• Nenhum resultado encontrado

Daniele Escardovelli de Castilho BENEFÍCIOS NA EXECUÇÃO PENAL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Daniele Escardovelli de Castilho BENEFÍCIOS NA EXECUÇÃO PENAL"

Copied!
88
0
0

Texto

(1)

BENEFÍCIOS NA EXECUÇÃO PENAL

Centro Universitário Toledo Araçatuba

(2)

BENEFÍCIOS NA EXECUÇÃO PENAL

Trabalho de conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito à Banca Examinadora do Centro Universitário Toledo, sob orientação do Professor Mestre Jefferson Jorge

Centro Universitário Toledo Araçatuba

(3)

BENEFÍCIOS NA EXECUÇÃO PENAL

Trabalho de conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito à Banca Examinadora do Centro Universitário Toledo, sob orientação do Professor Mestre Jeferson Jorge

Aprovado em ____de ______________de ______

BANCA EXAMINADORA

(4)
(5)

Agradeço primeiro a Deus que me sustentou até este momento, em meios a tantas dificuldades e provações.

Agradeço o apoio de toda minha família, principalmente de meus pais, que não saíram do meu lado em nenhum momento, e que me incentivam a ser cada dia mais uma pessoa melhor e perseverante em meus objetivos.

(6)

A elaboração dessa monografia tem como objetivo analisar a Lei de Execução Penal - Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Observando os princípios que a compõem, órgãos que a integram, bem como, analisar os benefícios descritos na Lei para o reeducando. Desse modo, a motivação para a realização deste trabalho com o referido tema é a forma a qual vem sendo utilizados os benefícios. Além disso, é de suma importância verificar os dispositivos que descrevem os benefícios e saber a forma a qual são utilizados. Ademais, visa, também, identificar os benefícios e esclarecer dúvidas. Por fim, este trabalho tem como finalidade verificar a viabilidade dos benefícios na execução penal, e ainda, qual sua influência na vida dessas pessoas, em razão do sistema carcerário ser considerado como universidade do crime.

(7)

The elaboration of this monograph aims to analyze the Law of Criminal Execution - Law nº 7.210, of July 11, 1984. Observing the principles that compose it, the organs that integrate it, as well as analyzing the benefits described in the Law for re-educating. Thus, the motivation to carry out this work with the aforementioned theme is the form in which benefits have been used. In addition, it is of utmost importance to check the devices that describe the benefits and know the form in which they are used. In addition, it also aims to identify the benefits and clarify doubts. Finally, this work aims to verify the viability of the benefits in criminal execution, and also, what their influence in the life of these people, because the prison system is considered as a crime university.

(8)

INTRODUÇÃO ... 9

I PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PENAL ... 10

1.1 Princípio da Legalidade ... 10

1.2 Princípio da Jurisdicionalidade ... 11

1.3 Princípio da Proporcionalidade ... 11

1.4 Princípio do Devido Processo Legal ... 13

1.5 Princípio do Contraditório e Ampla Defesa ... 13

1.6 Princípio do Duplo Grau de Jurisdição ... 15

1.7 Princípio da anterioridade da Lei Penal ... 16

1.8 Princípio da Irretroatividade da Lei Prejudicial ... 16

1.9 Princípio da Humanização da Pena ... 17

1.10 Princípio da reinserção social ... 18

II ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL ... 20

2.1 Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária... 21

2.2 Juízo de Execução ... 22

2.3 Ministério Público ... 23

2.4 Conselho Penitenciário ... 25

2.5 Departamento Penitenciário ... 26

2.5.1 Departamento Penitenciário Nacional ... 26

2.5.2 Departamento Penitenciário Local ... 28

2.5.3 Da Direção e do Pessoal do Estabelecimento Penal ... 28

2.6 Patronato ... 29

2.7 Conselho da Comunidade ... 31

(9)

3.2 Da Progressão ... 36

3.3 Das Autorizações de Saída ... 40

3.3.1 Permissão de saída ... 41

3.3.2 Saída Temporária ... 42

3.4 Da Remição ... 45

3.4.1 Remição pelo estudo ... 47

3.4.2 Remição pelo trabalho ... 48

3.4.3 Remição pela leitura ... 49

3.5 Do Livramento Condicional ... 50

3.6 Da Monitoração Eletrônica ... 56

3.7 Das Penas Restritivas de Direitos ... 59

3.7.1 Prestação Pecuniária... 61

3.7.2 Perda de bens e valores ... 62

3.7.3 Prestação de Serviço à Comunidade ... 63

3.7.4 Limitação de Fim de Semana... 64

3.7.5 Interdição Temporária de direitos ... 65

3.8 Da Suspensão Condicional da Pena ... 66

(10)

INTRODUÇÃO

Este trabalho abordou a temática que traz a Lei 7.210 de 11 de julho de 1984, que já no seu artigo 1° trouxe seu objetivo:

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado (BRASIL. Lei 7.210/1984).

O estudo deste trabalho foi voltado aos benefícios que esta Lei de Execução Penal apresenta a nós, como: progressão, remição, livramento condicional, saída temporária, dentre outros.

Além disso, destina-se ao estudo da viabilidade desses benefícios, o quanto são úteis e podem ser eficazes a não reincidência, e ainda, como podem ajudar em uma maior reinserção social do condenado.

Neste sentido, o capítulo primeiro abordou os princípios que fornecem base para à aplicação dos benefícios na execução penal, tendo em vista que são de forma obrigatória a sua aplicação e devem ser rigorosamente seguidos.

Já o segundo capítulo abordou a temática dos órgãos que fazem parte da Execução Penal. Foi mostrado sua importância em cada etapa da execução, bem como sua eficácia diante dos condenados que saem e podem contar com órgãos auxiliadores.

Por isso, o terceiro capítulo abordou todos os benefícios na íntegra. Portanto, foi realizado o estudo da sua viabilidade, eficácia e qual seu impacto na sociedade.

(11)

I PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PENAL

Os princípios são usados como reguladores do processo. Portanto, possuem eficácia normativa, funcionam como estrutura base para sustentar as normas, bem como para que seja feita uma melhor ponderação nas decisões.

Este capitulo irá abordar aos princípios gerais que constituem a execução da pena. De forma que sirva de alicerce para as futuras aplicações das penas, dos regimes prisionais, e ainda dos benefícios que decorrem da execução em si.

A pena é vista como o objetivo de punir o infrator do delito e consequentemente o reabilitar, com o fim de integrar o infrator na sociedade.

1.1 Princípio da Legalidade

O princípio da legalidade na execução da pena vem previsto no artigo 2° da Lei De Execução Penal, quando dispõe que “ jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal. ” (BRASIL. Lei de Execução Penal.1984).

Este princípio é confirmado pela Constituição Federal no artigo 5°, incisos XXXIX, XLVI, XLVII, XLVIII e XLIX, quando estes incisos dizem a respeito da forma a qual será estabelecido a execução da pena no sistema carcerário, e ainda, como o judiciário deverá conduzir-se diante de situações já recepcionadas pela Constituição Federal e a Lei de Execução Penal. Além disso, é evidente que esses dispositivos são garantias para os indiciados, desse modo, não devendo ser desrespeitadas, mas sim, aplicadas conforme a Lei.

