

• Espaço verde urbano público: praças, parques urbanos, verde balneário e esportivo, jardim botânico, jardim zoológico, mostra (ou feira) de jardins, cemitério, faixa de ligação entre áreas verdes, arborização urbana;

• Espaço verde suburbano: cinturões verdes.

De acordo com o Instituto Florestal do Estado de São Paulo (IFSP, 2011), denominam-se cinturão verde as áreas verdes localizadas na periferia das áreas urbanizadas. Foi criado com intuito, principalmente, de conter a expansão da mancha urbana em direção à periferia da cidade. Portanto o cinturão verde é o responsável pela manutenção e qualidade de vida: abriga os mananciais que abastecem a cidade e as cabeceiras e afluentes dos rios que cortam a área urbana; estabiliza o clima, impedindo o avanço das ilhas de calor em direção à periferia; auxilia na recuperação atmosférica filtrando o ar poluído, principalmente, por substâncias particuladas; abriga grande biodiversidade de espécies; protege os solos de áreas vulneráveis, por causa das chuvas torrenciais, amenizando as enchentes na malha urbana; apresenta uso social; constitui reserva do patrimônio cultural, etc.

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• Área verde: área em que ocorre o predomínio de vegetação arbórea, englobando praças, jardins públicos e parques urbanos. (Canteiros centrais de avenidas, trevos e rotatórias de vias públicas, que exercem apenas funções estéticas e ecológicas, também se conceituam como área verde, porém as árvores que acompanham o leito das vias públicas não são consideradas, pois as calçadas são impermeabilizadas.) • Parque urbano: área verde que tem função ecológica, estética e de lazer e extensão

maior que a das praças e jardins públicos.

• Praça: área cuja principal função é o lazer, podendo ser área verde ou área sem vegetação, impermeabilizada, como a Praça da Sé, em São Paulo, e a Praça de Tiradentes, em Ouro Preto. Quando apresenta vegetação é considerada jardim. • Arborização urbana: vegetação de porte arbóreo na cidade, sendo que as árvores

plantadas em calçadas fazem parte da arborização urbana, porém não integram o sistema de áreas verdes.

Para Cavalheiro et al. (1999 apud Buccheri Filho & Nucci, 2006), a conceituação de área verde urbana está relacionada a um tipo especial de espaço livre, em que o elemento fundamental é a vegetação. Para esses autores, a área verde deve satisfazer três objetivos principais: ecológico, estético e social. A vegetação e o solo (permeável) devem ocupar, no mínimo 70% da área, oferecendo diversos usos e serviços à população.

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Figura 2.1 - Fluxograma de Classificação do verde urbano de acordo com Cavalheiro et al. (1999, apud

Buccheri Filho & Nucci, 2006).

Para Bononi (2004), as áreas verdes urbanas, principalmente as que são capazes de fornecer benefícios à comunidade (manutenção da umidade relativa do ar, absorção de ruído e poeira, estabilidade geológica, entre outros), devem ou deveriam ser cuidadas pela administração pública municipal, porém, geralmente, falta aos municípios infraestrutura suficiente para cadastrá-las e implementá-las. Contudo o planejamento ambiental dessas áreas acaba se enquadrando na legislação relacionada com a criação de Área de Proteção Especial (APE) ou Área de Preservação Permanente (APP). Mas fica à escolha do poder

Município Cobertura Vegetal

Zona Rural Zona Urbana Zona de Expansão Urbana

Sistema de Espaços Livres Sistema de Espaços Construídos Sistemas de Espaços de Integração

Parques Verde Viário

Públicos Privados

Parque de Vizinhança Cemitérios

Áreas para Esportes Balneários

Horta Comunitária Outros...

Potencialmente

1. A vegetação é o elemento fundamental de composição? 2. Cumpre funções: ecológica, estética e de lazer?

3. Área com 70% de cobertura vegetal em solo permeável (sem laje)? 4. Serve à população?

5. Propicia condições para recreação?

Sim Não

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público municipal gerenciar, ou não, as áreas verdes que não se enquadram nas unidades de conservação instituídas.

Loboda & De Angelis (2005), citando diversos autores, destacam a seguinte classificação para as áreas verdes urbanas:

• Área para proteção da natureza: destinada à conservação, podendo possuir algum equipamento para recreação, de uso pouco intensivo;

• Área de função ornamental: canteiros de avenidas e rotatórias, áreas que não possuem caráter de conservação nem de recreação;

• Zona verde, espaço verde, área verde ou equipamento verde: qualquer espaço livre onde predominam áreas vegetadas, como parques, jardins ou praças.

