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A ação da Supervisão Educacional na Organização Pedagógica da Escola Técnica Estadual Henrique Lage

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

IRLLA MARY BRITO DA SILVA

A ação da Supervisão Educacional na Organização Pedagógica da Escola Técnica Estadual Henrique Lage

NITERÓI – RIO DE JANEIRO

2017

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IRLLA MARY BRITO DA SILVA

A AÇÃO DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL NA ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL HENRIQUE LAGE

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do Grau de Mestre em Educação. Linha de pesquisa: Políticas, Educação, Formação e Sociedade.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Nassim Vieira Najjar

Niterói 2017

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S586 Silva, Irlla Mary Brito da.

A ação da supervisão educacional na organização pedagógica da Escola Técnica Estadual Henrique Lage / Irlla Mary Brito da Silva. - 2017

148 f. ; il.

Orientador: Jorge Nassim Vieira Najjar.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Educação, 2017.

Bibliografia: f. 109-113.

1. Supervisão educacional. 2. Organização pedagógica. 3. Escola Técnica Estadual Henrique Lage (Niterói, RJ). I. Najjar, Jorge Nassim Vieira. II. Universidade Federal Fluminense. Faculdade de Educação. III. Título.

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IRLLA MARY BRITO DA SILVA

A AÇÃO DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL NA ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL HENRIQUE LAGE

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do Grau de Mestre em Educação. Linha de Pesquisa: Políticas, Educação, Formação e Sociedade.

Aprovada em 02 de fevereiro de 2017. BANCA EXAMINADORA

_________________________________________ Prof. Dr. Jorge Nassim Vieira Najjar – Orientador

Universidade Federal Fluminense

_________________________________________________________ Profa. Dra. Mary Rangel

Universidade Federal Fluminense

__________________________________________________________ Profa. Dra. Elaine Constant Pereira de Souza

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida, por me mostrar que o guerreiro não vive apenas de lutas, mas também pelos toques delicados que chegam até a alma pelas vitórias alcançadas;

Ao meu marido, Gleidyson, pelo companheirismo, cumplicidade e amor que partilhamos-- não chegaria até aqui sem sua calmaria, em meus momentos de euforia. Te amo, meu bem!;

Ao meu orientador querido, Professor Dr. Jorge Najjar, esta vitória divido com você, pessoa sem a qual este trabalho não seria possível. Obrigada pela dedicação, carinho e apoio sempre dispensados a mim;

Às professoras, Mary Rangel e Elaine Constant, por participarem deste momento da minha vida acadêmica e por dedicarem seu tempo para a leitura atenta do meu texto;

Aos meus pais, Betânia e João, e minha avó, Maria da Glória, pelo carinho, amor e respeito, sentimentos recíprocos que me apresentaram e ensinaram todo o tempo;

Ao meu irmão, Júlio, cunhada, Raysa, e sobrinho, Lucas. Amor fraternal define o que sinto por vocês;

Aos meus tios e tias, pela força e carinho que me deram fôlego nesta caminhada. Aos primos e primas, que amo e nunca esqueço. Meu muito obrigada!;

Aos meus sogros, pelo apoio de sempre. Obrigada!;

Às minhas amigas cariocas, ao apoio de sempre: Sâmela Ignácio, Iris Pinto, Juliméli Araújo, Maria Luiziara Souza, Rafaella Neves, Iana Torres, Erica Silva, Sandra Regina e Paola Dias. Sem vocês nada disso teria graça, sentido, propósito. Obrigada por tudo!

Aos meus amigos e vizinhos: Patricia Freitas, Maria Adriana, Aline Fernanda, Thiago Marques, Evandro Aquino, Adriana Marilia, Amilton Silva, Ozair (em memória) e Sebastião, Nayra Nelly, Alexandre França, João Gustavo, Pedro Henrique, Natanael por me ajudarem em todos os obstáculos que enfrentamos, pois ficaram mais leves por eu ter amigos como vocês em minha vida;

A todos os professores que fizeram parte da minha formação e da minha vida, muito obrigada pelo conhecimento dividido, também pelas vivências, que me constituíram no que sou hoje, uma educadora;

Ao pessoal do CEMEF (Centro de Memória da FAETEC), por me ajudar na constituição deste trabalho. Em especial, à coordenadora Isabella Gaze e Maria das Graças Duque Estrada, cuja disposição para me ajudar foi essencial.

Ao pessoal da ETE Henrique Lage, pela acolhida enquanto supervisora educacional contratada em 2014, e como pesquisadora dessa profissão em 2016-2017. Muito obrigada pelos colegas e amigos que ali conheci e reconheci, que me iniciaram e

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me forjaram enquanto supervisora educadora. Muito obrigada aos Henriquelagianos, os levarei em meu coração sempre!;

A nossa Motoca, a moto que me levou e trouxe em segurança e rapidez para casa... sempre querida!

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Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante! Paulo Freire

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RESUMO

Esta dissertação tem por objetivo entender a ação do supervisor educacional na organização pedagógica na Escola Técnica Estadual Henrique Lage, da rede FAETEC. Pretendemos problematizar se o supervisor educacional que atua na ETE Henrique Lage se percebe como participante neste processo. Se sim, como suas ações são refletidas no espaço escolar. Para captar melhor a problemática dessa dissertação, foi construído um roteiro com a intenção de desenvolver entrevistas semiestruturadas que contaram com a participação de dois diretores, dois coordenadores, um secretário, dois professores e de dois supervisores educacionais da escola, um em regime estatutário, outro em regime de contrato temporário para entender como essa relação com a organização pedagógica ocorre para as duas realidades de supervisão educacional na escola. Tentaremos, dentro dos limites de uma dissertação, perceber o movimento de um relação humana dialógica entre o supervisor educacional e os demais sujeitos da ETE Henrique Lage. A metodologia utilizada é o estudo de caso, em Yin (2001), onde tentaremos captar uma experiência do real.

Palavras-chaves: Supervisão Educacional. Organização Pedagógica. Escola Técnica Estadual Henrique Lage.

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ABSTRACT

This dissertation aims to understand the action of the educational supervisor in the pedagogical organization at the Henrique Lage State Technical School, FAETEC network. We intend to question whether the educational supervisor who works at the ETE Henrique Lage perceives himself as a participant in this process, if so, how his actions are reflected in the school space. To better understand the problematic of this dissertation, a script was designed with the intention of developing semistructured interviews with the participation of two directors, two coordinators, a secretary, two teachers and two school supervisors, one under the statutory regime, another Under a temporary contract to understand how this relationship with the pedagogical organization occurs for the two realities of educational supervision in the school. We will try, within the limits of a dissertation, to perceive the movement of a dialogical human relationship between the educational supervisor and the other subjects of the ETE Henrique Lage. The methodology used is the case study, in Yin (2001), where we try to capture an experience of the real.

Keywords: Educational Supervisor. Pedagogical Organization. Technical State School Henrique Lage.

