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Evolução da paisagem do Peso da Régua: caracterização e análise histórica da cidade

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Vila Real, 2018

EVOLUÇÃO DA PAISAGEM DO PESO DA RÉGUA CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE HISTÓRICA DA CIDADE

– Versão Final –

Dissertação de Mestrado em Arquitetura Paisagista

Helena Maria Alves Fernandes

Orientador: Frederico Meireles Alves Rodrigues Coorientadora: Ângela Leonor Teixeira Oliveira e Silva

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Vila Real, 2018

EVOLUÇÃO DA PAISAGEM DO PESO DA RÉGUA CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE HISTÓRICA DA CIDADE

– Versão Provisória –

Dissertação de Mestrado em Arquitetura Paisagista

Candidato: Helena Maria Alves Fernandes

Orientador: Frederico Meireles Alves Rodrigues

Coorientadora: Ângela Leonor Teixeira Oliveira e Silva

Composição do júri:

Presidente: Professor Doutor Luís Filipe Sanches Fernandes, Departamento de Engenharias da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Vogais: Professor Doutor Domingos Manuel Mendes Lopes, Departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Professor Doutor Frederico Meireles Alves Rodrigues, Departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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Dissertação de Mestrado apresentada para o efeito de obtenção de grau de Mestre em Arquitetura Paisagista, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, de acordo com o disposto no Decreto-lei nº216/92, de 13 de Maio.

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Evolução da Paisagem do Peso da Régua

Caracterização e Análise Histórica da Cidade

Foi o Homem quem “a descobriu, que a povoou e dominou com a coragem titânica de quem é capaz de transformar montanhas de xisto em margens de cepas a escorrer vida e vinho”, a Régua assim como o Douro in Peso da Régua à descoberta da "Terra Nova"

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Evolução da Paisagem do Peso da Régua

Caracterização e Análise Histórica da Cidade

AGRADECIMENTOS

Dedico esta página a todos os que de alguma forma contribuíram neste percurso académico, assim como na realização desta dissertação.

Aos meus orientadores, Professor Frederico Meireles e Professora Ângela Silva pela orientação, transmissão de conhecimentos, criticas, incentivos mas acima de tudo pelo companheirismo e paciência, desde o início da elaboração desta dissertação.

Aos professores do curso de Arquitetura Paisagista que acompanharam o meu percurso académico, pela transmissão de conhecimentos e princípios.

Ao Arquiteto Paisagista Tiago Barroso pela disponibilidade, troca de conhecimentos e cedência de informação.

Ao Professor Domingos Lopes, ao gabinete do GISTREE, ao Museu de Geologia e ao Laboratório de Ecologia Aplicada, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, pela cedência de informação.

Aos meus colegas de curso que me acompanharam no meu percurso académico, às amizades que criei e que levo para a vida.

Aos meus amigos, fisicamente presentes ou não, que estiveram sempre a torcer para o meu sucesso e que acompanharam o meu percurso académico, pelo incentivo, apoio, compreensão, conforto, mas principalmente pela paciência e amizade verdadeira que sempre demonstraram.

À minha Família por nunca deixar faltar em momento algum o Amor, pois sem esse sentimento nada seria possível ou alcançado. Por me acompanharem desde sempre ao longo da minha vida, pela enorme paciência, compreensão, amizade, ajuda, educação, união e Amor, por acreditarem sempre em mim. Aos meus pais, obrigado!

Às pessoas mais importantes da minha vida, Nuno e Afonso, pelo amor de Irmãos que nos une e que se transforma no meu maior incentivo e força.

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Evolução da Paisagem do Peso da Régua

Caracterização e Análise Histórica da Cidade

RESUMO

A paisagem, tal como o Homem e a História, também evoluiu. Acompanha o ser humano desde a sua existência, dado que o sustento da vida humana passa pela sua relação com o ambiente.

A presente dissertação incide assim, sobre o estudo da evolução da paisagem do Peso da Régua, cidade localizada na margem direita do Rio Douro na convergência com o Rio Corgo. O principal objetivo é o estudo descritivo da evolução da paisagem do Peso da Régua, sendo este o caso de estudo, integrado na Região Demarcada do Douro. A região possui uma paisagem cultural moldada pelo Homem, em proveito da produção do vinho. A cidade carateriza-se pela união da paisagem cultural e rural com a paisagem urbana.

O estudo da paisagem é um processo complexo, tanto pela sua organização como pelos diversos elementos que a influenciam. Deste modo, inicia-se a dissertação com a revisão de conceitos-chave e com a caraterização da região e da área de estudo. Como tal, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre a evolução dos estudos da avaliação da paisagem. A metodologia aplicada na dissertação baseia-se na identificação, na observação e na análise de elementos cruciais de informação histórica e atual, incluindo dados bibliográficos, fotográficos e cartográficos.

Esta informação permitiu realizar a análise do processo evolutivo da mesma. Estes dados juntamente com a observação de fotografias panorâmicas, possibilitaram a elaboração de uma síntese sobre a paisagem, que determinou uma série de recomendações que poderão ser utilizadas posteriormente, em estudos ou investigações sobre esta matéria.

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Evolução da Paisagem do Peso da Régua

Caracterização e Análise Histórica da Cidade

ABSTRACT

Landscape, like Man and History, evolves. It follows the human being from its existence, since the livelihood of humanity is intrinsically related with the ambient.

The present dissertation focuses on the study of the landscape evolution of Peso da Régua, a city located on the right margin of the Douro river, where it meets the Corgo river. The main goal is the descriptive study on the landscape evolution of Peso da Régua, being this the object of study, which stands out for its location and integration on the Douro region. The regions landscape was culturally shaped by Men for its wine production. The city is characterised by the union of the cultural and rural landscape with the urban landscape.

The landscape study is a complex process, both by its organisation and the different elements that influence it. This way, the dissertation begins with a revision of key concepts and the characterisation of the region and the field of study. As such, a bibliographic revision was made about the evolution of evaluation studies on the landscape. The methodology used in the dissertation is based on the identification, observation and analysis of important elements in historic and current information, such as bibliographic, photographic and cartographic data.

The gathering of this information about the city allowed an analysis on its own evolutionary process. The gathered data, with the observation of panoramic photographs, enabled the creation of a summary about the landscape, allowing the presentation of a recommendations list, that can be later used in studies and investigations on this matter.

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Evolução da Paisagem do Peso da Régua

Caracterização e Análise Histórica da Cidade

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ... III RESUMO ... V ABSTRACT ... VII ÍNDICE DE FIGURAS ... XI ÍNDICE DE TABELAS ... XIV

1. CAPÍTULO | INTRODUÇÃO ... 15 Introdução ... 17 1.2. Objetivos ... 19 1.3. Estrutura da dissertação... 19 2. CAPÍTULO | CONCEITOS ... 21 2.1. Paisagem ... 23

2.1.1. Região Demarcada do Douro e Alto Douro Vinhateiro ... 26

2.2. Cidade ... 31

2.3. Paisagem urbana ... 34

2.4. Evolução dos estudos da morfologia urbana ... 35

2.5. Elementos da morfologia urbana ... 36

2.5.1. Solo ... 36 2.5.2. Rua ... 37 2.5.3. Praça ... 38 2.5.4. Parcelas ... 39 2.5.5. Quarteirão ... 40 2.5.6. Edifício ... 41 2.5.7. Logradouro ... 41 2.5.8. Monumento ... 42 2.5.9. Vegetação ... 42

3. CAPÍTULO | CASO DE ESTUDO ... 45

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Evolução da Paisagem do Peso da Régua

