Notas para o acompanhamento das aulas de
C´
alculo Diferencial e Integral 1
Cap´ıtulo 3
Derivadas
3.1
No¸
c˜
oes Geom´
etricas
Problema: Como definir a retar tangente a uma curvacqualquer passando por um de seus pontos?
c
P
r
Sabemos fazer isso em uma circunferˆencia. Neste caso, as retas tangentes s˜ao ortogonais aos raios.
c
P r
Tomemos uma curvac dada pelo gr´afico de uma fun¸c˜ao cont´ınuaf:X⊂R→Re sejaP∈c. SejamQ∈cpr´oximo de Pesa reta que os cont´em.
FazendoQ tender aPsobrec, a retaspode tender a uma retar.
P
x y
0
c: gráfico def
f x( )
x Q
Q Q Q Q
x0
f( )x0
r
s s s s s
ax
Quando existe a retarconforme descrita acima, dizemos quer´e areta tangente acporP.
Fa¸camos P = (x0, f(x0)) e Q = (x, f(x)). Sejam αx0 eαx as medidas dos ˆangulos (orientados no sentido anti-hor´ario) que as retasresformam com o eixo das abscissas
Temos tg(αx0)e tg(αx)como sendo os coeficientes angulares das retasr es, respectivamente. Mas
tg(αx) =
f(x) −f(x0)
x−x0
.
Quandox→x0 temoss→re, tamb´em,αx→αx0. Portanto, tg(αx)→tg(αx0), ou seja,
tg(αx0) = lim
x→x0
tg(αx) = lim x→x0
f(x) −f(x0)
x−x0
As considera¸c˜oes acima motivam a seguinte defini¸c˜ao.
Defini¸c˜ao. Sejaf:X⊂R→Rex0∈X. Quando existe lim x→x0
f(x)−f(x0)
x−x0 ∈R, dizemos quef´ederiv´avelemx0e
seu valor ´e denotado por f′(x
0), ou seja,
f′(x
0) = lim x→x0
f(x) −f(x0)
x−x0
´e aderivadadefemx0.
Como f′(x
0) = tg(αx0) ´e o coeficiente angular de r, temos que a reta tangente ao gr´afico de f no ponto P = (x0, f(x0))possui equa¸c˜ao
y−f(x0) =f′(x0) (x−x0).
P
x y
0
gráfico def r
ax0
x0 f( )x0
tg(ax0)= ¢( )f x0
Exemplo 1. Calcule a derivada def:R→Rtal quef(x) =x2 emx
0=1 e a reta tangente ao gr´afico de f em
P= (1, 1).
Exemplo 2. Calcule a derivada def:R→Rtal quef(x) =x3 emx
0=2 e a reta tangente ao gr´afico de f em
P= (2, 8).
Observa¸c˜ao. Comof′(x
0) = lim x→x0
f(x)−f(x0)
x−x0 , fazendoh=x−x0, temos x→x0implicando em h→0. Logo,
f′(x
0) = lim h→0
f(x0+h) −f(x0)
h .
Exerc´ıcio 1. Calcule a derivada def:R→Rtal quef(x) =3x2+5em x0=1e a reta tangente ao gr´afico def
em P= (1, 8).
Exerc´ıcio 2. Calcule a derivada def:R+→Rtal quef(x) =√xemx0=4e a reta tangente ao gr´afico defem
P= (4, 2).
Exerc´ıcio 3. Calcule a derivada de f:R∗→Rtal quef(x) = 1
x emx0= −1e a reta tangente ao gr´afico defem
P= (−1,−1).
Exerc´ıcio 4. Calcule a derivada (se existir) de f : R→ Rtal que f(x) =
x2, sex≤1
1, sex > 1 em x0 = 1 e a reta tangente (se existir) ao gr´afico defemP= (1, 1).
3.2
Fun¸
c˜
ao Derivada
Defini¸c˜ao. Sejam f : X ⊂ R → R e X′ = {x∈X:∃f′(x)∈R}. Definimos a fun¸c˜ao derivada de f como sendo
f′:X′ ⊂R→Rdada por
f′(x) = lim
h→0
f(x+h) −f(x)
h
e dizemos quef´ederiv´aveloudiferenci´avelemX′.
Resolu¸c˜ao: temos
f′(x) = lim
h→0
f(x+h) −f(x) h =hlim→0
(x+h)2−x2
h =hlim→0
x2+2xh+h2−x2
h =hlim→0
(2x+h) =2x.
Logo,f′:R→R´e tal quef′(x) =2x.
Exemplo 2. Sejaf:R+→Rdada porf(x) =√x. Obtenha f′. Resolu¸c˜ao: temos
f′(x) = lim
h→0
f(x+h) −f(x) h =hlim→0
√
x+h−√x h =hlim→0
x+h−x
h √x+h+√x=hlim→0 1 √
x+h+√x = 1 2√x.
Logo,f′:R+→R´e tal quef′(x) = 1 2√x.
Exemplo 3. Sejaf:R∗→Rdada porf(x) = 1
x. Obtenha f′.
Resolu¸c˜ao: temos
f′(x) = lim
h→0
f(x+h) −f(x) h =hlim→0
1 x+h−
1 x
h =hlim→0
x−(x+h)
x(x+h)
h =hlim→0
−h x(x+h)
h =hlim→0
−1
x(x+h) = − 1 x2.
Logo,f′:R+→R´e tal quef′(x) = −1 x2.
Outras nota¸c˜oes para a derivada. Vimos quef′(x) = lim
h→0
f(x+h)−f(x)
h . Consideremos a figura abaixo.
P
x y
0
gráfico def f x h( + )
x h+
x f( )x
r
q
h= Dx
Dy
tg(q) = ¢( )f x
Fazendo ∆y= f(x+h) −f(x) e∆x= h, o limite acima apresenta formaf′(x) = lim
h→0 ∆y
∆x, que podemos denotar
por dydx, ou seja,
f′(x) = dy dx ,
que ´e chamada nota¸c˜ao de Leibniz. Quando queremos representar a derivada de f em a na nota¸c˜ao de Leibniz escrevemosf′(a) = dy
dx
x=a.
H´a ainda mais duas nota¸c˜oes.
f′= df dx ,
e, portanto, f′(x) = df
dx(x). Nesta nota¸c˜ao, quando queremos representar a derivada de f em aescrevemos f′(a) = df
dx(a).
E, dey=f(x)temosy′=f′(x), que sugere
y′ = dy dx ou y
′ = df dx(x).
A nota¸c˜aoy′ = dy
3.3
Derivada e Continuidade
Teorema. Sef:X⊂R→R´e deriv´avel emx=a, ent˜aof´e cont´ınua emx=a.
Demonstra¸c˜ao.
Comof´e deriv´avel ema, existef′(a) = lim
h→0
f(a+h)−f(a)
h =xlim→a
f(x)−f(a)
x−a . Definamos
g(x) = f(x) −f(a) x−a −f
′(a).