Segundo Mirabete e Renato N. Fabbrini, no livro Execução Penal (2014, p.12)

[...] a execução das sanções penais “não pode ficar submetida ao poder de arbítrio do diretor dos funcionários e dos carcereiros das instituições penitenciárias, como se a intervenção do juiz, do Ministério Público e de outros órgãos fosse de algo alheio aos costumes e aos hábitos do estabelecimento.

(12)

1.2 Princípio da Jurisdicionalidade

Para os autores Mirabete e Fabbrini (2014, p.15) quando se fala em execução da pena deve ser observado a sua natureza jurídica. Os doutrinadores apontam duas correntes:

1 - Jurisdicionalidade da execução penal;

2 - Administrativa dotada de jurisdicionalidade episódica;

Resta dizer que para a eficácia da Lei de Execução Penal deverá ser observado as duas correntes, tanto a via administrativa como a da jurisdicionalidade.

Nesse sentido, vale lembrar:

Garantias constitucionais na execução da pena – TACRSP: “Pena – Execução –

Atividade administrativa que adquiriu status de garantia constitucional após advento da Carta Magna de 1988 – Existência de obrigações e deveres constitucionais – Entendimento. [...] Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a execução da pena, além de se constituir numa atividade administrativa, adquiriu status de garantia constitucional, como se depreende do art. 5°, XXXIX, XLVI, XLVII, XLVIII e XLIX, tornando o sentenciado sujeito de relação processual, detentor de obrigações, deveres e ônus, e também, titular de direitos, faculdades e poderes” (RJDTACRIM 32/422).

Logo, a jurisprudência mostra que a execução da pena como atividade administrativa ganhou força de garantia constitucional após a Constituição Federal de 1988. Já que foi regulado a existência de obrigações e deveres constitucionais.

Por fim, passou a ser observado as duas correntes. Porém, pode ser considerado a mais eficiente e correta a de natureza jurisdicional, pois, assim, o órgão competente consegue obter uma maior fiscalização.

1.3 Princípio da Proporcionalidade

(13)

Desse modo, deve ser aplicado ao indivíduo o necessário para que seja punido. Contudo deve ser verificado também, seus direitos e garantias, no mesmo sentido, deve ser apurado as circunstâncias judiciais, e ainda, a reincidência ou não em delitos.

Cabe destacar a ementa:

AGRAVO EM EXECUÇÃO. Falta grave. Posse de entorpecentes. Decisão homologatória. Defesa requer a absolvição pela falta de comprovação da materialidade delitiva ou ausência de prova da autoria da infração. Sustenta, ainda, ofensa ao princípio da proporcionalidade, inconstitucionalidade do art. 28 da Lei de Drogas e necessidade de trânsito em julgado da sentença penal. Sem razão. Réu foi ouvido na presença de advogado. Decisão sucinta, mas bem fundamentada. Agravante confessou a prática da infração. Falta grave caracterizada e devidamente demonstrada. Eventual inconstitucionalidade que deverá ser analisada pelo STF. Proporcionalidade na perda dos dias remidos. Agravo improvido. (TJSP; Agravo de Execução Penal 7004580-96.2017.8.26.0344; Relator (a): Andrade Sampaio; Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Marília - Vara das Execuções Criminais; Data do Julgamento: 06/09/2018; Data de Registro: 17/09/2018)

Assim, será julgado cada caso concreto conforme os aspectos nele contidos, sendo eles: circunstâncias judiciais, reincidência, bem como todas as formalidades que devem ser atendidas para a devida eficácia da lei penal.

Segundo Diego Brito Cardoso (2016 apud Robert Alexy, 1985, p.11) o Princípio da Proporcionalidade deverá observar três subprincípios:

Adequação: é considerado adequado quando o meio usado é eficaz para alcançar o

objetivo pretendido.

Necessidade: deverá ser feito a seguinte pergunta - o meio escolhido como

adequado, será o menos gravoso para a situação? Em caso de conflito de normas, deverá ser escolhido o que for menos gravoso, contudo, necessário e eficiente para cada caso concreto.

Proporcionalidade em sentido estrito: diz a respeito ao grau de restrição e

importância da restrição. Uma terceira análise seria a ponderação da restrição e da importância da restrição, concluindo se a importância da restrição justifica a restrição de tal direito.

(14)

1.4 Princípio do Devido Processo Legal

Este princípio vem expresso no artigo 5°, inciso LIV, da Constituição Federal: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; ” (BRASIL, 1998).

Entende-se por processo legal aquele que se acha inteiramente disciplinado em Lei, ato por ato, do começo ao fim. O fato do processo judicial estar normatizado pela legislação produzida pelo Estado por força dessa exigência constitucional é de grande importância, pois a legislação que a disciplina torna o processo previsível aos sujeitos e transmite a todos necessária segurança jurídica.

Nesse caso, deverá ser observado três requisitos:

A. Necessidade: quando há a verdadeira necessidade da restrição de liberdade ou de direitos, isto é, quando não puder ser substituída por nenhuma outra menos gravosa.

B. Adequação: o meio escolhido para a sanção deve atingir o objetivo esperado.

C. Proporcionalidade: a junção da necessidade e da adequação deve ser proporcional ao objetivo pretendido. Dessa maneira, deve ser analisado a efetividade da restrição que irá ser imposta.

Portanto, para que o processo seja devido, é preciso que respeite o modelo constitucional, assim, deve respeitar todos os demais princípios de direito processual inseridos na Constituição Federal.

Caso se na prática o processo tramitar sem obedecer ao princípio do devido processo legal estará nulo. Em regra, terá que ser refeito para eliminar sua nulidade.

Por isso é importante observar todo o trâmite do processo, com o fim de diminuir os equívocos, para não ocorrer a nulidade processual.

1.5 Princípio do Contraditório e Ampla Defesa

(15)

com os meios e recursos a ela inerentes (BRASIL. Constituição Federal de 1998).

Nesse sentido, cabe dizer que o princípio do contraditório, consiste na igualdade das partes dentro do processo, sendo assegurado com meios e recursos a ela inerentes. Além disso, a ampla defesa assegura ao réu um amparo maior e justo, em razão dele ser a parte hipossuficiente do processo, como por exemplo permite a revisão criminal ao réu, o que é vedado à acusação (NUCCI, 2014)

Este princípio também gera o direito aos litigantes de contrariar as obrigações e provas produzidas pela parte contrária. O juiz tem o dever de informar as partes todo ato que acontece no processo, bem como possibilitar aos litigantes o direito de reagir a esses atos.

Do mesmo modo, decorre do contraditório e da ampla defesa o direito de produção de provas úteis ao processo e o direito de não ser surpreendido. Em caso de novos fatos, o juiz deverá comunicar as partes para que tenham a oportunidade de se manifestarem.

Dessa maneira, qualquer desrespeito ao direito do contraditório e da ampla defesa é causa de nulidade do processo, inclusive, por infração ao devido processo legal.

Vale ressaltar as seguintes ementas:

APELAÇÃO - PRELIMINAR – CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS – FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA – AÇÃO REGRESSIVA DE RESSARCIMENTO DE DANOS MATERIAIS AJUIZADA POR SEGURADORA – Pedido de anulação da respeitável sentença que julgou improcedente a demanda – Hipótese em que o processo não se encontrava maduro para julgamento, sendo necessária a produção da prova (prova testemunhal) requerida pela seguradora autora – Violação do contraditório e da ampla defesa configurada – Preliminar acolhida - RECURSO PROVIDO, PARA

ANULAR A R.SENTENÇA PROFERIDA EM PRIMEIRO GRAU.

