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Experiências, práticas e investigações sobre formação de professores no contexto da UFRN

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(1)

organizadoras

Mércia de Oliveira Pontes

Midori Hijioka Camelo

Cynara Teixeira Ribeiro

Experiências, práticas

e investigações sobre

a formação de professores

no contexto da UFRN

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Experiências, práticas

e investigações sobre

a formação de professores

no contexto da UFRN

organizadoras

Mércia de Oliveira Pontes

Midori Hijioka Camelo

Cynara Teixeira Ribeiro

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Revisão de ABNT

Verônica Pinheiro

Revisão Tipográfica

Renata Ingrid de Souza Paiva

Capa e Diagramação

Clara Wanderley

Adaptação para e-book e finalização:

Daiana Martins

Secretária de Educação a Distância

Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo

Secretária Adjunta de Educação a Distância

Ione Rodrigues Diniz Morais

Coordenadora de Produção de Materiais Didáticos

Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo

Coordenadora de Revisão

Maria da Penha Casado Alves

Coordenador Editorial

José Correia Torres Neto

Gestão do Fluxo de Revisão Conselho Editorial

Luis Álvaro Sgadari Passeggi (Presidente) Alexandre Reche e Silva

Amanda Duarte Gondim Ana Karla Pessoa Peixoto Bezerra Anna Cecília Queiroz de Medeiros

Anna Emanuella Nelson dos Santos Cavalcanti da Rocha Arrailton Araujo de Souza

Carolina Todesco

Christianne Medeiros Cavalcante Daniel Nelson Maciel

Eduardo Jose Sande e Oliveira dos Santos Souza Euzébia Maria de Pontes Targino Muniz Francisco Dutra de Macedo Filho Francisco Welson Lima da Silva Francisco Wildson Confessor Gilberto Corso

Glória Regina de Góis Monteiro Heather Dea Jennings Jacqueline de Araujo Cunha Jorge Tarcísio da Rocha Falcão Juciano de Sousa Lacerda Julliane Tamara Araújo de Melo Kamyla Alvares Pinto

Luciene da Silva Santos Márcia Maria de Cruz Castro Márcio Zikan Cardoso Marcos Aurélio Felipe Maria de Jesus Goncalves

Maria Jalila Vieira de Figueiredo Leite Marta Maria de Araújo

Mauricio Roberto Campelo de Macedo Paulo Ricardo Porfírio do Nascimento Paulo Roberto Medeiros de Azevedo Regina Simon da Silva

Richardson Naves Leão Roberval Edson Pinheiro de Lima Samuel Anderson de Oliveira Lima Sebastião Faustino Pereira Filho Sérgio Ricardo Fernandes de Araújo Sibele Berenice Castella Pergher Tarciso André Ferreira Velho Teodora de Araújo Alves

Tercia Maria Souza de Moura Marques Tiago Rocha Pinto

Veridiano Maia dos Santos Wilson Fernandes de Araújo Filho

Reitor

José Daniel Diniz Melo

Vice-Reitor

Henio Ferreira de Miranda

Diretoria Administrativa da EDUFRN

Graco Aurelio Camara de Melo Viana (Diretor) Helton Rubiano de Macedo (Diretor Adjunto) Judithe da Costa Leite Albuquerque (Secretária)

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Natal, 2019

organizadoras

Mércia de Oliveira Pontes

Midori Hijioka Camelo

Cynara Teixeira Ribeiro

Experiências, práticas

e investigações sobre

a formação de professores

no contexto da UFRN

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Catalogação da publicação na fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Secretaria de Educação a Distância

Bibliotecária Cristiane Severo da Silva CRB-15/557.

Experiências, práticas e investigações sobre formação de professores no contexto da UFRN / Mércia de Oliveira Pontes, Midori Hijoka Camelo e Cynara Teixeira Ribeiro (organizadoras). – Natal: EDUFRN, 2019

348 p.: il.

ISBN 978-65-5569-036-1

1. Professor - Formação. 2. Docência - Experiências. 3. UFRN. I. Pontes, Mércia de Oliveira. II. Camelo, Midori Hijoka. III. Ribeiro, Cynara Teixeira. IV. Título.

CDU 371 E96

Todos os direitos desta edição reservados à EDUFRN – Editora da UFRN Av. Senador Salgado Filho, 3000 | Campus Universitário

Lagoa Nova | 59.078-970 | Natal/RN | Brasil e-mail: contato@editora.ufrn.br | www.editora.ufrn.br

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APRESENTAÇÃO

Erika dos Reis Gusmão Andrade

Nos últimos anos, temos vivido no Brasil uma mudança de per-cep ção, por parte da sociedade civil, sobre a escola e seu papel assim como sobre a função do professor. O que tem levado a muitas discussões sobre o que e como se deve ensinar, quem deve orientar o conteúdo ensinado na escola e como se deve organizar o currículo escolar.

Nesse contexto, requalificar a formação de professores, seja inicial ou continuada, vem contribuindo com a inovação e a elevação da qualidade dos cursos de formação para o magistério na Educação Básica, visando a promoção da integração entre as Licenciaturas, fortalecer a relação entre a escola e as instituições formativas favorecendo a articulação da teoria com a prática.

Esse livro tem por objetivo apresentar as experiências e pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no contexto da formação de professores, bem como seus resultados no que tange a formação inicial e conti-nuada de professores, a partir de abordagens interdisciplinares e inclusivas que contemplam educação popular, diversidade metodológica e abordagens não formais de educação.

Tal contribuição se coaduna com os objetivos de formação de professores, presentes nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada em Nível Superior de Profissionais do Magistério para a Educação Básica (Res. 02, de 01 de julho de 2015/CNE), bem como a Resolução n. 020/18

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– CONSEPE/UFRN, de 19 de março de 2018 que Institui as Dire-trizes para a Política de Formação de Profissionais do Magistério na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Para tanto, os trabalhos foram divididos em três partes: a primeira trata de Relatos de experiências relativas à formação

inicial de professores, a segunda apresenta as Práticas e reflexões sobre perspectivas inclusivas na educação e a terceira anuncia

os achados de Pesquisas sobre a formação inicial e continuada

de professores. Assim, temos um quadro do impacto que a

insti-tuição gerou para a formação de professores em cursos e projetos promovidos pela UFRN, a partir de diferentes referenciais analí-ticos assumidos pelos autores.

A parte I se inicia com um histórico do PRODOCÊNCIA

– UFRN: a experiência e seu legado para as licenciaturas envolvidas no projeto, explicitando seus objetivos na instituição

e a proposta de articulação dos cursos de Licenciaturas que se engajaram via primeiros editais, bem como sua continuidade no biênio 2011/2012. O destaque é dado as experiências desen-volvidas diretamente com escolas públicas articulando tanto os componentes de estágio como os de práticas e metodologias de ensino com atividades formativas no contexto escolar. Os produtos desenvolvidos, bem como as dificuldades encontradas, também são apresentados.

Nos dois próximos capítulos Valorização das atividades

de estágio supervisionado na formação docente em biologia

e Ensaios para uma cultura de aprendizagem interdisciplinar

na formação inicial de professores de ciências: ações no subpro-jeto PIBID com apoio do programa PRODOCÊNCIA, os

autores têm como foco as práticas de ensino nas áreas de biologia e ciências. O primeiro traz a experiência da monitoria, programa de ensino institucionalizado pela UFRN através da Pró-Reitoria

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de Graduação (PROGRAD) visando a iniciação à docência desde a graduação, na relação ativa com o cotidiano escolar, promo-vendo a articulação teoria/prática/reflexão.

O segundo apresenta os trabalhos desenvolvidos na conflu-ência de dois programas que visam o fortalecimento da formação de professores, o Programa de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) e o PRODOCÊNCIA, buscando o desenvolvimento de práticas interdisciplinares e favorecendo novas possibilidades reflexivas sobre o processo de ensino e aprendizagem de Ciências a partir da incorporação dos espaços escolares. Tais reflexões, desenvolvidas nos dois textos, demonstram a possibilidade de aprofundarmos o trabalho com conteúdos conceituais, mas também com os procedimentais e atitudinais que envolvem tanto a formação de professores como a formação dos estudantes da rede básica de ensino.

