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Aula 00 Direito Penal e Processual Penal p/ PC-SP (Agente de Telecomunicações) - Com videoaulas

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Academic year: 2022

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Direito Penal e Processual Penal p/ PC-SP (Agente de Telecomunicações) - Com videoaulas

Professor: Renan Araujo

(2)

Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

A

ULA

DEMO

INFRA‚ÌO PENAL. DO CRIME - CONCEITO. ELEMENTOS:

FATO TêPICO; CLASSIFICA‚ÌO DOS CRIMES (DOLOSO, CULPOSO, CONSUMADO, TENTADO E IMPOSSêVEL).

ILICITUDE.

SUMçRIO

1 INFRA‚ÌO PENAL ... 6

1.1 Conceito ... 6

1.2 Conceito de Crime ... 6

1.3 Contraven•‹o Penal ... 8

1.4 Sujeitos da infra•‹o penal ... 9

1.4.1 Sujeito ativo ... 9

1.4.2 Sujeito Passivo ... 11

2 DO CRIME ... 11

2.1 Fato t’pico e seus elementos ... 12

2.1.1 Conduta ... 12

2.1.2 Resultado natural’stico ... 14

2.1.3 Nexo de Causalidade ... 15

2.1.4 Tipicidade ... 22

2.2 Crime doloso e crime culposo ... 23

2.2.1 Crime doloso ... 24

2.2.2 Crime culposo ... 26

2.2.3 Crime preterdoloso ... 28

2.3 Crime consumado, tentado e imposs’vel ... 29

2.3.1 Iter criminis ... 29

2.3.1.1 Cogita•‹o (cogitatio) ... 29

2.3.1.2 Atos preparat—rios (conatus remotus) ... 29

2.3.1.3 Atos execut—rios ... 30

2.3.1.4 Consuma•‹o ... 31

2.3.1.5 Exaurimento ... 31

2.3.2 Tentativa ... 31

2.3.3 Crime imposs’vel ... 35

2.3.4 Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz ... 36

2.3.5 Arrependimento posterior ... 37

2.3.6 Causas de exclus‹o do fato t’pico ... 40

2.3.6.1 Coa•‹o f’sica irresist’vel ... 40

2.3.6.2 Erro de tipo inevit‡vel ... 40

2.3.6.3 Sonambulismo e atos reflexos ... 40

2.3.6.4 Insignific‰ncia e adequa•‹o social da conduta ... 40

2.4 Ilicitude ... 41

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

2.4.1 Estado de necessidade ... 41

2.4.2 Leg’tima defesa ... 44

2.4.3 Estrito cumprimento do dever legal ... 46

2.4.4 Exerc’cio regular de direito ... 47

2.4.5 Consentimento do ofendido ... 48

2.4.6 Excesso pun’vel ... 49

3 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ... 49

4 SòMULAS PERTINENTES ... 51

4.1 Sœmulas do STJ ... 51

5 RESUMO ... 51

6 EXERCêCIOS DA AULA ... 58

7 EXERCêCIOS COMENTADOS ... 73

8 GABARITO ... 101

Ol‡, meus amigos!

ƒ com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATƒGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprova•‹o de voc•s no concurso da PC-SP (2017-2018). N—s vamos estudar teoria e comentar exerc’cios sobre DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL, para o cargo de AGENTE DE TELECOMUNICA‚ÍES.

E a’, povo, preparados para a maratona?

O edital ainda n‹o foi publicado, mas estima-se que seja realizado em breve. A expectativa Ž de que a Banca organizadora seja a VUNESP.

Bom, est‡ na hora de me apresentar a voc•s, n‹o Ž?

Meu nome Ž Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pœblico Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pœblica da Uni‹o no Rio de Janeiro, e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes, porŽm, fui servidor da Justi•a Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de TŽcnico Judici‡rio, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e p—s- graduado em Direito Pœblico pela Universidade Gama Filho.

Minha trajet—ria de vida est‡ intimamente ligada aos Concursos Pœblicos.

Desde o come•o da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha vida! E querem saber? Isso faz toda a diferen•a! Algumas pessoas me perguntam como consegui sucesso nos concursos em t‹o pouco tempo. Simples: Foco + For•a de vontade + Disciplina. N‹o h‡ f—rmula m‡gica, n‹o h‡ ingrediente secreto! Basta querer e correr atr‡s do seu sonho! Acreditem em mim, isso funciona!

ƒ muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro, poder colaborar para a aprova•‹o de outros tantos concurseiros, como um dia eu fui! E quando eu falo em Òcolaborar para a aprova•‹oÓ, n‹o estou falando apenas

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

por falar. O EstratŽgia Concursos possui ’ndices alt’ssimos de aprova•‹o em todos os concursos!

Neste curso voc•s receber‹o todas as informa•›es necess‡rias para que possam ter sucesso no concurso da PC-SP. Acreditem, voc•s n‹o v‹o se arrepender! O EstratŽgia Concursos est‡ comprometido com sua aprova•‹o, com sua vaga, ou seja, com voc•!

Mas Ž poss’vel que, mesmo diante de tudo isso que eu disse, voc• ainda n‹o esteja plenamente convencido de que o EstratŽgia Concursos Ž a melhor escolha. Eu entendo voc•, j‡ estive deste lado do computador. Ës vezes Ž dif’cil escolher o melhor material para sua prepara•‹o. Contudo, alguns colegas de caminhada podem te ajudar a resolver este impasse:

Esse print screen acima foi retirado da p‡gina de avalia•‹o do curso. De um curso elaborado para um concurso bastante concorrido (Delegado da PC-PE). Vejam que, dos 62 alunos que avaliaram o curso, 61 o aprovaram. Um percentual de 98,39%.

Ainda n‹o est‡ convencido? Continuo te entendendo. Voc• acha que pode estar dentro daqueles 1,61%. Em raz‹o disso, disponibilizamos gratuitamente esta aula DEMONSTRATIVA, a fim de que voc• possa analisar o material, ver se a abordagem te agrada, etc.

Acha que a aula demonstrativa Ž pouco para testar o material? Pois bem, o EstratŽgia concursos d‡ a voc• o prazo de 30 DIAS para testar o material. Isso mesmo, voc• pode baixar as aulas, estudar, analisar detidamente o material e, se n‹o gostar, devolvemos seu dinheiro.

Sabem porque o EstratŽgia Concursos d‡ ao aluno 30 dias para pedir o dinheiro de volta? Porque sabemos que isso n‹o vai acontecer! N‹o temos medo de dar a voc• essa liberdade.

Neste curso estudaremos todo o conteœdo de Direito Penal e Processual Penal estimado para o Edital. Estudaremos teoria e vamos trabalhar tambŽm com exerc’cios comentados.

Abaixo segue o plano de aulas do curso todo:

!

AULA CONTEòDO DATA

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

Aula 00

Infra•‹o penal: crime e contraven•‹o. Do crime (crime

doloso, crime culposo, etc.).

Excludentes de ilicitude.

21.11

Aula 01

Crimes praticados por funcion‡rio pœblico contra a administra•‹o em

geral.

28.11

Aula 02 Crimes praticados por particular

contra a administra•‹o em geral 05.12

Aula 03

Crimes contra a administra•‹o pœblica estrangeira. Crimes contra a

administra•‹o da Justi•a. Crimes contra as finan•as pœblicas.

12.12

Aula 04 Da persecu•‹o penal: InquŽrito Policial.

19.12

Aula 05 Provas (parte I): Teoria geral.

05.01 Aula 06 Provas (parte II): Provas em espŽcie 12.01

Aula 07

Pris‹o e liberdade provis—ria (parte I). Pris‹o em flagrante (espŽcies, hip—teses, etc.). Pris‹o preventiva.

