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Academic year: 2021

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(1)Anexos 1. Anexos. Anexo 1 - Entrevistas a) Laurindo Leal Filho 1.. Que fatores sócio-políticos contribuíram para a formação deste grupo para. discutir a televisão? Em qual contexto social e político da televisão se deu esse formação? 2.. Como se dá a composição dessa ONG (movimento, associação)? Qual infra-. estrutura tem e com que freqüência se reúnem? 3.. A ONG (movimento, associação) tem apoiadores e financiadores? Existem. publicações? 4.. É pioneira nesse discurso? Conhece outras que se multiplicaram?. 5.. Qual a importância do trabalho realizado pela Ong (movimento, associação). para melhorar a qualidade da televisão? O que tem sido feito? 6.. Qual a relação da Ong (movimento, associação) com o setor governamental. responsável por essa área (televisão)? 7.. E com os Ministérios Público, das Comunicações e da Educação?. 8.. Qual a relação da Ong com os dirigentes das emissoras? Eles ouvem vocês?. 9.. Próximos passos e metas?. 10.. Como avalia a participação da sociedade pela qualidade da televisão?. 11.. A Ong (movimento, associação) se vê como grupo de pressão que estuda a. qualidade da TV numa perspectiva multidiciplinar? 12.. Você considera a Ong (movimento, associação) um grupo de pressão para. conscientizar sobre os problemas da televisão? Qual a importância desses grupos de pressão? 13.. O que seria na sua opinião a TV ideal? Em que medida a TV tem papel na. formação da consciência crítica nacional?.

(2) Anexos 2. 14.. A Academia tem contribuído, sugerido, sido convidada a integrar os grupos. de discussão sobre qualidade da TV? 15.. Na sua opinião qual o impacto da tv na sociedade?. 16.. E qual o impacto da sociedade na TV?. 17.. No Fórum Nacional pela Democratização houve uma mobilização,. mudanças na lei que não foram regulamentadas e outras não foram incorporadas. O que está faltando para isso? Em que medidas as políticas de comunicação podem modificar isso? 18.. A mobilização social pode influenciar numa televisão de qualidade? Como?. 19.. Na sua opinião a TV é só entretenimento ou também tem seu papel. educativo? 20.. O que o senhor acha dessa discussão de controle da televisão. É a favor ou. acha que controle é censura? Qual o papel da sociedade civil? 21.. A classificação indicativa resolve o problema da qualidade? Por que?. 22.. A questão da qualidade da televisão está condicionada às questões da. educação e cultura do país? 23.. Como fazer valer o cumprimento dos códigos de ética das emissoras?. 24.. Que fatores sócio-políticos contribuíram para a formação deste grupo para discutir a televisão? Em qual contexto social e político da televisão se deu esse formação?. 25.. Como se dá a composição dessa ONG? Qual infra-estrutura tem e com que freqüência se reúnem?. 26.. A ONG tem apoiadores e financiadores? Existem publicações?. 27.. A Tver é pioneira nesse discurso? Conhece outras que se multiplicaram?. 28.. Qual a importância do trabalho realizado pela Tver para melhorar a qualidade da televisão? O que tem sido feito?. 29.. Qual a relação da ONG com o setor governamental responsável por essa área (televisão)?. 30.. E com os Ministérios Público, das Comunicações e da Educação?. 31.. Qual a relação da ONG com os dirigentes das emissoras? Eles ouvem vocês?. 32.. Próximos passos e metas?. 33.. Como avalia a participação da sociedade pela qualidade da televisão?. 34.. A Tver se vê como grupo de pressão que estuda a qualidade da TV numa perspectiva multidiciplinar?.

(3) Anexos 3. 35.. Você considera a Tver um grupo de pressão para conscientizar sobre os problemas da televisão? Qual a importância desses grupos de pressão?. 36.. Considerando seus trabalhos sobre a BBC de Londres e o da TV Cultura no Brasil o que seria na sua opinião a TV ideal? Em que medida a TV tem papel na formação da consciência crítica nacional?. 37.. A Academia tem contribuído, sugerido, sido convidada a integrar os grupos de discussão sobre qualidade da TV?. 38.. Na sua opinião qual o impacto da tv na sociedade?. 39.. E qual o impacto da sociedade na TV?. 40.. No Fórum Nacional pela Democratização houve uma mobilização, mudanças na lei que não foram regulamentadas e outras não foram incorporadas. O que está faltando para isso? Em que medidas as políticas de comunicação podem modificar isso?. 41.. A mobilização social pode influenciar numa televisão de qualidade? Como?. 42.. Na sua opinião a TV é só entretenimento ou também tem seu papel educativo?. 43.. O que o senhor acha dessa discussão de controle da televisão. É a favor ou acha que controle é censura? Qual o papel da sociedade civil?. 44.. A classificação indicativa resolve o problema da qualidade? Por que?. 45.. A questão da qualidade da televisão está condicionada às questões da educação e cultura do país?. 46.. Como fazer valer o cumprimento dos códigos de ética das emissoras?. RESPOSTAS DO LAURINDO LEAL FILHO – ENTREVISTA REALIZADA EM 19/10/05 – NA USP, SÃO PAULO – SP. Como no Brasil não existem órgãos reguladores da televisão em determinados momento, a sociedade percebe que a televisão necessita de algum tipo de controle, de parâmetro. O que é curioso é que até os anos 80 sempre as reações eram muito reacionárias, conservadoras, que apelavam para censura, um dos exemplos assim mais simbólicos é os das Senhoras de Santana, que denunciavam as imoralidades na televisão, com uma postura muito conservadora. A grande diferença que eu consigo observar agora é que nos anos 90 a televisão entrou num outro ciclo de queda de qualidade, porque a televisão tem ciclos, e a reação da sociedade não foi mais a mesma, porque já tinha havido um retorno à democracia, uma.

(4) Anexos 4. consolidação da democracia, não estávamos mais na época da ditadura. Então a reação foi democrática. Não houve nenhum tipo de apelo à censura, a sociedade começou a buscar formas, ainda sem saber muito bem quais, de controle democrático. É nesse contexto, na década de 90, que surge o TVer. A Marta Suplicy era deputada federal e como ela trabalhou com televisão, era psicanalista, ela começou a receber apelos de eleitores pedindo mais qualidade na televisão, apelo pedindo fim da baixaria, esse apelo exagerado a violência, ao sexo fora de contexto, em horários impróprios. A Marta não tinha resposta e então ela chamou algumas pessoas de confiança dela que pensavam a questão da televisão, da criança e da televisão e criança, juntava na casa dela, em torno de queijos e vinhos, a cada 15 dias, reuniões de amigos para discutir essa questão da televisão e dar subsídios para o trabalho dela. Então havia psicanalistas, jornalistas, filósofos, advogados para discutir a questão da legislação e a turma começou a se entusiasmar com o negócio, com esse espaço para a discussão. Era muito agradável, de repente vinha um e fazia uma análise psicanalítica em torno da criança, eu fui levar o exemplo de como a Europa enfrentava esse problema, e aí por ela ser uma figura pública, as pessoas começaram a saber dessas reuniões, e aí vazou o nome do grupo informalmente. E aí passamos a ser convidados para debates, dar entrevistas, dar opinião sobre o tema e percebemos que precisaríamos de uma estruturação maior, com recursos para ter um funcionamento mais sistemático e então se criou a Ong TVer, em 1998. Ela começou a trabalhar de uma maneira mais sistematizada, conseguimos recursos da Unesco para fazer um seminário Internacional em Brasília, participamos de mesas no Fórum Social Mundial, aí a visibilidade foi aumentando. A Marta foi começando a se afastas por ter outros objetivos mais imediatos políticos, como a candidatura ao governo, eu assumi a presidência no lugar dela em 1999, e aí começou haver uma animosidade, foram se formando grupos que viam de forma diferenciada, as relações pessoais começaram a ficar difíceis, uma atividade voluntária (ninguém ganhava nada para isso), começou a se tornar uma atividade desgastante, eu não via mais prazer de ir as reuniões porque se discutia menos televisão e mais as relações de poder dentro do grupo. Fugiu do foco, discutia-se quem ia operar o site, eram discussões mais burocráticas do que a televisão. Isso acabou fazendo com que a produção do grupo declinasse um pouco. Hoje ele ainda existe formalmente, mas está parado, como se fosse hibernando, o site não está atualizado, as reuniões não acontecem mais. Foi o primeiro movimento num contexto social que a televisão corria solto e necessitava de um controle. A Marta se retirou formalmente do grupo, o Eugênio Bucci foi para a Radiobrás, a Maria Rita Kehl saiu, eu e a Ana Olmos fomos para o Midiativa..