(TJSP; Apelação 1125249-42.2017.8.26.0100; Relator (a): Ana de Lourdes Coutinho Silva da Fonseca; Órgão Julgador: 13ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 30ª Vara Cível; Data do Julgamento: 28/09/2018; Data de Registro: 28/09/2018)

AGRAVO EM EXECUÇÃO. Progressão de regime prisional concedida, sem a manifestação do Ministério Público. Violação do devido processo legal e contraditório – Ausência do Boletim Informativo - Provido o recurso para cassar a decisão recorrida. (TJSP; Agravo de Execução Penal 0001364-06.2018.8.26.0154; Relator (a): Freitas Filho; Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Catanduva - 1ª Vara Criminal; Data do Julgamento: 22/08/2018; Data de Registro: 27/08/2018)

Para Lima (2016, p.26) o contraditório, não é mais observado apenas como a possibilidade de participação igualitária dos desiguais, passou a ter a necessidade de transformar esta visão em uma realidade, assegurando uma maior efetividade ao contraditório.

(16)

Há de se assegurar, pois, o equilíbrio entre a acusação e defesa, que devem estar munidas de forças similares. O contraditório pressupõe, assim, a paridade de armas: somente pode ser eficaz se os contendentes possuem a mesma força, ou, ao menos, os mesmos poderes. (LIMA, 2016, p.26)

A ampla defesa segundo Capez (2017, p.62) importa em proporcionar ao acusado todo meio para sua defesa. Desta forma, decorre deste princípio a obrigatoriedade de se atentar a ordem natural do processo, sendo necessário que seja ouvido primeiro a acusação e posteriormente a defesa. A defesa do acusado é garantida por meio da autodefesa e defesa técnica, podendo em casos que comprovem a hipossuficiência, ser de maneira gratuita.

É incontestável então a necessidade de igualar as partes de modo que seja assegurado um processo justo e com a maior proximidade a realidade possível.

1.6 Princípio do Duplo Grau de Jurisdição

O duplo grau de jurisdição é o direito de reexame da decisão dada por juiz de primeira instância por órgão jurisdicional superior. É garantido a possibilidade de devolver o processo para novo julgamento matéria já apreciada e decidida.

Por outro lado, este princípio não é absoluto, pois o legislador limitou o uso de recursos. Em regra, cada tipo de decisão tem respectivamente seu recurso adequado, salvo quando há dúvida objetiva sobre qual recurso aplicável.

É previsto implicitamente na Constituição Federal, quando esta dispõe sobre a estrutura dos tribunais.

Vale ressaltar que embora não descrito expressamente na Constituição Federal, é aplicável a todo processo, garantido a possibilidade de revisão, por via de recurso, das decisões da execução (MIRABETE; FABBRINI, 2018).

Na execução penal o princípio do duplo grau de jurisdição vem consagrado expressamente no artigo 197 da Lei 7.210/84, quando dispõe “Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo. “

(17)

1.7 Princípio da anterioridade da Lei Penal

O artigo 1° do Código Penal determina que “ Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. ”. Do mesmo modo, este princípio também vem consagrado no artigo 5°, inciso XXXIX, da Constituição Federal (BRASIL, 1998).

Assim, explica o autor Damásio E. de Jesus, em sua obra Direito Penal (1998), quando menciona que é necessário que o tipo penal tenha sido definido antes da prática delituosa. Por outro lado, para que haja crime é preciso que o fato seja cometido após a entrada em vigor da lei incriminadora.

Nesse sentido, cabe destacar ementa:

Agravo em Execução. Indeferimento de pedido de livramento condicional. Suposta ausência do requisito objetivo. Agente condenado por homicídio qualificado cometido antes da edição da Lei 8.072/90. Impossibilidade de se considerar hediondo o delito. Inteligência dos princípios da anterioridade e irretroatividade da lei penal mais severa, consagrados no art. 5º, LX, da Constituição Federal. Benefício que deve ser regido pelo art. 83, inciso I, do Código Penal. Cumprimento de 1/3 da pena desde a última falta grave. Bom comportamento comprovado. Possível a concessão do benefício – Agravo provido para deferir o livramento condicional, com admonitória em primeiro grau. (TJSP; Agravo de Execução Penal 0179125-11.2012.8.26.0000; Relator (a): Péricles Piza; Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito Criminal; Foro Central Criminal Barra Funda - 1ª Vara das Execuções Criminais; Data do Julgamento: 12/11/2012; Data de Registro: 15/11/2012)

Portanto, não haverá condenação quando não houver lei que determine anteriormente o delito. Por outro lado, se a pena criada for mais severa do que a existente, haverá então, a retroatividade da lei mais benéfica, não podendo aplicar a mais severa.

1.8 Princípio da Irretroatividade da Lei Prejudicial

Quando há um conflito de normas entre nova lei processual ou até mesmo penal com norma anterior, esta não poderá retroagir em desfavor do réu, em razão do Princípio da Irretroatividade da Lei Prejudicial. A norma só poderá retroagir se em benefício da parte hipossuficiente, isto é, o acusado.

(18)

a lei penal, de ultratividade e retroatividade da lei mais benigna. ”. Resta claro que a lei mais severa não irá retroagir, contudo, quando se fala em beneficiar o réu, poderá retroagir.

Também vem sancionado na Constituição Federal implicitamente, em seu artigo 5°, inciso XXXVI “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. ” e expressamente em seu inciso XL “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. “ (BRASIL. Constituição Federal, 1998).

Assim explica o doutrinador Damásio E. de Jesus (1998, p.115):

Desta forma, se a lei nova define uma conduta como crime, antes lícita, os fatos cometidos no período anterior à sua vigência não podem ser apenados. Ela não pode retroagir, uma vez que a retroprojeção encontra o óbice do direito adquirido pelo cidadão na vigência da anterior.

Afinal o Princípio da Irretroatividade da Lei Prejudicial, garante maior segurança jurídica, em razão de garantir que nenhum fato será punido de forma que prejudique o direito subjetivo de liberdade do acusado.

1.9 Princípio da Humanização da Pena

O Princípio da Humanização da Pena vem através de diversos dispositivos, assim expressos: Constituição Federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis;

XLVIII- a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

(19)

Lei de Execução Penal:

Art. 3º- Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei.

Art. 40°- Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios (BRASIL. Lei 7.210 de 1984).

Código Penal:

Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral;(BRASIL. Código Penal)

Isso significa que é evidente que este princípio é uma garantia fundamental ao acusado. Ao passo que não poderá ser aplicado pena alguma que viole sua dignidade como pessoa humana. Por isso, é vedado penas que levam a morte do acusado dentro do sistema carcerário. Em razão disso também, é assegurado ao preso sua integridade física e moral, bem como a forma a qual será preso.

À vista disso, vale lembrar “ A Lei de Execução Penal, impedindo o excesso ou o desvio da execução que possa comprometer a dignidade e a humanidade da execução, torna expressa a extensão de direitos constitucionais aos presos e internos. ” (MIRABETE; FABBRINI, 2018, p.24).