Para o desenvolvimento deste trabalho, em vista da análise da bibliografia, adota-se o conceito de área verde de Milano (1992), por abranger, de maneira ampla, o objetivo definido:

(...) a vegetação presente nas cidades (...) é comumente tratada como área verde urbana e está estreitamente relacionada às áreas livres ou abertas; embora nem toda área livre seja constituída área verde, toda área verde constitui área livre, mesmo que sua natureza e função sejam restritas (...) Por outro lado, adaptações ao conceito de espaços livres consideram estes como áreas verdes quando predominantemente não impermeabilizados e/ou com significativa cobertura vegetal.

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2.2 APP: definição e principais funções ambientais

APP é uma área na qual, por imposição da lei, a vegetação deve ser mantida intacta. O regime legal de proteção da APP é rígido, visando à intocabilidade, admitida excepcionalmente a supressão da vegetação, em casos de utilidade pública ou interesse social previsto por lei.

De acordo com o Código Florestal (Lei Federal n.º 4.771/65), as APP apresentam a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora e o solo, além de assegurar o bem-estar da população humana e das gerações futuras. Para analisar essa função ambiental, busca-se uma bibliografia que apresenta abordagens específicas de cada um dos tipos considerados.

• Faixa marginal de cursos d’água

Uma das principais funções das APP das margens dos cursos d’água (zona ripária) é dar suporte à grande diversidade de fauna e flora, devido ao potencial de abrigar espécies adaptadas às condições de alta umidade e/ou encharcamento do solo, configurando importantes áreas para alimentação e dessedentação de espécies da fauna terrestre e aquática (CAMPOS, 2010).

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As zonas ripárias são corredores extremamente importantes para o movimento da fauna silvestre, oferecendo condições favoráveis à vida, na proteção e abrigo e na dispersão vegetal (MMA, 2005). Zanini (1998) e Soares (2000) enfatizam que a vegetação marginal dos corpos d’água está diretamente ligada à manutenção do equilíbrio do ecossistema aquático, da diversidade de espécies tanto da flora quanto da fauna e da estrutura genética de suas populações.

A preservação da vegetação ripária é fundamental para a proteção de córregos e rios, principalmente os que atravessam as cidades, sujeitos a um elevado grau de intervenção antrópica. Campos (2010), Hinkel (2003), Lindner & Silveira (2003) destacam que a vegetação ripária atua como filtro entre os terrenos mais altos e o ecossistema aquático, pois os sistemas radiculares das espécies existentes, além de exercer a função de sustentação, contribuem no controle do ciclo de nutrientes e retenção de sedimentos, interferindo na estruturação e infiltração d’água do solo e minimizando o escoamento superficial para os canais da bacia hidrográfica.

Hinkel (2003) verificou que “bacias com vegetação ao longo dos córregos apresentavam valores de temperatura, turbidez e cor aparente da água menores do que nas bacias com ausência de vegetação ripária, em áreas agrícolas”. As margens de cursos d’água, portanto, quando ocupadas por vegetação, tendem a retardar os efeitos erosivos das águas. Para Sopper (1975), a cobertura florestal promove a proteção contra a erosão dos solos, a sedimentação, a lixiviação excessiva de nutrientes e a elevação da temperatura da água, contribuindo, desse modo, para melhorar a qualidade da água dos mananciais de abastecimento público.

As APP, com a sua cobertura vegetal protegida, exercem um efeito tampão, reduzindo a drenagem e o carreamento de substâncias e elementos para os corpos d’água (TUNDISI et al. 2008, apud SCHÄFFER et al. 2011).

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mínima da extensão das áreas marginais dos corpos d’água, para o cumprimento efetivo de todos os benefícios (funções) das margens fluviais, como mostra a Figura 2.2.

Figura 2.2 - Faixas e funções da Zona Ripária.

Fonte: Connecticut River Joint Commissions (2008, apud CAMPOS, 2010).

Destaca-se, porém, a necessidade de considerar rios e lagos como parte da paisagem, portanto diretamente envolvidos por uma série de relações naturais com o relevo, a água e o solo, que não podem ser desprezadas pelos assentamentos humanos, mas consideradas como parte de seu ambiente, influindo diretamente na qualidade de vida e na qualidade ambiental.

