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Contaminação de águas superficiais e subterrâneas por pesticidas em Primavera do Leste, Mato Grosso

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Academic year: 2017

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ELIANA FREIRE GASPAR DE CARVALHO DORES

Contaminação de águas superficiais e subterrâneas

por pesticidas em Primavera do Leste, Mato Grosso

Tese apresentada ao Instituto de Química da

Universidade Estadual Paulista, como parte

dos requisitos para obtenção do título de

Doutor em Química

Orientadora: Profª. Drª. Maria Lúcia Ribeiro

Araraquara

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AGRADECIMENTOS

São inúmeras as pessoas que me apoiaram e ajudaram na realização dessa tese de doutorado, professores desta e de outras universidades, representantes da Prefeitura de Primavera do Leste, funcionários do INDEA, colegas do curso de pós-graduação, discentes do curso de Química da UFMT. Estou certa que não conseguirei refletir nestas linhas todo o meu agradecimento a elas.

À Universidade Federal de Mato Grosso, Departamento de Química, pela oportunidade que me concedeu de realizar este trabalho.

Sinceros agradecimentos à minha orientadora, Profª. Drª. Maria Lúcia Ribeiro, pela sua colaboração em todas as fases desse trabalho, por ter acreditado no meu trabalho e me incentivado durante todo o tempo. Nunca poderei agradecer suficientemente sua amizade e atenção.

À Profª. Drª. Ermelinda Maria De-Lamonica-Freire, sem cujo apoio e incentivo eu não teria realizado este trabalho.

Ao Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquista Filho”, que me concedeu condições técnicas e orientação para a realização deste trabalho e da Drª. Luciana Polese pelo apoio quando de minha estada nesta instituição.

Às funcionáris da coordenação de pós-graduação e da biblioteca do Instituto de Química da UNESP pelo pronto atendimento a todas as minhas solicitações com cordialidade.

À Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso (FAPEMAT), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Apoio à Cultura do Algodão (FACUAL) pela concessão de auxílio à pesquisa.

Ao Instituto de Defesa Agropecuária (INDEA) pelo fornecimento do mapa com a localização das fazendas de Primavera do Leste.

Aos professores Dr. Antonio Brandt Vecchiato e Dr. Fernando Ximenes de Tavares Salomão (Departamento de Geologia Geral/UFMT) pela sua valiosa colaboração durante a etapa de descrição do solo da região de estudo.

Ao professor Dr. Ricardo Weska (Departamento de Recursos Minerais/UFMT) pelo imprescindível auxílio na descrição da geologia da região de estudo e na confecção dos mapas.

Ao professor Sérgio Luís Moraes Magalhães (Departamento de Engenharia Civil/UFMT) pelos contatos com Prefeitura de Primavera do Leste.

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À Prefeitura de Primavera do Leste e em especial ao Departamento de Águas e Esgotos e à Secretaria de Obras, pelo fornecimento de informações necessárias a este trabalho e pelos funcionários que nos ajudaram na abertura de trincheiras.

Aos moradores de Primavera do Leste, fazendeiros das proximidades da cidade e aos perfuradores de poços da região pelo fornecimento de informações imprescindíveis ao desenvolvimento deste estudo.

Aos proprietários das fazendas de algodão onde foram coletadas as amostras, pelo suporte ao trabalho de campo.

Aos colegas professores e técnicos do Departamento de Química da UFMT, pelo incentivo à execução deste trabalho.

Aos colegas Marcelo Luiz Ferreira Cunha, Carlos Adriano Parizotto, Leandro Carbo pela ajuda nas coletas de amostras e análises de laboratório.

À técnica bióloga Liliana Vitorino Alves Corrêa do Laboratório de Microbiologia Sanitária pelas análises de coliformes em água.

Aos colegas Leandro Maraschin, Chefe da Divisão de Laboratório da Fema por permitir a utilização do cromatógrafo a gás daquela instituição e Osmar da Cruz Nascimento pelo apoio nas análises de nitrato.

Aos professores Dr. Jorge Luís Rodrigues Perez e Ms. Carlo Ralf de Musis pela imprescindível ajuda nas análises estatísticas.

Meu especial agradecimento às colegas e amigas Bety Virgínia Alves, Maria Auxiliadora Garcia de Oliveira, Lydia Maria Parente Lemos dos Santos, Mauricéa Nunes pelo apoio e incentivo durante a realização deste trabalho.

À amiga e colega Cláudia Nehme pela agradável recepção e apoio quando de minha estadia em Araraquara.

Aos colegas do Curso de Pós-Graduação em Química, pela agradável convivência durante o curso, em especial às amigas e colegas Mara Nilza Teodoro Lopes e Valéria de Souza que me receberam carinhosamente em Araraquara.

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Currículo Resumido

Eliana Freire Gaspar de Carvalho Dores

Bacharel em Engenheira Química, em 1978 com mestrado em Química Analítica pela Salford

University no Reino Unido, em 1992. É professora do Departamento de Química da

Universidade Federal de Mato Grosso desde agosto de 1984. Desde 1994 tem atuado em

pesquisas relacionadas com pesticidas, saúde e ambiente. Foi co-orientadora de seis trabalhos

de mestrado e um de doutorado no Curso de Pós Graduação em Saúde e Ambiente da UFMT,

orientou 15 monografias de conclusão de curso no Bacharelado em Química e uma

monografia de especialização em Saúde e Ambiente (relacionados abaixo). Co-orienta

atualmente um trabalho de doutorado do curso de Tecnologia de Alimentos, oferecido pela

UFRJ. Foi co-autora do material didático de Ciências Naturais para o Curso de Licenciatura

Plena em Educação Básica – 1ª a 4ª séries, oferecido pelo Núcleo de Educação Aberta e a

Distância da UFMT, para formação de professores em educação básica no interior do estado

de Mato Grosso. Atua atualmente também como professora do Curso de Especialização em

Engenharia de Segurança do Trabalho na disciplina Riscos Químicos no Ambiente de

Trabalho e do Curso de Especialização a Distância em Educação Ambiental e Gestão de

Recursos Naturais na disciplina Agricultura e Pesticidas, ambos oferecidos pela UFMT. É

líder do grupo de pesquisa cadastrado no CNPq, denominado Grupo de Estudos de Poluentes

Ambientais. Coordena atualmente projeto interdisciplinar intitulado “Estudo da

Contaminação por Biocidas no Ambiente e seu Monitoramento em Águas Superficiais, Subterrâneas e Pluviais em Regiões Cotonícolas do Estado de Mato Grosso”, financiado pelo

Fundo de Apoio à Cultura do Algodão, FACUAL, que se encontra em sua 2ª fase e projeto

intitulado “Resíduos de Inseticidas Piretróides em Leite de Vaca Produzido no Município de

Chapada dos Guimarães – MT” financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

de Mato Grosso, FAPEMAT. Publicou nove trabalhos em periódicos, abaixo relacionados.

Tem atuado também como palestrante em eventos científicos no país, listados abaixo.

Apresentou 53 trabalhos em eventos científicos nacionais e internacionais.

Trabalhos publicados:

DORES, E. F. G. C.; CARBO, L.; ABREU, A. B. G. Serum DDT in malaria vector control

sprayers in Mato Grosso State, Brazil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n.

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POLESE, L.; DORES, E. F. G. C.; JARDIM, E. F. G.; NAVICKIENE, S.; RIBEIRO, M. L.

Determinations of herbicides residues in soil by small scale extraction. Revista Eclética

Química, São Paulo, v. 27, p. 249-257, 2002.

DORES, E. F. G. C.; DE-LAMONICA-FREIRE, E. M. . Contaminação do ambiente aquático

por pesticidas. Estudo de caso: Águas usadas para consumo humano em Primavera do Leste,

Mato Grosso - Análise Preliminar. Química Nova, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 27-36, 2001.

