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O sujeito da experiência psicanalítica entre o contingente e o necessário.

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Academic year: 2017

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RES UMO:O trabalho exam ina a hipótese de J-C. Milner que afirm a que o sujeito da experiência psicanalítica, por ser correlato da ciência m oderna, tam bém o é do contingente. Busca-se verificar até que ponto tal hipótese se sustenta e checar se encontra fundam entos no pensa-m ento lacaniano. Discutipensa-m os as categorias do contingente e do ne-cessário, no que se refere ao inconsciente, para concluirm os que não é viável um a psicanálise exclusivam ente do contingente, esta dim en-são devendo ser sem pre tom ada em referência ao necessário.

Palavras - chave : Ciência m oderna, sujeito da ciência, sujeito psicanalí-tico, cadeia de significados, gozo, o contingente, o necessário.

ABSTRACT: The psychoanalytic subject between the contingent and the necessary. This paper exam ines Milner’s hypothesis in w hich the subject of the psychoanalytic experience, as a correlate of m odern science, is a correlate of the contingency. We have investigated if this hypothesis is sustainable and if it is well founded on the Lacanian thinking. We have discussed the categories of the contingent and the necessary, relating them to the unconscious, concluding that a psy-choanalysis of the contingent is not viable, because this dim ension m ust be considered w ith reference to the necessary.

Ke yw o rds : Modern science, subject of science, psychoanalytic sub-ject, chain of signifiers, jouissance, the contingent, the necessary.

O

ponto de partida deste trabalho e o pivô de seus desdo-bram entos são as hipóteses que se seguem . A prim eira, for-m ulada por Lacan no texto A ciência e a verdade, propõe que “o sujeito sobre o qual operam os em psicanálise só pode ser o su-jeito da ciência” ( LACAN, 1965/ 1966, p. 858) . A segunda, apre-sentada por Milner no livro A obra clara, constitui-se com o des-dobram ento da prim eira ao afirm ar que “o sujeito sobre o qual opera a psicanálise, sendo um correlato da ciência m oderna, é um correlato do contingente”. ( MILNER, 1995, p. 61)

Psicóloga do Hospital das Clínicas, da UFMG. Mestre em Psicologia, pela UFMG ( linha de pesquisa: estudos psicanalíticos) .

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Tais proposições abrangem noções que não são triviais. Definir com rigor o sujeito sobre o qual operam os em psicanálise configura por si só um a questão em baraçosa, o m esm o podendo ser observado em relação à ciência m oderna. Sen-do assim , ao buscarm os articular conceitos de tal com plexidade, acabam os por deixar de lado pontos esclarecedores essenciais, já que o que nos interessou foi o esclarecim ento da conexão entre os term os designados, a saber, as relações entre a ciência, o sujeito da práxis psicanalítica e a contingência.

A hipótese de Lacan, há pouco m encionada, faz parte de um conjunto abran-gente de hipóteses apresentado por ele sobre a ciência, que nada deve a algum tipo de cientism o. É curioso que Lacan tenha, num determ inado m om ento de sua obra, recorrido a um a doutrina da ciência para explicitar certos conceitos da psicanáli-se, o de sujeito por exem plo. É possível, no entanto, aquilatar a im portância de tal doutrina para seu pensam ento, a partir de afirm ações que estabelecem a ciência m oderna com o condição de possibilidade da psicanálise. A hipótese de Jean-Claude Milner faz parte de um a teoria sofisticada da ciência, extraída da leitura realizada pelo autor da obra de Lacan e podem os nos perguntar se tal teoria está inteiram en-te fundam entada no pensam ento lacaniano.

Discutir a posição de Lacan em relação à ciência pode parecer irrelevante para alguns. Não são poucos os psicanalistas que defendem a necessidade de se enfati-zar a experiência e a clínica da psicanálise, considerando com desdém todo tem a que delas se distancia, o que poderia ser o caso das teses de Lacan sobre a ciência. E, assim , um a outra questão se im põe: a de saber se o doutrinal de ciência, em Lacan, é exigência da psicanálise ou se é necessidade exterior a seu cam po. Neces-sidade da filosofia, por exem plo, que Lacan teria introduzido no terreno psicana-lítico.

