• Nenhum resultado encontrado

Rev. Bras. Enferm. vol.32 número2

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Rev. Bras. Enferm. vol.32 número2"

Copied!
3
0
0

Texto

(1)

3�, 32 : 217-219, 1979

o

USO DA SOJA COMO SUPLEM E NTO PROTEICO NA

ALiMENTA;AO DE FAMI LIAS D E BAIXA REN DA: UM

EXPERIMENTO EDUCACIONAL EM DUAS COM U N I DADES

NA C I DADE DE R I B E I RAO PRETO - ESTADO DE S. PAU LO *

t; * Mar

ia da Gloria

Miotto

Wright

WRIGHT, M.G.M. - 0 us> da soja como suplemento proteico na alimenta�io de fami­ lias de baixa renda. ev. Bas. Enr. ; DF, 32 : 217-219, 1979.

Este estudo analisa um experimento com 0 usa dire to da soja na alimenta­ ;ao caselra, em duas comunIdades bra­ silelras de balxa renda, como melo de combate a ma nutrl;ao. As duas comu­ nIdades seleclonadas para 0 estudo fo­ ram a Vila da Fratenldade e a Vila Anhanguera, localizadas nas cldades de Ribelrao Preto.

No lniclo de setembro de 1976, rea­ lizou-se um levantamento lnlclal das condl;5es s6clo-econ6micas e da alimen­ ta«ao das 24 horas ante rio res, para maes e crian«as abaixo de 7 (sete) anos de idade. Estes grupos foram escolhldos por constituirem os mais serlamente afetados pela na nutri;ao.

As maes foram convidadas a parti­ cipar de um programa, consistindo da distribui;io gratuita de soj a durane

• SIlrio de Tse de Mestrado.

un mes, juntamente com atividades educacionals. Numa das comunidades, a interven«ao educacional limltou-se io contato pessoal, na qual un dos mem­ bros da equipe explicou os beneficios nutricionais da soj a a mae, e como ela poderia prepanl-Ia. A outra comunldade reeebeu um nivel maior de interventao educaeional, consistindo em sess6es de discussao e tomada de decls6es, como tambem, em demonstra;5es pratieas de preparatao da soj a.

o segundo levantamento foi feito durante a distribui;ao gratuita do pro­ grama, a fim de avaliar 0 Impaeo lmediato do experimento e das ativida­ des educacionais. Dois levantamentos adiclonais foram feitos a un e a qua­ tro meses depois do final da distribui­ «aO gratuita, para verifiear se :

** Maria da Gloria Miotto Wright - Assessora de Enfermagem DAU/GSS "Master of Science - Dept. of Prevo Med. - Ouo state University - Docente da Universi­ dade Federal do Acren•

(2)

--- ---

-RIGHT, M.G.M. - 0 uso da sOja como suplemento proteico na alimentatao de fami­

lias de baixa renda. Rev. Bras. Enf. ; DF, 32 : 217-219, 1979.

---

-1 . houve algum efeito "residual" do programa, em termos de aumento do uso da soj a ;

2 . a qualidade nutricional foi afetada pelo uso da soj a ;

3 . o s canais regulares d e distribui�ao,

tais como os armazens locais ade­ quaram-se a tais programas.

Apos a suspensao da distribui�ao gratuita da soj a, houve um decrescimo estatisticamente significante no seu uso, sem haver d1feren�as nas taxas de de­ cHnio entre as duas vilas. 0 uso foi sig­ nificantemente maior na comunidade com 0 maior nivel de interven�ao edu­ cacional. Entretanto, 0 nivel de protei­ nas foi inferior entre as maes e crian­ �as desta comunidade, do que para aquelas que receberam um menor nivel de interven�ao educacional. s niveis caloricos e protei cos, para ambas maes e crian�as, mostraram mudan�as signi­ ficantes entre os levantamentos, e entre as duas comunidades. Alem disso, os "deficits" caloricos foram mais severos do que os protetcos em ambas as comu­ nidades.

A ingestao calorica e proteica foi mantida ou aumentada durante 0 pe­ rio do da distribui�ao gratuita, mas de­ clinou aproximadamente ate 0 nivel original dentro de um mes apos 0 final da distribuigao gratuita. Quatro meses depois, estavam abaixo dos niveis veri­ ficados antes do experimento. A natu­ reza destas mudangas nao foi anteci­ pada no inicio desta pesquisa.

Sup6e-se que isto ocorreu devido t diminuigao do poder aquisitivo, em con­ sequencia da inflagao de aproximada­ mente 20% durante 0 periodo dos le­ vantamentos, enquanto que os sah.rios de muitos trabalhadores foram aj usta­ dos pela inflagao somente no dia 1.0 de maio . dois meses depois da aplicagao do ultimo questionario.

