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Relatório estágio profissional

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Academic year: 2021

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“The physician’s duty is not to stave off death or return patients to their old lives, but to take into our arms a patient and family whose lives have disintegrated and work until they can stand back up and face, and make sense of, their own existence.”

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Índice

1. Introdução e Objetivos ... 2

2. Descrição das atividades desenvolvidas ... 3

2.1 Saúde Mental (4 semanas – 09/09/2019 a 4/10/2019) ... 3

2.2 Medicina Geral e Familiar (4 semanas – 7/10/2019 a 31/10/2019) ... 3

2.3 Pediatria (4 semanas – 4/11/2019 a 29/11/2019) ... 4

2.4 Ginecologia e Obstetrícia (4 semanas – 2/12/2019 a 10/01/2020) ... 4

2.5 Cirurgia (8 semanas – 20/01/2020 a 09/03/2020) ... 5

2.6 Medicina ... 6

2.7 Formações e congressos ... 6

3. Reflexão crítica ... 7

4. Anexos ... 10

Anexo A: Trabalhos realizados no âmbito dos Estágios Parcelares ... 10

Anexo B: Patologias observadas na consulta de psicogeriatria ... 11

Anexo C: Patologias observadas no SU de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Fernando de Fonseca ... 12

Anexo D: Jornadas de Formação da UCF (Pediatria) ... 13

Anexo E: Certificado TEAM ... 14

Anexo F: Certificado do iMED ... 15

Anexo G: Congresso na Fundação Champalimaud: Game of Thrones of Rectal Cancer ... 16

Anexo H: Certificados Tuna Médica de Lisboa ... 17

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1. Introdução e Objetivos

Com o término dos primeiros cinco anos do curso, o estudante de Medicina em geral, e da Faculdade de Ciências Médicas em particular, deverá ter adquirido as capacidades teóricas necessárias para o Estágio Profissionalizante. O último ano visa a consolidação holística e integrada dos conhecimentos previamente adquiridos, com foco na atividade clínica tutorada. Como tal, o curriculum do 6.º ano do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Ciências Médicas assume a necessidade da formação prática em 6 grandes especialidades: Medicina, Cirurgia, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Psiquiatria e Medicina Geral e Familiar. Está ainda incluída uma cadeira teórica de Preparação para a Prática Clínica e um estágio opcional de 2 semanas numa área de interesse. No entanto, esta formação não foi cumprida na sua totalidade, e os alunos de Medicina Portugueses, e não só, viram o seu ano letivo encurtado devido à Pandemia COVID-19. Esta situação levou a que, no meu caso em particular, não realizasse o estágio de Medicina Interna e o estágio opcional em Neurologia. Claro está que o vazio deixado pela ausência de um estágio estruturante é grande, no entanto, os regentes e responsáveis de cada Hospital foram incansáveis na procura de soluções alternativas. Como tal, o meu estágio de Medicina Interna foi substituído por um trabalho de revisão de um tema clínico com apresentação oral, e as opcionais de todos os alunos foram substituídas pela cadeira de Preparação para a Prova Nacional de Acesso à especialidade (PNA).

Tendo em conta o exposto no documento “O Licenciado Médico em Portugal” e os objetivos educativos propostos pela Universidade Nova de Lisboa para o final do plano de estudos, defini objetivos pessoais e transversais a todos os estágios parcelares: (a) colheita de dados nas várias situações clínicas, (b) elaboração do raciocínio clínico e formulação de diagnósticos provisórios e definitivos, (c) tomada de decisões clínicas, (d) desenvoltura e aprofundamento de competências de autonomia, por forma a permitir uma seleção criteriosa de percursos de aprendizagem ao longo da vida, (e) adoção de uma visão holística do doente, com integração das várias especialidades; (f) revisão sistemática de temas fraturantes e essenciais no Serviço de Urgência (SU) e/ou Consulta Aberta dos Centros de Saúde; (g) aquisição de novos conhecimentos e competências práticas, (h) presença assídua em congressos/simpósios que me permitiram contactar com o

estado da arte, e (i) o balanço saudável da vida profissional, do estudo para a PNA e da vida pessoal.