(5) Anexos 5. É interessante que aí surgem outras iniciativas e no caso específico da Marta que ela como deputada federal ela sai, o Orlando Fantazzini, que era um deputado muito ligado à questão dos direitos humanos, ele acaba como parlamentar ocupando esse espaço, dentro da Câmara dos Deputados, que a Marta tinha aberto caminho. Mas com um outro enfoque, o enfoque da Marta era mais político-acadêmico, discutindo a legislação, o controle e análise psicológica e sociológica. E o Orlando ocupa esse espaço mais com um foco muito mais direcionado que é a violação dos Direitos Humanos pela televisão, e como forma de combate a essa violação dos Direitos Humanos, não ir ao encontro das necessidades legais com análise acadêmicas, mas de ir ao encontro de quem financia esses programas na televisão brasileira, com o intuito de cortar na raiz com dinheiro, e não na raiz legal. O objetivo imediato é esse “Se você paga a baixaria, você é responsável por isso”. Foi interessante porque tinha uma estrutura um pouco melhor ali na Câmara e agora parece que vai se tornar um ONG também. Esse espaço que foi aberto pelo TVer acabou sendo ocupado por parte da Campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania, mas a campanha é pela ética na TV. Nesse contexto surge o Midiativa, não pela Câmara dos Deputados, mas pela sociedade. Surge por um grupo de pessoas mas, preocupadas com a questão da televisão e criança, mas em relação a programação infantil de qualidade, que é liderado pela Beth Carmona que tinha sido responsável por uma programação infantil de qualidade na TV Cultura, no início dos anos 90. Houve outras tentativas, por exemplo, um grupo TVer, uma espécie de filial da TVer em Belo Horizonte, que funcionou razoavelmente bem durante algum tempo, ainda existe. Rogério Tavares foi quem centralizou esse TVer em Belo Horizonte, é advogado e jornalista. O Tver é parte de um processo. Durante toda a existência da TVer ela teve apenas um financiamento que foi o da Unesco, que deu para realizar o seminário internacional e permitiu que fossem realizadas duas mesas de debate no Fórum Social Mundial em Porto Alegre. Não teve publicações, apenas o site. A TVer foi pioneira na discussão de forma organizada, institucional, sobre qualidade da televisão no Brasil. A partir dela outras iniciativas multiplicaram essa discussão. A importância da TVer nesse contexto se dá por vários motivos dentre eles: o pioneirismo e ensejo ao aparecimento de outros grupos. Havia também uma manifestação muito grande de replicar o TVer em outras cidades como no Rio Grande do Sul, mas o único que vingou efetivamente foi o de Belo Horizonte. Outro motivo é que pela primeira vez as emissoras de televisão do país perceberam que havia uma referência crítica na sociedade, até então as críticas eram muito dispersas e se limitavam aos jornais, passaram a se concentrar. E ainda.

(6) Anexos 6. como contribuição do TVer passou a se discutir com mais profundidade no Brasil a questão da legislação de radiodifusão. Começou-se a deixar mais claro para a sociedade que a televisão opera num vácuo legal, que trata-se de um concessão pública que atua sem um balisamento legal. Além do TVer ter disseminado debates e o apoio ao trabalho dos professores de 1º e 2º graus nas escolas. Foi muito grande o número de textos nossos usados na sala de aula e convite dos participantes para dar palestras na escola. Ao ponto de surgir um grupo TVer no Colégio Equipe, em São Paulo, que faziam um trabalho muito interessante sobre televisão na periferia. Conclusão: Democratizou o debate, ampliou e se percebeu como os professores necessitam de instrumentos para lidar com a televisão em sala de aula. Eu costumo dizer que professor, a família, qualquer trabalho em que as relações que não sejam conflitantes, que as diferenças sejam resolvidas educadamente, a televisão vai e mostra a noite que se resolve tudo na base da violência. A televisão destrói o trabalho do professor. O diálogo no setor público só existiu com o Ministério das Comunicações e o Ministério Público. Com o MP foi o único que rendeu ações concretas. Ex: Um dia o programa do ratinho colocou no ar duas meninas de 10 anos que teriam sido trocadas na maternidade ao nascer. O apresentador prometeu um exame de DNA para descobrir se haviam sido trocadas ou não. Ele levou as meninas para o palco, onde elas permaneceram mais de 40 minutos andando de um lado para o outro, chorando, porque havia a possibilidade de que se o DNA confirmasse a troca elas sairiam de lá com outras famílias. Recebemos essa informação, fizemos 50 cópias do programa e mandamos para diversos setores públicos como Comissão de Direitos Humanos, Ministério Público, que entendeu que havia ali uma violação do Estatuto da Criança e do Adolescente que proíbe que a criança apareça exposta em situação vexatória. O MP entrou com uma ação e o Ratinho e o SBT foi condenado em última instância. Esse foi uma das ações mais representativas. No Ministério das Comunicações eu e Marta nos reunimos com o Ministro Pimenta da Veiga, mas nada de concreto aconteceu. Não houve relação com Ministério das Comunicações. Os dirigentes das emissoras de televisão publicamente ignoraram o movimento da TVer, não sei se internamente houve algum tipo de mudança de comportamento. Mas nunca houve diálogo. Uma vez recebemos uma denúncia semelhante a esse caso do Ratinho, de uma menina que teve que escolher no programa do Fantástico da Rede Globo se ficaria com a mãe biológica ou adotiva. Mandamos uma carta endereçada ao Roberto Marinho e a resposta foi dada pela Marluce, de uma arrogância brutal, do tipo a Globo sabe o que está fazendo. Um dos nossos maiores resultados foi ter disseminado o debate e a consciência que televisão não é uma relação privada entre anunciante, emissoras e telespectadores, é uma.