Logo,
g(x) (x−a) =f(x) −f(a) −f′(a) (x−a)⇒
f(x) =g(x) (x−a) +f(a) +f′(a) (x−a)⇒ lim
x→af(x) =xlim→a(g(x) (x−a) +f(a) +f
′(a) (x−a))
⇒
lim
x→af(x) =f(a),
ou seja, f´e cont´ınua ema.
Observa¸c˜oes.
(1) A rec´ıproca do teorema acima n˜ao ´e verdadeira. Por exemplo, f : R →R tal que f(x) = |x| ´e continua em x=0, pois lim
x→0f(x) =0=f(0). Masfn˜ao ´e deriv´avel emx=0, pois n˜ao existe limh→0
f(x+h)−f(x)
h (fa¸ca).
(2)A contrapositiva do teorema nos diz que seffor descont´ınua em x=a, ent˜ao fn˜ao ´e deriv´avel emx=a.
Exemplo. Sejaf : R →R tal que f(x) =
x+1, sex≥2
x−1, sex < 2 n˜ao ´e cont´ınua em x = 2, pois limx→2+f(x) = 3 e
lim
x→2−f(x) =1, ou seja, n˜ao existe limx→2f(x).
x y
0
gráfico def
2 1 1 2 3
-1
A fun¸c˜aofn˜ao ´e deriv´avel emx=2pois lim
x→2+
f(x)−f(2)
x−2 =xlim
→2+
x+1−3 x−2 =xlim
→2+
x−2 x−2=1e
lim
x→2−
f(x)−f(2)
x−2 =xlim
→2−
x−1−3 x−2 =xlim
→2−
x−4
x−2= +∞,
ou seja, n˜ao existef′(2).
3.4
Derivadas de Algumas Fun¸
c˜
oes Especiais
Motiva¸c˜ao: sef:R→Rtal que f(x) =
3 √
x2+cos(5x)
(x2+1)10 , como calcularf′? Veremos como fazer isso.
Algumas derivadas f´aceis de serem calculadas:
(1)Sef:R→Rtal quef(x) =k, sendokconstante real, ent˜ao f′(x) =0. De fato, lim
h→0
f(x+h)−f(x)
h =hlim→0 k−k
h =hlim→0 0 h =0.
Por exemplo: f(x) =10⇒f′(x) =0.
(2)Sef:R→Rtal quef(x) =xn, sendon∈N, ent˜aof′(x) =nxn−1.
Por exemplo: f(x) =x20
(3)Sef:R∗→Rtal quef(x) =x−n, sendon∈N, ent˜aof′(x) = −nx−n−1.
Por exemplo: f(x) =x−12
⇒f′(x) = −12x−13.
(4)Sef:R+→Rtal quef(x) =xn1 = n√x, sendon∈N, ent˜aof′(x) = 1
nx
1 n−1= 1
n
n √
x1−n = 1 nn√xn−1. Por exemplo: f(x) = √3x
⇒f′(x) = 1 3√3x2.
Regras de Deriva¸c˜ao
(1)Sef egs˜ao fun¸c˜oes deriv´aveis emX⊂R, ent˜aof+g´e deriv´avel emXe:
(f(x) +g(x))′=f′(x) +g′(x) (f(x) −g(x))′=f′(x) −g′(x) .
Por exemplo: sef, g:R+→Rdadas por f(x) =√xeg(x) =x2, ent˜ao
(f(x) +g(x))′ =f′(x) +g′(x) = 1
2√x+2x e
(f(x) −g(x))′ =f′(x) −g′(x) = 1 2√x−2x.
(2)Sef´e deriv´avel emX⊂Rek∈R, ent˜aokf´e deriv´avel emXe:
(kf(x))′=kf′(x).
Por exemplo: sef:R→Rdada porf(x) =x10 ek=200, ent˜ao (kf(x))′=kf′(x) =200 10x9=2000x9.
(3)Sef eg´e deriv´avel emX⊂R, ent˜aofg´e deriv´avel emXe:
(f(x)g(x))′ =f′(x)g(x) +f(x)g′(x).
Por exemplo: sef, g:R+ →R dadas porf(x) =√xeg(x) =x3, ent˜ao(f(x)g(x))′ =f′(x)g(x) +f(x)g′(x) =
1 2√xx
3+√x3x2.
(4)Sef eg´e deriv´avel emX⊂R, ent˜ao f
g ´e deriv´avel emX={x∈X:g(x)6=0}e:
f(x) g(x)
′ = f
′(x)g(x) −f(x)g′(x)
g2(x) .
Por exemplo: se f, g : R+ → R dadas por f(x) = √x e g(x) = x4, ent˜ao f(x)
g(x) ′
= f′(x)g(xg)−2(xf()x)g′(x) = 1
2√xx 4−√
x4x3
x8 .
Exerc´ıcios. Derive utilizando as regras acima.
(1)f:R→Rdada porf(x) =2. (2)f:R→Rdada porf(x) =x6. (3)f:R→Rdada porf(x) =7x5.
(4)f:R→Rdada porf(x) =3x5−7x2+9.
(5)f:R→Rdada porf(x) = 3x2+5
x2+1. (6)f:R∗→Rdada porf(x) = 1
x6. (7)f:R∗→Rdada porf(x) = 5
x8. (8)f:R∗→Rdada porf(x) =x5+ 1
x5.
(9)f:R→Rdada porf(x) = 3x2−6x 8x3+1.
(10)f:R∗→Rdada porf(x) = 1+ 5
x5
3.5
Derivadas de Fun¸
c˜
oes Trigonom´
etricas
Sabemos que
sen(a+b) =sen(a)cos(b) +sen(b)cos(a) sen(a−b) =sen(a)cos(b) −sen(b)cos(a)
Fa¸camos
a+b=p a−b=q ⇒
a= p+2q
b= p−2q
Assim,
sen(a+b) =sen(a)cos(b) +sen(b)cos(a) sen(a−b) =sen(a)cos(b) −sen(b)cos(a) ⇒
sen(p) =sen p+2qcos p−2q+sen p−2qcos p+2q sen(q) =sen p+2qcos p−2q−sen p−2qcos p+2q ⇒
sen(p) +sen(q) =2sen p+2qcos p−2q
sen(p) −sen(q) =2sen p−2qcos p+2q
(1)Derivada da fun¸c˜ao seno.
Sef:R→R´e tal quef(x) =sen(x), temos que sua derivada pode ser expressa por
f′(x) = lim
h→0
sen(x+h) −sen(x) h
= lim
h→0
2sen x+h−x 2
cos x+h+x 2
h
= lim
h→0
sen h 2
cos 2x+h 2
h 2
= lim
h→0
sen h2
h 2
cos
2x+h 2
=cos(x).
Conclus˜ao: f′:R→R´e tal quef′(x) =cos(x).
