• Nenhum resultado encontrado

PALAVRAS-CHAVE: Demonstrações contábeis. Índices financeiros. Análises.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PALAVRAS-CHAVE: Demonstrações contábeis. Índices financeiros. Análises."

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

BONKOSKI, Fabiane Fernanda1

SILVA, Karina Cristiane da¹ CUNICO, Eliana2

RESUMO

Este artigo mostra uma análise realizada em uma empresa do ramo do comércio de calçados, a qual foi utilizada para conhecer a situação financeira da empresa. Como principal objetivo, pretende-se mostrar de que forma as demonstrações financeiras são calculadas e, com a interpretação de métodos como a análise de indicadores, o que cada uma demonstra. Como processo metodológico, este estudo valeu-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, bibliográfica e, quanto aos procedimentos de coleta e análise de dados, foi baseado em um estudo de caso único. Como conclusão foi verificado, através dos índices estudados, que a empresa possui dificuldades em relação a seus compromissos e que um dos fatores determinantes é quantia de estoque parado, porém, essa situação pode ser revertida se os gestores conseguirem aliar o uso dos índices, que são um dado concreto, com a tomada de decisões visando sempre o crescimento da organização.

PALAVRAS-CHAVE: Demonstrações contábeis. Índices financeiros. Análises. 1 INTRODUÇÃO

O estudo foi realizado em uma empresa do ramo de comércio de calçados, conforme CNAE 4782-2 – Comércio varejista de calçados e artigos de viagem. Situada na cidade de Toledo – PR, a mesma é optante pelo Lucro Real Trimestral.

A pesquisa teve objetivo apurar, com base nas demonstrações contábeis fornecidas, os índices de liquidez, rentabilidade, endividamento e atividade referente a 3 exercícios de uma empresa do ramo de comércio de calçados. Foi elaborado um referencial teórico para cada índice, proporcionando a fundamentação para as análises, esses índices foram calculados através de fórmulas previamente estabelecidas e após, foram comparados entre os três períodos para que assim fosse verificado o desempenho da empresa.

1 Pós-graduando do curso de Especialização Lato Sensu MBA em Administração Financeiras, Contábil e

Controladoria, do Programa de Pós-Graduação da Faculdade Sul Brasil – Fasul.

(2)

A pesquisa se mostrou importante pela necessidade de demonstrar aos usuários, tanto internos quanto externos, informações sobre a realidade da empresa, proporcionando assim um meio de avaliar o desempenho da organização, podendo então compreender, analisar e monitorar sua posição no mercado.

Demonstrou-se como problema o fato de que as empresas, ao elaborar as demonstrações contábeis, cumprem com pré-requisitos legais, porém, em sua grande maioria, estas informações não são utilizadas para conhecer o real desempenho da empresa. Sendo assim, foram apurados os índices de liquidez e de giro de uma empresa do ramo de comércio de calçados para que seja conhecido seu real desempenho.

A pesquisa trouxe informações relevantes e úteis para a empresa, tanto para seus gestores na tomada de decisões, tanto para fornecimento a usuários externos, para que estes tenham também conhecimento do desempenho da empresa e de sua posição no mercado.

Diante desse contexto, o problema de pesquisa que norteia a construção deste artigo consiste em conhecer “Como os resultados das análises das demonstrações financeiras e a tomada de decisão podem ser alinhadas para melhorar os índices, reduzir os custos e aumentar a lucratividade?”

Como meios para responder ao problema de pesquisa, foi estabelecido o objetivo de elaborar e analisar as demonstrações contábeis da empresa, para conseguir definir as suas dificuldades, e como objetivos secundários, criar sugestões para que a empresa possa melhorar seus índices de forma que ela se torne lucrativa. Para isso, foi elaborado um referencial teórico que propiciou fundamentação para as análises, após, calculados e comparados os referidos índices ao longo de três períodos e verificado o desempenho da empresa. Assim, considera-se que, com base nos resultados obtidos a cada etapa, os gestores estarão cientes de seu desenvolvimento e terão ferramentas capazes de melhorar o desempenho financeiro da organização em estudo.