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Lista de Siglas

ETEHL ou ETE Henrique Lage – Escola Técnica Estadual Henrique Lage FAETEC – Fundação de Apoio à Escola Técnica no Estado do Rio de Janeiro DDE/FAETEC - Diretoria de Desenvolvimento da Educação Básica e Técnica

Regimento Interno – Regimento Norteador das Unidades Escolares da Educação Básica/ Técnica da Rede FAETEC

SE – Supervisão Educacional

S1 –Supervisor Educacional responsável pelo curso técnico de Construção Naval Silva S2 – Supervisor Educacional responsável pelo curso técnico de Eletrônica Santos OE – Orientação Educacional

SRM –Sala de Recursos Multifuncionais PPP – Projeto Político Pedagógico

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Lista de Ilustrações

Quadros

Quadro I: Ações técnicas...25 Quadro II: Ações administrativas...26 Quadro III: Ações pedagógicas...28 Quadro IV: Assistência e Coordenação do supervisor educacional de acordo com Lück, 2004...48 Quadro V: Tabela sobre a pergunta: Por que escolheu ser supervisor educacional?...82 Quadro VI: Tabela sobre a pergunta: Quais as ações que mais realiza como supervisor?...85

Figuras

Figura I: Fluxograma criado pela autora...46 Figura II: Painel do 1º Encontro Pedagógico na ETE Henrique Lage...71 Figura III: Painel do 2º Encontro Pedagógico na ETE Henrique Lage...72

Imagens

Imagem I: Foto da sala da Supervisão Educacional da ETE Henrique Lage, em 2016...97-98

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Sumário

Apresentação...11

CAPÍTULO 1 – Um olhar sobre a Escola Técnica Estadual Henrique Lage...21

1.1 A Escola Técnica Estadual Henrique Lage...21

1.2 Apresentando as funções do Supervisor Educacional FAETEC...25

1.3 Problematizando as funções do Supervisor Educacional FAETEC...30

CAPÍTULO 2 – Sete olhares sobre a Supervisão Educacional da ETE Henrique Lage...40

2.1 O olhar do Docente...40

2.2 O olhar da Coordenação...53

2.3 O olhar da Secretaria...60

2.4 O olhar da Direção...67

CAPÍTULO 3 – (Re) Conhecendo a Supervisão Educacional da ETE Henrique Lage...80

3.1 “Visão Sobre” a Supervisão Educacional da ETE Henrique Lage...80

3.2 (Re) Conhecendo a Supervisão Educacional da ETE Henrique Lage: Observações do dia-a dia...95

Considerações Finais...102

Acervos Consultados...105

Referências Legislativas...105

Referências das Entrevistas...106

Referências Bibliográficas...107 Apêndice I...112 Apêndice II...112 Apêndice III...115 Apêndice IV...116 Apêndice V...136 Apêndice VI...143

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Apresentação

Durante muito tempo meu campo de pesquisa foi História da Educação. Desde minha inserção na Faculdade de Formação de Professores, em 2011, comecei a participar do grupo NIPHEI – Núcleo Interdisciplinar de História da Educação e Infância – coordenado pela Profª Drª Sônia Camara, como bolsista, finalizei minha graduação em Pedagogia com a monografia “Higiene Infantil no Curso Popular: As ações pedagógicas do médico Moncorvo Filho às mães pobres em 1915”, cujo intento era investigar as preleções do “Curso Popular” de higiene infantil, criado pelo Dr. Moncorvo Filho, em seu Instituto de Proteção e Assistência à Infância no Rio de Janeiro em 1915, para ensinar a mães pobres como cuidar de seus filhos através de ideais higiênicos.

No ano de 2014, realizei uma Pós-Graduação lato sensu em Educação Básica na modalidade de Gestão Escolar na Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em São Gonçalo. Neste mesmo ano, ocorreu minha primeira aproximação como tema Supervisão Educacional, ao ser contratada pela Rede FAETEC, no ano de 2014, para desempenhar essa função na Escola Técnica Estadual Henrique Lage. Foi minha primeira experiência como supervisora educacional, função com a qual me identifiquei desde que passei a exercê-la1.

Mesmo realizando um curso de especialização sobre Gestão Escolar, escolhi permanecer no campo da História da Educação e desenvolvi uma nova monografia para obtenção de grau de especialista com o título “Noções de História da Educação: As ações pedagógicas do médico Afrânio Peixoto para a formação de professores no século XX”. Minha intenção foi analisar a primeira edição do livro “Noções de História da Educação” de Afrânio Peixoto, publicado em 1933, a partir do curso de História da Educação ministrado pelo médico em 1932 no Instituto de Educação do Rio de Janeiro.

Ao ingressar no Mestrado de Educação da Universidade Federal Fluminense em março de 2015, o meu projeto se ampliou a partir do recorte da monografia da especialização, pois descobri que a obra de Afrânio Peixoto apresentava ainda suas segunda e terceira edições, nos anos de 1936 e 1942, respectivamente. Meus esforços durante o primeiro ano de mestrado foram no sentido de problematizar a formação docente presente nestes livros.

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Em junho de 2016 solicitei ao colegiado uma mudança de orientação, tendo o aceite saído no mesmo período. A mudança de linha de pesquisa também ocorreu de História da Educação para Políticas Públicas. Ao encontrar o professor Jorge Najjar, que prontamente me aceitou como sua orientanda, conversamos sobre o que me despertava o interesse para pesquisa da dissertação. Contei-lhe brevemente sobre minha hipótese inicial de analisar a ação do supervisor educacional do ETE Henrique Lage.

Ao pesquisar e estudar mais sobre o tema que desejo desenvolver, compreendi que precisava de algo mais substancial para realizar um trabalho com valia de rigor acadêmico. É nesse contexto de trajetória que se insere esta pesquisa de dissertação de mestrado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Federal Fluminense (UFF) na linha Políticas, Educação, Formação e Sociedade, sob a orientação do Prof. Dr. Jorge Nassim Vieira Najjar.

Ao visitar o Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), onde estão disponíveis trabalhos de dissertações e teses dos programas de pós-graduação do país, defendidos desde 1987, constatei que sobre o termo Supervisão Educacional encontraram-se 26.110 registros, mas sobre o termo Escola Técnica Henrique Lage em conjunto com Supervisão Educacional não há registro; até mesmo sobre o termo Escola Técnica Henrique Lage em conjunto com Organização do Trabalho Pedagógico não se acha registro. No banco de dados da

Scientific Electronic Library Online2 (Scielo), apenas quatro trabalhos se apresentaram

sobre a busca Supervisão Educacional, nenhum retorno sobre o termo Escola Técnica Henrique Lage. Por essa razão acredito que se configura como uma possibilidade nova de pesquisa e estudo, a ação do supervisor educacional na organização pedagógica na Escola Técnica Estadual Henrique Lage.

Considerando o levantamento, a dissertação desenvolvida possui um objeto sem registro de pesquisa, o que reforça sua relevância e justificativa para o campo das Políticas Públicas em Educação, e mais especificamente para as competências e

2 Direcionei a busca pelo site da Scientific Electronic Library Online (Scielo), pois se apresenta como resultado de um projeto de pesquisa daFundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em parceria com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), que tem por objetivo o desenvolvimento de uma metodologia comum para a preparação, armazenamento, disseminação e avaliação da produção científica em formato eletrônico. Disponível em www.scielo.com.br. Acessado em julho de 2016.

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atribuições que o supervisor educacional pode desenvolver na organização pedagógica da instituição Escola Técnica Estadual Henrique Lage.

A Supervisão Educacional é um tema explorado nas pesquisas acadêmicas recentes em experiências particulares de ação do supervisor em diferentes redes de ensino, porém para a construção do campo do conhecimento sobre essa função a literatura é parca e, dos finais dos anos de 1970 até 2000, possui como principais autores Ferreira (2003, 2009); Rangel (1997, 2001); Alves (2011) Lück (2008), sendo essa a base para todas as pesquisas sobre o tema, à qual este trabalho não se furtará.

Segundo os autores, o supervisor educacional será aquele que contribuirá o melhor processo de ensino-aprendizagem na instituição educacional em que atua, contribuindo para a melhor formação do aluno. Contudo, seria apenas essaa competência do supervisor educacional, principalmente o que atua na ETE Henrique Lage?

Em tempo, apresento alguns momentos deminha experiência como supervisora educacional na ETE Henrique Lage durante o ano de 2014. Percebo-a, pensando no texto de Larossa Bondía (2002): “A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca” (p.21), pois foi uma experiência profissional que me foi proporcionada, mas que ao mesmo tempo me fez experimentar algo que me tocou, que me moveu, que me mudou enquanto profissional da educação, enquanto educadora.

Ao chegar à ETE Henrique Lage, no mês de maio, eu e mais quatro pedagogas contratadas tivemos que aprender o fazer do supervisor educacional da FAETEC de forma muito rápida, com várias informações e instruções que deveríamos entender e absorver em pouco tempo, pois o ano letivo já transcorria.