A posição de Milner é de que as teses sobre a ciência são um a necessidade interna à teoria lacaniana. Elas o são, na m edida em que não é possível pensar o sujeito, nem a experiência da psicanálise, sem nos apoiarm os nas concepções in-troduzidas no pensam ento m oderno pela ciência. ( MILNER, 1991, p. 347)

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aquilo que a substitui. E o que vale para a teoria do significante vale tam bém para a teoria do sujeito, já que este encontra-se incluído na definição do significante. Ora, se as teorias do significante e do sujeito constituíssem exclusivam ente a dou-trina lacaniana, esta se resum iria num a m etafísica transcendental. Entretanto, o program a de Lacan é outro, pois além da teoria significante — que reduz o pensa-m ento a suas condições pensa-m ínipensa-m as — ele inclui tapensa-m bépensa-m o corpo, instância do con-tingente. A sexualidade se define pela contingência infinita no corpo e é o infinito que a literalização em Lacan soletra. Só assim podemos compreender, nos diz Milner, por que a teoria da ciência é necessária a Lacan. A ciência m oderna, com suas ex-pressões m atem áticas que fixam em leis científicas o em pírico passageiro, torna concebível a passagem do sexual contingente à estruturação sim bólica necessária. Som ente a ciência m oderna pode elucidar a articulação entre o corpo e o signifi-cante, sem o que a teoria lacaniana se reduziria a um a m etafísica. ( MILNER, 1991, p. 334, 345, 348)

A CONCEPÇÃO DE CIÊNCIA EM LACAN

Existem diferenças, todos sabem , entre as posições de Freud e Lacan no que se refere à ciência. Enquanto a ciência, para Freud, se coloca com o ideal externo a ser alcançado pela psicanálise se esta quiser um dia conquistar o adjetivo de científica, para Lacan, ela não é ponto ideal, e nem tam pouco é exterior ao cam po psicanalí-tico. Lacan inverte a perspectiva ao afirm ar que a ciência m oderna m antém com a psicanálise relação de estruturação interna.

Para elucidar a relação lógica entre ciência e psicanálise devem os lançar luzes sobre as concepções dos epistem ólogos que fundam entam a visão lacaniana de ciência: Koyré, Kojève e Popper. O últim o nom e é sugestão de Milner, que o desig-na com o o elo ausente desig-na cadeia lacaniadesig-na de razões ligando a ciência à psicanálise. Segundo Koyré, a revolução científica ocorrida no século XVI deve ser conside-rada a m ais im portante revolução do pensam ento hum ano, depois da descoberta do cosm os pelos gregos. A m udança intelectual radical está ligada às idéias de Galileu e sua expressão m ais im portante é a física m atem ática. Constitui-se com o ruptura em relação às concepções científicas gregas e m edievais, pois determ inou a subver-são do conjunto de conceitos e axiom as vigentes até então, além de introduzir um a idéia inédita da natureza, da ciência e da filosofia ( KOYRÉ, 1966/ 1973, p. 166) .

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per-feição e a harm onia. O corte efetuado por Galileu im plica no rom pim ento da m a-tem ática com o eterno e com o necessário, pois, a partir de então, ela incide, en-quanto letra, na natureza, devendo apreender pelo cálculo o que ali se apresenta com o m utável.

Nessa m esm a direção aponta a tese proposta por Kojève ( 1964) , ao assinalar a origem cristã da ciência m oderna. Para o autor, existe indubitavelm ente conexão entre a ciência/ técnica m oderna e a teologia cristã. Ele cham a a nossa atenção para o fato de que a física m atem ática, nascida no século XVI na Europa, não é encon-trada nem antes desta data, nem tam pouco fora deste espaço geográfico. Chineses, indianos, árabes, hebreus, em sum a, nenhum povo não cristão foi capaz de supe-rar a ciência helênica. A física m atem ática, figura proem inente da ciência m oder-na, surge especificam ente na civilização cristã.1

Diferentem ente da teologia cristã, na teologia pagã clássica, Deus é sem pre trans-cendente. O Theos do paganism o clássico está sem pre além do m undo onde vive o pagão. A tela que separa Deus do m undo é para Platão um Cosm os ideal utópico e, para Aristóteles, o Céu planetário sideral. Pouco im porta, o que conta é a absoluta im possibilidade para o pagão e para Deus de franquear a barreira. O m undo trans-cendente, onde o Theos se m anifesta, é um conjunto bem ordenado de relações rigorosas, fixadas desde sem pre entre núm eros eternos e precisos. Inversam ente ao mundo divino, o mundo profano não comporta relações realmente matematizáveis, ou seja, relações eternas e precisas. De acordo com esta teologia, seria absurdo buscar tais leis na m atéria vulgar que constitui nossos corpos, o que significa que, para eles, a física m oderna é im pensável.

Partindo da idéia de que a ciência m oderna nasce da oposição à ciência pagã e constatando que tal oposição só surgiu no cristianism o, Kojève busca identificar o dogm a cristão que fez com que os cristãos inventassem a física m atem ática. Con-clui, em sua análise, que o único dogm a exclusivam ente cristão é o da encarnação, já que o m onoteísm o, o criacionism o e a trindade encontram se presentes tam -bém no judaísm o, no islam ism o e no neoplatonism o.