(7) Anexos 7. relação pública por que é uma concessão púbica e por esse motivo ela tem que ser discutida publicamente. Eu acho que nesse sentido o Tver avançou muito essa discussão na sociedade. Aí você ver quantas pessoas, principalmente na universidade, começaram a se preocupar com televisão. A participação da sociedade pela qualidade da televisão nunca foi tão grande, se for fazer um recorte dos últimos 10 anos, não há comparação de 95 para 2005. Mas ainda assim é pequena porque é muito difícil atingir camadas mais amplas da sociedade porque a maioria da sociedade só se informa pela televisão, cerca de 95%, sendo 80% que só se informa pelas Organizações Globo. Obviamente essas empresas não fazem nenhum tipo de autocrítica, só fora dessas grandes empresas. Então há uma dificuldade muito grande de você tirar esse debate desse ciclo de pessoas bem informadas, que tem acesso a outras mídias, que tem acesso a jornal, que representam só 10% da população. É muito difícil extrapolar o debate que continua ainda num ciclo pequeno. O Tver e seus integrantes remanescentes continuam ainda se vendo como um grupo de pressão eficaz pela qualidade da TV, embora esteja estagnado. A característica bem peculiar e positiva do grupo é a sua multidisciplinaridade. Isso porque a televisão é um fenômeno de múltiplas facetas; é um fenômeno industrial, comercial, cultural, educativo, entretenimento, artístico, jornalístico, político, religioso, ou seja, não pode ficar na mão de especialistas, a análise tem que ser multidisciplinar. Esse foi o grande diferencial do grupo. A televisão analisada multidisciplinarmente. Os grupos de pressão são fundamentais em qualquer sociedade, no Brasil eles são mais importantes ainda pela ausência dos canais institucionais. Na Inglaterra e nos EUA, onde existem os canais institucionais os grupos de pressão são importantes, aqui então nem se fala. A TV ideal para mim é a TV plural. A TV que atenda ao maior número possíveis de interesses: culturais, políticos, educacionais existentes na sociedade. A TV ideal para mim é aquela que, analisando a tv não como um canal e sim como uma mídia, é aquela que esteja submetia a uma grade de programação externa aos interesses das emissoras, mas comprometidas com os interesses dos diferentes grupos sociais existentes na sociedade, como exemplo, ter uma grade de programação em que um canal que esteja passando novela e no mesmo horário em outro canal tenha um jornal, ou um programa educativo, infantil, enfim, que tenha pluralidade na grade. De que forma a TV tem papel na formação da consciência crítica nacional? Ao meu ver ela deveria ter, mas não tem nenhum. Ela é um canal de pensamento único, é o canal da.

(8) Anexos 8. manutenção do status quo. Ela exerceria esse papel de consciência crítica se ela oferecesse alternativa de escolha. Papel da academia – Eu fui convidado para ingressar nesse grupo por trabalhos acadêmicos e outros também. Nesses grupos de pressão tem a presença de vários pesquisadores de comunicação como o Edgard Rebouças, que integra a Campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania, junto com o Vinícius Lima de Brasília. A participação ainda é pequena, mas também nunca foi tão grande. O impacto da tv na sociedade no Brasil é brutal, porque diferentemente de outros países, essa má distribuição de renda do país faz com que a televisão seja o único meio de informação para grande parte da sociedade, então a televisão pauta a política, cultura, hábitos de comportamentos, valores. Em outros países que tem uma distribuição maior de renda, o poder da televisão é relativizado pelo acesso a outros meios. O impacto da sociedade na televisão é pequeno porque a televisão foi montada no Brasil nos moldes das empresas comerciais e a lógica é de que empreendimentos comerciais e empreendimentos privados dos quais a sociedade não pode ter participação, o que é um equívoco porque são concessões públicas. Mas infelizmente a cultura da televisão no Brasil é uma cultura de empreendimento privado, desprovido de qualquer compromisso social. Então a pressão da sociedade na tv no Brasil é muito pequena. A dificuldade do Brasil é que todos os governos ditatoriais ou democráticos sempre estabeleceram uma troca de favores com os concessionários de televisão, isso cria uma barreira de qualquer tentativa de mudança. Todos esses projetos sugeridos acabam se chocando com três obstáculos: primeiro dos próprios concessionários que não querem que mudem uma vírgula no status quo, para eles deve ser mantido a qualquer preço. O segundo obstáculo está no legislativo, por causa dos lobbies das próprias emissoras e o fato de que irregularmente um grande número de parlamentares tem concessões e por tanto legislam em causa própria. E o terceiro obstáculo está no executivo que tem uma história longa de troca de favores que começa lá com Getúlio, no seu primeiro governo, abre mão do poder do Estado sobre o rádio e outorga concessões a particulares em troca de apoio político e segue até hoje. A mobilização social pode influenciar numa televisão de qualidade, hoje é o único caminho que eu vislumbro, a pressão social. Ainda que pequenos alguns resultados começam a aparecer, o que mostra que faz sentido, que tem efeito. Alguns anunciantes começam a retirar anúncios de programas, programas saem do ar. Embora a televisão esteja muito calcada no entretenimento, ela tem que cumprir o que está na constituição: educar, entreter e informar. Lembrando que educar não é dar aula, é mais amplo..

(9) Anexos 9. Sou a favor do controle social da televisão, controle sempre a posteriori e nunca a priori, sem dizer o que pode ou não pode.. O concessionário recebe uma concessão para operar um serviço com determinados objetivos, ele não tem um contrato, se ele não cumpre aquele contrato ele tem que ser punido, esse é o controle. Ele coloca no ar o que quiser, mas ele será responsabilizado se ferir o contrato. No Brasil quando se outorga uma concessão não firma um contrato claro do que se vai colocar no ar. Boa Ventura Sousa – Houve uma evolução tão grande tecnológica, emancipadora, mas pessoas têm acesso, é mais rápido, mais pessoas tem acesso, mas não tem o mesmo crescimento em termos de qualidade, a tv não consegue atingir os anseios de todas as pessoas. Ao mesmo tempo que, emancipa ela também regula. Alguns autores de falam de déficit midiático, déficit de cidadania, você fica menos cidadão. Há uma contradição grande nisso. Classificação indicativa serve como um paliativo para atender alguns setores da sociedade nos quais os pais exercem algum tipo de ascendência sobre o que os filhos assistem, um controle, mas na sociedade moderna, com pais trabalhando fora, televisão dentro dos quartos, talvez sirva apenas para as próprias emissoras terem um pouco mais de cuidado ao direcionar seus programas e horários, mas não oferece subsídios para se melhorar qualidade do conteúdo. Não se pode dizer que a baixa qualidade da tv é uma decorrência da falta de cultura, é uma decorrência da falta de alternativas, a televisão poderia contribuir para melhorar as condições de cultura e educação da sociedade se ela oferecesse alternativas. A televisão está sempre nivelando por baixo. Como fazer com que esses códigos de éticas sejam cumpridos? Essas coisas de autoregulamentação, auto-controle, não funcionam. A Abert tem um excelente código de ética, no começo da década de 90, que não é cumprido pelas próprias emissoras. Isso não funciona. É raposa tomando conta do galinheiro, não funciona. Tem que haver o controle, mas nunca de forma ditatorial. Acredito no controle social.. b) Entrevista Orlando Fantatazzini Entrevista ao Deputado Orlando Fantazzini (PSOL) – Coordenador da Campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania Data: 29/08/2006.

(10) Anexos 10. 1 - O que é a Campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania e quando nasceu? A Campanha nasceu em 2002, depois de uma reunião da Conferência Nacional de Direitos Humanos. Tem como objetivo zelar pela qualidade da programação televisiva brasileira e a valorização dos direitos humanos nos meios de comunicação. Percebemos que a FNDC fazia um trabalho importante pela democratização dos meios de comunicação, mas numa perspectiva voltada para profissionais e intelectuais. Percebemos também que o Congresso não permite mudanças sem mobilização social. E a periferia também não tem interesse em discutir democratização da comunicação, muitas vezes por causa de falta de informação mesmo, por não saber, por exemplo, que a televisão é uma concessão pública. Então decidimos fazer uma campanha para criar um canal de comunicação com a população e discutir isso. Adotamos o termo baixaria, por ser um termo popular e poder então ter uma adesão popular a essa causa. Esse conceito foi adotado numa perspectiva objetiva: baixaria é tudo aquilo que afronta os dispositivos da Constituição Federal, das convenções internacionais das quais o Brasil é signatário, das legislações ordinárias versando sobre, por exemplo, o preconceito racional, dignidade humana, direito das mulheres, direito da criança e do adolescente e assim por diante. Para nós a baixaria não tem subjetividade alguma, embora no jargão popular a baixaria é subjetiva. Para a Campanha só levamos em consideração denúncias de baixaria que se encaixam dentro desse critério extremamente objetivo. Cheguei em Brasília no final de 2000 e assumi e fui atuar na Comissão de Direitos Humanos e notei que chegavam vários e-mails com pessoas pedindo “Pelo amor de Deus façam alguma coisa, não agüentamos mais a televisão”, etc. Fui então conversar com os deputados que estavam lá, funcionários e, num primeiro momento fui desaconselhado a não mexer com televisão. Eles disseram que televisão poderia enaltecer e, ao mesmo tempo, destruir a carreira de um político. Eu fui insistindo e no ano de 2002 fui eleito Presidente da Comissão de Direitos Humanos, anualmente fazemos uma Conferência Nacional de Direitos Humanos e, naquele ano, o tema era Superação da Violência, aí eu propus que fizéssemos um painel: Superação da Violência através dos Meios de Comunicação. Foi muito interessante porque a conclusão foi justamente que a televisão como meio de comunicação, embora pudesse ser um grande instrumento para redução da violência era um instrumento que estimulava, amplificava a violência na sociedade. A Conferência Nacional, com mais de 1.500 participantes, deliberou que nós da Comissão.