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Três anos depois, a cidade foi fortemente atingida por transbordamento de seus rios, provocando grande devastação. De acordo com Schäffer et al. (2011), os efeitos da chuva nas cidades serranas do Rio de Janeiro teriam sido significativamente menores, tanto pelas consequências ambientais, quanto pelas econômicas e sociais, se as faixas marginais de 30m em cada lateral dos rios tivessem sido respeitadas, como determina o Código Florestal.

• Topos de morro e montanha

As áreas de topos de morro e montanha são caracterizadas pelas altitudes das vertentes mais expressivas e configuram-se como dispersores de águas de determinada região (CAMPOS, 2010). A legislação define topo de morro como o terço superior, para proteção permanente, reconhecido por sua capacidade de infiltração e seu potencial na recarga dos lençóis freáticos.

De acordo Casseti (2007) e Campos (2010), o topo de morro exerce uma espécie de “efeito esponja” sobre as áreas do entorno, impedindo que o escoamento superficial concentre grandes quantidades de água e provoque processos erosivos pluviais. O topo de morro plano e de solo desenvolvido tem capacidade de infiltração superior às das vertentes íngremes. Em suma: apresenta considerável potencial para recarga dos lençóis d’água.

• Encosta com declividade superior a 100%

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A classificação da encosta como APP justifica-se pelo fato de que a inclinação repercute diretamente no aumento do potencial erosivo das águas pluviais. A equação universal da perda do solo destaca esse fenômeno, sendo a declividade uma importante variável para suas projeções (CAMPOS, 2010).

A inclinação acima de 30º apresenta risco de deslizamento mais frequente. Acima de 60º, o regolito é menos espesso e, teoricamente, diminui o risco de escorregamento, mas fenômenos desse tipo já foram verificados em áreas cujo manto de regolito era pouco espesso (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO, 1990). Em geral, Ouro Preto não apresenta solos muito desenvolvidos e as espessuras podem variar de 0,5 a 15 m (OLIVEIRA, 2010).

Estudos do Centro de Informações de Recursos Ambientais e Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epagri-Ciram, 2011) apontam que 84,38% das áreas atingidas por deslizamento, em novembro de 2010, nos municípios de Ilhota, Gaspar e Luís Alves (SC) haviam sido desmatadas ou alteradas pelo homem, nelas predominando reflorestamento com eucalipto (23,44%), lavouras de banana (18,75%), capoeirinha (17,19%), solo exposto (10,94%). Apenas 15,65% dos desbarrancamentos ou deslizamentos ocorreram em áreas com cobertura florestal densa ou pouco alterada, mas, no entorno destas, foram observadas algumas influências de ações humanas.

Segundo Aumond e Sevegnani (2009, apud SCHÄFFER et al., 2011), os movimentos de massa acontecem naturalmente, porém o uso e a ocupação inadequado do solo aumentam a frequência bem como a extensão da área mobilizada e da área atingida. Assim, os cortes nos morros fragilizam as encostas e as chuvas intensas e prolongadas desencadeiam escorregamentos.

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• Linha de cumeada

É caracterizada por separar bacias hidrográficas adjacentes, passando pelos pontos de cota máxima entre elas, o que não significa que, no interior de uma bacia, não existam picos isolados com cota superior (INETI, 2008). De acordo com Campos (2010), trata-se de uma linha imaginária que pode ser traçada entre os cumes de montanhas mais ou menos alinhadas que, via de regra, são caracterizadas como serras.

A linha de cumeada é caracterizada por um relevo instável, pois consiste numa sequência de cumes que têm altitude mais ou menos similar, onde as formas pontiagudas foram (e vêm sendo) esculpidas pelo rebaixamento das áreas adjacentes (CAMPOS, 2009).

A linha de cumeada representa importante divisor (e dispersor) de água. As áreas correspondentes aos pontos mais altos das vertentes são utilizadas muitas vezes como limites entre propriedades, cidades e estados, pela facilidade para sua localização, tanto no campo como cartograficamente.

• Nascente

Pode ser encontrada em encostas, depressões do terreno ou no nível de base representado pelo curso d’água local. Pode ser perene (de fluxo contínuo), temporária (de fluxo apenas na estação chuvosa) e efêmera (que surge durante a chuva, permanecendo por apenas alguns dias ou horas) (CALHEIROS et al., 2004).

A principal função associada à preservação da vegetação em torno da nascente é de garantir a qualidade e a quantidade da água. Pesquisadores do assunto são unânimes ao afirmar que a vegetação é um fator de extrema importância para manutenção dos recursos hídricos subterrâneos e superficiais (CAMPOS, 2009).

