• Nenhum resultado encontrado

MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL"

Copied!
171
0
0

Texto

(1)

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Marina Moscovici Mendes

SERVIÇO SOCIAL E SUSTENTABILIDADE: uma nova

demanda para a profissão

MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL

(2)

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Marina Moscovici Mendes

SERVIÇO SOCIAL E SUSTENTABILIDADE: uma nova

demanda para a profissão

São Paulo

2011

(3)

BANCA EXAMINADORA

_________________________________

_________________________________

_________________________________

(4)

(5)

AGRADECIMENTOS

Um agradecimento especial à minha querida orientadora Profª. Drª. MARIA CARMELITA YAZBEK, por sua compreensão, carinho e dedicação nessa importante caminhada intelectual.

Aos membros da Comissão Julgadora da banca de Qualificação, Profª. Drª. MARIA LÚCIA CARVALHO DA SILVA e Profª. Drª MARIA LÚCIA MARTINELLI por suas valiosas contribuições e observações na direção de um trabalho mais completo e objetivo.

Aos professores do Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da Puc-SP e aos colegas de Mestrado por suas contribuições em sala de aula e em diversos momentos extra-classe, fomentando diversas reflexões e conhecimentos.

Às assistentes sociais do Banco Santander por fazerem parte desta pesquisa. À disponibilidade e abertura com que me acolheram ao concederem as entrevistas utilizadas para a contribuição desta. E à Instituição por servir de campo empírico e permitir a publicação dos dados.

(6)

À minha amiga e “irmã”, Dafne Carolina Roncon, um agradecimento especial por sua amizade, companheirismo e dedicação, pois seu apoio foi fundamental para a conclusão deste trabalho.

Aos meus pais Magdalena e Rubens, pelo incentivo e apoio que sempre deram aos meus estudos, pela torcida, não só pela minha realização profissional, mas por mim enquanto pessoa. Muito obrigada por tudo.

Aos meus irmãos Renan e Leandro, sempre presentes em minha vida, apoiando as minhas decisões, mesmo que por vezes não concordem com elas.

À minha prima Flávia Manara Hernandes que, numa conversa informal, acabou me trazendo a inspiração para a escolha do tema.

Ao meu querido e estimado amigo Luiz Flavio C. da Silva, por seu apoio, compreensão e amizade inesgotáveis.

Aos meus familiares, amigos e conhecidos que de forma direta ou indireta me apoiaram na concretização deste trabalho.

(7)

Sustentabilidade: um trabalho pantagruélico

“Era uma vez um

gigante sábio, chamado Gargântua, que

tinha um filho, Pantagruel.

Há quase 500 anos, quando os livros ainda eram objetos raros,

e o Brasil tinha sido recém-descoberto pelos portugueses, o

escritor francês Rabelais publicava as aventuras do gigante

Gargântua e de seu filho Pantagruel.

No capítulo 8 de

Pantagruel, Gargântua, que está em um país

chamado Utopia, escreve uma carta a seu filho, que viajou para

estudar. Nessa carta, ele aconselha Pantagruel a se dedicar ao

estudo de várias coisas, para entender o mundo e seu tempo.

Para que nada lhe seja desconhecido.

São tantas as coisas que ele deve aprender que, até hoje,

chama-se de trabalho pantagruélico uma tarefa complicada e vasta.

E mais: o gigante Gargântua dizia a Pantagruel que não

bastava saber, não bastava receber e guardar as informações:

era preciso agir com consciência.

“Ciência sem consciência é a ruína da alma”,

escreveu o gigante

a seu filho”.

*

Esta dissertação tem um pouco esse espírito de um trabalho patagruélico, porque entender SUSTENTABILIDADE e torná-la possível requer conhecimentos muito variados.

Para tanto: requer sensibilidades múltiplas; abrir-se para a realidade em movimento e aceitar pensamentos diferentes, porque isso é diversidade, e diversidade tem um potencial criador.

(8)

RESUMO

MENDES, Marina M. Serviço Social e Sustentabilidade: uma nova demanda para a profissão. São Paulo, 2011. (Dissertação de Mestrado em Serviço Social. Área de Concentração: Serviço Social, Fundamentos e Prática Profissional) Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP.

O desenvolvimento sustentável vem ganhando um destaque cada vez maior no cenário mundial. Esse conceito surge como expressão da tentativa de estabelecer mecanismos de controle frente aos problemas globais engendrados, principalmente pelo modo de produção capitalista. Um dos grandes méritos da sustentabilidade tem sido provocar análises e possibilidades apresentadas às diversas áreas do conhecimento. Assim, este trabalho procura mostrar como o serviço social vem se posicionando em relação ao tema, que nos parece uma demanda que vem emergindo desde meados do século XX - mais especificamente - devido à aceleração dos impactos gerados pelo desenvolvimento industrial e econômico. Como uma realidade posta a todas as profissões, nos parece no mínimo inadequado que o assistente social, como um profissional comprometido com a transformação e a justiça social, dotado de uma capacitação teórico-metodológica e ético-política para intervir na realidade em que atua através de mediações construídas junto aos sujeitos que atende em seu cotidiano profissional; não ocupe seu lugar aliando-se àqueles que procuram estabelecer parcerias, visando à construção de conhecimentos e práticas concretas para uma sociedade sustentável. Nesse sentido, o objeto de estudo dessa dissertação foi investigar a aproximação que o Serviço Social tem com a temática da sustentabilidade, com o objetivo geral de verificar quais as contribuições a profissão tem trazido frente a essa questão, especialmente no que tange ao pilar social da sustentabilidade. Os objetivos específicos foram analisar o entendimento que os profissionais têm acerca da profissão, bem como seu papel profissional e através desse olhar de mundo; como estão construindo mediações frente a esta nova demanda em seu cotidiano de trabalho. Por tratar-se de um pioneiro no tema na sustentabilidade no cenário brasileiro, foi escolhido o Banco Santander como campo empírico da pesquisa. Foram analisados seu discurso, suas práticas e a coerência deles sob a ótica dos sujeitos entrevistados. Os sujeitos desta pesquisa foram as três assistentes sociais do Banco, que responderam a uma entrevista semi-estruturada, no próprio local de trabalho, com o uso de gravador para garantir a confidencialidade das informações prestadas; onde foi constatado que a Instituição demanda a expertise desse profissional no que tange às ações ligadas ao pilar social, porém, evidenciou-se que sob a visão dos sujeitos da pesquisa, essa questão não aparece de maneira tão clara, o que sinaliza lacunas na apropriação teórica e prática no exercício profissional sobre a nova demanda em questão.