Caracterização e Análise Histórica da Cidade

X

3.2. Evolução histórica e urbana ... 48

4. CAPÍTULO | METODOLOGIA ... 57

4.1. Evolução dos Estudos de Avaliação da Paisagem ... 59

4.1.1. Finais anos 60 / Princípios anos 70 - Métodos intuitivos ... 59

4.1.2. Entre 1971 – 1976 – Análises estatísticas complexas ... 61

4.1.3. Entre 1977-1983 – Utilização das preferências do público ... 62

4.1.4. Entre 1983- 1990 – Utilização de análises psicológicas e integração de influências anteriores ... 65

4.1.5. Anos 90 – Aplicação das Tecnologias de Informação Geográfica ... 66

4.1.6. Século XXI ... 68

4.2. Metodologia ... 69

5. CAPÍTULO | ANÁLISE E SÍNTESE ... 71

5.1. Cronologia de acontecimentos na cidade do Peso da Régua... 73

5.2. Análise evolutiva ... 77

5.2.1. A Evolução através de mapa ... 89

5.2.2. Evolução através da fotografia geral ... 99

5.3. Comparação de fotografias ... 109

5.4. Unidades de análise ... 131

5.4.1. Introdução ... 131

5.4.2. Centro Histórico do Peso ... 132

5.4.3. Núcleo Antigo da Régua ... 138

5.4.4. Núcleo Antigo de Godim ... 145

5.4.4.1. Síntese e Recomendações ... 148 5.4.5. Áreas de expansão ... 151 5.4.5.1. Síntese e Recomendações ... 156 6. CAPÍTULO | CONCLUSÃO ... 165 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 169 ANEXOS ... 185

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Evolução da Paisagem do Peso da Régua

Caracterização e Análise Histórica da Cidade

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Enquadramento do Alto Douro Vinhateiro na Europa e em Portugal ... 26

Figura 2 - Região Demarcada do Douro e sub-regiões... 27

Figura 3 - Localização da freguesia do Peso da Régua... 47

Figura 4 - Casa da Real Companhia Velha ... 50

Figura 5 - Representação da cidade da Régua em 1817 (?) ... 51

Figura 6 - Postal da Ponte metálica sobre o Rio Douro ... 52

Figura 7 - Postal da Estacão e Cais do Caminho de Ferro ... 53

Figura 8 - Postal ilustrativo da cidade do Peso da Régua ... 54

Figura 9 - Cidade do Peso da Régua ... 55

Figura 10 - Cronologia de acontecimentos na cidade do Peso da Régua ... 75

Figura 11 - Peso, a parte mais alta da cidade do Peso da Régua nos finais do séc. XIX ... 77

Figura 12 - Planta da estrada da Régua a Santa Marta de Penaguião no séc. XVIII ... 78

Figura 13 - Mapa da região do Douro, entre Lamego e Peso da Régua no séc. XIX ... 78

Figura 14 - Planta do Cais da Régua, principal núcleo da Régua no séc. XIX... 79

Figura 15 - Área da principal malha urbana reguense ... 79

Figura 16 - Extrato da Carta Militar do Exército nº126 de 1945 ... 80

Figura 17 - Extrato da Carta Militar do Exército nº126 de 1984 ... 81

Figura 18 - Extrato da Carta Militar do Exército nº126 de 1998 ... 82

Figura 19 - Ortofomapa da cidade do Peso da Régua em 2014 ... 84

Figura 20 - Panorâmica do Peso da Régua ... 85

Figura 21 - Panorâmica do Peso da Régua em 2017 ... 85

Figura 22 - Mapa do Peso da Régua no séc. XIX ... 89

Figura 23 - Mapa do Peso da Régua em 1952 ... 91

Figura 24 - Mapa do Peso da Régua em 1984 ... 93

Figura 25 - Mapa do Peso da Régua em 1998 ... 95

Figura 26 - Mapa do Peso da Régua em 2016 ... 97

Figura 27 – Peso da Régua em 1865 ... 99

Figura 28 - Peso da Régua no início do séc. XX ... 101

Figura 29 - Peso da Régua entre o início do séc. XX e os anos 30 ... 103

Figura 30 - Peso da Régua nos anos 70 ... 105

Figura 31 - Peso da Régua em 2018 ... 107

Figura 32 - Rua Serpa Pinto ... 109

Figura 33 - Rua Serpa Pinto atualmente ... 109

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Evolução da Paisagem do Peso da Régua

Caracterização e Análise Histórica da Cidade

XII

Figura 35 - Rua Serpa Pinto atualmente ... 110

Figura 36 - Antigo Jardim Público e Edifício dos Bombeiros Voluntários ... 111

Figura 37 - Atual Largo dos Aviadores e antigo Edifício dos Bombeiros Voluntários ... 111

Figura 38 - Largo dos Aviadores ... 112

Figura 39 - Atual Largo dos Aviadores ... 112

Figura 40 - Largo dos Aviadores ... 113

Figura 41 - Largo dos Aviadores ... 113

Figura 42 - Antigo jardim público ... 114

Figura 43 - Rua Alexandre Herculano ... 114

Figura 44 - Paços do concelho e antigo jardim municipal ... 115

Figura 45 - Paços do concelho ... 115

Figura 46 - Paços do Concelho e antigo jardim Alexandre Herculano ... 116

Figura 47 - Paços do concelho ... 116

Figura 48 Antiga Alameda Municipal ... 117

Figura 49 - Alameda dos Capitães ... 117

Figura 50 – Antiga Alameda Municipal ... 118

Figura 51 - Alameda dos Capitães ... 118

Figura 52 – Alameda Municipal: Lago ... 119

Figura 53 – Alameda dos Capitães e auditório municipal do Peso da Régua ... 119

Figura 54 – Alameda dos Capitães ... 120

Figura 55 – Alameda dos Capitães ... 120

Figura 56 - Antigo Salão Recreativo ... 121

Figura 57 - Teatrinho ... 121

Figura 58 - Igreja Matriz ... 122

Figura 59 - Igreja Matriz ... 122

Figura 60 - Rua da Ferreirinha ... 123

Figura 61 - Rua da Ferreirinha ... 123

Figura 62 - Rua da Ferreirinha ... 124

Figura 63 - Rua da Ferreirinha ... 124

Figura 64 - Rua dos Camilos ... 125

Figura 65 - Rua dos Camilos atualmente ... 125

Figura 66- Antigo Palacete Costa Pinto na cidade do Peso da Régua ... 126

Figura 67 – Atual edifício da Biblioteca Municipal ... 126

Figura 68 - Capela do Senhor do Cruzeiro ... 127

Figura 69 – Capela do Cruzeiro ... 127

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Evolução da Paisagem do Peso da Régua

Caracterização e Análise Histórica da Cidade

Figura 71 – Largo do Cruzeiro atualmente ... 128

Figura 72 - Avenida João Franco ... 129

Figura 73 - Avenida João Franco ... 129

Figura 74 - Edifício da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários ... 130

Figura 75 – Antigo edifício da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários ... 130

Figura 76 - Centro Histórico do Peso... 132

Figura 77 - Pormenor do Centro Histórico do Peso ... 132

Figura 78 - Peso - Largo Dom Manuel Vieira de Matos ... 133

Figura 79 - Peso – Rua Visconde da Régua ... 133

Figura 80 - Peso - Solar Vaz Osório ... 134

Figura 81 - Peso - Solar Vaz Osório ... 134

Figura 82 - Peso - Antigo edifício do centro de saúde ... 135

Figura 83 - Peso - Largo Dom Vieira de Matos ... 135

Figura 84 - Peso - Rua do Bordalo ... 136

Figura 85 - Peso - Jardim do Peso ... 136

Figura 86 - Peso - Jardim do Peso ... 137

Figura 87 - Núcleo Antigo da Régua ... 138

Figura 88 - Pormenor do núcleo antigo da Régua ... 138

Figura 89 - Rua Marquês de Pombal ... 139

Figura 90 -- Largo dos Aviadores... 139

Figura 91 - Rua João de Lemos... 140

Figura 92 - Avenida da Galiza... 140

Figura 93 - Cine teatro Avenida ... 140

Figura 94 - Rua Serpa Pinto ... 141

Figura 95 – Rua Vasques Osório ... 141

Figura 96 – Largo do Cruzeiro ... 141

Figura 97 – Largo dos Aviadores ... 141

Figura 98 - Largo do Cruzeiro ... 142

Figura 99 - Alameda dos Capitães ... 142

Figura 100 – Paços do Concelho ... 142

Figura 101 - Antiga Praça do Cais ... 143

Figura 102 - Avenida João Franco... 143

Figura 103 - Núcleo Antigo de Godim... 145

Figura 104 - Pormenor do Núcleo Antigo de Godim ... 145

Figura 105 - Godim - Rua Camilo de Araújo Correia ... 146

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Evolução da Paisagem do Peso da Régua

