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Conselhos escolares : instrumento de gestão democrática? Uma experiência em duas escolas públicas do Distrito Federal

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Academic year: 2017

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto Sensu em Mestrado em Educação

Dissertação

CONSELHOS ESCOLARES: INSTRUMENTO DE

GESTÃO DEMOCRÁTICA? UMA EXPERIÊNCIA EM

DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DO DISTRITO FEDERAL

Autora: Josiane Moreira Dias

Orientadora: Profª. Drª. Clélia de Freitas Capanema

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JOSIANE MOREIRA DIAS

CONSELHOS ESCOLARES: INSTRUMENTO DE GESTÃO DEMOCRÁTICA? UMA EXPERIÊNCIA EM DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DO DISTRITO FEDERAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Mestrado em Educação, da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação.

Orientadora: Professora Doutora Clélia de Freitas Capanema.

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7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

11/08/2011

D541c Dias, Josiane Moreira

Conselhos escolares: instrumento de gestão democrática? Uma experiência em duas escolas públicas do Distrito Federal. / Josiane Moreira Dias – 2011.

110f. : il.; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2011.

Orientação: Clélia de Freitas Capanema

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Dissertação de autoria de Josiane Moreira Dias, intitulada "Conselhos Escolares: Instrumento de gestão democrática? Uma experiência em duas escolas públicas do Distrito Federal", apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação da Universidade Católica de Brasília, em 10 de agosto de 2011, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

__________________________________________

Profª. Drª. Clélia de Freitas Capanema Orientadora

__________________________________________

Profª. Drª. Beatrice Laura Carnielli Examinadora Interna

__________________________________________

Prof. Dr. Cleomar Locatelli Examinador Externo

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Considero-me uma pessoa privilegiada por Deus, que me concedeu a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas, cuja alma, cheia de beleza, sabedoria, humildade e afeto, contribuíram de forma valiosa para o meu crescimento pessoal e profissional.

À minha família, mãe, irmãs(os), tias(os), primas(os) e sobrinhos(as), que ao longo da minha existência, não medem esforços para me dar apoio, participando de todas as minhas lutas e vitórias com cumplicidade e solidariedade.

À minha Orientadora Doutora Clélia de Freitas Capanema, exemplo de educadora, com quem compartilhei um sonho e aprendi muito sobre políticas educacionais. Sem a sua ajuda e dedicação a preparação deste trabalho não teria sido possível.

À professora Beatrice Laura Carnielle, que, com muita competência, dedicação e companheirismo, colaborou para a realização deste trabalho.

À família Casa Meninos Deus em especial à irmã Dita, pela acolhida, pelo carinho e zelo. Ali tive o apoio necessário para trilhar minha nova vida com muita fé e coragem.

Às meninas da Casa Menino Deus, em especial as minhas amigas: Dores, Izabel, Camila(Enfermeira), Camila(Pará), Ana Paula, Mirian e Sueli Novais, com quem compartilhei sonhos e reflexões sobre o verdadeiro sentido da vida.

Aos meus colegas de Curso do Mestrado em Educação, em especial a Cidnéa, Simone, Cibele e Gledston, pelo apoio, incentivo e companheirismo nesta minha caminhada.

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DIAS, Josiane Moreira. Conselhos escolas: instrumento de gestão democrática? uma experiência em duas escolas públicas do Distrito Federal. 2011. 110f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Universidade Católica de Brasília- Brasília-DF, 2011.

Este trabalho teve como principal objetivo investigar se a atuação do Conselho Escolar de duas Escolas Públicas de Ensino Médio do Distrito Federal atende aos incisos I, II e V do Decreto nº 29.207/08, cuja temática é focalizar a realidade dos Conselhos Escolares dentro do modelo de gestão compartilhada. Para tanto, foram escolhidas duas escolas pertencentes à Diretoria Regional de Ensino de Taguatinga e Diretoria Regional de Ensino da Asa Norte. Para respaldar a pesquisa, foram elaborados instrumentos de coleta de dados, aplicados nas duas escolas, conforme os objetivos geral e específicos da pesquisa. Nas escolas, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com todos os membros do Conselho Escolar. A discussão da pesquisa gira em torno da possibilidade e da operacionalização de um aprendizado participativo de todos os segmentos da escola no qual a participação vem se efetivando por meio dos Conselhos Escolares. Ao final da pesquisa, ficou a percepção de que o Conselho Escolar ainda é um poderoso instrumento de democratização da gestão escolar, mesmo apresentando, na construção da sua trajetória, movimentos de avanços e recuos. A partir dessa vivência da experiência colegiada, pode-se constatar que os avanços foram muitos no sentido de termos uma abertura democrática através dos mecanismos legais e termos os Conselhos instituídos nas escolas, o que leva a uma escola mais democrática e participativa. Na visão dos membros, o Conselho Escolar é bastante significativo no espaço escolar por viabilizar a participação de todos os segmentos da escola nas tomadas de decisões. Desse modo, a gestão democrática, viabilizada a partir da vivência no Conselho Escolar, apesar de, ainda, ser um processo lento e difícil no âmbito da escola, proporciona melhorias no processo educacional.

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DIAS, Josiane Moreira. School boards: instrument of democratic governance? an experiment in public schools of Distrito Federal. 2011. 110f. Thesis (MA in Education)-Universidade Católica de Brasília- Brasília-DF, 2011.

The purpose of this study aimed to investigate whether the actions of two Public High

Schools’ School Board of Distrito Federal meet the items I, II and V of Decree No. 29.207/08, whose theme is to focuson the reality of School Boards in the shared management model. To this end, we selected two schools belonging to the Taguatinga Regional Board of Education and to the Asa Norte Regional Education Board. To support the research, instruments were designed to collect data, applied to two schools, according to the general and specific objectives of the research. In schools, semi-structured interviews were conducted with all members of the School Board. The discussion of the research revolves around the possibility and the operation of a participatory learning of all segments of the school in which participation has been effected by the School Boards. At the end of the study, was the perception that the School Board is still a powerful instrument of democratization of school management, even featuring in the construction of its trajectory, movements of advances and retreats. From this experience of collegiate experience, it can be seen that there have been many advances in the sense of having a democratic opening through the legal mechanisms and having the Councils instituted at schools, which leads to a more democratic and participatory school. In the view of the members the School Board is very significant at school by enabling the participation of all segments of the school in making decisions. Thus, the democratic management, viable from the experience in School Board, while still is a slow and difficult process within the school, provides improvements in the educational process.