(9)

ABSTRACT

Sustainable development has become more important in today’s world stages. This concept arises as an expression of the attempt to establish a mechanism of control in the face of global problems caused mainly by the capitalist mode of production. One of the great merits of sustainability has been, creating analysis and possibilities for different areas of knowledge. This study seeks to demonstrate how social work is positioning itself in relation to the subject, which seems a demand that has emerged since the middle of twentieth century - more specifically - due to the acceleration of the impacts generated by industrial and economic development. How to put into reality all the professions, at least it seems inappropriate for the social worker, as a professional committed to transformation of social justice, gifted with the theory and methodological training and political ethics, to intervene in the reality in which it operates through mediations built next to the subject that meets in his daily work, not taking his place allying himself with those who seek to establish involvement, in order to build practical knowledge and practices for a sustainable society. In this sense, the target of this study was to investigate the approach that Social Service has with the theme of sustainability, with the broad objective to examine which contributions the profession has brought forward to this question, especially in regards to the social support of sustainability. The specific objectives were to analyze the understanding that professionals have about the subject, and their specialized role and view of the world, how they are building methods to confront this new demand in their daily work. For being a pioneer on the topic of sustainability in the Brazilian scenario, we choose Banco Santander as the experimental field of research. We analyzed their discourse, their practices, their consistency and the view of people interviewed. The subjects were the Bank's three social workers who responded to a semi-structured interview, with a tape recorder to ensure the confidentiality of information that was provided, responding to questions in the workplace. It was found that the institution requires the expertise of these professionals in regards to the actions related to the social support, but it was evident that from the perspective of the researched subjects, this question does not appear so clearly, which indicates a gap in the handling between theory and practice, in the professional exercise of the new demand in question.

(10)

LISTA DE SIGLAS

ASA - Articulação para o Semi-Árido

BRICs - Bloco de países em desenvolvimento composto por Brasil, Rússia, Índia e China.

BPC - Benefício de Prestação Continuada

CDB - Convenção sobre Diversidade Biológica

CDP - Carbon Disclosure Project

CEERT- Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades

CERs – Certified Emission Reductions (Reduções Certificadas de Emissão)

CMMAD– Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CNUMAD - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente

ECA - Estatuto da Criança e Adolescente

GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas

GRI Global Reporting Initiative

IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática

IR – Imposto de Renda

ISO– International Organizatiom for Standardization

LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social

MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MPE’s - Micro e Pequenas Empresas

MOMA - Museu de Arte Moderna

(11)

ONU – Organização das Nações Unidas

PAES Plano de Apoio à Educação Superior

PAPE - Programa de Pessoal Especializado

PAVS - Projeto Ambientes Verdes Saudáveis

PEB Projeto Escola Brasil

PIB – Produto Interno Bruto

RSE Responsabilidade Social Empresarial

SLTI Secretaria de Logística e Tecnologia de Informação

UNCCC - Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

UNCHE - United Nations Conference on the Human Environment (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano)

UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura)

UNISOL - Universidade Solidária

WBCSD - World Business Council for Sustainable Development

(12)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...14

1. Sustentabilidade...20

1.1 Histórico e Conceituação...20

1.2 Documentos e Conferências...28

1.3 A Governança na Conjuntura Nacional...42

1.4 Responsabilidade Social Empresarial...48

2. Descrição do campo empírico...61

2.1 O Grupo Santander Brasil e a sustentabilidade como norte...61

2.3 Os projetos e a concretização...64

3. A pesquisa...79

3.1 Caracterização da pesquisa e procedimento metodológico...79

3.2 Apresentação dos sujeitos da pesquisa...81

3.3 Apresentação dos dados e análise dos resultados...83

3.3.1 Concepção dos sujeitos acerca do conceito de sustentabilidade...84

3.3.2 A concepção de profissão dos sujeitos e seu entendimento sobre o papel profissional do assistente social frente à temática da sustentabilidade...88

3.3.3 As ações e estrutura da empresa no que tange à sustentabilidade, sob a ótica dos sujeitos entrevistados...96

CONSIDERAÇÕES FINAIS...109

REFERÊNCIAS...113

APÊNDICE...119

(13)

INTRODUÇÃO

O conceito de desenvolvimento sustentável que atualmente é também entendido como sustentabilidade surgiu nos anos 80, a partir da busca de soluções internacionais para a exaustão deflagrada pelos efeitos da globalização mundial. A degradação provocada pelos efeitos nocivos do capitalismo atingiu diversas dimensões de esgotamento nos âmbitos econômicos, ambientais e sociais de maneira integrada.

Diante desse contexto, esta dissertação tem como principal objetivo estudar a temática da Sustentabilidade, verificando a aproximação existente do Serviço Social para com ela. Visto ser um tema que tem gerado uma demanda global e interdisciplinar de trabalho, procura-se entender as formas com que a profissão vem respondendo a esta nova demanda urgente e emergente. Há uma busca também em contribuir com a formação profissional do assistente social, através do incentivo à reflexão do profissional de Serviço Social e da academia sobre esta nova demanda de trabalho, com base na concepção de que o maior objetivo do exercício profissional é a transformação social através do comprometimento em fomentar a autonomia de seus usuários e a efetivação dos direitos, conforme expresso na Constituição Federal de 1988.

A escolha do tema Serviço Social e Sustentabilidade: uma nova demanda para a profissão surge da percepção de que o processo de

(14)

causando profundas transformações nas relações entre Estado, sociedade e mercado. Decorrentes do crescimento econômico acelerado, os problemas sociais - no que tange às expressões da questão social - foram acirrados, rogando por soluções e ações imediatas por parte de toda a sociedade.

Valorizar o protagonismo do assistente social no processo de enfrentamento às questões postas junto aos profissionais de outras áreas, numa relação interdisciplinar é fundamental; uma vez, que este profissional possui uma formação generalista e ampla; e em uma relação dialética com a realidade, busca apreendê-la em sua totalidade.

Por tratar-se de uma profissão de caráter histórico e de significado social no processo de reprodução das relações sociais na sociedade capitalista, conforme afirmam IAMAMOTO e CARVALHO (1995), esta profissão está presente no âmbito das respostas que a sociedade e o Estado constroem frente às expressões da questão social1 e nas dimensões que constituem a sociabilidade humana. Assim, toda a reprodução de valores, práticas culturais e políticas, modo de vida e cotidiano perfazem as idéias de uma sociedade.

O trabalho do assistente social possui dimensões objetivas e subjetivas, e se desenvolve no contexto de relações entre classes sociais, o que confere à prática desta profissão operar em meio a interesses diversos. Para tanto, este profissional constrói sua intervenção, atribui-lhe significado, confere-lhe

1

(15)

finalidades e uma direção social, baseado na visão e análise críticas das dimensões históricas, econômicas, sociais, políticas, culturais, dentre outras no seu ―fazer profissional‖.

Entretanto, não é possível desprezar o fato de que as origens da profissão são oriundas do sistema capitalista, que por sua vez demanda a criação desta profissão objetivando que ela sirva aos ideários capitalistas promovendo através de sua intervenção uma regulação social com base nestes ideais. A gênese da profissão possui cunho conservador e católico, muito ligados ao pensamento social da Igreja Católica.

(16)

Podemos citar que o grande marco desse processo de tentativa de rompimento com o antigo paradigma da profissão foi o chamado Movimento de Reconceituação do Serviço Social, iniciado aproximadamente na década de

1960, como nos relembra ATAURI (2009) em sua obra.

Debatido em sua obra por IAMAMOTO (1992), este movimento ocorreu de forma heterogênea dentro de um determinado nível de consciência de classe na profissão, em diferentes países da America Latina, em especial no Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, o que propiciou posteriormente a construção do projeto profissional, elaborado coletivamente pela categoria profissional.