Pris‹o tempor‡ria (Lei 7.960/89).

19.01

Aula 08

Pris‹o e liberdade provis—ria (parte II). Medidas cautelares diversas da

pris‹o. Fian•a. 26.01

As aulas ser‹o disponibilizadas no site conforme o cronograma apresentado. Em cada aula eu trarei algumas quest›es que foram cobradas em concursos pœblicos, para fixarmos o entendimento sobre a matŽria.

Como a Banca possivelmente ser‡ a VUNESP, vamos usar, primordialmente, quest›es desta Banca. Todavia, utilizaremos tambŽm quest›es de outras Bancas renomadas, de n’vel semelhante, como a FCC.

AlŽm da teoria e das quest›es, voc•s ter‹o acesso a duas ferramentas muito importantes:

¥! RESUMOS Ð Cada aula ter‡ um resumo daquilo que foi estudado, variando de 03 a 10 p‡ginas (a depender do tema), indo direto ao ponto daquilo que Ž mais relevante! Ideal para quem est‡ sem muito tempo.

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

¥! FîRUM DE DòVIDAS Ð N‹o entendeu alguma coisa? Simples: basta perguntar ao professor Vinicius Silva, que Ž o respons‡vel pelo F—rum de Dœvidas, exclusivo para os alunos do curso.

Outro diferencial importante Ž que nosso curso em PDF ser‡

complementado por videoaulas. Nas videoaulas ser‹o apresentados alguns pontos considerados mais relevantes da matŽria, seja atravŽs da apresenta•‹o da teoria seja atravŽs da resolu•‹o de exerc’cios anteriores, como forma de ajudar na assimila•‹o da matŽria.

No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!

Prof. Renan Araujo

E-mail: profrenanaraujo@gmail.com Periscope: @profrenanaraujo

Facebook: www.facebook.com/profrenanaraujoestrategia Instagram: www.instagram.com/profrenanaraujo/?hl=pt-br

Youtube:

www.youtube.com/channel/UClIFS2cyREWT35OELN8wcFQ

Observa•‹o importante: este curso Ž protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legisla•‹o sobre direitos autorais e d‡ outras provid•ncias.

Grupos de rateio e pirataria s‹o clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente atravŽs do site EstratŽgia Concursos. ;-)

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

1 ! INFRA‚ÌO PENAL

1.1!Conceito

A infra•‹o penal Ž um fen™meno social, disso ninguŽm duvida. Mas como defini-la?

Podemos conceituar infra•‹o penal como:

A conduta, em regra praticada por pessoa humana, que ofende um bem jur’dico penalmente tutelado, para a qual a lei estabelece uma pena, seja ela de reclus‹o, deten•‹o, pris‹o simples ou multa.

Assim, um dos princ’pios que podemos extrair Ž o princ’pio da lesividade, que diz que s— haver‡ infra•‹o penal quando a pessoa ofender (lesar) bem jur’dico de outra pessoa. Assim, se uma pessoa pega um chicote e se autolesiona com mais de 100 chibatadas, a œnica puni•‹o que ela receber‡ Ž ficar com suas costas ardendo, pois a conduta Ž indiferente para o Direito Penal.

A infra•‹o penal Ž o g•nero do qual decorrem duas espŽcies, crime e contraven•‹o.

Vamos dividir, desta forma, o nosso estudo. Primeiramente vamos analisar o crime (conceito e elementos). Depois, vamos analisar o que diz a lei acerca das contraven•›es penais.

1.2!Conceito de Crime

Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inœmeras posi•›es a respeito. Vamos tratar das principais.

O Crime pode ser entendido sob tr•s aspectos: Material, legal e anal’tico.

Sob o aspecto material, crime Ž toda a•‹o humana que lesa ou exp›e a perigo um bem jur’dico de terceiro, que, por sua relev‰ncia, merece a prote•‹o penal. Esse aspecto valoriza o crime enquanto conteœdo, ou seja, busca identificar se a conduta Ž ou n‹o apta a produzir uma les‹o a um bem jur’dico penalmente tutelado.

Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que Ž proibido chorar em pœblico, essa lei n‹o estar‡ criando uma hip—tese de crime em seu sentido material, pois essa conduta NUNCA SERç crime em sentido material, pois n‹o produz qualquer les‹o ou exposi•‹o de les‹o a bem jur’dico de quem quer que seja. Assim, ainda que a lei diga que Ž crime, materialmente n‹o o ser‡.

Sob o aspecto legal, ou formal, crime Ž toda infra•‹o penal a que a lei comina pena de reclus‹o ou deten•‹o. Nos termos do art. 1¡ da Lei de Introdu•‹o ao CP:

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

Art 1¼ Considera-se crime a infra•‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de deten•‹o, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa;

contraven•‹o, a infra•‹o penal a que a lei comina, isoladamente, pena de pris‹o simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.

Percebam que o conceito aqui Ž meramente legal. Se a lei cominar a uma conduta a pena de deten•‹o ou reclus‹o, cumulada ou alternativamente com a pena de multa, estaremos diante de um crime.

Por outro lado, se a lei cominar a apenas pris‹o simples ou multa, alternativa ou cumulativamente, estaremos diante de uma contraven•‹o penal.

Esse aspecto consagra o sistema dicot™mico adotado no Brasil, no qual existe um g•nero, que Ž a infra•‹o penal, e duas espŽcies, que s‹o o crime e a contraven•‹o penal. Assim:

Vejam que quando se diz Òinfra•‹o penalÓ, est‡ se usando um termo genŽrico, que pode tanto se referir a um ÒcrimeÓ ou a uma Òcontraven•‹o penalÓ.

O termo ÒdelitoÓ, no Brasil, Ž sin™nimo de crime.

O crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto anal’tico, que o divide em partes, de forma a estruturar seu conceito.

Primeiramente, surgiu a teoria quadripartida do crime, que entendia que crime era todo fato t’pico, il’cito, culp‡vel e pun’vel. Hoje Ž praticamente inexistente.

Depois, surgiram os defensores da teoria tripartida do crime, que entendiam que crime era o fato t’pico, il’cito e culp‡vel. Essa Ž a teoria que predomina no Brasil, embora haja muitos defensores da terceira teoria.

A terceira e œltima teoria acerca do conceito anal’tico de crime entende que este Ž o fato t’pico e il’cito, sendo a culpabilidade mero pressuposto de aplica•‹o da pena. Ou seja, para esta corrente, o conceito de crime Ž bipartido (teoria bipartida), bastando para sua caracteriza•‹o que o fato seja t’pico e il’cito.

As duas œltimas correntes possuem defensores e argumentos de peso.

Entretanto, a que predomina ainda Ž a corrente tripartida. Portanto, na prova objetiva, recomendo que adotem esta, a menos que a banca seja muito expl’cita e voc•s entenderem que eles claramente s‹o adeptos da teoria bipartida, o que acho pouco prov‡vel.

INFRAÇÕES PENAIS

CRIMES

CONTRAVENÇÕES

PENAIS

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

Todos os tr•s aspectos (material, legal e anal’tico) est‹o presentes no nosso sistema jur’dico-penal. De fato, uma conduta pode ser materialmente crime (furtar, por exemplo), mas n‹o o ser‡ se n‹o houver previs‹o legal (n‹o ser‡

legalmente crime). Poder‡, ainda, ser formalmente crime (no caso da lei que citei, que criminalizava a conduta de chorar em pœblico), mas n‹o o ser‡

materialmente se n‹o trouxer les‹o ou amea•a a les‹o de algum bem jur’dico de terceiro.

Desta forma:

Esse œltimo conceito de crime (sob o aspecto anal’tico), Ž o que vai nos fornecer os subs’dios para que possamos estudar os elementos do crime (Fato t’pico, ilicitude e culpabilidade). Entretanto, isso Ž tema para nossa pr—xima aula apenas!