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de fluxos. Em solos de boa infiltração, o fluxo d’água subterrâneo pode alimentar canais abertos (ou rios), mesmo durante longos períodos de estiagem, e esses reservatórios constituem importantes fontes de água destinada a atender ao abastecimento doméstico, às grandes áreas urbanas e industriais e à diluição de elementos solúveis residuais, merecendo atenção especial por parte dos gestores.

• Margem de lago, lagoa e reservatório artificial

O lago e a lagoa natural apresentam características muito diferentes entre si e guardam algumas peculiaridades, em comparação com os corpos d’água correntes. Mas algumas das funções ambientais de lago e lagoa são bem similares às exercidas pelo rio, sobretudo no que concerne a aspectos ligados a suas margens, como habitat de espécies, meio de remoção de nutrientes e de controle de sedimentos e enchentes (CAMPOS. 2010). De acordo com o autor, os principais fatores que diferenciam rio e lago estão ligados às dinâmicas morfológicas e sedimentares e aos fluxos de água.

Os lagos e as lagoas podem amplificar a retenção da poluição, o que representa impactos ambientais diferentes dos verificados no rio, como a grande capacidade de eutrofização devido ao baixo fluxo de água.

Os reservatórios artificiais são criados para determinados fins e podem representar tanto funções quanto impactos ambientais, portanto devem ser analisados particularmente e avaliados num contexto mais geral, associados ao ecossistema em que estão inseridos.

• Conjunto das APP

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Quadro 2.1: Principais funções ambientais associadas às APP.

Modalidade de APP Principais Funções Ambientais Associadas

Margens de Curso d’Água

Manutenção de biodiversidade, estabilização geomorfológica das margens, manutenção da qualidade da

água, regularização da vazão hídrica, prevenção de desastres naturais.

Margens de Lagoa / Reservatório Manutenção de biodiversidade, manutenção da qualidade da água, regularização da vazão hídrica.

Topos de Morro Mitigação de processos erosivos, recarga de aquíferos. Entorno de Nascente Manutenção da qualidade da água, regularização da vazão.

Declividade > 100% Mitigação de processos erosivos, prevenção de desastres naturais.

Fonte: Adaptado de Campos (2010).

De acordo com Guerra & Cunha (1996), o tipo e a percentagem de cobertura vegetal reduzem os efeitos dos fatores erosivos naturais. Estudo desenvolvido por Criado (2008) comprova que a matéria orgânica é um ótimo agente agregador do solo, cuja estabilidade aumenta, conservando os minerais, ou seja, a matéria orgânica presente no solo atua como um estabilizante e diminui a frequência dos processos erosivos.

Boin (2000) ressalta que copas das árvores possuem importante papel no controle da erosão, na medida que suas folhas absorvem o impacto das gotas de chuva e diminuem o efeito splash que causam ao entrar em contato com o solo.

Segundo Schäffer et al. (2011), a cobertura florestal natural das encostas, dos topos de morro e das margens de rio e córrego protege o solo da erosão provocada pela chuva, evitando que esta provoque inundações rápidas (enxurradas), e permite a alimentação dos lençóis d’água e a manutenção de nascentes e rios.

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A proteção das APP garante harmonia e equilíbrio à paisagem, permitindo a formação de corredores de vegetação entre remanescentes de vegetação nativa, a exemplo do que ocorre com as unidades de conservação e outras áreas protegidas, públicas ou privadas. Assim, destaca-se a importância de conservar a vegetação, por motivos que vão das condições climáticas e acústicas a uma complexa relação entre conservação da biodiversidade de espécies de animais e vegetais e a sua heterogeneidade, além de inúmeros benefícios para as populações humanas inseridas nesses locais. É necessário frisar que o bem-estar das pessoas somente está assegurado se elas não estiverem sujeitas a riscos de enchente, desbarrancamento, falta d’água, poluição ou outros desequilíbrios ambientais e puderem desfrutar de uma paisagem harmônica e equilibrada.

2.3 Legislação pertinente

Para a elaboração deste estudo, cujo propósito é delimitar e quantificar APP impostas pela legislação, foram utilizadas como referências leis federais, incluída a nova proposta de redação do Código Florestal, aprovada pela Câmara dos Deputados em 24 de abril de 2011 e ainda em discussão no Senado, além de leis estaduais, resoluções e leis municipais, como o Plano Diretor de Ouro Preto (Lei Municipal Complementar n.º 23/06) e a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Ouro Preto (Lei Municipal Complementar n.º 93/11).

