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Modelo de avaliação de ativos intangíveis para instituições de ensino superior privado

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CAMPUS UNIVERSITÁRIO TRINDADE CAIXA POSTAL 476

CEP. 88040-900 FLORIANÓPOLIS SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

OSNI HOSS

M

ODELO DE

A

VALIAÇÃO DE

A

TIVOS

I

NTANGÍVEIS PARA

I

NSTITUIÇÕES DE

E

NSINO

S

UPERIOR

P

RIVADO

Florianópolis 2003

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OSNI HOSS

M

ODELO DE

A

VALIAÇÃO DE

A

TIVOS

I

NTANGÍVEIS PARA

I

NSTITUIÇÕES DE

E

NSINO

S

UPERIOR

P

RIVADO

Tese apresentada ao programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção do departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do Título de Doutor.

Orientador: Álvaro Guillermo Rojas Lezana, Dr.

Florianópolis 2003

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OSNI HOSS

M

ODELO DE

A

VALIAÇÃO DE

A

TIVOS

I

NTANGÍVEIS PARA

I

NSTITUIÇÕES DE

E

NSINO

S

UPERIOR

P

RIVADO

Esta tese foi julgada e aprovada para a

obtenção do grau de Doutor em Engenharia de Produção no Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção da

Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis, 18 de dezembro de 2003.

Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr. Coordenador do Programa

BANCA EXAMINADORA

Prof. Álvaro Guillermo Rojas Lezana, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

Orientador

Prof. Gregório Jean Varvakis Rados, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. João Zaleski Neto, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Jovane Medina Azevedo, Dr.

Universidade Estácio de Sá

Prof. Flávia Regina Czarneski Vieira, Dra.

Universidade Estácio de Sá

(4)

DEDICATÓRIA

A Deus,

pois acredito que ele tenha uma participação importante.

À minha família,

pois contribuíram para a realização deste trabalho.

Aos meus amigos,

poucos em termos quantitativos, mas bastante em termos qualitativos.

Ao orientador,

pela sabedoria na orientação e por sua amizade dispensada.

(5)

AGRADECIMENTOS

Ao orientador

Prof. Álvaro Guillermo Rojas Lezana, Dr. pela excepcional contribuição

(6)

Em contrapartida, solicitamos dos homens, sobretudo em se tratando de uma tão grandiosa restauração do saber e da ciência, que todo aquele que se dispuser a formar ou emitir opiniões a respeito do nosso trabalho , quer partindo de seus próprios recursos, da turba

de autoridades, quer por meio de demonstrações (que adquiriram agora a força

das leis civis), não se disponha a fazê-lo de passagem e de maneira leviana. Mas que, antes, se inteire bem do nosso tema; a seguir, procure acompanhar tudo o que descrevemos e tudo a que recorremos; procure habituar-se à complexidade das coisas, tal como é revelada pela experiência;

procure, enfim, eliminar, com serenidade e paciência, os hábitos pervertidos, já profundamente arraigados na mente. Aí então, tendo começado o pleno domínio de si mesmo, querendo, procure fazer uso de seu próprio juízo.

(7)

RESUMO

HOSS, O. Modelo de Avaliação de Ativos Intangíveis para Instituições de Ensino

Superior Privado. 2003. 170f. Florianópolis. Tese (doutorado em Engenharia de

Produção) Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção, UFSC.

O tema desta tese é avaliação de ativos intangíveis. Tem-se como objetivo avaliar estes ativos em instituições de ensino superior privado, sendo que buscou-se identificar as metodologias e modelos existentes para este fim. Utilizou-se o método dedutivo, o estudo de caso e ainda a pesquisa descritiva como elementos metodológicos. Apresentaram-se noções e conceitos sobre o tema, tais como informação, conhecimento e capital, além de conceitos sobre contabilidade. Apresentou-se ainda, a natureza destes ativos, seu agrupamento, direcionadores, as leis e normas internacionais. Construiu-se o modelo proposto baseado em quatro quadrantes: humano, processos, estrutural e ambiental, com recomendação de observação destes, sob o foco passado-presente e presente-futuro. Recomendou-se também que fossem avaliados, levando-se em conta duas perspectivas: interna e externa. As conclusões apontaram que algumas metodologias e modelos internacionais são falhas pelo fato de basearem-se em duas premissas falsas: que o valor contábil reflete o valor econômico da empresa e que o valor de mercado esteja correto. Constatou-se que o ponto fundamental em processos de avaliação de empresas é o da avaliação do ativos intangíveis. Concluiu-se que o modelo é aplicável e também que a pesquisa é original, não trivial e que apresenta uma contribuição para a ciência.

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ABSTRACT

HOSS, O. Intangible Assets Model to Analys is in Private Colleges. 2003.170f. Florianópolis. Thesis ( Doctoral in Production Engineering ) Post-Graduation Program in Production Engineering, UFSC.

This thesis subject is the analysing of intangible assets. The main objective is to analyse these assets in private colleges. It tried to identify the methodology and the existent models. It used the deductive method, the study case and yet a descriptive research with methodologic elements. It presented the concepts and notions about the subject, such as information, knowledge and equity capital as well as the accountancy ideas. The nature of these assets, their grouping, guidelines, laws and international rules were also presented. It was built in the proposed model based in four quadrants: human, processes, structural and environment, with the recomendation of observing them in the past-present and present-future angle. It recommended to be analysed inside the internal and external perspectives. The conclusions pointed out that some methodologies and international models are flawed due to the fact of basing themselves in two false supossitions: the accounting value reflects the company economic value and that the market value is correct. It found out that the fundamental point in companies evaluation processes is the intangible assets analysis. This concluded that the model is applicable and that the research is not trivial, on the contrary, it is original and presents a contribution for the science.

(9)

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Planejamento estrutural do trabalho ... 26

Figura 02 Planejamento estrutural do anteprojeto ... 27

Figura 03 Estrutura da tese ... 28

Figura 04 Capital intelectual ... 33

Figura 05 Classes de conhecimento... 36

Figura 06 Fluxo de Caixa Livre ... 44

Figura 07 Potencial identificação de ativos intangíveis... 65

Figura 08 Habilidades ou core competences... 67

Figura 09 Identificando valor agregado ... 75

Figura 10 - As quatro perspectivas do BSC... 77

Figura 11 - Navegador Skandia ... 79

Figura 12 - Categorias do capital intelectual... 80

Figura 13 Modelo da Universidade de West Ontario ... 80

Figura 14 Perspectivas sobre ativos intangíveis... 82

Figura 15 - Taxionomia do capital intelectual ... 83

Figura 16 Fórmula do capital intelectual ... 84

Figura 17 Mensuração dos ativos intangíveis em base plana ... 109

Figura 18 Esquema dos ativos intangíveis em perspectiva ... 110

Figura 19 Procedimentos para apuração do valor dos ativos intangíveis... 118

Figura 20 - Esquema para mensuração dos ativos intangíveis ... 122

Figura 21 Demonstrando o valor da empresa ... 123

(10)

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Relação ativo intangível/imobilizado ... 68

Tabela 02 Placar de ativos intangíveis por segmento ... 92

Tabela 03 Comparação entre companhias de topo ... 93

Tabela 04 Fluxo de caixa livre ... 119

Tabela 05 Valor econômico agregado ... 119

Tabela 06 Lucro intangível ajustado ... 120

Tabela 07 Apuração do valor intangível (AVI) ... 120

Tabela 08 Apuração do Coeficiente Intangível (ACI)... 121

Tabela 09 - Taxa de juros a longo prazo ... 125

Tabela 10 - Tempo de estudo das pessoas... 126

Tabela 11 Crescimento na educação superior ... 127

Tabela 12 - Faculdades privadas de Cascavel em 2001 ... 127

Tabela 13 Fluxo de caixa livre ao valor presente (R$ 1.000,00)... 145

Tabela 14 Valor econômico agregado presente (R$ 1.000,00) ... 145

Tabela 15 Lucro intangível ajustado LIA (R$ 1.000,00)... 145

Tabela 16 Análise estatística do LIA... 146

Tabela 17 Apuração do valor intangível AVI (R$ 1.000,00)... 147

Tabela 18 Análise estatística do AVI ... 148

Tabela 19 Apuração do coeficiente intangível do quadrante humano ACI(h)... 150

Tabela 20 Apuração do coeficiente intangível do quadrante processos ACI(p) .. 150