Caracterização e Análise Histórica da Cidade

XIV

Figura 107 - Largo Padre José Pinto de Carvalho ... 147

Figura 108 - Unidades de análise ... 148

Figura 109 - Localização Panorâmica 1 ... 152

Figura 110 - Panorâmica 1 ... 152

Figura 111 - Localização Panorâmica 2 ... 154

Figura 112 - Panorâmica 2 ... 154

Figura 113 – Planta de Ordenamento – carta B ... 159

Figura 114 - Panorâmica 1 - Áreas Sujeitas a Urbanização Programada e Estrutura Ecológica Municipal ... 162

Figura 115 - Panorâmica 2 - Áreas Sujeitas a Urbanização Programada e Estrutura Ecológica Municipal ... 162

Figura 116 - Mapa de declives sobre cartografia de 2016 ... 185

Figura 117 - Mapa de áreas declivosas sobre cartografia de 2016 ... 186

Figura 118 - Mapa de orientação de vertentes sobre cartografia de 2016 ... 187

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução dos estudos da Avaliação da Paisagem ... 59

Tabela 2 - Abordagens por Zube ... 64

Tabela 3 - Princípios para a definição das diferentes classificações das abordagens ... 65

Tabela 4 -- Avaliação das abordagens por Sell, Taylor e Zube ... 66

Tabela 5 - Evolução da população na freguesia do Peso da Régua ... 83

Tabela 6 - Evolução da população na freguesia de Godim (Fonte: INE (2017)) ... 83

Tabela 7 - Setores de atividade económica no concelho do Peso da Régua ... 86

Tabela 8 - Superfície agrícola utilizada no concelho do Peso da Régua ... 87

Tabela 9 - Constrangimentos e oportunidades da cidade do Peso da Régua ... 131

Tabela 10 - Síntese de proposta de medidas de intervenção ... 149

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Caracterização e Análise Histórica da Cidade

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Caracterização e Análise Histórica da Cidade

Introdução

A presente dissertação tem como caso de estudo a cidade do Peso da Régua, situada na Região Demarcada do Douro, a primeira região demarcada e reconhecida do mundo. Pretende-se o conhecimento da evolução da paisagem da cidade, cujo papel foi fundamental na expansão comercial da região. Apesar de a cidade ser rodeada pelo Alto Douro Vinhateiro, paisagem que melhor retrata e carateriza a mais antiga região vinícola, o Peso da Régua não integra essa área classificada pela UNESCO em 2001. A seleção deste tema surge do reconhecimento do património cultural, a identificação e o conhecimento são princípios para adquirir através do passado e do presente, que permitem determinar património arquitetónico, urbanístico e paisagístico. A informação recolhida deve ter como objetivo final a divulgação para poder estar disponível para o público, o conhecimento e seu domínio, permite não só a difusão da informação, como também a preservação e valorização de valores territoriais.

A evolução da cidade não resulta apenas da sua importância histórica e cultural, como também do próprio valor histórico da região. O Homem aliou-se à Natureza e transformou as encostas íngremes na atual paisagem do Vale do Douro, através da modelação do terreno aproveitou as suas caraterísticas deste a cultura da vinha, atribuindo à paisagem uma identidade singular.

Inicialmente definem-se conceitos como paisagem, fundamental neste estudo e que abrange um múltiplo conjunto de significados de acordo com o enquadramento profissional e disciplinas científicas que a compreendem; cidade, termo relacionado com o espaço urbano; e paisagem urbana, uma definição que relaciona os dois conceitos anteriores. A morfologia urbana, a evolução dos seus estudos e os seus elementos são conceitos e abordagens estudados, o objetivo é perceber de que modo os elementos constituintes e a estrutura de uma cidade influenciam a paisagem urbana, assim como os diferentes autores investigaram e analisaram esta área.

A importância da história da cidade para a compreensão da sua evolução desde a origem até hoje neste estudo, assim como os elementos da atualidade podem fomentar futuras modificações, o objetivo é relacionar os acontecimentos históricos, assim como a influência que estes tiveram e têm na paisagem urbana atual. De seguida, os estudos da avaliação da paisagem devido à sua importância significativa no processo de planeamento e tendo sido uma área de interesse pelo aumento de problemas ambientais, mas também pela má gestão do território por parte do Homem, a evolução dos estudos e dos métodos é também abordada nesta dissertação e é fundamental para a metodologia adotada, embora não tivesse sido aplicado nenhum método específico dos que foram estudados, foram selecionadas técnicas utilizadas por outros autores.

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uma análise evolutiva da cidade, realizada com informação histórica e através de cartografia e fotografias. São definidas e caraterizadas diferentes unidades de análise no perímetro urbano da cidade, para posteriormente elaborar uma síntese dos elementos e impactos que esses núcleos têm sobre a paisagem da cidade. Através do estudo das unidades, com recurso a fotografias e ao Plano Diretor Municipal determina-se quais os impactos que a paisagem da cidade tem, sob perspetiva do observador e do utilizador. Depois de determinar os critérios e elementos que desvalorizam a paisagem e outros que a valorizam, é definido um conjunto de medidas e recomendações com o objetivo de minimizar ou potencializar os impactos da paisagem.

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1.2. Objetivos

Na seguinte dissertação, o objetivo geral é o estudo descritivo da evolução da paisagem do Peso da Régua.

Como objetivos específicos pretende-se:

 Análise e caraterização da evolução urbana da cidade;

 Análise cronológica da malha urbana desde a sua origem até hoje;  Análise espacial da malha urbana;

 Proporcionar contributos para o estudo do papel dos aglomerados urbanos;

 Perceber como a influência das atividades e dos elementos do tecido urbano influenciaram e continuam a influenciar a paisagem urbana, e consequentemente a região;

 Estudo para avaliar a paisagem do aglomerado urbano com base na análise histórica, no traçado urbano e nos elementos constituintes da mesma;

 Contribuir para o registo histórico, uma vez que o município está ausente de registos;  Coligir informação, fotografias e cartografia;

 Propor recomendações para solucionar a gestão e valorização da paisagem;

Para o estudo da paisagem urbana é fundamental a relação com a história, para conhecer e perceber a sua evolução. O estudo de uma cidade passa por entender, o tipo de cidade consoante a sua origem, a sua organização, a relação existente entre os usos nos diferentes momentos e o seu desenho urbano, de acordo com os princípios estabelecidos segundo a estruturação e composição do espaço.

1.3. Estrutura da dissertação

A dissertação é estruturada em seis capítulos distintos.

O Capítulo 1, Introdução, corresponde à introdução da dissertação, é realizada uma breve descrição e definição do objeto de estudo, definidos os objetivos gerais e objetivos específicos, concluindo com a estrutura da dissertação.

O Capítulo 2, Conceitos, corresponde a revisão bibliográfica, onde são definidos os conceitos abordados tais como: paisagem, cidade, paisagem urbana e morfologia urbana. A evolução dos estudos de morfologia urbana elementos da paisagem urbana, assim como a evolução dos estudos da morfologia urbana. Neste capítulo carateriza-se a Região Demarcada do Douro e a paisagem do Alto Douro Vinhateiro.

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O capítulo 3, Caso de Estudo, corresponde à descrição do objeto de estudo. É realizado um enquadramento e localização, assim como a caracterização histórica do Peso da Régua.

O capítulo 4, Metodologia, corresponde à descrição da evolução dos estudos da avaliação da paisagem, desde os anos 60 através de revisão bibliográfica. Neste capítulo é também apresentada a metodologia aplicada nesta dissertação.