RIEDER, A.; DORES, E. F. G. C.; MORAES, M. P. L. Alterações no teor da matéria

orgânica de solos e provável efeito no poder de proteção ambiental nas Bordas do Pantanal

diante da poluição por pesticidas. Pesticidas Revista de Ecotoxicologia e Meio Ambiente,

Curitiba, v. 10, p. 87-112, 2000.

DORES, E. F. G. C.; DE-LAMONICA-FREIRE, E. M. Contaminação do ambiente aquático

por pesticidas: vias de contaminação e dinâmica dos pesticidas no ambiente aquático.

Pesticidas Revista de Ecotoxicologia e Meio Ambiente, Curitiba, v. 9, p. 1-18, 1999.

RIEDER, A.; DORES, E. F. G. C.; MORAES, M. P. L. Casos de intoxicações por pesticidas

em famílias rurais no Sudoeste de Mato Grosso - Brasil. Revista Saúde e Ambiente, Cuiabá,

v. 1, n. 1, p. 59-75, 1998.

OLIVEIRA, M. A. G.; DORES, E. F. G. C. Níveis de praguicidas organoclorados em leite

materno e ingestão diária por recém-nascidos em uma população de Cuiabá - MT. Revista

Saúde e Ambiente, Cuiabá, v. 1, n. 1, p. 3-12, 1998.

OLIVEIRA, M. A. G.; DORES, E. F. G. C. Níveis de praguicidas organoclorados no leite

materno de uma população de mães de Cuiabá, Mato Grosso. Pesticidas Revista de

Ecotoxicologia e Meio Ambiente, Curitiba, v. 8, p. 77-90, 1998.

OLIVEIRA, M. A. G.; DORES, E. F. G. C. Fatores que influenciam os níveis de resíduos de

praguicidas organoclorados no leite materno. Cadernos de Saúde, Cuiabá, v. 0, p. 111-132,

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Co-orientações

Mestrado

VIEIRA, S. R. P. Resíduos de pesticidas organoclorados e organofosforados em tomate

comercializado em Cuiabá, Mato Grosso. 1998. Dissertação (Mestrado em Saúde e Ambiente)

Universidade Federal de Mato Grosso. Co-orientador: Eliana Freire Gaspar de Carvalho

Dores.

ALVES, B. V. Resíduos de pesticidas organoclorados em sedimentos da Bacia do Rio Cuiabá,

Mato Grosso. 1998. Dissertação (Mestrado em Saúde e Ambiente) - Universidade Federal de

Mato Grosso. Co-orientador: Eliana Freire Gaspar de Carvalho Dores.

OLIVEIRA, M. A. G. Níveis de praguicidas organoclorados em leite materno de uma

população de Cuiabá, Mato Grosso. 1997. Dissertação (Mestrado em Saúde e Ambiente) –

Universidade Federal de Mato Grosso. Co-orientador: Eliana Freire Gaspar de Carvalho

Dores.

CARBO, L. Avaliação do comportamento de pesticidas em solos de lavouras de algodão na

região de Primavera do Leste, Mato Grosso. 2003. 138 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e

Ambiente) - Universidade Federal de Mato Grosso.

CUNHA, M. L. F. Avaliação do grau de contaminação por agrotóxicos em sedimentos dos

principais rios do Pantanal Mato-Grossense. 2003. 91 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e

Ambiente) - Universidade Federal de Mato Grosso.

MARASCHIN, L. Avaliação do grau de contaminação por pesticidas na água dos principais

rios formadores do Pantanal Mato-Grossense. 2003. 88 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e

Ambiente) - Universidade Federal de Mato Grosso.

Doutorado

RIEDER, A. Indicadores de risco de contaminação e de danos ao ambiente e à saúde humana

por pesticidas às bordas do Alto Pantanal. 1999. 302 f. Tese (Doutorado em Pós Graduação

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Especialização

SOUZA, S. R. S. Caracterização de uso, manejo e condições de armazenamento de inseticidas

pela Fundação Nacional de Saúde de Mato Grosso. 1998. Monografia (Especialização em

Avaliação de Impacto Em Saúde e Ambiente) - Universidade Federal de Mato Grosso.

Orientador: Eliana Freire Gaspar de Carvalho Dores.

Palestrante

Palestrante na Conferência: O uso de pesticidas e o impacto na saúde humana e ambiental no

15º Encontro de Biólogos do CR-Bio-1, São Pedro. 2004.

Palestrante do Workshop: Impacto do algodão na biodiversidade no cerrado: desafios para a

sustentabilidade no Congresso Nacional do Algodão, Goiânia, 2003.

Palestrante na Mesa Redonda: Água e Saúde Humana no 14º Encontro de Biólogos do

CR-Bio-1, Cuiabá. 2003.

Palestrante na Mesa Redonda: no XLII Congresso Brasileiro de Química, Rio de Janeiro.

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RESUMO

Motivado pela crescente preocupação no meio científico sobre a contaminação de

recursos hídricos superficiais e subterrâneos por pesticidas e considerando a inexistência de

estudos abrangentes sobre a questão em Mato Grosso, o presente estudo teve por objetivo

geral avaliar a contaminação por herbicidas em águas em Primavera do Leste – MT e como

objetivos específicos determinar as concentrações de herbicidas em amostras de água usada

para consumo humano e avaliar a exposição da população consumidora a estes herbicidas e

ainda determinar a concentrações dos herbicidas em águas superficiais e subterrâneas

próximas a áreas de produção de algodão, fazendo uma avaliação do cenário de risco existente

neste ambiente. Esta é uma região de intensa atividade agrícola mecanizada e usuária de

grandes quantidades de pesticidas. Foi realizado levantamento do uso de pesticidas no entorno

da cidade de Primavera do Leste; descrição do meio físico e levantamento de dados

meteorológicos, que permitiram fazer uma análise preliminar do potencial de contaminação

de águas superficiais e subterrâneas por pesticidas. A partir dessa análise, selecionaram-se os

princípios ativos a serem analisados em amostras de água, sendo estes: atrazina e seus

metabólitos desetilatrazina e desisopropilatrazina, simazina, metribuzim, metolacloro e

trifluralina. Em seguida, foi feita a adaptação e validação do método de análise destas

substâncias em água, a partir dos métodos citados na literatura. Para avaliação da

contaminação por herbicidas nas águas usadas para consumo humano em Primavera do Leste,

amostras de água de poços tubulares e de água superficial foram coletadas em três épocas

diferentes, em 1998/1999: uma no final do período de seca; uma no início das chuvas e outra

no final das chuvas. Dos herbicidas analisados, a metribuzim foi a que esteve presente com

maior freqüência nas três coletas. Na segunda coleta (início das chuvas) encontrou-se uma

maior porcentagem de amostras que tinham pelo menos uma das substâncias estudadas. As

(10)

de atrazina; 0,138 µg L-1 de simazina; 0,882 µg L-1 de metribuzim e 1,732 µg L-1 de

metolacloro. Nenhum dos pesticidas analisados foi detectado em níveis superiores aos limites

estabelecidos pela USEPA, o que nos permite concluir que, à luz do conhecimento atual, a

presença dessas substâncias em água, na cidade de Primavera do Leste, não representam

riscos para a saúde da população consumidora. Para complementar o cenário de contaminação

da região, dando seguimento ao estudo em áreas de produção de algodão, foram coletadas

amostras mensais de água do aqüífero freático, de poços tubulares e superficiais em três

fazendas, no período de janeiro de 2002 a março de 2003. As concentrações máximas de

atrazina foram 0,210; 0,070 e 0,060 g L-1 em águas do aqüífero freático, poço tubular e

águas superficiais, respectivamente; e as de metolacloro foram 0,640; 0,410 e 0,180 g L-1,

respectivamente. Apesar das concentrações encontradas dos herbicidas não representarem

risco imediato para o ambiente, a análise do cenário de risco mostrou uma região com

potencial de contaminação do ambiente aquático significativo, que deve ser mantido sobre

constante monitoramento.