Há, portanto, um grande esforço cientifico dos assistentes sociais na produção de sua própria bibliografia, buscando sempre romper com o tradicionalismo oriundo à gênese da profissão, no sentido de construir referências que fundamentem as ações da profissão baseadas em referenciais teórico-metodológicos. Pode-se, dentre as diversas obras produzidas, elencar o Código de Ética Profissional como principal instrumento utilizado pelos assistentes sociais para consolidar o projeto ético-político profissional.

Avançando nesta direção, houve também a criação da Lei Orgânica de Assistência Social2 (LOAS) em 1993, que tem o Benefício de Prestação

Continuada (BPC) como principal forma de consolidação de direitos sociais, pois garante o repasse do valor de um salário mínimo mensal às pessoas que não têm condições de prover a própria subsistência, ou possuam renda per

(17)

capta abaixo de um quarto de salário, conforme o salário mínimo vigente. É portanto, no contexto do sistema capitalista, amplificado pela globalização que o Serviço Social está inserido.

Especialmente após os anos 80, surge o conceito de desenvolvimento sustentável; tema que está cada vez mais presente, devido ao momento histórico que estamos vivendo. Desde os anos 60 alguns movimentos ambientalistas vêm apontando que o modelo de produção mundial adotado é insustentável, pois extrai da natureza recursos em uma velocidade maior do que ela pode suportar não tendo tempo hábil para se regenerar.

(18)

Para entender melhor a aproximação do Serviço Social e a sustentabilidade se dá, a dissertação foi estruturada em três capítulos, resgatando inicialmente o movimento histórico da realidade; apreendendo os marcos e conferências internacionais que permeiam a construção sobre os conceitos de desenvolvimento sustentável, bem como seus desafios e possibilidades atuais. Ainda neste capítulo, aborda-se brevemente a governança na conjuntura nacional acerca do desenvolvimento sustentável.

No segundo capítulo, descreve-se o campo empírico, local onde a pesquisa foi realizada: o Banco Santander, por seu pioneirismo no trato da temática no cenário brasileiro, iniciado pelo Banco Real antes da incorporação pelo Grupo Santander.

(19)

1.Sustentabilidade

1.1 Histórico e Conceituação

Os conceitos de sustentabilidade3, bem como pensar soluções para conter a exaustão total do planeta e de seus habitantes se fizeram necessários após séculos de exploração inconseqüente dos recursos naturais, acompanhando a crescente e acelerada ação do sistema capitalista.

Sustentabilidade talvez possa ser compreendida como a capacidade de manter uma característica ou condição de um processo ou de um sistema, permitindo a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo. Em anos recentes, o conceito tornou-se um princípio, segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras, o que tornou necessária a vinculação da sustentabilidade no longo prazo.

Retomada a produção industrial, no pós Segunda Guerra Mundial e intensificada ao término da Guerra Fria, com a vitória do capitalismo sobre o comunismo, a globalização, junto à tecnologia da informatização e ao uso de campanhas publicitárias - criadoras de necessidades e desejos baseada no status - expande ainda mais suas possibilidades de ampliar o mercado e o consumismo indiscriminado em escala mundial. Surgiu a crença de possibilidade de progresso ilimitado. Assim, como comenta JOSÉ ELI DA VEIGA (2005, p.17) desenvolvimento era sinônimo de crescimento econômico e

(20)

o principal indicador para medi-lo era o PIB – Produto Interno Bruto - porém o PIB apenas consegue medir o desenvolvimento econômico.

Segundo MARX (1983, p. 149), o trabalho é um processo entre homem e natureza e essa relação é sempre dialética, independente do tipo de sociedade em que acontece. “(...) põe em movimento as forças naturais pertencentes a sua corporeidade, braços e pernas, cabeça e mãos, para apropriar-se da

substância natural em uma forma utilizável para sua própria vida. Na medida

em que o homem, mediante este movimento, atua sobre a natureza exterior a

ele e transforma, modifica ao mesmo tempo a sua própria natureza.‖

Apesar dessa dialética se dar em qualquer tipo de sociedade, é sob a ótica capitalista que as apropriações dos recursos naturais e da força do trabalho (através da mais-valia)4 se faz em função da produção de excedentes,

geração de lucro e acúmulo de riqueza.

Liderados pelos Estados Unidos, com o apoio de países da Europa, os chamados ―países de Terceiro Mundo‖ entram na corrida pelo desenvolvimento.

Esse modelo de desenvolvimento, é criticado pelos efeitos perversos que

promoveu‖, como afirmam SCOTTO, CARVALHO E GUIMARÃES (2009, p.18), pois como se sabe, este é um modelo de acumulação e concentração de renda que privilegia apenas uma minoria da população, intensificando a desigualdade social, sem dizer da degradação do meio ambiente e todos os seus desdobramentos, como a comunidade planetária vivencia no momento, ao

(21)

exemplo de: efeito estufa, aquecimento global, derretimento das geleiras, tsunamis, enchentes, furacões, erosão de solos, elevado nível de estresse e doenças crônicas e psíquicas.

Nessa ―sociedade do desperdício‖, como assim refere DOWBOR (2008),

a desigualdade que impede, exclui e marginaliza as pessoas, mantém seus possíveis talentos, capacidades, habilidades e conhecimentos inexpressivos, ou seja, a atitude excludente da sociedade capitalista gera desperdício em diversos níveis e âmbitos para todos, não só para o excluído.

A constatação da falência do modo de produção capitalista e a crescente percepção da crise ambiental levam a propostas que buscam a superação desse modelo e a reformulação da lógica que o gerou, como já eram apontadas por movimentos ambientalistas antes dos anos 80. Estes já vinham discutindo esta questão, porém somente quando o mundo se viu frente a sérios problemas deflagrados pelas mudanças climáticas e o esgotamento dos recursos naturais, é que realmente as discussões acerca do desenvolvimento sustentável vieram à tona e parecem estar adentrando as agendas políticas.

(22)

Os danos vão além do ambiental, permeando o campo social por meio da desigualdade, promovendo ao assalariado condições insalubres de vida; e no campo econômico, com as diversas crises financeiras. Contudo, é para a crise ambiental que a atenção mundial se voltou; e alerta para que medidas alternativas sejam pensadas e executadas com o intuito de retroceder a destruição do planeta, com a redução, reutilização, reciclagem, reposição, regeneração ou reconstrução dele.

Segundo Helena Ribeiro Sobral5, o fato de os problemas ambientais não

respeitarem fronteiras políticas e estarem presentes em todo o globo terrestre fez com que os cientistas que trabalham com o meio ambiente tivessem um certo pioneirismo na abordagem do global. A autora diz ainda que “...a poluição dos oceanos, a chuva ácida, as alterações climáticas, os resíduos perigosos, a

perda da biodiversidade, etc. são problemas desencadeados por ações

localizadas em pontos determinados do globo terrestre, cujas conseqüências

nefastas espalham-se domesticamente e no ultramar.‖

A temática da sustentabilidade surge como tentativa de salvação do planeta, de seus habitantes e do próprio sistema econômico estabelecido, o que deixa explícito que não busca romper com a lógica capitalista, embora por vezes o conceito pareça ser inovador, ele propõe um novo paradigma para a sobrevivência do modelo atual.

