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A INSERÇÃO DO ENSINO ODONTOLÓGICO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE | Revista Tecnológica

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A INSERÇÃO DO ENSINO ODONTOLÓGICO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Marcos Takemoto1 Karin Tomazelli2

RESUMO

Têm se observado intensos movimentos no sentido de promover uma ampla e criteriosa mudança nos cursos de graduação em Odontologia visando formar profissionais adequados às necessidades do Sistema Único de Saúde, pois existe uma necessidade de alterações importantes para que se possa integrar a saúde bucal dentro do novo contexto de ação interdisciplinar e multiprofissional, formando um profissional com perfil adequado. Com este propósito, este artigo procurou trazer à luz do questionamento, as efetivas articulações políticas de saúde com a educação, mudanças didático-pedagógicas visando uma aprendizagem ativa, centrada no estudante e no papel do professor como moderador deste processo de construção do conhecimento, dando condições ao estudante de desenvolver um pensamento e um discurso próprio da área da odontologia, utilizando-se de metodologias ativas de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Ensino. Educação superior. Odontologia. Educação em Odontologia.

1 INTRODUÇAO

A sociedade odontológica tem observado uma necessidade de mudança na formação no perfil do estudante de Odontologia, enfatizando a necessidade do estudo das práticas de ensino e da avaliação curricular, objetivando o entendimento do currículo e a proposição de alternativas para a reestruturação pedagógica da graduação odontológica, propondo o desenvolvimento de ações com o objetivo de inovar na formação dos recursos humanos na área da saúde.

O curso de Odontologia tem recebido críticas em relação ao seu ensino e prática por seguir um modelo direcionado para o tratamento de doenças e de baixa incidência social. Este modelo não reflete os pressupostos e diretrizes da Saúde Pública, preconizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e reafirmados nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Neste contexto, aponta-se a necessidade do estudo das práticas de ensino e da avaliação curricular,

1 Cirurgião-Dentista, especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, especialista em Prótese Dentária, especialista e Mestre em Implantodontia, Doutorando em Implantodontia.

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objetivando o entendimento do currículo e a proposição de alternativas para a reestruturação pedagógica da Odontologia.

O ensino odontológico foi marcado pelas propostas de modernização dos currículos dos cursos de graduação emanadas do Conselho Federal de Educação. Dentre essas propostas, destacam-se: a) formação profissional para a realidade brasileira; b) promoção de um perfil profissional generalista capaz de aplicar a filosofia preventiva e social aos problemas de saúde; c) valorização e compreensão da participação popular e da abordagem multisetorial; d) prática extramuros sob supervisão em instituições públicas com valorização da integração ensino-serviço. (CEF, 1982)

O modelo de ensino-aprendizagem centrado na demanda dos serviços em saúde apresenta aspectos muito diferenciados daqueles aprendidos somente em sala de aula, propiciando uma melhor relação entre docente e alunos, possibilidade de atuação com outros profissionais, conhecimento da necessidade do usuário e vivência das complexidades nos problemas de saúde. (Garcia, 2001)

Para o MEC (2005), um componente importante de mudança na formação após a promulgação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a área da saúde é o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), dos Ministérios da Educação e da Saúde. Ele foi lançado em 2005 e tem como objetivo geral “incentivar transformações do processo de formação, geração de conhecimentos e prestação de serviços à população, para abordagem integral do processo de saúde-doença”.

Portanto, existe uma real necessidade de transformar o processo de formação do estudante de Odontologia incorporando a compreensão do conceito mais amplo de saúde, que irá refletir na formação de um profissional capaz de contribuir de forma permanente para a produção de saúde da sociedade em que vive, permitindo construir um perfil acadêmico e profissional com competências, habilidades e conteúdos contemporâneos, bem como formar um profissional apto para atuar com qualidade e resolutividade no SUS.

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2 REVISAO DE LITERATURA

Apesar de ter ocorrido movimentos significativos para uma reflexão crítica sobre os modelos tradicionais de formação profissional principalmente na Medicina e na Enfermagem, em relação à Odontologia existe um atraso histórico destes movimentos de mudança, exigindo para o futuro um esforço redobrado para que possamos integrar a saúde bucal dentro do novo contexto de ação interdisciplinar e multiprofissional, formando um profissional com perfil adequado. (CARVALHO e NETO, 2001).