Logo, a pena deverá ser aplicada de forma que não viole os direitos fundamentais assegurados aos condenados, garantindo-lhes o cumprimento da sua pena de maneira correta, tendo como finalidade a sua reabilitação e inserção na sociedade.

1.10 Princípio da reinserção social

Conforme posto, o sistema carcerário foi realizado com o intuito de retirar o delinquente que cometeu um crime previsto em lei do meio da sociedade e leva-lo a um local para então puni-lo, assim, o mostrando que a conduta adotada por ele era errada e dessa forma, levando-a a devida ressocialização, para então, voltar a conviver com a sociedade de maneira livre.

(20)

Dessa forma, a ressocialização tem o propósito de integrar o indivíduo na sociedade, mediante meios usados no sistema penitenciário, como por exemplo o trabalho como meio de remir a pena, a leitura e o estudo. Essa ideia vem de acordo com o artigo 28 da Lei de Execução Penal “O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva. ”

(21)

II ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL

Os Órgãos da Execução Penal são estabelecidos no artigo 61 da Lei de Execução (BRASIL. Lei 7.210/1984):

1 Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; 2 Juízo da Execução; 3 Ministério Público; 4 Conselho Penitenciário; 5 Departamentos Penitenciários; 6 Patronato; 7 Conselho da Comunidade;

8 Defensoria Pública. Sendo este, incluído pela Lei n° 12.313/2010.

Este capitulo tratara da composição dos Órgãos da Execução, bem como irá mencionar suas atribuições, dentre elas, demonstrar a importância da fiscalização. Abordara, ainda, a efetividade destes órgãos quando atuam juntos, de forma que evitam conflitos e geram maior transparência.

Como acrescenta Roig (2017, p.292/293) “ [...] qualquer ato de restrição do acesso dos Órgãos de Execução Penal aos estabelecimentos é ilegal e contraria tanto a sistemática da Lei de Execução Penal, quanto as orientações internacionais sobre o tema. “ e ainda:

[...]aos Órgãos da Execução Penal não pode ser vedado o registro das inspeções por meio de câmeras fotográficas ou outros meios de registro, instrumentos estes inerentes e indispensáveis ao exercício das funções de fiscalização do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciaria, Conselhos Penitenciários, Conselhos da Comunidade, Defensoria Pública, Ministério Público e do próprio Juízo da Execução (Roig, 2017, p.293).

(22)

2.1 Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária

O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, atua tanto na esfera Federal como na Estadual e vem estabelecido no artigo 62 da Lei 7.210 de 11 de julho de 1984:

“Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, com sede na Capital da República, é subordinado ao Ministério da Justiça. ”

Este Conselho é integrado por 13 membros nomeados através de ato do Ministério da Justiça, ocupando esta posição professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas, e ainda, por representantes da comunidade e dos Ministérios da área social, seu mandato será de 2 anos, renovado 1/3 em cada ano (BRASIL. Lei 7.210/84).

Deste modo, compete a este Órgão:

Artigo 64 [Caput]:

I - propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção do delito, administração da Justiça Criminal e execução das penas e das medidas de segurança;

II - contribuir na elaboração de planos nacionais de desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da política criminal e penitenciária;

III - promover a avaliação periódica do sistema criminal para a sua adequação às necessidades do País;

IV - estimular e promover a pesquisa criminológica;

V - elaborar programa nacional penitenciário de formação e aperfeiçoamento do servidor;

VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção de estabelecimentos penais e casas de albergados;

VII - estabelecer os critérios para a elaboração da estatística criminal;

VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, bem assim informar-se, mediante relatórios do Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios, acerca do desenvolvimento da execução penal nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo às autoridades dela incumbida as medidas necessárias ao seu aprimoramento;

IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de sindicância ou procedimento administrativo, em caso de violação das normas referentes à execução penal;

X - representar à autoridade competente para a interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal (BRASIL, Lei 7.210/84).

Este órgão tem poder normativo e de fiscalização, que deve ser observado por todo o país, como estabelecido em lei.

(23)

Observando a Lei é visível a demonstração do poder normativo e do poder de fiscalização que incumbe a esse órgão, de maneira, que com sua atuação tenta prevenir a maior criminalidade.

2.2 Juízo de Execução

Este Órgão é exercido por um juiz especializado que será determinado em lei local de organização judiciária, ou quando não houver juiz especializado, será de competência do juiz que proferiu a sentença, conforme dispõe a Lei de Execução em seu artigo 65: “ A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local de organização judiciária e, na sua ausência, ao da sentença. “ (BRASIL. Lei 7210/84).

Além disso, a título de interesse, vale observar a súmula 192 do Superior Tribunal de Justiça: “Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a Execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a Administração Estadual. ” (BRASIL. Súm. 192-STJ). Isto é, quando for de Justiça Eleitoral ou Militar, a competência será do Juiz Estadual e não da justiça especial.

O Juízo de Execução tinha caráter apenas de função administrativa, ou seja, dever de defender e preservar o interesse do Estado limitado a Lei, hoje, além dessa, também possui a função jurisdicional. Por isso, é permitido ao juiz que ao se deparar com um conflito entre o Direito de punir do Estado e o Direito das pessoas, poderá intervir, de modo, que estabeleça entre as partes o que é de cada um em direito.

Por oportuno, vale ressaltar a visão dos ilustres autores Mirabete e Fabbrini (2018, p.186):

Por isso, afirma-se na Exposição de Motivos da Lei de Execução Penal que a orientação estabelecida pelo projeto, ao desmarcar as áreas de competência dos órgãos da execução, vem consagrar antigos esforços a fim de jurisdicionalizar, no que for possível, o Direito de Execução Penal. Na verdade, a Lei não

jurisdicionaliza a execução, mas reconhece que a execução é prevalentemente jurisdicional.

Assim sendo, foi dado ao juiz competente da execução diversas atribuições, descrito no artigo 66 da Lei 7.210/84, tais como:

(24)

3 - Decidir sobre as particularidades da pena, inclusive benefícios; 4 - Autorizar saídas temporárias;

5 - Determinar a forma a qual a pena será estabelecida, bem como zelar, fiscalizar, inspecionar e interditar estabelecimentos prisionais, que esteja em precário funcionamento. Além disso, deverá compor e instalar o Conselho da Comunidade, e ainda emitir atestado de pena a cumprir (BRASIL. Lei 7.210 de 1984).

Resta claro, a importância deste órgão para o devido funcionamento da execução da pena. Outrossim, o juiz de execução, sendo juiz especializado, tem maiores chances de realizar um melhor trabalho, e ainda, levar ao processo uma maior celeridade.

2.3 Ministério Público

O Ministério Público é um órgão da execução penal, dotado de imparcialidade, que tem como objetivo fiscalizar a lei. Dessa forma, descreve o artigo 67 “ O Ministério Público fiscalizará a execução da pena e da medida de segurança, oficiando no processo executivo e nos incidentes da execução (BRASIL. Lei 7.210 de 1984). ”

A atuação do Ministério Público na execução da pena é de forma jurisdicional e também administrativa. A fiscalização tem como finalidade impedir hipotéticos abusos, excessos, ou ainda, irregularidades na execução da pena.

Convém destacar ementa nesse sentido:

HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. DEFERIMENTO PELO JUÍZO DAS EXECUÇÕES PENAIS SEM PRÉVIA MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PODER-DEVER DE FISCALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO PENAL.