E o que a encarnação é senão a possibilidade da presença de Deus eterno no m undo tem poral onde vivem os, sem perder nada de sua perfeição? Ora, se a pre-sença no m undo sensível não deteriora a perfeição de Deus é porque este m undo tam bém é perfeito em algum a m edida. Se, com o dizem os cristãos, um corpo terrestre, hum ano, pode ser ao m esm o tem po o corpo de Deus, nada m ais os im

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pede de buscar as relações, eternas e necessárias — que de acordo com os gregos encontravam -se apenas nos corpos divinos — aqui na terra. ( KOJÈVE, 1964)

Ainda de acordo com o ponto de vista de Milner, o traço característico da ciên-cia m oderna para Koyré e Kojève se aproxim a do apontado por Popper, se o exa-m inaexa-m os sob o ponto de vista da contingência. Popper, coexa-m o já exa-m encionaexa-m os, seria o elo ausente na cadeia de razões de Lacan acerca da relação da ciência com a psicanálise. ( MILNER, 1995, p. 61-62)2

Na conferência “A ciência: conjecturas e refutações”, Popper está preocupado em estabelecer critérios de distinção entre as ciências e as pseudociências. Com o exem plos de pseudociência, ele cita o m arxism o, a psicanálise e a psicologia do indivíduo de Alfred Adler, as quais, em sua opinião, podem explicar quase tudo o que se passa nos cam pos aos quais se referem . Essas teorias, de acordo com o autor, são com patíveis com as m ais divergentes condutas hum anas. O m undo parece estar cheio de verificações de seus postulados, e os resultados das observações nunca contradizem as hipóteses. Já no caso das teorias científicas, elas são refutadas toda vez que a observação m ostra a ausência do efeito que havia sido predito, o que quer dizer que elas são incom patíveis com certos resultados da observação.

Popper considera que a confirm ação de um a teoria só pode advir de um teste genuíno: aquele que tem o objetivo sério, m as infrutífero, de desm enti-la. Acredi-ta que a confirm ação de um conjunto de hipóteses só é válida se for resulAcredi-tado de predições rigorosas. Para ele, toda ciência im plica na proibição de que certas coi-sas aconteçam , não podendo ser considerada científica um a teoria que não é refu-tada por nenhum fato da observação. Isso quer dizer que, para Popper — e é o próprio autor que o resum e assim — o critério de cientificidade de um a teoria é a refutabilidade.

Dizer que um enunciado científico deve ser refutável significa que ele necessita ser suscetível de entrar em conflito com observações possíveis ou concebíveis. Dito de outro m odo, a negação do enunciado científico deve ser possível tanto do ponto de vista lógico quanto do ponto de vista m aterial. Deste ângulo, então, um a

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proposição científica ( refutável) é um a proposição contingente. Um a proposição que pode ser diferente do que é, que pode ter outro referente.

O discurso científico m oderno, m atem atizado — se concordam os com Milner — apreende o contingente. Este é, com o vim os, um ponto com um na interpreta-ção que ele faz dos discrim inantes da ciência de Koyré, Kojève e Popper, e, sob este prism a, a m atem ática não extingue o acaso. As letras e núm eros das fórm ulas m a-tem áticas não têm razões para ser com o são, nem para ser diferentes do que são, m as desde que um a letra é fixada num a equação m atem ática, descrevendo um a lei científica, ela perm anece, não m uda m ais, a não ser que m udem os de equação. À perm anência cham am os “a necessidade da ciência”. Entretanto, a necessidade que encontram os nas leis científicas não passa de um a “cicatriz da contingência” ( MILNER, 1995, p. 63) , pois se acatam os a leitura que Milner faz de nossos episte-m ólogos, cada referente de cada proposição científica pode ser diferente do que é. O conjunto de pontos aos quais se referem as proposições científicas é cham ado de universo. Estes pontos devem se deixar apreender num a oscilação infinita, sen-do eternam ente m utáveis, e é suficiente a variação de apenas um deles para que tenham os dois universos diferentes.

Ocorre que o universo científico se define a partir da exclusão de todos os outros universos possíveis e sob este ponto de vista podem os com preender que o universo é necessariam ente infinito. Não se trata de infinito quantitativo nem ex-tensivo e sim qualitativo. O universo é infinito, porque é contingente, por poder ser infinitam ente diferente daquilo que é. A infinitude sendo sua característica intrínseca. ( Idem , p. 63, 64)

O INFINITO E O INCONS CIENTE

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in-consciente parasita o in-consciente. “Parasita-o m anifestando-se com o podendo ser diferente do que é, e deste m odo acaba por estabelecer em que ele não pode ser de outro m odo”. ( Idem , p. 66-67)

A sem elhança averiguada por Milner entre a ciência m oderna e o inconsciente encontra-se no fato de que o pensam ento inconsciente, “estruturado com o um a linguagem ”, exatam ente com o as leis científicas, não pode m udar. A estrutura per-m anece desde que a letra assiper-m a fixou, per-m as não deveper-m os nos esquecer que a letra, no inconsciente, soletra o sexual, lugar da contingência infinita no corpo. Sexual este parasitado pelo infinito que nele se presentifica sob a form a da pulsão de m orte, do gozo e do “não-todo”.