Após esta introdução, a seção 2 apresenta o desenvolvimento teórico. A seção demonstra os procedimentos metodológicos utilizados para coletar, interpretar e analisar os dados. A seção 4 trará uma comparação entre os índices liquidez, atividade, rentabilidade e endividamento, bem como sua interpretação baseada em pesquisa bibliográfica. E, finalmente, na seção 5 as considerações finais e as limitações serão avaliadas.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Contabilidade Financeira fornece dados importantes que permitem avaliar o desempenho financeiro passado de uma organização, auxiliando na tomada de decisões.

(3)

Segundo Padoveze (2007, p. 114) “A contabilidade financeira, que podemos chamar de contabilidade tradicional, é relacionada basicamente como o instrumental contábil necessário para a feitura dos relatórios para usuários externos e necessidades regulamentadas.”.

Ainda de acordo com Padoveze (2007) a Contabilidade Financeira segue os princípios da contabilidade e deve ser objetiva, verificável e relevante. É mensurada através de moeda corrente. A frequência de seus relatórios pode ser anual, trimestral, mensal ou até mesmo ocasional. Seus usuários podem ser externos ou internos, porém seu principal objetivo é facilitar a análise de usuários externos.

Iudícibus (2009, p. 22) explica que a análise financeira das demonstrações pode

[...] servir para o emprestador de dinheiro na avaliação da segurança do retorno do empréstimo ou financiamento como para a gerência na avaliação de tendência da empresa. Provavelmente ambos se utilizarão de um bom número de índices calculados da mesma forma, com ênfases diferenciadas.

Sendo assim, a contabilidade financeira, por meio da análise das demonstrações contábeis, é um importante instrumento de avaliação e auxílio na tomada de decisões para diversos tipos de usuários envolvidos.

As demonstrações financeiras fornecem informações importantes sobre o que aconteceu em um determinado período. Segundo Marion (1998, p. 51) “objetiva relatar às pessoas que se utilizam da contabilidade (usuários da contabilidade) os principais fatos registrados pela contabilidade em determinado período.”.

Através da análise das demonstrações é possível obter índices “[...] com a finalidade de avaliar a saúde financeira e as perspectivas futuras de uma empresa.” (GARRISON; NOREEN; BREWER, 2007, p. 636). Estas informações são relevantes principalmente para os administradores, investidores e credores, pois representam o desempenho da empresa.

Matarazzo (2010, p. 15) cita a análise como uma ferramenta que “[...] permite uma visão da estratégia e dos planos da empresa analisada; permite estimar seu futuro, suas limitações e sua potencialidade. É de primordial importância, portanto, para todos os que pretendem se relacionar com uma empresa [...]”.

Segundo Salazar e Benedicto (1998, p. 248)

A informação de uma análise financeira pode ser utilizada para melhorar o desempenho. Além disso, as análises das demonstrações financeiras podem ser usadas para prever como as decisões estratégicas, ou a expansão das atividades econômicas de uma empresa, são capazes de afetar os desempenhos financeiros futuros.

(4)

Os índices utilizados na análise são obtidos através de cálculos matemáticos baseados nas informações que constam nos relatórios contábeis. De acordo com Padoveze (2010, p. 198) “todos os cálculos são então baseados no balanço patrimonial e na demonstração de resultados.”. Ainda segundo Padoveze (2010), a análise poderia ocorrer sem os indicadores, desde que se tenha conhecimento aprofundado dos demonstrativos, porém, os índices e técnicas de análise agilizam o processo de avaliação da empresa.

O balanço patrimonial é um dos relatórios mais utilizados pela contabilidade, sendo o mais importante para ser analisado, pois através dele pode-se verificar o desempenho da empresa. Segundo Ribeiro (2009), o balanço patrimonial é a demonstração financeira que se destina a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, em uma determinada data a posição patrimonial e financeira de uma entidade. O balanço é divido em duas partes ativo e passivo, na primeira parte encontramos os bens e direitos e na segunda temos as obrigações e o patrimônio líquido.

De acordo com Franco (1996), através do balanço patrimonial conseguimos saber quanto à empresa possui em seu ativo circulante, passivo e patrimônio líquido. Se analisarmos o aspecto financeiro do patrimônio verifica-se as relações de débito e de crédito para com terceiros, como também os recursos que podemos usar para liquidar essas dívidas. Levando essas analises em consideração, o ativo é considerado como um conjunto de direitos reais que são os bens e os direitos pessoais que são os créditos do patrimônio, e o passivo como um conjunto de obrigações para com os terceiros.

