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O Impacto da Inovação no Desempenho Económico-Financeiro das Empresas Industriais Portuguesas

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O IMPACTO DA INOVAÇÃO NO DESEMPENHO

ECONÓMICO-FINANCEIRO DAS EMPRESAS

INDUSTRIAIS PORTUGUESAS

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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O Impacto da Inovação no Desempenho

Económico-Financeiro das Empresas Industriais

Portuguesas

De:

Carla Susana da Encarnação Marques Orientadores:

Prof. Doutor Carlos Machado dos Santos Prof. Doutor José Monteiro Barata

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Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do grau de Doutor em Gestão, sendo apresentado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Aos meus pais Ao Dinis

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desta dissertação. A todos, em geral, queremos aqui deixar expresso o nosso bem-haja. Gostaríamos, no entanto, de forma particular, deixar aqui o nosso reconhecimento:

- À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, na pessoa do seu Reitor, Senhor Professor Doutor Armando Mascarenhas e aos Coordenadores do seu Departamento de Economia, Sociologia e Gestão, primeiro na pessoa do Senhor Prof. Doutor José Portela, depois na pessoa do Prof. Doutor João Rebelo e, posteriormente, na pessoa do Senhor Prof. Doutor Artur Cristóvão, pelas facilidades concedidas;

- Ao Senhor Prof. Doutor José Monteiro Barata, nosso orientador, pelas sugestões e críticas facultadas, decisivas para a concretização final desta dissertação;

- Ao Senhor Prof. Doutor Carlos Machado dos Santos, nosso orientador, pelas sugestões facultadas, pela revisão dos diversos manuscritos, pela permanente disponibilidade e amizade dispensadas ao longo de todo o período de investigação, que foram decisivas para a concretização desta dissertação;

- Aos Senhores Professores Doutores José Pires Manso, José Portela, Zélia Serrasqueiro e João Maroco, pela permanente disponibilidade e forma amiga com que sempre nos receberam e pelos ensinamentos que nos proporcionaram;

- Aos colegas do Departamento de Economia, Sociologia e Gestão (DESG) da UTAD, em especial à nossa colega de gabinete, Fernanda Nogueira, pelo estímulo, troca de impressões e sugestões que oportunamente tiveram lugar;

- À Senhora Drª Delfina Rodrigues, pelo trabalho de tradução do resumo e revisão ortográfica e formal do texto final;

- À Senhora D. Manuela Mourão, pela paciência e dedicação com que configurou a versão final desta dissertação;

- Às instituições onde foi feita a recolha de dados, OCES e Banco de Portugal, pela amabilidade e disponibilidade com que sempre nos receberam, tornando assim possível a elaboração desta investigação;

- Ao Senhor Emílio Santos e seus colaboradores, pelo bom trabalho realizado na impressão final desta dissertação;

- Por último, mas não menos importante, a toda a nossa família e amigos, pelo incentivo, tolerância e paciência demonstradas.

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afirmação se refere indistintamente ao crescimento económico no geral, à competitividade das economias nacionais, à concorrência, à rendibilidade, à sobrevivência e ao crescimento de empresas individuais. Daí a necessidade de informação empírica, precisa, que ajude a clarificar como? quando? em que sentido? em que amplitude? a inovação é importante no desempenho económico-financeiro da empresa. Nesta investigação, procurou-se dar um contributo para um melhor conhecimento destas questões, estabelecendo, assim, como objectivo principal analisar o impacto positivo da inovação no desempenho económico-financeiro das empresas industriais portuguesas ao longo do período 1995-2001.

A análise tem como quadro conceptual as abordagens actuais de referência sobre a temática da inovação e seu impacto no desempenho económico-financeiro, desenvolvendo um suporte teórico, corroborado por um suporte empírico que permite identificar os factores determinantes da inovação no desempenho a curto, médio e longo prazos nas empresas industriais portuguesas.

Para testar empiricamente as hipóteses em investigação, e tendo em consideração a complexidade do fenómeno em questão, recorreu-se à análise estatística-econométrica. Assim, aos dados do painel de empresas, que resulta da fusão da informação da componente portuguesa do Community Innovation Survey 1997 (CIS2) com dados contabilísticos para um painel de empresas para o período 1995-2001, aplicaram-se modelos de regressão probit e tobit e sistemas de equações simultâneas para identificar os factores determinantes de cada uma das fases do processo de inovação e as interacções existentes entre cada uma dessas fases. Aplicaram-se, ainda, modelos de regressão logística ordinal para identificar quais os factores determinantes da inovação que surtem impacto no médio/ longo prazos no desempenho económico-financeiro das empresas.

Os resultados obtidos mostram (i) que a inovação tem impacto positivo no desempenho económico-financeiro das empresas industriais portuguesas, num determinado momento (1997) e vice-versa, ou seja, existem relações de feedback entre as diferentes fases do processo de inovação (input, output e desempenho) e (ii) que existem variáveis de inovação afectas às fases do modelo de investigação (input, output e desempenho) que têm impacto no curto e médio/longo prazos no desempenho económico-financeiro da empresa, confirmando-se, assim, as hipóteses desta investigação.

Palavras-chave: Inovação, Processo de inovação, Desempenho económico-financeiro,

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statement comprises indiscriminately many different aspects such as economic growth in general, national economy competitiveness, competition, profitability as well as individual business firms’ survival and growth. Therefore it is important to develop empirical research to help clarify how, when, in what sense and how much innovation may affect the business firms economic and financial performance. With this study the author wishes to give a contribution to a better knowledge of these issues aiming mainly at analysing innovation’s positive impact on Portuguese industrial business firms’ economic and financial performance for the period between 1995 and 2001

The present analysis will adopt as a conceptual framework the latest reference approaches on innovation and its impact on economic and financial performance, while developing a theoretical support based on an empiric one which will make it possible to identify innovation’s determining factors on Portuguese industrial business firms’ short, medium and long term performance.

Bearing in mind the complexity of the phenomenon, the hypotheses under study were tested empirically with recourse to the statistic econometric analysis. Thus, probit and tobit regression models and simultaneous equations systems were applied to the data regarding the business firms panel in order to identify the determining factors in each stage of the innovation process and the possible interactions between those stages. These data resulted from combining information concerning the Community Innovation Survey 1977 (CIS2) Portuguese component with accounting data for a business firm panel over the period between 1995 and 2001. Ordinal logistic regression models were also used to identify innovation’s determining factors likely to have an impact on the business firms’ medium and long term performance.

The results thus obtained show that (i) innovation has a positive impact on Portuguese business firms’ economic and financial performance at a certain moment in time (1997) and vice-versa, that is, there is a feedback relationship between different stages of the innovation process (input, output, and performance) and (ii) there are innovation variables concerning the research model stages (input, output and performance) which have an impact on the business firm’s economic an financial short, medium and long term performance which confirms this study’s hypotheses.

Key-words: Innovation, innovation process, economic and financial performance,

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ÍNDICE

I – DA PROBLEMÁTICA AOS OBJECTIVOS DE INVESTIGAÇÃO... 1

1.1 - A PROBLEMÁTICA DA INOVAÇÃO EM GESTÃO E SUA IMPORTÂNCIA... 5

1.2 - OBJECTIVOS, QUESTÕES E HIPÓTESES DE INVESTIGAÇÃO... 9

1.3 – ESTRUTURA DA TESE ... 11

II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO: INOVAÇÃO E DESEMPENHO

ECONÓMICO-FINANCEIRO ... 13

2.1 – CONCEITOS E PERSPECTIVAS FUNDAMENTAIS ... 15

2.1.1 – Inovação: conceito e classificação ... 16

2.1.1.1 – Conceito de inovação; sua diferenciação de conceitos próximos... 16

2.1.1.2 – Classificação da inovação... 20

2.1.2 – Modelos de inovação... 22

2.1.2.1 - As cinco gerações do processo de inovação... 23

2.1.2.2 - Abordagem sistémica da inovação ... 27

2.1.2.3 - O processo de inovação e o desempenho da empresa... 32

2.1.3 – Difusão... 34

2.1.3.1 - Difusão e adopção... 35

2.1.3.2 - A importância da difusão... 35

2.1.3.3 - Modelos de difusão da inovação... 36

2.1.3.4 – A dinâmica difusão-inovação ... 40

2.2 – GESTÃO DA INOVAÇÃO ... 41

2.2.1 - A importância da empresa e o papel da gestão ... 42

2.2.2 - Gestão pela inovação na empresa... 44

2.2.3 - Inovação de sucesso e inovadores de sucesso ... 47

2.2.4 - Porque hão-de as empresas inovar?... 48

2.2.5 - Visão estratégica da inovação... 49

2.2.5.1 - Gestão da inovação no posicionamento ... 51

2.2.5.2 - Gestão do processo de inovação (ou abordagem do processo) ... 53

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2.3.1 - O efeito dos fluxos financeiros na inovação... 58