Tabela 21 Apuração do coeficiente intangível do quadrante estrutural ACI(e).... 151

Tabela 22 Apuração do coeficiente intangível do quadrante ambiental ACI(a) ... 152

(11)

Tabela 24 Valor dos ativos intangíveis (R$ 1.000,00) ... 152 Tabela 25 VAI e desvio padrão (R$ 1.000,00)... 153

(12)

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Evolução histórica relacionada aos ativos intangíveis ... 29

Quadro 02 - Valores sociais básicos nas sociedades industrial e do conhecimento 38 Quadro 03 Balanço patrimonial ... 47

Quadro 04 - Ativos intangíveis... 70

Quadro 05 Indicadores de desempenho por Kaplan e Norton... 71

Quadro 06 Variáveis de investimentos em ativos intangíveis... 73

Quadro 07 Variáveis para identificar Ativos Intangíveis... 73

Quadro 08 Variáveis para mensuração valor absoluto do capital intelectual... 74

Quadro 09 Modelos de avaliação de ativos intangíveis... 87

Quadro 10 Modelos de avaliação de empresas ... 89

Quadro 11 Perspectivas e focos para os quadrantes ... 107

Quadro 12 Variáveis quantitativas ... 111

Quadro 13 - Escala de avaliação para variáveis qualitativas... 112

Quadro 14 Variáveis qualitativas para o quadrante humano ... 113

Quadro 15 Variáveis qualitativas para o quadrante processo ... 114

Quadro 16 Variáveis qualitativas para o quadrante estrutural ... 115

Quadro 17 Variáveis qualitativas para o quadrante ambiental ... 116

Quadro 18 Resumo das variáveis qualitativas... 117

Quadro 19 Projeção dos principais indicadores econômicos ... 124

Quadro 20 Demonstrações contábeis ativo (R$ 1.000,00) ... 132

Quadro 21 Demonstrações contábeis passivo (R$ 1.000,00) ... 132

Quadro 22 Demonstração de resultados (R$ 1.000,00) ... 133

(13)

Quadro 24 Variação de receitas e custos... 135

Quadro 25 Contas patrimoniais ... 136

Quadro 26 Variação da estrutura patrimonial ... 136

Quadro 27 Índices liquidez da UniX... 137

Quadro 28 Estrutura de capital e endividamento... 138

Quadro 29 Rentabilidade, necessidade de capital de giro... 139

Quadro 30 Cálculo das condições de perpetuidade (R$ 1.000,00) ... 140

Quadro 31 Fator de insolvência da UNIX ... 141

Quadro 32 - Projeção do ativo (R$ 1.000,00) ... 143

(14)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 Média de crescimento ativos intangíveis 1990-1999... 52

Gráfico 02 - Evolução Estatística do Ensino Superior no Brasil 1962-2001 ... 55

Gráfico 03 Classificação de ativos intangíveis... 66

Gráfico 04 Empresas Orientadas para ativos intangíveis ... 81

Gráfico 05 Crescimento do ensino superior... 126

Gráfico 06 - Média e desvio-padrão do LIA ... 146

Gráfico 07 Média e desvio-padrão do AVI ... 148

Gráfico 08 Correlação entre LIA e AVI ... 149

Gráfico 09 Média e desvio padrão do VAI ... 153

Gráfico 10 Média e desvio-padrão do valor da UNIX... 154

(15)

SUMÁRIO CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ...19 1.1 Contextualização ...20 1.1.1 Definição do tema...21 1.1.2 Apresentação do problema...22 1.2 Objetivos ...22 1.2.1 Objetivo geral ...22 1.2.2 Objetivos específicos...23 1.3 Importância do Trabalho ...23 1.4 Metodologia Usada...24 1.5 Delimitações do Trabalho ...25 1.6 Estrutura do Trabalho ...26 1.6.1 Anteprojeto de Tese ...26 1.6.2 Tese de Doutorado ...27

CAPÍTULO 2 ATIVOS INTANGÍVEIS ...29

2.1 Conhecimento...33

2.1.1 A Sociedade do Conhecimento ...36

2.1.2 Empresas e trabalhadores do conhecimento ...38

2.1.3 A Criação e gestão do conhecimento ...39

2.2 Valoração ...41

2.3 Capital...44

2.4 Algumas conceituações sobre a contabilidade ...46

(16)

2.4.2 A contabilidade e os Ativos Intangíveis ...49

2.5 Instituições de Ensino Superior ...53

2.5.1 Instituições de ensino superior no Brasil ...54

2.5.2 Avaliação das instituições de ensino superior ...59

CAPÍTULO 3 ASPECTOS COMPLEMENTARES SOBRE ATIVOS INTANGÍVEIS.62 3.1 Natureza dos Ativos Intangíveis...64

3.2 O processo de Medição dos Ativos Intangíveis...69

3.3 Direcionadores para Ativos Intangíveis ...71

3.4 Agrupamento dos Ativos Intangíveis ...75

3.5 Como Valorar Ativos Intangíveis...81

3.6 Modelos e Métodos para Avaliação de Ativos Intangíveis ...85

3.7 Relatórios de Ativos Intangíveis ...92

3.8 As Leis e Normas de Procedimentos Contábeis ...96

3.8.1 International Accounting Standards Committee...97

3.8.1.1 Internacional Accounting Standard 38 ...97

3.8.1.2 Internacional Accounting Standard 22 ...99

3.8.2 Financial Accounting Standards Board...100

3.8.2.1 Statement of Financial Accounting Standards Nº 141.101 3.8.2.2 Statement of Financial Accounting Standards 142...102

3.09 Considerações Sobre o Capítulo ...104

CAPÍTULO 4 MODELO PROPOSTO ...106

4.1 Modelo ...106

(17)

4.2.1 Análise e entendimento da IESP ...118

4.2.2 Cálculo do valor dos ativos intangíveis...119

4.2.3 Demonstração do valor da instituição...122

4.3 Considerações sobre o capítulo ...123

CAPÍTULO 5 APLICAÇÃO DO MODELO PROPOSTO...124

5.1 Levantamento de Variáveis Contextuais ...124

5.2 Posicionamento da instituição ...125

5.2.1 Análise micro e macro do ensino superior...125

5.2.1.1 Situação Macro ...125

5.2.1.2 Situação Micro ...127

5.2.2 Apresentação da UNIX ...128

5.3 Analise e entendimento da UNIX...131

5.3.1 Situação econômico-financeira...131

5.3.2 Análise da situação econômico-financeira...133

5.3.3 Fator de insolvência ...139

5.3.4 Parecer ...141

5.3.5 Projeção das demonstrações contábeis ...142

5.4 Calculo do valor dos ativos intangíveis ...144

5.4.1 Calculo do FCL ...144

5.4.2 Calculo do EVA ...145

5.4.3 Calculo do LIA ...145

5.4.4 Calculo do desvio padrão do LIA ...146

5.4.5 Apuração do Valor Intangível (AVI) ...147

(18)

5.4.7 Apuração do valor qualitativo ...149

5.5 Demonstração do Valor da Instituição ...153

5.6 Considerações Sobre o Capítulo ...155

CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...157

REFERÊNCIAS ...161

APÊNDICE A DESCRIÇÃO ESTRUTURAL DA UNIX ...167

APÊNDICE B - INFRA ESTRUTURA TECNOLÓGICA / LABORATÓRIOS ...168

(19)

19

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

No mundo dos negócios, para uma empresa manter-se viva e atingir suas metas, deve estar sensível ao ambiente, ter coesão, identidade, promover a descentralização, construir relacionamento dentro e fora de si mesma e ainda ser capaz de governar seu próprio crescimento e evolução (GEUS, 1999). Para ser capaz de ser governada, a entidade deve construir seu sistema de informações ancorado pela contabilidade, sem esquecer que:

o sistema de informação contábil dentro da empresa deveria ser dimensionado para captar e registrar uma série bastante ampla de informações elementares, que poderiam ser agregadas, classificadas e apresentadas em vários subconjuntos, conforme o interesse particular de cada tipo de usuário. (IUDÍCIBUS, 1993, p. 20)

O autor supramencionado lembra ainda que o sistema deveria gerar relatórios com poder preditivo e vir acompanhado de quadros suplementares, com indicadores e informações históricas de interesse para os diversos usuários, buscando atender a finalidades sociais mais amplas, evidenciando informações importantes à administração e de interesse para a sociedade, construindo ativos intangíveis de valor para as empresas.