(23)

Entre as diversas crises ocasionadas, a falta de acesso a água é um fator que atinge diretamente o desenvolvimento socioambiental. ―a sua

ausência ou contaminação, leva à redução dos espaços de vida e ocasiona,

além de imensos custos humanos, uma perda global de produtividade social

como afirma DOWBOR (2003, p.44).

As populações mais pobres são as que sofrem mais com os impactos da falta de água, em sua saúde e vulnerabilidades a crises de todos os tipos, além de afetar o estado do meio ambiente e a probabilidade de desastres ambientais.

Kofi Annan, secretário-geral da ONU, à época, afirmou no Relatório do Milênio (2002) que ―nenhuma medida poderia contribuir mais para reduzir a

incidência de doenças e salvar vidas no mundo em desenvolvimento do que

fornecer água potável e saneamento adequado a todos.‖

A gestão da água deve ser trabalhada em conjunto nos âmbitos políticos, sociais e econômicos, já que as possibilidades de mudança tanto na qualidade, quanto na quantidade atingem diretamente a todos os pilares da sustentabilidade. “(...) não se alcançarão mudanças no domínio da gestão das águas tratando a questão como sendo de âmbito técnico, apenas da

engenharia de águas.” É o que afirma Stela Goldenstein e Zulmara Salvador6

6

(24)

A escassez da água gera conflitos geopolíticos em sua disputa; e no abastecimento de diversos setores como a geração de energia, agricultura, indústria e população.

Em seu livro, Plano B 4.0: Mobilização para Salvar a Civilização, Lester Brown aponta as dificuldades para alimentar toda a população, enquanto fazendeiros enfrentam muitas tendências difíceis. As demandas dificultosas, colocadas pelo autor, que intensificaram o consumo de grãos são: o crescimento da população, o aumento do consumo de proteína animal baseada em grãos e, mais recentemente, o forte uso de grãos para abastecer automóveis. Por outro lado, a erosão dos solos, o esvaziamento de aqüíferos, a insuficiência dos recursos naturais, as temperaturas instáveis, a transferência de água de irrigação para as cidades também dificultam a produção agrícola.

De acordo com o PROJETO VISÃO 20507, em 2050, estaremos com um contingente populacional mundial de cerca de 9 bilhões de pessoas. O que está chamando a atenção de muitos especialistas e pesquisadores em função da projeção de um cenário que pode ser catastrófico se baseado nos dados estatísticos já existentes, como menciona BROWN, ―a maneira tradicional de agir, o „business as usual‟, começa a soar como o fim do mundo‖. Mencionando

um trecho trazido num artigo publicado na Newsweek sobre clima e energia. Para ele, a ―bolha da vez‖, ou ―elo fraco‖, como o diz, talvez seja a garantia de

alimentos para a população mundial, assim como foi em diversas civilizações

7

(25)

anteriores. Ele afirma que ―... estamos entrando em uma nova era alimentar,

caracterizada por preços mais altos dos alimentos, número rapidamente

crescente de pessoas famintas e uma intensa competição por recursos de terra

e água...”. Como resultado da persistente alta dos preços dos alimentos, a fome

no mundo está aumentando.

Outro fator extremamente agravante é a emissão de gases poluentes e sua acumulação na atmosfera. Como uma das conseqüências, temos o ―efeito

estufa‖, que por sua vez contribui para o aumento da temperatura da Terra.

Com o aquecimento global, as geleiras derretem e consequentemente aumenta o nível do mar e suas características são alteradas, ocorrendo, dessa forma, diversos efeitos em cadeia. Entre os gases de efeito estufa, o CO2 corresponde a 63% da tendência recente de aquecimento; o metano, 18%, e óxido nítrico, 6%, com diversos gases incluídos nos 13% restantes. O dióxido de carbono deriva, na maior parte, da geração de eletricidade, aquecimento, transporte e indústria. As emissões de metano e óxido nítrico advêm, em grande parte, da agricultura – o metano, dos arrozais e do gado, e o óxido nítrico, de fertilizantes de hidrogênio, segundo levantamentos apresentados por Lester Brown, na obra já referida.

(26)

Algumas outras medidas para a implantação de um programa minimamente adequado de desenvolvimento sustentável são: o uso de novos materiais em construções, a reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais, a reciclagem de materiais reaproveitáveis, consumo racional de água e de alimentos, a redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção de alimentos e a participação da sociedade individual e coletivamente organizada.

As medidas e estratégias a serem adotadas mundialmente para tornar as relações em todos os âmbitos mais sustentáveis são diversas, indo desde pequenas mudanças nos hábitos individuais e coletivos até ações que demandam maior esforço, organização e competências específicas. O desenvolvimento sustentável busca conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e, ainda, ao fim da pobreza no mundo.

Em âmbito internacional, as metas propostas são: a adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de financiamento), proteção dos ecossistemas supra-nacionais como a Antarctica, oceanos, etc., pela comunidade internacional, o banimento das guerras e a implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização das Nações Unidas (ONU).

(27)

desenvolvimento, buscando incorporar à ideia de desenvolvimento as dimensões ambientais e sociais, que é mais comumente chamada de triple botton line8.

Para SACHS (2005) desenvolvimento sustentável é aquele socialmente includente, ambientalmente sustentável e economicamente sustentado. Contudo é possível observar que o princípio da sustentabilidade pode ser aplicado as mais diversas relações, em todos os níveis, âmbitos e locais. Alguns estudiosos, como SACHS já falam em um quarto tripé, que inclui também o âmbito cultural, dentre outros. Como se pode notar, ainda é um conceito em construção.

1.2 Documentos e Conferências

Em 1971, a ONU organizou em Founex, na Suíça, um seminário internacional sobre o desenvolvimento e o meio ambiente, preparando a Conferência de Estocolmo que se realizou em 1972. Foi nesse ano também que pela primeira vez um documento acerca de questões ambientais e crescimento foram publicados. Organizado por Dana Meadows, o intitulado ―Os limites do crescimento‖ foi publicado pelo Clube de Roma9 e tornou-se o livro sobre meio

8 Criado por John Elkington, o conceito Triple Botton Line define o tripé que sustenta os conceitos básicos

da sustentabilidade: Econômico, Social e Ecológico ou ambiental. Ele é o autor de "Canibais com Garfo e Faca" (Cannibals with forks), publicado originalmente na Inglaterra em 2000, e no Brasil em 2001, pela Makron Books Ltda. O livro é dedicado ao estudo conceitual e prático da sustentabilidade e de suas relações com o mundo corporativo.

(28)

ambiente mais vendido da história, com trinta milhões de exemplares vendidos em trinta idiomas. Esse documento deu início à discussão da degradação ambiental e suas catastróficas conseqüências em nível planetário, originando os primeiros estudos com a preocupação de diminuir os danos gerados ao meio ambiente.

Na Conferência de Estocolmo, o conceito começou a ser delineado na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (United Nations Conference on the Human Environment - UNCHE), realizada de 5 a 16 de junho de 1972, e foi a primeira grande reunião internacional para discutir as atividades humanas em relação ao meio ambiente. A Conferência de Estocolmo lançou as bases das ações ambientais em nível internacional, chamando a atenção especialmente para questões relacionadas com a degradação ambiental e a poluição que não se limita às fronteiras políticas, mas afeta países, regiões e povos, localizados muito além do seu ponto de origem. A Declaração de Estocolmo define princípios de preservação e melhoria do ambiente natural, destacando a necessidade de apoio financeiro e assistência técnica a comunidades e países mais pobres. Embora a expressão "desenvolvimento sustentável" ainda não fosse usada, a declaração, no seu item 6, já abordava a necessidade imperativa de "defender e melhorar o ambiente humano para as atuais e futuras gerações" - um objetivo a ser

alcançado juntamente com a paz e o desenvolvimento econômico e social.