2.3.2 - A persistência nas actividades inovadoras e na rendibilidade ... 60

2.3.3 - Pesquisa sobre a rendibilidade persistente... 62

2.3.4 - Inovação e rendibilidade: um quadro schumpeteriano... 66

2.3.4.1 - Schumpeter e as dinâmicas de lucro... 66

2.3.4.2 - Um esquema schumpeteriano para lucros contínuos a nível empresarial ... 68

2.4 - DETERMINANTES DO PROCESSO DE INOVAÇÃO ... 72

2.4.1 - A decisão de inovar ... 73

2.4.2 - Input de inovação: variáveis e determinantes ... 76

2.4.2.1 - Factores que influenciam o esforço de inovação... 77

2.4.3 - Transformação de input em output de inovação (throughput)... 78

2.4.4 - Output de inovação: variáveis e determinantes ... 79

2.4.4.1 - Factores que influenciam o output de inovação... 80

2.4.5 - Desempenho da empresa: variáveis e determinantes ... 82

2.4.5.1 - Factores relativos à inovação que influenciam o desempenho da empresa ... 82

2.5 – PROPOSTA DO MODELO DE INVESTIGAÇÃO... 86

III – DADOS E METODOLOGIA DE ANÁLISE... 89

3.1 – MÉTODOS E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO ... 91

3.1.1 - Sobre o método ... 92

3.1.2 - Objectivos: geral e específicos... 94

3.1.3 - Questões e hipóteses de investigação... 94

3.1.4 - Dados e suas fontes... 100

3.1.4.1 - Inquérito comunitário às actividades de inovação (CIS)... 102

3.1.4.2 - Indicadores de desempenho económico-financeiro das empresas... 105

3.1.5 - Construção do painel de empresas... 108

3.1.6 - Registo e verificação dos dados... 110

3.2 - BREVE DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA ESTATÍSTICO-ECONOMÉTRICA A UTILIZAR NA ANÁLISE EMPÍRICA 110 3.2.1 - Análise exploratória de dados ... 110

3.2.1.1 - Teoria da decisão... 111

3.2.1.2 - Testes não paramétricos... 113

3.2.1.3 - O teste de Kruskal-Wallis... 114

3.2.1.4 - Análise da correlação... 115

3.2.2 - Modelação de dados e inferência estatística ... 116

3.2.2.1 - Análise factorial... 117

3.2.2.2 - Modelos de regressão... 118

3.2.2.2.1 - Modelo probit... 118

3.2.2.2.2 - Modelo tobit... 121

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3.2.2.3 - Sistemas de equações aparentemente não relacionadas: o método SURE ... 127

3.3 – SÍNTESE DOS ASPECTOS METODOLÓGICOS ... 129

IV – INOVAÇÃO E DESEMPENHO DA EMPRESA:

ENSAIO PARA A INDÚSTRIA TRANSFORMADORA PORTUGUESA ... 131

4.1 - CARACTERIZAÇÃO GERAL DAS EMPRESAS QUE INTEGRAM O PAINEL ... 136

4.2 - ESTUDO EXPLORATÓRIO: INOVAÇÃO E DESEMPENHO ECONÓMICO-FINANCEIRO DAS EMPRESAS... 141

4.2.1 – Metodologia ... 142

4.2.2 - Análise do desempenho das empresas inovadoras versus não inovadoras... 143

4.2.2.1 – O efeito da inovação sobre os indicadores de rendibilidade... 143

4.2.2.2 – O efeito da inovação sobre o comportamento dos indicadores de crescimento... 150

4.2.2.3 - Persistência do comportamento dos indicadores de rendibilidade... 155

4.2.2.4 - Lucros e dificuldades financeiras como obstáculos à inovação... 157

4.2.3 - Caracterização das empresas inovadoras: inovação e desempenho... 162

4.2.3.1 - Evolução das taxas de rendibilidade para empresas inovadoras de produtos e/ou de processos ... 163

4.2.3.2 - Impacto do investimento em inovação no desempenho ... 168

4.2.3.2.1 - Variáveis de investimento em inovação... 169

4.2.3.2.2 - Investimento total em inovação... 173

4.2.3.3 - Impacto da venda de novos produtos e/ou processos no desempenho... 176

4.2.3.4 - Evolução das vendas nas empresas inovadoras... 181

4.2.4 - Síntese dos resultados ... 185

4.3 - RELAÇÃO ENTRE INPUT DE INOVAÇÃO, OUTPUT DE INOVAÇÃO E DESEMPENHO DA EMPRESA... 187

4.3.1 – Metodologia: modelo de investigação e métodos de estimação... 188

4.3.2 - Operacionalização das variáveis... 190

4.3.2.1 - Factores de input de inovação ... 190

4.3.2.2 - Factores do processo de transformação de input em output de inovação ... 191

4.3.2.3 - Factores de output de inovação... 192

4.3.2.4 - Factores de desempenho económico-financeiro da empresa ... 192

4.3.3 - Determinantes dos inputs de inovação... 196

4.3.4 - Determinantes dos outputs de inovação ... 201

4.3.5 - Determinantes do desempenho económico-financeiroda empresa... 205

4.3.6 - Modelo de equações simultâneas: relação inovação/desempenho da empresa... 207

4.3.7 - Síntese dos resultados ... 210

4.4 - RELAÇÃO INOVAÇÃO/DESEMPENHO DA EMPRESA NO CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZOS... 212

4.4.1 – Metodologia ... 213

4.4.1.1 - Operacionalização de variáveis ... 213

4.4.2 - Relação inovação / desempenho da empresa ... 217

4.4.2.1 - Rácio da rendibilidade operacional ... 217

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4.4 2.3 - Evolução das vendas ... 222

4.4.2.4 - Evolução dos recursos... 224

4.4.3 - Importância da inovação para a sobrevivência das empresas... 225

4.4.4 - Síntese dos resultados ... 230

V – REFLEXÕES E RECOMENDAÇÕES... 231

5.1 – CONCLUSÕES DA ANÁLISE EMPÍRICA DA INVESTIGAÇÃO E RECOMENDAÇÕES... 234

5.1.1 - Conclusões... 235

5.1.2 - Recomendações... 240

5.2 - LIMITAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO... 242

5.3 – SUGESTÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES ... 243

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 247

ANEXOS... 263

ANEXO A – INQUÉRITO CIS2 ... 265

ANEXO B – MATRIZ DE VARIÂNCIAS-COVARIÂNCIAS... 277

ANEXO C – OUTPUTS DO STATA: REGRESSÃO PROBIT, TOBIT E SISTEMA DE EQUAÇÕES ... 281

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Representação do sistema de inovação ... 29

Figura 2.2 - O processo de inovação e o desempenho da empresa... 33

Figura 2.3 - O processo de reflexão estratégica... 51

Figura 2.4 – As componentes do processo de inovação que têm de ser controladas... 55

Figura 2.5 - Quatro possíveis percursos das séries de lucros normalizados adaptados de Schohl (1990)... 65

Figura 2.6 - Perfil de lucros de produto único... 70

Figura 2.7 - Perfis de lucros: imitação rápida versus lenta (empresa de produto único versus empresa multiproduto)... 70

Figura 2.8 - Modelo de investigação... 87

Figura 3.1 - Metodologia de investigação... 93

Figura 3.2 - Questões e hipóteses de investigação... 99

Figura 3.3 - Definição das regiões crítica e de aceitação de um teste de hipótese ... 112

Figura 4.1 – Empresas inovadoras / não inovadoras, segundo a dimensão ... 137

Figura 4.2 - Empresas do painel classificadas segundo a dimensão e o tipo de inovação ... 138