O quarto e o quinto capítulos dessa parte apresentam as ativi-dades desenvolvidas a partir de temáticas transversais à Educação Básica, fundamentais à formação humana e coadjuvantes no pro cesso de sistematização da aprendizagem de conteúdos espe-cíficos, bem como para a promoção da reflexão crítica acerca da realidade contextual dos envolvidos no processo. São eles Cinema

e educação e escrita e presente: a força do entre para o pensar

e Educação popular, trabalho e direitos humanos: experiências

de arte e cultura no sertão brasileiro.

O primeiro traz uma reflexão sobre a necessidade de se considerar, na formação inicial de professores, as dimensões esté-tica e artísesté-tica e, para tanto, apresenta uma experiência de ensino com o cinema como “condição fática para a experimentação do ato de pensar”. O segundo trata da experiência desenvolvida no Sertão Seridoense/RN intitulado Educação Popular, Trabalho e Direitos Humanos, que visou colaborar com a formação do

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trabalhador docente através de cursos de formação em Direitos Humanos, oficinas de produção de material didático e o ciclo de filmes nesta área, promovendo uma reflexão ativa sobre as temá-ticas e a articulação com as vivências na escola.

Na parte II, Práticas e reflexões sobre perspectivas

inclu-sivas na educação, três capítulos tratam de estratégias incluinclu-sivas

a partir da produção e utilização de recursos didáticos, de ações educativas não formais e sobre a construção do currículo para contextos de formação específicos. Em Produção e utilização

de recursos didáticos acessíveis: relato de uma experiência

a autora apresenta a experiência do Curso de Formação de Profes-sores do Ensino Fundamental na Perspectiva da Inclusão Escolar, promovido pela UFRN/Centro de Educação (CE) numa oficina de produção de material didático para os alunos da Educação Especial a partir da compreensão do Desenho Universal, o que leva a uma reflexão mais ampliada sobre os processos de inclusão na escola.

No segundo capítulo dessa parte, O desenvolvimento

de ações educativas não formais nas escolas públicas, o autor

propõe uma discussão sobre o uso das práticas não formais em educação no contexto da educação de tempo integral, o papel dos educadores sociais e a condução do planejamento para realização das atividades/projetos na escola. No capítulo seguinte, Currículo

e MST: conflitos de saberes e estratégias na produção de sujeitos,

as autoras evidenciam os conflitos em torno dos saberes dispo-nibilizados em duas escolas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a construção das identidades dos sujeitos desse movimento. Esse trabalho visa fazer uma reflexão sobre os conhe-cimentos autorizados e aqueles reconhecidos como necessários na construção do modo de pensar das crianças nesse contexto.

Na parte III, os autores tratam dos achados de investigações desenvolvidas no âmbito da formação de professores. No primeiro

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capítulo dessa parte, Contribuições da psicologia educacional

na formação do pedagogo: concepções de estudantes acerca dos processos de ensino e aprendizagem nos ciclos de vida, as

autoras recuperam as mais importantes abordagens da psicologia educacional que influenciam a formação do pedagogo, buscando compreender quais concepções estudantes desse curso têm sobre o que é ensinar, aprender e como as pessoas aprendem nas dife-rentes fases da vida. Seus achados apontam para pouca clareza que esses estudantes têm sobre os processos de ensino e aprendizagem, assim como as especificidades apresentadas nos diferentes tempos de vida, o que tem rebatimentos para sua prática como professores.

O segundo texto dessa parte, Atividades estruturadas de

equações polinomiais numa abordagem histórica por meio

e-book: aporte para a formação e prática docentes, propõe

alternativas de intervenção para ensinar Matemática de forma a superar as dificuldades enfrentadas por professores e estudantes, gerando evasão, repetência, dificuldades de aprendizagem, entre outros. Os autores buscam apresentar, a partir de atividades estruturadas, uma experiência usando a História da Matemática como recurso pedagógico acessível via e-book. Tal experiência, viabilizada pelo PRODOCÊNCIA, se realizou no contexto do PIBID com licenciandos do curso de Matemática.

O terceiro trabalho apresentado, Um olhar para a pesquisa

em história da formação de professores que ensinam mate-mática no Brasil , embora continue com a temate-mática do Ensino

da Matemática, se foca na dimensão da formação para o ensino nessa área ao longo da história da Educação Básica. O trabalho busca, através da feitura do estado da arte nesse campo entre os anos de 1984 e 2012, explicitar a finalidade histórica dos estudos e que tenha como um dos temas centrais aquela formação, tanto no contexto inicial como continuado.

(11)

O último texto que o livro nos traz é o Estudante

univer-sitário de licenciatura: representações sociais da iniciação à docência no âmbito do PIBID – Pedagogia/UFRN, no qual as

autoras tem como objetivo apresentar as representações sociais acerca da iniciação à docência construídas pelos licenciandos do curso de Pedagogia da UFRN, que participaram do PIBID nesta instituição. Para tanto, realizou-se uma contextualização das ações desenvolvidas no âmbito do PIBID Pedagogia/UFRN para situar o contexto de imersão em que os estudantes se encontravam nas escolas públicas e as análises foram construídas a partir do aporte da Teoria das Representações Sociais revelando uma formação diferenciada voltada para elementos como a profissionalização e a prática reflexiva.

Temos assim um painel sobre experiências e reflexões desenvolvidas na UFRN sobre a formação de professores, substancial para contribuir com as práticas formativas nas licen-ciaturas em diferentes contextos e especificidades. Tal acervo denuncia a riqueza dos trabalhos desenvolvidos por professores e estudantes dessa instituição que se engajam no compromisso por uma formação de professores que promova uma Educação Básica pública, de qualidade, laica, socialmente referenciada, inclusiva e plural para seus estudantes.

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SUMÁRIO

PARTE I

Relatos de experiências relativas à formação inicial de professores

17

Prodocência – UFRN:

A experiência e seu legado para as licenciaturas envolvidas no projeto

17

Valorização das atividades

de estágio supervisionado na formação docente em Biologia

37

Ensaios para uma cultura de aprendizagem Interdisciplinar

na formação inicial de professores de

ciências:Ações no subprojeto PIBID

com apoio do programa prodocência

53

Cinema e educação e escrita e presente: A força do entre

para o pensar

84

Educação popular, trabalho e direitos humanos: Experiências

de arte e cultura no sertão brasileiro

118

(13)

PARTE II

Práticas e reflexões sobre perspectivas inclusivas na educação

136

Produção e utilização de recursos didáticos acessíveis: Relato de uma

experiência

137

O desenvolvimento de ações educativas não-formais nas escolas públicas

163

Currículo e MST: Conflitos de saberes

e estratégias na produção de sujeitos 178

PARTE III

Pesquisas sobre a formação inicial e continuada de professores

218

Contribuições da psicologia educacional na formação

do pedagogo: Concepções de

estudantes acerca dos processos de ensino e aprendizagem

nos ciclos de vida

219

Atividades estruturadas de equações polinomiais numa abordagem histórica por meio e-book: Aporte para a

formação e prática docentes

(14)

Um olhar para a pesquisa em história da formação de professores que ensinam matemática no Brasil

276

Estudante universitário de licenciatura:

Representações sociais da iniciação à docência no âmbito do PIBID – Pedagogia/UFRN

300

(15)

Sobre o livro

SOBRE O LIVRO

Este livro, na forma de coletânea, é fruto de amplas reflexões tecidas por pesquisadores que se dedicam à investigação acerca da formação docente inicial e continuada. Os autores são docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), inse-ridos em diversos programas voltados à formação docente, bem como outros professores e pesquisadores convidados, os quais apresentam reflexões sobre a temática e resultados de traba-lhos realizados em instituições educativas, tanto da Educação Básica quanto de Ensino Superior. Tema bastante discutido, mas sempre necessário, a formação docente de qualidade constitui grande desafio, especialmente no atual cenário brasileiro, em que diferentes visões de educação encontram-se em disputa, condu-zindo alguns setores da sociedade à desvalorização da função da escola e do papel do professor na formação integral do ser humano. Nesse contexto, faz-se necessário que as práticas educa-tivas voltadas ao âmbito da formação docente se multipliquem, tornando-se híbridas e multifacetadas, alargando os limites disci-plinares rumo ao exercício da interdisciplinaridade e à necessária articulação entre teorias e realidades educacionais.