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Quadro 1: Evolução institucional dos Conselhos Escolares no Brasil ... 22

Figura 1: Localização dos sujeitos da pesquisa... 32

Quadro 2: Demonstrativo da Pesquisa... 34

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APMS Associação de Pais e Mestres

APAN Associação de Pais e alunos

CE Conselhos Escolares

CF Constituição Federal

CEP Conselho de Ética da Pesquisa

DDD Diretoria de Diversidade Educacional

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada

LDB Lei de Diretrizes e Bases

MEC Ministério da Educação

PNE Plano Nacional de Educação

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1 INTRODUÇÃO ... 13

2 PROBLEMA ... 15

3 JUSTIFICATIVA... 16

4 OBJETIVOS... 18

4.1 OBJETIVO GERAL... 18

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 18

5 REVISÃO DE LITERATURA... 19

5.1 CONSELHOS ESCOLARES E LEGISLAÇÃO... 19

5.2 CONSELHOS ESCOLARES COMO NÚCLEO DA GESTÃO: UMA HISTÓRIA EM CONSTRUÇÃO ... 24

5.3 CONSELHOS ESCOLARES NA PERSPECTIVA DA PARTICIPAÇÃO... 26

6 METODOLOGIA... 31

6.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA... 31

6.2 SUJEITOS DA PESQUISA... 32

6.3 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS... 34

6.3.1 Entrevista semi-estruturada... 35

6.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS... 36

6.4.1 Análise documental... 36

6.4.2 Entrevistas... 37

6.5 TRATAMENTO DOS DADOS COLETADOS... 37

6.6 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA... 37

6.7 CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS... 38

7 RESULTADOS... 39

7.1 ANÁLISE DOCUMENTAL... 39

7.2 ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA A... 40

7.3 ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA B... 41

7.4 ANÁLISE DE ATA DE REUNIÕES DO CONSELHO ESCOLAR DA ESCOLA A... 41

(12)

ESCOLAR... 45

8.2 APROVAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO PPP DAS ESCOLAS... 47

8.3 AUXÍLIO À GESTÃO ESCOLAR... 50

8.4 PERCEPÇÃO DOS MEMBROS... 52

9 DISCUSSÃO... 57

9.1 GARANTIA DA PARTICIPAÇÃO EFETIVA DA COMUNIDADE ESCOLAR... 57

9.2 APROVAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO PPP DAS ESCOLAS... 59

9.3 AUXÍLIO À GESTÃO ESCOLAR... 61

9.4 PERCEPÇÃO DOS MEMBROS SOBRE O CE... 62

10 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO... 64

REFERÊNCIAS... 69

APÊNDICE - A ... 73

APÊNDICE - B ... 75

APÊNDICE - C ... 78

APÊNDICE - D ... 96

ANEXO - A ... 99

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1 INTRODUÇÃO

A ênfase que se dá à gestão democrática da educação, sobretudo aos Conselhos Escolares como mecanismo de construção de uma escola pública de qualidade, tem sido discutida e pesquisada ao longo dos anos, no campo educacional. O tema ganhou evidência no discurso de educadores, a partir da década de 1990, e vem se constituindo em um conceito significativo no discurso sobre a democratização da escola pública.

Dentre os mecanismos de efetivação da gestão democrática na escola pública, destacam-se os Conselhos Escolares que são constituídos pela comunidade escolar e local. É um espaço privilegiado de participação que todos os segmentos da escola têm para discutir e encaminhar ações que assegurem à aprendizagem dos alunos.

Autores como Luck (2008), Bordignon (2009), Abranches (2003), Paro (2007), Libâneo (2008), Antunes (2010) e outros abordam a importância da articulação e mobilização de todos os membros da escola para a constituição e promoção dos Conselhos escolares atuantes.

Uma reflexão acerca dos Conselhos Escolares, como canal de comunicação entre escola e comunidade deve ser compreendida através da dinâmica do princípio constitucional da democratização da gestão escolar. Dessa forma, o Conselho Escolar representa hoje um instrumento privilegiado de democratização da escola e da dinamização do Projeto Político Pedagógico.

De fato, o movimento pela democratização da escola pública, através da efetiva participação dos seus membros nos Conselhos Escolares, ganhou força e maior destaque com a aprovação das suas bases legais, incrementando o processo de mobilização social por um sistema de gestão democrática da escola pública, provocando maior articulação e organização da escola.

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administrativas e financeiras, constituídos por representantes dos diferentes segmentos que integram a comunidade escolar. São compostos por um membro nato (diretor escolar) e por, no máximo, quinze membros eleitos representantes dos segmentos da comunidade escolar para mandato de dois anos. As funções dos Conselhos Escolares são definidas pelas condições reais da escola, da organização dos próprios Conselhos e das competências dos profissionais em exercício na unidade escolar. Dentre as funções previstas pelo Decreto nº 29.207/08, no artigo 10º destacam-se os incisos I, II e V:

Garantir a participação efetiva da comunidade escolar na gestão da instituição educacional;

Aprovar a Proposta Pedagógica da instituição educacional, construída em consonância com a Proposta Pedagógica e com o Regimento Escolar aprovados para a Rede Pública de Ensino do Distrito Federal, bem como acompanhar a sua execução;

Auxiliar a direção na gestão da instituição educacional e em outras questões de natureza administrativa e pedagógica que lhe sejam submetidas, visando à melhoria dos serviços educacionais.

Portanto, o decreto nº 29.207/08 define as funções dos conselhos escolares, os parâmetros para a atuação do colegiado e a coerência da ação de cada parte no contexto escolar em vista a sua finalidade. Para tanto, parte-se do princípio de que os instrumentos legais que dão respaldo às ações de fortalecimento dos Conselhos Escolares são fundamentais para a constituição de um órgão político atuante. É certo que a legislação educacional não esgota toda a riqueza de características de uma escola, mas estabelece parâmetros para sua organização.

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2 PROBLEMA

Na rede pública de ensino do Distrito Federal, os Conselhos Escolares foram normatizados pela Lei nº 4.036, de 25 de outubro de 2007, no seu artigo 2º, inciso IV, e o artigo 3º, que dispõe sobre a obrigatoriedade da existência dos mesmos nas instituições educacionais da rede pública, com caráter deliberativo, em conformidade com os objetivos da gestão compartilhada. Foram criados pelo do Decreto nº 29.207 de 26 de junho de 2008, que dispõe sobre os Conselhos Escolares das instituições educacionais da rede pública de ensino do Distrito Federal.

Diretrizes educacionais se expressam em leis, por isso a legislação é importante matéria no estudo da organização e funcionamento do ensino. Porém, é oportuno lembrar, que as leis por si só não bastam. Elas se sustentam se estiverem presentes na consciência e na prática dos educadores. A partir dessa consciência, é preciso cumpri-las.

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3 JUSTIFICATIVA

A idéia da investigação surgiu no contexto da experiência profissional como professora de Escola Pública e vem permeando os estudos há vários anos. Os estudos sobre Conselhos Escolares levaram ao interesse atual de colocar sob exame, de maneira mais sistematizada, toda a problemática relacionada com os Conselhos Escolares e o cumprimento da legislação educacional.

O estudo fundamenta-se na concepção de Conselho Escolar como espaço de exercício de participação e mecanismo de efetivação da gestão educacional democrática. Configura-se como um órgão colegiado onde todos os segmentos da escola devem participar das decisões e ações coletivas. É constituído por representantes dos diferentes segmentos que integram a comunidade escolar: pais, alunos, professores, funcionários, diretor, vice diretor e comunidade local. Através dele, todas as pessoas ligadas à escola podem se fazer representar e decidir sobre as dimensões administrativas, financeiras e pedagógicas. Neste sentido, esse colegiado escolar torna-se um canal de participação e instrumento da gestão escolar.

O Conselho Escolar destaca-se por ser uma instância colegiada importante dentro da escola, pois é capaz de dinamizar o coletivo escolar pela via da participação e da gestão do processo de ensino, foco central de escolarização. Para que isso aconteça é fundamental que, tanto a equipe pedagógica quanto os professores, gestores e demais membros da escola estejam atentos aos rumos dados às relações sociais presentes na organização de todo o trabalho escolar.

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Diante desse contexto, torna-se fundamental a atuação efetiva dos conselhos escolares, como espaço de discussão nas comunidades escolares, tornando conjunta a ação, com a co-responsabilidade de todos no processo educativo. Através deste mecanismo de ação coletiva é que efetivamente serão canalizados os esforços da comunidade escolar em direção à renovação da escola, na busca da melhoria do ensino e de uma sociedade humana e democrática.