Assim, após uma breve introdução e tendo em conta todos os pontos positivos e negativos de cada estágio, os objetivos supramencionados, o meu currículo ao longo do curso e a minha experiência pessoal sempre tangente ao estudo da Medicina, apresento o meu relatório final do Estágio Profissionalizante. Com a reflexão crítica final pretendo resumir e apresentar o balanço final de um ano marcante a nível pessoal e profissional.

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2. Descrição das atividades desenvolvidas

2.1 Saúde Mental (4 semanas – 09/09/2019 a 4/10/2019)

Para este estágio, estabeleci como principais objetivos: (a) identificação de sintomas psiquiátricos e a sua diferenciação do normal funcionamento do indivíduo, (b) recolha metódica da anamnese de forma a obter um diagnóstico global, e (c) o enquadramento do doente no seu contexto social, laboral e familiar.

Os primeiros dois dias do estágio de Saúde Mental decorreram no edifício da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), onde o regente Prof. Dr. Miguel Talina e o Prof. Dr. Pedro Marques abordaram vários temas, desde a prevalência da patologia em Saúde Mental ao estigma da doença psiquiátrica.

Durante as 4 semanas que se seguiram, estagiei no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, no serviço de Psicogeriatria, sob a tutoria do Dr. Pedro Branco. Assisti a aproximadamente 34 consultas (anexo B) no âmbito da psicogeriatria e da neuropsiquiatria. Relativamente à primeira, a principal patologia que observei foi a demência, onde a rotina do início da consulta consistiu sempre em excluir causas reversíveis e avaliar presença de sintomas psicóticos, normalmente a causa de referenciação à consulta. Assisti ainda à consulta de novas dependências, na qual o médico Psiquiatra moderou a minha intervenção, o que acabou por se tornar a parte mais interventiva do meu estágio. Acompanhei a atividade do meu tutor em contexto de SU, e assisti a várias reuniões de serviço, journal clubs e sessões de internato médico. Com caráter formativo, tivemos ainda sessões semanais com o Dr. Pedro Rodrigues, que se disponibilizou para discutir temas relevantes para a PNA. Como forma de avaliação, redigi a história clínica de uma doente com o diagnóstico de Síndrome Demencial com Sintomas Psicóticos.

2.2 Medicina Geral e Familiar (4 semanas – 7/10/2019 a 31/10/2019)

Sob regência da Prof.ª Dr.ª Isabel Santos e perante a tutoria da Dr.ª Ana Pinheiro, as minhas 4 semanas na USF Oriente foram pautadas pela exigência de horário (35h semanais) e pela consolidação de conhecimentos em várias áreas e patologias. O início do estágio foi predominantemente observacional, onde assisti às várias valências dentro de Medicina Geral e Familiar (MGF): Saúde Materna, Saúde Infantil, Planeamento Familiar, Saúde de Adultos e Doença Aguda. Estas revelaram-se essenciais para os meus estágios seguintes, assim como as várias técnicas que tive oportunidade de realizar, tais como otoscopias, colpocitologias e avaliação do foco fetal com doppler. Após as 2 primeiras semanas de estágio, pude dirigir sozinha algumas consultas programadas, nomeadamente em doentes hipertensos ou diabéticos. Realizei 15 consultas e, antes do término de cada uma delas, discutia sempre com a Dr.ª Ana Pinheiro as principais hipóteses de diagnóstico, métodos complementares de diagnóstico e ajustes de terapêutica. O supramencionado está em consonância com os objetivos da unidade curricular, de entre os quais destaco:

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4 (a) sistematização e integração de conhecimentos de diversas áreas médicas, (b) gestão de tempo e de recursos e (c) priorização de problemas e abordagem centrada no doente.

Acompanhei a minha tutora em consultas ao domicílio e nas 5h semanais dedicadas à Consulta Aberta. Nesta última, pude dar algumas consultas com autonomia, sendo que as principais patologias que observei foram Gastroenterite aguda, Otite Média Aguda e Coriza. Realizei também uma apresentação com base nas novas guidelines de dislipidemia, da Sociedade Europeia de Cardiologia, e um panfleto sobre amamentação.