1.3!Contraven•‹o Penal

As contraven•›es penais s‹o infra•›es penais que tutelam bens jur’dicos menos relevantes para a sociedade e, por isso, as penas previstas para as contraven•›es s‹o bem mais brandas. Nos termos do art. 1¡ do da Lei de Introdu•‹o ao C—digo Penal:

Art 1¼ Considera-se crime a infra•‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de deten•‹o, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa;

contraven•‹o, a infra•‹o penal a que a lei comina, isoladamente, pena de pris‹o simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.

Percebam que a Lei estabelece que se considera contraven•‹o a infra•‹o penal para a qual a lei estabele•a pena de pris‹o simples ou multa.

Percebam, portanto, que a Lei estabelece um n’tido patamar diferenciado para ambos os tipos de infra•‹o penal. Trata-se de uma escolha pol’tica, ou seja,

CONCEITO DE CRIME

MATERIAL

FORMAL

ANALÍTICO

TEORIA BIPARTIDA

TEORIA TRIPARTIDA

ADOTADA PELO CP TEORIA

QUADRIPARTIDA

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

o legislador estabelece qual conduta ser‡ considerada crime e qual conduta ser‡

considerada contraven•‹o, de acordo com sua no•‹o de lesividade para a sociedade.

Mas professor, qual Ž a diferen•a pr‡tica em saber se a conduta Ž crime ou contraven•‹o? Muitas, meu caro! Vejamos:

CRIMES CONTRAVEN‚ÍES

Admitem tentativa (art. 14, II). N‹o se admite puni•‹o de contraven•‹o na modalidade tentada. Ou se pratica a contraven•‹o consumada ou se trata de um indiferente penal.

Se cometido crime, tanto no Brasil quanto no estrangeiro, e vier o agente a cometer contraven•‹o, haver‡

reincid•ncia.

A pr‡tica de contraven•‹o no exterior n‹o gera efeitos penais, inclusive para fins de reincid•ncia. S— h‡ efeitos penais em rela•‹o ˆ contraven•‹o praticada no Brasil!

Tempo m‡ximo de cumprimento de pena: 30 anos.

Tempo m‡ximo de cumprimento de pena: 05 anos.

Aplicam-se as hip—teses de extraterritorialidade (alguns crimes cometidos no estrangeiro, em determinadas circunst‰ncias, podem ser julgados no Brasil)

N‹o se aplicam as hip—teses de extraterritorialidade do art. 7¡ do C—digo Penal.

N‹o se prendam a estas diferen•as! Para o estudo desta aula o que importa Ž saber que Hç DIFEREN‚AS PRçTICAS entre ambos.

Portanto, crime e contraven•‹o s‹o termos relacionados ˆ mesma categoria (infra•‹o penal), mas n‹o se confundem, existindo diferen•as pr‡ticas entre ambos.

1.4!Sujeitos da infra•‹o penal

Os sujeitos do crime s‹o aqueles que, de alguma forma, se relacionam com a conduta criminosa. S‹o basicamente de duas ordens: Sujeito ativo e passivo.

1.4.1!Sujeito ativo

Sujeito ativo Ž a pessoa que pratica a conduta descrita no tipo penal.

Entretanto, atravŽs do concurso de pessoas, ou concurso de agentes, Ž poss’vel

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

que alguŽm seja sujeito ativo de uma infra•‹o penal sem que realize a conduta descrita no tipo penal.

EXEMPLO: Pedro atira contra Paulo, vindo a causar-lhe a morte. Pedro Ž sujeito ativo do crime de homic’dio, previsto no art. 121 do C—digo Penal, isso n‹o se discute. Mas tambŽm ser‡ sujeito ativo do crime de homic’dio, Jo‹o, que lhe emprestou a arma e lhe encorajou a atirar. Embora Jo‹o n‹o tenha realizado a conduta prevista no tipo penal, pois n‹o praticou a conduta de Òmatar alguŽmÓ, auxiliou material e moralmente Pedro a faz•-lo.

Somente o ser humano, em regra, pode ser sujeito ativo de uma infra•‹o penal. Os animais, por exemplo, n‹o podem ser sujeitos ativos da infra•‹o penal, embora possam ser instrumentos para a pr‡tica de crimes.

Modernamente, tem se admitido a RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURêDICA, ou seja, tem se admitido que a pessoa jur’dica seja considerada SUJEITO ATIVO DE INFRA‚ÍES PENAIS.

Embora boa parte da DOUTRINA discorde desta corrente, por inœmeras raz›es, temos que estud‡-la.

A Constitui•‹o de 1988 trouxe, em seu art. 225, ¤ 3¡, estabelece que:

¤ 3¼ - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitar‹o os infratores, pessoas f’sicas ou jur’dicas, a san•›es penais e administrativas, independentemente da obriga•‹o de reparar os danos causados.

Esse dispositivo Ž considerado o marco mais significativo para a responsabiliza•‹o penal da pessoa jur’dica, para os que defendem essa tese.

Os opositores justificam sua tese sob o argumento, basicamente, de que a pessoa jur’dica n‹o possui vontade, assim, a vontade seria sempre do seu dirigente, devendo este responder pelo crime, n‹o a pessoa jur’dica. Ademais, o dirigente s— pode agir em conformidade com o estatuto social, o que sair disso Ž excesso de poder, e como a Pessoa Jur’dica n‹o pode ter em seu estatuto a pr‡tica de crimes como objeto, todo crime cometido pela pessoa jur’dica seria um ato praticado com viola•‹o a seu estatuto, devendo o agente responder pessoalmente, n‹o a Pessoa Jur’dica.

Muitos outros argumentos existem, para ambos os lados. Entretanto, isto n‹o Ž um livro de doutrina, mas um curso para concurso, ent‹o o que voc•s precisam saber Ž que o STF e o STJ admitem a responsabilidade penal da pessoa jur’dica em todos os crimes ambientais (regulamentados pela lei 9.605/98)!

Com rela•‹o aos demais crimes, em tese, atribu’veis ˆ pessoa jur’dica (crimes contra o sistema financeiro, economia popular, etc.), como n‹o houve regulamenta•‹o da responsabilidade penal da pessoa jur’dica, esta fica afastada, conforme entendimento do STF e do STJ.

A Jurisprud•ncia CLçSSICA do STJ e do STF Ž no sentido de ADMITIR a responsabilidade penal da pessoa jur’dica. Todavia, o STF e o STJ exigiam a puni•‹o simult‰nea da pessoa f’sica causadora do dano, no que se convencionou chamar de TEORIA DA DUPLA IMPUTA‚ÌO. Apesar de esta ser a jurisprud•ncia

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

cl‡ssica, mais recentemente o STF e o STJ DISPENSARAM o requisito da dupla imputa•‹o. Ou seja, atualmente n‹o mais se exige a chamada Òdupla imputa•‹oÓ.

Em regra, a Lei Penal Ž aplic‡vel a todas as pessoas indistintamente.

Entretanto, em rela•‹o a algumas pessoas, existem disposi•›es especiais do C—digo Penal. S‹o as chamadas imunidades diplom‡ticas (diplom‡ticas e de chefes de governos estrangeiros) e parlamentares (referentes aos membros do Poder Legislativo).

1.4.2!Sujeito Passivo

O sujeito passivo nada mais Ž que aquele que sofre a ofensa causada pelo sujeito ativo. Pode ser de duas espŽcies:

1)!Sujeito passivo mediato ou formal Ð ƒ o Estado, pois a ele pertence o dever de manter a ordem pœblica e punir aqueles que cometem crimes.