Durante nosso primeiro encontro com o coordenador adjunto pedagógico, descobrimos que a equipe estava composta por dois supervisores concursados, um deles em processo de aposentadoria. Um cuidava de Edificações, curso técnico representado pelo número 1, e o segundo cuidava de Eletrônica, curso técnico representado pelo número 2. Havia ainda os cursos: Eletrotécnica, representado pelo número 3, Construção Naval, representado pelo número 4 e Máquinas Navais, representado pelo número 5. Assim, eram diferenciados na escola os cursos técnicos de forma mais fácil para os alunos e professores.

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Fiquei responsável pelo curso técnico de número 5, Máquinas Navais. Por ser uma escola médio-técnica3, as disciplinas contempladas são tanto da formação geral do ensino médio, pautadas no currículo mínimo4, quanto de formação técnica que abarca conteúdos para a formação de profissionais para a Indústria Naval, com conhecimento no setor de máquinas e tubulações, também de cascos e soldas, para o trabalho em manutenção, projetos, execução e controle de qualidade.

Chamou-me a atenção, primeiro, a carga horária para as três etapas, os três anos do ensino médio, composta por 4.347 horas, enquanto que para o ensino médio regular é de 2.400 horas, durante o mesmo período. Observamos então um acréscimo de 1.947 horas de formação profissional para o técnico em Máquinas Navais, sendo o segundo ano o que mais concentra essas horas, pois, se no primeiro ano o aluno realiza quatro disciplinas técnicas, no segundo ano são dez disciplinas, e no terceiro ano são seis disciplinas, para além das disciplinas regulares.

Percebi que no primeiro ano o currículo preza por disciplinas que dão uma noção ao aluno do que vem a ser o curso, mais as disciplinas de formação geral; no segundo ano o aluno deve reconhecer várias etapas do que faz um profissional em Máquinas Navais, mais as disciplinas gerais; e no terceiro ano há um equilíbrio entre consolidar técnicas próprias a um profissional em máquinas navais e preparação para o ENEM, dando possibilidade ao aluno de prosseguir os estudos em nível superior.

No cargo de supervisor educacional responsável pelo curso técnico em Máquinas Navais desenvolvi algumas açõesdurante o ano letivo de 2014. Participei de reuniões com os coordenadores de disciplinas de formação geral e dos cursos técnicos que foram sistematicamente promovidas para a melhor coesão do trabalho pedagógico durante o ano letivo, pensando e planejando estratégias para o melhor processo ensino-aprendizagem, processos de avaliações, projetos interdisciplinares, projetos técnicos, exposição de trabalhos, além de participações em feiras e congressos, tais como discussões sobre a elaboração de forma coletiva do Projeto Político Pedagógico.

3 Tomo como referência o currículo de matriz integrada do ensino médio ao ensino técnico adotado pela Rede FAETEC 2013

4 Matriz curricular comum para a SEEDUC no Estado do Rio. O Currículo Mínimo serve como referência a todas as escolas estaduais, apresentando as competências e habilidades básicas que devem estar contidas nos planos de curso e nas aulas. Serve como norteador para a prática docente no Ensino Médio Regular. Site:http://www.rj.gov.br/web/seeduc/exibeconteudo?article-id=759820Acesso em: 25 jun. 2016

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Coordenei reuniões entre equipes de disciplinas de formação geral e dos cursos técnicos para pensar estratégias para o melhor rendimento do aluno durante o processo pedagógico, promovendo reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem, pensando também nas melhores formas de assistir e avaliar os alunos.

Executei tarefas de cunho mais burocrático, como realização de relatórios de rendimento do processo pedagógico transcorrido entre as três etapas trimestrais do ano letivo de 2014, elaboração de atas com informações sobre frequencia e rendimento dos alunos, para posterior arquivamento na Secretaria Escolar, visto nos diários a cada etapa, verificação do cumprimento da matriz curricular durante cada etapa e, no fim do ano, seu arquivamento na Secretaria Escolar.

As tarefas mais técnicas foram as de acompanhar os alunos que realizaram atividades de estágio com o coordenador técnico no laboratório de máquinas navais durante o ano letivo, elaborar parecer sobre as práticas e assiná-las junto ao coordenador técnico, apoiar os alunos que no mês de novembro de 2014 foram ao “Desafio Solar”5,

em Búzios, para participar de uma competição com o seu projeto do barco movido à energia solar, ganharam o terceiro lugar.

O setor da Supervisão Educacional realizou algumas atividades durante o ano de 2014, tais como dois encontros pedagógicos, abertos aos professores e demais funcionários, para pensarmos a realidade educacional da Escola Técnica Estadual Henrique Lage e, a partir daí, articularmos estratégias educacionais para alcançarmos nossas metas para melhorar a qualidade do ensino no espaço escolar.

Promovi também, com o apoio da Direção Escolar e do grupo técnico, uma feira de exposição dos projetos científicosdo curso de Máquinas Navais. Os professores das disciplinas de formação geral apoiaram e assistiram a nossa exposição. Participaram alunos de primeiro, segundo e terceiro anos, expondo projetos em máquinas navais, professores técnicos, auxiliando os alunos, e o coordenador técnico desse curso,

5O Desafio Solar Brasil é um rali de barcos movidos à energia solar, de acordo com seu site. A intenção é estimular o desenvolvimento de tecnologias para fontes limpas de energias alternativas, bem como divulgar o potencial dessas tecnologias aplicadas em embarcações de serviço, recreio e transporte de passageiros. A competição brasileira articula a participação de instituições educacionais e universidades, com o objetivo de formar jovens, estudantes de ciências e tecnologias no uso de fontes alternativas energia, popularizar a cultura marítima, promover o intercâmbio entre estudantes e pesquisadores de ciências e tecnologias. Informações retiradas do site: https://desafiosolar.wordpress.com/odesafio/ Disponível em 28 ago. 2016.

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dirigindo palestras sobre a área naval e expondo o barco movido à energia escolar, evento realizado para toda a comunidade escolar.

Por termos um Coordenador Adjunto Pedagógico atuante, a função de seu cargo nunca nos foi delegada, pois a Diretor da unidade possuía clareza das diferentes ações que deveriam ser encaminhadas por cada um dos sujeitos da escola. Isso nos permitia ter ao mesmo tempo autonomia e limites do que seria de nossa competência fazer. Mas, em muitos momentos, pus-me à disposição para auxiliar o Coordenador Adjunto Pedagógico em atividades nas quais precisasse de ajuda, como, por exemplo, zelar pelo cumprimento do calendário escolar.

Realizei, além das já citadas, algumas ações em que me vi desempenhando funções de Orientação Educacional. Ao me envolver com os alunos e conhecê-los melhor, fui convocada por turmas a participar de escolha de seus representante de turma, atribuição destinada ao cargo de Orientação Educacional, segundo o artigo 68, ponto VI, de acordo com o Regimento Norteador das Unidades Escolares da Educação Básica/ Técnica da Rede FAETEC. Orientei e acompanhei alunos e responsáveis em diversas situações, também atribuição da Orientação Educacional, segundo o mesmo artigo. Também convoquei responsáveis, ou os recebi, pois desejavam saber da vida escolar de seus filhos. Esta, como as outras já citadas, é também atribuição da Orientação Educacional, vide o artigo 68, ponto XXIII.

Como supervisora educacional, vi-me, então, assumindo algumas atribuições de outros cargos, para auxiliar a ETE Henrique Lage e nela o curso técnico de Máquinas Navais, de cuja gestão fui incumbida. Tentava sempre organizar a melhor maneira de supervisionar o processo de ensino-aprendizagem para formar os educandos em âmbito de ensino médio e técnico-profissional, as práticas e fazeres dos professores de formação geral e formação técnica e a condução de modo satisfatório para a conclusão do ano letivo.