De modo an´alogo, sabemos que
cos(a+b) =cos(a)cos(b) −sen(b)sen(a) cos(a−b) =cos(a)cos(b) +sen(b)sen(a)
Fa¸camos
a+b=p a−b=q ⇒
a= p+2q
b= p−2q
Assim,
cos(a+b) =cos(a)cos(b) −sen(b)sen(a) cos(a−b) =cos(a)cos(b) +sen(b)sen(a) ⇒
cos(p) =cos p+2qcos p−2q−sen p−2qsen p+2q cos(q) =cos p+2qcos p−2q+sen p−2qsen p+2q ⇒
cos(p) +cos(q) =2cos p+2qcos p−2q
cos(p) −cos(q) = −2sen p−2qsen p+2q
Sef:R→R´e tal quef(x) =cos(x), temos que sua derivada pode ser expressa por
f′(x) = lim
h→0
cos(x+h) −cos(x) h
= lim
h→0
−2sen x+h−x 2
sen x+h+x 2
h
= lim
h→0 −
sen h 2
sen 2x+h 2 h 2 ! = lim
h→0 −
sen h 2 h 2 sen
2x+h 2
!
= −sen(x).
Conclus˜ao: f′:R→R´e tal quef′(x) = −sen(x).
Podemos deduzir as derivadas das demais fun¸c˜oes trigonom´etricas pelas regras de deriva¸c˜ao.
(3)Derivada da fun¸c˜ao tangente.
Sef:X⊂R→R, sendoX=x∈R:x6= π
2+kπ,k∈Z , ´e tal que f(x) =tg(x), temos que sua derivada pode
ser expressa por
f′(x) = (tg(x))′=
sen(x) cos(x)
′
= cos(x)cos(x) +sen(x)sen(x)
cos2(x) =
1
cos2(x) =sec 2(x).
(4)Derivada da fun¸c˜ao cotangente.
Sef:X⊂R→R, sendo X={x∈R:x6=kπ,k∈Z}, ´e tal que f(x) =cotg(x), temos que sua derivada pode ser expressa por
f′(x) = (cotg(x))′=
cos(x) sen(x)
′
= −sen(x)sen(x) −cos(x)cos(x)
sen2(x) =
−1
sen2(x)= −cossec 2(x).
(5)Derivada da fun¸c˜ao secante.
Sef:X⊂R→R, sendoX=x∈R:x6= π
2+kπ,k∈Z , ´e tal quef(x) =sec(x), temos que sua derivada pode
ser expressa por
f′(x) = (sec(x))′ =
1 cos(x)
′
= 0.cos(x) +1sen(x) cos2(x) =
1 cos(x).
sen(x)
cos(x) =sec(x)tg(x).
(6)Derivada da fun¸c˜ao cossecante.
Sef:X⊂R→R, sendoX={x∈R:x6=kπ,k∈Z}, ´e tal quef(x) =cossec(x), temos que sua derivada pode ser expressa por
f′(x) = (cossec(x))′=
1 sen(x)
′
= 0.sen(x) −1cos(x) sen2(x) = −
1 sen(x).
cos(x)
sen(x) = −cossec(x)cotg(x).
3.6
Regra da Cadeia
Teorema. (Regra da Cadeia) Sejam h:X⊂R→Reg:Y ⊂R→R fun¸c˜oes deriv´aveis tais que Imh⊂Y. Ent˜ao,
f=g◦h:X⊂R→R´e deriv´avel ef′(x) = (g◦h)′(x) =g′(h(x)).h′(x).
Observa¸c˜ao: na Regra da Cadeia, se escrevermos y=g(u)eu=h(x)temos y=g◦h(x)e, na nota¸c˜ao de Leibniz,
dy dx = dy du du dx.
Exemplo 1. Derivef:R→Rtal que f(x) = x2+5x13.
Resolu¸c˜ao. A fun¸c˜aofpode ser vista como a compostaf=g◦htal queg(x) =x13eh(x) =x2+5x, que s˜ao fun¸c˜oes
Logo, pela Regra da Cadeia,f′(x) =g′(h(x))h′(x) =13(h(x))12h′(x) =13 x2+5x12(2x+5).
Exemplo 2. Derivef:R→Rtal que f(x) =sen x5−2x+1.
Resolu¸c˜ao. A fun¸c˜aofpode ser vista como a compostaf=g◦htal queg(x) =sen(x)eh(x) =x5−2x+1, que s˜ao
fun¸c˜oes deriv´aveis.
Logo, pela Regra da Cadeia,f′(x) =g′(h(x))h′(x) =cos(h(x))h′(x) =cos x5−2x+1 5x4−2.
Exemplo 3. Derivef:X⊂R→R, comX=x∈R:x6= π
2+kπ,k∈Z , tal que f(x) =tg 6(x).
Resolu¸c˜ao. A fun¸c˜ao fpode ser vista como a compostaf=g◦htal que g(x) =x6eh(x) =tg(x), que s˜ao fun¸c˜oes
deriv´aveis.
Logo, pela Regra da Cadeia,f′(x) =g′(h(x))h′(x) =6(h(x))5h′(x) =6tg5(x)sec2(x).
Exemplo 4. Derivef:R→Rtal que f(x) = 1−2x 1+x4
4
.
Resolu¸c˜ao. A fun¸c˜aof pode ser vista como a compostaf=g◦h tal queg(x) =x4eh(x) = 1−2x
1+x4, que s˜ao fun¸c˜oes deriv´aveis.
Logo, pela Regra da Cadeia,f′(x) =g′(h(x))h′(x) =4h(x)3h′(x) =4 1−2x 1+x4
3−2(1+x4)−(1−2x)4x3
(1+x4)2
.
Exemplo 5. Derivef:R→Rtal que f(x) = (x 2−1)3 (1+x2)2.
Resolu¸c˜ao. Pela regra do quociente, f′(x) =
(x2−1)3′ (1+x2)2
−(x2−1)3
(1+x2)2′
((1+x2)2)2 . Temos duas compostas a serem derivadas:
x2−13′ =3 x2−122x
1+x22′ =2 1+x22x
Logo,f′(x) = 3(x 2
−1)22x(1+x2)2−(x2−1)32(1+x2)2x
((1+x2)2)2 .
3.7
Derivadas de Fun¸
c˜
oes Inversas
Teorema. Seja g:Y ⊂R→X⊂Rderiv´avel e invert´ıvel tal que g−1 seja cont´ınua e, ainda,g′ g−1(x)
6
= 0 para todo x∈X. Ent˜ao,g−1:X⊂R
→Y⊂R´e deriv´avel e g−1′
(x) = g′(g−11(x)).
Observa¸c˜oes:
(1)se escrevermosy=g−1(x)ex=g(y)temos, na nota¸c˜ao de Leibniz, dy dx =
1
dx dy .