Já a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um relatório contábil também muito utilizado para realizar a análise da empresa, pois nele fica evidenciado o resultado contábil de um determinado período, dizendo se ela teve lucro ou prejuízo. Para Marion (2009), a demonstração do resultado do exercício é um resumo das receitas e despesas de um determinado período, ela é apresentada de forma dedutiva, ou seja, as receitas subtraem-se as despesas e depois temos o resultado.

A demonstração do resultado do exercício, elaborada simultaneamente com o balanço patrimonial, constitui-se no relatório sucinto das operações realizadas pela empresa durante determinado período de tempo, onde sobressai um dos valores mais importantes às pessoas nela interessadas: o resultado líquido do período, sendo lucro ou prejuízo (HOSS, et al., 2008, p. 99).

Através da Demonstração do Resultado do Exercício e Balanço Patrimonial é possível calcular os indicadores financeiros da empresa verificando assim sua situação financeira.

(5)

De acordo com Marion (2009), através dos índices de liquidez podemos analisar a capacidade de pagamento da empresa, ou seja, se a empresa tem capacidade de saldar seus compromissos, isso pode ser em longo prazo, curto prazo ou prazo imediato.

A Liquidez Geral mostra a capacidade de pagamento da empresa em longo prazo, ou seja, se ela tem capacidade de liquidar suas dívidas. Para Marion (2009, p. 79) “mostra a capacidade de pagamento da empresa a Longo Prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro (a Curto e Longo Prazo), relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida (a Curto e Longo Prazo) [...]”. Consiste na soma do Ativo Circulante com o Realizável a Longo Prazo, dividido pelo Passivo Circulante somado o Exigível a Longo Prazo e ao Capital de Terceiros.

A Liquidez Corrente mostra a capacidade de pagamento da empresa em longo prazo, ou seja, se ela tem capacidade de liquidar suas dívidas. Para Marion (2009, p. 79) mostra a capacidade de pagamento da empresa a longo prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro (a curto e longo prazo), relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida (a curto e longo prazo). É o Ativo Circulante dividido pelo Passivo Circulante.

O índice de Liquidez Seca representa a capacidade da empresa de saldar suas obrigações de curto prazo, pois, de acordo com Garrison; Noreen; Brewer (2007, p. 644) “os estoques e as despesas pagas antecipadamente são excluídos dos ativos circulantes, deixando apenas os ativos mais líquidos, ou prontamente realizáveis [...]” após, estes serão divididos pelos passivos circulantes. Sendo assim, é um índice mais rigoroso sobre o cumprimento das obrigações.

Os Índices de Rentabilidade mostram a rentabilidade do capital que foi investido e qual o grau de êxito econômico da empresa e segundo Padoveze (2010, p. 226) propicia “[...] análises e conclusões de caráter mais generalizante e de comparabilidade com terceiros.”.

A Margem Bruta mede o percentual de lucro adquirido em cada venda. Consiste na divisão do Lucro Bruto pela Receita Total multiplicada por 100. A Margem Operacional, segundo Iudícibus (2009, p. 88) “[...] trata de relacionar o lucro líquido com as vendas.” É utilizado para se obter o retorno sobre o investimento. Consiste na divisão do Resultado Operacional pela Receita Operacional.

A Margem Líquida também pode ser encontrada através da análise vertical da Demonstração do Resultado do Exercício, e segundo Padoveze (2010, p. 226) “Representam o quanto se obtém de lucro por cada unidade vendida.”. É representado pelo Lucro Líquido, dividido pelas Vendas Liquidas multiplicado por 100.

(6)

A Rentabilidade do Ativo, segundo Matarazzo (2010, p. 113) “mostra quanto a empresa obteve de Lucro Líquido em relação ao Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro por parte da empresa”. É calculada através da divisão do lucro líquido pelo ativo total multiplicado por 100.

A Rentabilidade do Patrimônio Líquido “[...] representa o quanto foi a rentabilidade do capital que os sócios da empresa investiram no empreendimento. É o indicador definitivo da rentabilidade do investimento próprio” PADOVEZE (2010, p. 229). É o Lucro Líquido dividido pelo Patrimônio Líquido multiplicado por 100.