A palavra intangível vem do latim tangere, ou tocar. Os bens intangíveis, portanto, são bens que não podem ser tocados porque não têm corpo. Mais formalmente, diz-se que os ativos intangíveis são incorpóreos (corpus=corpo). [...] O fato de que pode ser dado um nome a um ativo intangível geralmente indica que se trata de um ativo identificável. O exemplo mais comum de um ativo intangível não identificável é o goodwill. (HENDRIKSEN; BREDA, 1999, p. 388)

Ativos Intangíveis é o termo empregado para definir o valor da empresa que supera o valor contábil e que tem sua origem fundamental no conhecimento. Sveiby (1998) considera as pessoas como sendo os únicos verdadeiros agentes na empresa. Edvinsson e Malone (1998) utilizam o termo goodwill como sendo o resultado das

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pessoas em uma organização que com seus esforços direcionados para dentro da empresa, criam uma estrutura interna de conhecimento. Na concepção de Williams, Stanga e Holder (1989), goodwill é a capacidade de uma empresa produzir lucros acima do normal.

Têm-se inúmeros termos aplicáveis aos ativos típicos da era conhecimento tais como ativos invisíveis, incorpóreos, capital intelectual, humano, estrutural, goodwill, super-lucros. Na presente pesquisa, utilizar-se-á a nomenclatura ativos intangíveis.

1.1 Contextualização

Os seres humanos vivem em universos diferenciados, tais como o fisiológico, o ético, o mundo público da cultura e da organização social e das ciências e o das próprias experiências, ou empírico. Csillag (1995) afirma que desde a década de 1960 se discutem ferramentas relacionadas ao valor, tais como análise e engenharia ou gerenciamento de valor, para identificar e resolver problemas gerenciais. Já Copeland, Koller e Murrin (2002, p.1) afirmam que sua obra trata de como avaliar empresas e utilizar as informações sobre o valor para tomar melhores decisões empresariais e continuam os autores a afirmar que subjacente a isto está a crença básica no fato de que os administradores que se concentrarem na construção de valor para o acionista criarão empresas mais saudáveis do que os que não o fizerem.

Como afirmam Beuren e Igarashi (2002), os ativos intangíveis, apesar de desempenharem papel importante no desenvolvimento da maioria das organizações, normalmente não estão evidenciados nas demonstrações contábeis devido à dificuldade de sua mensuração. É neste contexto que se pretende construir o modelo de avaliação de ativos intangíveis para instituições de ensino superior privado.

(21)

21

1.1.1 Definição do tema

Ainda segundo Beuren e Igarashi (2002), nas duas últimas décadas, as empresas se concentram em dois tipos diferentes de pensamento e atividade: as finanças corporativas e a estratégia corporativa. As finanças corporativas não são mais domínio exclusivo dos financistas e as estratégias corporativas não são mais um reino separado, governado pelos altos executivos. As empresas se tornam agentes cada vez mais ativos no mercado de fusões, aquisições e operações acessórias, tais como reestruturações, recompra de ações com financiamento e investimentos inseparáveis, onde um alto valor por ação pode atrair talentos que fazem resultado, como afirmam Copeland, Koller e Murrin (2002) o aumento da importância dos acionistas na maioria dos países desenvolvidos, levou um número crescente de administradores a concentrar-se na criação de valor para as empresas.

Esta realidade apresentada configura um desafio para as empresas e até mesmo uma necessidade de gerenciar o valor e concentrar-se mais do que nunca no valor que está sendo criado.

Uma pesquisa feita por Lev (2001) mostra que as empresas que mais demandam conhecimento e tecnologia, apresentam maior concentração de ativo intangível em sua configuração patrimonial.

As Instituições de Ensino Superior Privado (IESP) são sistemas sociais que têm como propósito de ofertar o ensino de terceiro grau. São organizações que prestam serviços educacionais. As instituições educacionais de ensino superior privado são negócios: buscam seus alunos, com expectativas de construírem conhecimento, utilizando-se de processos de ensino-aprendizagem.

(22)

22

Assim sendo, tem-se como tema definido para o presente trabalho: Avaliação

de Ativos Intangíveis para Instituições de Ensino Superior Privado.

1.1.2 Apresentação do problema

Empresas frutificam quando criam valor econômico real para seus acionistas. Para que isto ocorra, investem riquezas com o intuito de obter taxas de retorno que excedam ao custo de seu capital. Para se avaliar retorno sobre capital, mister se faz, considerar os intangíveis que apresentam alto valor nas empresas, como pode ser observado no estudo feito por Lev (2001) evidenciando que em 70 anos, os intangíveis subiram de 30% para 63% do valor das 500 maiores empresas dos Estados Unidos.

Pesquisa tal qual a construída por Lev (2001), evidencia a importância de se construir ferramentas e de se buscar mecanismos para determinar o valor destes ativos.

Assim sendo, o problema levantado para o presente trabalho: é possível

construir um instrumento para quantificar ativos intangíveis para Instituições de Ensino Superior Privado?

Decorrente da formulação do problema, bem como do contexto apresentado, tem-se como hipótese central: é possível desenvolver um modelo de Avaliação de

Ativos Intangíveis para Instituições de Ensino Superior Privado.

1.2 Objetivos

Diante do exposto nos parágrafos precedentes, evidenciado o tema e o problema, propõe-se realizar a pesquisa no campo de valoração de ativos intangíveis.

1.2.1 Objetivo geral

Elaborar um modelo de Avaliação de Ativos Intangíveis para Instituições de Ensino Superior Privado.

(23)

23

1.2.2 Objetivos específicos

São objetivos específicos da pesquisa:

a) identificar ferramental, modelos e metodologias de avaliação de ativos intangíveis;

b) apresentar referencial teórico e as normas legais pertinentes à avaliação de ativos intangíveis;

c) aplicar o modelo desenvolvido.

1.3 Importância do Trabalho

O mundo em suas transformações trava uma batalha pela propriedade da informação mais do que qualquer outro recurso, onde

a maior parte do valor real de uma empresa consiste em ativos indiretos, conhecimento organizacional, satisfação do cliente, inovação do produto, disposição dos empregados, trabalho de equipe, marketing, aprendizado contínuo, patentes e marcas registradas que nunca aparecem em seus Demonstrativos Contábeis. (RAUPP, 2001b, p. 67)

Isto demonstra um lapso na informação gerada pela contabilidade, uma vez que não retrata uma parte fundamental do patrimônio das entidades.

Na seqüência de seu artigo, a autora afirma ainda que o Balanço Patrimonial carece de maiores informações sobre o passado, as tradições e a filosofia da empresa, não dizendo quanto valem fatores como os elencados acima e que o sucesso das organizações está em reconhecer e maximizar o potencial de tais ativos na geração de lucros e, ainda, que o desafio é medir e demonstrar esses valores. Como afirmam Brynjolfsson et. al. (2001), a presença dos ativos intangíveis pode ser observada de duas maneiras: da valoração pelo mercado ou resultante de ações internas.

Quanto ao aspecto legal, a lei 6404/76 foi bastante tradicionalista ao abordar o problema da avaliação dos ativos corpóreos, porém na avaliação dos demais

(24)

24

investimentos, a Lei foi inexata, pois, [...] de qualquer forma a redação da Lei deveria ter sido mais cuidadosa (IUDÍCIBUS, 1993, p. 288-289). Salienta ainda o autor que se trata de assunto complexo, merecendo, portanto, um estudo mais aprofundado.