A LETRA EM LACAN

A noção de literalização, introduzida por Milner na discussão acerca da relação da psicanálise com a ciência, no prim eiro tem po do ensino de Lacan, deve ser pensa-da em referência ao estruturalism o — via apresentapensa-da no século XX às ciências conjeturais com o possibilidade de tratam ento exato e preciso de seus objetos, a partir da m atem atização am pliada. Nos anos 1950, a letra e a escrita propiciam a Lacan aproxim ação do inconsciente e do sujeito, utilizando um núm ero m ínim o de conceitos iniciais. A letra, em sua figura de caracter tipográfico, reúne várias características que Lacan pretende atribuir ao significante. A letra nos dá prova de sua m aterialidade por não poder ser reduzida a unidades m enores e por sua topologia específica. Na escrita, bem com o na cadeia do inconsciente, as letras se organizam obedecendo a um a sintaxe que preside desde as organizações m ais ele-m entares até as ele-m ais coele-m plexas, nas quais veele-m os surgir possibilidades e iele-m possi-bilidades de com binação. As letras podem com por várias frases e palavras, podem ligar-se de variadas form as, e isso ocorre porque elas não possuem nenhum senti-do fixasenti-do, não representam nada, não têm referente. O sentisenti-do advém da articula-ção entre elas, articulaarticula-ção que se faz e desfaz, possibilitando o surgim ento de no-vas organizações e garantindo a característica essencial do sim bólico, que é a de ser perpetuam ente m utável. Por últim o, a letra preexiste ao sujeito, bem com o às regras que presidem seu ajuntam ento, o que assegura seu caráter radicalm ente ex-trínseco e heterogêneo em relação ao ser falante.

Esclarecido o uso que Lacan faz da letra, nos referidos anos 1950, é necessário indicarm os as m odificações introduzidas na concepção de linguagem no interior do seu pensam ento. Se, num prim eiro m om ento, o inconsciente edificou-se do lógico puro, posteriorm ente a estrutura sim bólica é pensada em sua articulação ao gozo do vivente que fala.

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ex-plicada por algu m as razões. É provável qu e seja referên cia ao “ Sem in ário sobre ‘A carta roubada’”, artigo que abre os Escritos, analisando um a obra literária. Aliás, Lacan, na introdução de “Lituraterra”, retom a num com entário o referido artigo. Os dois textos que abrem os dois Escritos situam -se num cam po de relação da psica-nálise com a literatura. E, m ais do que isso: am bos apresentam teoria sobre a letra, “lituraterra” tratando de separar os dois term os que na “Carta roubada” m ostra-vam -se sobrepostos, quais sejam , a letra e o significante.

“A carta roubada” abre um a série de Escritos, cuja lição Lacan resum iu na se-guinte proposição: “o inconsciente se edifica do lógico puro, dito de outro m odo, do significante”. É texto que está em consonância com este axiom a. Já os Outros escritos enfatizam a satisfação pulsional derivada do significante.3

Assim , o fato de “Lituraterra” abrir a coletânea nos assinala que algo m udou na teoria do significante, e que a estrutura sim bólica, a partir de então, deve ser pen-sada em sua articulação ao gozo do vivente que fala. A letra, agora investida de estatuto diferente daquele do significante ( LACAN, 1971/ 2001, p. 12) , deve po-der responpo-der por certos aspectos da experiência analítica, m ais especificam ente pela substancialidade que, no Sem inário XX, Lacan associa ao gozo.

A introdução do term o lituraterra tem relação com as m odificações introduzidas no ensino de Lacan em função da prom oção do escrito ( Idem , p. 12) . Neste texto, Lacan acentua a vertente da letra que diz respeito à m aterialidade, ao objeto, ao lixo e ao resto, em detrim ento da outra vertente, em sua relação com a m ensagem . À letra é dada posição de destaque, já que o significante, com seus efeitos de senti-do, não resum e a experiência do inconsciente. Ela é apresentada com o elem ento interm ediário entre o que no inconsciente apresenta-se com o decifrável e a subs-tância do gozo. Isso é o que ilustra a m etáfora da letra, enquanto litoral, que aloja o gozo criado pelo vazio da escrita.

Outra elaboração sobre a letra e o escrito encontra-se em “A função do escri-to”, capítulo do Sem inário XX, no qual Lacan destaca a dim ensão do escrito que não tem a ver com a decifração e com o sentido, m as com a cifração de gozo.