O Capital de Giro, para Garrison, Noreen, e Brewer (2007) é considerado a diferença entre os ativos circulantes e passivos circulantes e geralmente precisa ser financiada por capital de terceiros de longo prazo ou por ambos, e estes se tornam caros, por isso, geralmente, é desejável que seja minimizado.

Sendo assim, “a existência de capital de giro amplo oferece aos credores de curto prazo alguma garantia de que serão pagos pela empresa” (GARRISON, et al., 2007, p. 643).

O Giro do Ativo, para Matarazzo (2010, p. 111) “mede o volume de vendas da empresa em relação ao capital total investido.” Sendo assim, expressa o nível de eficiência com que os recursos são aplicados. É obtido através das Vendas Líquidas divididas pelo Ativo.

Prazo Médio de Recebimento de Vendas ou PMRV, segundo Padoveze (2010, p. 222) “tem por objetivo dar um parâmetro médio de quanto tempo em média a empresa demora para receber suas vendas diárias”. É obtida através da multiplicação das Duplicatas a Receber por 360 dias, dividido pela Receita Operacional Bruta.

O Prazo Médio de Pagamento de Compras, ou PMPC, para Marion (2009, p. 113) “indica, em média, quantos dias a empresa demora para pagar suas compras.” O índice é obtido através da multiplicação de Duplicatas a Pagar por 360 dias, dividido pelas Compras.

O Prazo Médio de Renovação de Estoques, ou PMRE, para Marion (2009, p. 113) “indica, em média, quantos dias a empresa leva para vender seu estoque.” Obtemos os índices através da multiplicação do Estoque por 360 dias, dividido pelo Custo das Vendas.

Ciclo Operacional é, segundo Padoveze (2010, p. 224) “o tempo médio que a empresa leva para produzir, vender e receber a receita de seus produtos.” Para obter este índice é necessário somar o Prazo Médio de Renovação de Estoques com o Prazo Médio de Recebimento de Vendas.

(7)

Ciclo Financeiro é o intervalo entre o pagamento dos fornecedores e o recebimento das vendas. Segundo Padoveze (2010, p. 225) “o ciclo financeiro é o ciclo operacional deduzido do prazo médio de pagamento.”.

Os Índices de Endividamento demonstram a posição das dívidas da empresa. De acordo com Marion (2009, p. 93) estes índices “nos informam se a empresa se utiliza mais de recursos de terceiros ou de recursos dos proprietários.” Ainda segundo Marion, é favorável para a empresa que a proporção maior do endividamento seja de longo prazo, pois isto permite um tempo maior para gerar recursos que saldem estas dívidas, sendo que, se o endividamento se concentrar no passivo circulante a empresa poderá encontrar dificuldades.

A Participação de Capitais de Terceiros, também chamado de Índice de Grau de Endividamento relaciona “[...] as duas grandes fontes de recursos da empresa, ou seja, Capitais Próprios e Capitais de Terceiros. É um indicador de risco ou dependência a terceiros, por parte da empresa” MATARAZZO (2003, p. 154). Quanto maior a participação do Capital de Terceiros em relação ao Patrimônio Líquido, mais dependente a empresa em relação a terceiros. O índice é obtido através da divisão de Capitais de Terceiros pelo Patrimônio Líquido, multiplicado por 100.

Composição do Endividamento indica “qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação às obrigações totais” MATARAZZO (2003, p. 155). Encontra-se o índice através da divisão do Passivo Circulante pelo Capital de Terceiros, multiplicado por 100.

A Imobilização do Patrimônio Líquido trata-se de, segundo Matarazzo (2003, p. 156) “quanto a empresa aplicou no Ativo Não Circulante para cada $ 100 de Patrimônio Líquido.”. Quanto maior o investimento no Ativo Permanente, menos recursos próprios sobrarão para o Ativo Circulante, o que aumentará a dependência de Capitais de Terceiros. O índice se dá através da divisão do Ativo Não Circulante pelo Patrimônio Líquido, multiplicado por 100.

Existe também outro método muito utilizado pelas empresas, que avalia se a empresa tem ou não possibilidade de falência, ele é chamado de Termômetro de Insolvência ou Termômetro de Kanitz.

O criador desse método foi Stephen C. Kanitz que desenvolveu esse modelo para prever falências e avaliar a empresa. Usando-se de tratamento estatístico de índices financeiros de algumas empresas que realmente faliram, Kanitz criou uma nota que pode variar de (-) 7,0 até 7,0 para avaliar as empresas (MARION, 2009).