(16)

Parte I

Relatos de experiências relativas

à formação inicial

de professores

(17)

Prodocência – UFRN:

A experiência e seu legado para as

licenciaturas envolvidas no projeto

João Maria Valença de Andrade Maria Aparecida Dias

Introdução

Este capítulo tem como proposta relatar e discutir a participação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no Programa de Consolidação das Licenciaturas (Prodocência), através do Edital 028/2010, que selecionou propostas que contemplavam novas pers-pectivas quanto à gestão institucional, diversificadas experiências metodológicas e ações docentes de caráter inovador. Sua execução ocorreu durante os anos de 2011 e 2012.

O Prodocência se caracteriza como uma ação da Coorde-nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) que tem por finalidade o estímulo à inovação e à elevação da qualidade dos cursos de formação para o magistério na Educação Básica, visando a valorização da carreira docente. Dentre seus objetivos, destacam-se também promover maior integração entre as Licenciaturas que participam do programa bem como forta-lecer a relação entre teoria e prática para os alunos que estão nos mais diversos cursos de licenciatura.

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18 Prodocência – UFRN

João Maria Valença de Andrade | Maria Aparecida Dias

O programa propicia, assim, o desenvolvimento de propostas metodológicas diversificadas e inovadoras que incentivam a cria-tividade dos sujeitos envolvidos nos projetos, ou seja, docentes e discentes das universidades envolvidas e os professores das escolas públicas. Nessa perspectiva, é um programa que fortalece o processo de ensino e aprendizagem dos licenciandos, fomen-tando a criação de materiais didáticos, estruturação de laboratórios e demais inovações tecnológicas.

Nesta direção, a proposta apresentada pela UFRN ao Edital Prodocência 028/2010 teve como ponto de partida as necessi-dades apresentadas pelos cursos de licenciatura da instituição que atenderam ao chamado do edital, os quais terão seu perfil detalhado adiante. A perspectiva adotada foi a de continuarmos e renovarmos o trabalho que as licenciaturas da UFRN já vinham desenvolvendo não somente no edital anterior como também no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), outro programa da CAPES reconhecidamente funda-mental para a melhoria da qualidade da formação docente.

Nosso Projeto e sua construção coletiva

Quando o Edital Prodocência 028/2010 foi socializado nacionalmente pela CAPES, houve uma chamada interna por parte da Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) da UFRN, com o aval do Departamento de Educação, que em 2011 se tornou Centro de Educação, convidando todos os coordenadores e coor-denadoras dos cursos de licenciatura para conhecer o referido edital e, assim, participar da proposta a ser enviada para a CAPES.

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Prodocência – UFRN

João Maria Valença de Andrade | Maria Aparecida Dias

Já nas primeiras reuniões, houve adesão de grande parte dos cursos de licenciatura, com o respectivo número de alunos envolvidos como pode ser visto na tabela abaixo:

Tabela 01 – Número de alunos por cursos de licenciaturas inicialmente envolvidos na confecção de uma proposta para o Edital Prodocência 028/2010

Curso de licenciatura Número de alunos

Licenciatura em Pedagogia 335

Licenciatura em Teatro 30

Licenciatura em Filosofia 251

Licenciatura em Ciências Sociais 30

Licenciatura em Letras 130 Licenciatura em História 40 Licenciatura em Geografia 40 Licenciatura em Física 38 Licenciatura em Matemática 55 Licenciatura em Química 83

Licenciatura em Ciências Biológicas 166 Licenciatura em Educação Física 397

Após algumas reuniões, observamos não haveria possibili-dade de formatar que o um diálogo efetivo durante o projeto com o quantitativo de cursos de licenciatura envolvidos inicialmente.

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20 Prodocência – UFRN

João Maria Valença de Andrade | Maria Aparecida Dias

Assim, houve uma redução do número de licenciaturas envolvidas no que se refere à participação no edital e execução do projeto.

Na tabela abaixo, apresentamos as Licenciaturas que permaneceram durante toda a vigência do projeto aprovado no Edital Prodocência 028/2010:

Tabela 02 – Número de alunos por cursos de licenciatura que executaram projetos no Edital Prodocência 028/2010

Curso de licenciatura Número de alunos

Licenciatura em Pedagogia 335

Licenciatura em Filosofia 251

Licenciatura em Matemática 55

Licenciatura em Física 38

Licenciatura em Química 83

Licenciatura em Ciências Biológicas 166 Licenciatura em Educação Física 397

Como podemos verificar, na leitura das duas tabelas apre sen tadas, tivemos a adesão inicial de 12 (doze) cursos de licen ciaturas, porém apenas 07 (sete) executaram a proposta. Vale ressaltar que alguns cursos de licenciaturas justificaram a não execução por variados motivos, os quais não consideramos neces-sário detalhar na medida em que não estão diretamente ligados às demandas do programa ou da universidade.

Os 07 (sete) cursos de licenciatura que atuaram efetiva-mente durante todo o projeto tinham como elo norteador o

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Prodocência – UFRN

João Maria Valença de Andrade | Maria Aparecida Dias

objetivo central do projeto institucional e suas diretrizes, as quais, como já afirmamos anteriormente, foram construídas de forma colaborativa por todos que decidiram participar do Edital Prodocência 028/2010.

A seguir, será explicitada a meta principal do projeto aprovado, considerando nosso compromisso como docentes e gestores com a formação dos nossos alunos e a melhoria do ensino em nossas escolas públicas.

Fortalecer e consolidar a política institucional

de formação de professores na UFRN

A meta central da proposta consistia em dar prossegui-mento às metas definidas nas edições anteriores do Programa, assegurando a sistematização de ações integradoras no âmbito das diversas licenciaturas da UFRN. Para tanto, foi considerado necessário um empenho na consolidação das relações entre graduação e pós-graduação, em especial, com o Programa de Pós-Graduação da Educação (PPGED), bem como, em nível externo, das relações entre a UFRN e as rede públicas de ensino.

Alguns objetivos foram pontuais, a saber: encaminhar os processos formativos de professores dos cursos de licenciatura da UFRN em consonância com os respectivos projetos pedagógicos de curso; articular ações dos Centros Acadêmicos dos cursos de licenciatura, tendo em vista a elevação da qualidade destes cursos; consolidar a construção de um projeto institucional de formação de professores na UFRN, que incorporasse como pres-supostos teóricos a flexibilidade, a interdisciplinaridade, a relação teoria-prática e a valorização profissional do magistério; e forta-lecer as relações da UFRN com as demais instituições de ensino

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22 Prodocência – UFRN

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superior do Rio Grande do Norte envolvidas com a formação de professores para a Educação Básica.

Os resultados esperados refletiam o caráter de continuidade deste projeto, o qual se voltou, prioritariamente, para: a integração entre as várias licenciaturas da UFRN (presencial e a distância); a melhoria das condições de estágio supervisionado de formação de professores, aprimorando as articulações entre os cursos de licenciatura da UFRN e os sistemas estadual e municipal de Educação Básica; o desenvolvimento de uma cultura de formação continuada junto aos professores do sistema educacional por meio da realização de cursos e treinamentos; a conclusão da implan-tação e consolidação dos Laboratórios de Ensino-aprendizagem e do Laboratório de Políticas para a Educação, enquanto espaços de produção de material didático-pedagógico e de pesquisas nas respectivas áreas; o fortalecimento da articulação entre o ensino de graduação, de pós-graduação e dos cursos de licenciatura com a educação básica; e a conclusão da política institucional de formação de professores da UFRN.