PREJUÍZO DEMONSTRADO. NULIDADE CONFIGURADA. ORDEM

DENEGADA.

1. Hipótese em que o Juízo das Execuções Penais deferiu progressão ao regime semiaberto sem examinar a necessidade e utilidade de documentos requeridos pelo Ministério Público para fins de averiguação do preenchimento dos requisitos da benesse, o que inviabilizou a elaboração de parecer acerca do mérito da medida. O Tribunal local deu provimento ao agravo de execução do Ministério Público, para declarar nula a decisão.

2. Com o propósito de efetivar o poder-dever de fiscalização da execução penal em todas as suas fases, a Lei n.º 7.210/1984 atribuiu ao Ministério Público, dentre outras, a prerrogativa de requerer todas as providências necessárias ao processo executivo e estabeleceu a obrigatoriedade de a decisão que analisa o pedido de progressão de regime ser precedida de manifestação do órgão.

Inteligência dos arts. 67, 68 e 112, § 1.º, da mencionada Lei.

(25)

termos dos artigos 67 e 112, §1º, da Lei de Execução Penal." (HC 273.461/SE, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 03/12/2013, DJe 06/12/2013).

4. Inegável o prejuízo advindo do vício processual. Não enfrentado pelo Juízo das Execuções Penais o pedido de melhor instrução do feito, e deferida diretamente a progressão de regime, obstou-se ao Parquet, no caso, a análise da conduta carcerária do paciente, inclusive quanto à conveniência de produção de outras provas a respaldar o requisito subjetivo, como eventual exame criminológico, mediante decisão concretamente fundamentada.

5. Ordem denegada. (HC 453.802/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 25/09/2018, DJe 11/10/2018)

Aliás, a Constituição Federal, em seu artigo 127, esclarece que o Ministério Público é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional, que tem como dever a defesa da ordem pública, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (BRASIL. Constituição Federal de 1988)

A intervenção deste órgão na execução da penal é obrigatória, pois este deve se manifestar em todos os atos os quais não se conforme. Assim, o juiz que está aplicando a execução, deve abrir vista ao Ministério Público a todos os atos, para evitar nulidades futuras.

A Lei de Execução Penal, ainda traz um rol exemplificativo das atribuições concedidas ao Ministério Público. Isto posto, é conveniente observar a lei:

Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:

I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e de internamento; II - requerer:

a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo; b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução;

c) a aplicação de medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de segurança;

d) a revogação da medida de segurança;

e) a conversão de penas, a progressão ou regressão nos regimes e a revogação da suspensão condicional da pena e do livramento condicional;

f) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior.

III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária, durante a execução.

Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visitará mensalmente os estabelecimentos penais, registrando a sua presença em livro próprio (BRASIL. Lei 7210 de 1984).

(26)

2.4 Conselho Penitenciário

O Conselho Penitenciário, é órgão Estadual que consiste em um conjunto de membros nomeados pelo Governador do Estado, do Distrito Federal e dos Territórios, entre professores e profissionais da área de Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas, e ainda por representantes da comunidade. O mandato terá a duração de 4 anos. (BRASIL. Lei 7210 de 1984).

Além disso, tem caráter consultivo e fiscalizador da execução da pena, defendendo os interesses coletivos dos egressos.

Nessa continuidade, o autor Noberto Avena (2018, p.164) completa:

[...] Conselho Penitenciário é órgão consultivo e fiscalizador da execução da pena, constituindo um verdadeiro elo entre os Poderes Executivo e Judiciário no que se refere a esse tema. É órgão consultivo na medida em que lhe compete opinar, mediante pareceres, nas situações que lhe são enviadas à análise, por exemplo, em relação à concessão de benefícios penitenciários; é órgão fiscalizador no sentido de que lhe cabe zelar pela observância dos direitos e interesses dos sentenciados.

Inclusive, tem grande importância entre os Poderes Executivos e Judiciários, pois, consegue fazer com que ambos os poderes se entendam, isto é, cria uma conexão entre eles.

Cabe, ainda, dizer que o Conselho Penitenciário, é órgão autônomo, quer dizer, não depende de Judiciário e da Administração Penitenciária.

No mesmo contexto, acrescenta Rodrigo Roig (2017, p.303):

[...] mostra-se acertada a legitimação do Conselho Penitenciário para a propositura de ação civil pública na defesa de interesses e direitos difusos e coletivos na execução penal. De fato, o Conselho Penitenciário é rgão da execução penal independente do Judiciário e da Administração Penitenciaria, com funções fiscali at rias, que pressupõem necessariamente a defesa de direitos e interesses coletivos das pessoas condenadas e internadas.

As atribuições que serão distribuídas a tal órgão, já vêm determinadas em Lei. Vejamos:

Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário:

I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no estado de saúde do preso; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;

III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano, ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior;

(27)

Além das atribuições descritas no artigo 70 da Lei de Execução, há também diversos dispositivos espalhados no entre meio desta legislação, que lhe atribuem outras funções, tais como os artigos 143, 146, 158 §§ 2° e 3°, 186, inciso II, 187, 188 e 195, todos da mesma Lei.

É correto afirmar então que o Conselho Penitenciário possui o objetivo de auxiliar a justiça, bem como evitar que ocorra injustiças em eventuais execuções de pena. Inclusive, como já mencionado anteriormente, tem como objetivo, ainda, proteger os direitos dos egressos e garantir que sejam tratadas suas penas, bem como seus direitos subjetivos, de forma justa.

2.5 Departamento Penitenciário

A Lei de Execução Penal elabora um capítulo inteiro para organizar e esclarecer sobre o Departamento Penitenciário. Por essa razão, subdivide o Departamento Penitenciário em Nacional e Local, e ainda, dispõe sobre a Direção e as ocupações do Pessoal do Estabelecimento Penal. Observemos:

2.5.1 Departamento Penitenciário Nacional

Com fundamento no artigo 71 da Lei de Execução Penal, o Departamento Penitenciário Nacional é órgão executivo da Política Nacional e de apoio administrativo e financeiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Subordinado ao Ministério da Justiça.

Tem como finalidade supervisionar e coordenar os estabelecimentos penais. Por isso, há diversas atribuições destinadas a este órgão.

Compete ao Departamento Penitenciário Nacional:

Artigo 72 [Caput]:

I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execução penal em todo o Território Nacional;

(28)

IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante convênios, na implantação de estabelecimentos e serviços penais;

V - colaborar com as Unidades Federativas para a realização de cursos de formação de pessoal penitenciário e de ensino profissionalizante do condenado e do internado. VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades federativas, o cadastro nacional das vagas existentes em estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento de penas privativas de liberdade aplicadas pela justiça de outra unidade federativa, em especial para presos sujeitos a regime disciplinar.

Parágrafo único. Incumbem também ao Departamento a coordenação e supervisão dos estabelecimentos penais e de internamento federais (BRASIL. Lei 7210/84).

Afirma Faria (2015, p.354):

[...] Compete ao DEPEN acompanhar a fiel aplicação das normas de execução penal em todo o Território Nacional e inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabelecimentos e serviços penais. Cabendo-lhe ainda colaborar com as Unidades Federativas, assistindo-lhes tecnicamente na implementação da lei de execução penal, na implantação de estabelecimentos e serviços penais mediante convênios, bem como para a realização de cursos de formação de pessoal penitenciário e de ensino profissionalizante do condenado e do internado.