Segundo Marion (2009, p.181) “[...] se a nota, da empresa for positiva (de zero a 7,0), pode-se dizer que há um equilíbrio na administração do tripé, sendo melhor quanto mais se aproximar do 7,0 [...]”.

(8)

Se a nota for menor que (-) 3,0 representa que a empresa está com tendência a falência, portanto quando é menor que (-) 3,0 é uma situação de risco, onde a empresa deve ficar em alerta, pois ela pode tem tendência a falir, o que não significa que ela não possa sair desta situação.

Na utilização desse método deve se encontrar o fator de insolvência, ou seja, a nota para análise (MARION, 2009). Para isso Kanitz utilizou a seguinte fórmula para o fator de insolvência (X1 + X2 + X3 – X4 – X5): X1 = Lucro Líquido ___ X 0,05 Patrimônio Líquido X2 = Liquidez Geral X 1,65 X3 = Liquidez Seca X 3,55 X4 = Liquidez Corrente X 1,06 X5 = Exigível Total ___ X 0,33 Patrimônio Líquido

Após os dados encontrados é possível saber qual é a situação da empresa, mas é importante ressaltar que as demonstrações contábeis devem apresentar a realidade.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Segundo Barros e Lehfeld (2000, p. 2), a metodologia “corresponde a um conjunto de procedimentos a serem utilizados na obtenção do conhecimento”. Pode-se dizer que ela trata claramente e as ações realizadas durante o projeto de pesquisa. Para Marconi e Lakatos (2010, p. 65)

[...] o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Primeiramente foi elaborada uma pesquisa bibliográfica que “[...] é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL, 1991, p. 48).

Posteriormente, foi realizado um estudo de caso que “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado

(9)

conhecimento [...]” (GIL, 2010, p. 37). A riqueza das informações é importante para um maior conhecimento e possível resolução dos problemas relacionados.

A pesquisa também foi feita através da técnica documental, que é aquela em que “[...] a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denominada de fontes primárias” (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 157). Estas fontes seriam os demonstrativos contábeis, Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE.

Foram coletados dados no Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício, fornecidos pela empresa, referentes ao período 2013-2015. Estes foram analisados com base na revisão da literatura e apresentados para comparação dos resultados obtidos entre os períodos analisados. A seguir os resultados obtidos serão apresentados e analisados a luz da literatura.

A empresa alvo do estudo foi escolhida por meio da técnica de amostragem não-probabilística denominada amostragem intencional, que seria quando “[...] o amostrador deliberadamente escolhe certos elementos para pertencer à amostra [...]” (COSTA NETO, 2002, p. 42).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise da situação financeira compreende o conjunto de indicadores, especificamente índices de liquidez, endividamento, atividade e lucratividade/rentabilidade. O conjunto de índices de liquidez compreende uma informação muito relevante, pois demonstra a capacidade de saldar dívidas e forma a reputação da empresa no mercado.

Tabela 1 - Índices de Liquidez

Período 2013 2014 2015

Liquidez Geral R$ 1,93 R$ 1,22 R$ 0,93

Liquidez Corrente R$ 1,58 R$ 1,09 R$ 0,78

Liquidez Seca R$ 0,47 R$ 0,44 R$ 0,11

Fonte: Desenvolvido pelas autoras com base nos dados da pesquisa documental (2016);

A empresa teve uma queda em sua liquidez geral, indicador este que representa quanto ela possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada R$ 1,00 de dívida, ou seja, a capacidade de liquidar suas dívidas, conforme Marion (2009). Essa queda foi influenciada principalmente pelo grande aumento de sua dívida com fornecedores. Este fator também influenciou na queda do índice de liquidez corrente, que é quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada R$ 1,00 de Passivo Circulante, o que demonstra a capacidade

(10)

da empresa a longo prazo, também conforme Marion (2009). Justifica-se pelo fato de que a maior parte das dívidas da empresa encontra-se no passivo circulante.

A liquidez seca, que representa quanto a empresa possui de ativos líquidos para cobrir suas obrigações a curto prazo, conforme Garrison; et al., (2007), também teve uma queda acentuada, principalmente em relação ao último período analisado, ocasionado por uma diminuição grande de caixa relacionado com o aumento de suas obrigações.