Ao analisar o perfil dos docentes dos cursos de Odontologia, os professores, até recentemente, “eram os profissionais bem-sucedidos e disponíveis para ensinarem nas faculdades”. Considera que cursos de educação continuada, voltados para desenvolver processos pedagógicos, podem trazer efetiva colaboração para o docente das diferentes áreas.

Diante da necessidade de pensar caminhos para a formação docente na área, cabe conhecer as concepções dos coordenadores de curso de graduação sobre as mudanças que desafiam a prática pedagógica em Odontologia, tendo em vista as novas demandas sociais. Para isso, investigam-se as concepções de qualidade do ensino daqueles que respondem, legalmente, pela elaboração dos currículos nas faculdades de Odontologia: os coordenadores de graduação. (CARVALHO, 2003).

A falta de conhecimentos mais específicos inerentes no curso de Odontologia possui reflexos no serviço publico, pois existe segundo os autores uma dificuldade em compreender o processo saúde-doença e na premissa de que as funções biológicas são tidas como contribuições para objetivos inerentes à sobrevivência e eficiência social, através de um funcionamento normal dos sistemas biológicos, isto é doenças bucais como cárie, periodontopatias e más oclusões, enquanto não sintomáticas e disfuncionais, não constituem doenças propriamente ditas por não atenderem ao critério funcional de saúde. (ALMEIDA e JUCÁ, 2001).

No cenário brasileiro, não é recente que o SUS vem sofrendo ataques no sentido de se mutilar suas características principais, particularmente a universalidade e a integralidade, bem como a garantia da saúde como direito de cidadania. O processo de consolidação do SUS vem se dando nas batalhas do dia-a-dia e principalmente dentro das municipalidades. É importante considerar que, manter os preceitos constitucionais é fundamental, entretanto, mais importante

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ainda é a consolidação do sistema com a implantação de modelos assistenciais mais equitativos, resolutivos e eficazes que reforcem o ideário do SUS na prática. (RONCALLI, 2003).

A inclusão da saúde bucal no SUS foi salutar à população brasileira. A situação anterior foi superada através do desenvolvimento de programas de prevenção, conjuntamente a ações curativas seguidas de orientação ao paciente; houve também uma maior popularização dos serviços de saúde bucal. (FARIAS e MOURA, 2003)

As novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para a Odontologia foram instituídas no ano de 2002 e tinham o objetivo de orientar a formação de um cirurgião-dentista cujo perfil acadêmico e profissional apresente habilidades relacionadas à atuação qualificada e resolutiva no SUS. As novas Diretrizes Curriculares para a Odontologia, em um contexto ampliado, objetivam direcionar a formação do Cirurgião-Dentista para atuar no SUS, valorizando a formação de egressos capazes de prestar atenção integral mais humanizada, aptos ao trabalho em equipe e à melhor compreensão da realidade em que vive a população. (MORITA e KRIGER, 2004).

Atendimento das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido negligenciado, principalmente quando se analisa a saúde bucal da população adulta. Este artigo faz uma reflexão sobre o papel da nova especialidade Odontologia do Trabalho e o contexto no qual deve se adaptar para uma maior contribuição social. Mediante suas funções, é feita uma análise de qual seria o seu papel, dentre as especialidades da Saúde, na consolidação do SUS, ainda em processo de construção. Odontologia do Trabalho e Sistema Único de Saúde – uma reflexão o surgimento da Odontologia do Trabalho deve ser pensado como um reforço à promoção de saúde que o SUS pretende garantir à população. (PERES et al., 2004)

Uma parcela significativa de instituições públicas e privadas de ensino odontológico, mesmo conhecendo a realidade precária da saúde coletiva, mantém seu currículo pautado no modelo flexneriano, caracterizado pelo mecanicismo, individualismo, especialização, tecnicismo do ato operatório e ênfase na Odontologia curativa. Isso gerou uma prática de alto custo, baixa cobertura, com pouco impacto epidemiológico e desigualdades no acesso. (MOYSÉS, 2004).