Vêm estabelecido também

Pelo Decreto 8.668/2016, cabe ao DEPEN participar ativamente da implementação nos estados de políticas de educação, saúde, de trabalho, de assistência cultura e de respeito à diversidade, para promoção de direitos das pessoas privadas de liberdade e dos egressos do sistema prisional, além da implantação de programas específicos que contribuam para a formação e capacitação permanente dos trabalhadores dos serviços penais (NUNES, 2016, p.180).

Resta claro, que este órgão é responsável por executar as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.

(29)

2.5.2 Departamento Penitenciário Local

A Lei estabelece que é facultativo a legislação local criar Departamento Penitenciário ou órgão similar. Este Departamento terá como finalidade a supervisão e coordenação dos estabelecimentos penais da Unidade da Federação do local onde pertencer (BRASIL. Lei 7210 de 1984)

Da mesma forma, acrescenta Avena (2018, p.167)

Além de buscar a execução da pena de acordo com a sentença judicial, a esses órgãos deve ser incumbida a função de promover a melhoria contínua do sistema prisional, dotando-o de infraestrutura capaz de atender às demandas de humanização da pena, bem como de fortalecer ações de ressocialização e integração do preso na sociedade.

Como exposto, o Departamento Penitenciário Local foi criado para melhor eficiência dentro das Penitenciárias, pois busca maior supervisionamento e melhoramento. Contudo, atualmente, como é órgão facultativo, poucas legislações locais criam este tipo de órgão.

2.5.3 Da Direção e do Pessoal do Estabelecimento Penal

O ocupante do cargo de Diretor de estabelecimento penal deverá como todos atender a requisitos. Como:

Artigo 75 [Caput]:

I - ser portador de diploma de nível superior de Direito, ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou Serviços Sociais;

II - possuir experiência administrativa na área;

III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o desempenho da função. Além disso, o diretor deverá residir no estabelecimento, ou nas proximidades, e dedicará tempo integral à sua função (BRASIL. Lei 7210 de 1984).

Quem irá trabalhar no estabelecimento penal, também vem determinado em Lei e com suas devidas caraterísticas e obrigações. Contudo, a legislação local que dirá a respeito deste assunto.

(30)

O quadro de pessoal de funcionários será organizado em diferentes categorias funcionais, de modo que, cumpram as necessidades dos serviços. Será determinado conforme as especificações de atribuições às funções. Tudo isto disposto no artigo 75 da Lei de Execução Penal.

Fabbrini e Mirabete (2018, p.250) acrescentam “A maior parte dos países, no processo de reforma penitenciária, tem optado pela formação de um quadro especial de funcionário a fim de dinamizar o procedimento com a organização de um quadro de funcionários especializados, capazes de leva-los a bom termo. ”

Além de um quadro especial de funcionários, vem sendo exigido sua maior qualificação, já que os funcionários que lá trabalham têm um maior contato com os presos, assim, querendo ou não, gera uma maior influência e estimulo aos encarcerados.

Como dito, dispõe a Lei 7.210/84 - Artigo 77. A escolha do pessoal administrativo, especializado, de instrução técnica e de vigilância atenderá a vocação, preparação profissional e antecedentes pessoais do candidato.

A lei neste artigo, em seu parágrafo primeiro, diz que a entrada, a progressão e ascensão funcional, dependerá de maior formação, e ainda, reciclagem (BRASIL. Lei 7210/84).

Vale salientar, que este mesmo dispositivo, em seu parágrafo segundo, fala que em estabelecimentos prisionais femininos somente permitirá funcionárias femininas, com exceção de pessoal técnico especializado (BRASIL. Lei 7210/84).

Finalmente, cumpre observar que o quadro de funcionários de uma penitenciária, deve vir composto por diversas pessoas, cada qual com sua função e devidamente qualificada. Já que estes funcionários que terão contato direto com os condenados. Desta forma, deverão demonstrar eficiência, respeito, e ainda, estimulo a esses condenados para que quando inseridos novamente em sociedade consigam maior inserção.

2.6 Patronato

(31)

de hoje. Desse modo, foi necessário a criação de um órgão que oferecesse um maior auxílio aos egressos.

Pensando nisso, a Lei 7.210 de 1984 criou dispositivos com a tentativa de diminuir essa população carcerária, dando maior atenção aos egressos, para buscar um menor índice de reincidência.

O patronato poderá ser público ou particular, e sua destinação será voltada a prestação de assistência aos albergados e aos egressos (BRASIL. Lei 7210/1984).

Os albergados são os condenados que cumprem a pena privativa de liberdade em regime aberto ou medida cautelar de limitação de fim de semana, é de responsabilidade do acusado ficar no estabelecimento nos dias de folga ou se recolher a noite.

Já os egressos são definidos no artigo 26 da Lei de Execução Penal, sendo o liberado definitivo, pelo prazo de 1 ano a contar da saída do estabelecimento penal e o liberado condicional, durante o período de prova.

O Patronato foi criado para prestar assistência aos egressos. Cabe ainda a este órgão defender os direitos fundamentais, como saúde e assistência social, este último anda deverá colaborar para que o egresso obtenha trabalho, como é determinado no artigo 27 da Lei de Execução Penal.

Vejamos também o artigo 79 da Lei 7.210/84:

Art. 79. Incumbe também ao Patronato:

I - orientar os condenados à pena restritiva de direitos;

II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação de serviço à comunidade e de limitação de fim de semana;

III - colaborar na fiscalização do cumprimento das condições da suspensão e do livramento condicional (BRASIL. Lei 7210/84).

Concorda Nunes (2016, p.140):

Assim, os patronatos têm uma função relevantíssima na perseguição da recuperação do delinquente, porque um preso recém-saído de um estabelecimento prisional por certo necessita de assistência social e material eficiente, daí por que o patronato tem por objetivo, na lição de Kuehne, a diminuição da reincidência criminal e o não encarceramento.

(32)

grandes chances de voltar ao estabelecimento penal, não todos, mas uma boa parte. É neste sentido de assistência que deverá trabalhar o Patronato, de modo, que evite essas circunstâncias advindas do cárcere.

2.7 Conselho da Comunidade

Para melhor reinserção à sociedade do preso é necessário que a sociedade em si colabore para ganhar uma maior eficiência. Quando alguém é condenado, os olhares já se voltam contra essa pessoa. Ao observar os motivos da maior reincidência, foi constatado a falta de colaboração da sociedade.

Na visão de Miguel Reale Júnior (1983, p.88):

A maneira da sociedade se defender da reincidência é acolher o condenado, não mais como autor de um delito, mas na sua condição inafastável de pessoa humana. É impossível promover o bem sem uma pequena parcela que seja de doação e compreensão, apenas válida se espontânea.

Assevera Nunes (2016, p.142):

Os Conselhos da Comunidade operam como um mecanismo para esse reconhecimento e para que a sociedade civil possa efetivamente atuar nas questões do cárcere, quer para humanizá-lo, quer para que as pessoas que lá estão possam retornar ao convívio social a partir de uma perspectiva mais reintegradora.