Todo crime possui o Estado como sujeito passivo mediato, pois todo crime Ž uma ofensa ao Estado, ˆ ordem estatu’da;

2)!Sujeito passivo imediato ou material Ð ƒ o titular do bem jur’dico efetivamente lesado. Por exemplo: A pessoa que sofre a les‹o no crime de les‹o corporal (art. 129 do CP), o dono do carro roubado no crime de roubo (art. 157 do CP), etc.

CUIDADO! O Estado tambŽm pode ser sujeito passivo imediato ou material, nos crimes em que for o titular do bem jur’dico especificamente violado, como nos crimes contra a administra•‹o pœblica, por exemplo.

As pessoas jur’dicas tambŽm podem ser sujeitos passivos de crimes. J‡ os mortos e os animais n‹o podem ser sujeitos passivos de crimes pois n‹o s‹o sujeitos de direito. Mas, e o crime de vilip•ndio a cad‡ver e os crimes contra a fauna? Nesse caso, n‹o s‹o os mortos e os animais os sujeitos passivos e sim, no primeiro caso, a fam’lia do morto, e no segundo caso, toda a coletividade, pelo desequil’brio ambiental.

NINGUƒM PODE COMETER CRIME CONTRA SI MESMO! Ou seja, ninguŽm pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo imediato de um crime (Parte da Doutrina entende que isso Ž poss’vel no crime de rixa, mas isso n‹o Ž posi•‹o un‰nime).

2 ! DO CRIME

Vimos que o crime, de acordo com a teoria tripartida, Ž composto pelo fato t’pico, pela ilicitude e pela culpabilidade. Vamos ver, agora, o fato t’pico.

Posteriormente, veremos a ilicitude. Todavia, n‹o estudaremos a CULPABILIDADE, pois n‹o foi exigida no edital.

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 2.1! Fato t’pico e seus elementos

O fato t’pico tambŽm se divide em elementos, s‹o eles:

¥! Conduta humana (alguns entendem poss’vel a conduta de pessoa jur’dica)

¥! Resultado natural’stico

¥! Nexo de causalidade

¥! Tipicidade

2.1.1!Conduta

Tr•s s‹o as principais teorias1 que buscam explicar a conduta: Teoria causal-natural’stica (ou cl‡ssica), finalista e social.

Para a teoria causal-natural’stica, conduta Ž a a•‹o humana. Assim, basta que haja movimento corporal para que exista conduta. Esta teoria est‡

praticamente abandonada, pois entende que n‹o h‡ necessidade de se analisar o conteœdo da vontade do agente nesse momento, guardando esta an‡lise (dolo ou culpa) para quando do estudo da culpabilidade.2

EXEMPLO: JosŽ est‡ conversando com Maria na rua, quando Paulo d‡ um susto em JosŽ que, mediante um movimento reflexo, acerta um tapa em Tiago, que passava pelo local, causando-lhe les‹o corporal leve. Neste caso, para a teoria causalista, o importante seria saber se foi o movimento corporal de JosŽ que provocou o resultado. No caso, de fato foi JosŽ quem provocou a les‹o corporal em Tiago. Assim, para a teoria causalista, neste exemplo ter’amos uma conduta penalmente relevante, j‡ que o movimento corporal de JosŽ provocou a les‹o em Tiago. Para esta teoria, portanto, seria irrelevante, neste momento, saber se JosŽ agiu com dolo ou culpa, o que s— seria analisado futuramente, para definir se havia ou n‹o culpabilidade.

Assim, para a teoria causalista a conduta seria um simples processo f’sico, um processo f’sico-causal, desprovido de qualquer finalidade por parte do agente.

A finalidade seria objeto de an‡lise na culpabilidade.

1 Temos, ainda, outras teorias de menor relev‰ncia para fins de concurso, como a teoria funcionalista teleol—gica de CLAUS ROXIN, segundo a qual a no•‹o de ÒcondutaÓ deve estar vinculada ˆ fun•‹o do Direito Penal (que Ž a de prote•‹o de bens jur’dicos). Logo, conduta seria a a•‹o ou omiss‹o, dolosa ou culposa, que provoque (ou seja destinada a provocar) uma ofensa relevante ao bem jur’dico.

H‡, ainda, o funcionalismo sist•mico (tambŽm chamado de radical), cujo principal expoente Ž JAKOBS.

Para essa teoria a conduta deve ser analisada com base na fun•‹o que o Direito Penal cumpre no sistema social, mais precisamente, a fun•‹o de reafirmar a ordem violada pelo ato criminoso. Assim, para esta teoria, a conduta seria a a•‹o ou omiss‹o, dolosa ou culposa, que viola o sistema e frustra a expectativa normativa (expectativa de que todos cumpram a norma). Importa saber, portanto, se houve viola•‹o ˆ norma, n‹o importando se h‡ alguma ofensa a bens jur’dicos.

2 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 287/288

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

Para a teoria finalista, que foi idealizada por Hans Welzel, a conduta humana Ž a a•‹o (positiva ou negativa) volunt‡ria dirigida a uma determinada finalidade. Assim:

Conduta = vontade + a•‹o ou omiss‹o

Logo, retirando-se um dos elementos da conduta, esta n‹o existir‡, o que acarreta a inexist•ncia de fato t’pico. ƒ necess‡ria, portanto, a conjuga•‹o do aspecto objetivo (a•‹o ou omiss‹o) e do aspecto subjetivo (vontade).

EXEMPLO: Jo‹o olha para Roberto e o agride, por livre espont‰nea vontade.

Estamos diante de uma conduta (quis agir e agrediu) dolosa (quis o resultado).

Agora, se Jo‹o dirige seu carro, v• Roberto e sem querer, o atinge, estamos diante de uma conduta (quis dirigir e acabou ferindo) culposa (n‹o quis o resultado).

Vejam que a ÒvontadeÓ a que se refere como elemento da conduta Ž uma vontade de meramente praticar o ato que ensejou o crime, ainda que o resultado que se pretendesse n‹o fosse il’cito. Quando a vontade (elemento da conduta) Ž dirigida ao fim criminoso, o crime Ž doloso. Quando a vontade Ž dirigida a outro fim (que atŽ pode ser criminoso, mas n‹o aquele) o crime Ž culposo.

Esta Ž a teoria adotada em nosso ordenamento jur’dico.

Vejamos os termos do art. 20 do CP3:

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a puni•‹o por crime culposo, se previsto em lei.

Ora, se a lei prev• que o erro sobre um elemento do tipo exclui o dolo e a culpa, se inevit‡vel, ou somente o dolo, se evit‡vel, Ž porque entende que estes elementos subjetivos est‹o no tipo (fato t’pico), n‹o na culpabilidade. Assim, a conduta Ž, necessariamente, volunt‡ria.

A grande evolu•‹o da teoria finalista, portanto, foi conceber a conduta como um Òacontecimento finalÓ4, ou seja, somente h‡ conduta quando o agir de alguŽm Ž dirigido a alguma finalidade (seja ela l’cita ou n‹o).

Para terceira teoria, a teoria social, a conduta Ž a a•‹o humana, volunt‡ria e que Ž dotada de alguma relev‰ncia social.5

3 DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2012, p. 397

4 DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2012, p. 396

5 DOTTI, RenŽ Ariel. Op. cit. p. 397

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H‡ cr’ticas a esta teoria, pois a relev‰ncia social n‹o seria um elemento estruturante da conduta, mas uma qualidade que esta poderia ou n‹o possuir.

Assim, a conduta que n‹o fosse socialmente relevante continuaria sendo conduta.6

Verifica-se, portanto, que a conduta, para fins penais, pode se dar por a•‹o ou por omiss‹o.

2.1.2!Resultado natural’stico

O resultado natural’stico Ž a modifica•‹o do mundo real provocada pela conduta do agente.7

Entretanto, apenas nos crimes chamados materiais se exige um resultado natural’stico. Nos crimes formais e de mera conduta n‹o h‡ essa exig•ncia.