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4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Investigar se a atuação do Conselho Escolar de duas Escolas Públicas de Ensino Médio do Distrito Federal atende aos incisos I, II e Vdo Decreto nº 29.207/08.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar se a atuação do Conselho Escolar das escolas investigadas garante a participação efetiva da comunidade escolar na gestão compartilhada;

 Identificar a atuação do Conselho Escolar das escolas investigadas, na aprovação, acompanhamento e execução do Projeto Político Pedagógico das escolas;

 Identificar a atuação do Conselho Escolar no auxilio a gestão das escolas;

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5 REVISÃO DE LITERATURA

5.1 CONSELHOS ESCOLARES E LEGISLAÇÃO

O panorama do sistema educacional brasileiro apresenta entraves sérios como: fracasso escolar, elevados índices de evasão e repetência e analfabetismo. As políticas educacionais implementadas parecem não apresentar consistência e eficácia na resolução dos problemas citados. A escola pressionada a rever suas práticas, como uma instituição social, encontra-se, neste momento, num processo dinâmico de reestruturação na sua organização e funcionamento.

A partir do início da década de 1980, com a transição democrática, a sociedade brasileira delineou um novo quadro de mobilização e organização social, suficientemente amplo para provocar mudanças nas relações de poder em todas as áreas, inclusive na educação. Essas mudanças exigiram a reestruturação dos mecanismos de efetivação de gestão democrática das escolas públicas.

Diante deste contexto, os Conselhos Escolares surgem como um canal de participação da comunidade escolar, nos processos de tomada de decisões, tornando-se, assim, o principal elemento de democratização no espaço escolar.

Para Abranches (2003) este período se destaca pelo início da construção da cidadania política, que transcende os limites da delegação de poderes da democracia representativa, aproximando-se da democracia participativa, que representa novas alternativas para o exercício político.

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Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, no que se refere ao capítulo sobre educação, a legislação incorporou em seu texto os clamores dos educadores que exigiam a democratização da sociedade e da escola pública traduzidos em preceitos legais. E dentro deste quadro trouxe a inovação da gestão democrática do ensino público, conforme o

exposto no Art. 206, Inciso VI: ―O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei‖. (CF. 1988)

Podemos considerar que a formalização deste princípio em uma Constituição Federal é uma conquista para a educação. Este princípio e seu modo de formulação são inéditos e não aparecem em outras constituições federais. O princípio associa este serviço à democracia. Isto implica uma noção de participação nas tomadas de decisões da escola pública, ou seja, na gestão escolar, sobretudo nos Conselhos Escolares (DALILA, 2007).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 (LDB), estabeleceu os princípios da gestão democrática do ensino público, na forma da lei e da legislação, determinando a organização dos sistemas de ensino de forma participativa e democrática. Como está explicitado no artigo 14:

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

A LDB remete a regulamentação da gestão democrática do ensino público na educação básica aos sistemas de ensino, oferecendo ampla autonomia às unidades federativas e exigindo uma escola democrática. Segundo Antunes (2010), a própria LDB propõe uma nova concepção de educação, que visa à formação global do educando, vinculada ao mundo do trabalho e à prática social. É urgente e necessária uma escola que promova ambientes colaborativos, participativos, solidários de aprendizagens.

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Diante desse contexto legal, percebe-se uma legislação educacional, definida sob princípios que visem à democratização das decisões no âmbito escolar e social, influenciados pelos movimentos sociais organizados, acionadas para favorecer a gestão democrática da escola pública e a efetivação de Conselhos Escolares atuantes e participativos. Cabe aos educadores ampliar a consciência da relevância desses princípios legais.

É também, nesse quadro, que o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela Lei nº 10.172, de 9/1/2001, estabelece os objetivos e as prioridades que devem orientar as políticas públicas de educação pelo período de dez anos. Dentre os seus objetivos, destaca-se:

A democratização da gestão do ensino público, salientando-se, mais uma vez, a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes, bem como a descentralização da gestão educacional, com fortalecimento da autonomia da escola e garantia de participação da sociedade na gestão da escola e da educação.

Da Constituição Federal, da LDB, do PNE e do Estatuto da Criança e do Adolescente, emergiram as propostas para ressignificar a gestão escolar. O que esta sendo implementado na rede pública são adequações aos dispositivos legais, com ênfase na reorganização dos Conselhos Escolares e da gestão da escola.

Nessa direção é que foram implementados os princípios de gestão democrática na educação da rede pública de ensino do Distrito Federal, a partir dos quais elaboraram-se diretrizes e princípios da Gestão Compartilhada, consagrados na Lei nº 4.036 de 25/10/07, no artigo 1º e no inciso IV do 2º:

A gestão compartilhada na instituição educacional da rede pública de ensino do Distrito Federal será exercida conforme o disposto no art. 206, VI, da Constituição Federal nos artigos 3º, e 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e artigo 222 da Lei orgânica do Distrito Federal.

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A Lei nº 4.036/07, regulamenta a gestão democrática das escolas públicas do Distrito Federal, por meio dos Conselhos Escolares como núcleo da gestão compartilhada, concedendo certo grau de autonomia às escolas. Daí emana as normas da gestão compartilhada, orientando o envolvimento dos diferentes sujeitos na vida da escola, norteados pelo princípio da gestão democrática.

Nesta perspectiva, o movimento pela democratização da escola pública no Distrito Federal ganhou força e maior destaque com a aprovação do Decreto nº 29.207/08, que dispõe sobre a implantação dos Conselhos Escolares nas Escolas Públicas do Distrito Federal. De acordo com o art. 1º.

Ficam constituídos, na estrutura das instituições educacionais da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal, os Conselhos Escolares, Entidade de natureza consultiva, deliberativa, mobilizadora e supervisora das atividades pedagógicas, administrativas e financeiras, constituída por representantes dos diferentes segmentos que integram a comunidade escolar. Conforme levantamento realizado pela DDE - Diretoria de Diversidade Educacional, em janeiro de 2008, havia 600 Conselhos Escolares ativos na Rede Pública de Ensino do Distrito federal.

Oliveira (2009) destaca que se a fonte maior de nosso ordenamento jurídico colocou a gestão democrática como princípio, se as leis infraconstitucionais a reforçaram, não seria lógico que tal exigência, nascida do direito de uma nova cultura política de cidadania, se fizesse ausente nas mediações dos sistemas públicos de ensino. Tais princípios devem perpassar todo o sistema público dos estados, dos municípios e do Distrito Federal.

A evolução institucional dos Conselhos Escolares no Brasil pode ser graficamente visualizada no Quadro 1, disposto a seguir:

C.F LDB ECA PNE Lei nº 4.036/07 CE-DF

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Gestão democrática do ensino público Participação das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentes.

Participação dos pais na definição das propostas educacionais

Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes, bem como a descentralização da gestão educacional Regulamenta a gestão democrática das escolas públicas do Distrito Federal, por meio dos Conselhos Escolares Constituição dos Conselhos Escolares na rede pública de ensino do DF.

Quadro 11: Evolução institucional dos Conselhos Escolares no Brasil. Fonte: Própria.

As bases legais que norteiam a gestão democrática nas escolas públicas devem ser utilizadas segundo um posicionamento crítico que combata a idéia burocrática de hierarquia e centralização das ações escolares, e voltadas para a construção de uma escola que atenda os reais interesses da comunidade local, fazendo valer seus direitos e deveres, democraticamente discutidos e definidos.