Equivalendo a escrita de Joyce àquilo que os psicanalistas devem ler, Lacan assi-nala que, ali, tem os profusão de significantes que se encavalam uns sobre os ou-tros, obscurecendo a dim ensão do significado. É difícil captar a significação de sua escrita, porque ela produz justam ente multiplicidade de sentidos. O que Joyce opera com sua escrita é a elim inação do efeito representativo do significante, situando-o nsituando-o registrsituando-o da pura prsituando-oduçãsituando-o de gsituando-ozsituando-o cifradsituando-o, situando-o qual nãsituando-o requer nenhum efeitsituando-o de significação.

A ilegibilidade do escrito, sua resistência à interpretação, nos aponta justa-m ente para o que na letra ultrapassa a função de justa-m ensagejusta-m . O escrito tejusta-m função

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que não tem a ver com a decifração e com a produção de sentido e está relacionada com o que escapa ao discurso. A letra, diferente do significante, faz referência ao que não pode ser lido, à im possibilidade de tudo se escrever. Se do significante decorre efeito de sentido, da letra é derivado um efeito de gozo, já que ela concer-ne “a coisa” que não se traduz num a inscrição.

As m odificações operadas na concepção da estrutura sim bólica constituinte do inconsciente nos interessa porque o segundo m om ento teórico, em Lacan, é m ais propício para desenvolverm os a hipótese de Milner, já que, ali, Lacan se esfor-ça para conciliar a estrutura de linguagem — do registro da necessidade — com o sexual, que, sob certos aspectos, pode ser pensado na dim ensão da contingência.

O S EXUAL NA TEORIA DA PS ICANÁLIS E

É chegado, pois, o m om ento de elucidarm os o que Milner designa com o sexual. Todos sabem que o conceito de pulsão é introduzido por Freud especificam ente no contexto do sexual, enquanto anteriorm ente ele só havia falado de energia psí-quica. O sexual em psicanálise encontra-se, desde 1905, com os Três ensaios, associa-do ao contentam ento das pulsões e à satisfação extraída associa-do próprio corpo. À sexua-lidade perversa polim orfa — caracterizada pela atividade auto-erótica das pulsões parciais, que recortam o corpo em zonas erógenas — é acrescentada, entretanto, na teorização acerca do com plexo de Édipo, a problem ática do falo, da castração e da lei do pai. Podem os dizer que a vivência edípica é o m om ento no qual o in-consciente se estrutura em resposta às excitações corporais, vivenciadas na sexua-lidade infantil. Ocasião em que a linguagem é convocada para interpretar o gozo oriundo das diferentes zonas erógenas, sobretudo as sensações genitais, que, neste período, apresentam -se intensas e perturbadoras.

Na encruzilhada do Com plexo de Édipo, à sexualidade perverso polim orfa im põe-se um a form a, um curso. A satisfação sexual prim ária que se apresentou, inicialm ente, com o perturbadora, indefinível e podendo ocorrer de infinitos m odos, é organizada, neste m om ento, em referência ao prim ado do falo. O recal-cam ento das pulsões parciais, efetuado na dissolução do com plexo de Édipo, tem por efeito a substituição do gozo do corpo pela sexualidade com andada pela lin-guagem . O recalque transform a em gozo sexual — no sentido específico que ele assum e para o ser falante — o que, anteriorm ente, fora experim entado com o sen-sação indeterm inada.

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haja com plem entaridade possível na relação hom em e m ulher e sim disparidade, dissim etria fundam ental.

Em bora Freud tenha explicado satisfatoriam ente a constituição do m asculino a partir da am eaça de castração e da dissolução do com plexo de Édipo, o fem ini-no, ao que parece, m ostrou-se sem pre rebelde em adequar-se a este m odelo — a m ulher tendo perm anecido, para a psicanálise, com o enigm a, com o inclassificá-vel, com o o que resiste à castração e a qualquer tipificação sob um significante único.

Assim , pois, é partindo do im passe, alcançado por Freud, na tentativa de expli-car a fem inilidade nos m oldes da castração que podem os retom ar a releitura feita por Lacan do com plexo de Édipo freudiano a partir das fórm ulas quânticas da sexuação. Com as fórmulas, Lacan busca discernir dois tipos de gozo: um interdita-do pelo significante e ligainterdita-do ao ser e outro perm itiinterdita-do pelo significante e ligainterdita-do à significação fálica. Desloca a pergunta sobre a sexualidade fem inina para um a per-gunta sobre o gozo. O m asculino e o fem inino, em sua elaboração, tornam -se dois tipos de gozo e a questão que se abre é a de saber se existe gozo para além do falo.

Lacan propõe a idéia de que o fem inino não se subm ete com pletam ente ao Édipo nem à castração, destacando os efeitos do prim ado do falo, para a m ulher, com o divisão nela operada. A m ulher, para Lacan, está “não-toda” na função fálica e é capaz de experim entar outro tipo de satisfação que floresce à m argem da estru-tura organizada pelo falo.