(29)

Em 1.977, a UNESCO definiu educação ambiental, de acordo com a Conferência Mundial do Meio Ambiente:

“Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os

indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio

ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades,

experiências e determinação que os tornam aptos a seguir

individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais

presentes e futuros”.

De acordo com (ATAURI, 2009 p.79) em 1.981 o governo brasileiro estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente, na Lei 6.938, na qual definiu meio ambiente como sendo um conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas e ―tem por objetivo a preservação, melhoria e

recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no

País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da

segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana”10.

Em 1983 o conceito de sustentabilidade entrou em cena, em um relatório construído pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU. Esse documento ficou conhecido como Relatório Brundtland, nome da então primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. A

(30)

comissão reuniu-se pela primeira vez em outubro de 1984 e publicou o relatório 900 dias depois, em abril de 1987.

O Relatório Brundthland definiu a sustentabilidade como um “desenvolvimento capaz de garantir as necessidades do presente sem

comprometer a capacidade das gerações futuras atenderem também às suas

(CMMAD, 1988:9). São apontadas diversas preocupações e medidas que devem ser tomadas por todos os países para promover o desenvolvimento sustentável, uma vez que o modelo econômico atual de exploração da natureza e consumo está tornando-se insustentável. Demonstra ainda, a preocupação com a escassez dos recursos naturais, que ao contrário do que se acreditava antigamente, são finitos.

Apesar de não ser unânime, pode-se considerar que o conceito mais aceito e difundido no mundo atualmente, ainda é o apresentado no relatório Brundtland11, também intitulado “Our common future”, ou ―Nosso Futuro

Comum‖.

Para que um empreendimento humano seja considerado sustentável, é preciso que seja: ecologicamente correto; economicamente viável; socialmente justo; culturalmente aceito.

O relatório Bruntland chama a atenção basicamente para a garantia de recursos básicos como água, alimentos e energia em longo prazo, a

11Relatório construído em 1.987, mais conhecido como “Nosso Futuro Comum”, dura

(31)

preservação da biodiversidade e dos ecossistemas, além do desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis. Fala também do aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas, controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores e atendimento das necessidades básicas como saúde, escola e moradia.

A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), informalmente conhecida como a Cúpula da Terra, realizou no Rio de Janeiro em 1.992, a Rio-92 ou Eco-92. Este evento reuniu 175 países e mostrou as possibilidades de compreensão e entendimento entre países. Se discutiu também nesse encontro a questão das mudanças climáticas, a perda da biodiversidade e o desmatamento. Um dos principais resultados da Conferência foi a Agenda 21.

(32)

criada, de se passar da teoria para a prática, não foi alcançada, de acordo com Ignacy Sachs, ―...mais uma vez subestimamos o dinamismo conservador dos

interesses estabelecidos e os efeitos danosos do pensamento neoliberal.‖ E conclui que para que efetivamente seja atingida a expectativa sobre a Agenda 21 seria necessário um plano de ação concreto que estabelecesse metas, recursos e prazos.

(33)

As ações prioritárias da Agenda 21 brasileira são os programas de inclusão

social (com o acesso de toda a população à educação, saúde e distribuição de

renda), a sustentabilidade urbana e rural, a preservação dos recursos naturais

e minerais e a ética política para o planejamento rumo ao desenvolvimento

sustentável‖.12

As propostas sobre a implementação dos princípios da CDB entre os países mega-biodiversos e aqueles detentores de tecnologia não avançam em função de que alguns países, como é o caso dos EUA, não ratificaram essa tratado multilateral, ou seja, que envolve mais do que dois países. Portanto, não são obrigados a respeitar (e não respeitam) os princípios da Convenção.

―Uma das Metas do Milênio, da Organização das Nações Unidas é

reduzir a fome e a má nutrição. Na metade da década de 90, o número de famintos havia caído para 825 milhões, porém, voltou a subir atingindo 915 milhões no final de 2008. E, então, saltou para mais de um bilhão em 2009.‖(BROWN, 2009).

Em 1.997, surge um importante instrumento na luta contra as alterações climáticas, o Protocolo de Quioto. Trata-se de um compromisso assumido pela maior parte dos países para que, até 2012, as emissões de gases que provocam o efeito estufa sejam reduzidas em até 5,2%. Os países desenvolvidos devem ter um compromisso maior com a redução.

(34)

Discutido e negociado em Quioto, no Japão em 1997, foi aberto para assinaturas em 11 de Dezembro do mesmo ano e ratificado em 15 de março de 1999. Sendo que para entrar em vigor, o Protocolo precisou que 55% dos países - que juntos produzissem em 55% das emissões - o ratificassem, assim entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois que a Rússia o ratificou em Novembro de 2004.

Baseado no Protocolo de Quioto, os créditos de carbono são uma espécie de moeda internacional que possibilita nações desenvolvidas a financiarem projetos de redução ou na captura de gases de efeito estufa em países em desenvolvimento, ou seja, os países desenvolvidos podem comprar créditos de carbono dos países em desenvolvimento como forma de compensação para a quota ou meta de redução que não conseguiram atingir. Os CERs (Reduções Certificadas de Emissão) são comercializados de duas maneiras: no mercado primário, em que a negociação de CERs ocorre antes de serem emitidos e no mercado secundário que são negociados créditos já emitidos. Esses projetos precisam ser aprovados pela Comissão Interministerial de Mudanças Climáticas do Ministério de Ciência e Tecnologia, no Brasil, e pelo United Nations Framework Convention on Climate Change, órgão da ONU.

(35)

O cálculo dos créditos de carbono gerados pelo projeto é feito de acordo com parâmetros determinados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change).

Com a proposta de um calendário, os países-membros (principalmente os desenvolvidos) têm a obrigação de reduzir a emissão de gases do efeito estufa, em no mínimo 5,2% em relação aos níveis do ano de 1990, no período entre 2008 e 2012. As metas de redução não são homogêneas a todos os países, colocando níveis diferenciados para os 38 países com maior emissão. Países em franco desenvolvimento (como Brasil, México, Argentina e Índia) não receberam metas de redução até o momento.

Se o Protocolo de Quioto for implementado com sucesso, estima-se que a temperatura global reduza entre 1,4°C e 5,8 °C até 2.100, entretanto, isto dependerá muito das negociações pós período 2008/2012. Algumas comunidades científicas afirmam que a meta de redução de 5,2% em relação aos níveis de 1990 será insuficiente para a mitigação do aquecimento global.

Os Estados Unidos negaram-se a ratificar o Protocolo de Quioto, segundo o então presidente George W. Bush, porque assumir “os compromissos acarretados por tal protocolo interfeririam negativamente na

economia norte-americana.”, segundo a fala dele. A Casa Branca também

(36)

o estado da Califórnia e donos de indústrias do nordeste dos Estados Unidos já começaram a pesquisar maneiras para reduzir a emissão de gases promotores do efeito estufa, sem que isso comprometa sua margem de lucro.