(2) um procedimento pr´atico para o c´alculo da derivada de uma fun¸c˜ao inversa, considerando g e g−1 sejam
deriv´aveis, vem da Regra da Cadeia:
g g−1(x)=x⇒ g g−1(x)′= (x)′⇒g′ g−1(x). g−1′(x) =1
⇒ g−1′(x) = 1 g′(g−1(x)),
supondo, obviamente, queg′ g−1(x)6=0.
Exemplo 1. Derivef: ]−1, 1[⊂R→−π 2,
π 2
⊂Rtal quef(x) =arcsen(x).
Resolu¸c˜ao. A fun¸c˜ao f ´e a inversa da fun¸c˜ao seno, ou seja, f = g−1 sendog: −π 2,
π 2
⊂ R→ ]−1, 1[ ⊂R tal que
x y
0
gráfico def
1 p/2
-1
-p/2
A fun¸c˜aog´e deriv´avel,g−1´e cont´ınua eg′ g−1(x)
6
=0no dom´ınio considerado. Logo,
g−1′(x) = 1
g′(g−1(x)) ⇒
f′(x) = 1
cos(arcsen(x)) ⇒
f′(x) = p 1
1−sen2(arcsen(x)) (em
−π
2, π 2
cosseno ´e positivo)⇒
f′(x) = √ 1 1−x2.
Pelo “procedimento pr´atico”:
sen(arcsen(x)) =x⇒(sen(arcsen(x)))′= (x)′
⇒cos(arcsen(x)) (arcsen(x))′=1
⇒
(arcsen(x))′= 1
cos(arcsen(x)) ⇒f
′(x) = p 1
1−sen2(arcsen(x)) ⇒f
′(x) = √ 1 1−x2.
Exemplo 2. Derivef: ]−1, 1[⊂R→]0, π[⊂Rtal quef(x) =arccos(x).
Resolu¸c˜ao. A fun¸c˜ao f ´e a inversa da fun¸c˜ao cosseno, ou seja, f = g−1 sendog : ]0, π[ ⊂R → ]−1, 1[⊂ R tal que
g(x) =cos(x).
x y
0
gráfico def
1 p/2
-1 p
A fun¸c˜aog´e deriv´avel,g−1´e cont´ınua eg′ g−1(x)6=0no dom´ınio considerado.
Logo,
g−1′(x) = 1
g′(g−1(x)) ⇒
f′(x) = 1
−sen(arccos(x))⇒
f′(x) = p −1
1−cos2(arccos(x)) (em ]0, π[ seno ´e positivo)⇒
Pelo “procedimento pr´atico”:
cos(arccos(x)) =x⇒(cos(arccos(x)))′ = (x)′
⇒−sen(arccos(x)) (arccos(x))′=1
⇒
(arccos(x))′ = −1
sen(arccos(x)) ⇒f
′(x) = p −1
1−cos2(arccos(x))⇒f
′(x) = √ −1 1−x2.
Exemplo 3. Derivef:R→−π2,π2⊂Rtal quef(x) =arctg(x).
Resolu¸c˜ao. A fun¸c˜ao f ´e a inversa da fun¸c˜ao tangente, ou seja, f = g−1 sendo g : −π 2,
π 2
⊂ R → R tal que
g(x) =tg(x).
x y
0
gráfico def p/2
-p/2
A fun¸c˜aog´e deriv´avel,g−1´e cont´ınua eg′ g−1(x)6=0no dom´ınio considerado.
Logo,
g−1′(x) = 1
g′(g−1(x)) ⇒
f′(x) = 1
sec2(arctg(x)) ⇒
f′(x) = 1
1+tg2(arctg(x)) ⇒
f′(x) = 1 1+x2
Pelo “procedimento pr´atico”:
tg(arctg(x)) =x⇒(tg(arctg(x)))′= (x)′
⇒sec2(arctg(x)) (arctg(x))′ =1
⇒
(arctg(x))′= 1
sec2(arctg(x))⇒f′(x) =
1
1+tg2(arctg(x)) ⇒f′(x) =
1 1+x2.
Exemplo 4. Derivef:R→]0, π[⊂Rtal quef(x) =arccotg(x).
Resolu¸c˜ao. A fun¸c˜ao f ´e a inversa da fun¸c˜ao cotangente, ou seja, f = g−1 sendo g : ]0, π[ ⊂ R
→ R tal que
g(x) =cotg(x).
x y
0
gráfico def p/2
p
Logo,
g−1′(x) = 1
g′(g−1(x)) ⇒
f′(x) = 1
−cossec2(arccotg(x)) ⇒
f′(x) = −1
1+cotg2(arccotg(x)) ⇒
f′(x) = −1 1+x2
Pelo “procedimento pr´atico”:
cotg(arccotg(x)) =x⇒(cotg(arccotg(x)))′ = (x)′⇒−cossec2(arccotg(x)) (arccotg(x))′=1
⇒
(arccotg(x))′= −1
cossec2(arccotg(x))⇒f
′(x) = −1
1+cotg2(arccotg(x))⇒f
′(x) = −1 1+x2.
Exerc´ıcios.
(1)Derivef:R→−π 2,
π 2
⊂Rtal quef(x) =xarctg x2.
(2)Derivef:R∗→−π 2,
π 2
−{0}⊂Rtal quef(x) = arctg(sen(3x4x)).
(3)Derivef:R→−π
2, π 2
⊂Rtal quef(x) = 3 q
(x+arctg(x))2.
3.8
Derivadas de
f
(
x
) =
e
xe
f
(
x
) =
ln
(
x
)
Exerc´ıcio 1. Mostre que sef:R→R+, tal que f(x) =ex, ent˜ao f′(x) =ex.
Resolu¸c˜ao. Temos
f′(x) = lim
h→0
ex+h−ex
h =hlim→0e x
eh−1
h
=ex lim
h→0
eh−1
h .
Mas, fazendoy=eh−1, temos
lim
h→0 eh−1
h =ylim→0 y
ln(y+1) =ylim→0 1
ln(y+1)y1
= 1
lnlimy→0(y+1) 1 y
= 1
ln(e) =1.
Conclus˜ao:
f′(x) =ex.
Exerc´ıcio 2. Mostre que sef:R+→R, tal que f(x) =ln(x), ent˜aof′(x) = 1 x.
Resolu¸c˜ao. Temos que f(x) = ln(x) ´e inversa de g(x) = ex, ou seja, f = g−1, sendo g deriv´avel, g−1 cont´ınua e
g′ g−1(x)6=0.
Logo,
f′(x) = g−1′(x) = 1
g′(g−1(x))=
1 eln(x) =
1 x.
Observa¸c˜ao: pelo “procedimento pr´atico”: eln(x)=x
⇒ eln(x)′= (x)′
⇒eln(x) ln′(x)=1
⇒ln′(x) =eln1(x) =
1 x.
Exerc´ıcio 3. Derivef:R+→R, tal quef(x) =log2(x).