De forma geral, em relação aos índices de liquidez, a empresa evoluiu negativamente ao longo dos períodos analisados, sendo que, quanto maior forem estes índices, melhor seria a situação da empresa.

Com o fato de que os índices de liquidez diminuíram gradativamente é possível perceber que isso aconteceu devido ao grande aumento do seu passivo, por causa do acumulado de saldo na conta de fornecedores, não porque a empresa conseguiu aumentar seus prazos de pagamento de fornecedores, mas sim devido ao fato da empresa não ter recursos próprios para pagar suas dívidas, precisando assim recorrer a empréstimos.

Tabela 2 - Índices de Rentabilidade

Períodos 2013 2014 2015

Margem Líquida 14,12% -23,69% -30,41%

Rentabilidade do Ativo 25,12% -27,14% -20,71%

Rentabilidade do PL 52,21% -148,26% -261,07%

Capital de Giro 332.065,68 131.107,90 -378.672,34

Fonte: Desenvolvido pelas autoras com base nos dados da pesquisa documental (2016);

A Margem Líquida, que segundo Padoveze (2010), representa quanto a empresa vendeu para cada unidade vendida teve uma grande diminuição, terminando o último período negativa. O principal fator que influenciou este resultado foi o fato de que no primeiro período a empresa obteve lucro e nos demais ocorreu prejuízo. Este mesmo fator influenciou a Rentabilidade do Ativo, que de acordo com Matarazzo (2010), é quanto a empresa obtém de lucro para cada R$ 100,00 investidos.

A Rentabilidade do Patrimônio Líquido, que conforme Padoveze (2010) representa quanto a empresa gerou de lucro em relação ao capital próprio teve uma queda ainda maior, levando em conta que a empresa passou de gerar lucro para prejuízo somado ao fato de que no primeiro período seu Patrimônio Líquido era positivo e no último período encontrava-se negativo.

(11)

O Capital de Giro que, de acordo com Garrison, Noreen, e Brewer (2007), é a diferença entre o ativo circulante e passivo circulante, representa o risco da empresa de se tornar insolvente, portanto quando maior ele for, melhor. A empresa fechou o último período com capital de giro negativo pois passou a ter mais obrigações no Passivo Circulante do que capacidade para pagá-las com seu Ativo Circulante.

Sendo assim, a evolução da empresa, levando em conta os índices de Rentabilidade, não foi positiva, pois para a empresa, quanto maior forem estes índices, melhor sua situação. Tabela 3 - Índices de Atividade

Períodos 2013 2014 2015

Giro do Ativo 1,78 1,15 0,68

Prazo médio de renovação de estoques (PMRE) 195 199 504

Prazo médio de recebimento (PMRV) 0 0 0

Prazo médio de pagamento (PMPC) 91 195 357

Ciclo Operacional 195 199 504

Ciclo Financeiro 104 23 449

Fonte: Desenvolvido pelas autoras com base nos dados da pesquisa documental (2016);

O Giro do ativo, que para Matarazzo (2010) mede o volume de vendas, representa quanto a empresa vendeu para cada R$ 1,00 de investimento total. Este índice teve diminuição devido à queda das vendas no decorrer dos períodos relacionados com o aumento do ativo.

O PMRE indica quantos dias em média a empresa leva para vender seus estoques, conforme Marion (2009). Em contrapartida a diminuição do custo da mercadoria, o estoque se se manteve estável nos dois primeiros períodos analisados teve seu saldo duplicado no último período o que aumenta de forma exorbitante o prazo de renovação das mercadorias. Este aumento não é positivo para a empresa, sendo que, quanto menor for este índice, melhor a situação.

O PMRV, que segundo Padoveze (2010), indica o tempo médio de recebimento das vendas não possui valores pois, a empresa não trabalha com vendas a prazo. Mesmo que trabalhe com cartão de crédito, que é considerado venda a prazo, a contabilidade registra esses valores como venda a vista. Enquanto isso, o PMPC, que para Marion (2009) indica quantos dias a empresa leva para pagar suas contas teve um aumento em seu índice devido ao valor alto que possui e aberto com seus fornecedores. Esta situação também não é positiva pois o ideal para o índice é que quanto menor ele for, melhor a situação da empresa.