Acabei por perceber que as ações por mim realizadas ou promovidas me forjaram enquanto uma supervisora educacional atuante no espaço escolar ETE Henrique Lage, tentando de todas as formas ajudar na melhoria do processo de ensino-aprendizagem para o aluno e o professor. Minhas competências foram auxiliar, investigar, articular, gerir, orientar e realizar várias ações pedagógicas, técnicas,

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administrativas, e também de convivência com o coletivo escolar que participou comigo dessa empreitada.

Cada aluno, professor, coordenador, diretor, funcionário da escola fiz questão de (re)conhecer, assim como cada canto da instituição escolar para poder ter a experiência o fato de ser um supervisor, um profissional que, segundo Rangel (2000) deve “ver o geral”. Tentei realizar minha ação pedagógica da forma mais global possível, “[...] em termos de perspectiva, de ângulo de visão [...]” (p. 76), para poder “[...] ‘olhar’ o conjunto de elementos e seus elos articuladores” (idem).

Acredito que reconhecer cada sujeito e aspecto do espaço escolar ETE Henrique Lage me permitiu “olhar” diversos ângulos para elaborar, promover, articular e orientar estratégias educacionais, pedagógicas, técnicas e administrativas para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem aos alunos do curso técnico de Máquinas Navais no decurso do ano letivo de 2014.

O trabalho do supervisor educacional é desafiador, parece exigir certo perfil a quem a ele se lança. Este profissional deve ser dinâmico, flexível, aberto a mudanças, preparado para ouvir e a interagir com todos, pensar sobre os processos existentes nas realidades que enfrenta. Precisa encontrar resolução para problemas existentes, tal como articular, de modo participativo, novas formas de garantir a qualidade do ensino. A partir destas vivências e reflexões, a questão que pretendo responder na dissertação é a de como o supervisor educacional da FAETEC participa da organização pedagógica na Escola Técnica Estadual Henrique Lage?

Para entender organização pedagógica devemos saber o que significa a categoria Organização do trabalho. Conforme apresenta Oliveira (2010), organização do trabalho seria um conceito da economia que se refere à divisão do trabalho na escola. Seria a forma como o trabalho do coletivo escolar é organizado de modo a atingir os objetivos da escola.

Assim, a organização do trabalho é vista nesta dissertação em dois âmbitos, o escolar, que se refere à forma como as atividades estão discriminadas na instituição, como os tempos estão divididos, os ritmos determinados, a distribuição das tarefas e competências, as relações de hierarquia que refletem relações de poder, entre outras características inerentes à forma como o trabalho é organizado; e o pedagógico, como prática de refletir, pensar e repensar conteúdos, recursos, métodos e inter-relações que possam contribuir na relação ensino e aprendizagem na e para além da sala de aula, na

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constituição de alunos, enquanto sujeitos históricos-críticos e autônomos para adentrar a sociedade e o mercado de trabalho. Priorizaremos o segundo aspecto da organização do trabalho, o pedagógico, mas sem perder de vista o primeiro aspecto, organização do trabalho escolar.

Tentamos perceber a organização do trabalho, tanto no âmbito pedagógico, quanto escolar, do supervisor educacional enquanto uma ação. Segundo Hannah Arendt (2005), ação seria a organização da vida em comum. Para além da organização apenas do trabalho – alimento do processo vital do homem, segundo Marx –, pretendeu-se perceber como a supervisão organiza a ação, organiza a vida comum na Escola Técnica Estadual Henrique Lage através de suas atividades técnicas, administrativas e pedagógicas, de modo autônomo, político e, sobretudo, coletivo, com o objetivo de formar e ensinar os alunos.

Para tentar responder a esta pergunta norteadora desta dissertação utilizarei a categoria Organização do Trabalho através dos autores Lück (2002, 2004), Hypolito (2011, 1991), Ozga e Lawn (1991) e Oliveira (2010), entre outros6; o conceito de Ação de Arendt (2000, 2005) e de Supervisão Educacional a partir de Ferreira (2003, 2009), Rangel (1997, 2001), Alves (2011) e Lück (2008). Utilizaremos os demais autores para aclarar respostas dos entrevistados quanto às condições de trabalho, às relações sociais no trabalho, às funções desenvolvidas na escola. O intuito é aproximar a organização da vida escolar vinculada à gestão, entendido aqui como coordenação e mediação segundo Paro (2010):

Entendemos por gestão todo o processo de organização e direção da escola, produto de uma equipe, que se orienta por uma proposta com base no conhecimento da realidade, a partir do qual são definidos propósitos e previstos os meios necessários para a sua realização, estabelecendo metas, definindo rumos e encaminhamentos necessários, sem, entretanto, configurá-los dentro de esquemas rígidos de ação, permitindo alterações, sempre que necessário (p. 176). Como metodologia, usaremos a perspectiva do Estudo de Caso, desenvolvida por Yin (2001), que permite uma investigação que preserva as características significativas dos eventos da vida real (p.21). O estudo de caso se justifica, uma vez que ajudará a perceber fenômenos educativos contemporâneos sobre as ações do supervisor educacional da rede FAETEC em contexto de vida real. Em primeiro momento, o foco é

6 Autores não citados no texto, mas que o embasam, como Fleury (1980), Garrido (1993), Alonso (2002), Viera e Almeida (2008), por exemplo.

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(re)construir a história da Escola Técnica Estadual Henrique Lage e da Supervisão no Brasil através de abordagem histórica; depois, problematizar, através do método análise de conteúdo, (BARDIN, 2009; FRANCO, 2008), a função do supervisor educacional presente no Regimento Norteador das Unidades Escolares da Educação Básica/Técnica da Rede FAETEC de 2013 e, por fim, através de entrevistas semiestruturadas investigar e problematizara ação do Supervisor Educacional na organização pedagógica na ETE Henrique Lage, nesse intuito se construirá a dissertação.

A análise de conteúdo das entrevistas sobre o supervisor educacional e a organização pedagógica da ETE Henrique Lage exigiu interpretação de seus significados e sentidos, construindo inferências através da visão de outros sujeitos escolares e de si mesmo sobre a Supervisão Educacional, (BARDIN, 2009; FRANCO, 2008). A escolha de entrevistas foi no sentido de mapear práticas, valores, relações, contradições que corroborem com a realidade educacional na ação do Supervisor na ETE Henrique Lage.

Nesse caso, se forem bem realizadas, elas permitirão ao pesquisador fazer uma espécie de mergulho em profundidade, coletando indícios dos modos como cada um daqueles sujeitos percebe e significa sua realidade e levantando informações consistentes que lhe permitam descrever e compreender a lógica que preside as relações que se estabelecem no interior daquele grupo, o que, em geral, é mais difícil obter com outros instrumentos de coleta de dados (DUARTE, 2004, p. 215).

Uma tentativa particular foi trabalhar a subjetividade sobre o tocante ao tema e assumir a consciência que ela também fez parte desse processo:

A subjetividade, elemento constitutivo da alteridade presente na relação entre sujeitos, não pode ser expulsa, nem evitada, mas deve ser admitida e explicitada e, assim, controlada pelos recursos teóricos e metodológicos do pesquisador, vale dizer, da experiência que ele, lentamente, vai adquirindo no trabalho de campo (ROMANELLI apud DUARTE, 2004, p. 216-217)

Este trabalho será dividido em três capítulos: no primeiro, pretendemos historicizar a Escola Técnica Estadual Henrique Lage, apresentando e problematizando a função do Supervisor Educacional na FAETEC, através do conteúdo pertinente às atribuições ao cargo do supervisor educacional presentes no Regimento Norteador das Unidades Escolares da Educação Básica/Técnica da Rede FAETEC de 2013, ainda hoje vigente.

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No segundo capítulo, visamos compreender, através das respostas das entrevistas semiestruturadas realizadas com dois diretores, dois coordenadores, um secretário e dois docentes, como é visto o supervisor educacional da Escola Técnica Estadual Henrique Lage e suas contribuições na organização pedagógica.