Alguns dos cursos de licenciatura que executaram a proposta submetida ao Edital Prodocência 028/2010 desenvolveram seus trabalhos diretamente nas escolas públicas. É neste caminho que iremos trazer, no próximo tópico, os projetos que foram desenvol-vidos relacionando suas ações e as escola onde foram desenvoldesenvol-vidos.

O Diálogo com a realidade:

subprojetos e suas ações

As ações apresentadas a seguir tratarão de eventos desen-volvidos pelos cursos de licenciatura endesen-volvidos.

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Prodocência – UFRN

João Maria Valença de Andrade | Maria Aparecida Dias

Iniciamos com o subprojeto de Filosofia, que promoveu o

I Colóquio de Professores de Filosofia no Rio Grande do Norte,

envolvendo as seguintes escolas: Escola Estadual Desembargador Floriano Cavalcanti e Escola Estadual Walfredo Gurgel, ambas situadas na cidade de Natal/RN. Foi franqueado para todos os professores que fazem parte do quadro docente das escolas, como também para os alunos que desejassem participar.

A próxima ação foi desenvolvida pelo subprojeto de Peda gogia, que propôs a execução do I Seminário de Estágios

Curriculares de Pedagogia da UFRN: qualificando a Formação de Professores e a Educação Básica, o qual envolveu as seguintes

escolas: Centro de Educação de Jovens e Adultos Felipe Guerra, Centro de Educação de Jovens e Adultos Professora Lia Campos, Escola Municipal Professor Zuza, Escola Municipal Ulisses de Góis, Escola Municipal Juvenal Lamartine, Escola Municipal Manoel Machado, Escola Municipal Almerinda Furtado, Escola Municipal Professora Emília Ramos, Escola Municipal Chico Santeiro, Escola Municipal Celestino Pimentel, Escola Muni-cipal Professora Maria Alexandrina Sampaio, Escola MuniMuni-cipal Mário Eugênio Lira, Escola Municipal Professora Francisca Fernandes da Rocha, Escola Estadual Professor José Fernandes Machado, Escola Estadual Vigário Bartolomeu, Escola Estadual Régulo Tinoco, Escola Estadual Lourdes Guilherme, Instituto de Educação e Reabilitação dos Cegos, Escola Estadual Walfredo Gurgel, Centro Municipal de Educação Infantil Vilma Dutra, Unidade Educacional Infantil, Núcleo de Educação da Infância, Centro Municipal de Educação Infantil Romana Santiago, Centro Municipal de Educação Infantil Joanita Arruda Câmara, Centro Municipal de Educação Infantil Professora Lucia Maria dos Santos e Centro Municipal de Educação Infantil Casinha Feliz.

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24 Prodocência – UFRN

João Maria Valença de Andrade | Maria Aparecida Dias

Este evento foi de grande magnitude pedagógica, contou com a participação de 10 docentes do curso de licenciatura em Pedagogia da UFRN (principalmente aqueles que ministravam componentes curriculares relativos às práticas e aos ensinos); 15 professores das escolas que funcionavam como campo de está-gios; 200 alunos do curso de licenciatura em Pedagogia da UFRN que estavam realizando os estágios curriculares no período letivo 2012.1; além de demais estudantes do referido curso.

Mais adiante o subprojeto de Pedagogia também orga-nizou o II Seminário de Estágios Curriculares de Pedagogia da

UFRN: Aprendizagens no Processo Formativo Inicial e Conti-nuado, envolvendo a maioria das escolas elencadas anteriormente

e contando com a participação de 25 profissionais (professores e gestores) das escolas que funcionavam como campo de estágio e dos alunos do curso de licenciatura em Pedagogia da UFRN.

Por sua vez, o subprojeto de Matemática organizou o coló-quio Da discência à docência - ações integradas na formação

inicial de professores, envolvendo docentes e licenciandos dos

curso de licenciatura em Matemática, Química, Física e Ciên-cias Biológicas, além de docentes vinculados a 09 (nove) escolas públicas, especificamente nos âmbitos estadual e municipal.

Estes foram alguns destaques envolvendo diretamente as escolas atendidas pelo programa, considerando que as mesmas recebiam sistematicamente os alunos das diversas licenciaturas em seu quadro de estagiários. Tais escolas em muito contribuíram para a formação dos licenciandos e da relação da universidade com os lócus de trabalho docente na Educação Básica.

No próximo tópico, iremos destacar alguns produtos gerados em nosso projeto, considerando as ações dos subprojetos envolvidos.

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Prodocência – UFRN

João Maria Valença de Andrade | Maria Aparecida Dias

Oficinas, Colóquios, Vídeos: possibilidades

pedagógicas e sua abrangência

Algumas licenciaturas desenvolveram atividades na UFRN, viabilizando ao público externo o encontro com o universo acadêmico e suas realidades. Assim, vários eventos, produções de vídeos e construção de laboratórios foram propiciados, poten-cializando o ensino, pesquisa e extensão. Esta aproximação entre docentes, discentes e público externo foi bastante edificante para todos os envolvidos.

Alguns destes acontecimentos serão destacados a seguir, considerando determinados subprojetos, ainda não sinalizados.

O subprojeto de Educação Física, em consonância com o projeto pedagógico do Curso, conseguiu criar o Laboratório de Práticas Corporais e Ludicidade, que atende até os dias de hoje as disciplinas do curso de graduação e pós-graduação, projetos de extensão para um público de pessoas com deficiência, projetos de extensão para servidores da universidade, entre outras atividades.

Este subprojeto desenvolveu no período de vigência do Prodocência a oficina pedagógica Dialogando com o ensino de

LIBRAS na Educação Física, que teve por objetivo valorizar a

formação do aluno do curso de licenciatura em Educação Física; lançar novos olhares para a inclusão bilíngue; e contribuir para a formação de discentes capacitados para se comunicar e atender as pessoas surdas. Nesta oficina, tivemos a participação de apro-ximadamente 65 alunos do referido curso.

O mesmo subprojeto executou a produção de um vídeo intitulado O corpo e a cidade, resultado de uma parceria com o III Colóquio Internacional Corpo e Cultura de Movimento e I Jornada Internacional de Biossistêmica, que aconteceram na UFRN no segundo semestre de 2011.

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26 Prodocência – UFRN

João Maria Valença de Andrade | Maria Aparecida Dias

Em uma parceria com a base de pesquisa Educação e Inclusão em Contextos Educacionais, do PPGED/UFRN, o sub pro jeto de Pedagogia desenvolveu um minicurso sobre O uso

da audiodescrição em contextos educacionais, que teve como

objetivo socializar, experienciar e debater o uso da audiodes-crição nos contextos educacionais (escolar), com vistas à inserção dessa modalidade intersemiótica nos processos comunicacionais e curriculares do ambiente escolar, na perspectiva de tornar mais acessíveis os processos e as atividades educacionais para as pessoas com deficiência visual.

Outros resultados exitosos, no que se refere a produtos pedagógicos que foram positivos para a formação dos nossos alunos e público externo, poderiam ser ainda elencados neste artigo. Mas optamos por fazer alguns recortes e evidenciar um pouco de cada experiência que vivenciamos. Nessa direção, iden-tificamos nos resultados efetivos do nosso projeto uma produção bibliográfica bastante relevante, não somente como resultado final, mas principalmente pelo envolvimento direto dos licen-ciandos das mais diversas áreas na sua organização e escrita.

Entendemos que incentivar a escrita é efetivamente um papel fundamental na formação dos alunos, pois implica autonomia, leitura, compromisso com a língua portuguesa e responsabilidade com a palavra escrita. Para que estes aspectos sejam contemplados durante a formação inicial, o incentivo docente deve ser primor-dial, não somente no cotidiano do fazer pedagógico do ensino superior como também em programas como este que é objeto de nosso relato.