Figura 4.3 - Empresas do painel classificadas por indústria e inovação... 139

Figura 4.4 - Empresas do painel classificadas segundo o nível de intensidade tecnológica... 140

Figura 4.5 - Empresas do painel classificadas de acordo com o nível de intensidade tecnológica e tipo de inovação ... 141

Figura 4.6 – RRO e ROI (mediana), 1995-2001, empresas inovadoras e não inovadoras ... 144

Figura 4.7 – RRO e ROI (mediana), 1995-2001, de acordo com a dimensão... 146

Figura 4.8 – RRO e ROI (mediana), 1995-2001, segundo o nível de intensidade tecnológica ... 149

Figura 4.9 – Evolução das vendas e dos recursos (mediana), 1995-2001... 151

Figura 4.10 – Evolução das vendas e dos recursos (mediana), 1995-2001, ponderada pela dimensão ... 152

Figura 4.11 – Evolução das vendas e dos recursos (mediana), 1995-2001, ponderada pelo nível de intensidade tecnológica ... 154

Figura 4.12 – Projectos atrasados, cancelados ou abandonados, nas empresas inovadoras/não inovadoras (1997), devido à falta de fontes de financiamento, segundo a dimensão ... 159

Figura 4.13 – Dificuldades na obtenção de fontes de financiamento como barreira a inovação, empresas inovadoras e não inovadoras (1997), segundo a dimensão... 160

Figura 4.14 – RRO e ROI (mediana), 1995-2001, por tipo de inovação... 164

Figura 4.15 – RRO e ROI (mediana), 1995-2001, em função da intensidade de investimento em inovação ... 174

Figura 4.16 – Evolução das vendas e dos recursos (mediana), 1995-2001, em função da intensidade de investimento em inovação ... 175

Figura 4.17 – RRO e evolução das vendas (mediana), 1995-2001, segundo as categorias de venda de produtos/processos melhorados... 180

Figura 4.18 – RRO e evolução das vendas (mediana), 1995-2001, segundo as categorias de vendas de novos produtos ... 181

Figura 4.19 – Evolução das vendas (mediana), 1995-2001, segundo o tipo de inovação e o nível de intensidade tecnológica ... 182

Figura 4.20 – Evolução das vendas por tipo de inovação (mediana), 1995-2001, segundo a dimensão e o nível de intensidade tecnológica... 183

Figura 4.21 – Determinantes de inovação na evolução das vendas de curto, médio e longo prazo... 223

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 – Classificação da inovação... 22

Quadro 2.2 - As cinco gerações do processo de inovação... 26

Quadro 2.3 - Três explicações para a rendibilidade persistente a nível da empresa ... 71

Quadro 2.4 – Fases do processo de inovação, variáveis e factores de influência... 85

Quadro 3.1 - A empresa como unidade estatística, classificação de mudança... 109

Quadro 3.2 - Tipos de variável resposta ... 124

Quadro 3.3 - Funções de ligação ... 125

Quadro 3.4 - Aspectos metodológicos da investigação ... 129

Quadro 4.1 – Questões, hipóteses e técnicas estatísticas e econométricas utilizadas... 135

Quadro 4.2 – Correlação (tau-b de Kendall) entre as taxas de rendibilidade de 1995 e as taxas de rendibilidade de 1996-2001, inovadoras e não inovadoras... 156

Quadro 4.3 – Correlações (tau-b de Kendall) entre RRO, ROI, lucro líquido e falta de fontes de financiamento... 160

Quadro 4.4 – Correlação (tau-b de Kendall) entre os indicadores de rendibilidade de 1995 e os indicadores de rendibilidade do período 1996-2001 ... 167

Quadro 4.5 – Correlação (tau-b de Kendall) entre a inovação e o investimento, com RRO ... 170

Quadro 4.6 – Correlação (tau-b de Kendall) entre a inovação e o investimento, com ROI... 170

Quadro 4.7 – Correlação (tau-b de Kendall) entre a inovação e o investimento com a evolução das taxas de vendas... 171

Quadro 4.8 – Correlação (tau-b de Kendall) entre a inovação e o investimento com a evolução das taxas dos recursos... 171

Quadro 4.9 – Correlações (tau-b de Kendall) entre a inovação e o investimento em 1997 ... 172

Quadro 4.10 – Correlação (tau-b de Kendall) entre o investimento total em inovação e os indicadores de desempenho económico-financeiro da empresa (1997-2001) ... 173

Quadro 4.11 – Correlação (tau-b de Kendall) da percentagem de vendas de produtos/processos novos e/ou melhorados, com os indicadores de rendibilidade (1997-2001) ... 178

Quadro 4.12 – Factores de input de inovação... 190

Quadro 4.13 – Factores do processo de transformação de input em output de inovação ... 191

Quadro 4.14 – Factores de output de inovação... 192

Quadro 4.15 – Factores de desempenho económico-financeiro da empresa ... 193

Quadro 4.16- Variáveis de processo de inovação e suas características ... 194

Quadro 4.17 - Impacto esperado nos inputs e outputs de inovação... 196

Quadro 4.18 - Determinantes de input de inovação, recorrendo ao modelo tobit ... 199

Quadro 4.19 – Determinantes dos outputs de inovação, recorrendo a modelos tobit e probit... 203

Quadro 4.20 – Determinantes do desempenho económico-financeiro da empresa, recorrendo a modelos tobit... 206

Quadro 4.21 – Resultados da estimação do modelo de equações simultâneas... 208

Quadro 4.22 – Hipóteses, variáveis e determinantes das fases do processo de inovação... 211

Quadro 4.23 – Hipótese e principais conclusões da existência de feedback entre as diferentes fases do processo de inovação... 212

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Quadro 4.24 – Identificação dos factores afectos ao desempenho económico-financeiro da empresa... 215

Quadro 4.25 - Variáveis independentes e suas características... 216

Quadro 4.26- Determinantes de inovação no RRO no curto, médio e longo prazo... 218

Quadro 4.27 – Determinantes de inovação no ROI no curto, médio e longo prazo ... 221

Quadro 4.28 – Comparação do RRO e do ROI das empresas sobreviventes e das não sobreviventes ... 227

Quadro 4.29 – Correlação (tau-b de Kendall) da variável dicotómica sobreviventes/não sobreviventes com as variáveis de desempenho da empresa, para o período 1995-2000 (valores de p entre parênteses)... 228

Quadro 4.30 - Modelo de regressão logística binária... 229

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LISTA DE SIGLAS UTILIZADAS

CAE – Classificação das Actividades Económicas

CIS – Community Innovation Survey – Inquérito Comunitário às Actividades de Inovação CISEP – Centro de Estudos sobre Economia Portuguesa

EUROSTAT – Statistical Office of the European Commission

GEPIE – Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Economia I&D – Investigação e Desenvolvimento

IDEIA – Apoio à Investigação e Desenvolvimento Empresarial Aplicado ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão

NEST – Novas Empresas de Suporte Tecnológico

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico OCSE – Observatório da Ciência e do Ensino Superior

OCT – Observatório das Ciências e das Tecnologias. Actualmente denominado de: PROINOV – Programa Integrado de Apoio à Inovação

ROI – Retorno sobre o Investimento RRO – Rácio do Retorno Operacional SPSS – Statistic Package for Social Sciences STATA – Statistics Data Analysis

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Constante revolução da produção, alteração permanente de todas as condições sociais, incerteza sem fim… todas as indústrias nacionais já estabelecidas foram destruídas ou estão a sê-lo no dia a dia. Elas são desalojadas pelas novas indústrias… cujos produtos são consumidos não apenas internamente mas em todo o planeta.

K. Marx e F. Engels em O Manifesto do Partido Comunista, 1848.

Inovar requer, acima de tudo, uma certa atitude que associe a criatividade, a vontade de empreender, o gosto e o controlo do risco. Inovar exige, também, a capacidade de prever as necessidades e antecipar o futuro. Esta capacidade de antevisão em relação ao ambiente de incerteza e à globalização da economia foi aflorada, com grande intuição, por Marx e Engel em 1848. Verifica-se, assim, que a incerteza, a globalização e mesmo a inovação não são propriamente conceitos novos. Segundo Marx e Engel a única certeza sobre o ambiente do amanhã é que ele será tão incerto quanto o de hoje. Nada mais do que “incerteza sem fim”. Não é, portanto, de estranhar que o discurso moderno da gestão da inovação tenha iniciado o seu caminho nos trabalhos realizados há um século atrás, através de Schumpeter e Hessen, ambos influenciados, em parte, pela ênfase dada por Marx ao processo de inovação com o propósito de ganhar vantagens económicas (Malerba & Orsenigo, 1995; Roberts, 1998). Esse propósito está, de certa forma, patente ao longo desta investigação.