No terceiro capítulo, objetivamos problematizar a realidade educacional do supervisor educacional como participante no processo de organização pedagógica na ETE Henrique Lage. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dois supervisores educacionais da escola7, um em regime estatutário e outro em regime de contrato temporário, para entender como essa relação com a organização pedagógica ocorre para as duas realidades de Supervisão Educacional presentes na escola.

7 É importante ressaltar que os supervisores selecionados para o estudo desta dissertação, são do período diurno, que trabalham com os alunos e professores do ensino médio integrado ao ensino técnico.

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CAPÍTULO 1 – Um olhar sobre a Escola Técnica Estadual Henrique

Este capítulo inicia-se comum breve histórico sobre a Escola Técnica Estadual Henrique Lage e a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC).Posteriormente, pretende-se apresentar, por análise de conteúdo, as funções e atribuições ao cargo do Supervisor Educacional da FAETEC e, por fim, problematizá-las à luz de arcabouço teórico marxista apoiado em Paro (2012, 2010, 2009) e Arendt (2000, 2005), de teorização sobre a supervisão educacional apoiada em Rangel (1997, 2001) e Ferreira (2003, 2009).

Primeiro, analisa-se o conteúdo pertinente às atribuições da função do supervisor educacional presentes no Regimento Norteador das Unidades Escolares da Educação Básica/Técnica da Rede FAETEC, de 2013 (BARDIN, 2009; FRANCO, 2008). Trabalhamos com as seguintes unidades de análise incorporadas: Ações Pedagógicas, Ações Técnicas e Ações Administrativas com o objetivo de inferir sobre seus sentidos e significações sobre a ação do supervisor educacional, tentando problematizar se ele participa da organização pedagógica na ETE Henrique Lage.

1.1 A Escola Técnica Estadual Henrique Lage

A Escola Técnica Estadual Henrique Lage foi fundada em 16 de junho de 1923. Nasceu em consonância com os princípios econômicos vinculados à industrialização brasileira, nas primeiras décadas do século XX e com o objetivo de atender à necessidade e à carência de mão de obra especializada no mercado de trabalho da época, principalmente a local.

Foi “Criada nos moldes ultra-modernos” (Monção nº 3.661/2001), sob o nome de Escola Profissional Washington Luiz, pela Sociedade Escola Técnica Fluminense, sendo uma das primeiras escolas profissionais da cidade de Niterói. Seu currículo trazia os cursos profissionais e pré-profissionais dando ênfase ao desenho e trabalho manual (madeira, metal).

Em 1926, a escola é incorporada à Rede Estadual do Ensino do Rio de Janeiro, pelo decreto nº 2.160, pelo governador Feliciano Sodré.Em 1931, após a derrubada do presidente Washington Luís do governo, a escola passou a se chamar Escola do Trabalho do Rio de Janeiro, pelo Decreto n° 2.541. A Escola Profissional Washington Luis se juntou à Escola profissional Visconde de Moraes, também uma escola para o

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gênero masculino, passando a ser chamar Escola do Trabalho do Rio de Janeiro, ficando sediada no período da década de 1940 no bairro do Barreto, na Rua Guimarães Junior, 182. Neste endereço permanece até os dias de hoje, como Escola Técnica Estadual Henrique Lage.

A denominação de Escola do Trabalho do Rio de Janeiro permaneceu até 1941, quando pela Deliberação de 20 de agosto de 1941, expedida pelo governador do Estado, passou a ser chamada de Escola Profissional Henrique Lage, em homenagem ao industrial Henrique Lage8, cuja obra estava ligada ao Estado do Rio de Janeiro e principalmente à cidade de Niterói, local em que se encontram indústrias e estaleiros criados por ele. Em 25 de julho de 1944, passou a se chamar Escola Industrial Henrique Lage e, logo depois, passou a ser denominado Ginásio Industrial Henrique Lage, por um período que ainda não foi identificado9.

Na década de 1960, muda sua nomenclatura para Colégio Industrial Henrique Lage, oferecendo cursos em nível secundário técnicos na área naval10. Através da Lei

5.692/71, a escola passa a oferecer cursos técnicos em Edificações, Máquinas Navais, Eletrotécnica, Telecomunicações e Estradas e os cursos de auxiliar técnico em mecânica e em eletrônica, ambos em intercomplementaridade em convênio com o Ministério da Marinha, sendo a educação geral ministrada no Colégio Henrique Lage e a formação especial no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA).

Com a fusão dos estados do Rio e da Guanabara, pelo decreto nº 804/76, em 1976, a escola passa a ser Colégio Estadual Henrique Lage. Em 1984 com o parecer 606/84 do Conselho Estadual de Educação, a escola passou a ter autonomia técnico-pedagógica e administrativa, constituindo-se como escola Experimental para atender ao Programa de melhoria do ensino Técnico Agrícola e Industrial, MEC/BIRD. Em 1988, passa a chamar-se Escola Técnica Estadual Henrique Lage. No ano de 1996, pelo decreto nº 2.2011, a escola deixou de pertencer a Secretaria de Estado de Educação e foi

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Industrial carioca. Idealizador do Porto de Imbituba, Santa Catarina. Fundou a Companhia das Docas de Imbituba em 1922. Incentivador nos setores industrial, mineral e de aeronáutica. Foi proprietário do Parque Lage, no Morro do Corcovado, RJ. Existe em sua homenagem a Escola Técnica Estadual Henrique Lage, localizada no bairro Barreto, em Niterói, o bairro de Vila Lage, em São Gonçalo, e a Refinaria Henrique Lage. Henrique Lage criou, em 1935, a Companhia Nacional de Navegação Aérea, primeira fábrica de aviões no Brasil. Para saber mais sobre Henrique Lage, CAMPELLO, 2005.

9 Informações encontradas no Centro de Memória da Escola Técnica Estadual Henrique Lage.

10Os cursos técnicos mais antigos dessa escola são os cursos de estrutura navais, de máquinas navais e de eletrônica, que começaram a funcionar em 1969, e os cursos de eletrotécnica e de edificações, iniciados em 1976 (FERREIRA, 2013).

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transferida para a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, sendo incorporada à Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC).

A escola, atualmente, se encontra no prédio que se denomina prédio histórico, dentro do Campus do Barreto, com um anexo feito no ano de 2008, com apoio da Petrobrás. Hoje a escola oferece os cursos técnicos em Edificações, Eletrônica, Eletrotécnica, Construção Naval e Máquinas Navais, na forma de Currículo Integrado no diurno, que integra a formação geral com a formação técnica. No período noturno, a escola oferece os mesmos cursos técnicos, mas com seu currículo denominado de Subsequente ou Pós-Médio, que é oferecido somente para as pessoas que já tenham concluído o Ensino Médio.

A escola possui cerca de 2 mil alunos, sendo 1453 alunos do diurno e 452 alunos do noturno e 328 funcionários, distribuídos em: 262 docentes, sendo 218 docentes concursados e 44 docentes contratados, 21 funcionários da equipe pedagógica, que reúne a supervisão e orientação educacional, 16 inspetores de alunos, 11 funcionários agentes administrativos, 10 funcionários dos serviços gerias, um secretário escolar, três operadores de micro, quatro funcionários em outros cargos11.

A escola possui um total de 31 salas de aulas com carteiras tradicionais; seis salas de aulas com pranchetas para a disciplina Desenho; sete laboratórios, assim distribuídos: um laboratório de informática; um laboratório de AutoCAD; um laboratório de corrosão; um laboratório de química; um laboratório de física; um laboratório de máquinas navais – o Ligue Nave; um auditório de Multimídias; uma biblioteca e uma sala de projetos. A Escola ainda possui um prédio anexo, onde funcionam os cinco Laboratórios de Eletrônica e Eletrotécnica e um galpão que sedia os Laboratórios de Construção Naval e Máquinas Navais.