Na tabela a seguir, são detalhadas as publicações efetivadas na UFRN a partir do Edital Prodocência 028/2010.

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Prodocência – UFRN

João Maria Valença de Andrade | Maria Aparecida Dias

Tipo de

Produto Evento/Oficinas/Minicurso Descrição

Livro Livro de resumos do I Colóquio de Professores de Filosofia no Rio Grande do Norte.

Publicação dos trabalhos apresen-tados e discutidos durante o evento. Publicado no livro: SÁ JÚNIOR, L. A.; BIELLA, J. (Orgs.). Livro de resumos do I Colóquio de Professo-res de Filosofia no Rio Grande do Norte. Natal/RN: EDUFRN, 2013.

Capítulo de livro

A audiodescrição no contexto escolar: a imagem sendo revelada pela palavra.

Apresenta elementos históricos, conceituais e procedimentais da audiodescrição. Menciona estudos e iniciativas sobre as possibilidades educacionais da audiodescrição. E defende o enfoque dialógico da presença da audiodescrição no con-texto escolar. Publicado no livro: SILVA, L. G. S.; VARELLA, M. C. B.; KRANZ, C. R.; ALVES, J. F. (Orgs). Educação INCLUSIVA e formação continuada de professores: diálogos entre teoria e prática. Natal/RN: EDUFRN, 2012. Capítulo de livro O teste de fluência oral de leitura: uma ferramenta pedagógica.

Publicado no livro: ROAZZI, Anto-nio; SANTOS, Maria José; de PAU-LA, Fraulein Vidigal (Org.). Leitura e escrita: sua aprendizagem na teoria e na prática. Curitiba: Juruá, 2014.

É perceptível como o Prodocência é fundamental para o fomento e melhoria das Licenciaturas. Ele possibilitou a todos nós momentos de privilegiados conhecimentos e trocas entre as diversas áreas. Seguindo para finalizar esta experiência que vivemos a partir do momento que fomos selecionados no Edital Prodocência

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028/2010, traremos a seguir o relato do legado proporcionado pelo programa aos cursos de licenciatura envolvidos.

Para o curso de licenciatura em Educação Física, ficou evidenciado que o desenvolvimento de contextos formativos como forma de complementar a formação inicial trouxe um olhar mais abrangente sobre a compreensão do corpo como forma de comunicação com o mundo e como elemento que norteia os processos de aprendizagem da criança e do adolescente nas aulas de Educação Física Escolar. Além disso, as experiências vividas no Laboratório de Práticas Corporais e Ludicidade, efeti-vadas a partir do Prodocência, proporcionaram o diálogo entre a Educação Física e as áreas de Dança e da Psicologia, comun gando de um olhar interdisciplinar sobre o corpo e suas possibilidades.

Para o curso de licenciatura em Filosofia, um dos momentos mais exitosos foi o I Colóquio de Professores de Filosofia no

RN, já mencionado neste texto. Pois, a partir de questionamentos

como: que tipo de filosofia se pretende desenvolver no ensino médio? Quais estratégias metodológicas se adéquam ao ensino de Filosofia na Escola? Como contribuir para a consolidação da Filosofia no Ensino Médio brasileiro?, surgiram possíveis respostas que orientaram os licenciandos na sua prática docente.

Já para o curso de Licenciatura em Pedagogia, os Seminários de Estágios Supervisionados – Pedagogia UFRN proporcionaram maior divulgação e socialização das atividades realizadas no estágio supervisionado do curso, tendo em vista a valorização dos profissionais das escolas públicas que recebem os alunos em processo formativo na UFRN. Além disso, trouxeram como resultados maior articulação pedagógica entre os profissionais envolvidos direta e indiretamente no processo formativo discente (segmentos das escolas campo de estágio e da UFRN) e na conse-quente melhoria da qualidade da Educação Básica.

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O grupo que desenvolveu a audiodescrição afirma que seu uso em contextos educacionais favorece o acúmulo teóri-co-metodológico no desenvolvimento de contextos formativos para os alunos das licenciaturas como forma de complementar a formação inicial no que se refere à acessibilidade comunica-cional de alunos com deficiência visual.

Esta experiência viabilizou a incorporação, por parte da Comissão Permanente de Apoio aos Estudantes com Necessi-dades Educacionais Especiais (CAENE) da UFRN, da legendagem para surdos e ensurdecidos e da audiodescrição na perspectiva de inclusão acadêmica de alunos com deficiência auditiva e visual. Este trabalho contribuiu também para os alunos que são vincu-lados aos cursos da modalidade Educação à Distância (EaD), pois levou a audiodescrição e a legendagem para o plano de ações da Secretaria de Educação à Distância (SEDIS) com o propósito de tornar acessíveis os materiais didáticos disponíveis para os alunos das licenciaturas à distância.

O curso de licenciatura em Matemática, que organizou o colóquio Da discência à docência, considerou que este evento resultou em contribuições importantes para todos os envolvidos com a formação inicial nos cursos de licenciatura em Mate mática, Química, Física e Ciências Biológicas. Este colóquio possibilitou viabilizar a interação da UFRN com diversas escolas públicas, visto que abriu espaços para os interlocutores na figura do professor, tutor ou colaborador nas atividades de estágio super-visionado. Em especial, a conferência de abertura, intitulada “Estágio nas Licenciaturas de Ciências e Matemática: possibili-dades de integração”, promoveu uma visão mais ampliada quanto à atuação profissional.

E, como destaque para encerrarmos estes apontamentos quanto à formação inicial dos alunos dos cursos de licenciatura da

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UFRN envolvidos no Edital Prodocência 028/2010, destacamos a atividade proposta pelo subprojeto de Pedagogia, devido a sua abrangência acadêmica formativa, trata-se do I Ciclo de palestras

sobre o Estágio Supervisionado de Formação de Professores.

O evento supra citado foi muito importante, no sentido de propiciar visibilidade ao estágio, uma vez que propiciou aos alunos conhecer fundamentais questões que norteiam o estágio como um todo, tais como: as leis que pautam a sua realização; conhecer o manual do estagiário e as posturas pedagógicas que lhe são subjacentes; apropriar-se da dinâmica que perpassa a realização de cada uma das etapas do estágio; informar-se sobre prazos, procedimentos, direitos e deveres dos estagiários e demais instâncias e sujeitos envolvidos na realização do estágio; entre outras informações indispensáveis para a sua realização.

No tocante aos professores e gestores, o debate foi fomen-tado na perspectiva da conscientização, por parte dos mesmos, acerca da magnitude que os estágios assumem na formação dos licenciandos. Ademais, inaugurou um espaço qualificado de discussão e análise do modelo de estágio defendido pela UFRN, propondo que eventos dessa natureza passassem a fazer parte da agenda institucional.

Efetivamente muitos são os pontos positivos e exitosos desta experiência. Sabemos que conquistas foram realizadas e mudanças viabilizadas no fazer pedagógico dos cursos de licen-ciatura envolvidos. Mas isso não significa que não houve percalços durante todo o processo. Dificuldades existiram e persistiram muitas vezes, as quais gostaríamos de explicitar a seguir.

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As dificuldades que nos ensinaram

muitas coisas

O projeto da UFRN aprovado no Edital Prodocência 028/2010 teve algumas de suas atividades dificultadas por diversos fatores. Como exemplo, é possível citar às respostas dos cursos de licenciatura da UFRN às chamadas de trabalho do Edital Prodo-cência 028/2010, o que gerou, como apontado anteriormente, a adesão de somente 07 licenciaturas.

Ao buscarmos as justificativas para essa adesão aquém do esperado, identificamos que a sobrecarga de trabalho dos docentes, em especial dos coordenadores de cursos de licenciatura, e a conco-mitância com outros projetos mais consolidados (como o PIBID), que já mobiliza parte importante do esforço de prováveis colabora-dores podem estar entre as razões de tal situação.