Os crimes formais s‹o aqueles nos quais o resultado natural’stico pode ocorrer, mas a sua ocorr•ncia Ž irrelevante para o Direito Penal. J‡ os crimes de mera conduta s‹o crimes em que n‹o h‡ um resultado natural’stico poss’vel.

Vou dar um exemplo de cada um dos tr•s:

¥! Crime material Ð Homic’dio. Para que o homic’dio seja consumado, Ž necess‡rio que a v’tima venha a —bito. Caso isso n‹o ocorra, estaremos diante de um homic’dio tentado (ou les›es corporais culposas);

¥! Crime formal Ð Extors‹o (art. 158 do CP). Para que o crime de extors‹o se consume n‹o Ž necess‡rio que o agente obtenha a vantagem il’cita, bastando o constrangimento ˆ v’tima;

¥! Crime de mera conduta Ð Invas‹o de domic’lio. Nesse caso, a mera presen•a do agente, indevidamente, no domic’lio da v’tima caracteriza o crime. N‹o h‡ um resultado previsto para esse crime. Qualquer outra conduta praticada a partir da’ configura crime aut™nomo (furto, roubo, homic’dio, etc.).

AlŽm do resultado natural’stico (que nem sempre estar‡ presente), h‡ tambŽm o resultado jur’dico (ou normativo), que Ž a les‹o ao bem jur’dico tutelado pela norma penal. Esse resultado sempre estar‡ presente! Cuidado com isso! Assim, se a banca perguntar: ÒH‡ crime sem resultado jur’dico?Ó A resposta Ž NÌO!8

6 ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 246/247

7 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 354

8 Pelo princ’pio da ofensividade, n‹o Ž poss’vel haver crime sem resultado jur’dico. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 354

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2.1.3!Nexo de Causalidade Nos termos do art. 13 do CP:

Art. 13 - O resultado, de que depende a exist•ncia do crime, somente Ž imput‡vel a quem lhe deu causa. Considera-se causa a a•‹o ou omiss‹o sem a qual o resultado n‹o teria ocorrido.

Assim, o nexo de causalidade pode ser entendido como o v’nculo que une a conduta do agente ao resultado natural’stico ocorrido no mundo exterior.

Portanto, s— se aplica aos crimes materiais!

Algumas teorias existem acerca do nexo de causalidade:

¥!TEORIA DA EQUIVALæNCIA DOS ANTECEDENTES (OU DA CONDITIO SINE QUA NON) Ð Para esta teoria, Ž considerada causa do crime toda conduta sem a qual o resultado n‹o teria ocorrido. Assim, para se saber se uma conduta Ž ou n‹o causa do crime, devemos retir‡-la do curso dos acontecimentos e ver se, ainda assim, o crime ocorreria (Processo hipotŽtico de elimina•‹o de ThyrŽn). EXEMPLO: Marcelo acorda de manh‹, toma cafŽ, compra uma arma e encontra Jœlio, seu desafeto, disparando tr•s tiros contra ele, causando-lhe a morte. Retirando-se do curso o cafŽ tomado por Marcelo, conclu’mos que o resultado teria ocorrido do mesmo jeito. Entretanto, se retirarmos a compra da arma do curso do processo, o crime n‹o teria ocorrido.

O inconveniente claro desta teoria Ž que ela permite que se coloquem como causa situa•›es absurdas, como a venda da arma ou atŽ mesmo o nascimento do agente, j‡ que se os pais n‹o tivessem colocado a crian•a no mundo, o crime n‹o teria acontecido. Isso Ž um absurdo!

Assim, para solucionar o problema, criou-se outro filtro que Ž o dolo.

Logo, s— ser‡ considerada causa a conduta que Ž indispens‡vel ao resultado e que foi querida pelo agente. Assim, no exemplo anterior, o vendedor da arma n‹o seria responsabilizado, pois nada mais fez que vender seu produto, n‹o tendo a inten•‹o (nem sequer imaginou) de ver a morte de Jœlio.

Nesse sentido:

CAUSA = conduta indispens‡vel ao resultado + que tenha sido prevista e querida por quem a praticou

Podemos dizer, ent‹o, que a causalidade aqui n‹o Ž meramente f’sica, mas tambŽm, psicol—gica.

Essa foi a teoria adotada pelo C—digo Penal, como regra.

¥!TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA Ð Trata-se de teoria tambŽm adotada pelo C—digo Penal, porŽm, somente em uma hip—tese muito espec’fica.

Trata-se da hip—tese de concausa superveniente relativamente

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independente que, por si s—, produz o resultado9. Como assim? Vamos explicar desde o come•o!

As concausas s‹o circunst‰ncias que atuam paralelamente ˆ conduta do agente em rela•‹o ao resultado. As concausas podem ser: absolutamente independentes e relativamente independentes.

As concausas absolutamente independentes s‹o aquelas que n‹o se juntam ˆ conduta do agente para produzir o resultado, e podem ser preexistentes (existiam antes da conduta), concomitantes (surgiram durante a conduta) e supervenientes (surgiram ap—s a conduta). Exemplos:

EXEMPLO (1) Pedro resolve matar Jo‹o, e coloca veneno em seu drink.

PorŽm, Pedro n‹o sabe que Marcelo tambŽm queria matar Jo‹o e minutos antes tambŽm havia colocado veneno no drink de Jo‹o, que vem a morrer em raz‹o do veneno colocado por Marcelo. Nesse caso, a concausa preexistente (conduta de Marcelo) produziu por si s— o resultado (morte). Nesse caso, Pedro responder‡ somente por tentativa de homic’dio.

__________________________________________________

EXEMPLO (2) Pedro resolve matar Jo‹o, e come•a a disparar contra ele projŽteis de arma de fogo. Entretanto, durante a execu•‹o, o teto da casa de Jo‹o desaba sobre ele, vindo a causar-lhe a morte. Aqui, a causa concomitante (queda do teto) produziu isoladamente o resultado (morte). Portanto, Pedro responde somente por homic’dio tentado.

__________________________________________________

EXEMPLO (3) Pedro resolve matar Jo‹o, desta vez, ministrando em sua bebida certa dose de veneno. Entretanto, antes que o veneno fa•a efeito, Marcelo aparece e dispara 10 tiros de pistola contra Jo‹o, o mantando. Nesse caso, Pedro responder‡ somente por homic’dio tentado.

__________________________________________________

Em todos estes casos o agente NÌO responde pelo resultado ocorrido.

Por qual motivo? Sua conduta NÌO FOI a causa da morte (aplica-se a pr—pria e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se suprimirmos a conduta de cada um destes agentes (nos tr•s exemplos), o resultado morte ainda assim teria ocorrido da mesma forma. Logo, a conduta dos agentes NÌO Ž considerada causa.

Entretanto, pode ocorrer de a concausa n‹o produzir por si s— o resultado (absolutamente independente), afastando o nexo entre a conduta do agente e o resultado, mas unir-se ˆ conduta do agente e, juntas, produzirem o resultado.

Essas s‹o as chamadas concausas relativamente independentes, que tambŽm podem ser preexistentes, concomitantes ou supervenientes.

9 CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi•‹o. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 232/233

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Mais uma vez, vou dar um exemplo de cada uma das tr•s e explicar quais os efeitos jur’dico-penais em rela•‹o ao agente. Primeiro come•arei pelas preexistentes e concomitantes. Ap—s, falarei especificamente sobre as supervenientes.

EXEMPLO (1) Caio decide matar Maria, desferindo contra ela golpes de fac‹o, causando-lhe a morte. Entretanto, Maria era hemof’lica (condi•‹o conhecida por Caio), tendo a doen•a contribu’do em grande parte para seu —bito.