Sua estrutura organizacional funciona com os setores de: Direção composta por cinco diretores (geral, administrativo, pedagógico, co-gestor e técnico), Departamento Pessoal, Secretaria, Sala de Recurso Multifuncional, Orientação e Supervisão Educacional, Setor de Estágio, Psicologia Educacional, Biblioteca, Coordenação de turno, Coordenação de cursos e disciplinas, Conselho Escolar, Conselho de Representantes de Turmas (CART), Inspetores, Apoio Patrimonial, Centro de Memória e Serviços Gerais.

11 Informações retiradas do Plano de Gestão para a Escola Técnica Estadual Henrique Lage- período de 2015-2017. Atualizado no segundo semestre de 2014.

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Dentre o funcionamento organizacional desta Unidade de Ensino, temos o Centro de Memória Henrique Lage, sendo responsável pela cultura de preservação do patrimônio escolar tendo a possibilidade de salvaguarda dos documentos que compõem os diversos acervos da escola, possibilitando a recuperação da sua memória institucional e incentivando a pesquisa sobre a educação profissional.

Durante o ano de 2012, tramitou a adoção do Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico. No ano de 2013, de acordo com a Diretoria de Desenvolvimento da Educação Básica e Técnica (DDE/FAETEC), os cursos oferecidos nas Unidades Escolares obtiveram um caráter integrador entre ensino médio básico e educação profissional técnica. Para a organização de matriz curricular, o ensino médio integrado ao ensino técnico utiliza o currículo mínimo para o ensino regular e a parte curricular diversificada que atenda as competências profissionais de cada curso técnico existente na escola. A Escola Técnica Estadual Henrique Lage, no horário diurno, congrega o ensino médio integrado ao curso técnico, sendo o ensino técnico dividido em cinco cursos: Edificações, Eletrônica, Eletrotécnica, Construção Naval e Máquinas Navais.

A Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) é uma autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Ciências, Tecnologia e Inovação, criada em 10 de junho de 1997, que goza de autonomia administrativa, financeira, acadêmica, didático-científica e disciplinar, atuando nos níveis de formação inicial e continuada ou qualificação profissional, médio e superior. Por sua autonomia pretende gerir seus processos educativos para garantir uma Educação Profissional e Tecnológica de qualidade aos seus educandos.Reúne cerca de 150 unidades, ao longo das 51 cidades do Estado do Rio de Janeiro, atendendo cerca de 400 mil alunos anualmente.

Oferecendo oportunidade em diversos segmentos de ensino, ela é formada por: Escolas Técnicas Estaduais (ETEs), Centros de Educação Tecnológica e Profissionalizante (Ceteps), Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs), Escolas de Artes Técnicas (EATs), Faculdades de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro (Faeterjs) e Centros de Referência em Formação de Profissionais da Educação (Iserj e Isepam).

Sua sede administrativa encontra-se em um grande complexo localizado no bairro de Quintino de Bocaiúva, zona norte do Rio de Janeiro. De acordo com seu site, é uma das mais importantes redes de Educação Profissionalizante do Brasil. Pela estrutura de seu ensino constituída ao longo dos anos vem contribuindo significativamente com a

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mão de obra qualificada, oportunizando emprego aos jovens e no desenvolvimento social e econômico do Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com seu estatuto (Decreto-lei nº 42.327/2010), a FAETEC tem por princípios educacionais: disseminar o saber científico, tecnológico e cultural por meio do ensino, pesquisa e extensão; oferecer ensino gratuito e de qualidade a todos; formar cidadãos para o mundo do trabalho; oferecer Educação Profissional articulada à Educação Básica e Superior. Seu ensino tem como concepções: igualdade no ingresso e permanência na escola; pluralidade de ideias e concepções educacionais; liberdade de aprendizagem inicial e continua; valorização do profissional da educação e gestão democrática.

1.2Apresentando as funções do Supervisor Educacional FAETEC

De acordo como Regimento Norteador das Unidades Escolares da Educação Básica/ Técnica da Rede FAETEC, vigente desde 2013,as atribuições ao cargo de Supervisor Educacional se localizam no Título II – Da Estrutura Organizacional, Capítulo II – Da Gestão Escolar, Seção III – Da Equipe Técnico-Administrativo-Pedagógica, Subseção I – Do Supervisor Educacional, em primeiro momento no artigo 64, delimita-se quem pode exercer a função, “profissional com formação ou especialização em Supervisão Educacional” (p. 20). Nesse aspecto, o regimento se coaduna com a LDB 9.394/96, em seu título V sobre os profissionais da educação:

Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (BRASIL, 1996).

No artigo 65 do Regimento Interno que elenca as atribuições pertinentes ao cargo de Supervisão Educacional. Foram categorizadas as atribuições do cargo por Ações Técnicas, Ações Administrativas e Ações Pedagógicas para melhor visualização e compreensão das funções do supervisor educacional.

Quadro I: AÇÕES TÉCNICAS12

XV - integrar bancas e comissões para as quais for designado

12Tabelas construídas pela pesquisadora com base no Regimento Norteador das Unidades Escolares da Educação Básica/ Técnica da Rede FAETEC, 2013.

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XVI - elaborar relatórios do trabalho desenvolvido periodicamente XVII - emitir parecer em matéria de sua competência

XVIII – acompanhar as atividades de estagiários de sua área de atuação no âmbito da EU

Elencaram-se os quatro pontos acima como ações técnicas, pois percebe-se que suas concepções e sentidos são, em aproximação, a parte de ensino técnico da escola. Nesse caso, as ações de emitir pareceres, acompanhar atividades de estagiários, integrar bancas e comissões são somadas as competências do supervisor para o melhor resultado no atendimento às necessidades dos alunos e de seu desenvolvimento em relação ao ensino técnico. Nesse sentido, as ações parecem estar voltadas para o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes do educando de modo que já percebam o mundo do trabalho na escola, para que a teoria não esteja longe da prática, na tentativa de forjar o melhor técnico profissional em sua área.

A elaboração de relatórios dos trabalhos desenvolvidos pode ser percebida tanto como ação técnica, quanto administrativa. Referenciamo-las como técnica, pois relatórios são produzidos para assegurar o acompanhamento de modo satisfatório das atividades dos estagiários, documentos estes que devem ser assinados pelo coordenador técnico, pelo setor de Estágio da escola, pelo secretário escolar, pelo supervisor educacional e pelo próprio estagiário. Consideramo-las também como administrativa, pois, para asseverar a eficácia do ensino e as estratégias para garantir o melhor processo ensino-aprendizagem, são produzidos relatórios a cada trimestre durante um ano letivo que, posteriormente, são enviados para a Diretoria de Desenvolvimento da Educação Básica e Técnica (DDE/FAETEC)13.

Quadro II: AÇÕES ADMINISTRATIVAS

V - registrar e fazer registrar a vida pedagógica da escola, com vistas à avaliação, reelaboração e conservação de sua história

13 A Escola Técnica Estadual Henrique Lage sujeita todos os seus relatórios de trabalho pedagógicos e documentos de secretaria à DDE/FAETEC, pois a escola responde diretamente a esta Diretoria da FAETEC que fiscaliza o desenvolvimento na rede da educação básica e técnica.