(12)

O Ciclo Operacional representa qual o tempo médio que a empresa leva para produzir, vender e receber a receita de seus produtos, conforme Padoveze (2010), o fato que de que a empresa terminou último período com um saldo de estoques muito maior do que nos dois primeiros períodos fez com este índice disparasse.

Por fim, o Ciclo Financeiro que é o intervalo entre o pagamento de fornecedores e o recebimento de vendas, conforme Padoveze (2010), também teve aumento no seu índice. Por mais que a empresa não faça vendas a prazo, não está tendo condições de pagar seus fornecedores, principal motivo para este resultado.

Tabela 4 - Índices de Endividamento

Períodos 2013 2014 2015

Imobilização do Patrimônio Líquido 37,53% 93,18% 242,39% Participação de capital de terceiros 107,84% 446,30% 1360,84%

Composição do endividamento 100,00% 93,46% 95,77%

Fonte: Desenvolvido pelas autoras com base nos dados da pesquisa documental (2016);

A Imobilização do Patrimônio Líquido, de acordo com Matarazzo (2003), representa quanto a empresa aplicou no Ativo Não Circulante para cada R$ 100,00 de Patrimônio Líquido. Os índices tiveram um aumento acentuado devido a aquisição de ativos imobilizados no último período e também pela diminuição do Patrimônio Líquido, que chegou a ficar negativo no último período. Esta situação não é favorável para a empresa, pois, quanto mais se investe no Ativo Não Circulante restam menos restam menos recursos próprios para o Ativo Circulante, sendo assim, a empresa passa a depender de capital de terceiros. Esta situação se comprova pelo índice de Participação de Capital de Terceiros, que conforme Matarazzo (2003), indica a dependência em relação a terceiros, que também teve um aumento considerável.

Tabela 5 – Termômetro de insolvência

Período Indicador composto de Kanitz Classificação

2013 2,85 Solvência

2014 0,87 Solvência

2015 -3,52 Insolvência

Fonte: Desenvolvido pelas autoras com base nos dados da pesquisa documental (2016);

Para Marion (2009), o termômetro de insolvência ou Termômetro de Kanitz demonstra qual é o risco de a empresa ir à falência, para isso é estabelecido um padrão. No caso dessa empresa percebe que no período de 2013 e 2014 ela estava classificada como solvente que vai de 0 até 7,0, porém com o índice em queda. E então no ano de 2015 a empresa entra para área

(13)

de insolvência o que quer dizer que esta propensa à falência. Isso aconteceu pelo fato de suas dívidas terem aumentando, tanto de curto como também de longo prazo, e também devido ao estoque da empresa que não estar girando, ou seja, ela está com estoque parado, perdendo de ganhar dinheiro. A situação da empresa tende a falência, mas pode ser revertida se os administradores analisarem seus prazos de compras e vendas, seus estoques e tomarem as decisões corretas.

Através das análises feitas, percebe-se, segundo os índices, a situação da empresa não é favorável, porém, essa situação pode ser revertida. Para isso, os gestores precisam primeiramente perceber quais são as deficiências da empresa. Com base nas informações que temos até aqui, percebe-se que a empresa precisa de um melhor controle de estoques, para isso, sugere-se que a empresa apure mensalmente o custo de sua mercadoria vendida e controle suas compras e vendas, isso pode ser feito através da adoção de um sistema de controle gerencial. Esse controle auxiliará para que não aconteça frequentemente o acumulo de estoques por um período tão grande.

Para eliminar o estoque que está parado até agora a empresa pode planejar promoções de venda, não objetivando um grande lucro, apenas girar seu estoque, para que assim os produtos já fora de linha sejam eliminados e ela possa trabalhar com novidades, atraindo assim mais público.

É interessante que a empresa faça um estudo de suas dívidas e defina prioridades de pagamento, objetivando saldar primeiro as dívidas que possuem encargos maiores, para que assim não tenha um acúmulo de juros altos.

A empresa tem tido prejuízos constantes, aliando o fato de que os estoques não têm girado, pressupõe-se que não estejam ocorrendo muitas vendas, o que pode derivar de um preço alto do produto por esperar um lucro muito grande. É importante que seja feito um estudo de mercado, observando seus concorrentes e os preços por eles praticados, para que assim possa também concorrer na questão de preços. Não é interessante agregar uma margem de lucro grande a um produto se não conseguir vende-lo.