No último dia do estágio tive uma avaliação oral com a Dr.ª Teresa Libório e Dr.ª Maria João Queiroz que me questionaram sobre vários tópicos, desde as dislipidemias à avaliação da grávida no 2º trimestre e aos defeitos no tubo neural. Para esta avaliação redigi o Diário do Exercício Orientado que continha a análise de situação de uma doente com um nódulo incidental da tiroide, o genograma de um doente hipertenso não complacente com a terapêutica e o registo de morbilidade de variadíssimas patologias.

2.3 Pediatria (4 semanas – 4/11/2019 a 29/11/2019)

As 4 semanas volvidas no estágio de pediatria, coordenado pelo Prof. Dr. Luís Varandas, foram tutoradas pela Dr.ª Ana Casimiro, Pneumologista Pediátrica no Hospital Dona Estefânia. De entre os meus objetivos, e os da unidade curricular, destaco: (a) conhecer as principais patologias da criança e adolescente, (b) saber os princípios gerais da atuação nas doenças mais comuns em idade pediátrica e (c) reconhecer sinais e sintomas clínicos de gravidade.

Durante o período do estágio assisti a 58 consultas de Pneumologia Pediátrica. Contactei sobretudo com doenças neuromusculares, paralisias cerebrais, e síndromes genéticos com os quais provavelmente não voltarei a ter contacto. Tive ainda a oportunidade de ver broncofibroscopias. Relativamente a outras áreas, assisti a consultas de Imunoalergologia, onde vi essencialmente Asma e Rinite Alérgica, consultas de Nefrologia Pediátrica e Consultas do Viajante. Acompanhei a minha tutora em 8 horas semanais no SU. Estive ainda no internamento de Pediatria Geral, onde acompanhei a Dr.ª Rita Machado.

Assisti diariamente à reunião de passagem dos doentes, à sessão de formação para Internos (SOFIA), sobre diversos temas, e às sessões clínicas na área da Pediatria Médica. Tivemos ainda a oportunidade de assistir a uma aula de Imunoalergologia lecionada pela Dr.ª Margarida Romeira sobre Anafilaxia na Criança. De forma complementar ao estágio prático tivemos ainda um workshop em Urgências Pediátricas.

Realizei uma história clínica na área da Infeciologia, de um menino de 7 anos com celulite pré-septal, e apresentei um trabalho na área da Endocrinologia, intitulado “Ginecomastia em Idade Pediátrica”.

2.4 Ginecologia e Obstetrícia (4 semanas – 2/12/2019 a 10/01/2020)

No estágio de 6.º ano de Ginecologia e Obstetrícia, especialidade com a qual o aluno de medicina da FCM não contacta desde o 4.º ano, é suposto saber identificar e conhecer os princípios gerais de atuação das

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5 patologias mais comuns através da revisão, sistematização e integração de conhecimentos previamente adquiridos. É também importante a participação ativa em partos e nas diversas valências de Ginecologia.

Na primeira semana tivemos um workshop ministrado pela Prof.ª Dr.ª Teresinha Simões, regente do estágio, que abordou várias valências importantes na especialidade. O estágio prático decorreu no Hospital Fernando da Fonseca, com duas semanas na Obstetrícia, sob a tutoria da Dr.ª Sara Nascimento, e as outras duas semanas na Ginecologia orientadas pela Dr.ª Mariana Miranda. Contactei com várias valências dentro da Obstetrícia, como o rastreio ecográfico, o puerpério, a consulta de doenças infeciosas - sem dúvida uma grande mais-valia, com doentes essencialmente Angolanas e Moçambicanas - e a consulta dos rastreios de cada trimestre. Quanto aos procedimentos práticos, avaliei foco fetal com doppler e colhi exsudados retais e vaginais. Na Ginecologia assisti a 19 consultas de patologia do colo do útero – a maioria em mulheres com mais de 30 anos e HPV+. Observei também consultas de Ginecologia Geral e assisti a várias cirurgias ginecológicas. No âmbito de ambas as subespecialidades, fui várias vezes ao internamento e assisti à reunião semanal de passagem dos doentes, que se seguia de sessões apresentadas pelos internos de formação específica em temas das duas áreas. Uma vez que neste Hospital a cirurgia da mama é feita por Ginecologistas, tive a oportunidade de assistir à Consulta de Senologia. Dediquei ainda 12 horas semanais ao SU, que me permitiram a observação de 84 doentes (anexo C).