Um desafio-chave no ambiente actual, e igualmente antevisto por Marx e Engel, é o de que o palco em que se joga a inovação está agora muito mais alargado; com efeito, se no princípio do século XX o desenvolvimento tecnológico estava confinado a algumas nações, ele foi-se, alargando até ao ponto de ser, hoje em dia, gerado e usado globalmente, desafiando todos a tornarem-se jogadores globais. Este tem sido, de resto, o mote para a estratégia da inovação nas multinacionais, uma questão que, agora, se coloca igualmente para as pequenas empresas. Cada vez mais, as empresas equacionam a procura de fornecedores de componentes, de processos administrativos mais vantajosos e o controlo da distribuição à escala global (Tidd et al., 2001).

A liberalização da economia e a abertura dos mercados originou um recrudescimento, em grande escala, da actividade global e do número de empresas. O contexto actual em que a empresa se insere é fortemente orientado por um novo tipo de competição, baseado não unicamente no preço, mas, principalmente, na construção de competências específicas para a aquisição de conhecimento e de inovação. A competição

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intensificou-se e é, em grande parte, resultado da inovação de produtos, de serviços e de processos. A resposta das empresas de sucesso resulta, cada vez mais, da colaboração entre os vários agentes da economia e do respectivo trabalho em rede.

Cabe, também, um papel de relevo às políticas de inovação, dirigidas às empresas e enquadradas no meio em que estas se inserem, reforçando não apenas a oferta de serviços tecnológicos às empresas mas às próprias redes de empresas, actores fundamentais dos processos de inovação e imitação. Este novo contexto permite, assim, pôr em evidência o papel das pequenas e médias empresas e a sua capacidade para participar de forma mais activa na transformação dos sistemas de produção/gestão e, logo, na inovação. Quer isto dizer que se abandona a noção de que as grandes empresas são o único agente de inovação, sendo esta constatação muito importante pois permite reconhecer que as capacidades de desenvolvimento estão, em grande parte, localizadas a nível local e regional, podendo, por isso, ser reforçadas por políticas adequadas.

Em Portugal, o interesse pela inovação por parte da administração pública assumiu maior relevo desde o início dos anos 90, com a realização de diversos trabalhos sobre a inovação nas empresas portuguesas (CISEP/GEPIE, 1991; Monitor, 1994; Simões, 1997; CISEP/ISEG, 2000; Conceição & Ávila, 2001). Na realidade, as empresas portuguesas continuam na cauda da Europa relativamente aos indicadores de inovação. Estudos comparativos a nível comunitário constatam a fraquíssima actividade inovadora das empresas portuguesas e a progressiva perda de competitividade das mesmas (PROINOV, 2001; Conceição & Ávila, 2001; Comissão Europeia, 2004). No seguimento deste diagnóstico desfavorável, o papel da inovação mereceu particular interesse, do ponto de vista da política económica, que se materializou através dos programas: (i) PROINOV (2001), que visa estimular a capacidade de inovação das empresas, a qualificação das pessoas e a criação de condições favoráveis à inovação; (ii) NEST (2002), que promove a criação e arranque de novas empresas de suporte tecnológico e (iii) IDEIA (2003), que pretende estimular a investigação e desenvolvimento aplicado através da colaboração entre empresas e instituições. Como a economia portuguesa é uma economia aberta e, consequentemente, sujeita aos efeitos da globalização - através, por exemplo, das pressões da concorrência ou das ‘janelas’ de oportunidades -, a análise do processo de inovação das empresas portuguesas assume, assim, uma importância crucial.

(27)

1.1 – A

P

ROBLEMÁTICA DA

I

NOVAÇÃO EM

G

ESTÃO E A SUA

I

MPORTÂNCIA

A inovação é um tema central e actual, não só na literatura, como na prática da gestão. Bouchikhi & Kimberly (2001) expressaram emblematicamente a ideia com dois enunciados: (1) as empresas necessitam de inovar para sobreviverem, sob pena de morrerem; (2) o vasto reconhecimento desta necessidade, assim como a dificuldade em estimular e sustentar a inovação e o espírito empreendedor nas empresas, têm gerado uma mini-indústria de pesquisa e consultoria em gestão focalizada nesses tópicos. E acrescentaram: “não será um exagero afirmar que este é um dos temas principais da pesquisa e consultoria nos tempos actuais” (Bouchikhi & Kimberly, 2001:77-78). Existe, por conseguinte, um contexto científico e prático que confere ao conceito de inovação um significado intrinsecamente positivo, prevalecendo a ideia de que a inovação é boa em si mesma.

Importa notar que este afã sofreu, porventura, o primeiro grande estímulo quando Schumpeter (1934, 1939) associou a criação de valor à inovação tecnológica, e sublinhou a importância dos empreendedores individuais para o dinamismo empresarial. O autor defendeu que a inovação tecnológica dá origem a uma destruição criadora, que põe em causa as formas tradicionais de criação de valor e que proporciona retornos às entidades empreendedoras responsáveis pela sua introdução. Esses retornos schumpeterianos tendem a diminuir à medida que as inovações se transformam em práticas estabelecidas. Estas decorrem de iniciativas arriscadas e de decisões empresariais tomadas em contexto de incerteza e complexidade.

Drucker (1986) reconheceu a importância deste legado de Schumpeter, num trabalho intitulado Inovação e Gestão, enunciando do seguinte modo uma das traves mestras por ele sustentadas: “o desequilíbrio introduzido pelo empresário inovador, e não o equilíbrio e a optimização, é a ‘norma’ de uma economia saudável e a realidade central da teoria e da prática económicas” (Drucker, 1986:39).

Desde o contributo seminal de Schumpeter, que a inovação se transformou num campo central de investigação para a maioria das disciplinas de estudos organizacionais (por exemplo, marketing, gestão, comportamento organizacional, sociologia das organizações). Uma demonstração quantitativa desse facto foi proporcionada por Wolfe quando, num artigo

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publicado em 1994, fez notar que, nos cinco anos anteriores, tinham sido publicados 6244 artigos em revistas científicas, e realizadas 1336 dissertações sobre inovação. Sucede, porém, que tal prolixidade não se caracteriza por uma articulação dos trabalhos produzidos: o rótulo inovação abrange uma grande variedade de tópicos e de abordagens que são projectados sobre fenómenos organizacionais relacionados mas frouxamente articulados.

A capacidade de inovar é, hoje, reconhecida como uma das principais vertentes da vantagem competitiva das empresas. Becattini (1999) afirma que, no mercado corrente, caracterizado pelo rápido aumento da saturação da procura, a competitividade das empresas tende a ser mais determinada pela capacidade inovadora do que pela produtividade. Deste modo, a procura de vantagens competitivas sustentáveis passa a depender cada vez mais desta capacidade empresarial de inovação, tendo sempre em consideração que a inovação é considerada como um processo cumulativo de aprendizagem que extravasa as fronteiras da investigação e desenvolvimento (I&D) e no qual os aspectos organizacionais e de gestão desempenham um papel fundamental. Consequentemente, a inovação e a sua gestão não podem ser separadas das orientações estratégicas genéricas da empresa, pois entre elas existem inter-relações estreitas que contribuem decisivamente na criação das suas vantagens competitivas. Importa, por isso, compreender a natureza da inovação, a forma como influencia os resultados económico-financeiros e os mecanismos através dos quais são envolvidos, em todo este processo, os agentes económicos e sociais, sem esquecer que a gestão da inovação é intrinsecamente difícil e arriscada. A história da inovação de produto e de processo está repleta de exemplos de ideias aparentemente boas que falharam, nalguns casos com consequências nefastas (Gilbert, 1975; Nayak & Ketteringham, 1986; Henry & Walker, 1990; Crawford, 1991; Bryson, 1994 e Leifer et al., 2000). Em suma, ao realçar a competitividade, a inovação requer um conjunto de conhecimentos de gestão e uma capacidade diferente da requerida pela gestão corrente do negócio. A gestão da inovação é, essencialmente, interdisciplinar e multifuncional.