1

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5.2 CONSELHOS ESCOLARES COMO NÚCLEO DA GESTÃO: UMA HISTÓRIA EM CONSTRUÇÃO

No campo educacional, as lutas pela democratização do ensino começaram a surgir com mudanças na estrutura e funcionamento da escola. Essas mudanças vieram se construindo ao longo dos anos. A história mostra que a escola reestruturou sua forma de organização, com reflexo nos mecanismos que dão efetividade a uma gestão democrática, como os Conselhos Escolares.

A implementação e fomento dos Conselhos Escolares é um debate que se deu no início da década de 1980, consoante com a tendência de democratização da sociedade, e teve seu marco com a proposta de implantação de Conselhos Escolares em 2007. Este debate surge em meio à necessidade urgente de combater a gestão autoritária do estado, propugnando pelo envolvimento da comunidade escolar nas decisões da escola.

Para Sander (2005), no campo específico da política e da administração da educação, a fase da construção democrática das últimas décadas é testemunha de um rico processo de aprendizagem e amadurecimento para os estudiosos e especialistas em nossas universidades e sistemas de ensino. Houve nessa fase um significativo esforço crítico para avaliar as experiências brasileiras de organização e administração do ensino e para ensaiar novas perspectivas teóricas e novas práticas de administração da educação.

De fato, o caminho de construção percorrido pelos Conselhos Escolares é longo e árduo. Inicia-se desde a identificação da Congregação como primeira comunidade administrativa desse tipo, até à implantação dos órgãos colegiados nas escolas. A Congregação utilizava-se de processo colegiado para discutir e buscar melhores soluções para as escolas, mas a sua composição era de um grupo formado por educadores de formação acadêmica apurada e elitizante. (MATOS, 1996).

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Mestres (APMS) e o retorno da Caixa Escolar, mais autônoma, são identificados como instrumentos comprometidos com a assistência escolar. (ABRANCHES, 2003).

O período seguinte caracterizou-se pela forte influência dos debates acerca da organização do sistema de ensino. Contudo, foi se impondo cada vez mais a exigência de se modificar por inteiro o arcabouço da educação nacional, o que implicava a mudança na organização da escola.

As discussões sobre o processo de implantação dos Conselhos Escolares nas escolas públicas se deram no início da década de 1980, consoante com a tendência de democratização da sociedade e tiveram como marco a proposta de implantação de conselhos escolares, em 1983, após a realização do Congresso Mineiro de Educação (ABRANCHES, 2003).

Na década de 1990, com as novas propostas de organização surgidas em âmbito educacional, surge uma reflexão mais ampla acerca dos colegiados, aumentando a preocupação com o relacionamento entre escola e comunidade. Neste contexto, o conselho escolar surge estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, implicando a participação, a autonomia e a qualidade da escola pública, torna o Conselho Escolar um mecanismo forte de construção da gestão democrática.

Conforme identificado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), em estudo sobre as escolas brasileiras estaduais, 37,28% delas à época possuíam Conselho Escolar; 32,69% possuíam Associação de Pais e Mestres; 24,59% possuíam Colegiado escolar e 18,22% possuíam Caixa Escolar (LUCK, 2008).

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A gestão democrática da educação é, hoje, um valor já consagrado no Brasil e no mundo, embora ainda não totalmente compreendido e incorporado à prática social global e à prática educacional brasileira e mundial. É indubitável sua importância como um recurso de participação e de formação para a cidadania (FERREIRA, 2000, p. 167).

Nessa perspectiva, os Conselhos Escolares, de acordo com Abranches (2003), têm possibilitado a implementação de novas formas de gestão por meio de um modelo de administração colegiado, em que todos participam dos processos decisórios e do acompanhamento, execução e avaliação do Projeto Político Pedagógico da Escola.

5.3 CONSELHOS ESCOLARES NA PERSPECTIVA DA PARTICIPAÇÃO

Refletir sobre gestão colegiada nos dias atuais sugere discutir a participação de todos os profissionais da comunidade escolar nas tomadas de decisões, sobretudo na elaboração, execução e acompanhamento do projeto político pedagógico (PPP). Implica garantir a construção de uma escola autônoma, participativa e descentralizada, como elementos fundamentais na construção de uma gestão democrática do ensino público.

Segundo Antunes (2010), participar da gestão colegiada de forma democrática é participar da decisão sobre a organização pedagógica, financeira e administrativa da escola. Uma gestão é democrática quando proporciona o exercício da cidadania, da autonomia, da democracia. É democrática, comunitária e compartilhada quando envolve, efetivamente, a participação da comunidade na concepção do PPP da escola.

Participar significa, segundo o dicionário Aurélio, informar, comunicar, ter ou tomar parte em, ter parcela em um todo, ou receber, em divisão ou em partilha, parte de um todo. Compreende-se que todos devem tomar parte no processo educativo e ter sua parcela de contribuição no projeto da escola, consolidando a prática de gestão colegiada participativa.

(27)

essas características é uma forma de democratização da escola, quando envolvem todos os segmentos educacionais.

No entanto, é importante que a participação seja entendida como um processo dinâmico e interativo que vai muito além da tomada de decisão, uma vez que caracterizado pelo apoio mútuo na convivência do cotidiano da gestão colegiada, na busca, por seus agentes, da superação de suas dificuldades e limitações do enfrentamento de seus desafios, do bom cumprimento de sua finalidade social e do desenvolvimento de sua identidade social. (LUCK, 2008).

Os Conselhos Escolares efetivamente participativos pressupõem a participação de todos os segmentos da escola nas decisões, tendo como foco o processo pedagógico descentralizado.

Isso significa dizer que, a gestão participativa enfrenta entraves como: comunidade escolar e local não preparada para a prática da gestão participativa da escola, práticas de gestão autoritárias, centralizadas. E o desafio de implantação e fortalecimento dos Conselhos Escolares.

A prática de gestão centralizada, tendo como foco o processo administrativo da escola, ainda é vivida em muitas escolas ao longo da normatização das bases legais e dos processos democráticos na escola pública. É lamentável que educadores ainda reforcem e praticam ações centralizadoras no interior das escolas públicas.

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A participação de todos os segmentos escolares nos Conselhos Escolares, e o fortalecimento dos mesmos, requer modelos de gestão colegiada atuante na construção dos processos democráticos na gestão educacional. Todavia, são ações que devem ser proposta pelas políticas educacionais com o objetivo de colocar a gestão democrática da educação como meio para a melhoria do ensino e aprendizagem. Entretanto, o fortalecimento dos Conselhos nas escolas é o caminho para a construção do Projeto Político Pedagógico autônomo e participativo.

Desse modo, busca-se estabelecer na instituição escolar, relações democráticas e participativas. Onde possa garantir o princípio de participação, contemplado nas suas bases legais. Neste sentido, transformar a gestão colegiada como meio para se atingir os objetivos educacionais é democratizar a gestão que deve ser um meio para se atingir os objetivos de aprendizagem, que é o objetivo primordial das escolas.

Para Libâneo (2006) o principal papel da gestão escolar é o de favorecer o trabalho docente e, dessa forma, favorecer a aprendizagem dos alunos. São de pouca valia inovações como gestão democrática, eleições para diretor, introdução de modernos equipamentos, e outras novidades, se os alunos continuam apresentando baixo rendimento escolar e aprendizagens não consolidadas.

À luz dessas concepções de gestão colegiada participativa e melhoria do ensino e aprendizagem, é possível fazermos uma reflexão necessária e coerente entre os meios e os fins, ou seja, os meios não podem contrariar os fins visados. Com base nesse princípio, a gestão colegiada não pode ser considerada neutra com relação aos objetivos a alcançar. Para favorecer o trabalho docente e a aprendizagem dos alunos é preciso, pois, que a gestão colegiada nos aspectos pedagógicos e seus aspectos organizacionais, estejam em perfeita harmonia com os fins educativos, favorecendo a participação dos diferentes segmentos da escola no projeto educativo.