No ano de 2000, foi divulgada a Carta da Terra13 ou a Carta dos Povos. Consiste em uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século XXI, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. O documento busca inspirar todos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada, voltado para o bem-estar de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. Oferece um novo marco, inclusivo e integralmente ético para guiar a transição para um futuro sustentável. Reconhece que os objetivos de proteção ecológica, erradicação da pobreza, desenvolvimento econômico equitativo, respeito aos direitos humanos, democracia e paz são interdependentes e indivisíveis.

O documento é resultado de uma década de diálogo intercultural, em torno de objetivos comuns e valores compartilhados. O projeto que começou como uma iniciativa das Nações Unidas, se desenvolveu e finalizou como uma iniciativa global da sociedade civil.

A redação deste envolveu o mais inclusivo e participativo processo associado à criação de uma declaração internacional. Esse processo é a fonte básica de sua legitimidade como um marco de guia ético. A legitimidade do

(37)

documento foi fortalecida pela adesão de mais de 4.500 organizações, incluindo vários organismos governamentais e organizações internacionais.

A carta está estruturada em quatro grandes princípios. Estes princípios são interdependentes e visam um modo de vida sustentável como padrão comum:

 Respeitar e cuidar da comunidade de vida;

 Integridade ecológica;

 Justiça social e econômica;

 Democracia, não-violência e paz.

Espera-se que através deles a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais seja dirigida e avaliada adequadamente.

Este documento é já extremamente reconhecimento por grandes empresas, Ong’s, Institutos e no meio acadêmico, sendo visto também como um grande

(38)

tempo para ser integrado, e que, no entanto garantirá a continuidade e a manutenção das medidas adotadas pelos governos, empresas, organizações e pela população mundial.

Em dezembro de 2007, aconteceu na Ilha de Bali, na Indonésia, a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática. Trata-se de uma cúpula internacional, formada por representantes de 190 países, que discutiram as bases das negociações a serem desenvolvidas entre 2008 e 2009 para o estabelecimento de um novo acordo que substitua o Protocolo de Quioto, quando chega ao fim a primeira fase do tratado em 2012. Ocorreu então a COP-15 ou Conferência de Copenhague, capital da Dinamarca, país que sonhava em entrar para a história como o anfitrião de um acordo abrangente que substituísse o Protocolo de Quioto, acordado na COP-3.

Oficialmente intitulada United Nations Climate Change Conference que foi realizada entre os dias 7 e 18 de dezembro de 2009, Organizada pelas Nações Unidas, reuniu os líderes mundiais para discutir como reagir às mudanças climáticas (aquecimento global) atuais. Foi a 15ª conferência realizada pela UNCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima). A conferência foi precedida por um congresso científico organizado pela Universidade de Copenhague, intitulado ―Climate Change: Global Risks, Challenges and Decisions‖, realizado em Março de 2009. Cento e noventa e

(39)

A reunião foi presidida por Connie Hedegaard até o dia 16 de Dezembro, quando resignou ao cargo, sendo substituída pelo primeiro ministro dinamarquês Lars Loekke Rasmussen. Foi considerada pela imprensa mundial como uma conferência um tanto polêmica e que não atingiu os planos de discussão almejados.

Esperava-se que os países se comprometessem a cortar gases-estufa segundo as recomendações científicas do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, explicadas em detalhes ao mundo em 2007 – no entanto, nenhuma novidade. Todavia, o que resultou desta Conferência foi uma declaração de intenções que não tem efeito vinculante.

O então presidente Lula foi um dos destaques da conferência, sendo aplaudido quatro vezes durante seu longo discurso. Além disso, ele assumiu uma posição crítica na reunião e confessou sua irritação perante os temas debatidos, dizendo ―Estou rindo para não chorar‖.

A senadora Marina Silva afirmou que ―os líderes que participaram da reunião

saíram ―à francesa‖. Nunca vi uma situação tão desamparadora. Os homens

(40)

Apesar de criticar a atuação brasileira, ela contemporizou, afirmando que o Brasil fez a diferença na reunião. “As negociações estavam tão travadas que é como diz aquele ditado, em terra de cego quem tem um olho é rei”.

Para a senadora, o Brasil deveria ter se comprometido com o aporte de recursos independente do valor. Segundo ela, tratava-se de um gesto simbólico. “O certo era o Brasil, além de se comprometer com as metas de reduções, ter dito que se comprometeria com o aporte de recursos para o

fundo, criando um constrangimento ético para os países desenvolvidos. Porque

se um país em desenvolvimento pode contribuir, é claro que eles - países

desenvolvidos - podem contribuir muito mais”.

Se, por um lado, o uso do termo "sustentabilidade" difundiu-se rapidamente, incorporando-se ao vocabulário das grandes empresas, dos meios de comunicação de massa e das organizações sociais e civis, por outro, a

abordagem do combate às causas parece não avançar no mesmo ritmo. Exemplo disso é a própria Conferência de Copenhague, que foi a última mais

importante realizada até a presente data, onde não se alcançou os resultados e adesões esperados, especialmente por parte dos países desenvolvidos, como os Estados Unidos; ou em franca expansão de desenvolvimento, como é o caso da China.

(41)

sustentável da exploração de recursos naturais. As políticas públicas, bem como a ação efetiva dos governos, ainda se norteiam basicamente pela crença na possibilidade do crescimento econômico perpétuo. Segundo Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia, 1998: "Não houve mudança significativa no entendimento dos determinantes do progresso, da prosperidade ou do

desenvolvimento. Continuam a ser vistos como resultado direto do desempenho

econômico." Nesse sentido, ações governamentais ainda estão muito pautadas

no aspecto ambiental da sustentabilidade, como será abordado a seguir.

1.3 A Governança na Conjuntura Nacional

Falar sobre o conceito de Governança e a complexidade que o envolve, seria com certeza material para outra Dissertação de Mestrado ou Tese de Doutorado; especialmente no que se refere à Governança da sustentabilidade no cenário brasileiro, que obviamente não é o foco desta pesquisa. Porém faz-se necessário, ainda de maneira breve, situar aqui a gênefaz-se deste conceito; apenas a título de compreensão para o entendimento deste na conjuntura nacional. Neste trabalho apresentamos apenas um breve levantamento sobre as ações existentes, buscando compreendê-las dentro do âmbito mais conceitual da sustentabilidade.

De acordo com o Banco Mundial, em seu documento intitulado Governance and Development, de 1992; a definição geral de governança é “o exercício da autoridade, controle, administração, poder de governo. É a maneira

(42)

econômicos de um país visando o desenvolvimento”, implicando ainda a

capacidade dos governos de planejar, formular e implementar políticas e

cumprir funções”.

SANTOS (1997), afirma que a ideia de uma ―boa‖ governança é requisito

fundamental para um desenvolvimento sustentado, que incorpora ao crescimento econômico equidade social e também direitos humanos.