O capítulo 5, Análise e Síntese, trata-se da análise da evolução da paisagem da cidade e dos elementos que a constituem. A análise evolutiva, em conjunto com a observação de fotografias panorâmicas e o estudo do PDM permite a elaboração de uma síntese, que consequentemente promove um conjunto de recomendações, com o objetivo de diminuir os impactos negativos da paisagem e potencializar os positivos.

O capítulo 6, Conclusão, apresenta as reflexões, as dificuldades sentidas durante a elaboração, assim como os resultados aos objetivos propostos.

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2.1. Paisagem

O conceito Paisagem é objeto de estudo de diferentes disciplinas, as várias abordagens resultam num amplo conjunto de definições, dado a distinção entre as áreas de estudo é impossível uma definição comum. Consoante a disciplina, a região, a sociedade, a escola, a época e a perspetiva, o conceito é também utilizado com diferentes significados “uma apropriação que decorre da multifuncionalidade e transdisciplinaridade que lhe é inerente “ (Matos, 2010, p.20)

O estudo etimológico do conceito é diferente consoante o local desenvolvido, enquanto nos países de origem anglo-saxónica e germânica Paisagem significa um espaço geográfico capaz de ser alcançado pela visão, nos de origem raiz latina a sua ligação é com o espaço rural (Magalhães, 2001). Segundo Telles (1994) o termo tem origem na representação da Natureza, através de pinturas em que a finalidade era apenas de “interpretação artística “ (p.31). Na obra “Estetica del Paisaje natural “ de Sanchez de Muniain, o conceito era definido como “la completa unidade estética que el mundo físico circundante oferece a la contemplácion visual “ (idem, 1994, p.31). Paisagem é assim um termo que deriva do Francês e do Latim, segundo José Machado no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, define-se como “a extensão do território que se abrange de um só lance de vista e que se considera pelo seu valor artístico, pelo seu pitoresco” (idem, p.31).

Matos (2010) afirma que a partir do séc. XIX surge o interesse pelo estudo da Paisagem baseado numa visão mais “integrada e global” (p.9). A Paisagem deixa de estar apenas ligada às sensações visuais, passando também a incluir os ecossistemas que eram considerados adjacentes à sua origem. Os métodos de humanização relacionada com as atividades rurais e urbanas integraram também os estudos. As abordagens foram sendo incluídas a partir do conhecimento que ia sendo adquirido com o estudo da ecologia (Magalhães, 2001). Neuray em 1982 afirmava que o “estudo da paisagem deve necessariamente ultrapassar a fase de contemplação para se alargar à compreensão daquilo que se vê” (idem, p.11), deixando de interpretar a Paisagem somente como um elemento natural de apreciação estética, mas passando a incluir também “ a sua história, os aspetos biológicos e físicos que a informam e as sociedades e culturas que a modelam, transformem e lhe dão sentido humano” (Telles, 1994, p.31).

Segundo Araújo (1994) constitui a Paisagem, os elementos que são visíveis e sensíveis, aqueles que o sistema sensorial humano é capaz de incorporar e reconhecer. Deixa de ser apenas “o espaço físico e biológico em que vivemos” mas “também no seu sentido mais lato, o reflexo no território da vida e cultura duma comunidade. Nela admiramos uma natureza esculpida e gerida pelo Homem, respondendo não só as necessidades do quotidiano e às perspetivas de futuro como também a inquietação do espírito e ao prazer dos sentidos

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(Telles, 1994, p. 31)).

Sobre a definição anterior de Telles (1994) este realça a importância que o Homem tem sobre o espaço, criando uma abordagem distinta para cada lugar que se estuda, onde para além de se incluir o que existe no território, integra-se também o talento que o Homem possui para alterar o espaço consoante as suas necessidades (Almeida, 2013).

A interpretação da Paisagem é segundo Moura (2004) o “processamento da apreensão mental da envolvente exterior”, admitindo que se trata do que “ nos rodeia e refere-se ou a uma envolvente ou à impressão mental dessa envolvente, ou simultaneamente à envolvente e à sua imagem” (p.171). Deste modo, a capacidade do observador criar uma imagem formada a partir da sua interpretação individual resulta que em muitas das definições de Paisagem incluíam essa abordagem, como é o caso da Associação Portuguesa dos Arquitetos Paisagistas que a entendem como um “sistema complexo e dinâmico, que integra várias dimensões: a ecológica, a cultural, em que são considerados tanto os fatores históricos como as questões de identidade e capacidade narrativa da paisagem; a socioeconómica, referente aos fatores sociais e às atividades humanas que permanentemente constroem e alteram a paisagem; e, finalmente, a dimensão sensorial, ligada ao modo como as paisagens são apreciadas por diferentes pessoas ou grupos de pessoas” (APAP, 2018). A perceção e a interpretação da própria Paisagem integram assim o processo de compreensão da mesma.

O conjunto de fatores que influenciam a Paisagem vai desde os acontecimentos naturais e humanos a que está sujeita. Segundo Almeida (2013), as interpretações variam consoante as componentes biofísicas e culturais do território e do observador. A componente biofísica é o que é “observável e analisável” (idem, p.11) e a componente cultural é “a essência de uma paisagem, aquilo que permite a distinção clara do caráter da paisagem” (idem, p.11). A sua compreensão tem assim uma influência espacial mas também temporal, uma vez que a Paisagem resulta de “sucessivas mutações que a o espaço físico sofreu ao longo dos tempos, fruto do estabelecimento cultural e de fenómenos naturais” (idem p.12).

Ao analisar a componente natural da paisagem, há uma seleção dos elementos observáveis que integram determinado contexto ecológico e que se restringem à natureza como é exemplo o solo, a água e a vegetação. Mas existem outros elementos que apesar de não serem observáveis, são fenómenos naturais que também influenciam como é o caso do clima. As interações entre os diversos fatores ecológicos, como é o exemplo do solo que depende da origem da rocha-mãe; da água que depende do clima, mas também da permeabilidade do solo e da vegetação; da vegetação que por sua vez depende do solo, do clima e da água, são influências que os elementos têm entre si. A relação entre os elementos e o conjunto que estes formam é a designada Paisagem Natural, uma definição associada ao termo Paisagem que a carateriza por um determinado funcionamento ecológico. A ocupação

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Caracterização e Análise Histórica da Cidade do espaço por determinadas culturas, resultou em que ao longo dos tempos várias paisagens naturais fossem adaptadas à humanização, uma vez que o Homem percebeu como aproveitar e usar o espaço garantindo assim a sua continuidade, transformando-a numa Paisagem Cultural (Magalhães, 2001).

Paisagem Cultural é mais um conceito associado ao termo estudado, surge para traduzir a relação entre o Homem e a Natureza. Na Convenção de Património Mundial, as paisagens culturais representam “obras conjugadas do homem e da natureza” e que “ilustram a evolução da sociedade humana e a sua consolidação ao longo do tempo, sob a influência das condicionantes físicas e /ou das possibilidades apresentadas pelo seu ambiente natural e das sucessivas forças sociais, económicas e culturais, externas e internas” (UNESCO, 2005, Cap. II ponto 46).