Apesar do risco e da incerteza, a inovação, quando bem sucedida, pode produzir um impacto relevante nos resultados económicos das empresas. Nayak (1991) ilustrou essa possibilidade ao referir-se à importância da inovação de produto para o crescimento dos lucros das empresas, mostrando que a gestão da carteira de produtos é fundamental para a competitividade da empresa. É esta crença ou expectativa no nexo entre a inovação e os bons

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resultados que induz as empresas a criarem sistemas de incentivo às ideias criativas, a aplicarem ferramentas de fomento da criatividade nos processos decisórios e de resolução de problemas, a instalarem uma cultura facilitadora da experimentação, a afectarem recursos a actividades formais e informais passíveis de gerarem inovação proveitosa. Essa inovação é, em grande medida, fundada na observação da realidade, mas também fruto de uma ideologia moderna convicta da bondade intrínseca da mudança

A inovação é, assim, um elemento-chave para a melhoria dos resultados económico-financeiros das empresas e das economias nacionais. Investigações recentes confirmam que as empresas que são capazes de usar a inovação para melhorar os seus processos ou diferenciar os seus produtos e serviços apresentam um melhor desempenho económico-financeiro do que as suas concorrentes, medido pela quota de mercado, pela rendibilidade, pelo crescimento ou pela capitalização de mercado (ver, por exemplo, Geroski, 1990; Geroski et al., 1993a,b; Husso et al., 1996; Klomp & van Leewen, 1999; Kleinknecht & Oostendorp, 2002; Kemp et al., 2003).

Desta forma, torna-se fundamental o estudo da relação entre a inovação e o desempenho económico-financeiro. A revisão da literatura mostrou que poucos eram os estudos que abordavam a questão do impacto da inovação no desempenho económico-financeiro da empresa, mostrando, ainda, que alguns eram, de certo modo, incompletos, pois analisavam o tema de forma parcial. Quando fizemos a proposta desta investigação, tínhamos conhecimento de apenas três estudos empíricos que, de alguma forma, correspondiam a estudos semelhantes àquele que nos propúnhamos realizar (Nås & Leppälahti (1997); Klomp & van Leeuwen, 1999; Sandven, 2000). Durante a investigação, surgiu mais um estudo empírico relevante (Kemp et al., 2003). No entanto, as conclusões destes estudos sugerem diferentes factores determinantes em cada uma das fases do processo de inovação e no impacto que estes surtem no desempenho económico-financeiro.

O interesse na temática da inovação surgiu, na comunidade académica portuguesa, a partir do início dos anos 90. Desde então, realizaram-se vários estudos sobre a inovação nas empresas portuguesas (ver, entre outros, CISEP/GEPIE, 1991; Godinho, 1993; Fontes, 1995; Laranja, 1995; Bonfim & Ribeiro, 1996; Barañano, 1997; Laranja, Simões & Fontes, 1997; Simões, 1997; Godinho, Sousa & Carvalho, 1998; Marques, 1999; Barata 1999a,b; CISEP/ISEG, 2000; Barata, 2000; Conceição & Ávila, 2001; Silva, 2003; Barata, 2004).

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Apesar das metodologias utilizadas nestes estudos não serem coincidentes, têm em comum o facto de se centrarem na análise dos factores económicos e do foro de gestão que influenciam as actividades de inovação nas empresas portuguesas (Godinho, 1999).

Note-se, contudo, que nenhum dos estudos referidos no parágrafo anterior se debruçou sobre a relação inovação/desempenho económico-financeiro, razão pela qual se torna necessário levar a cabo mais investigações no sentido de estudar a natureza do impacto da inovação no desempenho económico-financeiro da empresa e vice-versa. Simões (1996:5) refere, igualmente, que o conhecimento dos factores determinantes e dos padrões do processo de inovação nas empresas industriais portuguesas permanece limitado. O mesmo autor acrescenta que “faltam estudos aprofundados sobre a gestão da inovação em ambientes empresariais”. Por estas razões, torna-se necessário um conhecimento mais aprofundado sobre o processo de inovação numa perspectiva global e em ambientes empresariais e, em particular, proceder à análise dos factores determinantes de inovação que provocam variações no desempenho económico-financeiro da empresa. Ora, é precisamente neste domínio, ainda não desbravado na literatura portuguesa, que se situa a nossa pesquisa e respectiva dissertação. Em relação aos estudos empíricos internacionais que investigaram a relação inovação/desempenho económico-financeiro, já referidos anteriormente, o valor acrescentado da nossa análise consiste, então: (1) na utilização da análise factorial para identificar as variáveis afectas a cada uma das fases do modelo de investigação; (2) na utilização / identificação de um maior número de variáveis de desempenho económico-financeiro da empresa, (3) na utilização de diferentes variáveis consoante as fases do processo de inovação; (4) na utilização de modelos qualitativos (probit e tobit) para identificar os factores determinantes de cada uma das fase do processo de inovação, escolhendo o modelo que melhor se ajusta aos dados; (5) na utilização do método SURE no modelo de equações simultâneas, de forma a analisar a existência de feedback entre as diferentes fases do processo de inovação; e (6) na identificação dos factores determinantes de inovação que surtem algum efeito no desempenho económico-financeiro, não só de curto prazo, mas, também, no médio e longo prazos, utilizando mais que um modelo de estimação.

(31)

1.2

-

O

BJECTIVOS

,

Q

UESTÕES E

H

IPÓTESES DE

I

NVESTIGAÇÃO

É opinião generalizada que a inovação representa um papel essencial no desempenho económico-financeiro das empresas. Contudo, muitas vezes, fica-se com a sensação de que esta afirmação se refere indistintamente ao crescimento económico em geral, à competitividade das economias nacionais, à concorrência, à rendibilidade, à sobrevivência e ao crescimento de empresas individuais. Há, por isso, necessidade de informação empírica precisa, que ajude a clarificar como? quando? em que sentido? com que amplitude? é que a inovação é importante no desempenho económico-financeiro da empresa. Nesta investigação, daremos o nosso contributo para um melhor conhecimento destas questões, analisando a relação entre a inovação e os resultados económico-financeiros ao nível das empresas industriais portuguesas.

Podemos dizer, deste modo, que o objectivo principal da presente dissertação consiste em analisar o impacto da inovação no desempenho económico-financeiro ao longo do período 1995-2001.

Apesar da inovação não ser apenas o resultado do ‘empreendedorismo’ dos empresários individuais, mas sim um processo colectivo, dinâmico e complexo, envolvendo diversos actores sociais, económicos, institucionais e empresariais articulados num sistema de inovação, nesta investigação a empresa será a unidade de análise. Neste sentido, a presente investigação tomará como quadro conceptual as abordagens actuais de referência sobre a temática da inovação empresarial, nomeadamente a abordagem sistémica e a abordagem de processos. A sua selecção deve-se ao facto de serem adequadas para o estudo dos factores determinantes do processo de inovação e do seu impacto no desempenho económico-financeiro da empresa, constituindo, assim, a base teórica do modelo de investigação proposto e desenvolvido no final do Capítulo II. Este modelo de investigação será aplicado ao painel de dados de empresas que resulta da fusão da informação da componente portuguesa do Community Innovation Survey 1997 (CIS2) com dados contabilísticos, para o período 1995-2001.

Nesta dissertação considera-se a inovação como um processo não linear, evolucionário, complexo e interactivo, e com ela pretende-se: (i) desenvolver um suporte teórico assente nas abordagens referidas e (ii) apresentar uma metodologia que permita

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identificar os determinantes do processo de inovação que provocam alguma variação no desempenho económico-financeiro das empresas industriais portuguesas.

De uma forma mais pormenorizada, nesta investigação, procura-se analisar os seguintes aspectos:

• Identificar os determinantes de cada uma das fases do processo de inovação;

• Averiguar a existência (ou não) de feedback entre as diferentes fases do processo de inovação;

• Identificar os determinantes de inovação no desempenho económico-financeiro das empresas ao longo do período em análise.