3.9
Derivada de
f
(x) =
g
(x)
h(x)Sejam g:X⊂R→R+, ou seja,g(x)> 0para qualquerx∈X, eh:X⊂R→Rderiv´aveis.
Consideremosf:X⊂R→R+ dada porf(x) =g(x)h(x). Temos:
f′(x) =g(x)h(x)′ =eln(g(x)h(x))′
=eh(x)ln(g(x))′=eh(x)ln(g(x))[h(x)ln(g(x))]′=g(x)h(x)
[h(x)ln(g(x))]′.
Exemplo 1. Derivef:R+ →R+ tal que f(x) =xx.
Resolu¸c˜ao. Neste caso, temos g(x) =h(x) =x. Logo,
f′(x) =xx[xln(x)]′=xx
1.ln(x) +x1 x
=xx(1+ln(x)).
Exemplo 2. Sendof:R+→R+ tal que f(x) =xα comαreal, a derivada de fsegue a mesma regra que deduzimos
para α=n natural. Por´em, no caso real a justificativa ´e dada pela regra da derivada deg(x)h(x) que, neste caso, ´e g(x) =xeh(x) =α. Assim:
f′(x) =xα[αln(x)]′=xα
α1
x
=αxα−1.
Exerc´ıcio 1. Derivef:R→R, tal quef(x) =ax, sendoa > 0.
Resolu¸c˜ao. Temos
f′(x) =ax[xln(a)]′ =axln(a).
Exerc´ıcio 2. Derivef:R+→R, tal quef(x) =8x+log 2(x).
Resolu¸c˜ao. Temosf(x) =8x+ln(x)
ln(2), ou seja,f′(x) =8xln(8) +
1 xln(2).
3.10
Derivadas de Fun¸
c˜
oes Hiperb´
olicas
Defini¸c˜oes. A fun¸c˜aof:R→Rdada porf(x) = ex−e−x
2 ´e chamada de fun¸c˜aoseno hiperb´olico e ´e indicada por
f(x) =senh(x).
A fun¸c˜ao f : R → R dada por f(x) = ex+e−x
2 ´e chamada de fun¸c˜ao cosseno hiperb´olico e ´e indicada por
f(x) =cosh(x).
A fun¸c˜ao f : R → R dada por f(x) = coshsenh((xx)) ´e chamada de fun¸c˜ao tangente hiperb´olica e ´e indicada por
f(x) =tgh(x).
A fun¸c˜aof : R+ →R dada por f(x) = senhcosh((xx)) ´e chamada de fun¸c˜ao cotangente hiperb´olicae ´e indicada por
f(x) =cotgh(x).
A fun¸c˜ao f : R → R dada por f(x) = 1
cosh(x) ´e chamada de fun¸c˜ao secante hiperb´olica e ´e indicada por
f(x) =sech(x).
A fun¸c˜ao f : R+ → Rdada por f(x) = 1
senh(x) ´e chamada de fun¸c˜ao cossecante hiperb´olica e ´e indicada por
f(x)=senh x( )
y
0 x
1
f(x)=cosh x( )
senh
cosh
bissetriz
f(x)=tgh x( )
f(x)=cotgh x( )
cotgh tgh x x y y 0 0 1 y y y x x x
0 0 0
1 1 1
-1 -1 -1
Observemos que:
(1)cosh2(x) −senh2(x) =1, poisex+e−x
2
2
−ex−2e−x2= e2x+2exe−x+e−2x−4e2x+2exe−x−e−2x =1. (2)tgh2(x) +sech2(x) =1, poissenh(x)
cosh(x) 2
+cosh(1x)2= 1+senhcosh2(2x()x) =1.
(3)cotgh2(x) −cossech2(x) =1, pois senh(cosh(xx))2− 1
senh(x) 2
= coshsenh2(2x()−x)1=1.
Derivando as fun¸c˜oes hiperb´olicas:
senh′(x) =
ex−e−x
2 ′
= e
x−e−x(−1)
2 =
ex+e−x
2 =cosh(x)
cosh′(x) =
ex+e−x
2 ′
= e
x+e−x(−1)
2 =
ex−e−x
2 =senh(x)
tgh′(x) =
senh(x) cosh(x)
′
= cosh(x)cosh(x) −senh(x)senh(x)
cosh2(x) =
1
cosh2(x) =sech
2(x)
cotgh′(x) =
cosh(x) senh(x)
′
= senh(x)senh(x) −cosh(x)cosh(x)
senh2(x) =
−1
senh2(x) = −cossech
2(x)
sech′(x) =
1 cosh(x)
′
= 0.cosh(x) −1.senh(x) cosh2(x) = −
1 cosh(x).
senh(x)
cosh(x) = −sech(x)tgh(x)
cossech′(x) =
1 senh(x)
′
= 0.senh(x) −1.cosh(x) senh2(x) = −
1 senh(x).
cosh(x)
senh(x)= −cossech(x)cotgh(x)
Exerc´ıcio 1. Derivef:R→R, tal quef´e a fun¸c˜ao inversa do seno hiperb´olico: f(x) =senh−1(x).
Resolu¸c˜ao. Temos queg(x) =senh(x)´e deriv´avel, g−1(x) =f(x) =senh−1(x)´e cont´ınua e
g′ g−1(x) 6=0 para
todo xreal.
Logo,f′(x) = 1
cosh(senh−1(x)) =
1
q
1+senh2(senh−1(x)) =
1
√
1+x2.
Pelo “procedimento pr´atico”: senhsenh−1(x)=x⇒senhsenh−1(x)′= (x)′
⇒
coshsenh−1(x) senh−1(x)′=1⇒senh−1(x)′= 1
cosh(senh−1(x))=
1
√
Exerc´ıcio 2. Derivef: ]1,+∞[⊂R→R+, tal que f´e a fun¸c˜ao inversa do cosseno hiperb´olico: f(x) =cosh−1(x).
Resolu¸c˜ao. Temos que g(x) = cosh(x)´e deriv´avel, g−1(x) =f(x) =cosh−1(x)´e cont´ınua e g′ g−1(x) 6=0 para
todo x∈]1,+∞[.
Logo,f′(x) = 1
senh(cosh−1(x)) =
1
q
cosh2(cosh−1(x))−1 =
1
√
x2−1.
Pelo “procedimento pr´atico”: coshcosh−1(x)=x⇒
coshcosh−1(x)′= (x)′
⇒
senhcosh−1(x) cosh−1(x)′=1⇒cosh−1(x)′= 1
senh(cosh−1(x)) =
1
√
x2−1.
3.11
Derivadas de Ordens Superiores
Sejaf:X⊂R→Rderiv´avel.
Sef′ :X
1⊂R→Rfor deriv´avel, podemos considerar a derivada da derivada def, chamada dederivada segunda
def ouderivada de segunda ordemdefe indicada por f′′:X
2⊂R→R.