Entre as Faculdades de Odontologia do Brasil, 76,7% dedicam de 75 a 325 horas à Disciplina de Saúde Coletiva, abordada em caráter teórico-prático e o desenvolvimento de atividades extramuros, em interação com a comunidade, é capaz de sensibilizar os alunos frente à realidade social na qual atuam, e com isso contribuir para sua formação profissional. Essas

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atividades vêm cumprindo com o seu papel, que é formar profissionais comprometidos com a saúde bucal coletiva. (MOIMAZ et al., 2004).

A Odontologia é um curso superior é altamente assediada pela indústria de equipamentos, de medicamentos e de materiais odontológicos, tendo influência, numa relação direta com as demandas do mercado, na prática profissional e como consequência, a odontologia tornou-se uma profissão tecnicamente elogiável (pelo nível de qualidade e sofisticação inegavelmente alcançado nas diversas especialidades), cientificamente discutível (uma vez que não tem demonstrado competência para expandir esta qualidade para a maioria da população) e socialmente caótica (pela inexistência de impacto social ante as iniciativas e programas públicos e coletivos implementados). (SECO e PEREIRA, 2004).

A adaptação do conceito de educação perante aos padrões de comportamento considerados ideal aos egressos é imposta numa condição de passividade e subordinação à autoridade do educador e exclui-se a importância da responsabilidade como fator fundamental para que o indivíduo se torne sujeito, participando ativamente de seus processos, comprometido com suas decisões, geradas através de pensamento crítico em relação à realidade. (FREITAS et al., 2005).

No sentido de tornar o SUS uma rede de ensino-aprendizagem na prática do trabalho, algumas das estratégias implementadas incluíram: a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, o Programa Aprender SUS, a Residência Multiprofissional em Saúde e o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, que passou a incentivar transformações nos processos de formação, com base na reorientação teórica, nos cenários de prática (integração docenteassistencial, diversificação dos cenários e articulação dos serviços assistenciais com o SUS) e na reorientação pedagógica. (BRASIL, 2005).

O Ensino da Odontologia no Brasil tem sido sistematicamente criticada por seu caráter excessivamente técnico em detrimento de aspectos fundamentais, como a prevenção, uma relação paciente profissional mais humanizada e a própria ética do cotidiano, deixando clara a necessidade de uma sensibilização da profissão para tais aspectos. (FREITAS et al., 2005).

Para garantir uma efetiva integração, o conceito de saúde explicitado na Constituição e os princípios que nortearam a criação e implantação do SUS foram elementos fundamentais na definição das Diretrizes Curriculares dos cursos da área da Saúde. Do ponto de vista legal, o SUS

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precisa ser entendido como um interlocutor essencial nas Instituições de Ensino Superiores na formulação e implementação dos projetos pedagógicos de formação profissional e não mero campo de estágio ou aprendizagem prática e estas Diretrizes Curriculares fazem parte de um processo de superação de limites da formação e das práticas clínicas tradicionais. (Araújo, 2006). A Reforma Sanitária tem promovido transformações políticas e conceituais quanto às questões relacionadas às políticas de saúde e ao sistema de saúde não despertaram, de modo significativo o interesse dos professores da área odontológica e isto reflete de forma direta no processo de formação dos CD (cirurgiões dentistas) os quais não são devidamente qualificados para exercerem seus papéis estratégicos para o funcionamento adequado do sistema. Isto porque a formação dos trabalhadores da saúde não se orienta pela compreensão crítica das necessidades sociais em saúde bucal e é conduzida sem debate com os organismos de gestão e de participação social do SUS. (NARVAI e FRAZÃO, 2006).

A experiência vivenciada pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FO/UFRGS) é um exemplo a ser estudado quando se quer compreender de que modo essas transformações tem ocorrido. Essa instituição pública tem pautado seu projeto político pedagógico baseando- se no panorama político nacional. Procurou reorganizar seu currículo para, dentre outros objetivos, integrar atividades acadêmicas com o mundo do trabalho no SUS.

Os estágios curriculares supervisionados recebem papel de destaque neste sentido. Nas novas proposições curriculares houve aumento substancial de carga horária para a realização dos estágios nos SUS. Desde o ano de 2006, os estágios têm sido implantados de forma progressiva, buscando propiciar aos estudantes do curso a inserção nos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) através da atuação em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e de Estratégia de Saúde da Família (USF/ESF), assim como, em serviços de Gestão e Atenção Especializada na Saúde Bucal. (NARVAI, 2006).