Deste modo, pretende-se estudar o impacto (no curto, médio e longo prazos) da inovação no desempenho económico-financeiro das empresas industriais portuguesas.

Face ao exposto, as principais questões de investigação que se colocam são: (1) Apresentam as empresas inovadoras do painel em estudo um melhor desempenho económico-financeiro do que as não inovadoras? (2) Estarão as diferenças registadas no desempenho económico-financeiro das empresas industriais inovadoras portuguesas relacionadas com variáveis de inputs de inovação, de outputs de inovação e de desempenho económico-financeiro? E, como questão suplementar, surge a interrogação seguinte: Existe uma relação entre a inovação e a sobrevivência das empresas?

As reflexões que acabámos de introduzir justificam, em certa medida, a hipótese que formulamos para o estudo em causa, e segundo a qual a inovação (de produto e/ou processo) tem um impacto positivo de curto, médio e longo prazos no desempenho económico-financeiro das empresas (pequenas, médias e grandes) industriais (CAE 15-41), e vice-versa. Esta hipótese geral é dividida em duas sub-hipóteses: uma referente ao impacto da inovação no desempenho económico-financeiro num determinando momento (1997); outra referente ao impacto da inovação no desempenho económico-financeiro ao longo do período em análise (1997-2001). O desempenho económico-financeiro é apreciado através do recurso a quatro indicadores: rácio da rendibilidade operacional, retorno sobre o investimento, crescimento das vendas e crescimento do activo total ou dos recursos.

(33)

1.3 – E

STRUTURA DA

T

ESE

O primeiro passo de um trabalho de investigação é a escolha do tema a estudar, que pode ser qualquer um que necessite quer de melhores definições, quer de melhor precisão ou clareza. Tal verificou-se no momento da concepção da proposta de investigação enquadrada no Doutoramento e surgiu da vontade de investigar a relação entre a inovação e o desempenho económico-financeiro nas empresas industriais portuguesas, depois de efectuadas algumas leituras iniciais, como já referimos neste ponto introdutório.

Com o objectivo de aprofundar os conhecimentos sobre o tema escolhido, procedeu-se a um levantamento bibliográfico. As principais ideias resultantes da revisão da literatura foram agrupadas no Capítulo II, o qual se subdividiu em cinco áreas importantes para uma melhor compreensão do tema. Em primeiro lugar, apresentam-se os principais conceitos e perspectivas fundamentais sobre inovação; em segundo lugar, desenvolve-se a revisão da literatura sobre a gestão da inovação na empresa e sua importância; em terceiro lugar, aborda-se a relação inovação/rendibilidade; em quarto lugar, descrevem-se os principais factores determinantes do processo de inovação; no quinto, e, finalmente, último ponto deste capítulo, propõe-se um modelo teórico de investigação que servirá de suporte à investigação empírica.

No Capítulo III, faz-se referência aos métodos e técnicas de investigação, nomeadamente, aos objectivos, questões e hipóteses de investigação, aos dados e suas fontes e à construção do painel de empresas. Neste capítulo faz-se, ainda, uma breve descrição dos métodos estatísticos e econométricos utilizados na investigação, de forma a poder responder às questões levantadas e a testar as hipóteses estabelecidas. No Capítulo IV procedeu-se à realização da análise empírica, capítulo em que se efectua a análise e discussão dos resultados obtidos.

A última etapa desta investigação, refere-se à apresentação das principais conclusões obtidas. Conclusões essas que contribuíram efectivamente para um aprofundamento do conhecimento da relação inovação/desempenho económico-financeiro das empresas industriais portuguesas, em especial, para o conhecimento dos factores determinantes de cada uma das fases do processo de inovação e identificação daqueles que mais contribuem para um melhor desempenho económico-financeiro. Este capítulo termina com algumas recomendações aos diferentes agentes portugueses do sistema de inovação e sugestões para futuras investigações.

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Enquadramento Teórico:

Inovação e Desempenho Económico-Financeiro

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(37)

Este capítulo diz respeito ao levantamento bibliográfico sobre o tema desta investigação e ao estudo da informação obtida. Depois de algum tempo de pesquisa, foram analisados vários estudos, tanto de cariz teórico como empírico, sobre o fenómeno da inovação e sua relação com o desempenho económico-financeiro da empresa. As principais ideias resultantes da revisão da literatura foram agrupadas em quatro áreas importantes para uma melhor compreensão do tema: no Ponto 2.1 apresentam-se os principais conceitos e perspectivas fundamentais sobre inovação; seguidamente, no Ponto 2.2, expõe-se a revisão da literatura sobre a gestão da inovação na empresa e sua importância; no Ponto 2.3, aborda-se a relação inovação/rendibilidade; e no Ponto 2.4, descreve-aborda-se os principais factores determinantes do processo de inovação. No seguimento desta revisão bibliográfica, e para finalizar este capítulo, procedeu-se à construção e explicação do modelo teórico de investigação que servirá de suporte à investigação empírica.

2.1 – C

ONCEITOS E

P

ERSPECTIVAS

F

UNDAMENTAIS

Desde o início do século XX, muito se vem discutindo sobre a inovação, sua natureza, características, fontes e classificação, com o objectivo de compreender o seu papel no desenvolvimento económico ressaltando-se como marco fundamental a contribuição de Joseph Schumpeter que, na primeira metade do século, focou a importância da inovação no desempenho das empresas e da economia.

O objectivo deste ponto é criar o contexto necessário para a análise de resultados obtidos relativamente ao impacto da inovação no desempenho económico-financeiro das empresas. Neste ponto, são identificados conceitos fundamentais e modelos base relacionados com a problemática da inovação e da difusão. Começa com a referência ao conceito de inovação, sua diferenciação de conceitos próximos e classificação (2.1.1), seguindo-se uma breve descrição do processo de inovação, com ênfase na abordagem

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sistémica da inovação e no modelo teórico base para a construção do modelo teórico desta investigação (2.1.2). A relação inovação-difusão (2.1.3) conclui este ponto.

2.1.1 – Inovação: conceito e classificação

2.1.1.1 – Conceito de inovação; sua diferenciação de conceitos próximos

Inovação! Para uns, representa uma oportunidade, para outros, uma ameaça; alguns vêem-na como uma ‘aventura’ atractiva, outros como uma ‘tábua de salvação’. Qualquer que seja o ponto de vista, “não podemos ignorar o seu impacto sobre as nossas vidas quotidianas, nem os dilemas morais, sociais e económicos que nos coloca. Podemos maldizê-la ou bendizê-la, mas não a podemos ignorar” (Freeman, 1975:19).

Inovação1 é um pequeno rótulo para uma grande variedade de fenómenos. Vários

autores, como Fonseca (2002), Cunha et al. (2003), referem que o conceito pode incluir aspectos tão diversos como a adopção de novas soluções tecnológicas ou processos de trabalho, o lançamento de novos produtos, a competição em novos mercados, o estabelecimento de novos acordos com clientes ou fornecedores, a descoberta de uma nova fonte de matérias-primas, um novo processo de produção, um novo modo de prestar serviço pós-venda, um novo modus operandi para a relação com os clientes, etc.

Esta menção à diversidade intrínseca do conceito é fulcral para contrariar uma ideia, por vezes aduzida, e que, diga-se em abono da verdade, parece emergir do próprio vocábulo: a de que a inovação implica apenas novos produtos, novos processos, novos serviços e ideias. Inovação é muito mais: é a descoberta do conceito novo, uma nova prática de gestão, etc. Tal como afirma Drucker (1986), a inovação também inclui a imitação criativa, ou seja, a introdução de algumas alterações nas características de um produto/processo lançado por um pioneiro, adaptando-se às necessidades dos clientes.

Este leque de conteúdos dificulta a formulação de uma definição de inovação clara e inequívoca. Uma boa definição terá que ser suficientemente ampla para cobrir a diversidade de formas de inovação, mas específica quanto baste para evitar o risco de confusão com conceitos relacionados, como por exemplo, mudança, criatividade e invenção.

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Para uma melhor compreensão do conceito de inovação, expor-se-ão, nos parágrafos seguintes, os atributos nucleares do conceito, os vários conceitos próximos e sua diferenciação.