A Paisagem é assim considerada como o resultado de uma realidade ecológica, em que fisicamente se encontra num espaço que é denominado como natural, apreciado dessa forma antes da interveniência humana e segundo o qual foram constantemente introduzidos elementos e estruturas que a transformou numa paisagem cultural, após a intervenção do Homem. Os fatos enumerados anteriormente estão de acordo com o pensamento de que a paisagem é compreendida como um processo arquitetónico, em que o Homem intervém num determinado espaço físico, juntamente com outros seres vivos, também Caldeira Cabral em 1973 compartilhava da mesma ideia quando associava o conceito de Paisagem “ a figuração da biosfera e resulta da ação complexa do homem e de todos os seres vivos - plantas e animais - em equilíbrio com os fatores físicos do ambiente" (Magalhães, 2001, p.52). As paisagens alteradas pelo Homem "(...) foram surgindo em substituição das paisagens naturais e primitivas, as paisagens mais ou menos humanizadas (...) a partir das modificações pelo homem da paisagem primitiva ou de alterações sucessivas de paisagens já humanizadas(...)"(Telles, 1975, p.92) , mais tarde Gonçalo Ribeiro Telles, ainda afirmava que "(...) A Paisagem vai sendo gradualmente transformada pelo homem e com essa transformação vai-se integrando cultura no território... As marcas culturais do passado são também Natureza... Só a cultura integra a Natureza na obra do homem... O futuro da Natureza é construído pelo homem (...) " (Telles, 1982, pp.128 e 137)

A interpretação de Caldeira Cabral ainda hoje se encontra em instrumentos de âmbito legislativo como é o caso da Lei de Bases do Ambiente, que define a Paisagem como sendo “ a unidade geográfica, ecológica e estética resultante da ação do Homem e da reação da natureza, sendo primitiva quando ação daquele é mínima e cultural, quando a ação do homem é determinante, sem deixar de se verificar o equilíbrio biológico, a estabilidade física e a dinâmica ecológica” (Dec. Lei n.º11/87 de 7 de Abril, art.5.º, alínea c.). Também na Convenção Europeia da Paisagem, o conceito de Paisagem é definido como “parte do território, tal como

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é apreendida pelas populações, cujo carácter resulta da ação e da interação de fatores naturais e ou humanos” e que “deve ser protegida através de ações de conservação ou manutenção dos traços significativos ou característicos de uma paisagem, justificadas pelo seu valor patrimonial resultante da sua configuração natural e ou da intervenção humana” (Conselho da Europa, 2000, Cap. I, art.1º, alínea a/d).).

2.1.1. Região Demarcada do Douro e Alto Douro Vinhateiro

Entre as diversas paisagens existentes no nosso país, destaca-se a paisagem do Alto Douro Vinhateiro, foi adicionada em Dezembro de 2001 pela UNESCO à Lista de Património Mundial da Humanidade, na categoria de paisagem cultural evolutiva (FRAH, 2000).

O Alto Douro Vinhateiro localiza-se a norte de Portugal, na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, abrange quatro distritos Bragança, Guarda, Vila Real e Viseu, e os concelhos do Mesão Frio, Peso da Régua, Vila Real, Santa Marta de Penaguião, Sabrosa, Alijo, Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo, Lamego, Armamar, Tabuaço, São João da Pesqueira e Vila Nova de Foz Côa.

Figura 1 - Enquadramento do Alto Douro Vinhateiro na Europa e em Portugal (Fonte: TripAdvisor (2014) - adaptado)

As três unidades de paisagem que integram o ADV designam-se por Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior. O conjunto formado pelas três unidades constitui o melhor e mais

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Caracterização e Análise Histórica da Cidade representativo exemplar da paisagem da RDD, a mais antiga região vitícola demarcada e regulamentada do mundo desde 1756 (Andresen, 2006).

Figura 2 - Região Demarcada do Douro e sub-regiões (Fonte: Carlucci (2016) - adaptado)

Apresenta uma área de cerca 250.000 há, sendo a área ocupada pelo ADV de cerca de 24.628 há, ou seja 10% da área total da RDD (Almeida, 2013). Esta região é marcada pela espinha dorsal do rio, pelas suas linhas de água e a acidentada orografia do terreno que caraterizam a estrutura particular desta paisagem.

Como referido anteriormente, o ADV integra três unidades de paisagem que se distinguem através dos elementos físicos que as compõem, que demostram a maneira como o Homem ocupou e manuseou o território. O Baixo Corgo localiza-se entre Barqueiros, em Mesão Frio e o rio Corgo, junto à cidade do Peso da Régua. Das unidades é a que apresenta menor área, mas em contrapartida um maior número populacional, na ocupação do território compreende-se ter sido a primeira devido a sua proximidade ao litoral. O Cima Corgo localiza- se entre o Rio Corgo e o Cachão da Valeira, o Douro Superior entre o Cachão da Valeira e Barca D’Alva. O oeste desta região encontrava-se obstruído pelo Cachão da Valeira, levando a uma demora na propagação da vinha até ao designado Douro Superior (idem; Andresen, 2006).

O Vale do Douro apresenta uma densa rede hidrográfica composta por afluentes como: o Rio Sabor, o Tua, o Corgo, o Tâmega, o Sousa, na margem direita e o Rio Côa, o Távora e o Paiva, na margem esquerda. Trata-se de um dos principais rios que percorrem a Península

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Ibérica, com uma extensão de 927 km da nascente até a foz, apresentando desta forma uma área de 97 690 km2. Após a entrada em território português a sua extensão é de 195 km

(Magalhães, 2008).

Apesar da extensa rede hidrográfica, a escassez de água é um dos elementos naturais que carateriza a paisagem. A dificuldade de infiltração da água que corre entre declives acentuados e que originou meandros mais ou menos estreitos sobre as rochas é notável devido a natureza granítica ou xistosa, da rocha-mãe.

A paisagem do ADV é uma obra criada entre o Homem e a natureza, onde se cruzaram os conhecimentos e experiências do Homem, com uma terra completa de adversidades. Com início na época da Romanização, o cultivo da vinha nesta região é um processo que transformou a “ paisagem ilustrativa de diversos períodos da história humana” (FRAH, 2000, p.7). Na região encontraram-se vestígios da cultura da vinha (Vitis vinífera) de acerca de 3-4 mil anos, embora o maior número remonte à época da ocupação Romana no nosso território. A religião cristã foi um fator de desenvolvimento de atividades agrícolas como o olival e a cultura de cereais, contribuiu assim para o desenvolvimento do território, principalmente no que se refere a cultura da vinha, como ainda hoje é possível observar. Para além de criar um produto notável que é o vinho, criou também uma paisagem única de elementos distintos como é o exemplo das quintas (ICOMOS, 2001).

A notável prática da plantação de vinha nas encostas, introduzida pelos romanos, resultou que em 1756 fosse definida por Marquês de Pombal a primeira região vinícola demarcada e regulamentada do mundo, a Demarcação Pombalina, devido a relevância que a região alcançou pelo comércio e atividade mercantil de vinho que desenvolvia. A singularidade do produto e o seu reconhecimento como um dos melhores vinhos do mundo, o vinho do Porto, levou mais do que objetivos culturais, económicos e proporcionou que a demarcação fosse alterada. As modificações que se fizeram na paisagem para contrair a morfologia natural do território, mostram o esforço que as pessoas numa “verdadeira epopeia humana” (FRAH, 2000, p.14) foram capazes de fazer. Aquela paisagem é um conto de sucessivas histórias e práticas que se prolongaram ao longo dos anos (idem; Almeida, 2013). Na proposta de Candidatura a Património Mundial, foram aplicados critérios obrigatórios referentes à autenticidade e integridade da paisagem do ADV pelo seu caráter e elementos de distinção que são singulares (idem). O caráter da paisagem é um princípio integrador, um princípio físico da união do Homem com a Natureza, do verdadeiro significado que a paisagem adquire ao longo dos tempos, criando o seu próprio significado (Andresen, 2006). O “caráter distintivo” (p. 15) desta paisagem cultural é traduzido na união da natureza, através das encostas íngremes onde a plantação da vinha é dominante, juntamente com a observação, o conhecimento e a adaptação do Homem, a sua capacidade de compreensão e de trabalhar

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Caracterização e Análise Histórica da Cidade os materiais que permitiram a “construção artística” (p.15) da paisagem do Douro (FRAH, 2000).