Diante do exposto, percebe-se alguns autores consultados, ainda não abordam com profundidade a avaliação dos ativos intangíveis, como pode ser verificado em Neiva (1997) que apresenta aspectos teóricos sobre a avaliação de empresas, fatores específicos de avaliação, além de vários modelos de avaliação de empresas. Assim também fazem Martins et al. (2001, p.122), na obra sobre avaliação de empresas, assinam o atestado de superficialidade sobre o goodwill, quando afirmam que o

goodwill pode ser considerado como o resíduo existente entre a soma dos itens

patrimoniais mensurados individualmente e o valor global da empresa.

Conclui-se, pela importância do tema e pela sua atualidade, uma vez que não se pode deixar de gerenciar o maior valor das empresas, como é o caso dos ativos intangíveis.

1.4 Metodologia Usada

Demo (1994) enfatiza que a pesquisa constitui marca distintiva do ensino superior, sendo sinal vital da instituição universitária e sua capacidade de alimentar e renovar a produção científica própria. Sem esse aspecto nada se consegue além de ensinar a copiar.

Iudícibus (1993) salienta que em contabilidade o raciocínio dedutivo é o processo de iniciar com os objetivos e postulados e derivar em princípios lógicos que provêem as bases para as aplicações práticas e concretas, lembrando, porém, que, neste tipo de raciocínio, se os postulados e premissas forem falsos, as conclusões também o serão. Utilizou-se método dedutivo para realização da pesquisa, pois partiu-se da

(25)

25

literatura global existente, para extrair-se as conclusões e considerações, (MARCONI; LAKATOS, 2003), caracterizando-se assim também como pesquisa bibliográfica.

A presente pesquisa ainda, utilizou-se do processo de raciocínio indutivo que consiste em obter conclusões generalizantes, a partir de observações e mensurações parciais detalhadas, buscando observar uma série de dados que permitam algumas generalizações. (IUDÍCIBUS, 1993)

A pesquisa utilizou-se ainda do levantamento de informações que tem como objetivo, analisar criticamente o sentido das informações levantadas, tanto manifesto como latente, bem como seus significados explícitos e implícitos. (CHIZZOTTI, 1995)

Classifica-se ainda a pesquisa como descritiva, pois descreve variáveis quantitativas e qualitativas, estabelecendo relações entre si (Gil,1987).

A pesquisa utilizou ainda o método de estudo de caso que tem por premissa, que um caso estudado com profundidade, pode ser considerado representativo de muitos outros, motivo pelo qual no capítulo cinco procede-se a aplicação do modelo proposto. (MARCONI; LAKATOS, 2003)

1.5 Delimitações do Trabalho

A pesquisa tem como objetivo construir um modelo de avaliação de ativos intangíveis para Instituições de Ensino Superior Privado, deixando de abordar peculiaridades inerentes aos diversos segmentos e atividades econômicas. Não se pretende questionar os métodos de avaliação de empresa no que se refere aos ativos tangíveis.

Não se pretende também questionar a utilização de informações por gerentes e administradores, mas sim produzir um modelo de Avaliação de Ativos Intangíveis para Instituições de Ensino Superior Privado que possa ser útil na geração de informações.

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26

Não foram considerados todos os fatores internos e externos que interferem na organização, mas sim enfocar os ativos intangíveis. Não se busca ainda produzir uma nova estratégia ou técnica de gestão, mas produzir uma ferramenta que quantifique os ativos intangíveis, produzindo assim informação para a sociedade do conhecimento.

1.6 Estrutura do Trabalho

O primeiro passo do trabalho proposto foi a pesquisa preliminar a fim de nortear o processo e a busca da verdade científica, como ilustrado na figura 01:

Figura 01 Planejamento estrutural do trabalho

1.6.1 Anteprojeto de Tese

No anteprojeto de tese, apresentaram-se os aspectos introdutórios relativos à pesquisa, tais como o tema, a hipótese central, os objetivos, bem como os conceitos relativos aos ativos intangíveis, além do ferramental, modelos e metodologias disponíveis para Avaliação de Ativos Intangíveis em Instituições de Ensino Superior Privado. Ainda, apresentaram-se as considerações sobre a proposta de anteprojeto e sobre o tema abordado, como pode ser visualizado na figura 02.

Pesquisa Preliminar Anteprojeto de Tese Tese de Doutorado

(27)

27

Figura 02 Planejamento estrutural do anteprojeto

1.6.2 Tese de Doutorado

A tese de doutorado está construída da seguinte maneira, como pode ser visualizado na figura 03. 5 Considerações Finais 4 Transposição da Hipótese Central da Pesquisa 3 Levanta-mento das Metodologias existentes 2 Noções e conceitos preliminares 1 Introdução

Anteprojeto da Pesquisa

(28)

28

Figura 03 Estrutura da tese

No capítulo 1, apresentaram-se os aspectos introdutórios relativos à pesquisa sobre ativos intangíveis, o tema, a hipótese central e objetivos, assim como a delimitação do tema.

No capítulo 2, fundamentam-se os ativos intangíveis e conceitos preliminares, buscando-se apresentar parte do referencial teórico básico sobre o tema.

No capítulo 3, apresentam-se aspectos complementares aos ativos intangíveis, tais como a natureza, direcionadores, processo de medição e agrupamento. Apresentam-se modelos e métodos de avaliação de ativos intangíveis, além das normas internacionais de contabilidade que tratam sobre o tema.

O capítulo 4 apresenta a construção do modelo de Avaliação de Ativos Intangíveis para Instituições de Ensino Superior Privado, bem como os procedimentos para se aplicá-lo.

O capítulo 5 apresenta a aplicação e considerações do modelo de Avaliação de Ativos Intangíveis para Instituições de Ensino Superior Privado. Apresenta ainda a instituição objeto da avaliação.

No capítulo 6 apresentam-se conclusões do trabalho, além das recomendações para pesquisas futuras.

Tese Capítulo 1 Introdução Capítulo 2 Ativos Intangíveis Capítulo 5 Aplicação Capítulo 4 Modelo Capítulo 3 Aspectos Complementares Capítulo 6 Conclusão

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29

CAPÍTULO 2 ATIVOS INTANGÍVEIS

Desde os tempos dos grandes filósofos como Platão e Sócrates se discute a utilização e concepção do conhecimento, com a necessidade de melhor aproveitar os recursos intelectuais e a fim de competir de forma globalizada, além de aproveitar os recursos tecnológicos, tais como as redes de processamento de dados e a internet.

Para evidenciar a evolução histórica dos ativos intangíveis de forma longitudinal, apresenta-se o quadro 01, onde o primeiro registro que se tem registro é do século XVI, referindo-se à avaliação da terra.

