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A Defensoria Pública foi criada pela Constituição Federal, em seu artigo 5°, inciso LXXIV “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. ”. E ainda, pelo artigo 134, da mesma Lei:

A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do artigo 5° desta Constituição Federal (BRASIL. Constituição Federal de 1988).

No entanto, somente foi inserida no âmbito da execução penal em 2010, na Lei 12.313, quando esta inseriu na Lei de Execução Penal um capítulo determinando a atuação da Defensoria Pública como órgão da Execução.

De fato, é de grande relevância a atuação da Defensoria Pública como órgão da execução, tendo em vista, que deverá assegurar os direitos e garantias do preso, não podendo pleitear de maneira contraria ao interesse do acusado.

Acrescenta Pimentel (1983, p.158):

Nenhum preso se conforma com o fato de estar preso e, mesmo quando conformado esteja, anseia pela liberdade. Por isso a falta de perspectiva de liberdade ou a sufocante sensação de indefinida duração da pena são motivos de inquietação, de intranquilidade, que sempre se refletem, de algum modo na disciplina. importante

que o preso sinta ao seu alcance a possibilidade de lançar mão das medidas judiciais capazes de corrigir eventual excesso de pena, ou que possa abreviar os dias de prisão. Para isso, deve o Estado – tendo em vista que a maior parte da população carcerária não dispõe de recursos para contratar advogados – propiciar a defesa dos presos.

Enfim, a Defensoria tem grande abrangência em relação a proteção dos acusados, seja administrativamente ou jurisdicionalmente. Assim, define a Lei:

Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: I - requerer:

a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo; b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;

c) a declaração de extinção da punibilidade; d) a unificação de penas;

e) a detração e remição da pena;

f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução;

g) a aplicação de medida de segurança e sua revogação, bem como a substituição da pena por medida de segurança;

h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a suspensão condicional da pena, o livramento condicional, a comutação de pena e o indulto;

i) a autorização de saídas temporárias;

j) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior; k) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca; l) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1o do art. 86 desta Lei; II - requerer a emissão anual do atestado de pena a cumprir;

III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária ou administrativa durante a execução;

IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de sindicância ou procedimento administrativo em caso de violação das normas referentes à execução penal;

V - visitar os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento, e requerer, quando for o caso, a apuração de responsabilidade; VI - requerer à autoridade competente a interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.

Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará periodicamente os estabelecimentos penais, registrando a sua presença em livro próprio (BRASIL. Lei 7.210 de 1984).

Importante salientar, que a atuação da Defensoria Pública na Execução Penal é de suma importância, pois garante ao condenado um maior amparo e tranquilidade, assim, ocorrendo uma maior obediência.

Por fim, cumpre observar que este órgão ao tutelar pela regulação da execução da penal, assegura uma maior proteção humana para os condenados.

III BENEFÍCIOS NA EXECUÇÃO PENAL

Neste terceiro capitulo serão discutidos os benefícios e as particularidades que a Lei de Execução Penal traz aos encarcerados.

São os benefícios apresentados pela LEP: 1 Detração 2 Progressão 3 Autorizações de Saída 4 Remição 5 Livramento Condicional 6 Monitoração Eletrônica 7 Penas Restritivas de Direitos

8 Suspensão Condicional do Processo 9 Pena de Multa

Além destes benefícios descritos na Lei 7.210 de 1984, há também outros três benefícios que são mediante aprovação do Presidente da República:

10 Anistia 11 Indulto

12 Comutação da Pena

Também será analisado neste capítulo a efetividade dos benefícios quando aplicados na execução da pena. Levando em consideração que o sistema carcerário a cada dia que passa é considerado mais precário, em razão, principalmente, da quantidade de presos aumentar gradativamente, resultando, até uma não reeducação, o que no caso, é o objetivo.

3.1 Da Detração

Aplicar a Detração significa que o encarcerado tem o direito de descontar na pena privativa de liberdade e na medida de segurança o tempo que permaneceu preso provisoriamente.

Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior

A Lei de Execução Penal, complementa no artigo 111 “ Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição. ”

Para Damásio (1988, p. 524) “[...] a aplicação do princípio da detração penal deve existir nexo de causalidade entre a prisão temporária e a pena privativa de liberdade”.

Esclarece, ainda, “Havendo, porém, conexão formal entre os delitos, admite-se o benefício. Assim, quando os delitos estejam ligados pela continência ou conexão, reunidos num só processo ou em processos diversos”.

Vale reforçar que para ser aplicada a detração penal, deverá existir nexo de causalidade, tanto entre a prisão provisória e a definitiva ou quando houver crimes conexos ou continentes.

Dessa forma, haverá detração quando o agente for preso provisoriamente, e depois de um período, for sua sentença transitada em julgado, assim, o tempo em que ficou preso provisoriamente, será descontado agora, em sua pena privativa de liberdade, restritiva de direitos ou em sua medida de segurança.

Também poderá ser aplicada em casos em que há dois crimes em concurso formal, e o agente foi preso provisoriamente em um, e ao final do processo é absolvido pelo que estava preso e condenado pelo crime que respondeu em liberdade, neste caso, também haverá a detração, pois há nexo entre os crimes.

Explica Julio F. Mirabete (2003, p.263)

[...] deve se reconhecer a detração penal nessa hipótese por medida de equidade. Assim, se esteve o sentenciado preso preventivamente por três meses, tal prazo deverá ser descontado, por exemplo, dos quatro meses da limitação de fim de semana ou de prestação de serviços à comunidade que lhe forem aplicados em substituição à pena privativa de liberdade. Solução diversa implica tratamento mais severo para os que, por suas condições pessoais, merecem da lei o tratamento mais benigno da substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos.

Ademais, consoante a interpretação do artigo 387, parágrafo 2° do Código de Processo Penal, a detração poderá ser aplicada em hipóteses que tem como pena a medida de segurança. Embora, o dispositivo não seja expresso, permite uma interpretação extensiva,

quando apresenta que “O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade.”.

Explica Nucci (2017, p.414):

Desconto deve ser feito no prazo mínimo de internação ou tratamento ambulatorial (1 a 3 anos), e não no tempo total de aplicação da medida de segurança. Assim, se o juiz fixa 2 anos de internação mínima, mas o apenado já ficou preso por um ano, preventivamente, deve ser realizado o exame de cessação de periculosidade dentro de um ano (e não em dois, como originalmente determinado).

Vale lembrar que o pedido de detração deverá ser requerido pela Defensoria Pública ou advogado constituído e será decidida pelo Juízo da Execução.

Por fim, a detração tem o fim de buscar uma pena justa ao reeducando, pois com o desconto da pena, pode o preso começar a cumprir sua pena definitiva em um regime menos rígido, e assim, ter sua inclusão na sociedade mais celeremente, para uma melhor ressocialização e consequentemente uma menor probabilidade de reincidência.