Nesse caso, embora a doen•a (concausa preexistente) tenha contribu’do para o —bito, Caio responde por homic’dio consumado. Por qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte (aplica-se a pr—pria e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se suprimirmos a conduta de Caio, o resultado teria ocorrido? N‹o. Caio teve a inten•‹o de produzir o resultado?

Sim. Logo, responde pelo resultado (homic’dio consumado).

___________________________________________________

EXEMPLO (2) Pedro resolve matar Jo‹o, e coloca em seu drink determinada dose de veneno. Ao mesmo tempo, Ricardo faz a mesma coisa. Pedro e Ricardo querem a mesa coisa, mas n‹o se conhecem nem sabem da conduta um do outro. Jo‹o ingere a bebida e acaba falecendo. A per’cia comprova que qualquer das doses de veneno, isoladamente, n‹o seria capaz de produzir o resultado. PorŽm, a soma de esfor•os de ambas (a soma das quantidades de veneno) produziu o resultado. Assim, Pedro responde por homic’dio consumado.

Por qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte (aplica-se a pr—pria e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se suprimirmos a conduta de Pedro, o resultado teria ocorrido? N‹o. Pedro teve a inten•‹o de produzir o resultado? Sim. Logo, responde pelo resultado (homic’dio consumado).

AtŽ aqui n—s conseguimos resolver todos os casos pela teoria da equival•ncia dos antecedentes, da seguinte forma:

¥! Nas concausas absolutamente independentes Ð Em todos os casos a conduta do agente n‹o contribuiu para o resultado. Logo, pelo ju’zo hip—tese de elimina•‹o, a conduta do agente n‹o foi causa.

Portanto, n‹o responde pelo resultado.

¥! Nas concausas relativamente independentes (Preexistentes e concomitantes) Ð Em todos os casos a conduta do agente contribuiu para o resultado. Logo, pelo ju’zo hip—tese de elimina•‹o, a conduta do agente foi causa. Portanto, responde pelo resultado.

Agora Ž que a coisa complica um pouco.

No caso das concausas supervenientes relativamente independentes, podem acontecer duas coisas:

§! A causa superveniente produz por si s— o resultado

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§! A causa superveniente se agrega ao desdobramento natural da conduta do agente e ajuda a produzir o resultado.

EXEMPLO (1) - Pedro resolve matar Jo‹o (insistente esse cara!), e dispara 25 tiros contra ele, usando seu Fuzil Autom‡tico Ligeiro-Fal, CALIBRE 7.62 (agora vai!). Jo‹o fica estirado no ch‹o, Ž socorrido por uma ambul‰ncia e, no caminho para o Hospital, sofre um acidente de carro (a ambul‰ncia bate de frente com uma carreta) e vem a morrer em raz‹o do acidente, n‹o dos ferimentos causados por Pedro.

Nesse caso, Pedro responde apenas por tentativa de homic’dio.

Por qual motivo? Sua conduta n‹o foi a causa da morte. Mas, se suprimirmos a conduta de Pedro, o resultado teria ocorrido? N‹o. Pedro teve a inten•‹o de produzir o resultado? Sim.

Ent‹o por que n‹o responde pelo resultado??

Aqui o CP adotou a teoria da causalidade adequada. A causa superveniente (acidente de tr‰nsito) produziu por si s— o resultado, j‡ que o acidente de ambul‰ncia n‹o Ž o desdobramento natural de um disparo de arma de fogo (esse resultado n‹o Ž consequ•ncia natural e previs’vel da conduta do agente10).

Perceba que a concausa superveniente (acidente de carro), apesar de produzir sozinha o resultado, n‹o Ž absolutamente independente, pois se n‹o fosse a conduta de Pedro, o acidente n‹o teria ocorrido (j‡ que a v’tima n‹o estaria na ambul‰ncia).

Por isso dizemos que, aqui, temos:

§! Concausa superveniente relativamente independente Ð A conduta de Pedro Ž relevante para o resultado.

§! Que por si s— produziu o resultado Ð Apesar disso, a conduta de Pedro foi relevante apenas por CRIAR A SITUA‚ÌO, mas n‹o foi a respons‡vel efetiva pela morte.

EXEMPLO (2) - No mesmo exemplo anterior, Jo‹o Ž socorrido e chegando ao Hospital, Ž submetido a uma cirurgia. Durante a cirurgia, o ferimento infecciona e Jo‹o morre por infec•‹o. Nesse caso, a causa superveniente (infec•‹o hospitalar) n‹o produziu por si s— o resultado, tendo se agregado aos ferimentos para causar a morte de Jo‹o. Nesse caso, Pedro responde por homic’dio consumado.

Mas qual a diferen•a entre o exemplo (1) e o exemplo (2)? A diferen•a b‡sica reside no fato de que:

10 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, 21¼ edi•‹o. S‹o Paulo, 2015, p. 324/325

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§! No exemplo (1) Ð A conduta do agente Ž relevante em apenas um momento: por criar a situa•‹o (necessidade de ser transportado pela ambul‰ncia).

§! No exemplo (2) - A conduta do agente Ž relevante em dois momentos: (a) cria a situa•‹o, ao fazer com que a v’tima tenha que ser operada; (b) contribui para o pr—prio resultado (j‡ que a infec•‹o do ferimento n‹o Ž um novo nexo causal).

Segue abaixo um esquema para melhor compreens‹o:

¥! TEORIA DA IMPUTA‚ÌO OBJETIVA Ð A teoria da imputa•‹o objetiva, que foi melhor desenvolvida por Roxin11, tem por finalidade ser uma teoria mais completa em rela•‹o ao nexo de causalidade, em contraposi•‹o ˆs "vigentes"

teoria da equival•ncia das condi•›es e teoria da causalidade adequada.

Para a teoria da imputa•‹o objetiva, a imputa•‹o s— poderia ocorrer quando o agente tivesse dado causa ao fato (causalidade f’sica) mas, ao mesmo tempo, houvesse uma rela•‹o de causalidade NORMATIVA, assim compreendida como a cria•‹o de um risco n‹o permitido para o bem jur’dico que se pretende tutelar. Para esta teoria, a conduta deve:

a)!Criar ou aumentar um risco Ð Assim, se a conduta do agente n‹o aumentou nem criou um risco, n‹o h‡ crime12. Exemplo cl‡ssico: JosŽ conversa com Paulo na cal•ada. Pedro, inimigo de Paulo, atira um vaso de planta do 10¼ andar, com a finalidade de matar Paulo. JosŽ v• que o vaso ir‡ cair sobre a

11 ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 362/411

12 ROXIN, Claus. Op. cit., p. 365 CONCAUSAS

ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES

AGENTE NÃO RESPONDE PELO RESULTADO, POIS

SUA CONDUTA NÃO FOI CAUSA.

TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS

ANTECEDENTES

RELATIVAMENTE INDEPENDENTES

PREEXISTENTES OU CONCOMITANTES

AGENTE RESPONDE PELO RESULTADO, POIS SUA CONDUTA FOI CAUSA.

TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS

ANTECEDENTES

SUPERVENIENTES

PRODUZIU SOZINHA O RESULTADO -NÃO RESPONDE PELO

RESULTADO. É CAUSA, MAS NÃO É CAUSA ADEQUADA.

TEORIA DA CAUSALIDADE

ADEQUADA

NÃO PRODUZIU SOZINHA O RESULTADO - RESPONDE PELO RESULTADO - FOI

CAUSA

TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS

ANTECEDENTES

0

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cabe•a de Paulo e o empurra. Paulo cai no ch‹o e fratura levemente o bra•o.