Os processos e as pessoas envolvidos numa intervenção de reengenharia, na adopção de uma nova tecnologia ou no desenvolvimento de um novo produto são diferentes. Eles são estimulados por diferentes necessidades e seguem caminhos de desenvolvimento distintos. Não será porventura despropositado afirmar que esta pluralidade de processos explica, parcialmente, a pluralidade de definições, não necessariamente convergentes e, por vezes, ambíguas. Apesar desta diversidade, segundo Cunha et al. (2003), é possível extrair um pequeno conjunto de atributos nucleares do conceito de inovação: (1) ambiguidade, (2) ubiquidade e (3) cumulatividade.

Embora estimulante, o conceito de inovação está envolto por alguma ambiguidade (1) – em grande medida, fruto da multiplicidade de formas que a inovação pode assumir (produto, processo, organizacional, tecnológica, etc). A ambiguidade é, ela própria, um factor facilitador da inovação. Com efeito, são as diferentes interpretações dos problemas e oportunidades que dão azo a respostas inovadoras, sui generis, inesperadas. A inovação é, por definição, um processo aberto, no qual os problemas não são susceptíveis de soluções claras / inequívocas, e as oportunidades não sugerem opções claras para colmatá-las (Dosi, 1988).

A inovação é um fenómeno ubíquo (2) na economia moderna (Lundvall, 1992). Em todas as áreas da economia, estão a ser constantemente criados novos produtos, novos processos e novos mercados. Como tal, é possível considerar a inovação um componente primordial dos sistemas económicos e não um evento ou conjunto de eventos exógenos e perturbadores.

A inovação pode ser concebida como um processo cumulativo (3) que evolui incrementalmente e se baseia na tecnologia e no conhecimento existentes (Dosi, 1988). A natureza cumulativa da inovação leva a que a empresa seja constrangida por decisões e práticas pertencentes ao passado. O carácter cumulativo da inovação não significa, porém, que as inovações produzam, necessariamente, melhorias contínuas; como foi referido por Schumpeter (1942), a combinação das possibilidades existentes pode gerar destruição criadora. E as rupturas representam, por vezes, o fulcro de uma inovação bem sucedida.

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Estas características clarificam a natureza do conceito de inovação, mas não são suficientes para o diferenciar de outros conceitos próximos como a invenção, a imitação criativa, a mudança e a difusão2.

Com alguma frequência, tende-se a confundir os conceitos de inovação e invenção. A sua clarificação remonta a Schumpeter (1934), segundo o qual a invenção é uma ideia, um esboço ou um modelo para um produto, processo ou sistema, novo ou aperfeiçoado, mas que não está ainda materializado no mercado. A inovação só se concretiza com a introdução no mercado. Muitas invenções nunca chegam a ser materializadas e introduzidas no mercado, como afirma Rosegger (1986:9), “as invenções em si não produzem resultados técnicos ou económicos. São necessárias, mas não suficientes para a mudança tecnológica”. A inovação não é mais do que o processo de transformar boas ideias em uso prático. E esta não pode ser confundida com invenção. Normalmente, os economistas, como é o caso de Schumpeter (1942), colocam a tónica no papel do inovador em detrimento do inventor, enfatizando a diferença existente entre estes dois conceitos. Neste contexto, Jewkes et al. (1969:30) afirmam que a invenção é o início da inovação, surgindo da combinação da preocupação técnica com “a arte, habilidade e capacidade de tornar as coisas aptas, contrariamente à inovação que é mais deliberada e especificamente concebida para um fim definido”.

A expressão imitação criativa foi profusamente usada por Drucker (1986) para designar a estratégia de algumas empresas que, em essência, é a de imitação3. O que o imitador faz já foi feito por alguém – há criatividade porque o imitador compreende melhor do que o criador original o que tal inovação representa para os consumidores. Sucintamente, o processo de imitação criativa pode ser assim descrito: (1) o pioneiro lança um produto no mercado; (2) sendo completamente inovador, o produto ainda não foi verdadeiramente testado junto dos consumidores; (3) o imitador presta atenção às reacções que o produto suscita entre os clientes, tentando detectar as parcelas mais atractivas, aquilo que os consumidores não apreciam e os aspectos que necessitam, porventura, de ser alterados; (4) quando se lança com a imitação criativa no mercado, o imitador apresenta-se com um produto superior ao do pioneiro, já que vem expurgado das características não valorizadas pelo consumidor e apetrechado com as que ele aprecia. O imitador explora, portanto, o sucesso do pioneiro. Não cria um produto ou serviço – aperfeiçoa o que o pioneiro colocou

2 Conceito a desenvolver na secção 2.1.3 - Difusão.

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no mercado. Uma das grandes vantagens do imitador criativo reside no facto de que, quando entra no mercado, este está já estabelecido e o novo produto/processo já foi aceite pelo consumidor. Nessa altura, a procura já é maior do que a resposta que o pioneiro é capaz de dar. A maioria das incertezas vigentes à data do lançamento da versão original já foram removidas ou, pelo menos, são passíveis de ser analisadas e alteradas. Também já não é necessário explicar ao consumidor o que é e para que serve o produto/processo. A segunda grande vantagem radica no facto de uma parcela muito substancial dos custos de inovação ter sido coberta pelo inovador original – ficando o imitador criativo com uma janela de mercado aberta sem que para isso tenha contribuído excepcionalmente.

Inovação e mudança são, frequentemente, utilizados como sinónimos. Drucker (1986:46-47) faz notar, porém, que “a oportunidade para o novo e diferente é sempre fornecida pela mudança. … A esmagadora maioria das inovações bem sucedidas explora a mudança. É claro que há inovações que constituem por si mesmas uma mudança importante. … Mas trata-se de excepções, e excepções muito raras. A maioria das inovações bem sucedidas são muito mais prosaicas; exploram a mudança”.

Intimamente relacionados com a inovação surgem os conceitos de investigação e desenvolvimento (I&D), como input básico da inovação (como veremos na secção 2.1.2.3 - O processo de inovação e desempenho da empresa e no ponto 2.4 - Determinantes do Processo de Inovação). De salientar que o termo I&D será muito utilizado ao longo desta investigação. Segundo o Manual de Frascati (OCDE, 1994:29), as actividades de I&D “compreendem os trabalhos criativos, conduzidos de forma sistemática, com o objectivo de aumentar o conjunto de conhecimentos em novas aplicações”, e integra três actividades: a investigação fundamental ou pura, a investigação aplicada e o desenvolvimento experimental4.

A investigação fundamental consiste na elaboração de trabalhos experimentais ou teóricos, conduzidos com o objectivo principal de adquirir novos conhecimentos científicos, sem pretender uma aplicação ou utilização particular. A investigação aplicada engloba a realização de trabalhos originais com vista à aquisição de novos conhecimentos, normalmente orientados por objectivos práticos determinados. O desenvolvimento experimental compreende todos os trabalhos sistemáticos, baseados em conhecimentos existentes, obtidos quer pela investigação, quer pela experiência prática, com vista à

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produção e ao estabelecimento de novos materiais, dispositivos, processos ou produtos, ou ao melhoramento dos já existentes.

No âmbito desta investigação, considera-se a inovação como um processo que, integrando os conhecimentos científicos e tecnológicos próprios e alheios e as capacidades pessoais, conduz ao desenvolvimento e comercialização ou adopção de produtos e processos, novos ou melhorados, contribuindo para a satisfação de todos os participantes.

Com esta definição, pretende-se sublinhar três aspectos importantes para esta investigação: (1) a inovação como processo, aspecto que abordaremos mais à frente; (2) a necessidade de envolver diferentes agentes nesse processo, que naturalmente terão de ser compensados; e (3) os três inputs básicos da inovação – a ciência, a tecnologia e as pessoas. A ciência, enquanto corpo sistematizado de conhecimentos relativos a factos ou fenómenos, obedecendo a leis e empiricamente comprovável, mantém uma interacção permanente com a tecnologia. O contributo da primeira é, frequentemente, decisivo nas primeiras fases de uma nova tecnologia; no entanto, o desenvolvimento da tecnologia aparece, muitas vezes, como o grande impulsionador da evolução da ciência. A tecnologia é entendida como o conhecimento sobre os processos e a técnica como o próprio processo ou método. Finalmente, aparecem as pessoas, factor crucial em todo o processo, não só como elemento passivo da tecnologia, mas, também, enquanto elemento activo, já que, além de a explorar, dão-lhe novas aplicações num processo de realimentação contínuo.