(11)

ABSTRACT

The present study was motivated by the growing concern among scientists about the

contamination of aquatic environments, either superficial or underground, by pesticides used

in agriculture. It aimed to assess the contamination by herbicides of drinking water in

Primavera do Leste, MT and of superficial and groundwater in cotton crop areas, evaluating

the risk scenario in this region. This is a region of intense mechanized agriculture activity

where large amounts of pesticides are used. A survey about pesticide usage in the

surroundings of the city of Primavera do Leste; a description of the physical environment and

a survey of climate data were carried out, which allowed a preliminary assessment of the

potential for contamination by pesticides of superficial and underground waters in the region

to be done. The active ingredients to be analyzed – atrazine and its metabolites

desethylatrazine and desisopropylatrazine, simazine, metribuzin, metolachlor and trifluralin –

were selected based on this evaluation. Sequentially, an analytical method for these

substances in water was adapted from published methods and validated. Water samples were

collected in three different periods, in 1998/1999: one in the end of the dry season; one in the

beginning of the rainy season (planting period); other in the end of the rainy season (harvest

period). Among the analyzed herbicides, metribuzin was the more frequently detected one in

the three sampling periods. In the second sampling (beginning of rain) a greater number of

samples contaminated with at least one of the studied substances was found. Maximum

concentrations were: 0,415 µg L-1 of DEA; 0,156 µg L-1 of atrazine; 0,138 µg L-1 of simazine;

0,882 µg L-1 of metribuzin and 1,732 µg L-1 of metolachlor. None of the analyzed pesticides

were detected in levels higher than the limits established by USEPA, which allowed us to

conclude that the presence of these substances in water, in Primavera do Leste and its

surroundings, does not present health risks to the local population. In order to better evaluate

(12)

samples of the water table, superficial and well water were collected monthly in three farms,

from January 2002 to march 2003. Maximum concentrations of atrazine were 0,210; 0,070

and 0,060 g L-1 in water table samples, well water and superficial water, respectively; and of

metolachlor were 0,640; 0,410 and 0,180 g L-1, respectively. Although these concentrations

do not represent immediate risk to the environment, an analysis of the risk scenario showed

that this is a region with a significant risk potential to the water resources that must be

maintained under constant monitoring.

(13)

LISTA DE FIGURAS

(14)

Figura 25 – “Boxplot” do “rank” (postos) dos resultados de coliformes fecais e totais nas amostras de água coletadas em Primavera do Leste, Mato Grosso, em 1998/1999, por tipo de poço e época de coleta ...191 Figura 26 – Sistemas de captação de água no município de Primavera do Leste, Mato Grosso (Costa, 2000)...199 Figura 27 – Presença de pesticidas em amostras de água coletadas em Primavera do Leste, Mato Grosso, em 1998/1999, por ponto e época de coleta: (a) 1ª coleta; (b) 2ª coleta; (c) 3ª coleta ...206 Figura 28 – Gráfico das médias das concentrações dos herbicidas em águas superficiais e subterrâneas em amostras coletadas em Primavera do Leste, Mato Grosso, 1998/1999...207 Figura 29 – Seqüência de instalação dos poços de monitoramento...215 Figura 30 – Coleta de amostras de água do aqüífero freático em poço de monitoramento....216 Figura 31 – Oscilação da profundidade do nível d’água nos poços de monitoramento e pluviosidade mensal de janeiro de 2002 a março de 2003...219 Figura 32 – “Boxplot” dos valores de pH da água por tipo de amostra e por estação no período do estudo ...220 Figura 33 – “Boxplot” do teor de oxigênio dissolvido (OD) da água por tipo de amostra e por estação no período do estudo ...222 Figura 34 – “Boxplot” das temperaturas da água por tipo de amostra e por estação no período do estudo ...222 Figura 35 – Concentração de metolacloro em amostras de águas do aqüífero freático (poços de monitoramento), superficiais e de poços tubulares por data de coleta...225 Figura 36 – Concentração de atrazina em amostras de águas do aqüífero freático (poços de monitoramento), superficiais e de poços tubulares por data de coleta ...225 Figura 37 – Concentração de atrazina e metolacloro no aqüífero freático por ponto de coleta

(15)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores máximos permissíveis (µg L-1) para a água potável, dos pesticidas estudados, segundo Portaria (Brasil) nº 1469/2000, da USEPA e da CEE e os valores guias da OMS...64 Tabela 2 – Métodos de análise de resíduos de pesticidas em água descritos na literatura, enfatizando o tipo de extração, a técnica de detecção e quantificação citadas e os princípios ativos analisados ...79 Tabela 3 – Imóveis rurais e respectivas áreas existentes na região de Primavera do Leste (municípios de Primavera do Leste e Campo Verde) e no Estado de Mato Grosso em 1996 (os valores entre parênteses representam as porcentagens em relação ao total)...89 Tabela 4 – Área plantada, em hectares, de algodão, arroz, feijão, soja, milho e sorgo nos anos de 1995 a 2002, no município de Primavera do Leste...92 Tabela 5 – Classificação dos solos segundo o coeficiente de permeabilidade ...108 Tabela 6 – Poços tubulares levantados e amostrados em Primavera do Leste, por faixa de profundidade e setor...116 Tabela 7 – Cisternas levantadas e amostradas em Primavera do Leste, por setor ...116 Tabela 8 – Condições de extração testadas para avaliação do método de análise dos herbicidas: atrazina e seus metabólitos desisopropil atrazina e desetil atrazina, simazina, metribuzim, metolacloro e trifluralina ...122 Tabela 9 – Níveis de fortificação usados nos ensaios de fortificação ...123 Tabela 10 – Descrição dos horizontes das trincheiras TR1 e TR2, em Primavera do Leste, Mato Grosso...135 Tabela 11 – Descrição dos horizontes das trincheiras TR3 e TR4, em Primavera do Leste, Mato Grosso...136 Tabela 12 – Resultados das análises granulométrica, de densidade real e de permeabilidade dos solos das trincheiras TR-1 a TR-4 em Primavera do Leste, Mato Grosso ...137 Tabela 13 – Inseticidas e herbicidas usados na área ao redor da cidade de Primavera do Leste, Mato Grosso, em 1997...143 Tabela 14 – Fungicidas usados na área ao redor da cidade de Primavera do Leste, Mato Grosso, em 1997 ...144 Tabela 15 – Propriedades físico-químicas a 20-25oC dos princípios ativos dos pesticidas usados em Primavera do Leste, Mato Grosso, 1997...147 Tabela 16 – Parâmetros de concentração em água, dose de referência e classificação segundo a carcinogenicidade da USEPA (USEPA, 1996) dos princípios ativos usados em Primavera do Leste, Mato Grosso, em 1997 ...148 Tabela 17 – Resultado do levantamento de poços na região urbana de Primavera do Leste, Mato Grosso, em 1998...149 Tabela 18 – Relação de pontos amostrados, em Primavera do Leste, Mato Grosso ...153 Tabela 19 – Resultado da avaliação do potencial de contaminação de águas subterrâneas em Primavera do Leste, Mato Grosso, com base nos critérios de “screening” estabelecidos pela USEPA...158 Tabela 20 – Classificação dos princípios ativos usados em Primavera do Leste, Mato Grosso, em 1997, de acordo com seu potencial de contaminar águas superficiais...160 Tabela 21 – Propriedades físico-químicas dos herbicidas estudados ...163 Tabela 22 – Equações do gráfico analítico, intervalo de trabalho e coeficientes de correlação