(29)

promover esse envolvimento. Seu significado está centrado na maior participação dos pais na vida escolar, como condição fundamental para que a escola esteja integrada na comunidade. (LUCK, 2008).

Embora os pais e funcionários da escolar conheçam a atuação maior dos conselhos escolares em muitas escolas, ainda há um longo caminho a percorrer. Ampliar a participação dos pais nas tomadas de decisões da escola e na construção do seu Projeto Político Pedagógico é um desafio a ser enfrentado. Precisamos promover uma gestão escolar para o sucesso do aluno superando assim o fracasso escolar, os elevados índices de evasão, repetência e analfabetismo.

Democratizar a escola através da participação de todos os segmentos da escola, visando à autonomia e a descentralização de recursos e a melhoria do ensino e a aprendizagem requer a mobilização e organização dos membros escolares através do fortalecimento dos Conselhos Escolares numa perspectiva de superação efetiva das práticas centralizadoras.

A concepção de Conselho Escolar de caráter participativo que favoreça a melhoria da educação é desafiador e dinâmico na medida em que se propõe o seu fortalecimento para a melhoria dos índices de repetência, evasão e analfabetismo. Essa perspectiva surge dá necessidade de pensarmos no modelo de gestão escolar que venha superar práticas autoritárias e sem sucesso no interior das Unidades Escolares, que excluem alunos, pais e comunidade local. Essa abordagem traz à cena o papel atribuído ao Projeto Político Pedagógico da Escola numa perspectiva de formar cidadãos participativos e atuantes.

(30)

Neste contexto, o fortalecimento dos conselhos escolares é imprescindível, uma vez que, como instância de gestão colegiada, com representação dos diversos segmentos da comunidade escolar e local, cabe-lhe coordenar e acompanhar as discussões concernentes às prioridades e objetivos da escola, analisar e encaminhas os problemas de ordem administrativa e pedagógica, conhecer as demandas e potencialidades da comunidade local, estimular a instituição de práticas democráticas e transparentes e incentivar a co-responsabilidade no desenvolvimento das ações de todos que integram a comunidade escolar. (AGUIAR, 2008).

Com esse entendimento, a gestão educacional corresponde por via dos Conselhos Escolares a uma atuação responsável por estabelecer uma direção e mobilização capazes de promover a participação e dinamizar ações da escola, com ações conjuntas, articuladas e eficazes, visando o objetivo maior a melhoria na qualidade do ensino.

Gadotti (2008) afirma que a participação e a democratização num sistema público de ensino é a forma mais prática de formação para a cidadania. A educação para a cidadania dá-se na participação no processo de tomada de decisão. A criação dos Condá-selhos Escolares representa uma parte desse processo. Eles só são eficazes num conjunto de medidas políticas que visem à participação e à democratização das decisões.

Por fim, a concepção dos Conselhos Escolares na perspectiva da participação possibilita uma atuação conjunta, e deve incentivar uma cultura de participação efetiva dos pais e da comunidade escolar; a consolidação dos Conselhos Escolares e a ampliação da participação dos pais nas decisões da escola. Assim, é possível um enfoque que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação dos segmentos diversos da escola na medida em que são orientados para a promoção efetiva da aprendizagem dos alunos.

(31)

6 METODOLOGIA

6.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

A presente pesquisa, no que se refere à sua natureza, privilegiou a abordagem qualitativa. Por seu caráter exploratório, dá conta com maior profundidade das múltiplas características do objeto de estudo.

As pesquisas qualitativas estimulam os entrevistados a pensarem livremente sobre o objeto de estudo. Elas fazem emergir aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea. São usadas quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação.

A pesquisa qualitativa tem o objetivo de conhecer para entender a situação social, fato, grupo ou interação, levando o pesquisador a compreender o sentido de algum fenômeno social ao realizar a investigação (LUDKE, M & ANDRÉ, 1986).

A investigação, aqui delineada, caracteriza-se como um estudo de caso, numa abordagem qualitativa em que se verifica a atuação dos Conselhos Escolares e o cumprimento dos seus aspectos legais. Optou-se pelo estudo de caso para aprofundar qualitativamente a pesquisa nas escolas escolhidas e por estar diretamente relacionado às características que tal tipo de investigação apresenta como adequadas à observação e à análise da realidade de forma natural, complexa e atualizada. Permite reunir maior número de dados, com riqueza de detalhes e visão mais ampla.

(32)

O estudo de caso é uma abordagem intuitiva, intensa, sutil, derivada da observação participante, o que às vezes leva o pesquisador a ter uma falsa certeza de suas conclusões, por acreditar que já conhece o suficiente sobre o objeto estudado.

Para Gil (2002), a importância do estudo de caso se evidencia sobre o que ele tem de singular, de particular, ainda que se constatem semelhanças com outros casos. Assim, será um estudo permitindo um amplo e pormenorizado conhecimento do objeto em análise.

6.2 SUJEITOS DA PESQUISA

A pesquisa teve como sujeitos de estudo os Conselhos Escolares do Centro de Ensino Médio, situado na Asa Norte e o Centro de Ensino Médio de Taguatinga, situado na região administrativa do Distrito Federal. Ambos pertencem à Rede Pública de Ensino do Distrito Federal e sua disposição geográfica está demonstrada na Figura 1, a seguir:

Figura 1 - Localização dos sujeitos da pesquisa.

Fonte: http://www.distritofederal.df.gov.br/sites/100/155/PDOT/doct14.htm

(33)

A escolha do Centro de Ensino Médio da Asa norte e do Centro de Ensino Médio de Taguatinga se deu pelos seguintes motivos: por um localizar-se na região denominada Plano Piloto e, o outro, na região administrativa do Distrito Federal; por ambos possuírem equipe escolar receptiva, segundo as observações da pesquisadora; por atenderem alunos vindouros de comunidades carentes; e porque pretende-se verificar os benefícios que as escolas públicas vêm realizando para a comunidade. Estes muitas vezes não são explícitos para a sociedade, visto que, nelas, o ensino público é muitas vezes desqualificado.

A escolha das escolas foi intencional, exigindo, para a realização da pesquisa, que a escolas atendessem tais requisitos: que fossem públicas; que possuíssem Conselhos Escolares e que estivessem abertas para acolher a pesquisa. Também se levou em consideração a melhoria do desempenho dos alunos no Exame Nacional de Ensino Médio, a referência de escolas tradicionais consideradas pela comunidade escolar.

Os participantes da pesquisa foram os membros dos Conselhos Escolares das 02 escolas selecionadas para a realização da pesquisa. Todos os entrevistados são membros eleitos do Conselho Escolar, representantes dos segmentos da comunidade escolar: 02 gestores, 06 professores, 04 coordenadores pedagógicos, 02 orientadores educacionais, 06 alunos, 06 pais e 02 funcionários das escolas. Na população de 14 membros de cada colegiado, serão entrevistados 28 membros.

Realizou-se entrevista semiestrutura para cada categoria de membros, como pais, professores, gestores, alunos, coordenadores, orientadores educacionais e funcionários da escola. Os alunos foram escolhidos por ano/série. Os professores e demais funcionários, dentre aqueles com cargo efetivo e com maior tempo de permanência na escola. Os pais foram escolhidos dentre aqueles que participam das atividades educativas.

(34)

6.3 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados é uma etapa importante numa pesquisa por apresentar os instrumentos que melhor atendam aos objetivos da investigação.