A classificação de paisagem evolutiva pela UNESCO deveu-se a configuração atual do espaço, a categoria de evolutiva é quando existe uma imposição de origem social, económica, administrativa e/ou religiosa em união com uma condição natural. O processo evolutivo demonstra-se na configuração e na composição da paisagem cultural, integrada na categoria de paisagem essencialmente evolutiva que se subdivide: “paisagem relíquia (ou fóssil) - uma paisagem que sofreu um processo evolutivo que foi interrompido, brutalmente ou por algum tempo, num dado momento do passado. Porém, as suas características essenciais mantêm-se materialmente visíveis; ou paisagem viva - uma paisagem que conserva um papel social activo na sociedade contemporânea, intimamente associado ao modo de vida tradicional e na qual o processo evolutivo continua. Ao mesmo tempo, mostra provas manifestas da sua evolução ao longo do tempo” (UNESCO, 2012, pp.70 e 71)

A paisagem do Alto Douro é definida pelo seu todo, o seu conjunto resulta num “mosaico diversificado de culturas, matos, linhas de água, aglomerados e assentos agrícolas distribuídos por quintas e casais.” (FRAH, 2000, p.15). O estatuto adquirido de qualidade e excelência fez e faz que também que o turismo cultural e de lazer que se pratica na região, assim como o vinho contribuam para a sustentabilidade produtiva da região. Para além do potencial demonstrado pela paisagem para a continuação da produção do vinho de excelência, apresenta capacidades para potencializar ainda mais as áreas turísticas culturais e de lazer (idem).

Além do caráter distintivo, referido anteriormente, contribui também para a sua autenticidade e integridade três componentes de distinção: a antiguidade da Região Demarcada, os terraços e o cruzamento das culturas. A identidade do ADV através da cultura da vinha torna única a paisagem, o esforço do Homem em controvérsia com a Natureza é reconhecido através do território, sendo reconhecida mundialmente desde o século XVIII, ainda hoje existem vestígios da demarcação de 1756, os marcos graníticos. Apesar de diversas alterações nos limites, o simbolismo desta demarcação manteve-se com a mesma importância até hoje, as populações assimilaram aquela marca como um elemento-chave da região e ao contrário do que sucedeu com outras demarcações mundialmente, a demarcação do Alto Douro foi acompanhada por uma vasta legislação regulamentadora, por um plano de classificação e qualificação de vinhos fundamentado num cadastro de propriedades, e em mecanismos de controlo de qualidade (idem).

A morfologia natural do terreno eram encostas íngremes e rochosas, para contrair essas condições com o objetivo de cultivar a vinha, o Homem viu a necessidade de criar solo e de construir terraços. Os tradicionais terraços em socalco são em muros de xisto, estes

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“apresentam paredes baixas e geios estreitos e irregulares, comportando por vezes apenas uma fiada de cepas “ (idem, p.18). Os socalcos podem ser caraterizados por pré-filoxéricos ou pós-filoxéricos, dado a sua época de construção antes ou depois da época da filoxera, uma praga que destruiu a produção vinícola mundialmente e que destruiu as vinhas do Douro, nos finais do séc. XIX. Os pré- filoxéricos existe os que ainda hoje se encontram ocultos debaixo da vegetação espontânea que integram os mortórios (vinhas abandonadas após a filoxera), ou então foram recuperados para a replantação da vinha e encontram-se sob a forma de muros de xisto. Os pós-filoxéricos são de “paredes sólidas, altas e retilíneas, suportando geios largos, com quatro, cinco ou mais fiadas de vinha” (idem, p.18). A maior parte foi construído na reconstrução, após a filoxera, para novamente implementar a cultura das vinhas, sendo a maioria dos muros os que se encontram atualmente ao longo das encostas do Douro, que marcam esta etapa da evolução da paisagem (Andresen, 2006; FRAH, 2000).

Na década de 70 foi implementada uma outra técnica, a construção de patamares sobre os mortórios e terraços pré-filoxéricos, ou sobre locais onde nunca tinha sido implementada a cultura da vinha. Houve a necessidade de grandes surribas de terrenos e a destruição de muros, para a introdução de “taludes inclinados, que suportam uma plataforma horizontal sobre a qual assentam, de um modo geral, dois bardos de vinha, dimensionados para a mecanização” (FRAH,2000, p.24).

Também as vinhas plantadas “ao alto”, foram recentemente sistemas que se implementaram mas onde só é executável até um certo limite de declive. É no Cimo Corgo e no Douro Superior, que se encontram maioritariamente a forma de armação “ao alto”, onde o objetivo é encontrar soluções alternativas para os patamares, e onde sejam reduzidos os impactos na paisagem (idem).

O Douro é palco de uma história desde os tempos pré-históricos com a humanização, o rio devido as suas irregularidades contrariava a força das águas causando durante séculos grandes dificuldades de navegação, aos povos e culturas que através dele se intersectaram. Os primórdios da ocupação humana na região foi o povo Romano, introduziram a cultura da vinha. Diversas sociedades em épocas distintas passaram pela região, permitiu para além de um cruzamento de culturas uma passagem de costumes e tradições. A principal, a cultura da vinha foi mantida e preservada com o decorrer dos tempos, apenas as técnicas foram aperfeiçoadas. O produto desenvolvido foi fruto de “ uma construção cultural coletiva, num processo de evolução multisecular” (idem, p.31), o vinho é reconhecido mundialmente, uma vez que foi e continua a ser exportado para muitos países e portanto para diferentes culturas. A principal razão do reconhecimento da região deu-se pela exportação do vinho, mas também pela prática das vindimas, pessoas dos quatro cantos de Portugal e mesmo de Espanha deslocavam-se para o Douro na época da para desenvolver esses trabalhos (Andresen, 2006;

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Caracterização e Análise Histórica da Cidade FRAH, 2000).

Na proposta de Candidatura do ADV a Património Mundial foi utilizada uma metodologia de estudo de caracterização paisagística. Para a identificação dos limites, de forma a descrever na íntegra a paisagem do Alto Douro, o objetivo passava por identificar um espaço que simultaneamente: “ 1) fosse representativo do caráter da paisagem da Região Demarcada do Douro e das três sub-regiões, da mais atlântica à mais mediterrânica; 2) reunisse de forma coerente a maioria do conjunto de valores mais significativos; e 3) apresentasse um bom estado de conservação no seu todo admitindo-se apenas um número mínimo de intrusões pontuais.” (FRAH 2000, p.33).Sendo esta paisagem resultado da união do Homem-Natureza, há uma relação entre elementos naturais e culturais, que na candidatura se distinguem como: elementos naturais – “os vales encaixados, os declives acentuados; os antrosolos; a escassez da água; a precipitação reduzida; a diversidade dos habitats naturais; do atlântico ao mediterrâneo; as culturas mediterrânicas: a vinha, a oliveira e a amendoeira; a presença dominante da vinha; o efémero na paisagem: luz e cor, som e silêncio, e os cheiros”; e elementos culturais – “o padrão da paisagem; os povoados; a acessibilidade – o rio e o caminho-de-ferro; referencias na paisagem; as quintas e os casais; o sagrado; os muros”; em síntese estes elementos são “os criadores da paisagem” (idem, p.33).

A cultura da vinha era a principal atividade da região e o rio, a solução para poder transportá-lo para todo o mundo, desse modo surge a necessidade de locais apropriados para essas atividades e funções. Foram assim criados circuitos de circulação onde ocorria a troca do produto, esses locais eram maioritariamente junto ao rio para facilitar o comércio e que com o passar do tempo transformaram-se em povoações com maior ou menor número de pessoas.

2.2. Cidade

No âmbito das povoações, as áreas urbanizadas tem denominações específicas como lugar, aldeia, vila e cidade dependendo de critérios tais como população, densidade populacional ou estatuto legal.

O conceito de cidade possui definições distintas consoante a época da história. A definição grega difere da Idade Média europeia, assim como das mais recentes. O termo cidade compreende assim uma heterogeneidade de definições, de acordo com a sua historicidade ou disciplinaridade, apesar de nenhuma englobar tudo o que uma cidade poderá abranger na sua totalidade qualquer uma é correta (Ribeiro, 2008).