Quadro 01 Evolução histórica relacionada aos ativos intangíveis

Ano Autor Evento e significado

1571 Decisões judiciais Primeiro registro que se tem da sua utilização refere-se à

avaliação da terra

1884 William Harris Referia-se ao crescimento dos ativos intangíveis

1888 J. H. Bourne Referindo-se ao aspecto conceitual

1891 Francis More Relacionava-se à avaliação do goodwill

1897 Lawrence R. Dicksee Enfoque no tratamento contábil do goodwill

1898 Edwin Guthrie Forma de apurar o lucro considerando o goodwill

1902 E. A. Browne Mostra como registrar o goodwill em contrapartida ao da

conta capital

1909 Henry R. Hatfield Mostra que o goodwill dependia dos superlucros das entidades

1914 Percy Dew Leake Tratamento contábil do goodwill

1927 J.M. Yang Retrospectiva histórica do goodwill

1929 John B Canning Importância do goodwill e seu tratamento contábil

1936 Gabriel A.D. Preinreich Decisões judiciais e tendências no campo do goodwill

1937 James C. Bonbright Discorre sobre a natureza do goodwill

1945 Walter A. Staub Descreve a natureza dos ativos intangíveis e o tratamento

contábil

1946 Roy B. Kester Tratando o goodwill latente como o excesso de ganhos

1952 W. A. Paton e Paton Jr. Natureza do goodwill

1953 George T. Walker Goodwill como a capacidade de ganhos acima do normal

1963 Maurice Moonitz Problema que envolve mensuração do goodwill

1963 Arthur R. Wyatt Tratamento contábil do goodwill na fusão e associação de

empresas

1963 J. E. Sands Custo de oportunidade sobre a riqueza futura

1966 Raymond J. Chambers Mostra que o goodwill é um ativo do acionista

1966 Bryan V. Carsberg Estudo histórico sobre o goodwill

1968 Catlet e Olson Estudo da contabilidade do goodwill

1971 Dean S. Eiteman Problemas críticos para a contabilidade do goodwill

1972 Eliseu Martins Contribuição à avaliação dos ativos intangíveis

1982 Richard D Irwin Hipótese eficiente de mercado para análise de investimento e

de portfólio é definida em Cohen, em Zinbarg e em Zeikel

1975 Levine N. Sumner Análise financeira e de Portfólio

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30

Ano Autor Evento e significado

1986 Karl E. Sveiby Consultor sueco, publica O conhecimento empresarial sobre a

gestão de ativos intangíveis.

Abril 1986 David Teece Artigo lucrando com a inovação tecnológica

1988 Karl E. Sveiby Novo relatório annual

1989 Karl E. Sveiby O balanço invisível

Verão1989 Patrick Sullivan Inicia pesquisa sobre comercialização de inovação.

1990 Peter Senge Publica o livro A quinta disciplina A arte e a prática das

organizações que apreendem Outono

1990

Revista Fortune O termo capital intelectual (CI) é cunhado na presença de

Thomas Stewart, membro do conselho de editores da revista Fortune e um dos pioneiros na pesquisa do CI.

Janeiro 1991

Stewart Stewart publica um breve artigo, intitulado Brainpower, na

revista Fortune. Primavera

1991

Sullivan e Stewart Comunicam-se por teleconferência e discutem o tema extração

de valor. Setembro

1991

A Skandia AFS Uma seguradora sueca, cria o primeiro cargo corporativo com

responsabilidade sobre CI, designando Leif Edvinsson para vice presidente.

Primavera 1992

Stewart publica um artigo mais longo, Brainpower , na revista Fortune.

Verão 1992

Stewart; Edvinsson. Stewart encontra-se com Edvinsson.

Outono 1992

Sullivan; Edvinsson. Sullivan encontra-se com Edvinsson.

1993 W.J. Hudson Llivro Capital intelectual: como construir, destacar e usá-lo

Primavera 1993

Edvinsson; Sullivan Edvinsson visita Sullivan em Berkeley

Outono 1993

Sullivan; Gordon Petrash Sullivan encontra-se com Gordon Petrash, Diretor de Capital

Intelectual/Gestão do Conhecimento da Dow. Janeiro

1994

Stewart; Sullivan Stewart entrevista Sullivan visando um próximo artigo sobre "medição do CI".

Outubro 1994

Stewart Stewart é o autor da matéria de capa da Fortune, Intellectual

Capital. Novembro

1994

Sullivan; Petrash;

Edvinsson

Sullivan, Petrash e Edvinsson decidem promover o Encontro de Gestores de CI, convidando empresas como Dow Chemical, Du Pont, Hewlett-Packard, Hughes Space and Communications, Hoffman LaRoche e Skandia.

1995 Dorothy Leonard Dorothy Leonard publica o livro Impulsionadores do

conhecimento, consturindo e sustentando as fontes da inovação

1995 I. Nonaka; H. Takeuchi I. Nonaka e H. Takeuchi publicam o livro As empresas

criadoras do conhecimento, como empresas japonesas criam empresas dinâmicas de invovação

Maio 1995 A Skandia A Skandia leva a público seu primeiro relatório sobre CI.

1996 A. Brooking A. Brooking publica o livro Capital Intelectual: Ativos centrais

para o terceiro milênio Abril 1996 Securities and Exchange

Commission

Simpósio da Comissão de Valores Mobiliários americana sobre medição de ativos intelectuais/ intangíveis.

Setembro 1996

Sullivan e Parr Sullivan e Parr publicam Estratégias para Licenças

Outubro 1996

Baruch Lev Baruch Lev, professor de Contabilidade e Finanças, cria o

Projeto de Pesquisa de Intangíveis, na New York University. Março

1997

Edvinsson e M. Malone Edvinsson e M. Malone, publicam o livro Capital Intelectual: O verdadeiro valor das empresas encontrado no poder da mente

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Ano Autor Evento e significado

Abril 1997 Stewart Stewart publica o livro Capital Intelletual: a nova riqueza das

organizações

1997 Sveiby Sveiby publica o livro A nova riqueza organizacional:

controlando e medindo recursos baseados no conhecimento

1998 Sullivan Sullivan publica o livro Lucros do capital intelectual, extraindo

valor da inovação

1998 T. Davenport e L. Prusak T. Davenport e L. Prusak publicam o livro Trabalhando o

Conhecimento, como empresas gerenciam seu conhecimento

2000 Gordon, V. Smith; Russel,

L. Parr

Publicam o livro Avaliação do capital intelectual, propriedades e ativos intangíveisaluation of Intellectual

2001 Baruch Lev Scoreboard que apresenta uma matriz com indicadores não

financeiros aliado a lucros ajustados

Fonte: Adaptado de Schmidt e Santos (2002, p. 39-42); Sulivan (1998)

Segundo Júlio (1999, p. 77), "está certo que a tecnologia venha facilitando o caminho rumo a uma sociedade mais informada, na qual o conhecimento é a principal ferramenta competitiva". Conforme apresenta Stewart (1997), o capital humano é onde se iniciam todas as escadas: a fonte de inovações, lembrando que o dinheiro fala, mas não pensa e que as máquinas trabalham, muitas vezes muito melhor do que qualquer ser humano poderia trabalhar, mas não criam. De acordo com Crawford (1994), o crescimento no nível de empregos esteve associado ao desenvolvimento da economia do conhecimento, destas mudanças derivam conseqüências a toda a sociedade.

Cabe apresentar algumas variáveis que justifiquem as considerações, tais como a evolução econômica com a emergência da economia do conhecimento, assim como as mudanças sócio-econômicas decorrentes desta nova economia e o mecanismo de avaliação de ativos intangíveis pelas organizações. Crawford (1994) diz que durante a revolução industrial, as máquinas substituíram a força física. Na economia do conhecimento, as máquinas complementam a capacidade mental do ser humano, devolvendo ao homem a sua importância ao processo produtivo retirado quando foram substituídos os trabalhadores por máquinas devido ao grande volume de trabalho pesado.

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32

os donos do capital financeiro, pois, como complementa Srour (1998), não foram as inovações técnicas que criaram o capitalismo, mas o capital investido nas manufaturas, desenvolvendo o processo produtivo e criando o capitalismo industrial. Nesta nova economia, não basta ter o capital financeiro se não dominar o conhecimento do processo produtivo. Esta revolução permitiu ampliar fortemente a base social da apropriação dos excedentes. Crawford (1994) diz que o processo começou nos Estados Unidos na década de 1970 e as variáveis críticas fundamentais são a informação e o conhecimento. Percebe-se ser um processo que vem em franca evolução e sendo tratado com variâncias, dependendo do grau de evolução da economia, e que se disseminou tanto nos Estados Unidos como no resto dos países industrializados do mundo.

A globalização da economia está exercendo pressões sobre empresas em termos da necessidade de flexibilização, inovação, além da conscientização do valor do conhecimento especializado, encravado em processos e rotinas organizacionais. Para se lidar com as pressões da globalização, recomenda-se dar a devida importância aos ativos do conhecimento, como um fator de produção distinto e agregador de valor para as empresas. (KLEIN,1998)

De acordo com Stewart (1998), o capital intelectual é a soma dos conhecimentos de todos nas organizações, pois proporciona vantagem competitiva e para Srour (1998), o trabalho mental agrega valor e, portanto, gera excedentes e sobre-produto e que o capital intelectual é de certa forma intangível, mas cabe às empresas buscarem extrair o melhor dos intelectos de seu grupo organizacional a fim de lhe trazer oportunidades neste mercado competitivo e globalizado. Pode-se visualizar o capital intelectual na figura 04.