Sobressaem-se, ainda, a impossibilidade de destacar servi-dores técnicos para as atividades administrativas, assim como a impossibilidade de contratar bolsistas. Tais elementos produ-ziram desconfortos à coordenação, pois a mesma muitas vezes teve que apelar informalmente para o trabalho voluntário e impro-visado de servidores, o que implicou sobrecarga de trabalho para alguns colegas por não ser possível registrar em nenhum sistema da universidade o trabalho desenvolvido por estes colaboradores.

Outra dificuldade foi o fato de que as ações previstas para o ano de 2011 tiveram sua execução em uma escala aquém do previsto. No ano de 2012, um esforço concentrado da coordenação do Prodocência, com o apoio da PROGRAD e da Direção do Centro de Educação, buscou mobilizar as coordenações dos cursos de licenciatura no sentido de concretizar os objetivos elencados, os quais foram forçosamente redefinidos em função das condi-ções de exequibilidade. Assim, esforços adicionais de mobilização,

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redefinição de prazos e de objetivos se fizeram necessários para que o projeto viesse a acontecer, integrando os segmentos mais direta-mente envolvidos com os cursos de licenciatura.

Nos relatos de coordenadores dos cursos de licenciatura e de professores de estágio supervisionado, detectamos outra dificuldade: algumas escolas da rede de ensino básico em que a presença da UFRN (e de outras instituições formadoras do magistério) se faz mais constante estariam se tornando infladas de licenciandos, sejam os que apenas cumprem seus estágios obrigatórios, sejam os que, concomitantemente, estão vinculados a outros projetos como o PIBID. Isto seria um fator que dificulta a implantação de novas ações e novos projetos, pois a quantidade de alunos oriundos das licenciaturas estaria comprometendo o próprio funcionamento destas escolas.

Como podemos perceber, as dificuldades provocaram alguns obstáculos que, por vezes, conseguimos ultrapassar com certa tranquilidade e em outras vezes não. Sabemos que uma estrutura organizacional com a dimensão da UFRN pode trazer situações complexas e teremos sempre que saber lidar com essa complexidade.

Um exemplo desta complexidade é o apontamento segundo o qual a UFRN desenvolvia um grande quantitativo de ações de formação docente nas escolas de Educação Básica no período de 2011 a 2012, o que gerava um alto número de licenciandos nas escolas nem sempre desejado pelas direções das mesmas. Isso ocorria porque vivíamos uma proposta do Ministério da Educação sob uma perspectiva social muito interessante, realidade que é diferente nos dias de hoje. Este é um exemplo de complexidade, pois mesmo fatos positivos acarretam dificuldades, na medida em que exigem fazer ajustes nos projetos e programas que aportam no chão da escola.

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Considerações Finais

Em que pesem as dificuldades, ficaram nítidas as contri-buições do Prodocência Edital 028/2010 para os cursos de licen ciatura da UFRN. Sua execução representou a continuidade desse programa na universidade, garantindo uma abrangência social formativa que nos fez refletir sobre a formação inicial nas licenciaturas. Ademais, fez crescer, efetivamente, a autoestima dos licenciandos dos cursos que participaram do projeto institu-cional em relação à docência.

Ganhos estruturais fizeram a diferença, como por exemplo a compra de materiais para laboratórios que estavam envolvidos no projeto. Podemos citar o Laboratório de Práticas Corporais e Ludicidade, assim como o Laboratório de Práticas Pedagógicas da Matemática.

No aspecto institucional, a experiência das duas edições mais recentes parece mostrar que o lugar mais adequado para abrigar o projeto era na Pró-Reitoria de Graduação. Esta questão foi levada em consideração e o Prodocência 2013 já foi locado na Pró-Reitoria supracitada, uma vez que sua influência adminis-trativa e política pode concorrer positivamente para uma maior adesão por parte dos diversos cursos de licenciatura.

Tal mudança poderá reverter a tendência do predomínio do curso de licenciatura em Pedagogia nas ações do Prodocência executadas até agora na UFRN, conduzindo a uma produção mais compartilhada por todas as áreas que formam professores para a atuação no magistério na Educação Básica.

Finalizando este relato, gostaríamos de chamar a atenção para algumas questões: o fato de que programas desta natureza não podem ser negligenciados pelas instâncias superiores, em especial pelo Ministério da Educação; e a necessidade de um

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posicionamento da CAPES que, em nossa opinião, deve estar atenta aos processos políticos que possam influenciar na descon-tinuidade do Prodocência.

Temos certeza de que as questões trazidas no último parágrafo só podem ser tratadas com seriedade a partir de um diálogo democrático com os atores efetivos de programas desta natureza: os docentes das universidades que atuam nos cursos de licenciatura, os alunos que optam pela licenciatura, os gestores das escolas públicas e gestores governamentais das Secretarias de Educação. Tais atores devem ser ouvidos e considerados na orga-nização sistemática de programas que façam a interlocução entre as universidades e o chão da escola.

É assim que um estado democrático se caracteriza: através de ações solidárias, responsáveis com o seu povo, responsáveis com o papel da Educação Escolar e sua capacidade de gerar auto-nomia, criticidade e cidadania no sujeito aprendente.

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Referências

ANDRADE, J. M. V.; DIAS, M. A. Prodocência 2010: relatório final de atividades. Natal: UFRN, 2013.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

ROAZZI, Antonio; SANTOS, Maria José; de PAULA, Fraulein Vidigal (Org.). Leitura e escrita: sua aprendizagem na teoria e na prática. Curitiba: Juruá, 2014.

SÁ JÚNIOR, L. A.; BIELLA, J. (Orgs.). Livro de resumos

do I Colóquio de Professores de Filosofia no Rio Grande do Norte. Natal/RN: EDUFRN, 2013.

SILVA, L. G. S.; VARELLA, M. C. B.; KRANZ, C. R.; ALVES, J. F. (Orgs). Educação INCLUSIVA e

formação continuada de professores: diálogos entre teoria e prática. Natal/RN: EDUFRN, 2012.

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Valorização das atividades

de estágio supervisionado na

formação docente em Biologia

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Josélia Domingos Pereira Marlécio Maknamara

Introdução

Onde iniciar as práticas de ensino? Como estabelecer relações entre a docência e a discência? Que visões podemos ter no primeiro contato com uma escola pública? De que forma a moni-toria contribui para a formação de docentes e discentes? Como adquirir uma formação adequada para o ensino? Qual é a relação estabelecida entre monitores e os outros sujeitos acadêmicos?

Essas são as perguntas disparadoras deste trabalho, o qual consiste em um relato de experiência de monitoria inspirada em cotidianos escolares, por meio de um projeto de valorização das atividades do Componente Curricular Estágio Supervisionado de Formação de Professores I (PEC 0179) no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O projeto foi inspirado em diferentes atividades realizadas durante o Colóquio Da discência à docência: ações

integradas na formação inicial de professores, coordenado

1 As atividades associadas a este artigo contaram, respectivamente, com auxílio

financeiro e com bolsa do Prodocência e da Pró-Reitoria de Graduação da Uni-versidade Federal do Rio Grande do Norte. Alguns de seus desdobramentos en-contram-se descritos em Maknamara e Sousa (2015) e em Maknamara (2015).

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Valorização das atividades de estágio supervisionado na formação docente em biologia

Josélia Domingos Pereira | Marlécio Maknamara

pelas professoras Mércia de Oliveira Pontes e Josivânia Marisa Dantas e financiado pelo Prodocência/UFRN.

Tal evento teve como objetivo aprimorar a formação profissional de futuros docentes de Ciências e/ou Biologia por meio da consolidação dos Estágios Supervisionados de Formação de Professores. Fundamentado teórica e metodologicamente na ecosofia de Guattari, este trabalho foi desenvolvido mediante permanente orientação da monitoria para a troca e análise de informações sobre a realidade escolar, no sentido de aper-feiçoamento da prática pedagógica dos licenciandos, visando à melhoria dos componentes curriculares envolvidos e com foco na produção de subjetividades (GUATTARI; ROLNIK, 1986).