O verdadeiro interesse de Lacan, no Sem inário XX, é o de abrir um a via do “não-todo” por interm édio de nova form alização da sexualidade fem inina. Com o a fun-ção fálica é insuficiente para recobrir todo o cam po das pulsões, ocorre fracasso na unificação destas num a pulsão sexual global que dê conta da relação ao Outro sexo, o qual não é representado por significante nenhum .

Deste m odo, ao lado da satisfação que se organiza sob o prim ado do falo, per-siste um a outra que reper-siste a unificar-se sob esta função, m antendo sua alteridade em relação ao gozo fálico e preservando a m arca de sua contingência e de sua não-totalização. E, aqui, encontram os o infinito na absoluta contingência de que nos fala Milner, que não se define, que não se delim ita num universo fechado. O infinito parasita a função fálica e, apesar de nos esquecerm os dele, diante da necessidade que se instaura em função da determ inação do sujeito pelo significante, ele persevera em sua presença silenciosa acoplado à estrutura de linguagem presidida pelo falo.

O S UJEITO, O INFINITO E A CONTINGÊNCIA

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argum ento obrigatório, válido para todos, ela pode operar de dois m odos dife-rentes. Pode ser ou não ser de alcance absolutam ente universal. O enunciado “para todo x, ( x) ”, em função do “para todo” nos insere no universal da castração, en-quanto que o enunciado “não-todo x ( x) ” coloca restrição parcial para a operação de castração. A m ulher está “não-toda” no gozo fálico.

Na lógica aristotélica, a negação de um a universal im plica sem pre num a parti-cular. Se dizem os “não todo hom em é m ortal”, então, necessariam ente “algum hom em é im ortal”. Se fôssem os aristotélicos, no caso das fórm ulas da sexuação teríam os: se “não-todo x ( x) ”, então, “existe um x com o não ( x) ”. Essa é precisa-m ente a dificuldade que Lacan quer evitar, pois ele não pode adprecisa-m itir que exista algum sujeito subtraído à função da castração. A castração é universal, está identi-ficada à função da linguagem . O que ( x) significa é que o sujeito não pode m ais dispor do conjunto de significantes, que para ele a língua é “não-toda”. Adm itir um sujeito que não se relacione com a função da castração é o m esm o que adm itir que tal sujeito não se encontra na linguagem .

Ao definir a posição da m ulher com o “não-todo x ( x) ”, Lacan ressalta que não devem os tom ar a fórm ula em extensão. Ou seja, a fórm ula não significa que algu-m as algu-m ulheres estejaalgu-m subtraídas à função ( x) e, sialgu-m , que não é do ponto do todo que a m ulher sustenta a função. A fórm ula indica apenas um a brecha neste efeito, que está em algum a parte e não em toda parte.

A solução encontrada por Lacan, segundo Badiou, está do lado do infinito. Lacan nos diz que se o “não-todo” operasse no finito, produziria com o efeito “existe um com o não”, ou seja, a desuniversalização da castração, exatam ente com o vim os na lógica clássica. É preciso então supor que o cam po onde opera o “não-todo” seja infinito. Tal cam po é o do gozo fem inino, o que nos leva a concluir que o gozo fem inino é infinito. O infinito está afetado em “algum a parte” pela função da castração. Apenas em algum a parte, pois, a função fálica diante do infinito fra-cassa em estar em “toda parte”. Já dissem os que a castração se apóia no fato de a língua só ser disponível de m odo finito, com o língua “não-toda”, o que nos leva a concluir que o gozo que é da ordem do infinito, que ultrapassa o registro fálico, é gozo que está fora da linguagem .

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Lacan, m uito indeterm inada para isso. Um a existência que negue a castração teria que ser finita, determ inada e circunscrita. O suplem ento fem inino é infinito e com o tal não com plem enta o prim eiro gozo, o gozo fálico, com o conjunto deter-m inado. Ele é sedeter-m contorno e codeter-m o tal não inclui nenhudeter-m a existência que proce-da proce-da negação do prim eiro gozo. Lacan em ...ou pire define o “não-todo” com o “aquele que não está contido na função fálica sem no entanto ser sua negação” ( LACAN, apud BADIOU) , no que reconhecem os um a exterioridade que não é ne-gação. Assim , segundo Badiou, o infinito proíbe que a relação entre os dois gozos seja dialética, que seja a união dos contrários ou ainda um a relação. O infinito introduz um a dissim etria que torna im possível a relação entre o “para-todo” ho-m eho-m coho-m a “não-toda” ho-m ulher.