Assim, haverá um Conselho de Comunidade em cada comarca, que será composto, no mínimo, por um representante de associação comercial ou industrial, um advogado indicado pela seção da OAB, um defensor público e um assistente social (BRASIL. Lei 7210/1984.- Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010)

Vale lembrar que este órgão é vinculado a vara da execução, dessa maneira, não possui autonomia administrativa nem judicial.

Prevê, ainda, o artigo 80, em seu parágrafo único, que ao faltar a representação necessária, ficará a critério do juiz da execução a escolha dos integrantes do Conselho (BRASIL. Lei 7210/84).

Em vista disso, é importante verificar quais as funções deste órgão:

(33)

I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimentos penais existentes na comarca;

II - entrevistar presos;

III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução e ao Conselho Penitenciário; IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos para melhor assistência ao preso ou internado, em harmonia com a direção do estabelecimento.

Em conclusão, observamos que é de grande importância a participação da comunidade para atingir a finalidade da execução da pena. Já que a ausência do condenado em razão da punição de seu delito, acarreta um grande desajuste, de forma que só será alcançado com a colaboração da comunidade, de modo, que faça regularmente as visitas aos estabelecimentos penais, entreviste os presos e apresente relatórios, além disso, que alcance os recursos necessários para a sua assistência.

2.8 Defensoria Pública

A Defensoria Pública foi criada pela Constituição Federal, em seu artigo 5°, inciso LXXIV “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. ”. E ainda, pelo artigo 134, da mesma Lei:

A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do artigo 5° desta Constituição Federal (BRASIL. Constituição Federal de 1988).

No entanto, somente foi inserida no âmbito da execução penal em 2010, na Lei 12.313, quando esta inseriu na Lei de Execução Penal um capítulo determinando a atuação da Defensoria Pública como órgão da Execução.

De fato, é de grande relevância a atuação da Defensoria Pública como órgão da execução, tendo em vista, que deverá assegurar os direitos e garantias do preso, não podendo pleitear de maneira contraria ao interesse do acusado.

Acrescenta Pimentel (1983, p.158):

(34)

que o preso sinta ao seu alcance a possibilidade de lançar mão das medidas judiciais capazes de corrigir eventual excesso de pena, ou que possa abreviar os dias de prisão. Para isso, deve o Estado – tendo em vista que a maior parte da população carcerária não dispõe de recursos para contratar advogados – propiciar a defesa dos presos.

Enfim, a Defensoria tem grande abrangência em relação a proteção dos acusados, seja administrativamente ou jurisdicionalmente. Assim, define a Lei:

Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: I - requerer:

a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo; b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;

c) a declaração de extinção da punibilidade; d) a unificação de penas;

e) a detração e remição da pena;

f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução;

g) a aplicação de medida de segurança e sua revogação, bem como a substituição da pena por medida de segurança;

h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a suspensão condicional da pena, o livramento condicional, a comutação de pena e o indulto;

i) a autorização de saídas temporárias;

j) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior; k) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca; l) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1o do art. 86 desta Lei; II - requerer a emissão anual do atestado de pena a cumprir;

III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária ou administrativa durante a execução;

IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de sindicância ou procedimento administrativo em caso de violação das normas referentes à execução penal;

V - visitar os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento, e requerer, quando for o caso, a apuração de responsabilidade; VI - requerer à autoridade competente a interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.

Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará periodicamente os estabelecimentos penais, registrando a sua presença em livro próprio (BRASIL. Lei 7.210 de 1984).

Importante salientar, que a atuação da Defensoria Pública na Execução Penal é de suma importância, pois garante ao condenado um maior amparo e tranquilidade, assim, ocorrendo uma maior obediência.

(35)

III BENEFÍCIOS NA EXECUÇÃO PENAL

Neste terceiro capitulo serão discutidos os benefícios e as particularidades que a Lei de Execução Penal traz aos encarcerados.

São os benefícios apresentados pela LEP: 1 Detração 2 Progressão 3 Autorizações de Saída 4 Remição 5 Livramento Condicional 6 Monitoração Eletrônica 7 Penas Restritivas de Direitos

8 Suspensão Condicional do Processo 9 Pena de Multa

Além destes benefícios descritos na Lei 7.210 de 1984, há também outros três benefícios que são mediante aprovação do Presidente da República:

10 Anistia 11 Indulto

12 Comutação da Pena

Também será analisado neste capítulo a efetividade dos benefícios quando aplicados na execução da pena. Levando em consideração que o sistema carcerário a cada dia que passa é considerado mais precário, em razão, principalmente, da quantidade de presos aumentar gradativamente, resultando, até uma não reeducação, o que no caso, é o objetivo.

3.1 Da Detração

Aplicar a Detração significa que o encarcerado tem o direito de descontar na pena privativa de liberdade e na medida de segurança o tempo que permaneceu preso provisoriamente.

(36)

Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior

A Lei de Execução Penal, complementa no artigo 111 “ Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição. ”

Para Damásio (1988, p. 524) “[...] a aplicação do princípio da detração penal deve existir nexo de causalidade entre a prisão temporária e a pena privativa de liberdade”.

Esclarece, ainda, “Havendo, porém, conexão formal entre os delitos, admite-se o benefício. Assim, quando os delitos estejam ligados pela continência ou conexão, reunidos num só processo ou em processos diversos”.

Vale reforçar que para ser aplicada a detração penal, deverá existir nexo de causalidade, tanto entre a prisão provisória e a definitiva ou quando houver crimes conexos ou continentes.

Dessa forma, haverá detração quando o agente for preso provisoriamente, e depois de um período, for sua sentença transitada em julgado, assim, o tempo em que ficou preso provisoriamente, será descontado agora, em sua pena privativa de liberdade, restritiva de direitos ou em sua medida de segurança.

Também poderá ser aplicada em casos em que há dois crimes em concurso formal, e o agente foi preso provisoriamente em um, e ao final do processo é absolvido pelo que estava preso e condenado pelo crime que respondeu em liberdade, neste caso, também haverá a detração, pois há nexo entre os crimes.

Explica Julio F. Mirabete (2003, p.263)

[...] deve se reconhecer a detração penal nessa hipótese por medida de equidade. Assim, se esteve o sentenciado preso preventivamente por três meses, tal prazo deverá ser descontado, por exemplo, dos quatro meses da limitação de fim de semana ou de prestação de serviços à comunidade que lhe forem aplicados em substituição à pena privativa de liberdade. Solução diversa implica tratamento mais severo para os que, por suas condições pessoais, merecem da lei o tratamento mais benigno da substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos.

(37)

quando apresenta que “O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade.”.

Explica Nucci (2017, p.414):

Desconto deve ser feito no prazo mínimo de internação ou tratamento ambulatorial (1 a 3 anos), e não no tempo total de aplicação da medida de segurança. Assim, se o juiz fixa 2 anos de internação mínima, mas o apenado já ficou preso por um ano, preventivamente, deve ser realizado o exame de cessação de periculosidade dentro de um ano (e não em dois, como originalmente determinado).

Vale lembrar que o pedido de detração deverá ser requerido pela Defensoria Pública ou advogado constituído e será decidida pelo Juízo da Execução.

Por fim, a detração tem o fim de buscar uma pena justa ao reeducando, pois com o desconto da pena, pode o preso começar a cumprir sua pena definitiva em um regime menos rígido, e assim, ter sua inclusão na sociedade mais celeremente, para uma melhor ressocialização e consequentemente uma menor probabilidade de reincidência.