Para tanto, optou-se pelas seguintes técnicas e instrumentos, que envolveram os diferentes sujeitos da pesquisa, conforme o Quadro 2 abaixo:

OBJETIVOS ESPECÍFICOS INSTRUMENTOS DE COLETA TIPOS DE ANÁLISE Identificar se a atuação do Conselho

Escolar das escolas investigadas garante a participação efetiva da comunidade escolar.

Pesquisa documental e Entrevista Análise de conteúdo, documental e descritiva

Identificar a atuação do Conselho Escolar das escolas investigadas, na aprovação, acompanhamento e execução do PPP das escolas.

Pesquisa documental Análise de conteúdo e documental

Identificar a atuação do Conselho Escolar no auxilio à gestão das escolas.

Pesquisa documental e Entrevista Análise de conteúdo, documental e descritiva

Identificar se o Conselho Escolar exerce uma função meramente burocrática nas escolas investigas.

Entrevista Análise de conteúdo e descritiva

Quadro 2: Demonstrativo da Pesquisa. Fonte: A autora.

Os procedimentos de coleta de dados na pesquisa qualitativa envolvem observações, entrevistas, documentos e material áudio e visual. Durante a investigação qualitativa os pesquisadores buscam envolver os participantes na coleta de dados e, para tal fim precisam criar uma relação de harmonia com as pessoas no estudo CRESWELL (2007).

(35)

6.3.1 Entrevista Semiestruturada

A entrevista, segundo Bauer e Gaskel (2003), se constitui instrumento importante na investigação, caracteriza-se pela busca de informações sobre temas pré-definidos, ainda que não seja uma regra preestabelecida.

As entrevistas semiestruturadas foram realizadas por meio de roteiros elaborados previamente, aplicadas a todos os membros que compõem o Conselho Escolar.

Para Figueiredo e Souza (2010), a entrevista é uma conversa efetuada face a face entre o informante e o entrevistador, cujo objetivo é colher dados fidedignos através de uma conversação dirigida ou livre. Nesta pesquisa a entrevista foi orientada para identificar a eficácia da atuação dos membros dos Conselhos Escolares, visando sempre buscar informações significativas para o tema em estudo.

6.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

A pesquisa de campo foi realizada com prévia assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecida, conforme deliberação do Conselho de Ética da Pesquisa - CEP desta Instituição, e agendamento com a direção da escola.

6.4.1 Análise documental

(36)

Para Bardin (2010), a análise documental tem por objetivo dar forma conveniente e representar de outro modo a informação, por intermédio de procedimentos de transformação. O propósito a atingir é o armazenamento sob uma variável e a facilitação do acesso ao observador, de tal forma que este obtenha o máximo de informação.

6.4.2 Entrevistas

Na realização das entrevistas com os sujeitos das escolas, utilizou-se a gravação em áudio, para transcrição posterior.

Procurou-se assegurar a representatividade dos grupos envolvidos diretamente nos Conselhos Escolares entrevistando todos os seus membros e demais envolvidos no processo escolar. Nesse momento, recolheram-se as impressões e concepções de cada um dos envolvidos, construídas com base na experiência vivenciada no processo de implantação e execução do Conselho Escolar das escolas pesquisadas.

A entrevista é uma das técnicas usadas com maior freqüência pelos pesquisadores, sobretudo da área da educação, por servir-se da comunicação verbal, facilitando, assim, a obtenção das informações

(37)

6.5 TRATAMENTO DOS DADOS COLETADOS

O processo de análise e interpretação dos dados está ligado com os objetivos da pesquisa e envolve os seguintes procedimentos: análise de conteúdo. Bardin (2010) define a análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. A partir da categorização dos dados coletados foram apresentados os resultados e discussões obtidos na pesquisa.

Análise documental, definida por Bardin (2010) como uma operação ou um conjunto de operações visando representar o conteúdo de um documento sob uma forma diferente da original, a fim de facilitar, num estado ulterior, a sua consulta e referenciação. Serão apresentados os dados obtidos através análise documental de acordo com a pesquisa realizada nos seguintes documentos: Projeto Político Pedagógico da escola e Atas de reuniões do Conselho Escolar.

6.6 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA

Ao iniciar a pesquisa, a Diretoria de Ensino forneceu autorização, endereços das escolas e os nomes de seus respectivos diretores. Em seguida, foram agendadas as visitas por telefone e apresentado aos diretores os objetivos da pesquisa. Solicitou-se permissão para realizá-la. Antes de iniciar a coleta de dados, procurou-se conhecer a realidade da escola a ser pesquisada, ouvindo as pessoas envolvidas nos processos administrativo e pedagógico, percebendo melhor suas preocupações e expectativas e ao mesmo tempo observando os diversos aspectos do contexto escola, sobretudo, dos Conselhos Escolares.

(38)

O segundo passo, conforme roteiro elaborado, realizaram-se as entrevistas com os sujeitos envolvidos no estudo, buscando captar a percepção de cada um deles em relação ao Conselho Escolar.

Finalmente, de posse do material coletado nas entrevistas, nos documentos disponíveis, iniciaram-se o trabalho de análise e a descrição dos dados, sem perder de vista os objetivos da pesquisa.

6.7 CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS

Para a seleção dos sujeitos entrevistados, procurou-se priorizar todos os membros do Conselho Escolar. Encontram-se nas escolas, objeto de estudo, os requisitos previstos para a realização da pesquisa.

Na população de vinte e oito membros dos CE das duas escolas pesquisadas, trabalhou-se com um universo de dezessete sujeitos. Conforme dados apresentados abaixo: 06 (seis) sujeitos do gênero masculino e 11(onze) sujeitos do gênero feminino.

Quanto à formação acadêmica destaca-se:

 Formação acadêmica dos professores: Todos os professores com nível superior.

 Formação acadêmica dos Alunos: Ensino Médio não concluído.

 Formação acadêmica da direção da escola: Nível Superior

 Formação acadêmica dos servidores administrativos: Nível Médio

 Formação acadêmica dos pais: Nível Superior.

(39)

7 RESULTADOS

Busca-se aqui apresentar os resultados coletados nas entrevistas com os profissionais das escolas pesquisadas, conforme os pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa, organizando-os seqüencialmente em quatro categorias de análises, para metodologicamente facilitar o processo de compreensão das questões analisadas.

Essas categorias surgem baseadas não só na fundamentação teórica sobre a atuação dos membros dos Conselhos Escolares pesquisados que direcionou os roteiros das entrevistas, mas também nos dados fornecidos pelos entrevistados.

A análise dos resultados fundamentou-se em quatro categorias básicas: a) Garantia da participação efetiva da comunidade escolar; b) Aprovação e acompanhamento do PPP das escolas; c) Auxílio à Gestão Escolar; d) Percepção dos membros do CE.

Essas categorias foram baseadas nos objetivos geral e específicos da pesquisa, que foram identificar: se a atuação do Conselho Escolar das escolas investigadas garante a participação efetiva da comunidade escolar na gestão compartilhada; a atuação do Conselho Escolar das escolas investigadas, na aprovação, acompanhamento e execução do Projeto Político Pedagógico das escolas; a atuação do Conselho Escolar no auxílio à gestão das escolas; e a percepção dos membros acerca do Conselho Escolar.

7.1 ANÁLISE DOCUMENTAL

Foram escolhidos para serem objeto de análise documental os seguintes documentos: Atas de reuniões dos Conselhos Escolares e o Projeto Político Pedagógico das escolas, com a intenção de ampliar o conhecimento sobre a prática de gestão colegiada das escolas pesquisadas.