Assim , retom ando o que já foi dito, a condição para que o gozo fem inino não se constitua num a negação da função fálica nem na afirm ação da existência de algum sujeito que negue a castração, é que ele seja infinito e indefinido. Este é o infinito de que nos fala Milner. Infinito que não se define, que não se delim ita num universo fechado, eis o que a letra no inconsciente soletra. O infinito parasita a função fálica e, apesar de nos esquecerm os dele, diante da necessidade que se instaura sob a form a da determ inação do sujeito pelo significante, ele persevera em sua presença silenciosa, acoplado à estrutura de linguagem .

Na noção am pla de gozo, em Lacan, localizam os a noção m ais restrita do gozo sexual. O gozo sexual fálico lim ita o gozo em geral. Do gozo do ser a função fálica tem por efeito nos separar. O gozo sexual abre-se com o possibilidade para o ser falante a partir da castração e do subm etim ento à estrutura de linguagem . Está irrevogavelm ente ligado ao falo e pode ser traduzido na cadeia significante nos term os do desejo. Se a sexualidade infantil se resum e na satisfação pulsional auto-erótica, alcançada em torno das zonas erógenas, a pulsão sexual propriam ente dita volta-se para o Outro sexo e para a castração. O gozo sexual ocorre exclusi-vam ente por m eio de sem blantes, enquanto o “gozo do Outro”, com o o cham ou Lacan no Sem inário XX, é fora da linguagem , disjunto da existência do sujeito na cadeia significante.

Na idéia de Milner de que o inconsciente soletra o sexual em sua dim ensão infinita está im plicada esta dupla face. Algum a coisa do sexual pode se inscrever, é o caso da função fálica dem arcando um m asculino e um fem inino. É o caso do fantasm a, que, num a frase, escreve algo da relação do sujeito com seu objeto de satisfação. No entanto, a outra face da escrita do sexual — que determ ina de m odo necessário um a posição subjetiva — é o gozo infinito, que a função fálica, por sua insuficiência, não pôde delim itar, perm anecendo, assim , em sua dim ensão con-tingente.

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necessá-rio se a relação sexual existisse. Tudo seria bem m ais harm onioso se pudéssem os nos satisfazer com o na situação m ítica do prim eiro encontro com o objeto. Se o outro gozo fosse possível, não seria necessário o gozo fálico. Ele não seria necessá-rio — tem po condicional — contudo, ele o é. O gozo fálico torna-se necessánecessá-rio e este é o correlato da afirm ação de que não existe relação sexual. O “Outro gozo”, o que não convém à ausência de relação sexual no ser falante é o que sofre a incidên-cia do recalque. Não é necessário, perm anecendo subtraído da inscrição signifi-cante, preservando sua face de im possível.

Afirm ar que a m ulher é “não-toda” é reconhecer a existência de um gozo da ordem do infinito que perm anece alheio ao falo e em regim e de exceção. É consi-derar que o que da ordem do sintom a se inscreve, de m odo necessário, funda-se num a contingência corporal. Este enlaçam ento é o que se encontra em questão no inconsciente de Milner que se institui com o literalização do sexual contingente, nos fazendo adm itir que, num a análise, não trilham os apenas a vertente do desejo, enquanto repetição significante. O que o discurso analítico nos indica, justam en-te, é a direção na qual o sentido sexual, enquanto sem blanen-te, fracassa.

CONCLUSÃO

Assim , acreditam os poder afirm ar a pertinência e a coerência da hipótese de Jean-Claude Milner, que sustenta que o sujeito da experiência analítica, por ser correla-to da ciência m oderna, é correlacorrela-to do contingente. O sujeicorrela-to de que falam os é o sujeito suposto ao inconsciente, instituído a partir da “literalização” do sexual. Do m esm o m odo que a ciência fixa o em pírico passageiro e m utável nas leis científi-cas, enunciadas em equações com postas por letras e núm eros, o encontro causal do sujeito com o Outro faz surgir a inscrição corpórea da satisfação sexual sob a égide da letra. Tal satisfação só se define com o resultado da incidência da letra que recorta o organism o, fazendo surgir um corpo. O sexual contingente é o gozo que perm anece fora da linguagem , alheio às relações necessárias da estrutura, fazendo fronteira com o gozo fálico que se tornou necessário. Pode configurar-se num a infinidade de m aneiras possíveis. Este é o inconsciente que pode ser diferente do que é, universo que perm anece aberto e indefinido.

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necessárias — o gozo contingente, sendo com patível com o ensino de Lacan, so-bretudo com as elaborações apresentadas na década de 1970.

Neste período, Lacan, sem abrir m ão da dim ensão necessária da estrutura de linguagem , prioriza progressivam ente o aspecto contingencial do sujeito. Passa a enfatizar a parte do sujeito não apreendida pelo significante, o que podem os cons-tatar nos desenvolvim entos das figuras do “não-todo”, do infinito, do gozo do Outro, do gozo do corpo, do ser, etc.

