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Trata-se de uma pena que tem como característica a obrigação de pagamento de multa, quando o infrator comete crimes de menor potencialidade. O pagamento da pena de multa será destinado ao Fundo Penitenciário Nacional. Entretanto, em Estados que possuem legislação específica, e por isso possuem Fundo Penitenciário Estadual, caberá a este receber as prestações pecuniárias.

Nesse sentido Nucci (2017, p.443) confirma

Em síntese, pois, o que se vislumbra é a possibilidade de a União e o Estado legislarem, concorrentemente, sobre direito penitenciário – matéria que versa sobre a destinação do valor da multa –, de forma que a mera criação do Fundo Penitenciário Nacional não faz destinar todas as penas pecuniárias para os cofres da União, sendo indispensável que haja expressa previsão legal para isso se dar. O Estado de São Paulo criou o Fundo Penitenciário Estadual, mencionando expressamente que as multas aplicadas em decorrência de crimes previstos no Código Penal lhe são destinadas.

A pena de multa, como já mencionamos nos outros tópicos também veem prescrita no Código Penal (legislação geral) e na Lei de Execução Penal.

Delibera o artigo 49, do C digo Penal “A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 e, no máximo, de 360 dias-multa. ”

O parágrafo 1° do artigo anterior preceitua que o valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 vezes esse salário.

Já o § 2º determina que “O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária”

Com fundamento no artigo 60 do Código Penal, o valor da multa a ser aplicada deve corresponder a situação econômica do réu. Pois se o juiz considerar que em face da situação econômica o réu, a multa será considerada irrisória, poderá aumentar até o triplo (§1°, art.60, CP).

Proferida a sentença que condena ao pagamento de multa, o condenado terá 10 dias depois de transitada em julgado para realizar pagamento. Se caso necessário e a requerimento do condenado, é facultado ao juiz que permita que a multa seja paga em parcelas (art.50, CP).

O recebimento da multa pode ser efetuado mediante desconto no vencimento ou salário do condenado, quando o § 1º, do art. 50, do Código Penal permitir:

a) aplicada isoladamente;

b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;

c) concedida a suspensão condicional da pena. (BRASIL. Código Penal de 1940. Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Para que seja realizado o desconto no vencimento ou no salário do condenado, deve ser observado os seguintes critérios estipulados no artigo 168, da LEP:

a) o limite máximo do desconto mensal será o da quarta parte da remuneração e o mínimo o de um décimo;

b) o desconto será feito mediante ordem do Juiz a quem de direito;

c) o responsável pelo desconto será intimado a recolher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a importância determinada.

Apesar disso, se preocupando com a subsistência familiar foi incluído o “§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família. (Art.50, § 2°, Código Penal de 1940).

Por outro lado, se o réu não pagar a multa, em razão da alteração do artigo 51, do Código Penal, não poderá mais ser convertida em pena privativa de liberdade, embora sanção penal, considera-se a execução dessa pena de competência da Fazenda Pública.

Cabe destacar que do artigo 51, do Código Penal, por causa de sua redação há grandes divergências, inclusive nos Tribunais. Além de estar tramitando uma ADI 3150 sobre o referido dispositivo.

Quer dizer que a pena de multa tem caráter de sanção penal, ou seja, juiz quem aplica, mas como é dívida de valor, é a Fazendo Pública quem tem competência para executá-la.

O Superior Tribunal de Justiça também possui a Súmula 521 que tem como teor “A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenat ria é exclusiva da Procuradoria da Fa enda Pública. ”

Como já mencionado quando proferida a sentença, o condenado terá 10 dias para pagar o valor da multa. De acordo com esse enunciado, a Lei de Execução Penal, completou “Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora.” (Art.164, da LEP).

Ademais, se decorrer o prazo sem o pagamento da multa, é permitido a penhora de bens para satisfazer a inadimplência, que será conforme definir a lei processual civil (§§ 1° e 2°, art. 164, da LEP).

Ainda sobre a penhora de bens por falta de pagamento da pena de multa, dispõe a Lei 7.210/84:

Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos apartados serão remetidos ao Juízo Cível para prosseguimento.

Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-se-á prosseguimento nos termos do § 2º do artigo 164, desta Lei. (BRASIL. Lei 7.210/84).

Haverá também a suspensão da execução da pena de multa, quando o condenado desencadeia doença mental, conforme indica o artigo 52, do Código Penal e artigo 167, da Lei de Execução Penal.

Ao proceder a execução da pena de multa, poderá o condenado requerer ao juiz este pagamento em prestações mensais, até o fim do prazo de 10 dias. Porém, o juiz, antes de decidir, pode requerer diligências para verificar a verdadeira situação econômica do infrator, para então fixar as prestações, desde que ouvido o Ministério Público. (Art. 169, caput e § 1°, da LEP).

O mesmo dispositivo declara que “§ 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, revogará o

benefício executando-se a multa, na forma prevista neste Capítulo, ou prosseguindo-se na execução já iniciada. ”

Dessa maneira, Nucci (2018, p.216) concluí:

Do mesmo modo já defendido anteriormente, nada impede que o juiz possa parcelar a multa, para que se evite a penhora de bens e se possa garantir o adimplemento da obrigação. Registremos, sempre, que se trata, na essência, de pena, razão pela qual precisa ser cumprida, evitando-se a impunidade. Quando mais se fizer para atingir esse objetivo, melhor para a finalidade da sanção penal.

De outra parte, é estabelecido também que se a pena de multa for cumulada com pena privativa de liberdade, e esta estiver sendo executada, poderá a pena de multa ser obtida conforme determina o artigo 168, da mesma lei. (Art.170, da LEP).

Para mais, se o condenado cumprir a pena privativa de liberdade, obtiver livramento condicional ou lhe for concedido a suspensão condicional da pena, sem haver remido a multa, será cobrado conforme já explicamos nesse tópico (§§ 1° e 2°, art. 170, da LEP).

Afinal, sobre a pena de multa Marcão (2007, p.239) aduz “Nos tempos modernos tem sido utilizada largamente como instrumento de política criminal em busca do abrandamento punitivo em reação a certos delitos, considerados de menor potencial ofensivo. ”

Também elucida Mirabete e Fabbrini (2018, p.799) “A pena de multa, largamente empregada no direito penal contemporâneo, é mais um instrumento destinado a evitar o encarceramento por prazo de curta duração, dos autores de ilícitos penais que não apresentem maior gravidade.”

Assim, é certo dizer que a pena de multa tem sido aplicada para que o condenado não perca seu convívio familiar, o contato com a sociedade, seu trabalho, em razão de uma infração que não causa tanto malefícios à sociedade. Por vezes, a condenação por pena de multa por si só, tem maior eficiência, do que uma privativa de liberdade.

Por isso, pode ser considerada um benefício ao condenado quando aplicada tão somente, visto que não causa dano algum a vida do infrator, apenas economicamente, que no caso, dependendo da situação financeira, poderá até ser proporcionado o pagamento em parcelas.