Neste caso, JosŽ deu causa (causalidade f’sica) ˆs les›es corporais sofridas por Paulo. Contudo, sua conduta n‹o criou nem aumentou um risco. Ao contr‡rio, JosŽ diminuiu um risco, ao evitar a morte de Paulo.

b)!Risco deve ser proibido pelo Direito Ð Aquele que cria um risco de les‹o para alguŽm, em tese n‹o comete crime, a menos que esse risco seja proibido pelo Direito. Assim, o filho que manda os pais em viagem para a Europa, na inten•‹o de que o avi‹o caia, os pais morram, e ele receba a heran•a, n‹o comete crime, pois o risco por ele criado n‹o Ž proibido pelo Direito.

c)!Risco deve ser criado no resultado Ð Assim, um crime n‹o pode ser imputado ˆquele que n‹o criou o risco para aquela ocorr•ncia. Explico: Imaginem que JosŽ ateia fogo na casa de Maria. JosŽ causou um risco, n‹o permitido pelo Direito. Deve responder pelo crime de inc•ndio doloso, art. 250 do CP.

Entretanto, Maria invade a casa em chamas para resgatar a œnica foto que restou de seu filho falecido, sendo lambida pelo fogo, vindo a falecer. Nesse caso, JosŽ n‹o responde pelo crime de homic’dio, pois o risco por ele criado n‹o se insere nesse resultado, que foi provocado pela conduta exclusiva de Maria.

A conduta humana, como se viu, pode ser uma a•‹o ou uma omiss‹o.

A quest‹o Ž: Qual Ž o resultado natural’stico que advŽm de uma omiss‹o?

Naturalisticamente nenhum, pois do nada, nada surge.

⇒! Assim, se uma omiss‹o n‹o pode gerar um resultado natural’stico, como definir o nexo de causalidade nos crimes omissivos?

Para a perfeita compreens‹o dos crimes omissivos, Ž necess‡rio dividi-los em duas espŽcies: crimes omissivos puros (ou pr—prios), e crimes omissivos impuros (ou impr—prios).

Nos crimes omissivos puros o agente se omite quando o tipo penal estabelece que a omiss‹o, naquelas circunst‰ncias, tipifica o delito.

EXEMPLO: Pedro passava por uma rua quando percebeu que Maria se encontrava ca’da no ch‹o, clamando por ajuda. Pedro atŽ podia ajudar, sem que isso representasse qualquer risco para sua pessoa. Todavia, Pedro decidiu n‹o prestar socorro ˆ Maria.

No exemplo anterior, Pedro se omitiu, deixando de prestar socorro a quem necessitava, mesmo podendo fazer isso sem risco pessoal. Neste caso, Pedro praticou um crime omissivo pr—prio, pois o art. 135 do CP criminaliza esta conduta. Vejamos:

Omiss‹o de socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assist•ncia, quando poss’vel faz•-lo sem risco pessoal, ˆ crian•a abandonada ou extraviada, ou ˆ pessoa inv‡lida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou n‹o pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pœblica:

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Pena - deten•‹o, de um a seis meses, ou multa.

Como se v•, o tipo penal estabelece que aquele que n‹o fizer o que norma determina responder‡ por aquele crime. Assim, no crime omissivo puro o agente simplesmente descumpre a norma penal, que impunha o dever de agir.

Neste caso, Ž irrelevante avaliar se houve qualquer resultado (no exemplo, Ž irrelevante saber se houve dano ˆ v’tima), pois o agente responde criminalmente pelo simples fato de ter violado a norma penal, descumprindo o mandamento.

Nos crimes omissivos impuros, ou impr—prios, tambŽm chamados de crimes comissivos por omiss‹o n‹o h‡ um tipo penal que estabele•a como crime uma conduta omissiva. Em tais crimes o agente Ž responsabilizado por um determinado resultado lesivo, por ter se omitido quando tinha o dever legal de agir, n‹o imposto ˆs pessoas em geral.

EXEMPLO: Maria Ž casada com JosŽ. Todavia, Maria possui uma filha de 11 anos de idade, Joana, oriunda de seu casamento anterior. Certo dia, Maria descobre que JosŽ est‡ tendo rela•›es sexuais com sua filha. Com receio de que JosŽ se separe dela, Maria n‹o adota nenhuma provid•ncia, ou seja, acompanha a situa•‹o sem nada fazer para impedir que sua filha seja estuprada.

Neste caso, Maria praticou um crime omissivo impr—prio. Isto porque Maria tinha o espec’fico dever de prote•‹o e cuidado em rela•‹o ˆ sua filha, de forma que tinha o dever de agir para impedir que a filha fosse v’tima daquele crime, ou seja, tinha o dever de agir para impedir a ocorr•ncia do resultado.

Se nos crimes omissivos puros a an‡lise do resultado Ž irrelevante, porque o agente responde simplesmente por ter se omitido, nos crimes omissivos impuros a an‡lise do resultado Ž penalmente relevante, pois o pr—prio resultado ser‡ imputado ˆquele que se omitiu. No exemplo anterior, portanto, Maria responder‡ pelo pr—prio crime de estupro (no caso, estupro de vulner‡vel, art.

217-A do CP), pois tinha o dever legal espec’fico de agir para evitar o resultado.

A quest‹o que se coloca Ž: Qual Ž o resultado natural’stico que advŽm de uma omiss‹o? Naturalisticamente nenhum, pois do nada, nada surge. Ent‹o, como a m‹e poderia responder pelo estupro da filha, j‡ que a conduta da m‹e, tecnicamente, n‹o foi a causa do estupro?

Tecnicamente falando, a conduta da m‹e n‹o deu causa ao resultado. O resultado foi provocado pela conduta do padrasto. Entretanto, pela teoria natural’stico-normativa, o resultado ser‡ imputado ˆ m‹e, em raz‹o do seu descumprimento do dever de vigil‰ncia e cuidado.

Assim, nos crimes omissivos impr—prios a rela•‹o de causalidade que liga a conduta do agente (uma omiss‹o) ao resultado NÌO ƒ FêSICA (pois a omiss‹o n‹o d‡ causa ao resultado), mas NORMATIVA, ou seja, o resultado Ž a

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ele imputado em raz‹o do descumprimento da norma (omitir-se, quando deveria agir), num racioc’nio de presun•‹o: se o agente tivesse agido, possivelmente teria evitado o resultado; como n‹o o fez, deve responder por ele.

2.1.4!Tipicidade

A tipicidade pode ser de duas ordens: tipicidade formal e tipicidade material.

A tipicidade formal nada mais Ž que a adequa•‹o da conduta do agente a uma previs‹o t’pica (norma penal que prev• o fato e lhe descreve como crime). Assim, o tipo do art. 121 Ž: Òmatar alguŽmÓ. Portanto, quando Marcio esfaqueia Luiz e o mata, est‡ cometendo fato t’pico (tipicidade formal), pois est‡

praticando uma conduta que encontra previs‹o como tipo penal.

N‹o h‡ muito o que se falar acerca da tipicidade formal. Basta que o intŽrprete proceda ao cotejo entre a conduta praticada no caso concreto e a conduta prevista na Lei Penal (subsun•‹o). Se a conduta praticada se amoldar ˆquela prevista na Lei Penal, o fato ser‡ t’pico, ou seja, haver‡

adequa•‹o t’pica, por estar presente o elemento ÒtipicidadeÓ.

CUIDADO! Nem sempre a conduta praticada pelo agente se amolda perfeitamente ao tipo penal (adequa•‹o imediata). Ës vezes Ž necess‡rio que se proceda ˆ an‡lise de outro dispositivo da Lei Penal para se chegar ˆ conclus‹o de que um fato Ž t’pico (adequa•‹o mediata).