Como sugestão final, caso a empresa ainda não consiga melhorar sua situação e não quiser deixar de atuar, aconselha-se a busca por uma consultoria especializada.

5 CONCLUSÃO

Com a análise dos índices e definição das principais deficiências da empresa foi possível atingir os objetivos definidos para este estudo. Através das análises das

(14)

demonstrações financeiras pôde-se verificar que a situação em que a empresa se encontrava até o ano de 2015 não foi favorável, pois a empresa não consegue saldar seus compromissos com recursos próprios, ela se utiliza de capital de terceiros, também tem muitas mercadorias em estoques, e ainda investiu em ativo permanente sem ter condições. Para a empresa conseguir alavancar e mudar essa situação ela precisa rever seu giro de estoques e tentar pagar suas dívidas com recursos próprios.

Sendo assim, através dos índices conseguimos demonstrar qual a situação da empresa até o fim do último período analisado e através disto foram encontrados os pontos deficientes da organização, possibilitando, desta forma, uma gama de sugestões que podem vir a melhorar a forma como a empresa trabalha hoje. Estas melhorias podem vir a aumentar os lucros da empresa e reverter a situação em que se encontra.

Cabe aos gestores agora, continuar acompanhando os índices continuamente, através do modelo utilizado neste trabalho e, em posse de dados concretos, ter embasamento para a tomada de decisões. Apenas quando os gestores perceberem como a utilização de índices reais pode ajudar na otimização de custos e aumento do lucro através da tomada de decisão é que a situação da empresa apresentará mudanças positivas.

A principal limitação do trabalho foi o fato de não conseguir analisar detalhadamente quais são as dívidas da empresa e porque a possui tanto estoque parado.

Para a realização de trabalhos futuros, sugere-se analisar as dívidas em atraso da empresa, verificando a fundo o porque a empresa não está conseguindo saldar com seus compromissos.

Como contribuição para o conhecimento acadêmico esse trabalho foi de grande importância, pois aprofundou os conhecimentos sobre a análise das demonstrações e conseguimos interpretar melhor a situação da empresa.

REFERÊNCIAS

BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. 2. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 2000.

COSTA NETO, Pedro Luiz de Oliveira. Estatística. 2 ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2002. FRANCO, Hilário. Contabilidade geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

(15)

GARRISON, Ray H.; NOREEN, Eric W.; BREWER, Peter C. Contabilidade gerencial. 11.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. HOSS, Osni; CASAGRANDE, Luiz Fernande; DAL VESCO, Delci Grapegia; METZNER, Claudio Marcos. Contabilidade ensino e decisão. São Paulo: Atlas, 2008.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Contabilidade gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

PADOVEZE, Clóvis Luís. Sistemas de informações contábeis: fundamentos e análise. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade intermediária. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. SALAZAR, José Nicolás Albuja; BENEDICTO, Gideon Carvalho de. Contabilidade financeira. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. Disponível em: <. https://books.google.com.br/books?id=ukcXcj9JgtUC&printsec=frontcover&dq=contabilidad e+financeira&hl=pt-BR&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q=contabilidade%20financeira.>. Acesso em: 30 jan. 2016.

Referências

Documentos relacionados

revestimento para aprimoramento de superfície a base de polímero para aplicações em que é necessária a resistência máxima à corrosão em metais ferrosos e não ferrosos, em vez de

Após a realização da edição ou não, os dados voltam a ficar disponíveis no banco de dados, e utilizando um servidor de mapas é feita uma conexão com o banco

Tabela 3 – Ganho de peso médio diário GPMD, g para os períodos experimentais de 14 e 28 dias após o desmame de leitões recebendo probióticos em substituição ou associação

RELAÇÃO MENSAL DAS COMPRAS.. De acordo com o Artigo 16 da

Depois do meu check em um board como esse eu sei que na grande maioria das vezes ele nunca aposta com o 7, pois ele sabe que o meu range de 3-bet é de certa forma

Sendo assim, o produto comprado seria repassado a terceiros que buscassem por roupas para comprar (BOLZAN, 2014). Assim, o CDC trata como objetivo principal o reequilíbrio

O Conselho de Saúde atua na avaliação da situação de saúde e propõe as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes.. Amplia as

Apesar de a indústria como um todo ter ganhado participação no PIB no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, entre 2010 e 2013 o segmento industrial de Transformação apresentou perda