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Tabela 24 – Equações das regressões lineares para a relação entre as concentrações de fortificação e as recuperadas...168 Tabela 25 – Recuperações percentuais (intervalo e média), desvio padrão e coeficiente de variação dos compostos analisados pelo método proposto...169 Tabela 26 – Média das recuperações e coeficientes de variação dos compostos analisados pelo método proposto ...171 Tabela 27 – Limites de detecção e quantificação dos herbicidas analisados pelo método proposto ...172 Tabela 28 – Resumo de métodos descritos na literatura para os pesticidas estudados...173 Tabela 29 – Estatística descritiva das variáveis físicas e químicas das amostras de água coletadas em setembro de 1998 (1ª coleta), em Primavera do Leste, Mato Grosso ...177 Tabela 30 – Estatística descritiva das variáveis físicas e químicas e da concentração de nitrato das amostras de água coletadas em dezembro de 1998 (2ª coleta), em Primavera do Leste, Mato Grosso...178 Tabela 31 – Estatística descritiva das variáveis físicas e químicas e da concentração de nitrato das amostras de água coletadas em abril de 1999 (3ª coleta), em Primavera do Leste, Mato Grosso ...179 Tabela 32 – Estatística descritiva dos resultados das análises de coliformes totais e fecais das amostras de água de poços coletadas em Primavera do Leste, Mato Grosso, nas três épocas de coleta ...187 Tabela 33 – Freqüência de detecção de herbicidas por tipo de amostra e época de coleta, em Primavera do Leste, Mato Grosso, em 1998/1999...193 Tabela 34 – Freqüência de detecção das substâncias estudadas por época de coleta, em Primavera do Leste Mato Grosso, em 1998/1999...194 Tabela 35 – Estatística descritiva das análises de resíduos de herbicidas nas amostras de água coletadas em Primavera do Leste, Mato Grosso, em setembro de 1998 (1ª coleta) ...196 Tabela 36 – Estatística descritiva das análises de resíduos de herbicidas nas amostras de água coletadas em Primavera do Leste, Mato Grosso, em dezembro de 1998 (2ª coleta) ...197 Tabela 37 – Estatística descritiva das análises de resíduos de herbicidas nas amostras de água coletadas em Primavera do Leste, Mato Grosso, em abril de 1999 (3ª coleta)...197 Tabela 38 – Estudos mais relevantes de monitoramento de resíduos de herbicidas em águas superficiais e subterrâneas. ...203 Tabela 39 – Relação entre as médias das concentrações de cada herbicida em águas superficiais e subterrâneas e os valores guia da USEPA (HAL) ...208 Tabela 40 – Limites máximos permissíveis para os pesticidas estudados em água, segundo Crommentuijn et al. (2000)...218 Tabela 41 – Freqüência de detecção de herbicidas por tipo de amostra em fazendas em Primavera do Leste, Mato Grosso, no período de janeiro de 2002 a março de 2003 ...223 Tabela 42 – Estatística descritiva das análises de resíduos de herbicidas nas amostras de água coletadas em fazendas em Primavera do Leste, no período de janeiro de 2002 a março de 2003

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária C-18 – fase sólida de octadecil sílica

CEE – Comunidade Econômica Européia CG – cromatografia gasosa

CG/DCE – cromatografia gasosa com detector de captura de elétrons CG/DFC – cromatografia gasosa com detector fotométrico de chama CG/DIC – cromatografia gasosa com detector de ionização de chama CG/DNP – cromatografia gasosa com detector de nitrogênio e fósforo CG/EM – cromatografia gasosa com detector de espectrometria de massa CGB – carvão negro grafitado

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente DEA – desetil atrazina

DEE – dose de exposição estimada DIA – desisopropil atrazina

DIDEA – desisopropil desetil atrazina DL50 – dose letal 50 %

DRf – dose de referência DT50 – meia-vida

ELL – extração líquido-líquido

FAO – “Food and Agriculture Organization” (Organização para a Agrigultura e Alimentação da OMS)

FI – fator de incerteza FM – fator modificador

GUS – “groundwater ubiquity score” (índice de vulnerabilidade de água subterrânea) HA – hidroxi atrazina

HAL – “health advisory level” (concentração recomendada pela USEPA para água potável) HPLC/DAD – cromatografia líquida de alto desempenho com detector de ultravioleta de arranjo de diodos

HPLC/EM – cromatografia líquida com detector de espectrometria de massa

HPLC/fluorescência – cromatografia líquida de alto desempenho com detector de fluorescência

HPLC/UV – cromatografia líquida de alto desempenho com detector de ultravioleta HPTLC – cromatografia em camada delgada de alto desempenho

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDA – ingestão diária aceitável

IDT – ingestão diária tolerável KD – coeficiente de sorção ao solo

KOC – coeficiente de sorção à matéria orgânica do solo KOW – coeficiente de partição octanol-água

LVI – injeção de grande volume de amostra NOAEL – nível de efeito adverso não observável OD – oxigênio dissolvido

OMS – Organização Mundial da Saúde

SDVB – fase sólida de copolímero de estireno divinil benzeno EFS – extração em fase sólida

MEFS – micro-extração em fase sólida

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ...21

2 REVISÃO DA LITERATURA ...27

2.1 Origem da contaminação do ambiente aquático...27

2.2 Destino e movimentação de pesticidas em sistemas aquáticos ...31

2.2.1 Fatores que influenciam o destino dos pesticidas no ambiente ...31

2.2.1.1 Informações sobre o uso do produto ...32

2.2.1.2 Características ambientais ...33

2.2.1.3 Propriedades físico-químicas dos pesticidas...37

2.2.2 Dinâmica dos pesticidas no ambiente aquático...40

2.2.2.1 Pesticidas em organismos aquáticos ...41

2.3 Dinâmica dos mananciais de águas subterrâneas ...43

2.4 Ocorrência de pesticidas em ambientes aquáticos ...47

2.5 Pesticidas em água e riscos à saúde humana ...55

2.5.1 Avaliação de exposição ...57

2.5.2 Limites e valores guia estabelecidos para pesticidas em água potável ...59

2.5.2.1 Valores estabelecidos pela USEPA ...59

2.5.2.2 Valores Guia estabelecidos pela OMS ...61

2.5.2.3 Legislação Brasileira...63

2.6 Estudo da contaminação de ambientes aquáticos por pesticidas ...64

2.6.1 Amostragem de água para análise de resíduos ...64

2.6.2 Análise de resíduos de pesticidas em água ...68

2.6.2.1 Técnicas cromatográficas usadas na análise e detecção de pesticidas ...69

2.6.2.2 Cromatografia gasosa (CG) ...70

2.6.2.3 Cromatografia líquida (CL)...72

2.6.2.4 Cromatografia em camada delgada ...73

2.6.2.5 Outros métodos ...74

2.6.2.6 Tratamento da amostra (extração, “clean-up” e concentração) ...74

2.6.2.7 Validação de métodos analíticos ...86

2.7 A região de estudo ...87

2.8 Herbicidas estudados ...93

2.8.1 Atrazina ...93

2.8.2 Simazina...97

2.8.3 Metribuzim...99

2.8.4 Metolacloro...101

2.8.5 Trifluralina...103

3 HERBICIDAS EM ÁGUAS UTILIZADAS PARA CONSUMO HUMANO EM PRIMAVERA DO LESTE, MATO GROSSO...105

3.1 Material e métodos ...105

3.1.1 Análise de dados existentes e levantamento de dados complementares ...106

3.1.1.1 Descrição da geologia e dos solos da região ...106

3.1.1.2 Dados meteorológicos da região ...109

3.1.1.3 Levantamento dos pesticidas usados ao redor da cidade de Primavera do Leste ...109

3.1.1.4 Levantamento das propriedades físico-químicas dos princípios ativos usados na região de Primavera do Leste...110

(19)

3.1.2 Análise preliminar do potencial de contaminação de águas superficiais e

subterrâneas de Primavera do Leste, por pesticidas...111

3.1.2.1 Critérios da USEPA ...112

3.1.2.2 Índice de vulnerabilidade de águas subterrâneas (“Groundwater ubiquity score”) – GUS...113