(40)

7.2 ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA A

Com o foco nos objetivos específicos da pesquisa, procurou-se identificar no PPP da escola A, elementos que evidenciassem a garantia da participação efetiva da comunidade. Constatou-se que o PPP da Escola A apresenta em um dos seus princípios: ―O princípio do

ensino centrado no aluno: Educar e formar, envolvendo seus principais elementos: Escola, Professor, Aluno e Comunidade.‖ É o único princípio que cita o envolvimento da comunidade. Luck (2008) reforça a idéia de que o PPP só se valida se levar em conta a participação de toda a comunidade.

A despeito disso, no item relação escola e família, o PPP (2010, p. 5) menciona:

O Projeto Pedagógico também incentiva a família de nosso alunado a participar do trabalho pedagógico. Reuniões serão realizadas com a participação dos pais, dos professores e de convidados especiais, constituindo os sábados da família na escola, para estudo de natureza psico-pedagógica e aprofundamento dos assuntos concernentes à educação.

Percebe-se que o documento não traz indícios de ações que garantem um diálogo com a comunidade escolar e nem os subsídios para identificar as formas de participação dos diversos segmentos da comunidade escolar na elaboração e execução do PPP.

(41)

7.3 ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA B

A Proposta Pedagógica da Escola B contempla os seguintes objetivos:

Promover a democratização nas relações pedagógico-administrativas;

Desenvolver políticas de parceria com o Conselho Escolar

Trazer a comunidade para dentro da escola, dinamizando as reuniões de pais e mestres. (2010, p. 8).

Neste subitem, a proposta é a de relatar o que foi resgatado da leitura e análise do PPP da escola B, também com foco nos objetivos da pesquisa. Evidencia-se que o documento menciona, de forma clara, a intenção de buscar a comunidade para dentro da escola, com o apoio do Conselho Escolar. Nesta proposta pedagógica existe uma preocupação de se estabelecer um diálogo com a comunidade escolar. Sinaliza a possibilidade de a equipe escolar entender o PPP e ser percebido como um documento elaborado de forma participativa.

O êxito do trabalho da escola depende do estabelecimento prévio de objetivos e estratégias pedagógicas que possam nortear a gestão escolar. E o PPP da escola é o instrumento que estabelece as diretrizes e o caminho a ser seguido pela instituição de ensino.

7.4 ANÁLISE DE ATA DE REUNIÕES DO CONSELHO ESCOLAR DA ESCOLA A

A análise documental do livro Ata de reuniões pode ser graficamente visualizada no quadro 3, disposto a seguir:

DATA DAS REUNIÕES

ASSUNTO DISCUTIDO NATUREZA DOS ASSUNTOS DISCUTIDOS Em 12/11/2008  Eleição da direção.

 Retirada do lixo: computadores na caixa;  Sala de informática (horários dos monitores e

uso dos alunos)

Administrativos

(42)

 Reparos das salas de aula danificadas;  Providência da entrada dos alunos;  Sugestões sobre a Xerox. (rever contrato)  Parceria entre CE e direção para fazer

cobranças junto a Secretaria de Educação Em 20/11/2008  Titulação dos cargos do Conselho

Comunitário de Segurança Escolar.

 Tratar da comissão de compras e recebimentos de bens e serviços;

Administrativos

Em 09/12/2008 Em 15/12/2008

 Desmembramento do espaço livre da escola para uso do estacionamento.

Administrativos

Em 12/01/2009  Verbas públicas; Caixa escolar Administrativos

Em 06/03/2009  Problema de disciplina de aluno (brigas na escola).

Administrativos

Em 16/03/2009  Problemas administrativos. Administrativos Em 08/05/2009  Reorganização do Calendário escolar;

reposição de aulas dos dias letivos;  Aprovação do Calendário escolar.

Pedagógico

Em 13/08/2009  Cumprimento do Calendário Escolar;  Solicitar a devolução do espaço cedido à

Secretaria de Educação;

 Instalação da câmara de segurança.

Administrativos

Em 09/09/2009  Mudança dos portões de entrada dos alunos. Administrativos Em 07/10/2009  Aprovação da construção do muro com

recursos da escola;

 Questões financeiras: gastos com água, telefone e luz;

 Construção da cantina e refeitório;  Segurança do CEMEIT.

 Apresentação de orçamento para compra de Câmera de segurança

Administrativos

Em 12/11/2009  Transferência da verba que seria gasta com as câmaras de segurança para a compra de equipamentos para uso em sala de aula;  Aprovação da compra de uma televisão e data

show.

Administrativos

(43)

Em 29/01/2010  Iluminação externa da escola;  Pintura geral da quadra de esportes;

Manutenção hidráulica dos banheiros dos professores e alunos;

 Substituição da fiação elétrica da área externa;  Instalação de três aparelhos de ar

condicionado na sala da direção, professores e na sala de vídeo.

Administrativos

Em 02/02/2010  Aprovação da reforma dos itens citados na reunião anterior;

 Apresentar ao CE orçamento da reforma

Administrativos

Em 22/02/2010  Reunião para discutir uma retificação no valor apresentado no orçamento referente a reforma da escola discutida na reunião anterior;  Aprovação da compra de um armário para os

funcionários da escola;

 Aprovar ou reprovar orçamento de compras de materiais de construção;

 Efetuar pagamento de contrato

Administrativos

Em 29/03/2010  Reunião sobre vistoria técnica na reforma da escola

Administrativos

Em 13/05/2010  Reforma da escola;  Pagamento da reforma;

 Redistribuição de materiais: computadores; cadeiras e prestação de contas

Administrativos

Em 17/12/2010  Analisar o parecer do Conselho fiscal apresentado ao Conselho Escolar;

 Prestação de contas dos recursos repassados ao Caixa escolar.

 Esclarecimento quanto aos demais recursos utilizados pela escola;

Administrativos

Em 22/12/2010  Averiguar a prestação de contas Administrativos Em 05/01/2011  Aprovação do orçamento das contas e mão de

obra da escola

Administrativos

(44)

Neste quesito, apresentam-se os assuntos discutidos nas reuniões, conforme os registros no livro de Atas de reuniões do CE. Buscou-se identificar os objetivos específicos da pesquisa. O quadro demonstrativo evidencia que os membros do CE reuniram-se para tratar de assuntos administrativos durante os anos letivos de 2008, 2009 e 2010. Em nenhum momento trataram de assuntos relacionados à dimensão pedagógica e não mencionam ações estratégicas para garantir a participação da comunidade nas atividades escolares.

7.5 ANÁLISE DE ATA DE REUNIÕES DO CONSELHO ESCOLAR DA ESCOLA B

Neste espaço, a pretensão era a de especificar os registros do livro de Atas de reuniões do CE da escola B, a exemplo do que se fez com a escola A, descrevendo os assuntos tratados nas reuniões.

No entanto, não foi possível realizar a análise documental do livro de Atas de reuniões do CE da escola B, porque o livro não foi encontrado. Embora tenham sido constantes as buscas que a pesquisadora fez na documentação da escola, para conseguir o documento, não obteve êxito, sempre ouvindo a justificativa de que o livro havia sumido.

(45)

8 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

8.1 GARANTIA DA PARTICIPAÇÃO EFETIVA DA COMUNIDADE ESCOLAR

Objetivo: Identificar se a atuação do Conselho Escolar das escolas investigadas garante a participação efetiva da comunidade escolar na gestão compartilhada.

Pergunta (questão 1 do Roteiro de entrevista):

1. A atuação do Conselho Escolar garante a participação efetiva da comunidade escolar?

Resultado:

64% dos entrevistados responderam que o CE garante a participação efetiva da comunidade escolar.