Com relação ao enfoque teórico, as escolas relataram ministrar seus cursos predominantemente buscando um equilíbrio no enfoque biológico e social, sendo poucas as que se baseiam no enfoque epidemiológico com ênfase na determinação social do processo saúde-doença, portanto um indício positivo de que nenhum curso seguiria com o paradigma biomédico-clínico, ao que corresponderia um perfil de egresso tradicional.

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Contudo, o autor constatou nas evidências relatadas uma atribuição de responsabilidade quase exclusiva às disciplinas de Saúde Coletiva pela concepção social deste enfoque teórico. É inegável a contribuição destas disciplinas, mas questionável a manutenção, ainda hoje, de outras disciplinas na visão estritamente biológica, até mesmo porque “os estudantes valorizam as diferentes áreas do conhecimento do mesmo modo que a maior parte de seus docentes” (FINKLER, 2009).

Embora tal sensibilidade social não possa ser objetivamente mensurada, parece claro que sua construção depende de uma melhor formação por parte do egresso quanto aos aspectos sociais e humanos que, em última análise, constitui o verdadeiro objetivo de sua atividade profissional. Esta formação, principalmente fundamentada em disciplinas como sociologia, filosofia, psicologia, antropologia, entre outras, tem sido negligenciada na formação e na prática profissional. (ALMEIDA et al., 2010).

A implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) direcionou a saúde pública brasileira para ações preventivas, humanizadas e integrais e novas práticas de saúde exigem novas práticas na formação de profissionais. Baseados nisto, os autores realizaram um estudo para analisar o perfil do estudante de Odontologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) de acordo com os interesses profissionais e a atuação no SUS.

Utilizaram uma abordagem indutiva, com procedimento estatístico-comparativo e técnica de observação direta extensiva, a partir de questionário. Do universo de 344 estudantes matriculados em Odontologia, retirou-se uma amostra de 172 alunos (nível de confiança de 95%). Para 65,1%, o SUS se propõe a oferecer ações baseadas em atendimento integral, humanizado e voltado para as necessidades reais da população (77,3%). Observaram correlação estatística (p<0,05) entre o período de graduação e a percepção dos estudantes de que as atividades práticas são suficientes ao exercício profissional (correlação negativa) e de que a formação em Odontologia na UFPB direciona para o trabalho no SUS (correlação positiva). A formação foi considerada adequada às práticas do SUS, destacando-se a ênfase na formação humanista e na vivência no sistema. Já a formação para as especialidades clínicas foi avaliada insuficiente. (CAVALCANTI et al., 2010).

Os autores realizaram um trabalho analítico da integração dos cursos de Odontologia com a rede pública de saúde, através de dados coletados em 15 cursos, articulando-os a um referencial

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teórico para análise das mudanças na graduação, no qual a integração “ensino-serviço” é concebida de forma ampliada como “ensino, gestão, atenção e controle social”. Os resultados indicaram uma imprecisão sobre o tema, vínculos com o sistema de saúde não caracterizáveis como integração efetiva, e a praticamente inexistente integração ensino – atenção – gestão – controle social, ou no máximo, um processo incipiente e em construção, com lacunas na articulação com a gestão dos serviços e o controle social.

Concluíram que os cursos precisam avançar em muito nas alianças e ações estratégicas com base na educação permanente em saúde, a fim de que as novas mudanças curriculares sejam efetivamente capazes de colaborar com o aperfeiçoamento do SUS. (FINKLER et al., 2010).

Um dos objetivos principais das propostas de mudança de paradigma no ensino odontológico do país tem sido o de conformar o perfil profissional do Cirurgião- Dentista de modo a torná-lo mais ajustado às exigências ditadas pelo Sistema Único de Saúde. Mas esse é um modelo de formação incipiente e que ainda carece de consensos em torno do modo como formar esses profissionais e neste trabalho foi descrever e avaliar processos pedagógicos, técnicos e políticos produzidos no percurso de implantação dos estágios curriculares de odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apontando aspectos envolvidos nas experiências de reorientação da formação do cirurgião-dentista para sua atuação no Sistema Único de Saúde.