3.1.2.3 Método de Goss...113

3.1.2.4 Plano de Amostragem ...115

3.1.2.4.1 Periodicidade de amostragem ...117

3.1.2.4.2 Coletas de amostras de água para análise de resíduos de herbicidas...117

3.1.2.4.3 Coleta e preparo das amostras para análise de nitrato ...118

3.1.2.4.4 Determinação dos parâmetros físico-químicos da água coletada ...118

3.1.2.4.5 Coleta de amostras de água para análise de coliformes...119

3.1.3 Análise físicas, químicas e biológicas das águas usadas para consumo humano em Primavera do Leste...119

3.1.3.1 Otimização e validação do método de análise de resíduos de herbicidas em água ...119

3.1.3.1.1 Materiais e reagentes ...119

3.1.3.1.2 Quantificação dos pesticidas ...120

3.1.3.1.3 Procedimento analítico avaliado...121

3.1.3.1.4 Parâmetros do método avaliados ...123

3.1.3.1.5 Controle de qualidade analítica ...124

3.1.3.2 Análise dos herbicidas atrazina, simazina, metribuzim, metolacloro e trifluralina das amostras de água coletadas ...125

3.1.3.3 Análise de nitrato em água ...125

3.1.3.4 Análise de coliformes ...126

3.1.4 Análise e discussão dos resultados ...126

3.1.4.1 Análises estatísticas ...126

3.1.4.2 Discussão de risco com ênfase na avaliação de exposição ...127

3.2 Resultados e discussão ...128

3.2.1 Descrição sucinta da geologia e dos solos da região...128

3.2.2 Dados meteorológicos de Primavera do Leste – MT...138

3.2.3 Pesticidas usados na região ...140

3.2.4 Propriedades físico-químicas e toxicológicas dos pesticidas usados ...145

3.2.5 Poços existentes e amostrados na região de estudo...149

3.2.6 Análise preliminar dos pesticidas que apresentam potencial de contaminação de águas superficiais e subterrâneas de Primavera do Leste ...155

3.2.6.1 Águas subterrâneas...155

3.2.6.2 Águas superficiais ...159

3.2.7 Seleção dos pesticidas a serem estudados ...162

3.2.8 Validação do método de análise de resíduos de herbicidas em água ...164

3.2.8.1 Exatidão e precisão do método...167

3.2.9 Análise de água ...176

3.2.9.1 Variáveis físicas e químicas...176

3.2.9.2 Resultados das análises de coliformes...186

3.2.9.3 Resíduos de herbicidas em amostras de água ...192

3.2.9.4 Os herbicidas detectados e os riscos para a saúde para a população consumidora ...207

(20)

4 HERBICIDAS EM ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS EM ÁREAS DE

CULTURA DE ALGODÃO ...213

4.1 Material e métodos ...213

4.1.1 Plano de amostragem ...214

4.1.1.1 Periodicidade de amostragem ...214

4.1.1.2 Coletas de amostra ...214

4.1.2 Análise de resíduos de herbicidas nas amostras de água ...217

4.1.3 Limites Máximos Permissíveis...217

4.2 Resultados e discussão ...218

4.2.1 Características ambientais da região de estudo...218

4.2.2 Propriedades físico-químicas das amostras de água ...220

4.2.3 Herbicidas em água ...223

5 CENÁRIO DE RISCO E CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS EM PRIMAVERA DO LESTE, MT...229

5.1 Características ambientais ...229

5.2 Pesticidas usados ...231

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...232

6.1 Herbicidas em águas usadas para consumo humano ...232

6.1.1 Potencial de contaminação do ambiente aquático na região de Primavera do Leste por pesticidas...232

6.1.2 Método de análise de resíduos de atrazina, DIA, DEA, simazina, metribuzim, metolacloro e trifluralina em água...233

6.1.3 Contaminação das águas superficiais e subterrâneas por herbicidas ...233

6.1.4 Concentração dos herbicidas em água e saúde humana ...234

6.2 Herbicidas em águas superficiais e subterrâneas em áreas de cultura de algodão 235 6.3 Perspectivas futuras ...236

7 REFERÊNCIAS ...238

GLOSSÁRIO ...260

ANEXO A...262

ANEXO B...264

ANEXO C...267

ANEXO D...270

ANEXO E ...273

ANEXO F ...278

(21)

1

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Os pesticidas ocupam uma posição singular dentre as substâncias químicas, uma vez

que são adicionados intencionalmente ao ambiente para destruir ou controlar algumas formas

de vida que são consideradas indesejáveis, ou seja, as chamadas pestes ou pragas que

representam um grande problema para a agropecuária tradicional e para a saúde pública.

Muitos são os argumentos usados em favor do uso de pesticidas, tais como: aumento da

produção agrícola, aumento da produção de carne e leite na pecuária, diminuição das perdas

de alimentos armazenados, erradicação de vetores de doenças, entre outros. Entretanto,

também muitas são as conseqüências indesejáveis que advém do uso de pesticidas, quer como

contaminação ambiental que, em última instância, atinge a população em geral, quer na saúde

ocupacional.

Dentre as conseqüências indesejáveis do uso de pesticidas podemos citar a presença

de resíduos no solo, água e ar, nos tecidos vegetais e animais e, como decorrência

fitotoxicidade, destruição de microrganismos do solo, efeitos prejudiciais sobre organismos

não-alvo, mortalidade de insetos benéficos e presença de resíduos em alimentos, além da

contaminação ocupacional.

Mecanismos físicos e biológicos possibilitam a distribuição dos resíduos dos

pesticidas nos ecossistemas através do ar, água e migração dos organismos. Exemplo disso é a

detecção de resíduos de pesticidas organoclorados até no Ártico. Embora estes produtos

tenham sido usados, em maior parte, em regiões mais próximas do equador, praticamente

todos os organoclorados detectados em latitudes mais baixas foram também detectados no

ambiente ártico, ainda que em pequenas concentrações (AYOTTE et al., 1995).

O Brasil foi apontado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e

(22)

22

consumo de pesticidas por hectare no Brasil cresceu cerca de 44 % em apenas 10 anos,

saltando de 1 kg ha-1 em 1983 para 1,44 kg ha-1 em 1993, segundo a Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária. Somente entre 1993 e 1997, as vendas de pesticidas no Brasil

cresceram 104 %, mas, apesar disso, as perdas atribuídas às pragas e doenças não sofreram

uma redução drástica nesse mesmo período (BLECHER, 1998). Segundo Sabik, Jeannot e

Rondeau (2000), mais de 1400 ingredientes ativos são usados no mundo em várias misturas

comerciais de pesticidas. O uso intenso de pesticidas associado à grande variedade de

substâncias existentes, indica que os riscos para a saúde e ambiente correlacionados com o

uso de pesticidas no Brasil não devem ser negligenciados e devem ser estudados mais

intensamente.

Desde 1970, o panorama econômico da região Centro Oeste do Brasil tem sofrido

rápidas mudanças, devido aos subsídios fornecidos pelo governo para a ocupação da Região

Amazônica, principalmente para a agricultura. O modo de ocupação desta região favoreceu a

instalação de grandes latifúndios, que possuíam condições econômicas para desenvolver a

tecnologia necessária para a exploração do cerrado, cujas principais características são: a

topografia plana, que favorece a mecanização e os solos ácidos deficientes em nutrientes, que

necessitam de correção e suplementação.

Assim, o rápido crescimento das áreas de agricultura em Mato Grosso introduziu a

monocultura com lavouras altamente dependentes de insumos químicos, incluindo pesticidas.

Uma vez aplicados na agropecuária, os pesticidas podem ter diversos destinos no ambiente,

podendo vir a se acumular em alguns compartimentos ambientais, dentre eles os ambientes

hídricos (DORES; DE-LAMONICA-FREIRE, 1999).

O município de Primavera do Leste é um exemplo típico deste tipo de ocupação, cuja

economia baseia-se na agricultura e pecuária. Sua principal lavoura é a soja, sendo que outras

(23)

23

plantada com soja neste município foi 167.445 ha (EMPAER, 1997). Aproximadamente 35%

do município é hoje ocupado por áreas de lavoura além das áreas ocupadas por pastagens.