2.1.1.2 – Classificação da inovação

É possível detectar várias classificações dicotómicas das inovações. Neste ponto, faz-se uma breve referência apenas àquelas utilizadas ao longo desta investigação. Uma das classificações distingue as inovações de produto e de processo (ver, entre outros, Abernathy & Utterback, 1988; OCDE, 1992, 1997). A primeira refere-se à produção e comercialização de produtos novos ou melhorados, enquanto a segunda se concretiza na criação e/ou adopção de novos bens de equipamento ou na introdução de novos processos organizativos de produção. Facilmente se entende a dificuldade em dissociar estes dois tipos de inovação. De facto, existe uma grande interdependência entre eles: uma inovação de produto frequentemente exige novos processos de produção e novos equipamentos; por sua vez, novos processos de produção também conduzem, não raras vezes, a produtos novos ou

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melhorados. Por outro lado, uma inovação de produto para um fabricante de bens de equipamento aparece como uma inovação de processo para os seus clientes.

Igualmente pertinente é a distinção entre inovações sociais e tecnológicas (Beije, 1998). A inovação social está orientada para a gestão das pessoas, materializando-se na melhoria das condições de trabalho, na sua adequação às necessidades e interesses dos trabalhadores. O pressuposto é simples: estas mudanças conduzirão à motivação dos trabalhadores, repercutindo-se na produtividade, na qualidade, na participação dos trabalhadores. A inovação tecnológica, de acordo com Beije (1998), é mais ou menos complexa em função do número de componentes do produto/processo e das inter-relações existentes entre eles; a inovação pode consistir exclusivamente em elementos novos ou na junção destes com outros elementos e aspectos técnicos já aplicados anteriormente, regra geral, por outras empresas. Importa sublinhar que, dos tipos de inovação enumerados, a inovação tecnológica é aquela que vem merecendo uma maior atenção. Isto acontece não só porque os efeitos económicos que produz são imediatamente visíveis (Morcillo, 1989), mas também porque os outros tipos de inovação surgem, frequentemente, como uma consequência directa da inovação tecnológica (Rothwell, 1992).

Outra classificação bem conhecida - e que acolhe inovações dos tipos supra referidos – decorre das categorias radical versus incremental. As inovações radicais introduzem uma mudança descontínua no funcionamento da organização, dos sectores ou da economia. Assim, estabelecem um novo desenho dominante para um produto/processo, podendo abalar as fundações da estrutura industrial. Designadamente, pode suceder que as empresas já instaladas não sejam capazes de se acomodar às condições emergentes – sendo então eliminadas da população organizacional (ver, Hannan & Freeman, 1984; Leifer et al., 2000). Concomitantemente, outras organizações, equipadas com as capacidades requeridas pelas novas condições ambientais, iniciam o seu período de dominância. Ocorrem, então, inovações incrementais, que aperfeiçoam/melhoram o produto/processo dominante, sem ameaçar a sua existência. A sua pequena dimensão/expressão não é suficiente para ameaçar o status quo de um sector de actividade – pelo contrário, geralmente contribuem para o reforço das suas características (Dewar & Dutton 1986; Tushman & Anderson 1986; Leifer et al., 2000). É importante notar que alguns modelos abordam, de forma dinâmica, as tipologias das inovações radical e incremental, sugerindo que ambas as categorias não se opõem, antes podem ser usadas como percursos de acção complementares para enfrentar as exigências do mercado. De acordo com estes modelos (ver, por exemplo, Abernathy &

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Utterback, 1988; Leifer et al., 2000), grandes inovações de produto são habitualmente seguidas por inúmeras pequenas inovações (ou melhoramentos) no próprio produto, bem como no processo produtivo, tornando-o cada vez mais eficiente.

A inovação de produtos ou de processos pode, ainda, ser diferenciada através da dicotomia novo para a empresa versus novo para o mercado (Conceição & Ávila, 2001; Kemp et al., 2003). A classificação da inovação novo para a empresa engloba modificações e melhoramentos nos produtos/processos existentes na empresa, bem como em produtos/processos que são novos para a empresa mas não para o mercado (usualmente, trata-se de inovações incrementais). A classificação novo para o mercado compreende produtos/processos que são novos para a empresa e para o mercado (estas inovações requerem muito mais do que desenvolvimentos incrementais).

Em jeito de síntese, refira-se que se encontram, na literatura, diferentes classificações da inovação, evidenciando os diferentes tipos e níveis de inovação nas várias áreas em que ocorrem. Assim, das várias classificações acerca dos níveis de inovação, destacam-se as referidas nos parágrafos anteriores por serem as utilizadas nesta investigação. O Quadro 2.1 faz uma síntese dessas classificações.

Quadro 2.1 – Classificação da inovação

Classificação da inovação Variável de classificação a considerar Alguns autores Inovação de produto

Inovação de processo

Modificação no produto / processo Abernathy & Utterback, 1988; OCDE, 1992, 1997

Inovação tecnológica Inovação social

Modificação no produto/processo ou na organização (do trabalho)

Beije, 1998 Inovação radical

Inovação incremental

Grau de novidade do produto / processo Leifer et al., 2000 Novo para a empresa

Novo para o mercado

Novidade para a empresa / para o mercado Kemp et al., 2003

2.1.2 – Modelos de inovação

É importante considerar a inovação como um processo, pois só deste modo se pode ter um melhor controlo sobre todo o projecto de inovação. A forma de abordagem do processo de inovação tem evoluído bastante ao longo do tempo. Os primeiros modelos (os explícitos e, mais importante, os modelos mentais implícitos com que são geridos os processos) consideram a inovação como uma consequência linear de actividades funcionais. As novas oportunidades surgidas por via da investigação foram dando lugar a novas

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experimentações e reajustamentos (produtos/processos) que, eventualmente, passaram no teste do mercado (technology-push) ou sinais, dados pelo mercado, de necessidades novas que conduziram a novas soluções para o problema (demand-pull, em que a ‘necessidade aguça o engenho’).

São evidentes as limitações às abordagens desta natureza; na prática, a inovação é um processo de paridade e ajuste em que o elemento crítico é a interacção (Freeman, 1982, 1988; Coombs et al., 1985). Umas vezes domina o pull, outras é push; porém, um processo de inovação bem sucedido requer uma interacção entre os dois. É como no caso de uma tesoura: sem a acção conjunta das duas lâminas é difícil cortar.

Numa perspectiva histórica sobre o processo de inovação, Rothwell (1992) afirma que tudo começou com os modelos lineares simples (típicos dos anos 60) tendo evoluído para modelos muito mais complexos, os denominados modelos em rede (ou modelos de quinta geração). O conceito de processos de inovação de quinta geração considera a inovação como um processo com uma multiplicidade de actores que implica elevados níveis de integração, tanto a nível intra-empresa como inter-empresa e onde as redes suportadas nas tecnologias de informação têm vindo a assumir um papel determinante (ver Rothwell, 1992). A secção seguinte faz uma breve referência às cinco gerações do processo de inovação, seguindo-se uma chamada de atenção para a importância da abordagem sistémica da inovação, finalizando com uma exposição do modelo teórico do processo de inovação que está na base da construção do modelo de investigação desta dissertação.

2.1.2.1 - As cinco gerações do processo de inovação

O entendimento da inovação tem sido sujeito a um processo dinâmico, naturalmente ligado à evolução dos seus protagonistas no quadro do tecido económico.

A tradução de conhecimento novo em produtos competitivos é uma das mais importantes tarefas da gestão. De facto, não será exagero considerá-la como a mais importante tarefa para a liderança de uma empresa. Como Schumpeter (1942) referiu, a essência do capitalismo é a inovação, que o autor define como a realização de novas combinações de mercados, produtos, pessoas e tecnologia. A dinâmica das empresas é determinada pelas decisões de entrar em novos mercados, introduzir novos produtos, adoptar novos processos, novas competências e novas formas de organização.

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Figura 2.1 - Representação do sistema de inovação
Figura 2.2 - O processo de inovação e o desempenho da empresa
Figura 2.3 - O processo de reflexão estratégica
Figura 2.4 – As componentes do processo de inovação que têm de ser controladas
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Referências

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