Foram analisadas produções escritas e depoimentos de docentes, documentos e relatórios institucionais e pesquisas escolares. As redes de atenção e ensino em saúde bucal encontram-se em processo de estruturação, desafios precisam ser superados: expansão limitada da atenção primária à saúde e, consequentemente, dos campos de estágios; necessidade de avanços nas discussões sobre o papel, atribuições e institucionalizações do preceptor/trabalhador e do tutor/docente; as incompreensões, ainda persistentes, a respeito dos estágios, tanto na instituição de ensino superior como na gestão e nos serviços do SUS; questões de financiamento; discurso hegemônico da clínica liberal-privatista e seus reflexos no embate constante entre tutores/preceptores e discentes; limites impostos pelo desenho fragmentado da rede de atenção em saúde.( WARMLING et al., 2011).

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3 DISCUSSAO

Revendo o antigo modelo pedagógico foi observado a presença do professor centralizado, inibindo a projeção criativa do discente. Teixeira (2007), classificou o ensino como a produção em massa nas indústrias, em que o aluno é mais objeto que sujeito e o ambiente de aprendizagem, mais uma limitação que uma libertação.

Todavia, com o desenvolvimento das ciências, a educação busca um novo rumo de crescimento e está sujeita a constantes avaliações, sendo que Freitas et al. (2009) relatam que na abordagem pedagógica tradicional observa-se uma baixa eficácia, os conteúdos se apresentam distantes da realidade e das necessidades de aprendizagem o que leva ao desperdício de tempo, de esforços e à necessidade de requalificação.

Uma pesquisa realizada por Cordioli e Batista (2006) coletou dados com alunos formados há até cinco anos e em exercício na prática generalista da profissão, matriculados nos cursos de pós-graduação em ortodontia, odontologia estética e implantodontia. O trabalho mostrou que a “falta de articulação da teoria com a prática” constitui a categoria de análise com maior número de unidades de registro, com ênfase na falta de treinamento das habilidades práticas para o atendimento clínico geral. A “visão de uma odontologia descontextualizada da realidade” é a segunda categoria mais apontada como dificuldade após a graduação.

O estudo aponta a necessidade de ampliação de cenários de aprendizagem pelo aprimoramento na proposta de ensino da clínica integrada, integração de conteúdos/disciplinas e implantação de práticas interdisciplinares.

Na articulação de conhecimentos, busca-se mudar a estrutura curricular de tal forma que se elimine os ciclos clínico e básico completamente separados e organizados em disciplinas fragmentadas, passando para um currículo majoritariamente integrado, sem disciplinas isoladas (DCN, Art. 13, incisos II e III). Este processo pretende a articulação e o diálogo entre atores e saberes da clínica, da saúde coletiva e da gestão a partir das necessidades locais.

Para Pereira (2003), a educação na Odontologia depende de uma sintonia entre educadores e alunos e das frequentes trocas de experiências, partindo do conhecimento da comunidade local e de suas necessidades. A sistemática educativa varia de acordo com o indivíduo ou a população alvo, pois o aprendizado é tão pessoal quanto uma impressão digital,

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uma vez que diferentes pessoas aprendem de maneiras diferentes. Assim, percebe-se que cada pessoa tem um ritmo de aprendizagem diferente e um grau de atenção diferente.

Também é importante que os pacientes sejam reconhecidos como pessoas que necessitam de cuidados, não como objetos de estudo ou experiência e estas mudanças deverão ser aceitas e incorporadas pelos estudantes, corpo docente e pais de alunos. A nova proposta valoriza a capacidade, não o diploma; a criatividade, a autoconfiança e a busca pelo conhecimento, não a passividade e aceitação de conhecimentos prontos, de acordo com Feuerwerker, 2000.

4 CONCLUSÃO

As Diretrizes Curriculares Nacionais devem ser praticadas no ensino odontológico promovendo um modelo de ensino centrado no diagnóstico, promoção da saúde, prevenção e cura dos cidadãos.

Necessidade de aplicação do processo de ensino-aprendizagem à rede de serviços públicos, com o comprometimento da coordenação e dos docentes nos cursos de Odontologia.

A população que faz uso do SUS necessita ser atendidas por profissional que seja generalista, tecnicamente competente e tenha sensibilidade social.

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