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Figura 04 Capital intelectual

Fonte: (EDVINSON; MALONE, 1998, p. 28)

O investimento na busca de inovação é imprescindível, não somente na inovação de produtos e processos, como a inovação em tecnologia e reformulação da estrutura organizacional. Fumio Kodama, professor de política da inovação da Saitama University, no Japão, citado por Stewart (1998), afirma que quando a pesquisa e desenvolvimento começarem a ultrapassar os investimentos de capital, pode-se dizer que a empresa está deixando de ser um local onde se produz para se transformar em local onde se pensa.

Diante do exposto, apresenta-se neste capítulo os aspectos relacionados com os ativos intangíveis que são o conhecimento, a avaliação, bem como definição de capital e de algumas conceituações sobre a contabilidade.

2.1 Conhecimento

A informação serve como matéria-prima para a economia da era do conhecimento. Com isto, um número maior de trabalhadores está deixando de lidar com

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máquinas para gerir as informações relacionadas aos fatores de produção. A sua gestão eficaz, pode agregar valor às organizações. (DAVENPORT; PRUSAK, 1999).

Para se entender o que é informação, mister se faz esclarecer o conceito de dados que para Davenport e Prusak (1999) são um conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a eventos, são descritos como registros estruturados de transações, demonstrando que dados por si só são de pouca relevância nas organizações.

Informação é uma mensagem, geralmente na forma de um documento ou uma comunicação audível ou visível que tem por finalidade mudar o modo como o destinatário vê algo, exercendo algum impacto sobre seu julgamento e comportamento. Crawford (1994, p.128) coloca que "Empreendedores não são tomadores de decisão de risco, mas descobridores de oportunidades" e diz que os empreendedores trabalham em negócios, ancorados em um sistema de informação.

Um sistema de informação apresenta uma série de componentes inter-relacionados, buscando coletar, recuperar, processar, armazenar e distribuir informação com a finalidade de facilitar a administração. Os sistemas de informação transformam informação e a canalizam, ajudando empregados ou gerentes a tomarem decisões (LAUDON; LAUDON, 1999).

O valor estratégico da informação é o combustível necessário para as empresas alavancarem vantagens competitivas. A informação é a matéria-prima para o conhecimento, é uma notícia ou inteligência transmitida oralmente ou pela escrita. A capacidade de aplicar a informação em um trabalho ou resultado específico, é tarefa para qual os seres humanos são capazes, através de seu cérebro ou de suas habilidosas mãos. A informação torna-se inútil sem o conhecimento do ser humano para aplicá-la produtivamente.

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intelectual precisa-se compreender seu significado. Para Bacon (1979, p. XIV) o saber natural deveria ser concebido como saber ativo e fecundo em resultados práticos .

A teoria do conhecimento ou epistemologia, em grego - tem sua origem na palavra epísteme, que significa verdade absolutamente correta. `

Assim como Aristóteles diferia de Platão, Locke difere de Descartes. Platão e Descartes afastam a experiência sensível ou o conhecimento sensível do conhecimento verdadeiro, que é puramente intelectual. Aristóteles e Locke consideram que o conhecimento se realiza por graus contínuos, partindo da sensação até chegar às idéias. (CHAUÍ,1995, p.117)

Esta diferença de perspectiva estabelece as duas grandes orientações da teoria do conhecimento:

a) racionalismo; b) empirismo.

O racionalismo afirma que o conhecimento é obtido por dedução, através do raciocínio, recorrendo-se a construções mentais de conceitos, leis e teorias; enquanto que o empirismo, afirma que o conhecimento é obtido por indução, a partir de experiências sensoriais específicas. Para Maturana e Varela (1995), todo conhecimento só pode ser compreendido enquanto limitado e aproximado, dependente de um contexto e de um observador; a vida, enquanto teia dinâmica de relações não pode ser completa e definitivamente conhecida. Já Crawford (1994), define o conhecimento como sendo fatos, verdades ou princípios adquiridos a partir de estudo ou investigação.

O conhecimento humano pode ser dividido em duas classes: conhecimento explícito e tácito. Entende-se por conhecimento explícito o conhecimento que pode ser articulado na linguagem formal, em afirmações gramaticais, expressões matemáticas, especificações, manuais e assim por diante. Enquanto que o conhecimento tácito é incorporado à experiência individual e envolve fatores intangíveis como, crenças,

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36

sistemas de valores, perspectivas e emoções (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Este novo fator de produção, que são os ativos do conhecimento, apresentado na figura 05, mostra a organização do conhecimento cercada do capital de clientes, do capital organizacional e do conhecimento, subdividido em conhecimento explícito e tácito, já discutidos desde a época dos grandes filósofos como Aristóteles e Platão.

Figura 05 Classes de conhecimento

Organização do Conhecimento Capital Humano Capital Organizacional Capital de Clientes Clientes Fornecedores Marcas

Imagens Adm inistrativosSistemas

Cultura Organizacional Sistemas Computacionais Patentes Conhecimento Tácito Conhecimento Explícito Fonte : (SANTOS, 2000, p.10)

Para gerentes de organizações, o conhecimento prático é muito importante, mas difícil de expressar em palavras. Trata-se de um conhecimento tácito. Aliás, todo o conhecimento possui uma dimensão tácita.

2.1.1 A Sociedade do Conhecimento

A sociedade do conhecimento, como salienta Crawford (1994), apresenta algumas mudanças que refletem a migração de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento :

a. a automação do trabalho, incrementando com a automação uma vasta gama de atividades de serviços; um crescimento generalizado na indústria de

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serviços, particularmente na saúde, educação, produção de software e entretenimento;

b. redução do tamanho das grandes empresas tanto de manufatura quanto de serviços, devido ao maior estímulo ao espírito empreendedor;

c. uma mudança na força de trabalho, com um crescimento acentuado da participação das mulheres;

d. transformações demográficas substanciais causadas pela queda na taxa de nascimento e uma população mais velha;

e. substituição do centro geográfico da economia, antes centrada em matérias-primas e bens de capital para se concentrar em informações e conhecimentos, particularmente pesquisa e educação.

A velocidade das transformações é de certa forma, extraordinária e pode auxiliar a minimizar as diferenças globais a partir do momento em que as informações estão sendo divulgadas de forma mais rápida e precisa.

A cadeia de valor da sociedade estará em reformulação decorrente não somente das questões apresentadas, como também de suas variâncias e demais áreas que compõem todo o modelo social, como mostrado no quadro 02.

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Quadro 02 - Valores sociais básicos nas sociedades industrial e do conhecimento

Sociedade Industrial Sociedade do Conhecimento

Hierarquia Igualdade

Conformidade Individualidade e criatividade

Padronização Diversidade

Centralização Descentralização

Eficiência Eficácia

Especialização Generalização, interdisciplina,

Holismo

Maximização da riqueza material Qualidade de vida, conservação dos recursos materiais

Ênfase no conteúdo quantitativo Ênfase na qualidade do resultado

Segurança Auto-expressão e auto-realização

Fonte: (CRAWFORD, 1994, p. 88)

Extremamente importantes na sustentação da longa fase de prosperidade americana foram os investimentos não mensurados na acumulação de capital humano e de capital organizacional. Essas formas de capital intelectual são a maior fonte de riqueza dos indivíduos, das empresas e dos países na sociedade pós-industrial. As inovações tecnológicas resultam da acumulação de conhecimento pelos indivíduos, e sua aplicação prática resulta da acumulação de técnicas e processos pelas empresas. (GUEDES, 2000, p.41)

As organizações estão comprometidas de alguma forma na administração de conhecimento, conhecendo este fato ou não. Acontece toda vez que um empregado alimenta uma informação em um banco de dados ou extrai informação.