(11) Anexos 11. de Direitos Humanos fizéssemos alguma coisa. Aí ficamos discutindo e pensando no que fazer. Eis que o Ratinho (SBT) apresenta uma matéria sobre um pediatra pedófilo em São Paulo mostrando imagens das crianças vitimadas. Mandamos uma carta dizendo que era louvável a iniciativa de ajudar a prender o pedófilo, entretanto não pode trair a própria lei, como a do Estatuto da Criança e do Adolescente que veda a exibição da criança e do adolescente em situações vexatórias. O apresentador foi para a televisão falar um monte de besteiras sobre minha pessoa e as entidades na área da criança e do adolescente ficaram muito indignadas e pressionaram para que a gente acelerasse uma ação que foi deliberada na conferência. Acredito que isso foi feito por puro sensacionalismo. O Ratinho destratou a mim e a outro deputado Milton Temer do Rio de Janeiro que também havia mandado uma carta. Aí começamos a tentar fazer um resgate histórico de como se poderia dialogar com as emissoras. O que tínhamos historicamente deste diálogo foram dois ex-ministros da Justiça Jarbas Passarinho (Collor) e José Gregory (FHC) que tentaram dialogar e as emissoras não deram a mínima bola, então pensamos que dariam menos ainda a um deputado. Aí fomos procurar qual a linguagem que as emissoras seriam capazes de entender. Aí eu me lembrei da campanha internacional contra a Nike pela utilização de mão de obra infantil pela empresa. A campanha era para não adquirir produtos da Nike e deu resultado, a Nike sofreu perdas, sua imagem ficou maculada, então pensamos por que não poderíamos associar algo nesse sentido. Aí surgiu o nome “Quem financia a baixaria é contra a cidadania” para se responsabilizar não só quem exibe, mas também quem patrocina. A maioria dos programas é exibida porque tem patrocínio. Se nós conseguíssemos convencer o patrocinados que ele estava colaborando com um des-serviço da sociedade, que a responsabilidade social vai além de não ter trabalho infantil, de respeitar direitos trabalhistas, mas também uma empresa socialmente responsável tem a preocupação com a cultura de paz, tolerância, respeito à lei e assim por diante. Então decidimos usar a linguagem que toca no bolso, já que foi essa linguagem que as emissoras demonstram serem capazes de entender. Não adiantava ter um slogan de campanha e abrimos um canal de diálogo com a criação do site www.eticanatv.com.br e dialogamos com a Câmara, e a mesa da Câmara liberou uma linha 0800 da câmara para receber as denúncias. No primeiro momento achamos que a angústia do telespectador era por não ter um canal de diálogo e foi o que nós passamos a ser. Esse canal. Mas aí também não adiantava ter as denúncias e não fazer nada com.

(12) Anexos 12. elas. Então surgiu a história do ranking e editamos um com os programas denunciados e pensamos que ao publicar o ranking com nome dos programas e patrocinadores pudesse surgir um efeito. Mas como quem tem acesso a jornal e revistas do setor era um número muito pequeno de pessoas pensamos, que já que era uma Campanha que foi deliberada pelas entidades de Direitos Humanos, nós decidimos fazê-la em parceria com a sociedade civil. Num primeiro momento eram 60 entidades parceiras, que ajudaram na inauguração e outros detalhes da campanha, dentre elas Unesco, Fenaj, entre outras. A campanha nasceu dentro da Conferência Nacional de direitos humanos e no diálogo com as entidades fomos aprimorando a proposta até virar campanha. Com 60 parceiros decidimos montar um Conselho de Acompanhamento da Programação até para fazer análise se as denúncias que sejam se encaixam no critério objetivo. Escolhemos 30 conselheiros que ficaram com a função de além de fazer análise das denúncias tinham objetivo de emitir pareceres sobre os mais denunciados. Esses pareceres, não adiantavam a mandar só para as emissoras, num primeiro momento, porque elas não davam a mínima. Aí passamos a mandar para emissoras, Ministério da Justiça, Ministério da Educação, Saúde, dependendo do conteúdo dos pareceres. Mas até então ficava tudo nisso, sem ação. Aí estabelecemos uma parceria com Ministério Público, que foi o grande pulo da campanha. O MP aos poucos foi analisando os pareceres e se convencendo de que era necessário adotar uma medida. A primeira foi em relação ao programa do Gugu com aquela relativa a falsa entrevista do PCC e daí em diante a campanha foi se fortalecendo. A campanha recebeu denúncias, elaborou pareceres e submeteram a promotoria do MP que também havia visto a matéria. A promotora tomou a medida. O Gugu já havia saído algumas vezes no ranking, tinha mandado um assessor a conversar com a campanha e dizer da boa intenção do apresentador, bem antes do programa sair do ar. Foi a primeira emissora que procurou um diálogo, após sair no ranking, prometeram a fazer mudanças, o que aconteceu, até cair na questão da falsa entrevista do PCC. Eu me recordo que na época o Ministério da Comunicação determinou uma multa de R$ 1.872,00 e um dia de programa fora do ar traz muito mais prejuízos por causa de patrocinadores, merchandising. Algumas empresas como Petrobrás, Banco do Brasil, Nestlé que iam anunciar desistiram de fazer e o Gugu teve uma queda. Isso que importa para nós porque os produtores começam a pensar com mais consciência sobre o que vai colocar no ar. Depois a Record nos procurou, através do Diretor de Jornalismo (Mineiro) por causa do Cidade Alerta que estava constantemente no ranking. O diretor se justificava que disputava audiência, se parasse os concorrentes continuariam fazendo e não poderia perder audiência, enfim, com aquela velha conversa.