A concentração da maioria dos pesticidas encontrada em água é geralmente baixa,

em parte, devido ao fato de serem geralmente pouco solúveis em água e em parte devido ao

efeito de diluição (HIGASHI, 1991). Isto, no entanto, não exclui a possibilidade de que

concentrações muito altas venham a ocorrer após pesadas chuvas, especialmente quando as

áreas ao redor de um pequeno córrego tenham sido recentemente tratadas com altas doses de

pesticidas. Mesmo em concentrações baixas, os pesticidas representam riscos para algumas

espécies de organismos aquáticos que podem concentrar estes produtos até 1000 vezes

(EICHELBERGER; LICHTENBERG, 1971). Uma vez que resíduos destas substâncias

atinjam os mananciais de águas subterrâneas podem permanecer inalterados por longos

períodos de tempo (SKARK; OBERMANN, 1995).

Quando pesticidas são encontrados em águas, normalmente não estão presentes em

concentrações suficientemente altas para causar efeitos agudos à saúde. A preocupação

principal se torna então seu potencial de causar problemas crônicos à saúde (TRAUTMANN;

PORTER; WAGENET, 1998). Limites para as concentrações de pesticidas em águas potáveis

têm sido estabelecidos por agências tais como a OMS – Organização Mundial da Saúde

(OMS, 1995) e a USEPA – Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA,

1996), objetivando proteger a saúde humana.

Existe um número crescente de publicações internacionais relacionadas com a

contaminação ambiental de sistemas aquáticos por pesticidas em região tropical e sub-tropical

(CASTILHO et al., 2000; BOTELLO et al., 2000; KAMMERBAUER; MONCADA, 1998;

MILES; PFEUFFER, 1997; BRITO et al., 1999; THURMAN; BASTIAN; MOLLHAGEN,

2000; ZIMMERMAN; THURMAN; BASTIAN, 2000). No Brasil, entretanto, até a presente

(24)

24

RUBIRA; SOUZA, 1996; ARAÚJO et al., 1998; CALDAS; COELHO; SOUZA, 1999),

sendo que a maioria analisou pesticidas organoclorados que já tiveram seu uso proibido no

Brasil. Até o momento, poucos estudos analisaram outros pesticidas: Lanchote et al. (2000)

analisaram atrazina, simazina e ametrina, herbicidas usados na lavoura de cana-de-açúcar, em

águas de abastecimento no Estado de São Paulo; Lucchini, Peres e de Andréa (2000) mediram

concentrações substanciais de trifluralina e endossulfam em solos de cultura de algodão no

estado de São Paulo entre duas safras e Filizola et al. (2002) analisaram trifluralina,

endossulfam, lambda-cialotrina, dicofol, captana, parationa-metílica, clorotalonil e clorpirifós

em águas superficiais e subterrâneas na região de Guairá, São Paulo. Assim, pouco se conhece

sobre a situação de contaminação por pesticidas em uso corrente (por exemplo, triazinas,

acetanilidas, piretróides, organofosforados) em ambientes das regiões centro-oeste e norte do

Brasil (Cerrado, Bacia do Pantanal e Amazônia).

É importante enfatizar que existe, ainda hoje, muita controvérsia com relação aos

efeitos tóxicos crônicos dos pesticidas para o ser humano, principalmente quando consumidos

em baixas doses ao longo de toda uma vida. Isto indica a necessidade de se desenvolver

estudos sobre a presença de resíduos no ambiente e seus efeitos sobre a saúde.

O acima exposto serviu como base para se desenvolver o presente estudo que teve

como objetivo geral avaliar a contaminação por herbicidas em águas em Primavera do Leste –

MT. Os objetivos específicos foram: determinar as concentrações de herbicidas selecionados

em amostras de água usada para consumo humano e avaliar a exposição da população

consumidora a estes herbicidas e ainda determinar a concentrações dos herbicidas em águas

superficiais e subterrâneas próximas a áreas de produção de algodão, fazendo uma avaliação

do cenário de risco existente neste ambiente.

Este estudo vem contribui de diversas formas para o conhecimento das questões

(25)

25

condições ambientais onde estes são usados, uma discussão crítica do potencial de

contaminação, seguida de uma etapa de validação de método analítico que deu suporte às

análises de resíduos de herbicidas em matriz de água que foram desenvolvidas. Duas

situações foram avaliadas: uma relacionada com a contaminação de águas usadas para

consumo humano na região urbana da cidade de Primavera do Leste sem uso direto recente de

pesticidas e outra a contaminação de águas em áreas de cultura de algodão nas quais os

pesticidas em estudo foram recentemente aplicados. O fluxograma apresentado na Figura 1

ilustra a abordagem empregada no desenvolvimento do presente estudo.

Devido às diferenças no planejamento e execução das duas etapas de coleta de

amostras (uma desenvolvida nas proximidades e na cidade de Primavera do Leste visando

avaliar a qualidade da água consumida pela população e outra desenvolvida em fazendas de

(26)

Figura 1 – Fluxograma das etapas do estudo

Capítulo 1

Elaboração do plano de amostragem

Coleta das amostras de água

Avaliação de risco à saúde da população

Seleção dos pesticidas a analisar

Identificação de áreas de cultura de algodão – cenário de risco de

contaminação de águas

Elaboração do plano de amostragem

Discussão dos resultados frente ao cenário de risco identificado

Análise das amostras de água:

- determinação de pH, OD, e temperatura no campo - análise de resíduos dos pesticidas selecionados

Validação do método de análise dos pesticidas

Introdução e justificativa Revisão da literatura Capítulo 2

Levantamento de dados secundários: - solos e geologia da região

- dados meteorológicos - sistema de abastecimento de águas em

Primavera do Leste

Levantamento de dados de campo: - pesticidas usados - poços existentes usados para abastecimento de água na cidade

Levantamento das propriedades físicas e químicas dos pesticidas

usados na região

Análise preliminar de potencial de contaminação de águas por

pesticidas

Análise das amostras de água: - determinação de pH, OD, turbidez, condutividade e temperatura no campo

- análise de nitrato - análise de coliformes

- análise de resíduos dos pesticidas selecionados

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

(27)

2

REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Origem da contaminação do ambiente aquático

Pesticidas podem entrar no ambiente aquático através de diversos caminhos, sendo

que as fontes principais são provavelmente o uso na agropecuária, esgoto industrial e

municipal e o controle de ervas aquáticas e insetos. Enquanto esgoto e controle de ervas

aquáticas envolvem aplicação direta no meio aquático, os pesticidas usados na agropecuária

geralmente seguem rotas indiretas.

A Figura 2 ilustra as rotas de entrada de pesticidas no meio aquático por aplicação

direta ou por mobilização a partir de seu uso na agropecuária.

Figura 2 – Vias de entrada dos pesticidas no ambiente aquático e mobilização a partir do solo (Modificado de SOLOMON, 1992)

Além das rotas apresentadas na Figura 2, pesticidas podem também contaminar o

ambiente aquático por ocorrência de acidentes em depósitos ou durante o transporte de

pesticidas, ou ainda por descarte inadequado de embalagens usadas. aplicação

direta no solo

degradação biológica

água

efluentes industriais transporte de vapor e poeira

pulverização precipitação

esgotos municipais

aplicação direta

lavagem de materiais usados

na aplicação fotólise

volatilização

erosão e carreamento

solo

água pesticida

adsorvido

pesticida dessorvido

lixiviação decomposição

química absorção por

(28)

28

Dependendo da forma de aplicação, o pesticida usado na agricultura pode ter

diferentes destinos. As formas mais usadas são a aplicação direta no solo, a pulverização

através de trator, pulverizadores manuais ou por avião. A aplicação de pesticidas com

pulverizadores é o meio mais comum, no qual o produto formulado é geralmente diluído em

água, dissolvendo-se ou formando uma emulsão estável. O processo de incorporação direta

dos pesticidas ao solo durante o cultivo consiste na introdução do produto diluído (sob forma

de emulsão ou solução) abaixo da superfície do solo, não entrando, portanto, diretamente na

atmosfera. Produtos granulados podem também ser aplicados utilizando-se este procedimento

(HASSET; LEE, 1975).