Os instrumentos legais federais utilizados foram:

• Lei n. º 4.771/65 - institui o Código Florestal (BRASIL, 1965);

• Lei n.º 6.766/79 - dispõe sobre o parcelamento do solo urbano (BRASIL, 1979); • Lei n. º 9.433/97 - institui a política nacional de recursos hídricos (BRASIL, 1997); • Resolução CONAMA n.º 303 - dispõe sobre parâmetros, definições e limites de APP

(BRASIL, 2002).

Leis estaduais de complementação:

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• Lei n.º 18.023/09 - altera o art. 10 da Lei Estadual n.o14.309/02 (MINAS GERAIS, 2009).

Complementando o arcabouço legal pertinente, foram utilizadas as seguintes leis municipais:

• Lei Municipal Complementar n.º 29 - institui o Plano Diretor da cidade de Ouro Preto (OURO PRETO, 2006);

• Lei Municipal Complementar n.º 93 - estabelece normas e condições para o parcelamento, a ocupação e o uso de solo no Município de Ouro Preto (OURO PRETO, 2011).

2.3.1 Legislação Federal

A Legislação Federal usada no estudo é a Lei n.º 4.771/65, que institui o Código Florestal Brasileiro, incluída a nova proposta de redação, aprovada apenas pela Câmara, em 24 de abril de 2011, e complementada pela Lei n. º 6.766/79, que dispõe sobre o parcelamento do uso do solo em áreas urbanas (BRASIL, 1965 e 1979), pela Lei n.° 9.433/97, que institui a política nacional de recursos hídricos e a Resolução CONAMA n.º 303/02, que estabelece parâmetros para identificar e quantificar as APP de topos de morro.

O surgimento legal das APP deu-se pela publicação do Código Florestal Brasileiro, materializado pela Lei Federal n.º 4.771, de 15 de setembro de 1965. As faixas marginais de proteção (FMP), na primeira edição, variavam de 5 a 100 metros de distância e a maior parte das FMP a serem demarcadas deveriam margear cursos d’água de largura inferior a 10 metros e, portanto, com limite de 5 metros a serem protegidos.

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estabeleceu uma faixa mínima de 15 metros sem edificação ao longo de qualquer margem de “águas correntes e dormentes” das áreas urbanas.

A seguir, a Lei Federal n. º 7.511/1986 fez uma alteração substancial nas APP que margeiam cursos d’água, pois a largura mínima de preservação passou de 5 para 30 metros. Portanto foi somente a partir desse ano que as edificações situadas de 5 a 30 metros dos cursos d’água ficaram em desacordo com a legislação. Segundo Campos (2010), em nenhum momento essa Lei faz referências a procedimentos a serem seguidos para a legalização dessas áreas onde a ocupação humana foi consolidada anteriormente, deixando grande lacuna jurídica na legislação de APP em ambientes urbanos.

2.3.1.1 Lei Federal n.º 4.771/65 – Código Florestal

Esta Lei reconhece as florestas e demais formas de vegetação como bens de interesse comum a todos os habitantes do país, estabelecendo limitações na utilização e exploração delas. Assim, este trabalho destaca o Artigo 2.º:

Art. 2º - Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja:

1 - de 30 m (trinta metros) para os cursos d'água de menos de 10 m (dez metros) de largura; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 m (cinqüenta metros) de largura;

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

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2.3.1.2 Lei Federal n.º 6.766/79

Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências. A parte da referida Lei tomada como referência para este estudo está no Capítulo II – Dos requisitos urbanísticos para loteamento - as áreas de preservação permanente dos córregos e rios para áreas urbanas, Artigo 4.º.

Art. 4º - Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos: I – (...)

II –(...)

III - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público das rodovias e ferrovias, será obrigatória a reserva de uma faixa não-edificável de 15 (quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica;

2.3.1.3 Nova proposta de redação do Código Florestal

Em discussão no Senado Nacional e já votada e aprovada na Câmara dos Deputados em 24 de abril de 2011, ela é vista neste estudo, destacando-se as mudanças nas alíneas a I e d do Artigo 2.º, segundo as quais as larguras das APP das margens de cursos d’água passarão de 30 para 15 metros e a haverá a extinção das APP de topos de morro. Essa proposta de alteração está ilustrada na Figura 2.3.

