RevPaulPediatr.2015;33(4):493---494
www.rpped.com.br
REVISTA
PAULISTA
DE
PEDIATRIA
CARTA
AO
EDITOR
Introduc
¸ão
precoce
do
alimento
para
prevenc
¸ão
de
alergia
alimentar.
O
estudo
LEAP
(Learning
Early
about
Peanut)
Early
introduction
of
food
to
prevent
food
allergy.
The
LEAP
study
(Learning
Early
about
Peanut)
CaroEditor,
Alergia ao amendoim é umproblema global crescente de saúde que afeta 1-3% das crianc¸as nos países ocidentais. Aprevalênciapodetertriplicadonosúltimos15anos,oque setraduzemcercade100.000novoscasosanualmentenos EUAenoCanadá.1-3
A evidência maisrecente, que desafiaasdiretrizes em vigor,destacaosbenefíciosdaintroduc¸ãoprecoce,enãoa tardia,doamendoimduranteoperíododecomplementac¸ão alimentardolactente.AbaseéoestudoRandomizedTrial ofPeanutConsumptioninInfantsatRiskforPeanutAllergy (LearningEarlyAboutPeanut-LEAPTrial),quedemonstrou a reduc¸ão absoluta de 11-25% no risco de desenvolver alergia ao amendoimem crianc¸as de alto risco, seo ali-mentofosseintroduzidoentrequatroe11mesesdeidade.4 No estudo LEAP, 640 lactentes ingleses de alto risco de alergia,entrequatroe11meses,foramrandomizadospara consumir produtos com amendoim pelo menos três vezes por semana (6g de proteína de amendoim, equivalente a 24 amendoins ouseis colheresde chá depasta de amen-doimporsemana) ouparaevitarcompletamenteprodutos contendo amendoim pelos primeiros cinco anos de vida. Essa populac¸ão incluiu 542 lactentescom testes cutâneos porpuntura negativosà entradadoestudo e98 lactentes comtestespositivos, comdiâmetrodepápulasaoextrato deamendoimde1-4mm.Foramexcluídas76crianc¸ascujos testes cutâneos tinhampápulas maiores do que 4mm em diâmetro, o que presumia alta probabilidade de reagir à provocac¸ão com amendoim. Em análise de intenc¸ão ao tratamento, 17,2% do grupo que evitava amendoim comparados com 3,2% dogrupo que consumia o alimento desenvolveramtestedeprovocac¸ão positivoaoamendoim aoscincoanos.Issocorrespondeuàreduc¸ãode14%dorisco absoluto dereac¸ão,ou seja,ao númeronecessário (NNT)
de7,1tratadosparaumserbeneficiadopelotratamentoe pelareduc¸ãodoriscorelativode80%.
O estudo LEAP incluiu somente lactentes com risco mínimooutestescutâneosnegativose,portanto,nãofocou estratégiaparaaquelessemosfatoresderiscopara desen-volverem alergia ao amendoim.Este estudo temnível de evidência1paraapráticadeintroduc¸ãoprecocedo amen-doim,queéseguraeefetivaemlactentesselecionadoscom risco de desenvolver alergia. Trata-se do primeiro estudo prospectivo,randomizado,deintervenc¸ãoàalergia alimen-tareincluiuaquelescomtestescutâneospositivos,massem reac¸ãoclínica,ehouvereduc¸ãode80%doriscode desen-volveremalergiaaoamendoim.
Lactentes com doenc¸a alérgica de início precoce, tais comodermatiteatópicaoualergiaalimentarnosprimeiros 4-6mesesdevida,devemseravaliadosporalergistapara implantarassugestõesdoestudoLEAP.5-7Aavaliac¸ãodesses pacientesdeve consistir em aplicac¸ão detestes cutâneos e/ou ingestão do amendoimna presenc¸a do médicopara estabelecerqueméclinicamentereativoaoalimentoantes deiniciarsuaintroduc¸ãoemdomicílio.
Nãoháestudoscomesserigorem populac¸õesdebaixo risco que investigue o benefício da introduc¸ão precoce deamendoim.Outro desafioé estabelecerem populac¸ões nasquais outrosalimentos sãomaisfrequentemente cau-sadores de alergia, por exemplo, o leite de vaca, se a intervenc¸ãoprecocepodereduziraprevalênciadealergia àsproteínasdoleiteoumesmodeoutrosalimentos.As dire-trizesquetratamdaépocadeintroduc¸ãodealimentosna dietadolactenteserão revistascombase nessaevidência apresentada.8,9
Financiamento
Oestudonãorecebeufinanciamento.
Conflitos
de
interesse
Oautordeclaranãohaverconflitosdeinteresse.
Referências
1.NwaruBI,HicksteinL,PanesarSS,MuraroA,WerfelT,CardonaV, etal.TheepidemiologyoffoodallergyinEurope:asystematic reviewandmeta-analysis.Allergy.2014;69:62---75.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rpped.2015.07.002
0103-0582/©2015SociedadedePediatriadeSãoPaulo.PublicadoporElsevierEditoraLtda.EsteéumartigoOpenAccesssobalicençaCC
494 CARTAAOEDITOR
2.OsborneNJ,KoplinJJ,MartinPE,GurrinLC,LoweAJ, Mathe-son MC, et al. Prevalence of challenge proven IgE-mediated food allergy using population-based sampling and predeter-mined challenge criteria in infants. J Allergy Clin Immunol. 2011;127:668---76.
3.VenterC,HasanArshadS,GrundyJ,PereiraB,BernieClaytonC, VoigtK,etal.Timetrendsintheprevalenceofpeanutallergy: threecohortsofchildrenfromthesamegeographicallocationin theUK.Allergy.2010;65:103---8.
4.DuToitG,RobertsG,SayrePH,BahnsonHT,RadulovicS,Santos AF,etal.Randomizedtrialofpeanutconsumptionininfantsat riskforpeanutallergy.NEnglJMed.2015;372:803---13.
5.MuraroA,HalkenS,ArshadSH,BeyerK,DuboisAE,DuToitG, et al. EAACI food allergy and anaphylaxis guidelines. Allergy. 2014;69:590---601.
6.deSilvaD,GeromiM,HalkenS,HostA,PanesarSS,MuraroA, etal.Primarypreventionoffoodallergyinchildrenandadults: systematicreview.Allergy.2014;69:581---9.
7.FleischerDM,SpergelJM,Assa’adAH,PongracicJA.Primary pre-ventionofallergicdiseasesthroughnutritionalinterventions.J AllergyClinimmunolPract.2013;1:29---36.
8.AgostoniC,DecsiT,FewtrellM,GouletO,KolacekS,Koletzko B, et al. Complementary feeding: a commentary by the ESPGHANcommitteeonnutrition.JPediatrGastroenterolNutr. 2008;46:99---110.
9.AustralasianSocietyofClinicalImmunologyandAllergy(ASCIA)
[páginanaInternet].ASCIAInfantFeedingAdvice[acessadoem
29demaiode2015].Disponívelem:http://www.allergy.org.au/
images/stories/aer/infobulletins/2010pdf/ASCIAInfantFeeding
Advice2010.pdf.
NelsonRosárioFilho
UniversidadeFederaldoParaná(UFPR),Curitiba, PR,Brasil