A cidade é uma área complexa onde o estudo da sociedade pode ser realizado de forma competente, apesar de esta integrar diversos elementos. O estudo do conceito, como da

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própria cidade tem que considerar um vasto conjunto de elementos, têm de ser analisados no singular e posteriormente a relação existente entre eles. O conceito assim como a própria cidade estão em constante formação, são desenvolvidas definições por diversas áreas de estudo por filosóficos, humanistas, eruditos e atualmente por áreas relacionadas ao urbanismo (Lefebvre, 1974; Ribeiro, 2008).

Na cultura grega a cidade significa a polis, tratava-se de um protótipo da cidade-estado grega. A sua origem é de acordo com um conceito político, na relação entre a Cidade e o Estado onde existir um tem necessariamente de haver o outro. Esta relação teve origem num grupo de cidadãos, que num determinado espaço como a agora, a praça, ou outro local selecionado exerciam determinada prática politica (Aristóteles, 1998).

Na cultura romana, a cidade passa a ser definida como um conceito e como um espaço. Trata-se de um espaço organizado que engloba um determinado povo, assim como serviços e elementos acessíveis a todos com relevância para a governação, o culto, o comércio e a produção.

A cidade medieval difere totalmente das definições anteriores, na época esta desempenhava um princípio de defesa do espaço, recorrendo a construção de muralhas para defesa do núcleo. Assim como Afonso X (1221-1284), de cognome O Sábio aplicou na sua cultura também a caraterística da cidade ser um local delimitado por muralhas, onde no seu interior se localizavam os arrabaldes e as edificações (Ribeiro, 2008). Mais recentemente na Nova Carta de Atenas, a cidade é definida como o “Estabelecimento humano com um certo grau de coerência e coesão” (Conselho Europeu de Urbanistas, 1998, p.33).

No séc. XVII juntamente com as cidades capitais políticas barrocas, surge mais uma definição de cidade, define-se por um “espaço administrativo e burocrático, de origem principesca ou senhorial”, que convida pela sua imponência, luxo e riqueza, tratando-se a própria cidade trata-se de um artigo que visa o aumento económico e politico europeu (Cantillon, 1959).

A Revolução Industrial foi também um marco importante na definição de cidade, consequência das modificações que se verificaram nas cidades europeias, como a afluência de pessoas para as cidades, tal como ainda hoje se verifica. Surge nas cidades a necessidade de colocar em prática sistemas de planeamento urbano, como forma de organização das cidades. Em alguns casos, a renovação e preservação dos núcleos históricos surge devido a acentuada afluência de pessoas para se fixarem, o que consequencialmente obrigou as cidades a crescer, dando origem as designadas zonas periféricas nos perímetros urbanos (Goitia, 1996).

A cidade contemporânea aparece como um espaço hierarquizado e dividido em duas partes, os designados centros históricos como referido anteriormente surgem devido às

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Caracterização e Análise Histórica da Cidade alterações que as cidades sofreram. Estes locais desempenham um papel principal pois são a reserva no meio da mudança, são espaços primórdios na cidade. Inicia-se operações para a preservação daqueles espaços da cidade de forma a protege-los, proporcionar e projetar a cidade num todo. Para o estudo e análise destes espaços, a realização de forma consciente e coerente deste trabalho, origina nesta época um aparecimento em massa de urbanistas, passando o Urbanismo a ser uma área de estudo independente (Correa, Fornies &Regojo., 1985).

Devido ao aumento dos aglomerados urbanos, aumentam os fenómenos urbanos ligados a cidade, dando origem a novas definições do conceito. A partir desta época surgem diversas disciplinas que remetem estudos para a cidade, tais como: a História, Geografia, Sociologia, Antropologia, História da Arte, Arquitetura e Urbanismo. As disciplinas começam por direcionar o estudo para um objetivo distinto consoante o interesse, desse modo tanto o conceito como a própria cidade passam a ser analisados e estudados de diferentes formas.

Ao longo dos tempos houve elementos que foram estudados e que se mantiveram intemporais na caracterização de uma cidade, como o estudo da densidade demográfica e do género de atividades desenvolvidas nestas que desde sempre as caracterizaram, assim como a principal atividade desenvolvida, que pode ou não ter sido alterada (Ribeiro, 2008).

Em Portugal, o conceito alterou-se, começou por definir-se segundo raciocínios de natureza eclesiástica, até a segunda metade do séc. XIX, onde eram apenas designadas por cidades aquelas que possuíssem uma sede de bispado. A área era administrada por um bispo, todos os restantes aglomerados independentemente de fatores como a densidade populacional, ou localização eram designadas por vilas. O número de cidades entre o séc. XII e o séc. XIX era reduzido, a atribuição de foral de cidade era regida segundo normas de ordem religiosa, a partir do séc. XIX estas normas são alteradas com a rainha D. Maria onde a atribuição de foral de cidade passa a estabelecer-se segundo critérios demográficos e económicos (Serrão, 1973).

A criação de um conceito universal torna-se complexa, uma vez que englobar numa só definição um conjunto de elementos que constituem a cidade, como a sua história, a sua experiência e tudo que a carateriza e constitui, acaba por se transformar numa meta impossível. Assim existem dois tipos de conceitos de cidade, os que se fundamentam em critérios essenciais e selecionam um ou dois, e os que tentam agregar caraterísticas dos aglomerados urbanos, que traduzam a sua heterogeneidade (Capel, 1975).

Cada cidade tem uma história diferente, os elementos importantes que traduzem a sucessão de acontecimentos naquele espaço, a sobreposição de momentos e os elementos que a constituem, determinam a cidade e a sua definição. O estudo, a compreensão e a análise independente dos elementos constituintes da cidade, assim como a interligação entre

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eles, e a perceção de como o espaço se foi transformando ao longo do tempo permite compreender o seu processo de evolução.

2.3. Paisagem urbana

Paisagem urbana é um conceito que tem origem na conjugação dos conceitos de paisagem e urbana. Paisagem define-se segundo a Convenção Europeiade Paisagem como “parte do território, tal como é apreendida pelas populações” (ponto 2.1) e urbana, adjetivo relativo ao termo cidade. A definição de paisagem referida pode ser igualmente aplicada a Paisagem Urbana uma vez que este se trata de um conceito mais limitado e objetivo.

A paisagem urbana sucede tal como a paisagem cultural, quando há intervenção e ação do Homem no ciclo natural de um determinado espaço e deixa de existir uma continuidade natural, não sendo de modo algum tanto o conceito como o espaço, o oposto ou contraste de uma paisagem natural. As paisagens urbanas são caraterísticas das cidades, é onde existe uma organização espacial, funcional e estruturada. Surge como a arte de transpor visualmente de forma coerente e organizada, o conjunto de diversos elementos que constituem uma cidade, como os edifícios, ruas e espaços que formam o ambiente urbano (Lamas, 2011).

Existem três níveis de análise sobre a paisagem urbana - a rua, formada pelos edifícios; os bairros, compostos pelos quarteirões, as ruas, as praças, os pátios, os jardins, e a cidade à escala maior que abrange os elementos anteriores. Além dos níveis referidos que correspondem a três escalas distintas podemos também analisar a paisagem urbana considerando ainda a posição relativamente a cidade: dentro (a cidade vista de dentro), ou fora (a cidade vista de longe, o “skyline”, ou silhueta) (Lamas, 2011). Esta análise é corporal, material e tangível, de acordo com os elementos artificiais ou naturais, verticais ou horizontais, reversíveis ou irreversíveis, provisórios ou definitivos, assim como eles se relacionam de forma a obter uma coerência e organização visual (Cullen, 2010). A perspetiva visual, pictórica e da imagem são algumas das formas de analisar também uma paisagem onde se pode incluir “ os habitantes, o edificado, as vias de comunicação, as praças, os meios de transporte, o mobiliário urbano, os suportes publicitários, a vegetação, os planos de água, a orografia, a profundidade das vistas, o céu, as nuvens, o sol, a luz, a adaptabilidade ao relevo, e que lhe conferem identidade, diversidade, complexidade e legibilidade”, caso essa análise seja mais especifica e pormenorizada (Campos, 2015, p.8).