A derivada segunda de y = f(x) na nota¸c˜ao de Leibniz ´e dada por y′′ = f′′(x) = d dx
dy dx
= ddx2y2, ou ent˜ao,
f′′(x) = d2f dx2(x).
Naturalmente, podemos generalizar o procedimento acima criando asderivadas de ordem superior. Aderivada de ordemn∈Ndef, indicada porf(n):X
n⊂R→Rtal quef(n)(x) = (f′)′
···′
(x), (nderivadas).
Na nota¸c˜ao de Leibniz: y(n)=f(n)(x) = d dx
d dx· · ·
d dx
dy dx
| {z }
nderivadas
= ddxnny, ou ent˜ao,f(n)(x) = d nf
dxn (x).
Exemplo 1. Dadaf:R→Rtal quef(x) =sen(x), encontref(5).
Resolu¸c˜ao.
Temosf′(x) =cos(x),f′′(x) = −sen(x),f′′′(x) = −cos(x),f(4)(x) =sen(x)e, finalmente,f(5)(x) =cos(x).
Exemplo 2. Dadaf:R→Rtal quef(x) =x5+2x−5, encontref(200).
Resolu¸c˜ao.
Temosf′(x) =5x4+2,f′′(x) =20x3,f′′′(x) =60x2,f(4)(x) =120x,f(5)(x) =120e, finalmente,f(n)(x) =0para n≥6. Em particular,f(200)(x) =0.
Exemplo 3. Dadaf:R∗→Rtal quef(x) = 1
x, encontre f
(n).
Resolu¸c˜ao.
Temos f′(x) = −1
x2, f′′(x) = 1.2x3, f′′′(x) = −1.2.3x4 , f(4)(x) = 1.2.3.4x5 , f(5)(x) = −1.2.3.4.5x6 . Generalizando: f(n)(x) = (−1)n n!
xn+1.
Exemplo 4. Dadaf:R→Rtal quef(x) = (1+x)n, utilizando derivadas, desenvolva a potˆencia.
Resolu¸c˜ao.
Sabemos que(1+x)n´e um polinˆomio de graun. Logo,
(1+x)n=a0+a1x+a2x2+a3x3+· · ·+an−1xn−1+anxn (1)
Quando x=0 temos
1=a0⇒a0=
1
1 ⇒ a0= n! 0!n! .
Derivando(1)temos
Quandox=0temos
n=a1⇒a1=
n
1 ⇒ a1= n! 1! (n−1) ! .
Derivando(2)temos
n(n−1) (1+x)n−2=1.2a2+2.3a3x+· · ·+ (n−1) (n−2)an−1xn−3+n(n−1)anxn−2 (3)
Quandox=0temos
n(n−1) =1.2a2⇒a2=
n(n−1)
2.1 ⇒ a2= n! 2! (n−2) ! .
Derivando(3)temos
n(n−1) (n−2) (1+x)n−3=2.3a3+· · ·+ (n−1) (n−2) (n−3)an−1xn−4+n(n−1) (n−2)anxn−3
Quandox=0temos
n(n−1) (n−2) =2.3a3⇒a3=
n(n−1) (n−2)
3.2.1 ⇒ a3= n! 3! (n−3) ! .
Generalizando, nak-´esima derivada(k≤n)temos
ak=
n! k! (n−k) !
Os n´umeros da forma n!
k!(n−k)! s˜ao chamados den´umeros binomiais (oucoeficientes binomiais) denna classeke s˜ao indicados por n
k
, ou seja,
n k
= n!
k! (n−k) !
Uma curiosidade: nkconsiste no n´umero de combina¸c˜oes dentermos, kak. Com isso, parak=0, . . . , n, temos
ak=
n k
e conclu´ımos que
(1+x)n=
n P
k=0
n k
xk
Observa¸c˜ao: como desevolver(a+b)n? Observe:
(a+b)n=
a
1+ b a
n
=an
1+b a
n
=an
n P
k=1
n k b a k = n P
k=1
n k
anb
k
ak ⇒
(a+b)n =
n P
k=0
n k
an−kbk
3.12
Deriva¸
c˜
ao Impl´ıcita
Seja E(x, y) = 0 uma equa¸c˜ao nas vari´aveis xey. Dizemos que a fun¸c˜ao f: X⊂R→R, tal que y= f(x), ´e dada implicitamente por tal equa¸c˜ao quando(x, f(x))for solu¸c˜ao deE(x, y) =0para todox∈X.
Por exemplo, E(x, y) = 0 dada por E(x, y) = x2+y2−1 fornece a equa¸c˜ao x2+y2 = 1, e podemos definir
y=f(x) =√1−x2, ou ent˜ao y=f(x) = −√1−x2, com−1≤x≤1, como sendo fun¸c˜oes dadas implicitamente por
x2+y2=1.
No exemplo acima:
x2+y2=1⇒x2+ (f(x))2=1⇒2x+2f(x)f′(x) =0⇒f′(x) = − x
f(x), sendof(x)6=0.
Exemplo 1. Dada a equa¸c˜aoy3+y=x, sendoy=f(x)dada implicitamente, derivef.
Resolu¸c˜ao. Temos
y3+y=x⇒(f(x))3+f(x) =x⇒3(f(x))2f′(x) +f′(x) =1
⇒f′(x) = 1 1+3(f(x))2.
De forma simplificada:
y′ = 1 1+3y2.
Notemos que, neste caso, n˜ao ´e f´acil encontrar uma express˜ao anal´ıtica expl´ıcita paray=f(x).
Exemplo 2. No exemplo acima, calcule a equa¸c˜ao da reta tangente ao gr´afico dey=f(x)no ponto(10, 2).
Resolu¸c˜ao.
Primeiramente, observemos que(x0, y0) = (10, 2)satisfaz a equa¸c˜aoy3+y=x, o que significa que(10, 2)est´a no
gr´afico def.
O coeficiente angular da reta tangente ao gr´afico de f no ponto (10, 2) ´e dado por f′(10). Como f(10) = 2, a derivada f′(x) = 1
1+3(f(x))2 encontrada no exemplo acima permite que encontremosf′(10):
f′(10) = 1
1+3(f(10))2 = 1 1+3(2)2 =
1 13.
Da equa¸c˜ao da reta tangentey−y0=f′(x0) (x−x0)temos
y−2= 1
13(x−10).
3.13
Interpreta¸
c˜
ao da Derivada como Taxa de Varia¸
c˜
ao Instantˆ
anea
Motiva¸c˜ao:
Considere que um objeto inicia um movimento ao longo de um caminho retil´ıneo, a partir de um ponto O, e que sua distˆancia at´eO(em metros) esteja em fun¸c˜ao do tempo (em segundos) de acordo com a fun¸c˜ao
s(t) =5t2,t≥0.