Aqui relatamos nossas experiências de monitoria em ativi-dades de estágio supervisionado no âmbito do referido projeto. Daremos início a um breve referencial teórico que abordará a importância da monitoria na iniciação à docência. Em seguida, mostraremos a metodologia adotada no desenvolvimento das atividades aqui relatadas e analisadas. Na sequência, discutiremos os resultados das interações entre docentes, discentes, monitoria e o componente curricular PEC 0179. E, por fim, traremos as considerações finais enfatizando a valorização e a profissionali-zação das monitoras.

Fundamentação teórica

A iniciação à docência nos cursos de ensino superior nem sempre ocorre em nível de pós-graduação (DIAS, 2007). Programas como o de monitoria estimulam a docência no nível superior e são regulamentados e estimulados há muito tempo. Com efeito, a Lei nº 5.540, de 28.11.1968, já predizia em seu art. 41, que:

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As universidades deverão criar funções de monitor para alunos do curso de graduação que se submeterem a provas específicas, nas quais demonstrem capacidade de desempenho em ativi-dades técnico-didáticas de determinada disciplina.

As práticas de monitoria foram inseridas e regulamentadas no âmbito federal através da Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968 e reafirmadas pela Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996. Nessa última, é afirmado que “os discentes da educação superior poderão ser aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de acordo com seu rendimento e seu plano de estudos” (SANTOS et al., 2013, p. 7). Nesse sentido, a monitoria acadêmica constitui-se como atendimento privilegiado de necessidades de formação universitária, a partir do momento em que o graduando é envol-vido em atividades de organização, planejamento e execução do trabalho docente (GARCIA et al, 2013).

A partir dessa conjuntura, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e as demais universidades federais buscaram, a partir do ano 2000, uma nova dimensão para os seus projetos de monitoria, cuja ênfase principal passou a ser a quali-dade do ensino. A partir disso, o novo programa de monitoria da UFRN passou a valorizar as seguintes dimensões:

Estimular a formação do docente no nível superior; dar uma dimensão pedagógica de trabalho coletivo; respeitar a diversi-dade; incentivar o desenvolvimento de experiências inovadoras, com metodologias diferenciadas e abordagens críticas; favorecer a troca de experiências, saberes e competências na elaboração e execução do planejamento e na avaliação compartilhadas com professores orientadores.

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No sentido de materialização dos pressupostos supra-citados, propusemos um projeto de monitoria universitária inspirado em cotidianos escolares e fundamentado teórica e meto-dologicamente na ecosofia de Guattari (2005), para quem ensinar implicaria em promover práticas inovadoras e disseminar experi-ências alternativas. Sendo assim, o papel do docente na sociedade exige mais do que um embasamento teórico visto durante sua formação acadêmica. É necessário estabelecer relações com o que está na literatura e com os contextos de atuação profissional.

Para Amorim et al. (2012), ser docente, nos dias atuais, exige do profissional da educação atributos que vão além da teoria, demandando também uma visão mais especial para cada situação vivenciada, para, assim, saber como agir de forma sábia e ética na prática em salas de aula. Segundo Barros (2013, p. 84), “o bom educador é aquele que dá oportunidade ao aluno para criar, expor ideias; é aquele que garante ao educando o direto de poder construir conhecimentos a partir das suas experiências”.

A carreira da docência apresenta várias dificuldades e contra dições, pois desde um passado recente os professores têm sido mal compreendidos e mal olhados (ALARCÃO, 2001). Tal fator ratifica a importância da monitoria, para que os alunos da iniciação à docência se integrem nos caminhos da profissão durante a sua graduação. Como afirma Amorim et al. (2012, p. 45), “a experiência de estar do outro lado, ou seja, deixar de ser aluno e sentir na pele o ser professor ou profes-sora, é muito importante para a construção do conhecimento do profissional do magistério”.

A atividade da monitoria em Estágio Supervisionado de Formação de Professores I (Ciências Biológicas) foi desenvolvida com permanente orientação das monitoras para a troca e análise de informações sobre a realidade escolar, favorecendo a troca

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de experiência entre: docente-monitoria, monitoria-discentes, docente-discentes, valorizando o compromisso de todos com a formação docente. Tal troca de experiências nos remete a Freire (2011, p. 12), para quem a atividade educacional é, antes de tudo, uma relação entre sujeitos: “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”.

Metodologia

As atividades realizadas durante o período de monitoria incluíram encontros semanais para planejamento e avaliação das atividades do componente curricular; encontros de orientação teórica das monitoras, com discussão de textos e/ou realização de seminários; estímulo à formação de grupos de estudos com estagiários e organização de eventos ligados ao componente aten-didos pelo projeto; e utilização do SIGAA (sistema informatizado da UFRN) para acompanhamento e avaliação das atividades propostas pela monitoria.

A constante orientação das monitoras pelo coordenador do projeto foi fundamental para a viabilização de troca e análise de informações sobre a realidade escolar, objeto de estudo ao longo de todos os componentes curriculares atendidos pelo projeto de monitoria aqui em tela. Neste sentido, pôde-se construir ao longo da trajetória anual um aprimoramento no ensino e aprendizagem dos licenciandos e, por conseguinte, um aperfeiçoamento do componente curricular supracitado. Tal trabalho de orientação das monitoras e de sua aprendizagem da docência foi fundamentado na ecosofia de Guattari, para quem ensinar implicaria em promover práticas “centradas no respeito à singularidade e no trabalho perma-nente de produção de subjetividade” (GUATTARI, 2005, p. 44).

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O trabalho da monitoria compreendeu planejar, executar e avaliar atividades em duas dimensões temporais da oferta do componente curricular atendido pelo nosso projeto. Em uma primeira dimensão, o monitoramento de Estágio Supervisionado de Formação de Professores I (Ciências Biológicas) ocorreu em dois turnos distintos (diurno e noturno) tanto em 2013.1 quanto em 2013.2, conforme a oferta do componente PEC 0179. A moni-toria atuou presencialmente ao longo das aulas na UFRN e prestou assistência extraclasse permanente aos discentes estagiários. Em uma segunda dimensão temporal, o monitoramento consistiu em articular discentes egressos do componente PEC 0179 em 2012.2 e 2013.1 com discentes matriculados no semestre letivo de 2013.2, promovendo entre eles a valorização das atividades do componente curricular pela troca de experiências investigativas e de interação junto às escolas-campo de estágio.

A primeira dimensão temporal do componente curricular ocorreu por meio de sete semanas observacionais: (i) pesquisa no/ do/com os cotidianos escolares; (ii) apresentação dos resultados oriundos das pesquisas no/do/com os cotidianos escolares; (iii) modos de organização e de ação da direção e equipe técnica das escolas; (iv) modos de fazer e de usar o espaço escolar; (v) quem são os/as estudantes das escolas públicas?; (vi) quem são os/as estudantes das escolas públicas segundo seus docentes?; e (vii) organização curricular em Ciências e Biologia. Após as orienta-ções de cada semana, os estagiários eram convocados a visitarem as escolas-campo de estágio, para as devidas observações. E, já em sala de aula, os estagiários relatavam as suas experiências e aprendizagens em relação à semana observacional anterior.

Na segunda dimensão temporal, o componente curricular enfatizou a importância de articular atividades dos egressos dos semestres anteriores àquelas dos semestres em curso. Nesse

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sentido, assim como os licenciandos do semestre 2012.2 abor-daram a pesquisa Para que serve uma escola? e apresentaram os resultados nos semestres de 2013.1 e 2013.2, os licenciandos do semestre de 2013.1 apresentaram os dados da pesquisa O que

é uma escola de qualidade? no semestre posterior.