2.1.2 Empresas e trabalhadores do conhecimento

Empresas de grande porte como a Microsoft e a Toyota, não se tornaram grandes empresas por serem mais ricas do que a Sears, a IBM e a General Motors, mas sim porque tinham algo muito mais valioso do que ativos físicos ou financeiros, seu capital intelectual, o que ressalta a importância deste elemento como fator de geração de competitividade, onde organizações recém-criadas podem competir com organizações já estruturadas no mercado. (STEWART, 1998)

Atualmente, as empresas diferem das da era industrial por valorizarem o conhecimento de seus trabalhadores, daí serem, muitas vezes, identificadas como empresas do conhecimento. Empregados das empresas do conhecimento são

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profissionais qualificados e cujo trabalho consiste, em grande parte, em converter informação em conhecimento.

Outra observação digna de nota é relativa ao aumento do conhecimento gerar uma série de novos questionamentos, que aumenta exponencialmente com o conhecimento acumulado. (BARROSO; GOMES, 1999)

Crawford (1994), apresentou quatro tipos básicos de empresas:

a) capital intensivo, empresas altamente automatizadas, que são encontradas principalmente na manufatura, infra-estrutura básica e indústrias de recursos naturais;

b) manufatura baseada em mão-de-obra intensiva, com nichos de mercado protegidos, como, por exemplo, as empresas de processamento de comida; c) negócios com serviços rotineiros ou com conhecimento não intensivo que

utilizam um alto grau de automação, e;

d) serviços especializados baseados em alto nível de conhecimento, que se tornarão cada vez mais em organizações dominantes na economia.

Estas organizações serão encontradas numa variedade de setores, incluindo serviços financeiros, de saúde, empresas de software, empresas de pesquisa científica e de entretenimento.

2.1.3 A Criação e gestão do conhecimento

Nonaka e Takeuchi (1997) sugerem que o conhecimento é criado por uma interação entre o conhecimento explícito - o conhecimento da mente, que é objetivo, teórico e digital - e o conhecimento tácito, o conhecimento do corpo, que é subjetivo, prático e análogo.

A transferência do conhecimento pode se dar de duas maneiras: pela informação ou tradição. A informação é um tipo de comunicação que se emprega quando se fala ou

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se escreve, utilizando a linguagem para articular alguns conceitos tácitos, na tentativa de transferi-los a outras pessoas. É ideal para transmitir o conhecimento explícito, sendo rápida, segura e independente de sua origem. É a que se tem em aulas, palestras, audiovisuais. Enquanto que a transferência de conhecimento pela tradição se dá em conversas informais e de forma não estruturada.

Davenport e Prusak (1999, p.176) afirmam que grande parte da energia devotada à gestão do conhecimento foi dirigida para a tentativa de tratar o conhecimento como uma entidade independente das pessoas que o criam. Dividem o conhecimento em três tipos básicos:

a) conhecimento externo, como é o caso da inteligência competitiva;

b) conhecimento interno estruturado, que é o caso de relatórios de pesquisa, materiais e métodos de marketing orientados para produtos;

c) conhecimento interno informal, como bancos de dados de discussão repletos de know-how e lições aprendidas.

O conhecimento estruturado e sistematizado é uma forma de geração e agregação de valor para as organizações da era do conhecimento. Stewart (1998) apresenta que o diferencial de salário prova o crescente papel do conhecimento na criação de valor e riqueza. É mais provável que uma força de trabalho inteligente execute um trabalho totalmente diferente, com maior conteúdo de conhecimento e valor.

Edvinsson e Malone (1998) acreditam que existe a necessidade de se encarar a contabilidade de outra forma, que avalie o ímpeto de uma empresa em termos de posição de mercado, lealdade dos clientes, e não simplesmente, atribuir valor a estes parâmetros dinâmicos, que distorcem o valor de uma empresa.

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2.2 Valoração

Sá e Sá (1995) afirmam que os valores dos componentes patrimoniais resultam do seu custo, que no seu estado puro de origem está expresso pela formação jurídica do capital social. Afirmam ainda que um problema de valorar em contabilidade é que não se tem a mesma importância e dimensão do que na economia.

Na economia, a mais simples relação de valor é a que estabelece entre uma mercadoria e qualquer outra mercadoria de espécie diferente e que duas coisas diferentes só se tornam comparáveis depois de sua conversão a uma mesma coisa. As mercadorias se tornam comensuráveis por intermédio da mesma mercadoria específica, onde a fórmula geral do capital é D M D, dinheiro mercadoria dinheiro (MARX, 1998).

Para Soros (1996), a teoria econômica é construída como a lógica ou a matemática: está baseada em certos postulados, e todas as suas conclusões são derivadas deles por manipulação lógica, onde um ponto de equilíbrio buscado é alcançado quando cada firma produz um nível em que seu custo marginal se iguala ao preço de mercado e cada consumidor compra uma quantidade cuja utilidade marginal se iguala ao preço de mercado. Esta análise mostra que a posição de equilíbrio maximiza o benefício para todos os participantes, contanto que nenhum comprador ou vendedor individual possa influir nos preços de mercado.

Enquanto que Csillag (1995) apresenta outros tipos de valores:

a) valor de custo - como sendo o total de recursos, medido em dinheiro, necessário pra produzir ou obter um bem;

b) valor de uso, como a medida monetária das propriedades, características ou atratividades que tornam desejável sua posse;

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de um item que possibilitam sua troca por outra coisa.

Segundo Sá e Sá (1995), ocorrem influências na dinâmica do patrimônio, ativas e passivas, pressões econômicas, que interferem na criação de valor. Neiva (1997) diz que dentre as concepções de valor da empresa, destacam-se as seguintes:

a) valor patrimonial, que é o valor da empresa, determinado pelo somatório dos bens que constituem o patrimônio da empresa;

b) valor econômico, como sendo o valor da empresa que decorre do potencial de resultados futuros.

Ainda segundo Sá e Sá (1995), o valor como algo abstrato pode ser considerado como a expressão usada para significar quantitativamente os bens de natureza intangível. Já para Porter (1989), o sistema de valores é envolvido pela vantagem competitiva e toda a série de atividades de criação e uso de produtos.

Os modelos de avaliação que objetivam valorar empresas, devem considerar as estratégias, o conhecimento das organizações e estabelecer um processo de implementação evolutivo e flexível (COPELAND; KOLLER; MURRIN, 2002). Os autores apresentam ainda como princípios fundamentais da criação de valor cinco lições:

a) no mercado real, a criação de valor acontece quando o retorno sobre o capital investido for superior ao custo de oportunidade do capital;

b) quanto mais se investir em retornos superiores mais se cria capital, ou seja, crescimento com margem superior ao custo do capital próprio;

c) fazer escolhas que maximizem o valor presente dos fluxos de caixa previstos ou o lucro econômico;

d) o valor das ações de uma empresa no mercado de capitais é igual ao valor intrínseco baseado nas expectativas que tem o mercado em relação ao desempenho futuro. Esta estimativa de desempenho pode não ser imparcial;

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43

e) os retornos obtidos pelos acionistas dependem mais de mudanças quanto às expectativas do que do desempenho efetivo da companhia.

Mais adiante, Copeland, Koller e Murrin (2002) afirmam que o valor de uma empresa é movido por sua capacidade de geração de fluxo de caixa no longo prazo. Continuando, Martins et. al. (2001), num livro originário de disciplina de doutorado na FEA/USP, apresentam as cinco variáveis principais que devem ser observadas no processo de avaliação de empresas:

a) fluxo relevante de caixa, onde o patrimônio da empresa vale aquilo que consegue gerar de caixa no futuro;

b) período de projeção, fluxo de caixa deve ser projetado para um espaço de tempo que permita sua previsão com razoável confiança;

c) valor de perpetuidade ou residual, os fluxos de caixa não cobertos pelo período de projeção devem ser quantificados (perpetuidade com ou sem crescimento ou valor residual ou terminal);

d) condições do endividamento financeiro;

e) taxa de desconto, a taxa de juro usada para descontar fluxos de caixa ao seu valor presente deve ser aquela que melhor reflita o custo de oportunidade e os riscos.