Logo:
- No instantet=0, o objeto se encontra as(0) =5.02=0 m do pontoO. - No instantet=1, o objeto se encontra as(1) =5.12=5 m do pontoO. - No instantet=2, o objeto se encontra as(2) =5.22=20 mdo pontoO.
Generalizando:
- No instantet=t0, o objeto se encontra as(t0) =5t20 mdo pontoO.
0 m 5 m 20 m
t=0 s t =1 s t=2 s
caminho
Figura: Percebemos que a velocidade do objeto est´a variando, ou seja, n˜ao ´e constante.
Pergunta:
(1′) Qu˜ao r´apido est´a crescendo a distˆancia do objeto ao ponto O, em rela¸c˜ao ao tempo, em um determinado instante?
(1′′)Qual ´e a taxa de crescimento da distˆancia do objeto ao pontoO, em rela¸c˜ao ao tempo, em um determinado instante?
ou, equivalentemente:
(1′′′)Qual ´e a velocidade instantˆanea (ou exata) do objeto em determinado instante?
Chamando de v(t) a velocidade instantˆanea do objeto no instante t, uma aproxima¸c˜ao de v(t) ´e dada pela velocidade m´edia do objeto no “trecho” de s(t)es(t+h)parahpequeno, ou seja,
v(t)=∼ s(t+h) −s(t) (t+h) −t =
s(t+h) −s(t)
h m/s.
Por exemplo:
- Set=1eh=0, 1ent˜aov(1)=∼ s(1,10,1)−s(1) = 5.(1,10,1)2−5.12 =10, 5 m/s.
- Set=1eh=0, 01ent˜aov(1)=∼ s(1,010,01)−s(1) = 5.(1,010,01)2−5.12 =10, 05 m/s. ´
E claro que quanto menor for h, melhor ser´a a aproxima¸c˜ao da velocidade instantˆanea v(t) no instante t pela velocidade m´edia no “trecho” des(t)a s(t+h).
Assim, ´e natural definir a velocidade instantˆanea v(t) como sendo o limite das velocidades m´edias quando h tende a 0, ou seja,
v(t) = lim
h→0
s(t+h) −s(t)
h =s
′(t) m/s.
No nosso exemplo,v(1) =s′(1) =2.5.12=10 m/s.
Genericamente:
v(t) =s′(t) =10t m/s.
De modo geral, a taxa de varia¸c˜ao instantˆanea (ou taxa de crescimento/decrescimento) de uma fun¸c˜ao f : X ⊂
R→R, em rela¸c˜ao a sua vari´avel, em um pontox∈X´e dada pela derivada defemx, ou seja, f′(x), caso a derivada exista.
Exerc´ıcio:
Considere um objeto em movimento por um caminho retil´ıneo cuja distˆancia a um pontoO(em metros) em fun¸c˜ao do tempo (em segundos) ´e dada pors(t) =39, 2t+4, 9t2,t≥0. Sabendo-se que a taxa de varia¸c˜ao da distˆancia em
rela¸c˜ao ao tempo ´e a velocidade e que a taxa de varia¸c˜ao da velocidade em rela¸c˜ao ao tempo ´e a acelera¸c˜ao, diga se o movimento ´e uniformemente acelerado e qual distˆancia at´eO, velocidade e acelera¸c˜ao do objeto emt=0 set=1 s.
Resolu¸c˜ao:
s(t) =39, 2t+4, 9t2m(distˆancia at´eO) v(t) =s′(t) =39, 2+9, 8t m/s(velocidade)
a(t) =v′(t) =9, 8 m/s2 (acelera¸c˜ao)
Como a acelera¸c˜ao ´e constante, o movimento ´e uniformemente acelerado. Parat=0:
s(0) =0 m. v(0) =39, 2 m/s.
a(0) =9, 8 m/s2.
Parat=1:
s(1) =44, 1 m. v(1) =49 m/s.
3.14
Taxas Relacionadas
´
E frequente problemas envolvendo duas taxas de crescimento ou decrescimento (varia¸c˜ao) que est˜ao relacionadas. ou vinculadas. Por exemplo, quando enchemos uma bexiga com formato esf´erico, a taxa de crescimento do volume interno em rela¸c˜ao ao tempo est´a relacionada com a taxa de crescimento do raio de bexiga, tamb´em em rela¸c˜ao ao tempo.
Geralmente, conhecendo-se uma taxa, podemos calcular a outra taxa relacionada usando aRegra da Cadeia.
Exemplo 1.
Suponha que a taxa de crescimento do volume de uma bexiga esf´erica em rela¸c˜ao ao tempo ´e constante e de100 cm3/s. Qual ´e a taxa de crescimento do raio da bexiga, tamb´em em rela¸c˜ao ao tempo, no instante em que o raio da
bexiga ´e de25 cm? Resolu¸c˜ao: Temos
r 100 cm s3/
Figura: Bexiga esf´erica que est´a sendo inflada.
V(r) = 4 3πr
3: volume da bexiga em fun¸c˜ao do raio.
v(t) : volume da bexiga em fun¸c˜ao do tempo.
v′(t) =100 cm3/s : taxa de crescimento do volume da bexiga em rela¸c˜ao ao tempo.
r(t) : raio da bexiga em fun¸c˜ao do tempo.
r′(t) : taxa de crescimento do raio da bexiga em rela¸c˜ao ao tempo.
Notemos que, neste exemplo, a taxa de varia¸c˜ao v′(t)´e constante, ou seja, n˜ao depende do tempo. ´
E claro que
v(t) =V(r(t)), ou seja, os volumes em fun¸c˜ao do tempo s˜ao iguais.
Queremosr′(t)no instantet=t
0em que o raio da bexiga ´e de25 cm, ou seja, queremosr′(t)quandor(t0) =25
cm.
Pela Regra da Cadeia, dev(t) =V(t(t)),
v′(t) = (V(r(t)))′=V′(r(t)).r′(t).
Como
V(r) = 4 3πr
3
⇒V′(r) =4πr2
⇒V′(r(t)) =4π(r(t))2.
No instantet=t0desejado:
v′(t
0) =V′(r(t0)).r′(t0) =4π(r(t0))2.r′(t0)⇒100=4π(25)2.r′(t0)⇒r′(t0) =
1
25π cm/s, ou seja, o raio da bexiga est´a crescendo `a taxa de 1
25π cm/squando seu raio ´e de25 cm.
Exemplo 2.
Dois carrosAeBest˜ao trafegando por estradas perpendiculares conforme o esquema abaixo.
A
B
Suponhamos que a taxa de varia¸c˜ao do espa¸co percorrido em rela¸c˜ao ao tempo, ou seja, a velocidade, seja50 km/h para o carroAe60 km/hpara o carroB.
Qual ´e a velocidade de aproxima¸c˜ao dos carros no instante em que eles est˜ao a 300 me400 m, respectivamente, do cruzamento das estradas?