A deriva - movimento das gotículas do jato de pesticida para fora do alvo durante a

pulverização - é um dos grandes problemas da aplicação por pulverização. Em alguns casos,

conforme Chain (1995), mais de 99,9 % do ingrediente ativo é desperdiçado, ou seja, não é

utilizado para o controle efetivo do problema fitossanitário a que foi destinado. No caso da

incorporação direta ao solo, o problema da deriva é reduzido, pois a aplicação ocorre

essencialmente abaixo da superfície do solo (HASSET; LEE, 1975). Entretanto, grande parte

do pesticida pode não ter contato com a praga alvo, sendo carreado ou percolado para outros

locais (HOLT, 2000).

Pimentel e Levitan (1991), em uma revisão sobre a quantidade de pesticidas que é

aplicada e aquela que efetivamente atinge pragas que se quer controlar, mencionam que, nos

Estados Unidos, freqüentemente, menos de 0,1 % do produto aplicado atinge seus objetivos.

A entrada de pesticidas no meio aquático a partir do uso agrícola depende, em grande

parte, da dinâmica destes compostos no solo uma vez que além do carreamento pela ação dos

ventos com posterior precipitação, a movimentação dos pesticidas a partir do solo contribui de

(29)

29

Uma vez no solo, o pesticida pode ter diferentes destinos: ser adsorvido a partículas

do solo, permanecer dissolvido na água presente no solo, volatilizar-se, ser absorvido pelas

raízes das plantas ou por organismos vivos, ser percolado ou carreado pela água das chuvas

ou sofrer decomposição química ou biológica.

A mobilização do pesticida a partir do solo poderá ocorrer através do carreamento

pelas águas das chuvas, por erosão, lixiviação ou volatilização (HOLT, 2000).

O carreamento superficial pode ocorrer com o pesticida dissolvido na água,

associado ao material em suspensão na água ou ambos. O movimento superficial da água

começa quando a intensidade da chuva excede a taxa de infiltração (LEONARD, 1989).

Segundo Brown et al. (1995), apesar da porcentagem do pesticida aplicado no campo que é

perdida por carreamento ser pequena, esta representa, provavelmente, a rota principal através

da qual os pesticidas agrícolas atingem rios ou lagos. O carreamento superficial, quando

ocorre poucos dias após a aplicação do pesticida, remove em torno de 1 % da quantidade

presente no solo (WAUCHOPE, 1996).

Um pesticida que se encontra no solo pode também atingir as águas subterrâneas. O

pesticida lixiviado, produzido conforme a chuva migra através da zona não saturada da coluna

do solo, é transportado por gravidade e capilaridade para a água subterrânea (HOLT, 2000).

Embora a camada de solo funcione como um filtro purificando a água que nele

penetra, diversos poluentes orgânicos, em especial os pesticidas, foram detectados em águas

subterrâneas de vários países (WALLS; SMITH; MANSELL, 1996; SKARK;

ZULLEI-SEIBERT, 1995; FUNARI; BOTTONI; GIULIANO, 1991), o que mostra a necessidade de

estudo dos fatores que influenciam o movimento de contaminantes até os lençóis

subterrâneos. Em 1987, Aharonson et al. apresentaram uma revisão das informações,

(30)

30

descreveram a mobilidade e processos de transformação que determinam a quantidade de

pesticidas que efetivamente atingem os lençóis subterrâneos.

A movimentação do pesticida do solo para a atmosfera, que pode ocorrer por

volatilização direta, co-vaporização com a água e associação ao material particulado

carregado pelo vento, é também importante para a distribuição destes produtos no ambiente e

sua entrada nos ambientes aquáticos, uma vez que, pesticidas na atmosfera podem reentrar no

ambiente aquático por deposição da poeira ou precipitação, o que em geral ocorre em um

local distante do ponto de emissão. O transporte de pesticidas na atmosfera é considerável e

pode ser uma das principais formas através da qual estes produtos podem atingir os oceanos,

rios ou lagos (HASSET; LEE, 1975).

Buser (1990) detectou os herbicidas atrazina, simazina e terbutilazina em água de

chuva na região de Zurich, Suíça, durante o verão (máximo 600 ng L-1). A partir das

concentrações encontradas na água de chuva, da estimativa da quantidade média de material

particulado presente na chuva e dos dados de usos destes pesticidas, o autor concluiu que a

volatilização direta a partir do solo, além da erosão de solos pela ação do vento, contribui

grandemente para a movimentação destes compostos para a atmosfera.

Pesticidas, bem como vários compostos orgânicos voláteis, emitidos para a

atmosfera a partir do solo, água ou emissões antropogênicas, são distribuídos na fase gasosa,

matéria particulada e nuvens ou aerossóis. Esta distribuição depende da pressão de vapor do

composto particular e de sua afinidade por superfícies sólidas ou líquidas. Compostos

químicos tóxicos que tenham uma meia-vida na atmosfera suficientemente longa (da ordem

de alguns dias ou mais) podem ser distribuídos pela atmosfera global, mesmo aqueles que têm

baixa volatilidade (pressão de vapor da ordem de 10-8 mmHg ou menor), segundo Jury et al.

(1987). Em 1966, Cohen e Pinkerton revisaram a translocação de pesticidas através da

(31)

31

distantes dos locais de aplicação, onde foi detectada a presença de resíduos de pesticidas, em

especial os organoclorados. Outros trabalhos também relataram a presença de organoclorados

em várias regiões do globo onde estes produtos jamais foram usados, dentre eles, Atlas e

Giam (1981) e Loganathan e Kannan (1994). Foram detectados resíduos de trifluralina, da

ordem de 100 pg m-3, na atmosfera em regiões onde este produto não foi usado, o que sugere

que este herbicida apresenta potencial de transporte a longas distâncias (GROVER et al.,

1997).

Laabs et al. (2002 c) alertaram para a importância do transporte aéreo de pesticidas

em ambiente tropical devido às elevadas temperaturas, uma vez que os autores detectaram

pelo menos um pesticida em 74 % das amostras de água analisadas no Pantanal

Mato-grossense, distante das áreas agrícolas.

Buser (1990) encontrou os mesmos compostos que havia detectado em água de

chuva, – atrazina, simazina e terbutilazina, – em água de lagos de montanha na região de

Zurich e concluiu que a contaminação destes lagos em altitudes elevadas deve ocorrer por

precipitação do pesticida volatilizado pela água da chuva.

2.2 Destino e movimentação de pesticidas em sistemas aquáticos

2.2.1 Fatores que influenciam o destino dos pesticidas no ambiente

Para o estudo do comportamento de um dado pesticida a partir de seu local de uso é

importante que se conheçam os seguintes dados, que serão divididos em três grupos para

efeito de organização desta discussão: informações sobre o uso do produto, características

ambientais do local estudado e propriedades físico-químicas do princípio ativo.

Interações entre as variáveis que serão discutidas são importantes, de modo que é

difícil fazer previsões generalizadas sobre a influência de uma variável ou conjunto de

(32)

32

permitem uma avaliação preliminar do potencial de contaminação de um dado ambiente por

uma determinada substância.

2.2.1.1 Informações sobre o uso do produto

Além da forma de aplicação do pesticida, outros parâmetros como intensidade,

freqüência e concentração aplicada são também importantes para a distribuição do pesticida

no ambiente e seu potencial de exposição, pois representam a quantidade do produto que está

sendo lançada que, em última instância, terá relação com a quantidade de pesticida que se

dissipa no ambiente (WAUCHOPE et al., 1992).

De acordo com esse mesmo autor, a formulação afeta a distribuição inicial do

produto químico, enquanto o efeito em longo prazo será função das propriedades da molécula

do ingrediente ativo, uma vez que esta se separa dos demais componentes da formulação por

dissipação.