(13) Anexos 13. das emissoras que disputa audiência refém de um aparelho que controla o ibope dos programas, etc. Falaram em dialogar, conversar mais e tal. A campanha tomou então uma atitude de escrever um expediente para todas os anunciantes como Folha de S.Paulo que permutava anúncios no jornal trocando anúncio de tv por jornal. Eles atenderam e impediram de trocar anúncio no lugar do programa Cidade Alerta, tinha também o Instituto Wizard e Casas Bahia que prometeram rever seus anúncios. As Casas Bahia, segundo fiquei sabendo, foi dialogar com Record e Bandeirantes com nosso expediente na mão. Não sei o teor da conversa, mas sei que as duas emissoras ficaram com cópia disso e entraram com pedido de cassação do meu mandato sob alegação que eu estava ferindo de um princípio constitucional fazendo pressão indevida sobre os anunciantes. Fizemos tanta pressão até que as Casas Bahia nos procurou para dialogar e comprometeram-se, publicamente, a retirar os anúncios assim que terminarem os contratos, de todos os programas classificados como programas de baixaria. Conseguimos uma contra-partida, uma espécie de reparação, que era dar um apoio cultural a TV Cultura de SP que passava por um momento ruim, com apoio cultural. Eles assumiram o compromisso e cumpriram. O próprio Cidade Alerta foi perdendo tempo, de 2h caiu para 1h de duração e depois saiu do ar. O Brasil Urgente, do Datena, persistiu com outros anunciantes. Essa foi a primeira vitória com anunciantes. - Que fatores sócio-políticos contribuíram para a formação deste grupo para discutir qualidade de televisão? Em qual contexto social e político da televisão se deu esse formação? A sociedade estava insatisfeita com a programação da televisão brasileira, não só no que diz respeito à violação dos direitos humanos, mas porque há um esgotamento no modelo da televisão brasileira. A concepção é o máximo de lucratividade com o mínimo e investimento. E aí você tem uma matéria sobre a miséria, desgraça do povo, violência que eles sabem explorar bem, tanto que esses programas são programas de auditório como, por exemplo, Ratinho, Gugu, Faustão, Dia de Cinderela, banheira do Gugu, então eles se aproveitam bastante disso. A sociedade estava cansada desse modelo como estão cansados do modelo de novela de só sexo. Recentemente o Ministério da Justiça, através do setor de classificação etária, pediu a reclassificação da novela “Cobras e Largatos”, no ar às 19h na TV Globo. Ia fazer, mas num termo de ajustamento de conduta a Globo se comprometeu a tirar sexo, utilização de armas branca, armas de fogo, cenas que envolvam drogas ilícitas, etc. Mesmo na “Páginas da Vida”, atualmente no ar ás 21h, principalmente depois do depoimento daquela senhora sobre masturbação. Se a Globo não cumprir com o prometido.

(14) Anexos 14. na Cobras e Lagartos, porque se tiver qualquer cena dessa o MJ vai reclassificar automaticamente após das 20h ou 21h. Nós percebemos essa insatisfação dadas às denúncias, conversas do dia a dia, os absurdos cometidos pelas emissoras. Para mim é inconcebível, num país que investe milhões num processo educativo, e todo o processo educativo dentro de uma sala de aula destruído em segundo por programas de televisão dessa categoria. E quem patrocina esses programas? Em grande parte o próprio Estado. É um contra-censo. Como fizemos o lançamento da campanha convidamos um representante da Abert, e o Paulo Machado de Carvalho que compareceu e disse que a televisão é o instrumento mais democrático da sociedade, que tem dois botões que liga e desliga e quem não está satisfeito com um canal, muda para outro, e quem não ta satisfeito com nenhum canal desliga a televisão. No Fórum Social Mundial de 2003 promovemos outro encontro, convidamos novamente a Abert que disse, “nós damos ao povo o que o povo quer. Não temos culpa se o povo gosta, ele gosta disso: violência, sexo”. Embora o Código de ética da Abert seja lindo tem um problema na auto-regulamentação. As associadas não têm força para impor nenhum tipo de sansão, então você faz um código de ética lindo como o da Abert que não serve para nada porque ninguém tem força para sancionar ninguém. A primeira tentativa disso que me recordo foi contra a Record, e a emissora deixou a Abert. Ficou por isso mesmo porque a Abert não pode fazer nada. Então não adiante esse discurso de auto-regulamentação. O Manifesto que a Record colocou no ar em 2003 foi considerado por nós uma forma de tentar tirar proveito da campanha nessa disputa de audiência, querendo imputar na Rede Globo uma emissora de programa de baixa qualidade e eles eram a televisão da família brasileira. Aí assumiram esse compromisso público com a qualidade da televisão. Pegaram carona totalmente na campanha até porque um dos conselheiros, Roberto Vagner Monteiro, era um cidadão que representava a ABRATEL (Associação Brasileira de Telecomunicação) dirigida pela Record. Ele viu a oportunidade e tentou pegar carona. - Como se dá a composição dessa Campanha? Qual infra-estrutura tem? São 60 entidades nacionais e 130 coordenações regionais, todas com objetivos de defesa dos direitos humanos, da criança e do adolescente, direitos dos idosos, direitos dos homossexuais, minorias, OAB, sindicato dos jornalistas, etc. Criamos as coordenações regionais porque não temos capacidade de acompanhar tudo. Elas fazem acompanhamento da programação televisiva regional, difusão da campanha, porque não adianta fazer uma campanha só para nós mesmos, ou a gente consegue atingir uma massa social que não tem outra forma de obter informação senão pela televisão e ela acredita no que vê, então temos.

(15) Anexos 15. que ir desmistificando o papel da televisão, estimular as pessoas a assistirem com olhar crítico, denunciar a programação abusiva. Buscam espaços para debates em universidades, comunidade, associações de classe (OAB, Conselho de Psicologia), escolas, palestras. Em Santa Catarina a coordenação faz um trabalho belíssimo rodando todo o estado fazendo palestras e congressos em universidades e escolas. Cada coordenação regional atua de forma autônoma dentro dos princípios estabelecidos. - Tem apoiadores e financiadores? Existem publicações? Não temos recursos de ninguém. Só no primeiro ano a Unesco pagou um estagiário para atualização do site, depois que fez parceria com Rede Globo, no Criança Esperança, nos deixou. Continua na campanha, mas não dá mais a colaboração. - Qual o foco da campanha? É pioneira nesse discurso? Conhece outras que se multiplicaram? O foco é atingir o lado comercial para impedir financiamento a programas de baixaria. É pioneira sim nesse sentido. Só existem publicações de artigos no site. Teve uma publicação da Universidade Católica de Brasília, copilou os pareceres de todos que fazem acompanhamento da programação. - Por que atuar no comercial? Foi a única forma de conseguir adesão, mexendo no bolso. Porque o João Kleber saiu do ar? Não é porque a Rede TV criou consciência de uma hora para outra, mas porque a Casas Bahia disse que não patrocinava mais o programa dele. -Qual a importância do trabalho realizado pela campanha para melhorar a qualidade da televisão? O que tem sido feito? As emissoras se recusam que tenha qualquer influência da campanha, mas foi a partir dela que o Ratinho mudou completamente seu programa, o programa do Faustão deixou de dar closes apenas nas partes genitais das mulheres, o Gugu alterou a programação, as novelas foram reclassificadas, ainda que algumas tenham conteúdos pesados, insistindo em colocar sexo, porque acham que somos carolas de igreja e tal. A programação de desenho animado melhorou, tinham muitos desenhos violentos e hoje tem bem menos, na Rede Globo, por exemplo. Começa a ver produção de minisséries, um resgate de programação de valorização inclusive do artista nacional. Muita gente não assume publicamente como o pessoal da área artística e produtoras, porque tem o receio de estabelecer um relacionamento conosco e ficarem visadas e marcadas pelas emissoras. Mas esse próprio pessoal nos diz que a campanha é ótima porque combatendo esses programas de péssima qualidade, que não exigem criatividade, usam-se o espaço para.