Resolu¸c˜ao:
Consideremos o esquema:
A O
B 0 3 km,
0 4 km, 50 km h/
60 km h/
Figura: Triˆangulo retˆangulo derivado da situa¸c˜ao exposta.
Temos:
x(t) : distˆancia percorrida porAem fun¸c˜ao do tempo at´e o ponto O.
x′(t) = −50 km/h: taxa de decrescimentoda distˆancia percorrida porAem rela¸c˜ao ao tempo. y(t) : distˆancia percorrida porBem fun¸c˜ao do tempo at´e o pontoO.
y′(t) = −60 km/h: taxa dedecrescimentoda distˆancia percorrida porBem rela¸c˜ao ao tempo. d(t) : distˆancia entreAeBem fun¸c˜ao do tempo.
Observemos que as taxas x′(t) e y′(t) s˜ao negativas porque as distˆancias de A e B at´e O est˜ao diminuindo `a medida que o tempo passa.
Queremosd′(t), que ´e a taxa de varia¸c˜ao da distˆancia entreAeB, em rela¸c˜ao ao tempo, quandot=t
0´e tal que
x(t0) =0, 3 kmey(t0) =0, 4 km. Em palavras mais simples,d′(t)´e a velocidade de aproxima¸c˜ao entreAeB.
Pelo Teorema de Pit´agoras e Regra da Cadeia,
d(t)2=x(t)2+y(t)2⇒2d(t)d′(t) =2x(t)x′(t) +2y(t)y′(t)
⇒d(t)d′(t) =x(t)x′(t) +y(t)y′(t).
No instantet=t0temos
d(t0) =
q
x(t0)2+y(t0)2=
p
0, 32+0, 42=0, 5
portanto,
d(t0)d′(t0) =x(t0)x′(t0) +y(t0)y′(t0)⇒0, 5.d′(t0) =0, 3(−50) +0, 4(−60)⇒d′(t0) = −78 km/h.
Logo, no instantet=t0do enunciado, os carrosAeBest˜ao se aproximando `a velocidade de78 km/h.
Exemplo 3.
Um recipiente cheio de ´agua com a forma de um cone invertido est´a sendo esvaziado a uma taxa de6 cm3/min.
A altura do cone ´e de24 cme o raio da base ´e12 cm. Encontre a velocidade com que o n´ıvel da ´agua est´a abaixando quando sua altura for de 10 cm.
Resolu¸c˜ao.
Considere a figura abaixo.
12 cm
24 cm
r
h
6 cm min3/
Temos:
h r =
24 12 ⇒r=
h
2 (colocandorem fun¸c˜ao deh)
V= πr
2h
3 ⇒V(h) = πh3
12 : volume do l´ıquido em fun¸c˜ao da altura.
Mas r=r(t)eh=h(t), ou seja, o raio e a altura do cone de l´ıquido variam com o tempo. Logo,
V(h(t)) = πh(t)
3
12 .
Por outro lado, chamando dev(t)o volume do cone de l´ıquido em fun¸c˜ao do tempo, temos v′(t) = −6 cm3/min
a taxa de varia¸c˜ao de seu volume em rela¸c˜ao ao tempo (negativa porque o volume est´a diminuindo). Deste modo, temos duas fun¸c˜oes do volume do cone de l´ıquido em fun¸c˜ao do tempo. Portanto:
v(t) =V(h(t)) = πh(t)
3
12 .
Queremosh′(t
0)no instantet0em queh(t0) =10 cm.
Logo, pela Regra da Cadeia,
v′(t) =V′(h(t)).h′(t) = πh(t)
2
4 h ′(t).
Emt=t0temos
v′(t
0) =
πh(t0)2
4 h
′(t
0)⇒−6=
π102
4 h ′(t
0)⇒h′(t0) = −
6
25π cm/min.
Observemos queh′(t
0)´e negativa porque a alturah est´a diminuindo `a medida que o tempo passa.
Exemplo 4.
Considere um triˆangulo ABC articulado nos v´ertices tal modo que A = (0, 0), C = (x, 0), d(A, B) = 3 cm e d(B, C) =5 cm(xest´a variando). Suponha que a taxa de varia¸c˜ao da medida do ˆanguloAb seja de 1
2rad/sno sentido
anti-hor´ario. Determine a velocidade com que Cse aproxima deAquando ˆanguloAb medir π 2 rad.
Resolu¸c˜ao.
Consideremos a figura abaixo.
3 cm
5 cm
A
B
C
x t( ) x
y
q( )t
Figura: Triˆangulo articulado.
Sejam
θ(t) : medida do ˆanguloAb em fun¸c˜ao do tempo. x(t) : distˆancia deCat´eAem fun¸c˜ao do tempo.
θ′(t) = 1
2 rad/s: taxa de varia¸c˜ao da medida do ˆangulo Ab em rela¸c˜ao ao tempo.
Queremosx′(t
0)quandot=t0´e tal queθ(t0) = π2 rad, ou seja, quando x(t0) =4 cm.
3 cm 5 cm
A B
C x t( )0
x y
q( )t0
Figura: Triˆangulo no instante t=t0 tal que θ(t0) = π
Pela Lei dos Cossenos aplicada ao triˆanguloABCdaFigura 6:
52=32+x(t)2
−2.3.x(t).cos(θ(t))⇒
0=0+2x(t)x′(t) −6x′(t)cos(θ(t)) −6x(t) (−sen(θ(t)))θ′(t).
Parat=t0 daFigura 7temos
0=x(t0)x′(t0) −3x′(t0)cos(θ(t0)) +3x(t0)sen(θ(t0))θ′(t0)⇒
0=4x′(t
0) −3x′(t0)cos
π 2
+3.4.senπ 2
.1 2 ⇒ 0=4x′(t
0) +6⇒
x′(t
0) = −
3 2 cm/s.
Sinal negativo: o pontoCest´a se aproximando deA.
Exemplo 5.
Uma lˆampada ´e colocada em um poste a5 mde altura. Se um homem de2 mde altura caminha afastando-se da lˆampada a uma velocidade constante de5 m/s, com que velocidade se alonga sua sombra?
Resolu¸c˜ao.
Temos a figura abaixo.
5 m
x t( ) 2 m
y t( )
Figura: Poste, homem e sombra.
Sejam
x(t) : comprimento da sombra em fun¸c˜ao do tempo. y(t) : distˆancia do homem ao poste em fun¸c˜ao do tempo.
y′(t) =5 m/staxa de crescimento da distˆancia do homem ao poste em rela¸c˜ao ao tempo. (velocidade do homem)
Queremosx′(t). Temos
5 2 =
y(t) +x(t) x(t) ⇒
5 2 =
y(t)
x(t)+1⇒2y(t) =3x(t)⇒2y
′(t) =3x′(t)⇒2.5=3.x′(t)⇒x′(t) = 10 3 m/s.
Logo, a sombra do homem est´a crescendo a uma taxa de 10
3 m/s, ou seja, a velocidade de alongamento da sombra