Considera-se de grande importância o caixa das empresas, principalmente no longo prazo. Tal como observa Rojo (2000), as escolas que obtiverem eficácia operacional, com seus custos sob controle, um bom caixa para investimentos constantes, somados ao desempenho superior dentre as demais instituições, poderão ter uma agregação de valor percebida pelo mercado. Em se tratando de caixa, uma ferramenta de relevância é o fluxo de caixa livre (FCL) termo utilizado para descrever o caixa disponível originado das operações da empresa após investimentos e distribuição

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de dividendos. (WEYGANDT; KIESO; KIMMEL, 1999) Pode-se dizer que FCL é o caixa que pode ser utilizado para remunerar fornecedores de capital, como pode ser observado na figura 06.

Figura 06 Fluxo de Caixa Livre

Caixa operacional líquido $

(-) Gastos com capital $

(-) Pagamento de dividendos $ (=) Fluxo de Caixa Livre $

Fonte: (WEYGANDT; KIESO; KIMMEL, 1999, p.446)

Para Nakagawa (1995), ao se avaliar uma empresa, deve-se conhecê-la e o primeiro passo é elaborar um diagnóstico sobre sua situação, levando em conta características, tais como: estrutura organizacional; processos operacionais; natureza e características econômicas; sistema de informações interno; sistema de apuração de custos, controle e tomada de decisão; identificação de relatórios e práticas gerenciais existentes.

2.3 Capital

Para Chick (1993), há quatro tipos de capital, quatro espécies de investimento, implicados na compressão de despesas e na retomada subseqüente: o equipamento de capital, inteiramente de longa duração e os três tipos de capital correspondentes aos três estágios de produção: as matérias-primas; o trabalho em curso e os estoques de bens acabados.

O conhecimento, de acordo com Crawford (1994), pode ser considerado como uma forma de capital, e que pode ser adquirido de diversas maneiras, seja através de um livro, televisão, experiência repassada por alguém ou através da educação formal e treinamentos específicos. A seguir se discutem três formas de capital:

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conhecimento e experiência individuais dos empregados e gerentes" e complementa ainda onde "o capital humano deve também incluir a criatividade e a inovação organizacionais". Neste novo conceito, deve-se levar em consideração não somente a capacidade intelectual existente na empresa e sim, sua capacidade de desenvolver e reciclar novos conhecimentos, compartilhar as experiências individuais e ainda, a maneira e o percentual de idéias implementadas. Com isto, cria-se um ambiente com perspectiva de alavancagem do potencial criativo dos funcionários, tornando-se um diferencial competitivo para a organização.

b) estrutural, que trata da infra-estrutura organizacional existente para apoiar o capital humano. Para Edvinsson e Malone (1998, p.32), o capital estrutural pode ser dividido em três categorias:

- organizacional, que abrange o investimento da empresa em sistemas, instrumentos e filosofia operacional que agilizam o fluxo de conhecimento pela organização. Trata-se da competência sistematizada, organizada e codificada da organização,

- de inovação, que se refere à capacidade de renovação e aos resultados da inovação sob a forma de direitos comerciais amparados por lei, propriedade intelectual e outros ativos e talentos intangíveis utilizados para criar e colocar no mercado novos produtos e serviços,

- processos constituídos por técnicas, como o ISO 9000 e programas direcionados aos empregados, que aumentam e ampliam a eficiência da produção ou a prestação de serviços. É o tipo de conhecimento prático empregado na criação contínua de valor;

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O grande avanço surgiu em maio de 1995 com a publicação do primeiro relatório público sobre Capital Intelectual, complementando o relatório financeiro, em um total de 24 páginas, elaborada pela Skandia, a maior companhia de seguros e de serviços financeiros da Escandinávia. Fundamentava-se na idéia de que o valor real do desempenho de uma empresa estava em sua habilidade para criar valor sustentável. Após a divulgação do relatório da Skandia, outras empresas como a Dow Química, Ernst & Young e a Arthur Andersen, acompanharam esta evolução, criando cargos de executivos para administrar e avaliar seus ativos intangíveis (EDVINSSON; MALONE, 1998).

2.4 Algumas conceituações sobre a contabilidade

De acordo com Edvinsson e Malone (1998), o modelo tradicional de contabilidade, que descreveu com tanto brilho as operações das empresas durante meio milênio, não tem conseguido acompanhar a revolução que está ocorrendo no mundo dos negócios.

2.4.1 A contabilidade Tradicional

Na economia do conhecimento, verifica-se que o modelo tradicional de contabilidade não consegue acompanhar a evolução dos valores criados dentro de uma empresa, pois não inclui valores intangíveis que podem trazer grandes benefícios no retorno do investimento de uma empresa. (CRAWFORD, 1994)

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O ativo é o capítulo fundamental do estudo da contabilidade, porque à sua definição e avaliação está ligada a multiplicidade de relacionamentos contábeis que envolvem receitas e despesas. É crítico o entendimento da verdadeira natureza do ativo, em suas características gerais, a fim de que possamos entender bem as subclassificações que aparecem em vários tipos de padronização, em vários países. (IUDÍCIBUS, 1993, p. 102)

As empresas devem manter escrituração contábil com base na legislação comercial e de acordo com o estabelecido pelas Normas Brasileiras de Contabilidade, onde o balanço patrimonial figura como uma das demonstrações contábeis, responsável por evidenciar de forma sintética a situação patrimonial das empresas, bem como dos fatos a ela inerentes. O balanço patrimonial deve apresentar a seguinte estrutura mínima, quadro 03.

Quadro 03 Balanço patrimonial

Conteúdo do Balanço

ATIVO PASSIVO

Circulante

Realizável a Longo Prazo Permanente

Investimentos Imobilizado Diferido

Circulante

Exigível a Longo Prazo

Resultado de Exercícios Futuros Patrimônio Líquido

Capital Social Reservas de Capital Reservas de Reavaliação Reservas de Lucro

Lucro ou prejuízos acumulados Fonte: (FEA/USP, 1998, p.134)

Conforme o Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRC/PR, 1997), no ativo circulante incluem-se direitos realizáveis até o término do exercício seguinte e após este prazo incluem-se no ativo realizável a longo prazo. Quanto ao ativo permanente, a lei o divide em três subgrupos:

a) investimentos,como sendo as participações em outras empresas, aplicações em incentivos fiscais, bens imóveis não destinados nem a revendas, nem à manutenção das atividades da empresa;

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operacionais da empresa e não destinados à revenda, classificam-se os bens em:

- tangíveis, como sendo aqueles que têm corpo,

- intangíveis, como sendo aqueles cujo valor reside nos direitos de propriedade legalmente conferidos aos seus possuidores, tais como: patentes, direitos autorais, marcas,

- diferido, o qual inclui as aplicações em despesas que contribuirão para a formação de resultado de mais de um exercício social. Caracterizam-se por serem ativos intangíveis que serão amortizados por apropriação às despesas que estiverem contribuindo para a formação de resultado da empresa (CRC/PR, 1997).

Percebe-se a presença nos termos da lei de ativos intangíveis, mas que não se referem aos ativos do conhecimento e sim a ativos que são objetivamente e diretamente mensuráveis em termos de valor, como por exemplo, o valor da marca que somente aparece no balanço, em caso de aquisição de terceiros, pois somente assim se teria o valor da transação como parâmetro de avaliação.

A contabilidade tradicional não será uma ferramenta esquecida e ultrapassada, pois Edvinsson e Malone (1998) tranqüilizam os contadores tradicionais ao apresentar que "Em vez de substituir o sistema atual de medições financeiras, produto de gerações, a mensuração do Capital Intelectual na realidade o complementa e o amplia [...], dessa maneira, o trabalho de grande parte do último milênio está pronto para o próximo".

Kaplan e Norton (1997, p.7) afirmam que o processo de gestão através de relatórios financeiros continua atrelado a um modelo contábil desenvolvido há séculos para um ambiente de transações isoladas entre entidades independentes . Continuam

Referências

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