(16) Anexos 16. produzir qualidade. Muitos reconhecem esse avanço, mas as emissoras nunca. Para mim foi uma surpresa o Laurindo Leal Filho ter um programa que conseguimos construir para criticas qualidade da TV (Ver TV), graças ao Eugênio Bucci um dos principais apoiadores da campanha. Conseguimos essa parceria com a TV Câmara e o Ver TV surgiu dessa parceria da Campanha, da TV Câmara e da TV Nacional. O Lalo sempre entrevista pessoas para fazer questionamento aos debatedores. Foi muito interessante a manifestação do Sérgio Mambert defendendo a campanha. Gilberto Gil foi parceiro na questão da Ancinav. Os artistas ainda têm receio de aderir. - Qual a relação da Campanha com o setor governamental responsável por essa área (televisão)? Não nenhuma relação com o Ministério das Comunicações, não por falta de insistir, mas eles não dão a mínima, ignoram completamente. Para nós conseguirmos uma audiência com o Secretário de Comunicação do Governo, Luiz Guschiken, foram 13 meses de negociação e ainda com a ameaça das entidades da sociedade civil que se não nos recebessem elas iriam acampar dentro do ministério. O único local que temos espaço de diálogo e parceria é o Ministério da Justiça, que só pode reclassificar, mas quando o Ministro Tomás Bastos assumiu havia 8 pessoas fazendo acompanhamento da programação e passa de 30 hoje. Nós fizemos um debate sobre necessidade de refazer critérios de classificação etária, foi feito com audiência pública. - E com os Ministérios Públicos, das Comunicações e da Educação? Quando o Cristóvão Buarque estava no Ministério da Educação estávamos num processo avançado de construção de uma parceria, idealizando inclusive um gibi para distribuir nas escolas e estimular o olhar crítico sobres os meios de comunicação, fazer uma revista tipo telenovela para o setor mais popular, mas o Cristóvão saiu do ministério nós só conseguimos reestabelecer o diálogo de novo no ano passado e estamos construindo uma proposta para fazer um encontro, um seminário com Ministério da Educação objetivando uma proposta para formar professores, elaboração de material para professores e alunos para conscientizar sobre qualidade de televisão e leitura crítica da mídia. Estou confiante que neste ano saia, após o processo eleitoral. - Qual a relação da Campanha com os dirigentes das emissoras? Eles ouvem vocês? E com as empresas financiadoras? As emissoras estão muito distantes, não nos ouvem, não dialogam. Com a ABRA (Associação Brasileira de Anunciantes) só conseguimos um diálogo em 2005 e olha que tentamos o tempo todo. Ela assumiu compromisso numa audiência pública na Câmara dos.

(17) Anexos 17. Deputados que ela não tem poderes para impor aos seus associados, mas que tinha condições de direcionar e estimular comportamentos. Percebemos que várias empresas ficaram mais criteriosas na hora de anunciar em televisão. Tivemos essas informações de agências de publicidade. - Próximos passos e metas? Continuar no acompanhamento da programação, atingir um setor mais amplo da sociedade. A classe média já está convencida e agora precisamos ampliar esse diálogo para os setores mais populares. Nós temos algumas frentes como a regulamentação da propaganda voltada para a criança, outra foi a questão da digitalização, continuamos pressionando o governo, e fazer com que esse projeto com o Ministério da Educação vingue. Para nós é fundamental. Se conseguirmos essa parceria formando professores com um olhar crítico, por certo teremos um futuro melhor. - Como avalia a participação da sociedade pela qualidade da televisão? A participação da sociedade é boa, falta fazer com que as pessoas saibam da existência da Campanha e dos instrumentos que podem ser utilizados. Como não tem espaços na TV aberta, temos que usar mídia alternativa. Quando as pessoas vão descobrindo um canal para reclamar elas os fazem. Se você for uma pessoa simples da sociedade e quiser reclamar da baixaria na televisão não tem onde reclamar. Falta informação sobre o canal para se fazer isso. - Campanha se vê como grupo de pressão que estuda a qualidade da TV numa perspectiva multidisciplinar? Sim. Somos um grupo de pressão social até porque as análises dos pareceres envolvem análises de advogados, psicólogos, psicanalistas, profissionais de comunicação, então a coisa não fica restrita só na questão do aspecto formal da legalidade, vai além disso. - Você considera a Campanha um grupo de pressão para conscientizar sobre os problemas da televisão? Qual a importância desses grupos de pressão? Sim. A importância é de que temos um congresso extremamente comprometido, que sofre uma pressão imensa dos lobbies dos meios de comunicação, porque eles são poderosíssimos, além de que você tem um percentual significativo de deputados e senadores que são concessionários desse serviço público embora a constituição vete. - O que seria, na sua opinião, a TV ideal? Em que medida a TV tem papel na formação da consciência crítica nacional? A TV ideal para mim é aquela que teria na sua programação conteúdos educativos, e quando falo isso as pessoas falam que ninguém tem paciência de assistir aula, mas.

(18) Anexos 18. educação não é aula. Eu sempre gosto de citar o exemplo do Castelo Ratimbum, que era um programa de entretenimento que transmitia cultura, formação, informação, ou seja, disseminava valores, então é possível fazer uma televisão nessa perspectiva. A televisão fica com preguiça, ela pode fazer entretenimento, sem desrespeitar, pode ajudar na formação da consciência cidadã, valorização da cultura de paz, tolerância, enfim, tranqüilamente é possível fazer. Temos profissionais competentíssimos para fazer isso, o que falta é possibilidade de se colocar em prática a competência e criatividade dos profissionais da área. Agora é uma televisão também que serve a uma elite social, política e econômica - quanto mais o povo estiver alienado, melhor para se manter no poder. Hoje tem setores na sociedade que são censurados na televisão. A liberdade de expressão é só para os proprietários dos meios. Por exemplo, o negro não fala na televisão, índios menos ainda, mulheres falam pouco, pobres só aparecem na desgraça. A televisão deveria ter um papel de formação crítica, mas ela não tem. No Brasil funciona como um grande anestésico, as pessoas ficam lá anestesiadas, a televisão convence que lutar pelos seus direitos é coisa de baderneiros, então é muito comum a criminalização dos movimentos sociais. - Academia tem contribuído, sugerido, sido convidada a integrar os grupos de discussão sobre qualidade da TV? A gente tem procurado diálogo direto com as universidades, mas não é muito fácil. Mas para nossa surpresa tem muitos professores que tem estimulado os alunos a trabalharem sobre o tema, pesquisarem, a elaborarem. São iniciativas individuais de professores sensibilizados. As universidades e faculdades muitas vezes têm só uma perspectiva mercantilista, não se sensibilizam com a causa. - Na sua opinião qual o impacto da tv na sociedade? É muito grande. Ela impõe hábitos, costumes, faz as pessoas consumirem o que não tem necessidade, altera valores, pauta comportamentos. Dizem que ela é o quarto poder, mas eu acredito que é o primeiro. Ela decide eleições, destitui autoridades e por aí em diante. - Qual o impacto da sociedade na TV? É pouquíssimo, quase nenhum. - No Fórum Nacional pela Democratização houve uma mobilização, mudanças na lei que não foram regulamentadas e outras não foram incorporadas. O que está faltando para isso? Em que medidas as políticas de comunicação podem modificar isso?.