2.5 Cirurgia (8 semanas – 20/01/2020 a 09/03/2020)

O último estágio presencial foi o de Cirurgia, sob regência do Prof. Dr. Rui Maio. A componente teórica teve lugar no Hospital Beatriz Ângelo (HBA), durante a primeira semana, e a componente prática no Hospital das Forças Armadas (HFAR), nas sete semanas que se seguiram. Os objetivos deste estágio baseiam-se no enriquecimento dos conhecimentos teóricos acerca das principais síndromes cirúrgicas, na execução de um exame clínico metódico e completo, bem como em saber requisitar exames complementares de diagnóstico. Na primeira semana, assistimos a várias sessões que abordaram diversos temas, desde a comunicação à algaliação, estas formações pautaram-se pela sua versatilidade e utilidade. Durante as sete semanas seguintes, o meu estágio no HFAR permitiu-me observar o dia-a-dia de uma enfermaria de cirurgia geral que, não sendo centro de referência, acaba por receber as patologias cirúrgicas mais comuns. Sempre supervisionada pela minha orientadora, Dr.ª Ana Catarina Pinho, tive várias oportunidades de proceder à desinfeção cirúrgica e participar em algumas cirurgias, maioritariamente hernioplastias inguinais e uma excisão de quisto sebáceo da face. Assisti a um total de 29 intervenções cirúrgicas, de entre as quais as mais frequentes foram Colecistectomias, Hernioplastias e Tiroidectomias. Uma vez que o estágio no HFAR não contemplava no horário a existência de uma semana de opcional noutras áreas, ao contrário dos outros Hospitais, permitiram-nos assistir a cirurgias ortopédicas (artroplastia do ombro e artroplastia total da anca) e otorrinolaringológicas (timpanoplastia). Estive ainda presente em praticamente todas as induções

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6 anestésicas dos doentes, onde pude inclusivamente ventilar e algaliar. No internamento, observei e redigi o diário clínico, notas de entrada e notas de alta de quase todos os doentes que vi no Bloco Operatório. Em termos de consulta externa observei 22 doentes, a maior parte dos quais seguimentos pós-cirúrgicos. Uma vez que o HFAR não está enquadrado na rede de SU, esta valência decorreu no Hospital São Francisco Xavier. Por estarmos a estagiar no Hospital das Forças Armadas, e atendendo às suas características particulares, tivemos ainda a oportunidade de contactar com estruturas e centros caraterísticos do contexto militar. Neste sentido realizámos visitas ao Centro de Epidemiologia e Intervenção Preventiva, ao Centro de Medicina Aeronáutica e ao Centro de Medicina Subaquática e Hiperbárica.

Relativamente às sessões formativas, participei no Trauma Evaluation and Management (Anexo E) organizado pela Advanced Trauma Life Support e pela Sociedade Portuguesa de Cirurgia. O curso foi dividido em duas componentes, uma teórica e uma prática. A primeira decorreu no HBA e consistiu em sessões teóricas referentes a princípios de abordagem ao politraumatizado grave. Após esta parte teórica, tivemos nas instalações da FCM a componente prática, organizada em 4 estações clínicas de treino tutorado de competências e procedimentos básicos em contexto de trauma. Semanalmente, assisti também às sessões clínicas conjuntas entre os polos do Porto e Lisboa do HFAR, constituindo momentos ótimos de atualização em diversas áreas. No departamento de cirurgia do HFAR foram também organizadas duas formações – “Patient Blood Management” e “NeoV 1470 Laser”.

Eu e os meus colegas de estágio realizámos um trabalho sobre Bócio Multinodular Tóxico – “Take my

breath away”. Este seria para apresentar no seminário final, que não se realizou devido à interrupção do

estágio na última semana por causa da Pandemia COVID-19.