Um esforgo educacional e 0 baixo custo de um suplemento proteico (soja

218

sem processamento ) provaram ser su­ ficientes para ultrapassar as barreiras s6cio-culturais na aceitagao de un no­ vo alimento nas duas comunidades. 0 grupo que teve as sess6es de discussao e tomada de decis6es mostrou un uso significantemente maior da soja que 0 grupo que teve apenas a orienta�ao in­ dividual. Os resultados deste experi­ mento, entretanto, indicam que um su­ plemento proteico, dessa natureza, po de ter muito pouco efeito no nivel nutri­ cional geral das maes e criangas de fa­ milias de baixa renda. Finalmente, os armazens locais mostraram ser canais aceitaveis de distribui�ao da soj a, du­ rante ambos os periodos, 0 da distri­ buigao gratuita e 0 da venda posterior ao prego de mercado.

s mais importantes variaveis na expl1cagao dos baixos niveis de ingestao caloric a e proteica pelos individuos da amostra, foram 0 tamanho da familia e a idade, fatores associados, j a que nas comunidades estudadas, as mulhe­ res mais velhas apresentam a tendencia de ter mais mhos. s familias grandes em areas urbanas nao tem melhores oportunidades economic as, pois, um mi­ mero maior de mhos implicou em me­ nores oportunidades para as maes tra­ balharem, ao tempo em que havia pou­ cos empregos disponiveis para criangas menores. A rend a ., familiar aumenta muito pouco com 0 trabalho da familia, enquanto que a mesma quantidade de alimentos passa a ser dividida entre un numero maior de pessoas. OUtrossim, com 0 aumento do numero de elementos da familia, as maes e as criangas me­ nores passam a ter baixa prioridade com respeito t distribuigao dos al1men­ tos disponiveis dentro da familia.

(3)

WRIGHT, M.G.M. - 0 usa da sOja como suplemento proteico na alimenta;ao de fami­ lias de baixa renda. Rev. Bas. Enf. ; DF, 32 : 217-219, 1979.

familiar e gasta em alimenta;ao, a di ­

minuigao no poder aquisitivo parece ter

anulado durante 0 experimento 0 efeito

do suplemento alimentar. Ademais, as deficiencias ca16ricas foram muito mais severas do que as de protein as apre­ sentadas nos levantamentos das comu­ nidades. Portanto, e possivel que os su­ plementos proteicos combatam as defi ­ ciencias nutricionais menos severas. Se

isto for verdade, 0 melhoramento do

estado nutricional geral, ainda depende do aumento da disponibilidade de uma grande variedade de alimentos, atraves do aumento da renda familiar. A soj a, entretanto, po de contribuir positiva­ mente, nesse aspecto, visto que e tam­ bem rica em calorias.

Pesquisas futuras nesta area sao necessarias para documentar 0 estado nutricional de familias brasileiras de baixa renda e verificar se as deficien­ cias cal6ricas sao geralmente muito mais sever as que as deficiencias pro­ teicas, como foi achado neste estudo .

Na realizagao destas pesquisas, deve-se

considerar 0 usa de multiplos questio­

narios nos levantamentos para apri­ morar a precisao do nivel nutricional em cada fase do levantamento. Dados sobre a renda deveriam ser coletados durante cada fase dos levantamentos

para verificar 0 efeito da infla;ao na

rend a e no nivel nutricional, fatores que este estudo indica ser da maior importancia.

s pesquisas futuras podem definir melhor as caracteristicas da ma nutrt­ ;ao e indicar se suplementos proteicos tem um papel importante no melhora­ mento do estado nutricional. s acha­ dos deste estudo nao indicam que uma distribui;ao isolada de soj a, ossa eli­ minar os "deficits" ca16ricos e proteicos constatados entre os grupos de baixa renda, mas e possivel que ajude a ate­ nua-los. Recomenda-se, portanto, a uti­ lizagao dos resultados apresentados nes­ te trabalho como uma orienta;ao para as pr6ximas pesquisas.

Referências

Documentos relacionados

bro,. qual concorrera a dita candidata. c) Premio Estetoscopio de Ouro, oferecido ao melhor trabalho de tema livre apresentado ao XXI Congresso Brasileiro de

que se incluir os custos para conserva�io do predio, 0 material, 0 pesoal, taxas, impostos, utilidades publicas, reuniies de Diretoria, parcelas das despesas

Ao finallzar, os membros do CEPEn aproveitam para agradecer, particular­ mente aos que colaboraram diretamente com 0 centro, aos diretores ou coorde­ nadores dos

Para solucionar al questao, foram consultadas as Segoes e Distritos sobre qual 0 numero total de ssociadas que nao tiveram acesso a REBEn e quantas, dessas

A edu­ cagao centrad a no aluno, 0 respeito as diferengas individuais, a educagao como atividade planejada, 0 curriculo como un conjunto de experiencias

i 17 de abril do corrente ana, por Portaria do Ensino Superior do Ministerio da Educa�o e CuItura, foi instruida mediante a designa�o de sus membros - a

Todo 0 produto assim nascido, deve ser considerado nascimeno vivo (InternatIonal recomendatlons ou defi­ nitions of live bIrth and fetal deah. Neonatalista ou

necessidades psico-sociais e psico-espi­ rituais do paciente, que nao e nosso intento trazer a luz da discussao, nem a essencialidade das formula;6es ma­ gicas