Lançando um olhar para o cenário brasileiro, a década de 1980 foi um período de redemocratização do Brasil em que se estabeleceram novos paradigmas para a dinâmica social brasileira; o que compreende também a sustentabilidade. Com grande foco no meio ambiente, o Congresso Nacional promulgou uma série de leis. É possível destacar algumas importantes normas que em maior ou menor grau traziam menções à sustentabilidade:

Princípio da informação e da notificação ambiental (art. 6o, 3,

Lei da Política Nacional do Meio Ambiente);

Princípio da prevenção e da precaução (art. 225, 1o. III,

Constituição Federal);

Princípio da responsabilidade da pessoa física e jurídica ( Lei

n. 9.605/ 98);

Resolução no. 01/ 86 - dispõe sobre a Avaliação de Impacto

Ambiental);

Princípio da educação ambiental (art. 225, 1, VI, Constituição

(43)

Princípio da obrigatoriedade da intervenção estatal (art. 225,

1, Constituição Federal);

Princípio da participação popular e atuação dos órgãos

colegiados (Resolução 1/86 do CONAMA para Avaliação de

Impacto Ambiental na fase de comentários e audiência

pública);

Princípio do desenvolvimento sustentado (art. 225, caput,

Constituição Federal);

Princípio da supremacia do interesse público na proteção do

meio ambiente em relação ao direito privado (art. 5, XXIII, 170,

III, VI, 186, II, da Constituição Federal);

Princípio da indisponibilidade do interesse público na proteção

do meio ambiente (art. 225, Constituição Federal).

Entretanto, até hoje não houve evolução significativa. Sabe-se que os três âmbitos da sustentabilidade devem caminhar juntos, mas institucionalmente o espaço de destaque nos governos municipais, estaduais e federal; é do aspecto ambiental do conceito.

(44)

Em artigo, publicado pela Revista Internacional Interdisciplina Interthesis, em 2006; os autores Agripa Faria Alexandre e Paulo José Krischke defendem que não há evolução democrática sem o desenvolvimento sustentável: “democracia está imbricada com a busca da sustentabilidade porque esta

impõe obstáculos aos seus valores, notadamente à economia de mercado, ao

individualismo, às regras jurídicas de direitos de propriedade (como as leis

ambientais), enfim, a todas as regras do jogo democrático, tornando

eventualmente a governança nacional e internacional condicionadas aos

critérios de sustentabilidade‖.

Mesmo em profunda pesquisa pelas atividades e organograma dos Ministérios Brasileiros, fica clara a deficiência de iniciativas que promovam os três pilares da sustentabilidade. Os poucos movimentos que validam a importância dessa discussão, ainda estão ancorados na visão ambiental; exatamente como ocorre desde a década de 80.

(45)

governamentais simultaneamente, considerarem os três aspectos da sustentabilidade.

As conquistas ambientais - berço da sustentabilidade no Brasil - de três décadas, são vistas hoje como retrógadas. Há uma nova realidade em curso, que requer uma revisão de legislação, de princípios norteadores, de valores. Mesmo as iniciativas mais recentes, despertam preocupação; ao exemplo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que não deixou claro até o presente, a inclusão da veia ambiental em sua essência de trabalho.

Está manisfesto que o único caminho factível e eficaz para uma sociedade sustentável e próspera está na interlocução entre todas as esferas do governo. Continuar agindo isoladamente e mais além, fragmentando um conceito que intrinsecamente é complexo, continuará resultando em grandes esforços, para poucos resultados.

(46)

O Ministério do Planejamento, em 2010 lançou o portal de Contratações Públicas Sustentáveis, com a seguinte definição sobre o trabalho desenvolvido:

“Contratações públicas sustentáveis são as que consideram critérios

ambientais, econômicos e sociais, em todos os estágios do processo de

contratação, transformando o poder de compra do Estado em um instrumento

de proteção ao meio ambiente e de desenvolvimento econômico e social.

A Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação – SLTI, do

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão tem priorizado a

sustentabilidade nas contratações públicas. Primeiramente, desenvolveu um

sistema de compras que comporta o cadastro de todos os atores envolvidos

bem como um catálogo de bens e serviços, informatizou todo o processo e

desenvolveu modalidades executadas na forma eletrônica. Ou seja, organizou

um sistema de compras transparente e funcional, diminuindo não só os custos

operacionais das compras públicas, como o dos bens e serviços adquiridos.

Posteriormente, foi desenvolvida uma política voltada para as micro e

pequenas empresas (MPE´s) usando o poder de compra do Estado para

incentivar a sua participação nas licitações, fortalecendo o setor, gerando

emprego, distribuindo renda e consolidando o mercado.

No momento, a SLTI está potencializando o Programa de Contratações

Públicas Sustentáveis para que possa incluir critérios ambientais nas compras

públicas. O Estado não pode ser só mais um ator nos esforços da sociedade,

para criar um modelo justo de desenvolvimento sustentável, mas deve

promover uma cultura institucional que sirva de exemplo para a sociedade.”

(47)

Diante de todo o exposto sobre as bases constitutivas de uma nação sustentável, fica claro que não é tarefa simples. Inegavelmente é preciso uma ―revolução na mentalidade‖ dos agentes envolvidos. Se o universo empresarial, ao que nos parece, está evoluindo mais rapidamente nesse aspecto, é porque ―está ouvindo‖ as novas necessidades de seus consumidores que a cada dia

valorizam ética, justiça e transparência em conjunto com as qualidades técnicas de produtos e serviços.

É possível, que ao estender esse olhar para os governos municipais, estaduais e federais; um esforço para a convergência de ações entre as diferentes esferas possa ser sentido.

1.4 Responsabilidade Social Empresarial

A ideia de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) nasceu após o surgimento das organizações, através de iniciativas filantrópicas14 individuais de

seus empreendedores na busca da melhor definição sobre o papel que os negócios têm em relação ao desenvolvimento da sociedade.

Com o objetivo de sistematizar historicamente esse movimento, STEINER e STEINER (2000), destacam a importância para o cenário norte-americano desde o século XVIII de grandes fundadores como Stephen Girard e

14 O termo filantropia foi utilizado na perspectiva do idioma inglês, diferenciando-se , por exemplo, da

(48)

John Rockefeller, que enquanto estavam à frente de seus negócios, suas ações individuais eram vistas pela população como ações das empresas.

Stephen Girard (1750-1831), um francês, naturalizado americano, foi um banqueiro muito bem sucedido, que chegou a se tornar um dos homens mais ricos dos EUA, dedicou grande parte de sua fortuna à filantropia, em especial à educação e ao bem-estar dos órfãos. Após sua morte, a maior parte de sua fortuna foi deixada para a cidade de Filadélfia para construir e gerir uma escola residencial destinada ao atendimento de crianças carentes.

O americano John Rockefeller (1839-1937), por sua vez, foi talvez o empresário mais rico e mais influente de seu tempo. Fundou a primeira companhia petrolífera norte-americana, a Standard Oil Company, possuindo o monopólio do petróleo por algumas décadas. Porém também foi um importante filantropo de seu tempo. Ele foi um dos fundadores da Universidade de Chicago, no fim do século XIX, e seu investimento em pesquisas médicas ajudou a desenvolver a vacina contra a febre amarela. As gerações seguintes levaram à frente a filantropia com grande dedicação, financiando a criação de escolas, museus como o MOMA (Museu de Arte Moderna) em Manhattan/Nova York, bibliotecas e Instituto Rockefeller para pesquisas médicas. “...alguns, inclusive, atribuem a ele o nascimento da filantropia como a conhecemos

hoje.”15

15

(49)

http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0983/noticias/o-petroleo-virou-No presente cenário, a Responsabilidade Social Empresarial (RSE) é um tema cada vez mais presente e relevante no mundo inteiro e a tendência é que seja cada vez mais. Dos anos 90 em diante percebemos que a natureza e a complexidade dos desafios se apresentam de forma globalizada, fazendo eclodir debates, discussões e movimentos que tomam o cenário mundial.