2.6 Medicina

O estágio de Medicina, sob a regência do Prof. Dr. Fernando Nolasco, ter-se-ia realizado de 16 de março a 15 de maio de 2020 no Hospital de São José (HSJ). Infelizmente não se realizou e, para o substituir, realizei um trabalho de revisão num tema teórico com apresentação oral. De entre os 6 temas dados a escolher pelo orientador, Dr. Luís Dias, eu e o meu grupo optámos pela Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). A apresentação decorreu durante 40 minutos e foi feita na plataforma Zoom para vários especialistas do serviço de Medicina 1.4 do HSJ. Abordámos a fisiopatologia, a clínica, o diagnóstico, as complicações, o tratamento e prognóstico. Incluímos também um caso clínico retirado da revista New England Journal of Medicine de 2019. Tentámos sempre incluir a evidência científica mais recente e trabalhámos em conjunto durante mais de 2 semanas para assegurar a qualidade do trabalho. A título de curiosidade, incluímos vários artigos da revista Lancet, um dos quais faz uma estimativa global da prevalência de SAOS na população mundial entre os 30 e 69 anos, chegando ao valor aproximado de mil milhões de pessoas no mundo inteiro.

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7 Durante o ano marquei presença em 3 congressos: Jornadas de Formação da Unidade Coordenadora Funcional (UCF) (anexo D), o iMED (anexo F) e o simpósio na Fundação Champalimaud: Game of Thrones of

Rectal Cancer (anexo G). As Jornadas de Formação da UCF foram organizadas pela Dr.ª Leonor Sassetti, onde

foram abordados 3 temas cruciais (obesidade, cefaleias e enurese) com o foco no médico generalista. Ao

iMED, foram vários palestrantes de excelência, de entre os quais o Prémio Nobel de Medicina de 2019 – Sir

Peter J. Radcliffe. A palestra que gostaria de destacar foi sobre transplante de útero porque ainda é um tema desconhecido e poderá trazer grandes benefícios no futuro a mulheres com infertilidade. Relativamente ao congresso na Champalimaud, apesar de específico, permitiu-me contactar com a área de Cancro Coloretal, que não observei no meu estágio de Cirurgia Geral.

3. Reflexão crítica

Dada a variedade de tutores e estágios hospitalares, neste último ano torna-se imperativa a reflexão e análise crítica da aprendizagem prática e profissionalizante do estudante de Medicina, uma vez que a experiência individual irá afetar a transição para a vida profissional. Assim, pretendo focar-me em 4 aspetos que considerei essenciais: (1) no meu percurso paralelo ao exercício académico - e como isso me moldou para este ano; (2) no balanço final dos estágios parcelares; (3) como a Pandemia COVID-19 afetou a profissionalização do estudante de medicina; e por fim, (4) o alcance dos objetivos descritos na introdução.

Desde o primeiro ano da faculdade que faço parte da Tuna Médica de Lisboa. Assumi vários cargos dentro da Tuna (anexo H) e acho que o mais relevante para esta discussão é o facto de ter sido vice-presidente, com funções de representação interna e externa. Ter lidado com diversas personalidades, egos, e opiniões, ajudou-me a criar um paralelismo com a dinâmica de muitos serviços e fez-me compreender que a velha máxima de que as coisas “nem sempre são assim tão simples” é mesmo verdade. Fiz também parte da Mesa da Assembleia Geral da AEFCM (anexo I).

O meu estágio de Saúde Mental permitiu-me contactar e escrutinar patologias cada vez mais frequentes numa população envelhecida – as demências. O contacto simultâneo com especialistas de Psiquiatria e Neurologia permitiu-me a interligação e consolidação do conhecimento previamente adquirido. Isto acabou também por colmatar a ausência do estágio opcional que iria fazer em Neurologia. A crítica que teço a este estágio é o facto de não ter contactado tanto com as patologias mais clássicas da Psiquiatria Geral. Contudo, esta falha foi parcialmente colmatada por ter cumprido várias horas no SU, e por ter tido um estágio muito proveitoso em Psiquiatria Geral no 5.º ano. Concluo assim que os objetivos a que me propus foram na sua maioria cumpridos, e diria que, ao longo do estágio, foram também acrescentadas novas valências que enriqueceram o meu currículo. Ressalvo que, apesar de não me sentir capaz de proporcionar com autonomia uma gestão adequada a estes doentes, adquiri capacidades para reconhecer sinais e sintomas fundamentais a qualquer enfermaria que albergue doentes geriátricos.