Figura 2.3: Proposta de alteração da nova redação do Código Florestal

(44)

A nova redação do Código Florestal suscita, pois, sérias preocupações na comunidade científica brasileira. De acordo com alguns autores, como Metzger et al.

(2010) e Ab Saber (2010), com a redução do tamanho das APP marginais aos cursos d’água de 30 para 15 metros e a extinção das APP de topos de morro, as concentrações de CO2 podem aumentar substancialmente, descumprindo o que foi prometido pelo Brasil na Copenhagen Climate Conference (2009). Estima-se também que mais de 100.000 espécies deixarão de existir, uma perda maciça que invalida qualquer compromisso com a conservação da biodiversidade (METZGER et al., 2010).

2.3.1.4 Lei Federal n.º 9.433/97

Esta Lei institui a política nacional de recursos hídricos, cria o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federa e altera o art. 1.º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modifica a Lei n.º 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

No tocante às APP, a realização deste trabalho atende aos artigos 2.º, 7.º, 22.º e 31.º, transcritos a seguir.

Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

(...)

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e projetos e terão o seguinte conteúdo mínimo:

(...)

II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;

(45)

(...)

X - proposta para a criação de áreas sujeita a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos.

Art. 22º Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados:

I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos;

(...)

§ 2º Os valores previstos nocaputdeste artigo poderão ser aplicados a fundo perdido em projetos e

obras que alterem, de modo considerado benéfico à coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água.

Art. 31º Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes Executivos do Distrito Federal e dos municípios promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federais e estaduais de recursos hídricos.

2.3.1.5 Resolução CONAMA nº 303/02

Ela regulamenta o art. 2° da Lei Federal n.º 4.771/65, estabelecendo parâmetros para identificar e quantificar as APP de topos de morro.

Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, são adotadas as seguintes definições: (...)

IV - morro: elevação do terreno com cota do topo em relação a base entre cinqüenta e trezentos metros e encostas com declividade superior a trinta por cento (aproximadamente dezessete graus) na linha de maior declividade;

V - montanha: elevação do terreno com cota em relação a base superior a trezentos metros; VI - base de morro ou montanha: plano horizontal definido por planície ou superfície de lençol d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota da depressão mais baixa ao seu redor; VII - linha de cumeada: linha que une os pontos mais altos de uma seqüência de morros ou de montanhas, constituindo-se no divisor de águas;

(46)

V - no topo de morros e montanhas, em áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura mínima da elevação em rela1ção à base;

VI - nas linhas de cumeada, em área delimitada a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura, em relação à base, do pico mais baixo da cumeada, fixando-se a curva de nível para cada segmento da linha de cumeada equivalente a mil metros;

VII - em encosta ou parte desta, com declividade superior a cem por cento ou quarenta e cinco graus na linha de maior declive;

VIII - nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e chapadas, a partir da linha de ruptura em faixa nunca inferior a cem metros em projeção horizontal no sentido do reverso da escarpa;

2.3.2 Legislação Estadual

Neste estudo foi a aplicada a Lei n.º 14.309/02, complementada pela Lei n.º 18.023/09 (MINAS GERAIS, 2002 e 2009).

2.3.2.1 Lei Estadual n.º 14.309/02

Dispõe sobre políticas florestais e de proteção à biodiversidade de MG e complementa a Lei Federal quanto às APP de reservatórios e lagoas situados em centros urbanos, explicitadas em seu art. 10º:

Art. 10º Considera-se área de preservação permanente aquela protegida nos termos desta lei, revestida ou não com cobertura vegetal, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, de proteger o solo e de assegurar o bem-estar das populações humanas e situadas:

III – ao redor de lagoa ou reservatório de água, natural ou artificial, desde o seu nível mais alto, medido horizontalmente, em faixa marginal cuja largura mínima seja de:

(...)

b) 30 m (trinta metros) para lagoa ou reservatório situados em área urbana consolidada;

2.3.2.2 Lei Estadual n.º 18.023/09

Imagem

Figura 1.1-  Algumas APP, segundo o Código Florestal Brasileiro (Lei Federal n.° 4.771/65)
Figura  2.1  -  Fluxograma  de  Classificação  do  verde  urbano  de  acordo  com  Cavalheiro  et  al
Figura 2.2 - Faixas e funções da Zona Ripária.
Figura 3.1: Fluxograma das atividades desenvolvidas.
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Referências

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