(19) Anexos 19. Não acredito em remendo. Acho que um governo sério teria por obrigação de fazer um grande debate com a sociedade e construir um código de comunicação onde você respeitasse os profissionais, concessionários, acima de tudo o telespectador que é o legítimo proprietário desse meio de comunicação. Política de comunicação deve ser tratada como política de Estado e não de governo. O judiciário podia nesse momento, quando se constrói um código de comunicação, deveria fazer com que a legislação vigente fosse cumprida, penalizando aqueles que tem concessão indevidamente exigindo por parte dos Ministérios das Comunicações cumprisse seu papel. Para se ter uma idéia se você pedir o prontuário de uma das concessionárias eles não tem nenhum tipo de anotação então quando chega no período de renovação de concessões a lei diz que você tem que fazer análise do prontuário e lá não tem nada. Aí você tem um governo que atende mais interesses de correligionários, que foi o caso recente do Lula de retirar 225 projetos de lei para renovação de concessão, porque estavam sem documentação e nós iríamos rejeitar e para não deixar rejeitar ele retirou. A Anatel que é rigorosa junto com a Polícia Federal para fechar rádio comunitária entendendo que ela não tem concessão. E aí você tem essas 225 que alguma está há sete anos com a concessão vencida , outras 3, então quem está com concessão vencida está atuando irregularmente e a ANATEL não adota a mesma medida. Ou você faz um grande pacto nesse país para construir um Código de Comunicação de Massa ou nós vamos ficar fazendo remendinho aqui, ali e não vai dar em nada. Nossa lei é de 1962, no período militar, tem um monte de remendo. Acredito que é possível fazer diferente. Se conseguirmos mostrar para a sociedade primeiro que a televisão não é propriedade privada, é uma concessão pública, porque quando você conta isso para o povo fica todo mundo perguntando, como? A gente responde que esse espaço que agente enxerga aí tem um pedacinho ali que comporta a transmissão e nós somos os donos. Nós autorizamos alguém e esse alguém recebe essa autorização desde que ele cumpra um conjunto de requisitos. Ele não cumpre e não acontece nada para ele. Você pode falar na televisão? Não. Quando as pessoas vão descobrindo isso elas começam a questionar então porque ela não pode expressar seu pensamento, falar na televisão. - A mobilização social pode influenciar numa televisão de qualidade? Como? Eu acredito que sim, senão não estaria fazendo o que estou fazendo. Sou taxado como louco. Hoje no Brasil é o único caminho que vejo para televisão. Ter controle social sobre os meios de comunicação, sobre a programação. Se você der oportunidade a população ela fala com conhecimento de causa, é crítica, mas você tem que dar essa.

(20) Anexos 20. oportunidade, fazer com que ela saiba que é a detentora dessa propriedade que é um espaço popular. - Na sua opinião a TV é só entretenimento ou também tem seu papel educativo? A televisão hoje é entretenimento de baixíssima qualidade, mas o papel dela é educativo, informativo e formativo. - O que o senhor acha dessa discussão de controle da televisão. É a favor ou acha que controle é censura? Qual o papel da sociedade civil? Essa discussão é extremamente necessária Países verdadeiramente democráticos têm controle social, não adianta desviar o discurso de que isso é censura, porque quem faz censura nesse país são as concessionárias. Tive muito esse debate com a Abert quando tentava nos convencer que o que fazíamos era censura. Eu lembrava que os países democráticos que tem controle social, que onde existe democracia nenhuma emissora alega que exista censura. E disse que eles é que fazem censura, que decidem quem deve aparecer e quem não pode, quem pensa e fala o que eles querem têm espaço, que, não pensa não tem. - A classificação indicativa resolve o problema da qualidade? Por que? Não resolve. Porque é aquele velho ditado olha: “eu não permito que haja violação dos direitos humanos das 6h ás 20h, agora depois das 20h em diante pode ter violação dos direitos humanos sem problema”. Quer dizer, é claro que é um instrumento que ajuda , mas não soluciona o problema. Você não pode afrontar a dignidade humana, não pode violar os direitos humanos em nenhum horário, principalmente numa concessão pública. O programa do João Kleber, as pegadinhas, eram um estímulo a homofobia, aí você está estimulando a violência. - A questão da qualidade da televisão está condicionada às questões da educação e cultura do país? Sim. - Como fazer valer o cumprimento dos códigos de ética das emissoras? Não é possível. Isso é só para inglês ver, para autopropaganda deles vangloriando seus códigos de ética. - Como foi a questão da Rede TV quando o programa do João Kleber foi tirado do ar? A Campanha colocou o João Kleber por sete vezes no ranking da baixaria. Nós íamos fazendo pareceres e encaminhando ao Dr. Sergio Suaiama. Como a campanha não tem personalidade jurídica o Dr. Sérgio sempre chama entidades parceiras para entrar com.

(21) Anexos 21. uma ação conjunta. Primeiro fizemos coleta de material com programas que comprovavam as violações dos direitos humanos. Aí solicitamos que o programa foi retirado do ar por 60 dias e que nesse prazo fosse exibido programação produzida por entidades de valorização dos direitos humanos. - Que leis estão sendo discutidas sobre qualidade de televisão? Tenho um projeto, que não é meu e sim da campanha, mas como a campanha não pode apresentar eu farei, que é o Código de Ética da televisão e a instituição de um controle social. 1600/2003. Tem um outro projeto que institui o 0800. Tem outro do Deputado Rauli, que fizemos acordo com ele, sobre a regulamentação da propagando direcionada a criança.(2002). Mas são projetos que patinam e não conseguem ser aprovados porque o lobby das emissoras é grande. Mas têm outros que estão lá há muito tempo e não são votados. Há uma força oculta, ninguém sabe porque os projetos não são pautados. - Como avalia a conquista do espaço dos movimentos sociais na TV aberta, nesse episódio da Rede TV? È extremamente importante. Serve para provar que é possível produzir material que interessa o telespectador, que ajuda a formação do telespectador, que agrega conhecimento e cultura. - Qual a relação com a Secretaria Nacional de Justiça? É muito boa, tanto com a Claudia Chagas, secretária, quanto com o Dr José Elias Romão que é diretor do departamento de classificação etária.. c) Entrevista Michelle Prazeres Entrevista Coletivo Brasil Intervozes – 06/09/2006 Michelle Prazeres – Integrante Intervozes em SP. 1). Que fatores sócio-políticos contribuíram para a formação do. Intervozes? 2). Qual a infra-estrutura do Intervozes? Como o Intervozes atua pela. qualidade da televisão brasileira? 3). Qual a importância do Intervozes para a democratização da. comunicação?.

(22) Anexos 22. 4). Qual a relação com os setores governamentais responsáveis pela. comunicação no país? 5). Qual a relação com as emissoras?. 6). Qual a importância do Direito de Resposta conquistado na Rede. 7). Quantos programas o Intervozes recebeu? Quantos foram. TV?. selecionados? 8). Qual foi o critério de seleção?. 9). Quais eram os principais conteúdos dos programas?. 10). Como se comportou a audiência da Rede TV com a exibição do. programa Direito d e Resposta? 11). A mobilização social pode influenciar na qualidade da televisão. brasileira?. Respostas:. 1 – O Intervozes surgiu basicamente de uma reunião de pessoas que já militavam no campo da comunicação no movimento estudantil, mas que viram a necessidade de contrapor a uma realidade de uma nova formação. A gente sempre ouvia falar em democratização da comunicação, mas a concepção de comunicação como um direito é extremamente nova, recente e inovadora. Tanto que a gente encontra uma série de dificuldades ainda para firmar esse direito. Muitas pessoas não sabem que isso é direito, e é difícil garantir um direito que muitos desconhecem. Essas pessoas que já militavam na comunicação sentiram necessidade de se integrarem a outros movimentos, além do estudantil. Então o Intervozes foi criado há cinco anos, extra-oficialmente, e há três anos, oficialmente, e aí fomos canalizando as pessoas de várias causas, de todo Brasil, que querem transformar o cenário de comunicação no Brasil e no mundo, que é um cenário de concentração. Mas afirmando essa outra concepção da comunicação: não vamos apenas quebrar o monopólio, vamos quebrá-lo e dar voz a quem não tem direito de ter voz, porque o direito da comunicação não só o direito de ser um bom telespectador, e sim de ter bons produtos de comunicação, de ser produtor de comunicação, enfim, de veicular comunicação e conseguir ter voz nessa sociedade totalmente mediada pela comunicação. 2 – Somos todos militantes, cerca de 60 no Brasil inteiro. No ano passado a gente conseguiu viabilizar nosso primeiro projeto financiado pela Fundação Ford, mas a nossa.