Segundo Lynch (2011) deve refletir- se sobre a forma como os indivíduos entendem as imagens ambientais, são obtidas através de um processo mútuo e subjetivo entre o observador e o meio ambiente. Consoante quem observa o resultado pode variar, cada individuo interpreta e sente de maneira distinta o meio ambiente e por conseguinte a

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Caracterização e Análise Histórica da Cidade paisagem. O autor baseia a sua análise em caraterísticas físicas visíveis da paisagem urbana, mas relembra existir outras caraterísticas que interferem como a função, a sua história, a etimologia e a importância dada a determinadas áreas. Relph (1987) também define as paisagens urbanas como objetivas, pois são compreensíveis a primeira vista, mas aquando da sua análise esta torna-se complexa.

A paisagem urbana não é apenas constituída por caraterísticas físicas, que lhe dão o formato, alterado ou constante, onde se retiram elementos construídos e se acrescentam outros. A importância da paisagem é interpretada por quem nela vive e por quem a observa, consoante as alterações a que esta sujeita. A partir da “perceção, formação, informação e vivência do espaço, da história do local e das relações sociais”, assim como “da leitura dos elementos presentes mas não “visíveis”, como a dinâmica e coesão social, a qualidade de vida, o dinamismo, o ruído ou até o cheiro”, é criada uma imagem sobre o espaço e sobre a paisagem (Campos, 2015, p.8 e 9).

“A paisagem constitui uma dimensão fundamental caracterizadora do território e do seu ordenamento. Ela é apreendida pelo indivíduo como uma síntese multidimensional do território que se constrói através do contacto cognitivo e sensorial: o que se vê, mas também o que se ouve, o que se cheira, o que se sente. A paisagem tem um valor de identidade e, por isso, é fundamental para a sustentabilidade do povoamento” (PNPOT, 2006, p.77).

2.4. Evolução dos estudos da morfologia urbana

O conceito de morfologia emprega-se para definir o estudo da configuração e da estrutura exterior de um objeto. É o estudo do conhecimento das formas e da interligação entre estas, assim como da criação das mesmas. O conceito morfologia urbana é então definido como referido anteriormente na cidade, trata-se do estudo de elementos exteriores do espaço urbano e as ligações existentes entre estes, que definem o espaço e a organização desta (Lamas, 2011).

A cidade trata-se de um objeto de estudo complexo devido ao conjunto de elementos e atividades que a mesma abrange, deste modo torna-se difícil existir apenas uma disciplina com capacidade única de análise para estudar a cidade. Assim a morfologia urbana tem como objetivo a reunião e o uso de diferentes elementos estudados por disciplinas diferentes, de maneira a caraterizar a cidade como um conjunto, a perceção da cidade como um espaço construído de acordo com a sua forma e a sua criação. Para atingir o objetivo é necessário o estudo das partes que compõem a cidade, a relação entre os elementos que a constituem e perceber como estes se inserem no espaço urbano, compreendendo assim a estrutura hierarquizada da cidade (Ribeiro, 2008).

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Caracterização e Análise Histórica da Cidade

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relações que existem entre o ambiente exterior e interior de uma cidade, é entendido através do estudo da morfologia urbana, esta área estuda a forma urbana, a forma da cidade, nas suas particularidades físicas, exteriores e no seu desenvolvimento evolutivo. É fundamental considerar a ligação existente entre as elementos do espaço urbano com o edificado associado a estes, assim como é indispensável a análise do espaço urbano e sua ligação com a paisagem que lhe esta adjacente, a relação existente traduz-se na forma do espaço. Visto que existem outros elementos que interferem diretamente, deve-se analisar as caraterísticas sociais, económicas e culturais, que são exemplos desses elementos, que intercedem na composição e desenvolvimento da forma urbana.

Neste seguimento, o estudo da morfologia urbana não prescinde dos sujeitos que interferem na formação dos acontecimentos que marcaram a evolução e o desenvolvimento da cidade, mas sim todas essas partes e/ou elementos que marcam e caraterizam a cidade.

2.5. Elementos da morfologia urbana

Tal como foi referido anteriormente as cidades tem de ser analisadas e estudadas através dos seus elementos constituintes. Elementos esses como o solo, as ruas, as praças, os quarteirões, as parcelas, os edifícios, os monumentos, os logradouros e a vegetação, entre outros. O conjunto de alguns elementos designa-se por malha urbana, que em relação entre si definem a composição e a organização do espaço.

Existem ainda outros elementos que complementam os anteriormente referidos, os constituintes de construção de cada um dos elementos, assim como outros que poderemos considerar como complementares, por exemplo no caso dos edifícios as janelas, as portas, as dobradiças, entre outros.

2.5.1. Solo

O solo é o plano a partir do qual se desenvolve uma cidade ou outros aglomerados. Este plano consegue indicar três factos diferentes, designadamente a configuração física geral de um aglomerado, o plano geral do aglomerado considerando um conjunto com diversas composições e o plano de um área mais restrita (Allain, 2005).

O solo é constituído por elementos como a modelação e topografia, mas também por pavimentos e outros elementos que se encontrem sob o solo. Trata-se assim de um elemento relevante, uma vez que é a partir deste patamar que todo o espaço urbano se desenvolve, mas também onde se verificam as maiores alterações. Sendo este um elemento de suporte de outros elementos, também tem a função de assegurar diversas atividades como a circulação automóvel e pedonal (Lamas, 2011).

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Evolução da Paisagem do Peso da Régua

Caracterização e Análise Histórica da Cidade

2.5.2. Rua

A rua é o elemento que mais rapidamente se deteta no espaço urbano, surge sob o elemento anteriormente definido, delimita e compõem o espaço, desenha a organização dos restantes elementos como os edifícios e quarteirões (idem, 2011).

O conceito de rua teve a sua origem no latim e designa o termo caminho, que consequentemente define-se como uma via de comunicação por terra, normalmente destinada ao trânsito local, uma passagem ou uma via acompanhada de árvores, ou casas dentro de um determinado aglomerado populacional (Dicionário Língua Portuguesa, 2017).

A existência de ruas remete à época romana e medieval, desde cedo a rua teve um papel fundamental entre o espaço urbano e o restante território, ainda é possível testemunhar diversos exemplos de traçados romanos. Algumas das ruas existentes foram antigos caminhos de passagem pedonais ou animal, ou antigos traçados romanos que com a evolução do espaço urbano adjacente tiveram também necessidade de evoluir, tornando-se em vias principais (Lamas, 2011; Ribeiro, 2008).

As ruas evoluem tal como as cidades, a hierarquização das vias, a sua forma, o seu tamanho, é alterado de acordo com a função atribuída e com o espaço onde se insere. Segundo Ribeiro (2008) existem ruas principais e secundárias, de circulação pedonal, de circulação automóvel e mistas.

Como em grande parte dos aglomerados urbanos da época medieval, a evolução das cidades foi espontânea e demorada, as ruas caraterizam-se por ser irregulares, onde predominam as vias limitadas e curvas. Existis uma principal que ligava a zona religiosa, as restantes eram um conjunto de ruas pequenas, que podiam ser públicas ou privadas. As atuais ruas irregulares onde predomina as vias limitadas e curvas, tiveram a sua origem devido a fatores como: coincidência com antigas passagens e devido à topografia ou proveniente do estado normal do terreno. Deste modo considera-se que a forma das ruas, em alguns casos dependeu não de uma técnica desorganizada da cidade, mas sim de um evolução de acordo com a população e as suas necessidades.

A rua simboliza um elemento estruturante numa cidade que pode ser analisado em diversas componentes e parâmetros que lhe estão associados, tais como: a largura, a altura, a sinuosidade, a pendente, o tráfego, a função, os materiais e a edificação como limite, entre outros, trata-se de um elemento que integra um sistema único que gerem a complexidade deste que é a cidade, desse modo, o estudo da rua deve compreender a sua função dentro do sistema. O início, o desenvolvimento, a permanência e a conservação marcam também alguns dos aspetos a analisar no estudo da rua, uma vez que as cidades estão em constante transformação (idem, 2008).

Referências

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