De acordo com AMARAL (2007) temas como a globalização, o modelo econômico, o fim do emprego, a concentração da riqueza e o aumento da pobreza, potencializaram os desafios nos quais todos os atores da sociedade estão envolvidos. No caso brasileiro, os rumos definidos pela política econômica adotada pelo país nesta década inseriram o Brasil no modelo de integração ao capital internacional sob a perspectiva de uma política neoliberal.

(50)

AMARAL (2007) afirma que crescem no Brasil e no mundo o número de eventos de mobilização e articulação de líderes empresariais, bem como iniciativas que buscam compreender as práticas empresariais e identificar e disseminar uma nova forma de gerir negócios. Nesse sentido, há um número expressivo de iniciativas empresariais, como cursos de diferentes níveis, mobilização de organizações e premiações de líderes.

Esses fatos convidam o leigo, o especialista, acadêmicos, líderes empresariais e governos a conhecerem, compreenderem e avaliarem o debate sobre a implantação de responsabilidade social na empresa. O fato é que a RSE ganhou espaço na mídia16 e que seu conceito, no que tange às relações com a comunidade e investimentos sociais é, de forma geral, conhecido, como refere ALEXANDRE (2008).

Conforme a autora não há uma definição única para o termo responsabilidade social empresarial. Afirma que esse conceito está ainda em construção por dividir espaço com outras terminologias utilizadas como sinônimos, por exemplo: cidadania corporativa, filantropia empresarial, investimento social privado, ética empresarial.

O Instituto Ethos17 conceitua responsabilidade social empresarial como

“a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa

16 Especificamente no Brasil a RSE se destacou na mídia no final dos anos 90, acompanhando a criação do

GIFE em 1995 e do Intituto Ethos em 1998 e de outros nessa década, girando em torno da necessidade de discussão do tema entre empresários e profissionais.

17

(51)

com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de

metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da

sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras,

respeitando a diversidade e a redução das desigualdades sociais” (INSTITUTO ETHOS, 2004). Nesse sentido, “ser ético nos negócios supõe que as decisões

de interesse de determinada empresa respeitem os direitos, os valores e os

interesses de todos os indivíduos que de uma forma ou de outra são por ela

afetados”.

O conceito de ética da responsabilidade para SROUR (2003) se define pela análise de situações de riscos, custos e benefícios, em que a decisão de escolha deve trazer um bem maior ou evitar um mal maior.

Outro aspecto do conceito central trazido pelo INSTITUTO ETHOS é a

transparência que caminha ao lado da atitude ética, e consiste em expor ao público suas ações de impacto na sociedade e meio ambiente, mostrando a situação real e completa da organização para que o público possa julgar se seu discurso é coerente ou não com suas ações, não sonegando informações importantes sobre seus produtos e serviços.

Para tanto existem instrumentos que incentivam a atitude de comunicação transparente entre a empresa e os públicos com as quais ela se relaciona. O Balanço Social é um deles, embora não obrigatório no Brasil, permite às empresas divulgarem anualmente suas ações, investimentos, e

(52)

resultados bem como ações ambientais, sociais e econômicas, o que permite a empresa apresentar seus compromissos públicos, metas, os problemas que imagina enfrentar e os possíveis parceiros para equacionar os desafios previstos.

A divulgação do balanço social pode contribuir para o aumento da reputação18 da empresa, mediante seu posicionamento competitivo em relação

aos seus concorrentes, pois assim a empresa tem maior visibilidade frente a todos os seus públicos de interesse, o que promove maior transparência e consequentemente aumenta sua credibilidade.

Reconhecer publicamente os esforços da responsabilidade social desenvolvidos por empresas é uma forma de aumentar sua reputação no mercado. O Selo Empresa Cidadã foi criado para incentivar que as empresas contribuam para o desenvolvimento das comunidades, comportamento ético e consolidação da cidadania. Este prêmio é concedido às empresas que se destacam nas áreas do balanço social como: meio ambiente, qualidade de vida, ambiente de trabalho, qualidade dos produtos e serviços, desenvolvimento dos direitos humanos e difusão da conduta de responsabilidade social. As empresas que recebem o selo podem utilizá-lo em produtos, embalagens, propagandas e correspondências. Conseqüentemente, passam a ser reconhecidas pelo compromisso com a qualidade de vida, eqüidade e desenvolvimento dos funcionários e sua família, pela comunidade e preservação do meio ambiente

(53)

(CIEE, 1999). Esse selo foi criado a partir da Resolução Legislativa n. 05/98, de autoria da então vereadora Aldaíza Sposati.

Como afirma AMARAL (2007) o Marketing Social traz no seu bojo a busca de complementaridade entre resultados sociais para a sociedade com resultados econômicos para as empresas. A estratégia utilizada pelas empresas está na associação da marca a uma causa relevante, como por exemplo a educação para o Banco Santander, que será abordado em maiores detalhes no próximo capítulo.

As empresas estão percebendo que a responsabilidade social corporativa é uma estratégia de desenvolvimento dos negócios dentro da lógica de que não há como existir uma empresa forte em uma sociedade carente e sem condições de consumir. De acordo com QUILICI (2006, p.7) ―quanto mais a prática da responsabilidade social corporativa estiver vinculada a políticas

públicas, para garantir a abrangência em larga escala da ação, maior será o

seu potencial de contribuição ao desenvolvimento sustentável e de retorno do

investimento social privado‖.

Referências

Documentos relacionados

Para saber como o amostrador Headspace 7697A da Agilent pode ajudar a alcançar os resultados esperados, visite www.agilent.com/chem/7697A Abund.. Nenhum outro software

A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se baseia no fato de que uma

Almanya'da olduğu gibi, burada da bu terimin hiçbir ayrım gütmeden, modern eğilimleri simgeleyen tüm sanatçılar için geçerli olduğu anlaşılıyor.. SSCB'de ilk halk

Na apresentação dos dados estatísticos, ficou demonstrada à todos os participantes a dimensão da pesquisa, abrangendo o setor produtivo como um todo, enfocando a produção

As abraçadeiras tipo TUCHO SIMPLES INOX , foram desenvolvidas para aplicações que necessitam alto torque de aperto e condições severas de temperatura, permitin- do assim,

3 — Constituem objectivos prioritários das áreas de intervenção específica a realização de acções para a recu- peração dos habitats naturais e da paisagem, a manutenção

Código Descrição Atributo Saldo Anterior D/C Débito Crédito Saldo Final D/C. Este demonstrativo apresenta os dados consolidados da(s)

- os termos contratuais do ativo financeiro dão origem, em datas específicas, aos fluxos de caixa que são apenas pagamentos de principal e de juros sobre o valor principal em