(23) Anexos 23. estrutura é basicamente militante. Não temos sede ainda, portanto trabalhamos nas nossas próprias casas. Nós estamos espalhados em 15 estados, temos uma assembléia ordinária que é anual e, nos estados que têm mais pessoas, acontecem reuniões quinzenais. O conselho diretor e a coordenação executiva se reúnem de três em três meses. O conselho diretor é uma instância mais política que dá a linha política do coletivo e delibera questões que não saem da assembléia. E a coordenação executiva é uma instância que está mais ligada ao dia a dia do coletivo, operando no dia a dia, respondendo as demandas sociais, dando a linha mais executiva. 3 - A campanha faz um trabalho importante que é a fiscalização do conteúdo. O Intervozes trabalha numa perspectiva de fiscalizar o controle público das políticas publicas de comunicação. É na questão da ausência de controle público. A campanha promove uma fiscalização ferrenha no controle do conteúdo. As políticas de comunicação também violam um direito, o direito à comunicação.. 4 – O Ministério Público é super parceiro, além de estar presente totalmente nesta experiência do Direito de Resposta, a Procuradoria do Cidadão e o Setor de Comunicação do MP Federal se aproximou muito da gente, inclusive nós estamos juntos com eles numa representação contra o decreto da TV Digital, que do jeito que foi publicado não está legal porque viola uma série de preceitos que na verdade estão previstos na Constituição, então o MP é bem parceiro. Com o Ministério das Comunicações não há nenhuma relação porque acredito que tenha uma política extremamente vinculada aos setores privados da comunicação, às grandes emissoras, às grandes radiodifusoras. A figura do Ministro Hélio Costa personifica muito essa linha política porque ele é ligado á Rede Globo e, por causa disso, nossa relação com ele é apenas de tratamento. É um diálogo de tratamento, de pressão para que eles tenham sensibilidade política para tomar decisões que tenham o interesse público como mote, que zelem pelo interesse público, que não foi o que eles fizeram nos últimos quatro anos. A decisão da tv digital, por exemplo, é uma decisão que representa bem isso. 5 – Nesta ação pública civil que conseguimos contra a Rede Tv nós abrimos um diálogo com eles. Eles se interessaram muito em conversar conosco sobre Direitos Humanos, chegaram até a falar em formação do corpo de profissionais dele sobre Direitos Humanos, mas não passou disso. Fomos procurados também pela TV Record que queria que agente fosse lá e conversasse com os jornalistas e profissionais sobre os direitos humanos, mas isso.

(24) Anexos 24. não passou do primeiro contato. Na Globo, nem os primeiros estágios de diálogo a gente consegue abrir. 6 – Foi uma coisa histórica na verdade, porque nunca tinha acontecido isso na televisão brasileira. Foi uma forma de provar que é possível conseguir um. horário na. programação para veicular uma programação de qualidade, que não viola os direitos humanos. A gente conseguiu sensibilizar as pessoas para o controle público dos meios. Que é uma pauta um pouco densa porque quando a gente fala de controle público dos meios de comunicação muita gente confunde com censura e na verdade não é censura. Você comete censura quando se proíbe uma coisa de ser veiculada a priori. O que a gente faz é um controle público a posteriori: a gente viu um programa, percebeu que ele violava os direitos humanos e entramos com uma ação civil pública para exigir um direito de resposta coletivo, via Ministério Público Federal. Então acho que para além de sensibilizar as pessoas por uma programação que deve ser de qualidade e ser bacana, sensibiliza também para a pauta de controle público em que pouquíssima pessoas conhecem, não ouvem muito falar. A gente tem que controlar publicamente as políticas de comunicação, já que no Brasil a comunicação não é levada a sério como política. 7– Foi feito um chamado público para a população por internet, que durou de 10 a 15 dias, e 140 organizações e produtoras independentes enviaram trabalhos, no total foram mais de 400 produções, que exigiram da gente um grande esforço de triagem desse material porque a gente queria que esse Direito de Resposta fosse o mais democrático possível. 8 – Todas as produções que chegaram com condição técnica para isso foram veiculadas. Só as que não tinham condições técnicas de ir ao ar. Nós tivemos que rever o conceito de qualidade. O que é qualidade? Se a gente faz um chamado público de produções a gente tem que veicular aquilo como foi feito por aquela realidade. Então não tivemos nenhum critério de qualidade, senão a qualidade técnica do produto. Apenas duas ou três produções não entraram no programa, as demais entraram no formato que a gente concebeu que era e um debate público que era exibido na íntegra com intervenções ao longo do programa com pequenos trechos, de 10 a 15 segundos, A nossa intenção era dar visibilidade a essas pessoas que não têm espaço na televisão, num espaço midiático do jeito que ele é hoje: concentrado e nas mãos de poucos. 09 – Falamos de Direito da Comunicação, Direito à Educação, Direito a participação política, Identidade racial, Direito do Telespectador, Direito das Mulheres, Acessibilidade ao deficiente físico. Os conteúdos que foram chegando a gente foi tentando incorporar aos temas dos programas, o que não se encaixava diretamente nesses grandes temas, a gente montou o.

(25) Anexos 25. que chamamos de “colcha de retalhos” e colávamos ao final de cada programa, porque a gente não queria descartar nenhuma produção só porque ela não se enquadrava em nenhum dos grandes temas selecionados, que são temas que defendem os direitos humanos fundamentalmente. 10 – As informações que a gente teve é que nos primeiros dias a gente teve audiência bem semelhante ao programa do João Kleber com picos de 4 pontos, que era a pontuação dele na audiência. A gente considera essa semelhança como um ponto bem positivo, porque a tendência das pessoas é achar que os programas que fala de um tema sério não possa trazer entretenimento sem violar os direitos humanos. Mantivemos a mesma audiência nos primeiros dias e durante a exibição tivemos picos semelhantes aos deles. È bem positivo para gente por termos colocado no ar um tema tão novo, para um público que vê televisão neste horário esperando outra coisa. A gente desconstruiu aquele pensamento de que não existe produção de qualidade no Brasil. Uns dos argumentos que a gente ouvia na discussão da TV digital é que não adiantava a gente ter uma precisão estética sem ter como executá-la e a gente sabe que tem uma demanda reprimida de produções de qualidade no Brasil, que não encontram espaço na mídia para veiculação. E outro argumento desconstruído é esse de que “o público não quer ver coisa bacana”. Quer sim e o Direito de Resposta até hoje recebe pedidos dos programas para ver em casa, para exibir na sala de aula, manifesto em comunidades no orkut e por e-mail pedindo que tenha mais iniciativas como essas. 11 – Acho que sim. Independente da mobilização que pressiona, ou seja, aquela que vai para a rua, a mobilização de controle publico dos meios pode efetivamente mudar o rumo da qualidade da televisão. A mobilização social na questão do controle público dos meios, onde as pessoas de fato denunciam programas para a Campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania, denunciam para organizações que estão mobilizadas para entrar com ações civis públicas no Ministério Público, elas de fatos colocam os instrumentos de pressão e de visibilidade deste direito, a gente consegue mudar sim, provamos isso com o Direito de Resposta. Apesar deste esforço humano não temos condições de fazer esses direitos de resposta eterno, então o ideal é que as televisões também se sensibilizem para uma programação de qualidade, que não viole os direitos humanos. Temos uma ação civil pública em andamento em Brasília contra o Zorra Total. O movimento negro entrou também com uma ação contra a Record, senão me engano diz respeito ás questões das religiões com preconceito ás religiões afro-brasileiros. Ganharam mais Record entrou com recurso. Essa ação vai pelo mesmo caminho do Direito de Resposta.

Referências

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