O sujeito da práxis psicanalítica é o sujeito da ciência, não apenas porque a estrutura de linguagem do inconsciente se assem elha à estrutura do discurso da ciência, m as, tam bém , porque as letras do inconsciente são “cicatrizes do contin-gente”. A letra torna eterno e necessário o que se m odifica incessantem ente. E, deste m odo, podem os concluir que as concepções tardias de Lacan acerca do su-jeito, do sintom a e da linguagem , em psicanálise, representam não som ente a rea-firm ação da relação lógica entre psicanálise e ciência, com o, tam bém , o desenvol-vim ento, até as últim as conseqüências, desta hipótese. Quanto à pergunta, coloca-da no início do trabalho — que questionava se a ciência é necessicoloca-dade interna à teoria da psicanálise ou se é necessidade da filosofia, introduzida por Lacan no terreno psicanalítico — devem os ressaltar que a hipótese segundo a qual a ciência m oderna é o que garante, na teoria lacaniana, a conexão entre o sexual e a teoria do significante é de Milner e não de Lacan, já que este nunca explicou as razões que o levaram a recorrer a um a doutrina da ciência para explicitar conceitos psicanalíti-cos. E o que podem os afirm ar é que, no desenvolvim ento do trabalho, ela deu provas de sua congruência. De qualquer m aneira, se aceitam os a hipótese com o verdadeira, tem os que adm itir que o “doutrinal de ciência” é necessário apenas ao pensam ento lacaniano, pois, m uito claram ente, Freud encontrou outra form a de sulcar o cam inho para a psicanálise. Elucidar que cam inho foi este pode ser o ob-jeto de outra pesquisa. Nesta discussão, no entanto, é essencial considerarm os a diferença entre as teses sobre a ciência com o necessárias à teoria da psicanálise, e a ciência m oderna, com o condição de possibilidade da teoria da psicanálise. O fato de Freud não ter recorrido a um a teoria da ciência para elaborar seu conceito de inconsciente, não é incom patível com a idéia da ciência com o condição para a concepção deste m esm o inconsciente.

Na teoria lacaniana da ciência, que até aqui nos serviu com o guia, o que se encontra no cerne da relação entre ciência e psicanálise, consistindo na lógica des-ta relação, independente de todo e qualquer discurso persuasivo, é a idéia do corte discursivo instaurado, com a em ergência da ciência m oderna. Este corte, na m o-dernidade, afetou todos os discursos com patíveis, sem que nenhum discurso te-nha perm anecido im une. Nem m esm o a subjetividade, o que nos indica a hipóte-se do sujeito da ciência.

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sendo discurso m oderno, sofre os efeitos dissem inados pela ruptura ocasionada pela ciência m oderna, independentem ente do fato de Freud ter ou não recorrido a teses sobre a ciência para organizar seu cam po conceitual

Por últim o, gostaríam os de ressaltar que a ênfase progressiva colocada, por Lacan, sobre o aspecto contingencial do sujeito em detrim ento de sua determ ina-ção significante necessária, não im plica a instalaina-ção definitiva da psicanálise na dim ensão do contingente. Na realidade, em Lacan, o necessário não se opõe ao contingente. A determ inação sim bólica não faz oposição ao acaso, m as é dele deri-vada. Se, no Sem inário XX, Lacan ressalta o fracasso do corte operado pelo falo, na tentativa de recobrir com significação sexual todo o cam po da pulsão, e se ele destaca as fissuras encontradas na totalização operada pela função fálica, que é sem pre ultrapassada e deslocada, isso não im plica nenhum a desconsideração para com o falo. Ao contrário, a presença do falo é o que nos perm ite identificar a ausência desta m edida num a parte do cam po fem inino. Do m esm o m odo, na ver-tente m asculina das fórm ulas da sexuação, o todo se fecha num a correlação com um elem ento que a ele escapa — o pai do gozo absoluto. Elem ento que não se subm ete à função fálica, m as que se destaca a partir de um todo fálico.

Quando a psicanálise aponta para a contingência, com o dim ensão constituin-te do sujeito, seu inconstituin-teresse não é prom over o indecidível. Apesar de a psicanálise reconhecer os lim ites da função fálica, ela opera com sua positividade. O que se apresenta com o horizonte para sua prática não é a intenção de subverter a totaliza-ção, nem a de destacar os pontos em que seu fracasso se anuncia. Ela se interessa, de preferência, por explicar a possibilidade de um efeito de ancoram ento num fluxo disperso. Por produzir efeitos sobre o gozo intervindo com o sim bólico. O que pode ser interpretado ( para retom arm os o tem a de nosso trabalho) na afirm a-ção de que não existe psicanálise do contingente — o contingente na experiência analítica devendo sem pre ser tom ado em referência ao necessário.

Recebido em 26/ 4/ 2002. Aprovado em 10/ 5/ 2002.

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Mônica Assunção Costa Lim a

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