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VII – assinar, em conjunto com o diretor e secretário escolar ou responsável pela escrituração escolar, as atas finais, devendo posteriormente, ser arquivadas na Secretaria Escolar

XIII – acompanhar e assessorar o trabalho estatístico da Secretaria Escolar, visando ao controle do desempenho de alunos e profissionais da escola, analisando seus resultados e adotando medidas com vistas à melhoria do processo pedagógico

XX - zelar pela atualização dos registros ao final de cada etapa, referentes às médias e à frequencia dos alunos por turma e componente curricular, visando à utilização nos Conselhos de Classe

XXI – examinar os diários de classe, zelar pela permanência dos mesmos no âmbito escolar e encaminhá-los ao final de cada ano letivo para arquivo na Secretaria Escolar XXIV – responsabilizar-se pela fidedignidade da enturmação dos alunos na série/ano de escolaridade

Estas seis ações que acima estão demonstradas como administrativas são articuladas a ações da Secretaria Escolar. Registro de vida acadêmica do aluno, registro dos Conselhos de Classe, vistos em diários de classe, acompanhamento do trabalho estatístico da secretaria para assegurar o melhor desempenho de ensino-aprendizagem na escola são trabalhos realizados de forma muito próxima com a Secretaria Escolar; é necessária uma articulação entre este setor e o de Supervisão Educacional para que os trabalhos administrativos sejam realizados.

Para a garantia destas ações, o supervisor será articulador, organizador e orientador destas responsabilidades que lhe são delegadas. Acredito que nesse sentido administrativo duas partes trabalham de modo integrado: a eficiência e a eficácia, pois o supervisor atua de modo operacional e gerencial em conjunto com a Secretaria Escolar para garantir o melhor desempenho do processo de ensino-aprendizagem (FORTUNA, 1982).

A preocupação do supervisor educacional em torno das questões administrativas da escola é da sensação de açodamento que estas atividades parecem apresentar em seu escopo, fazendo com que as atividades de cunho pedagógicas fiquem em segundo plano. Entretanto, devemos salientar a importância das ações administrativas, sua relevância

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como dados diagnósticos que são importantes para as políticas públicas que atingem a escola e por também poderem servir como balizadores para repensar ações pedagógicas que possam contribuir no processo de ensino-aprendizagem na escola.

Quadro III: AÇÕES PEDAGÓGICAS

I - orientar a elaboração coletiva, consecução e avaliação do Projeto Político Pedagógico, coordenando e acompanhando sua execução

II - coordenar o planejamento curricular no que se refere à definição de objetivos, à seleção e à integração de conteúdos, às metodologias e critérios de avaliação, de acordo com o Projeto Político Pedagógico da UE e os critérios fixados pela diretoria à qual a UE está vinculada

III - participar da definição de ações voltadas para avaliação, controle e melhoria do desempenho de alunos e profissionais envolvidos no processo pedagógico

IV - coordenar o debate sobre as bases teórico-metodológicas da avaliação

VI - promover reuniões pedagógicas sistemáticas com os coordenadores de curso e disciplina, encaminhando à Direção da UE as solicitações dos mesmos a respeito das necessidades de recursos materiais e humanos para o desenvolvimento do trabalho pedagógico

VIII - promover a articulação interdisciplinar no contexto pedagógico dos diferentes cursos e componentes curriculares

IX - coordenar reuniões e Conselhos de Classe, promovendo reflexão crítica sobre os diferentes aspectos do processo de ensino e aprendizagem

X - acompanhar e planejar, juntamente com a coordenação técnica e de disciplina, o trabalho desenvolvido nas salas de aula, oficinas, laboratórios, analisando, avaliando e propondo alternativas de aprimoramento profissional para um maior desempenho dos alunos nas atividades propostas

XI - apoiar projetos, feiras e exposições de trabalhos

XII – planejar reuniões na escola com os responsáveis e delas participar, juntamente com o orientador educacional, para uma maior integração, assim como, tornar mais efetivo o acompanhamento do aproveitamento e frequencia do aluno

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XIV - buscar a formação continuada para o aprimoramento de sua prática pedagógica XIX - manter atualizados os referenciais de conteúdos programáticos, enviando-os à Diretoria à qual a UE está vinculada

XXII – promover, quando necessário, estratégias para reposição de conteúdos e/ou dias letivos

XXIII – garantir o cumprimento da matriz curricular

XXV – responsabilizar-se pelo acompanhamento dos alunos em dependência, garantindo o encaminhamento dos mesmos às turmas para que cursem as respectivas disciplinas

XXVI - comunicar à Direção da Unidade os casos de que tenha conhecimento quanto a quaisquer tipos de discriminação, assédio, maus-tratos, constrangimento, bullying contra criança ou adolescente

Essas dezesseis ações listadas como pedagógicas parecem conduzir para a plena formação do aluno como sujeito e como técnico, ao coordenar o processo ensino-aprendizagem para o melhor desempenho do educando e do docente e fazer refletir sobre esse processo no Conselho de Classe, entre as demais ações pelas quais o supervisor educacional é responsável. Mesmo sendo o supervisor educacional quem coordena, medeia e orienta essas ações pedagógicas, nada impede que os demais sujeitos da escola participem da sua realização.

As atividades técnicas e administrativas devem convergir para que as atividades pedagógicas possam ser realizadas, ou mesmo que suas tessituras sirvam como reflexão para encaminhar ou rever as ações pedagógicas adotadas até então. O trabalho técnico-administrativo quando visto de modo mais amplo pode contribuir para repensar estratégias pedagógicas e o melhor desempenho do ensino-aprendizagem.

O supervisor educacional deve acompanhar, junto aos professores e alunos, o processo de ensino-aprendizagem, para que este se realize satisfatória e proveitosamente para os participantes, de forma contínua e diagnóstica. É fundamental trabalhar de modo contínuo para alcançar os objetivos propostos, valorizando as conquistas dos alunos e

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auxiliando o professor nesse processo, também diagnóstico, de forma a orientá-los quando as dificuldades se interpuserem na realização das ações pedagógicas cotidianas.

Na súmula dos vintes e seis pontos que constam no Regimento Interno como atribuições ao cargo do supervisor educacional, notamos uma divisão ou, em alguns momentos, uma imbricação entre atividades administrativas, técnicas e pedagógicas na ação do supervisor educacional da Rede FAETEC. As pedagógicas se sobressaem em muitos pontos, na tentativa de pensarmos e avaliarmos o espaço educativo, em extensão seus processos, suas práticas, seu fazer pedagógico. É importante lembrar que todas estas atividades da competência do supervisor educacional são realizadas em sua carga horária de trabalho, 24 tempos semanais. Nesse ínterim, parece ficar a cargo do supervisor educacional gerir, pedagogicamente, decisões, resoluções e planejamentos para novas ações ao analisar esse fazer pedagógico da escola. Com isso, parece concordar Ferreira (2009):

A origem da supervisão está na própria natureza de gerência, que é o antagonismo entre os que executam o processo e os que dele se beneficiam. [...] A supervisão educacional só pode ser entendida no âmbito da gestão da educação da qual faz parte como garantia da qualidade do processo educacional [...] (p. 107).

Todas as demandas realizadas pelo supervisor educacional podem ser de maior valia para a escola em sua totalidade, mas, para superar o açodamento que todas estas ações podem impor, será necessário que o próprio supervisor supere essa condição para que consiga encontrar caminhos mais viáveis para manter uma relação com a equipe que trabalha e um dinamismo em meio à rotina.

1.3 Problematizando as funções do Supervisor Educacional FAETEC

Durante muito tempo, o termo supervisão ficou vinculado à ideia de inspeção. Controlar e ordenar as ações do professor seria a principal função do supervisor. Ao longo dos anos essa ideia vem sendo modificada. Atualmente, calcado em fundamentos teóricos, o supervisor educacional é um sujeito crucial para articular ações tais como: mediador do processo ensino/aprendizagem, incentivador de práticas inovadoras junto aos professores, refletir e fazer refletir a vivência pedagógica, ajudar a comunidade escolar a seguir uma perspectiva mais democrática e participativa, no que tange a organização pedagógica.

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A história dos Especialistas da Educação14, principalmente do supervisor

educacional remonta desde a chegada dos Jesuítas ao Brasil, em 1549, no sentido de calibrar, ordenar e supervisionar as ações educativas impostas pelos religiosos. Seguimos até a influência norte-americana na educação na década de 1950, com o Programa Americano Brasileiro de Assistência ao Ensino Elementar (PABAEE), que em sua segunda versão, treinava educadores brasileiros para serem supervisores da execução das propostas pedagógicas norte-americanas em escolas primárias, principalmente em Minas Gerais, Goiás e São Paulo (PAIVA; PAIXÃO, 1997)15.