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8 As 4 semanas que estagiei em Medicina Geral e Familiar na USF Oriente superaram largamente as minhas expetativas. De facto, considero ter cumprido os principais objetivos para a unidade curricular e ter ganho algum traquejo a ver doentes. Relativamente às consultas que dirigi sozinha, posso dizer que no início estava mais nervosa do que gostaria, contudo, a experiência permitiu-me ter uma visão mais ativa e perceber o quão complicada pode ser a aliança terapêutica com o nosso doente. Em retrospetiva, ter estagiado em MGF antes das especialidades de Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia permitiu-me deparar com a saúde infantil e materna de um ponto de vista continuado, onde a prevenção primária se alia de forma estrita à diminuição da prevalência e incidência de patologias que observei nos cuidados secundários e terciários. Destaco ainda o rácio tutor-aluno como determinante na melhoria de certas aptidões práticas.

O estágio de Pediatria foi também muito bem organizado, com vários pontos positivos a destacar. Apesar de, uma vez mais, o grosso do estágio ter sido em subespecialidade, isto trouxe-me várias vantagens. Durante o curso não tive contacto com a especialidade de Pneumologia e, apesar de as patologias na Pediatria serem muito distintas, o treino sistemático e tutorado do exame objetivo permitiu-me a melhoria gradual da auscultação pulmonar. Esta aprendizagem tornou-se ainda mais essencial por não ter tido o estágio de Medicina. A consulta de Imunoalergologia foi também uma grande mais valia, já que durante o curso nunca tivemos contacto com esta especialidade. Destaco também as Jornadas de formação para a UCF como uma grande iniciativa da Dr.ª Leonor Sassetti. Os temas foram muito bem apresentados e com relevância premente. Como pontos menos positivos, a falta de contacto com o internamento acabou por limitar a minha formação prática em algumas técnicas propostas pela unidade curricular como necessárias. De um modo geral, e tendo em conta que foram só 4 semanas na Pediatria, considero que, pela variedade de patologias que vi, alcancei a maioria dos objetivos propostos.

O estágio de Ginecologia e Obstetrícia foi aquele com menor componente prática. Relativamente à parte de Obstetrícia, apenas tive a oportunidade de fazer alguns procedimentos práticos mais simples. Quanto à Ginecologia, o estágio foi puramente observacional, destacando-se apenas a Consulta de Senologia como uma grande mais valia, uma vez que foi a única oportunidade que tive de assistir a esta valência durante o curso. Apesar de ter ficado desiludida com a pouca intervenção prática que tive durante o estágio, acabei por observar uma panóplia de patologias que me permitiram a integração e consolidação de conhecimentos teóricos e de atuação prática. Sublinho a grande vantagem que foi, a nível formativo, ter estado presente num total de 48h de SU. Como tal, apesar de não ter completado alguns dos objetivos propostos pela unidade curricular, uma vez que não participei nos diferentes tipos de parto nem em procedimentos terapêuticos de Ginecologia, os objetivos teóricos foram largamente cumpridos. Considero ainda que, por ter estagiado numa zona com um vinco étnico e cultural substancialmente diferente, com maior percentagem de imigração de países com cuidados de saúde precários, acabei por ter a oportunidade de ver doentes com patologias na gravidez pouco prevalentes em Portugal.

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9 O estágio de Cirurgia primou pela organização e componente prática. Completei a maioria dos objetivos propostos e pude ainda participar em intervenções anestésicas. A primeira semana do estágio no HBA surpreendeu-me - foram abordados vários temas e foi das únicas alturas do curso em que o destaque foi para áreas alheias à Medicina. O estágio em si incidiu nas patologias mais básicas da Cirurgia Geral, o que me permitiu um maior à vontade no que lhes diz respeito. No entanto, por não fazer parte da rede de SU, acabámos por não contactar tanto com as urgências cirúrgicas. A título pessoal, gostava de ter assistido a uma maior variedade de patologias, algo que acabou por ser um pouco limitado dada a magnitude do Hospital. Não obstante, dentro das contingências a que este está exposto, e tendo em conta o interesse que os tutores demonstraram em nós e a autonomia parcial que nos foi dada, foi um estágio muito gratificante e com forte componente prática.