3.2 Da Progressão

A lei 7.210 de 1984, adotou o “sistema de progressão” na execução da pena. Isto é, o encarcerado poderá progredir do regime fechado ao semiaberto e do regime semiaberto ao aberto, cumprindo certas exigências.

Assim estabelece a lei

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão (BRASIL. Lei 7210/84).

(38)

poderá progredir do regime semiaberto para o aberto, desde que cumprido 1/6 da pena, mas não aquela aplicada no início, mas sim, o que restou.

Nessa perspectiva, afirma Capez (2017, p.583) “A cada nova progressão exige-se o requisito temporal. O novo cumprimento de 1/6 da pena, porém, refere-se ao restante da pena e não pena inicialmente fixada na sentença. ”

Confirma Roig (2017, p.361) “[...] a data-base (termo inicial) da progressão do regime semiaberto para o aberto nesse caso é o dia em que a pessoa condenada completou o requisito objetivo para a progressão do regime fechado para o semiaberto. ”

É necessário ficar atento a Lei, visto que a Lei de Execução Penal exige outros requisitos, também, quando se trata de progressão para regime aberto. Vejamos:

Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto supõe a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo Juiz.

Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que: I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente; II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime.

Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho as pessoas referidas no artigo 117 desta Lei.

Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes condições gerais e obrigatórias:

I - permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de folga; II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados;

III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial;

IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas atividades, quando for determinado. (Lei 7.210/84).

Em casos específicos quando a delinquente for mãe ou responsável por criança portadora de necessidades especiais, deverá ser observado, o parágrafo 3°, do artigo 112, da Lei de Execução Penal, em razão da lei estabelecer outros requisitos cumulativos para a concessão da progressão.

Outra peculiaridade, é em caso de crimes hediondos e equiparados, depois de longas discussões, a lei trouxe o requisito objetivo um pouco mais severo, tendo que ser atingido 2/5 da pena, para réus primários, e 3/5 da pena, para réus reincidentes.

Estabelece a Lei dos Crimes Hediondos:

(39)

primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente, observado o disposto nos §§ 3 º e 4 º do artigo 112 da Lei n º 7.210/84 (Redação dada pela Lei 13.769/2018) (BRASIL. Lei 8072/90)

Além do requisito objetivo para a obtenção da progressão, a lei também exige o requisito subjetivo, que nada mais é que ostentar bom comportamento carcerário, tendo que ser comprovado pelo diretor do estabelecimento penal.

Houve diversas discussões em razão da modificação que a Lei 10.792/2003 trouxe, quando passou a exigir apenas o parecer do diretor dizendo que o preso possui um bom comportamento carcerário. Está mudança não implica na execução da pena, pois o juízo da execução, por força do artigo 182 do Código de Processo Penal, não está vinculado a laudos, então se achar necessário, poderá requerer outras documentações, pareceres ou exames para que seja confirmado a sua posição em relação a progressão ou não.

Os requisitos objetivo e subjetivo são cumulativos. Ou seja, para obter a progressão da pena, o agente deve ter cumprido a pena equivalente, e ainda, ter um bom comportamento carcerário, que possa indicar que está apto para uma possível inclusão na sociedade.

Tendo em vista a transferência de regimes de pena há necessidade de prévia oitiva do Ministério Público, pois este tem o dever de fiscalização da execução da pena do indivíduo, já que é um integrante dos rgãos da execução penal. Sendo está exigência expressa em Lei “A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor” (artigo 112, § 1°, Lei 7.210/84).

Argumenta Roig (2017, p.355):

[...] em uma execução penal que preza pela tutela dos direitos humanos e maior efetividade jurisdicional, não deve haver óbice ao reconhecimento dos direitos da execução penal de ofício pelo juiz da execução. A denegação, por outro lado, não deve ocorrer de ofício, sob pena de nulidade, haja vista a necessidade de se assegurar ampla defesa ao condenado.

Não é admitido a progressão por salto. Quer dizer que a progressão apenas pode ser por exemplo do regime fechado para o regime semiaberto, e não do regime fechado progredir para o regime aberto.

Como mencionado acima, a cada progressão (regime fechado para o semiaberto e do regime semiaberto para o aberto) deverá ser observado os requisitos objetivo e subjetivo.

(40)

O condenado que cumpre pena no regime fechado não pode progredir diretamente para o regime aberto. Para obter a progressão, deverá, antes, cumprir um sexto de sua pena no regime semiaberto, e demonstrar a satisfação de seu mérito, preenchendo assim os requisitos objetivo e subjetivo

Reforça a súmula 491, do Superior Tribunal de Justiça “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional. ”

É relevante enfatizar, ainda, que a súmula 716 do Supremo Tribunal Federal aborda que “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. ”

Neste mesmo sentido exemplifica Mirabete e Fabbrini (2018, p.415)

Tratando-se de condenação não transitada em julgado, é indispensável para o deferimento da progressão a expedição de guia de recolhimento provisória, ou, ao menos, comunicação formal do juiz da condenação ao encarregado da execução se for este o competente para decidir a respeito.

Em vista disso, é possível concluir que mesmo que a sentença não esteja transitada em julgado, poderá ser feito a progressão da pena para regime menos rigoroso. No entanto, deve ser obedecido regras para que seja eficiente.

Também é aplicado a progressão a indivíduos estrangeiros presos no Brasil, pois a Lei de Migração em conformidade com a Constituição Federal acentua que:

Artigo 54 [caput]

§ 3° O processamento da expulsão em caso de crime comum não prejudicará a progressão de regime, o cumprimento da pena, a suspensão condicional do processo, a comutação da pena ou a concessão de pena alternativa, de indulto coletivo ou individual, de anistia ou de quaisquer benefícios concedidos em igualdade de condições ao nacional brasileiro. (BRASIL. Lei de Migração de 2017)

O Supremo Tribunal Federal através da Ministra Ellen Gracie e Ministro Cezar Peluso proferiu o acórdão que favorece o condenado estrangeiro preso na obtenção da progressão. Notemos:

Referências

Documentos relacionados

Esta ação consistirá em duas etapas. Este grupo deverá ser composto pela gestora, pelo pedagogo e ou coordenador pedagógico e um professor por disciplina

As diferenças mais significativas de humidade do solo entre tratamentos manifestam-se no final do Inverno e início da Primavera em resultado do grau de

O 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) é um estágio profissionalizante (EP) que inclui os estágios parcelares de Medicina Interna, Cirurgia Geral,

Para a análise de dados optou-se por utilizar a escala de Likert nos questionários para medir o grau de inovação das empresas, sendo que: a pontuação 1,0 é

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Por meio dos registros realizados no estudo de levantamento e identificação de Felinos em um remanescente de Mata atlântica, uma região de mata secundária

Cândida Fonseca Duração e local: 11/09/2017 a 03/11/2017 – Hospital São Francisco Xavier Objectivos e actividades desenvolvidas: Os meus objectivos centraram-se na

Ao analisar o conjunto de empresas de dois segmentos da BM&FBOVESPA –Energia Elétrica e Bancos –, verifi cando as métricas fi nanceiras de rentabilidade e risco Nunes, Nova