36% dos entrevistados responderam que o CE não garante a participação efetiva da comunidade escolar.

Depreende-se que a atuação dos CE é tida como positiva pela maioria dos entrevistados. Todavia, os entrevistados falam a respeito da atuação do CE na garantia da participação da comunidade escolar, deixando transparecer suas percepções de formas diferenciadas.

Resposta do supervisor: [...] o CE garante a participação da comunidade escolar. Nada impede a participação da comunidade escolar. Eles têm acesso.

(46)

Percebe-se que há uma contradição na fala da professora. Em nenhum momento ela afirma que a atuação dos CE garante a participação efetiva da comunidade escolar. Quando da fala do aluno, este acredita que a participação de fato acontece.

Pergunta (questão 2 do Roteiro de entrevista):

2. Que tipo de atividades os membros do CE promovem para garantir a participação efetiva da comunidade escolar?

Resultado:

76% dos entrevistados responderam que os membros do CE promovem atividades para garantir a participação efetiva da comunidade escolar.

24% dos entrevistados responderam que os membros do CE não promovem atividades para garantir a participação efetiva da comunidade escolar.

É pertinente refletir um pouco sobre esses dados. Eles indicam que os membros promovem as atividades para garantir a participação efetiva da comunidade escolar, que, por um lado, revela a seriedade do trabalho que o CE vem realizando independente da incumbência legal. Observa-se, que não tratam do simples cumprimento de uma legislação, mas de os membros do CE saberem qual seu papel, estando cientes de suas funções.

Resposta da presidente do CE:

Olha, assim: fazemos vários eventos. Os mais diversos possíveis. Nós fazemos bazar, fazemos almoço e jantares, fazemos rifa entre os membros da comunidade, essa é a forma que nós temos para fazer a participação.

(47)

Resposta do supervisor:

Não promovem nenhuma atividade para trazer a comunidade para a escola. A gente pede. A gente fala para os pais. Só conversando mesmo. Não fazemos nenhum tipo de atividade.

A resposta identifica que há falhas. De fato, as atividades desenvolvidas não são capazes de reforçar a ação participativa de toda comunidade escolar, impulsionando cada vez mais a atuação dos CE.

No entanto, a diretora da escola B, ao responder sobre garantia da participação efetiva da comunidade escolar, informou que:

O CE garante a participação da comunidade, com a realização de eventos como: bazares, jantares, reuniões pedagógicas. Nós fazemos reuniões mensais com a participação dos pais, alunos, professores e equipe gestora, para discutirmos as questões pedagógicas, questões disciplinares, a forma de aplicar as verbas que vêm do governo estadual e federal. Através de reuniões para deliberar algumas decisões.

A fala da diretora nutre expectativas positivas, o que nem sempre é realista. Em geral, essas atividades não ocorrem, conforme consta na ata de reuniões do CE, o que reflete, de certo modo, uma farsa.

8.2 APROVAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO PPP DAS ESCOLAS

Objetivo 2: Identificar a atuação do Conselho Escolar na aprovação, acompanhamento e execução do PPP da escola.

Pergunta (questão 3 do Roteiro de entrevista):

(48)

Resultado:

41% dos entrevistados responderam que os membros do CE atuam na aprovação, acompanhamento e execução do PPP da escola.

59% dos entrevistados responderam que os membros do CE não atuam na aprovação, acompanhamento e execução do PPP da escola.

Na pesquisa, os entrevistados sinalizaram que o PPP da escola é um documento elaborado sem a participação da comunidade escolar. O PPP é percebido pelos membros como um documento pedagógico sob responsabilidade da direção.

Uma minoria dos entrevistados afirmou que a atuação se dá na área administrativa, como um órgão fiscalizador dos recursos públicos, como afirma uma funcionária da escola:

O CE atua mais assim: em cobrança, fiscalização, aplicação do dinheiro da APAN- Associação de Pais e alunos. O dinheiro a gente usa geralmente para fazer reparos na escola. Como: pintura, encanação.

Numa porcentagem bem expressiva, 59% afirmaram que os membros do CE não atuam na aprovação, acompanhamento e execução do PPP da escola. É preocupante o que afirmam os membros do CE a respeito dessa realidade:

Resposta da Professora da Escola:

(49)

Resposta do funcionário:

Olha, é. Essa área pedagógica a gente não entra. É mais na parte administrativa.

Chama à atenção o total descaso com o PPP entre escola e membros do CE, percebe-se que o foco não é o processo pedagógico e, sim, o processo administrativo, uma vez que se dá ênfase aos recursos financeiros.

Resposta da Presidente do CE e representante dos pais:

Olha! Eu vou ser bem sincera. A participação do CE nessa área não existe. Quem mais participa é a coordenação. A parte pedagógica é com a direção. Em alguns casos que são passados para mim. Ocorre muita mudança de professores aqui na escola e de alunos também. Eu não conheço o PPP da escola.

Resposta do representante dos alunos:

Não conheço o PPP da escola, isso daí é mais da parte da coordenação. Não conheço as ações pedagógicas da escola. A nossa função é mais fiscalizar. Essa questão ai que você colocou a gente não participa.

(50)

8.3 AUXÍLIO À GESTÃO ESCOLAR

Objetivo 3: Identificar a atuação do Conselho Escolar no auxilio à gestão das escolas.

Pergunta (questão 4 do Roteiro de entrevista):

4.O Conselho Escolar auxilia o gestor na gestão da escola? Como?

Resultado:

100% dos entrevistados responderam que o CE auxilia o Gestor (a) na gestão da escola.

A unanimidade das respostas identifica que há falhas, quanto ao auxílio à gestão da escola. Mais uma vez, os membros do CE fazem referência ao processo administrativo, demonstram que há incoerência com a prática. A posição dos entrevistados aponta que há de fato essa incoerência, aqui explicitada:

Resposta do supervisor:

(51)

Resposta do representante dos funcionários:

O CE auxilia o gestor na parte administrativa. Ele não pode fazer uma obra sem consultar o CE. A gente aprova depois de fazer um estudo. Eu não lembro ter auxiliado o gestor na parte pedagógica.

Torna-se pertinente, nesse momento, a explicitação de algumas atividades que os membros realizam para auxílio à gestão da escola:

Resposta da Presidente do CE e representante dos pais:

O CE auxilia o gestor em alguns casos. Quando há reuniões, ela me passa o que aconteceu. Algumas coisas a direção resolve e me mostra o que foi feito. A escola recebe repasse do governo. O dinheiro vem para os projetos da escola. O dinheiro é muito pouco. Para auxiliar mais é através dos eventos: rifas, bazar e almoço. Fazemos o caixa escolar com a contribuição dos pais. A maioria dos pais ajuda com a caixa escolar.

Os entrevistados destacam também a importância dos CE dentro da escola e o dever

em auxiliar o trabalho educativo. A expressão ―o CE tem um papel fundamental dentro da

escola. Deveria auxiliar o gestor na escola. Ajudamos o gestor nas questões administrativas.

Na prestação de contas.‖ Mencionada por um dos entrevistados afirma ser este, de fato, o papel que eles desenvolvem à frente dos CE.

Outro aspecto importante, também, é que, no decorrer das entrevistas, os membros reforçam o descaso que existe com o processo pedagógico, apresentando suas preocupações com relação ao aspecto pedagógico. Levam em consideração a co-responsabilidade no processo educativo. Como destaca a orientadora educacional da escola:

Imagem

Figura 1 - Localização dos sujeitos da pesquisa.

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