Relativamente ao trabalho de revisão teórica para a cadeira de Medicina, claro está que dificilmente substituirá um estágio de 8 semanas. Numa nota mais pessoal, Medicina Interna é uma das formações específicas que considero para o meu futuro, de tal forma que esperava que este estágio no final do ciclo de estudos contribuísse para esclarecer eventuais dúvidas que pudesse ter em relação à especialidade. De facto, apesar de ter tido o total de 21 semanas de Medicina Interna ao longo do curso, todas elas foram no 3.º e 4.º ano, períodos ainda muito verdes da formação do jovem estudante de Medicina. Considero então que será, sobretudo no início da minha formação pós-graduada, um grande Calcanhar de Aquiles. No entanto, perante uma situação alheia à faculdade, realizarmos um trabalho num tema altamente prevalente e transversal a praticamente todas as especialidades é um bom suporte para o futuro.

Neste contexto, acho que a Pandemia COVID-19 acabou por ser impactante na formação de todo e qualquer estudante no geral, e do aluno de Medicina em particular. Contudo, em momentos de crise também surgem oportunidades de reflexão, inovação e progresso. É nestas alturas que surge a necessidade de melhorarmos e de distinguirmos o supérfluo do essencial. Como tal, acho que os estágios menos práticos terão de caminhar no sentido de o deixarem de ser, na medida em que não se revela necessária a presença de alunos que não aprendam ou usufruam do estágio.

Em jeito de conclusão, penso ter alcançado os objetivos descritos na introdução. Não considero que seja ainda completamente autónoma em muitas das valências, mas o reconhecimento de situações urgentes e a abordagem das patologias mais comuns de cada especialidade foram tão escrutinadas ao longo do ano que me sinto capaz de as reconhecer e abordar. Quanto aos objetivos pessoais, sem dúvida que o mais difícil foi a gestão de tempo. É um ano muito exigente, com muito estudo, prática clínica, e uma componente relevante de stress. No entanto, tudo isto faz parte do dia-a-dia de qualquer bom profissional e termino este ano confiante de que completei mais um passo essencial para o futuro exercício da Medicina. Resta-me estender um enorme agradecimento a todos os que tornaram isto possível, incluindo os meus tutores - especialmente à Dr.ª Ana Pinheiro e Dr.ª Ana Casimiro.

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4. Anexos

Anexo A: Trabalhos realizados no âmbito dos Estágios Parcelares

Estágio parcelar Tema Restantes elementos do grupo

Medicina Geral e Familiar Resumo das guidelines da

Sociedade Europeia de Cardiologia sobre dislipidemias

-

Pediatria Ginecomastia em idade

pediátrica

Gonçalo Tardão Carlota Branco

Julia Yen

Cirurgia Take my breath away – Bócio

Multinodular tóxico

Gonçalo Tardão João Martins

Medicina Síndrome da Apneia Obstrutiva

do Sono

Carolina Tavares Marta Baldo Francisca Leitão

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Anexo B: Patologias observadas na consulta de psicogeriatria

15% 14% 7% 36% 14% 7% 7%

Depressão psicótica

Episódio depressivo

Pseudo-demência depressiva

Quadro demencial com alterações

do comportamento

Quadro demencial com sintomas

psicóticos

Perturbação delirante persistente

Psicose induzida por

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Anexo C: Patologias observadas no SU de Ginecologia e Obstetrícia do

Hospital Fernando de Fonseca

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13

Anexo D: Jornadas de Formação da UCF (Pediatria)

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Anexo E: Certificado TEAM

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Anexo F: Certificado do iMED

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Anexo G: Congresso na Fundação Champalimaud: Game of Thrones of Rectal

Cancer

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Anexo H: Certificados Tuna Médica de Lisboa

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Anexo I: Certificado Mesa Assembleia Geral AEFCM

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