É aprofundada ainda mais a influência norte-americana, implementando as ideias tecnicistas16 na educação, com o Parecer252/69, que determinou as diretrizes do Curso de Pedagogia e sua duração. Ao concluir os estudos de Pedagogia, o título obtido seria o de licenciado, e, ao se formar, o detentor desse título poderia cursar uma habilitação em Administração Escolar, Supervisão Escolar ou Inspeção Escolar (SANTOS, 2012, p. 136).

Sendo assim, o especialista em educação poderia exercer: magistério da escola primária e atividades referentes a cada habilitação, magistério das disciplinas pedagógicas do Segundo Grau, Orientação Educacional, Administração Escolar, Supervisão Escolar e Inspeção Escolar (idem).

A partir desta estruturação do Curso de Pedagogia e da influência técnica norte-americana no país, vê-se a adoção do modelo tecnicista na formação de professores e especialistas, proporcionando a fragmentação tanto do trabalho pedagógico como da formação do pedagogo em habilitações técnicas. As ideias tecnicistas aliadas ao pensamento liberal enxergavam a educação através de pressupostos de racionalidade, eficiência e produtividade (ibidem, p. 139).

As ideias tayloristas de produção fabril teriam como características mais marcantes a eficiência, a eficácia, o controle, a meta, o custo/benefício e a competência.

14 Segue em Apêndice uma linha do tempo sobre a Supervisão Educacional no Brasil.

15A primeira assistência que os técnicos da PABAEE alimentaram foi a formação do professor para a execução das propostas de seu programa (PAIVA; PAIXÃO, 1997). Posteriormente, perceberam que a figura de um supervisor tornaria a execução de suas ideias educacionais bem mais efetivas, pois atuaria na organização escolar, no que ensinar, no como ensinar, nas avaliações, normatizando professores e alunos para fins de ordem, disciplina e hierarquia.

16 Significou o racionalismo do sistema de ensino em todas as formas e níveis, pautados pela eficiência, medida por critérios internos de economia de recursos escassos, e pela eficácia, medida pela adequação de seu produto às necessidades do modelo de desenvolvimento vigente. Em suma, a absorção da ideia empresarial para a educação (MELLO, 1984, p. 30).

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Seguindo o modelo taylorista das fábricas, a escola também seguiria tais pressupostos, acentuados através da divisão do trabalho escolar, fragmentando as tarefas dos profissionais da educação. A formação do supervisor seguiu esta linha de pedagogia tecnicista para “atender às demandas do setor produtivo capitalista” (ABDULMASSIH; RODRIGUES, 2002, p. 8). O supervisor se distanciava da formação de educador neste contexto de políticas centralizadoras para a educação.

Na década de 1980, os movimentos sociais e educacionais realizavam profundas reflexões em torno do cenário educacional brasileiro, através da consolidação de associações como a Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação - ANFOPE17. Os debates sobre Educação questionavam o papel político e social do educador na luta por uma educação de qualidade para todos, de forma democrática.

O Ponto de partida da mobilização foi a realização do I Seminário de Educação Brasileira (1978) na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), organizado com o objetivo de divulgar resultados da pesquisa ‘Análise do currículo e conteúdo programático dos cursos de pedagogia com vistas a propostas alternativas de reformulação’, o qual transformou em marco histórico no Movimento dos Educadores que aspirava subverter a tradicional ordem de ‘cima para baixo’ nas decisões sobre as questões educacionais (AGUIAR et al., 2006, p. 823).

Os educadores defendiam novas tendências pedagógicas, como Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos ou Pedagogia Histórico-crítica18, objetivando superar as tendências tradicionais e tecnicistas dos anos de 1970. O Primeiro Seminário de Educação, organizado pela Faculdade de Educação da UNICAMP, em novembro de 1978, realizado em Campinas, foi o marco inicial para discutir a reestruturação dos currículos do Curso de Pedagogia. Nele, procurou-se iniciar um movimento de articulação em nível nacional deste debate.

17 Na I Conferência Brasileira de Educação – CBE, realizada em São Paulo, no ano de 1980, criou-se o Comitê Nacional Pró-Reformulação dos Cursos de Pedagogia e Licenciaturas com o objetivo de mobilizar os educadores e estudantes acerca das reformulações dos cursos de formação de educadores. No I Encontro Nacional do Comitê, realizado em Belo Horizonte, no ano de 1983, no documento final –

Documento de Belo Horizonte – há a transformação do Comitê em Comissão Nacional de Reformulação

dos Cursos de Formação de Educadores – CONARCFE. Os encontros da CONARCFE ocorriam de dois em dois anos, porém, em 1989 foi realizado extraordinariamente o IV Encontro Nacional com o objetivo de posicionar-se em relação à elaboração da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Durante este Encontro, a CONARCFE transformou-se em associação e, em 1990, tornou-se Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação – ANFOPE, em virtude de suas atividades estarem adquirindo características mais formais e permanentes (ANFOPE, 1998, p. 5-6).

18 Segundo Aranha (1996) Pedagogia crítico-social dos conteúdos ou Pedagogia histórico-crítica, é uma teoria pedagógica preocupada com a função transformadora da educação. A partir da compreensão de nossa realidade histórica e social, esta teoria defende que, a educação imprimi um papel mediador no processo de transformação da sociedade. (ARANHA, 1996, p. 216)

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Como marcos para a redefinição do perfil do especialista de Educação, podem-se apontar os movimentos articulados pelas associações educacionais, como Associação Nacional de Política e Administração de Educação -ANPAE e a própria ANFOPE, que contribuíram na luta política para que o especialista tivesse à docência como eixo de sua formação, minimizando assim o escopo de trabalho fragmentado estabelecido até então.

Segundo Abdulmassih e Rodrigues (2002), entre as décadas de 1960 e 1980 foram criadas associações de supervisores no Brasil que lutavam pela regulamentação do exercício da categoria. Com isso,

As associações de supervisores e orientadores, objetivavam a recuperação da pessoa do educador e defendiam o diálogo e a integridade do trabalho pedagógico contra uma especialização imposta e estéril. Lutavam pela consolidação de um projeto educacional que conduzisse a "omnilateralidade", ou seja, um trabalho humano na suas dimensões espirituais e materiais, que levara em consideração a totalidade social, rompendo deste modo com a mera fragmentação implantada pelo trabalho de caráter capitalista. (p. 10)

A ampliação do debate sobre o supervisor se deu sobre sua designação, se supervisor escolar ou educacional, pois até então a categoria vinha usando as duas designações. Após discussões, adota-se a nomenclatura supervisor educacional, por ser mais abrangente e melhor caracterizar a atuação do profissional. Essa designação foi importante, pois assim demonstrou o alcance e a ampliação da função desse profissional, que define sua “posição privilegiando o educativo” (ABDULMASSIH; RODRIGUES, 2002, p. 11).

Segundo Silva Jr. (2008), o crescente movimento nos Encontros Nacionais de Supervisão Educacional, nos anos de 1970 e 1980, que tinha como intuito principal a regulamentação da supervisão como categoria profissional, declinou após o encontro de Recife em 1986. De acordo com o autor a partir deste Encontro “se seguiu um processo de declínio que se tentou reverter sem sucesso já nos anos 90” (p. 228)

Na década de 1990, o neoliberalismo, que privilegia a produtividade, os valores de mercado e os bens de consumo, passa a marcar o contexto educacional. E a educação passa a ser vista como um bem de consumo, com valor de compra de mercado, ao invés de ser tomada como um direito social constituído através de lutas na década de 1980, e firmado na Constituição de 1988, que garante uma educação de qualidade como um direito de todos.

Referências

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