Cohen et al. (1995) citam a formulação como um dos fatores que tem efeito

significativo sobre o carreamento e lixiviação dos pesticidas. Os pós-molháveis, por

permanecerem na superfície do solo, são particularmente suscetíveis ao transporte.

Formulações líquidas, segundo Wauchope (1978), podem ser mais rapidamente transportadas

do que as granulares.

O modo de aplicação, além do problema da deriva, afeta o local inicial de deposição

do pesticida. A aplicação à folhagem deixa depósitos da substância que são vulneráveis à

volatilização e fotólise (WAUCHOPE et al., 1992), ficando menos disponíveis para

(33)

33

2.2.1.2 Características ambientais

Dentre as características ambientais que mais influenciam a dinâmica dos pesticidas

no ambiente podemos citar: clima (temperatura ambiente, pluviosidade, intensidade de luz

solar e ventos); propriedades físicas e químicas do solo (teor de matéria orgânica e argila, pH,

umidade, atividade biológica, compactação e cobertura vegetal) e do meio aquático (pH,

potencial de oxi-redução, ácidos húmicos dissolvidos, particulados em suspensão, dentre

outros), topografia da região em estudo e características da biota local (fluxo de matéria e

energia, atividades biológicas em geral).

As condições climáticas têm uma contribuição óbvia, porém não facilmente

quantificável, para a distribuição dos pesticidas em um dado ecossistema. Altas temperaturas

favorecem a volatilização e a dessorção dos compostos das partículas do solo. As chuvas

podem provocar a deposição dos produtos presentes na atmosfera e causar o carreamento

superficial quando os solos estão saturados ou a percolação pela penetração da água da chuva.

A intensidade, duração e quantidade de chuva, bem como o momento da precipitação em

relação à aplicação do produto influenciam o carreamento superficial e a infiltração no solo

(LEONARD, 1989). Espera-se que picos de concentração em águas superficiais ocorram logo

após eventos de chuva de alta intensidade em valores muito mais altos (WATTS et al., 2000).

A composição do solo em termos de porcentagem de matéria orgânica, argila e areia

afeta a quantidade de pesticida adsorvido ou dissolvido nele. Outras propriedades do solo

como capacidade de troca iônica e área superficial também influenciam a quantidade de

pesticida que pode ser adsorvido. Apesar da sorção de pesticidas ao solo depender não

somente das propriedades do solo, mas também das propriedades físico-químicas do princípio

ativo, de uma forma geral, pode-se dizer que solos com altos teores de matéria orgânica e de

(34)

34

solúveis em água ou em gorduras, apresentam alto potencial de sorção (BARCELÓ;

HENNION, 1997).

Gomes, Spadotto e Pessoa (2002) enfatizaram que a vulnerabilidade natural do solo é

um parâmetro fundamental nos estudos de avaliação de riscos ambientais, sobretudo em áreas

de grande fragilidade, como as áreas de recarga dos aqüíferos sedimentares. Estes autores

utilizaram os parâmetros condutividade hidráulica, declividade e profundidade do nível

freático para avaliar o potencial de infiltração e de escoamento superficial de água, que pode

carrear contaminantes.

Segundo Valsaraj e Thibodeaux (1992), a umidade do solo é outro fator importante

na sorção de um pesticida a suas partículas, uma vez que, quando seus poros se preenchem

com água, esta pode facilitar a migração da molécula de pesticida para fora do poro,

permitindo sua solubilização na água do solo, podendo, então, ser mais facilmente carreada.

As atividades metabólicas predominantes dos microrganismos no solo podem ser

analisadas do ponto de vista da utilização de energia. A maior parte dos compostos orgânicos

pode servir como fonte de energia para, pelo menos, alguns microrganismos (AHARONSON

et al., 1987).

No solo, um pesticida pode também ser totalmente degradado, sendo que seus

produtos finais são dióxido de carbono, água, sais minerais e substâncias húmicas; ou resultar

na formação de novos compostos persistentes, como a transformação de DDT em DDE e de

aldrin em dieldrin. Embora parte desse processo seja ocasionada por reações químicas como

oxidação, redução, hidrólise e fotólise, o metabolismo microbiano é geralmente o meio

principal de transformação. Os microrganismos do solo utilizam o pesticida como fonte de

carbono e outros nutrientes (GORING et al., 1975).

A introdução de compostos orgânicos sintéticos no ambiente levanta questões sobre

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longo tempo no solo se a microflora local não for capaz de metabolizá-los (JURY et al.,

1987). Além disso, Foomsgaard (1995) ressalta que a atividade microbiana depende não

somente da população de microrganismos presentes mas também da temperatura do solo,

umidade, presença de oxigênio e composição do solo (pH, teor de matéria orgânica e

nutrientes).

A topografia do terreno, associada à forma de manejo do solo (por exemplo

terraceamento, curvas de nível, aração) tem grande influência sobre o carreamento superficial

dos pesticidas, seja em solução ou adsorvido ao particulado.

O uso de uma faixa de vegetação disposta transversalmente ao sentido do

escoamento superficial tem-se mostrado uma alternativa efetiva para filtrar o escoamento em

áreas agrícolas e, conseqüentemente, reduzir a contaminação de águas superficiais por

produtos químicos carreadas pelo mesmo (SYVERSEN, 2002). O processo de retenção

dominante na faixa de retenção se dá principalmente pela barreira física que a faixa de

vegetação proporciona ao processo de escoamento, promovendo uma redução brusca da

velocidade de escoamento e conseqüentemente favorecendo o processo de deposição ou

sedimentação das partículas de solo e substâncias químicas (N, P, K, pesticidas, entre outras)

associadas ao solo (SYVERSEN, 2002). No entanto, outros processos podem ser favorecidos

pela presença da faixa vegetativa, tais como, a sorção de pesticidas ao solo e à matéria

orgânica, durante o processo de escoamento, contribuindo, desta forma, para a redução da

concentração destes carreados pelo escoamento superficial após a passagem pelo faixa

vegetativa. Além disto, alguns compostos podem ser absorvidos pelas plantas da faixa

vegetativa.

Recentemente, Syversen e Bechmann (2004) verificaram a eficiência de remoção de

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ordem de 39, 63, 71 e 62%, respectivamente, quando foi implantada uma faixa vegetativa de

5 m de extensão no sentido transversal ao escoamento.

Funari, Bottoni e Giuliano (1991) citam um cenário de alto potencial de

contaminação de águas subterrâneas: solos com baixo teor de carbono orgânico, baixa

umidade média do solo, zona de atividade biológica intensa pouco profunda, alta taxa de

drenagem.

Cohen et al. (1995) indicam algumas condições de campo que favorecem a

percolação de compostos no solo. Uma precipitação anual acima de 25 cm associada a solos

com baixa capacidade de retenção de umidade, representam uma condição de alta

probabilidade de contaminação de águas subterrâneas.

As características físico-químicas dos ambientes aquáticos determinam a

probabilidade de degradação de um dado composto e/ou seu destino neste ecossistema. O pH

da água pode influenciar a decomposição de pesticidas. Por exemplo, a hidrólise de

organofosforados e de inseticidas da classe dos carbamatos é fortemente influenciada pelo pH.

Apesar de estáveis em pH ligeiramente ácido (5-7), esses inseticidas são rapidamente

hidrolisados em pH mais básico. Por outro lado, herbicidas à base de triazinas são mais

estáveis em pH maior do que 7 (BARCELÓ; HENNION, 1997).

Organismos vivos também têm um papel significativo na distribuição de pesticidas

sendo particularmente importantes para aqueles que podem se acumular em seres vivos

(bioacumulação). Um exemplo disso é a absorção ou ingestão de pesticidas altamente

insolúveis em água, tal como o inseticida clordano, por um ser vivo na água. Uma vez que

este pesticida seja armazenado no organismo, seus níveis aumentam com o tempo. Se este

organismo for consumido por outro que também pode armazenar esse pesticida, os níveis

podem atingir valores cada vez mais elevados em organismos de níveis tróficos superiores,

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