A importância dessa articulação na troca de experiên-cias com egressos e ingressantes, envolvendo pesquisa e ensino, proporciona uma aprendizagem qualitativamente superior na formação acadêmica. Segundo Dias (2009, p. 39),

A relação entre o ensino, a pesquisa e a extensão, quando bem articulados, conduz a mudanças significativas nos processos de ensino e de aprendizagem, fundamentando didática e pedago-gicamente a formação profissional, e estudantes e professores constituem-se efetivamente, em sujeitos do ato de aprender, de ensinar e de formar profissionais e cidadãos.

Análises e resultados

Existe interação em tudo o que diz respeito aos sujeitos envolvidos no componente curricular atendido pelo projeto aqui em discussão. Interação com a escola campo-estágio; interação com os alunos das escolas; interação com os professores das escolas; interação com toda a equipe técnico-administrativa das escolas; interação com espaços físicos e psicológicos; interação com os próprios licenciandos do componente curricular; inte-ração com os egressos; inteinte-ração com as monitoras; inteinte-ração com o docente; interação com os sujeitos de todas as áreas.

Em meio a esse processo educativo, os discentes matricu-lados no componente de Estágio Supervisionado I são envolvidos

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de modo a participarem como agentes, juntamente com as monitoras, para a troca e análise de informações a respeito dos cotidianos escolares, objeto de estudo do referido componente curricular. Com a constante presença das monitoras em sala de aula para o auxílio do docente, sempre que necessário, a trajetória do componente se torna mais dinâmica, tendo em vista que os discentes se sentem mais motivados e à vontade para tirar dúvidas, expondo suas opiniões ou experiências. Isto vem a ocorrer dentro ou fora de sala nos momentos extraclasse, tornando a aprendi-zagem mútua, o que aproxima as atividades do nosso projeto de monitoria de uma perspectiva de aprendizagem colaborativa. Para Slavin (1990), as pesquisas sobre esse tipo de aprendizagem vêm mostrar como os alunos aprendem com seus colegas, repre-sentando uma rica estratégia formativa.

Souza et al. (2007) afirmam que o estágio é a oportuni-dade dos alunos conhecerem melhor a sua área de atuação e se inserirem em um ambiente considerado bastante aprazível e dinâmico, como a escola. É neste contexto em que o estagiário vai encontrar os desafios da profissão. Entre eles um movimento de reprodução de realidades e sentidos psicológicos e sociais, bem como do exercício de atualização das intensidades destes sentidos (DELEUZE; GUATTARI, 1977).

Atentando para isso, as aulas do componente PEC 0179 têm sido embasadas com referenciais teóricos para que os discentes tenham o suporte necessário para adentrarem nos cotidianos escolares mediante diferentes frentes de observação. Ao longo do semestre nos propusermos às seguintes observações: o que salta aos olhos de quem observa uma escola pública?; o que faz um aluno gostar de sua escola na visão de pais e mães, funcio-nários, docentes e discentes?; quem são os estudantes das escolas públicas?; quem são os estudantes das escolas públicas segundo

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os seus docentes?; de que forma se dá organização curricular em Ciências e Biologia?; observação e análise do Projeto Político Peda-gógico (PPP) das escolas campo-estágio; observação da estrutura das escolas a partir dos seus lugares e espaços físicos. Essas obser-vações foram geradas em diferentes semanas, conforme descrito anteriormente. O trabalho de monitoria envolveu um permanente repensar a cada semana, com contrapartidas positivas para todos os que fazem parte desse componente curricular. Esse movimento de teorização, de reflexão sobre a ação foi de suma importância. Guattari (2005) vê que cada processo em educação e produção de subjetividade deveria ter como preocupação permanente fazer evoluir tanto sua prática quanto suas bases teóricas.

Em meio a este contexto, na fase de observação nas escolas, os discentes examinam a realidade escolar e a problematizam. Isso objetiva uma oportunidade de melhor lidar com a realidade escolar por meio do seu conhecimento, uma vez que “os signi-ficados que construímos para as aprendizagens escolares são produzidos nas práticas vividas na escola e fora dela, na circu-lação dos sentidos que atribuímos a elas em determinado tempo e espaço” (FABRIS, 2007, p. 4).

Nosso projeto prima, portanto, pela iniciação à docência fundada na prática que os próprios sujeitos vivenciam, cons-truindo significados e aprendizagens com bases na escola. Os licenciandos são levados a observar uma parcela dessa realidade com seus próprios olhos e identificar as características, as carên-cias e o que poderia ser aperfeiçoado mediante uma investigação (VASCONCELLOS et al., 2009).

A cada semestre os estagiários têm uma pesquisa tendo como objetivo a sondagem acerca de um fenômeno específico da educação escolar, segundo as vozes de diferentes tipos de sujeitos da escola-campo de estágio. Através dessa pesquisa

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os alunos-estagiários, em equipes na sala de aula, trabalham a análise desses dados de forma qualitativa, o que contribui de forma significativa para a sua aprendizagem. Segundo Silva et

al. (2013), a pesquisa é uma importante dimensão da atividade

de monitoria, no que contribui para a formação acadêmica e ampliação nas atividades da universidade.

A prática da monitoria embasada com a pesquisa no componente curricular é importante para a construção e dissemi-nação de conhecimentos dos licenciandos. Além disso, a própria monitoria beneficia-se em sua formação docente com essa troca de informação. Segundo Freire (2011, p. 14), “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”, é verificando e intervindo que educa e se é educado. Contribuindo no desempenho dessa ativi-dade de pesquisa, são convidados alunos egressos dos semestres anteriores para apresentação dos seus dados dos semestres em que cursavam o mesmo componente curricular. Desta forma, os alunos ingressantes têm acesso às experiências e relatos dos esta-giários anteriores.

Em meio às observações ocorridas durante o período de 2012.2 vigente do Estágio Supervisionado de Formação de Profes-sores I (Ciências Biológicas) houve um levantamento de dados acerca da temática “Para que serve uma escola?”, quando os mesmos foram coletados pelas monitoras ainda na condição de estagiárias do componente PEC 1079. Esse levantamento de dados se deu a partir das respostas de discentes, docentes, pais e mães e servidores de escolas públicas de Natal/RN. A partir desse constante trabalho de pesquisa, foi possível apresentar os resultados às turmas de 2013.1, bem como o desenvolvimento de trabalhos que foram publicados no VII Colóquio da Associação Francofone Internacional de

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Toda essa movimentação de pesquisas associadas às ativi-dades de ensino contribuiu, ainda, para a construção de alguns entendimentos que julgamos centrais à formação docente em nosso contexto de atuação: compreensão das escolas públicas como espaços privilegiados de formação docente (CANÁRIO, 2006); compreensão de que não existe a escola pública, mas discursos que procuram generalizar entendimentos sobre tais escolas e apagar as multiplicidades de seus cotidianos (ALVES; OLIVEIRA, 2005), dentre eles o discurso neoliberal e sua forma particular de ver e dizer a crise educacional pela qual estaríamos passando (GENTILI, 1995); reconhecimento de que tal crise da escola é também uma crise da capacidade de pensar as escolas (CANÁRIO, 2005).

Considerações finais

Nas perspectivas atuais a monitoria acadêmica simboliza um espaço de formação para o monitor e para o professor orien-tador, assim como expressa uma ação que tem por finalidade contribuir com a melhoria do ensino de graduação. Este projeto de monitoria foi de extrema significância para as monitoras, cujas experiências de planejamentos, encontros, avaliações, foram tocantes no quesito experiência no âmbito acadêmico e pessoal.

Durante o trabalho realizado, atentamos constantemente para situações importantes no que diz respeito à relação dos futuros professores. Relações estas que podem estar ligadas dire-tamente a questões profissionais, pessoais ou sociais. Buscando o melhoramento de tais situações e um aperfeiçoamento das práticas educativas com base no caráter observacional pelos discentes, a monitoria proporcionou sempre um embasamento

Referências

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