EXEMPLO: Imaginem que Abreu (El Loco) dispara contra Adriano (El Imperador), que n‹o morre. Nesse caso, como dizer que Abreu praticou fato t’pico (homic’dio tentado), se o art. 121 diz ÒmatarÓ alguŽm, o que n‹o ocorreu? Nessa hip—tese,

CRIMES COMISSIVOS

RELAÇÃO DE CAUSALIDADE FÍSICA OU

NATURAL

RESULTADO NATURALÍSTICO

CRIMES COMISSIVOS POR OMISSÃO

(OMISSIVOS IMPRÓPRIOS)

RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

NORMATIVA

RESULTADO NATURALÍSTICO

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conjuga-se o art. 121 do CP com seu art. 14, II, que diz ser o crime pun’vel na modalidade tentada.

Assim, a adequa•‹o t’pica pode ser:

⇒!Imediata (direta) Ð Conduta do agente Ž exatamente aquela descrita na norma penal incriminadora. Ex.: JosŽ atira em Maria, querendo sua morte, e Maria morre. H‡ adequa•‹o t’pica imediata ao tipo penal do art. 121 do CP.

⇒!Mediata (indireta) Ð A conduta do agente n‹o corresponde exatamente ao que diz o tipo penal, sendo necess‡ria uma norma de extens‹o. Ex.: Paulo empresta a arma para que JosŽ mate Maria, o que efetivamente ocorre. Paulo n‹o praticou a conduta de Òmatar alguŽmÓ, logo, a adequa•‹o t’pica depende do art. 29 do CP (que determina que os part’cipes respondam pelo crime). Assim: art. 121 + art. 29 do CP.

Por fim, temos ainda a tipicidade material, que Ž a ocorr•ncia de uma ofensa (les‹o ou exposi•‹o a risco) significativa ao bem jur’dico.

Assim, n‹o haver‡ tipicidade material quando a conduta, apesar de formalmente t’pica (prevista na Lei como crime), n‹o for capaz de afetar significativamente o bem jur’dico protegido pela norma. Um exemplo disso ocorre nas hip—teses em que h‡ aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia.

EXEMPLO: JosŽ subtrai uma folha de papel em branco, pertencente ˆ escola em que o filho estuda. Neste caso, a conduta Ž formalmente t’pica (est‡ prevista na Lei como crime de furto). Todavia, n‹o h‡ tipicidade material, j‡ que n‹o Ž uma conduta capaz de ofender significativamente o bem jur’dico protegido pela norma (o patrim™nio da escola).

2.2!Crime doloso e crime culposo

O dolo e a culpa s‹o o que se pode chamar de elementos subjetivos do tipo penal.

Com o finalismo de HANS WELZEL, o dolo e a culpa (elementos subjetivos) foram transportados da culpabilidade para o fato t’pico13 (conduta). Assim, a conduta (no finalismo) n‹o Ž mais apenas objetiva, sin™nimo de a•‹o humana, mas sim a a•‹o humana dirigida a um fim (il’cito ou n‹o).

Vamos estudar cada um destes elementos separadamente.

13 BITENCOURT, Op. cit., p. 290/291

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 2.2.1!Crime doloso

O dolo Ž o elemento subjetivo do tipo, consistente na vontade, livre e consciente, de praticar o crime (dolo direto), ou a assun•‹o do risco produzido pela conduta (dolo eventual). Nos termos do art. 18 do CP:

Art. 18 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Crime doloso(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

O dolo direto, que Ž o elemento subjetivo cl‡ssico do crime, Ž composto pela consci•ncia de que a conduta pode lesar um bem jur’dico mais a vontade de lesar este bem jur’dico. Esses dois elementos (consci•ncia + vontade) formam o que se chama de dolo natural.

Em Žpocas passadas, quando se entendia que o dolo pertencia ˆ culpabilidade, a esses dois elementos (consci•ncia e vontade) era acrescido mais um elemento, que era a consci•ncia da ilicitude. Esse era o chamado dolo normativo. Assim, para que o dolo ficasse caracterizado era necess‡rio comprovar que o agente teve n‹o s— a vontade livre e consciente de alcan•ar o resultado, mas tambŽm comprovar que o agente sabia que sua conduta era contr‡ria ao Direito.

Atualmente, com a transposi•‹o do dolo e da culpa para o fato t’pico (em raz‹o da teoria finalista), os elementos normativos do dolo ficaram na culpabilidade, de maneira que a chamada Òconsci•ncia da ilicitude da condutaÓ14 n‹o mais Ž analisada dentro do dolo em si, mas na culpabilidade. Para definir, portanto, se o fato constitui uma conduta dolosa n‹o Ž necess‡rio, hoje, saber se o agente tinha consci•ncia de que sua conduta era contr‡ria ao Direito, o que s—

ser‡ analisado na culpabilidade.

Desta maneira, podemos dizer que no finalismo o dolo Ž natural e no causalismo o dolo Ž normativo.

O dolo direto pode ser, ainda, de segundo grau, ou de consequ•ncias necess‡rias. Neste o agente n‹o deseja a produ•‹o do resultado, mas aceita o resultado como consequ•ncia necess‡ria dos meios empregados.

EXEMPLO: Imagine o caso de alguŽm que, querendo matar certo executivo, coloca uma bomba no avi‹o em que este se encontra. Ora, nesse caso, o agente age com dolo de primeiro grau em face da v’tima pretendida, pois quer sua morte, e dolo de segundo grau em rela•‹o aos demais ocupantes do avi‹o, pois Ž certo que tambŽm morrer‹o, embora este n‹o seja o objetivo do agente.

14 A Òconsci•ncia da ilicitudeÓ, inclusive, pode ser real (quando o agente sabe que sua conduta Ž contr‡ria ao direito) ou meramente potencial (quando, apesar de n‹o saber que sua conduta Ž contr‡ria ao Direito, tinha condi•›es intelectuais para ter este conhecimento).

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H‡, ainda, o que a Doutrina chama de dolo indireto. O dolo indireto se divide em dolo eventual e dolo alternativo.

O dolo eventual consiste na consci•ncia de que a conduta pode gerar um resultado criminoso, mais a assun•‹o desse risco, mesmo diante da probabilidade de algo dar errado. Trata-se de hip—tese na qual o agente n‹o tem vontade de produzir o resultado criminoso, mas, analisando as circunst‰ncias, sabe que este resultado pode ocorrer e n‹o se importa, age da mesma maneira.

EXEMPLO: Imagine que Renato, dono de um s’tio, e apreciador da pr‡tica do tiro esportivo, decida levantar s‡bado pela manh‹ e praticar tiro no seu terreno, mesmo sabendo que as balas possuem longo alcance e que h‡ casas na vizinhan•a. Renato atŽ n‹o quer que ninguŽm seja atingido, mas sabe que isso pode ocorrer e n‹o se importa, pratica a conduta assim mesmo. Nesse caso, se Renato atingir alguŽm, causando-lhe les›es ou mesmo a morte, estar‡ praticando homic’dio doloso por dolo eventual

No dolo alternativo o agente pratica a conduta sem pretender alcan•ar um resultado espec’fico, estabelecendo para si mesmo que qualquer dos resultados poss’veis Ž v‡lido.

EXEMPLO: JosŽ atira uma pedra em Maria, querendo mat‡-la ou lesion‡-la, tanto faz. Ou seja, JosŽ n‹o possui a inten•‹o espec’fica de matar, mas tambŽm n‹o possui a inten•‹o espec’fica de lesionar. O que JosŽ, pretende, apenas, Ž causar dano a Maria.

O dolo pode ser, ainda:

⇒!Dolo genŽrico Ð Atualmente, com o finalismo, passou a ser chamado simplesmente de dolo, que Ž, basicamente, a vontade de praticar a conduta descrita no tipo penal, sem nenhuma outra finalidade.

⇒!Dolo espec’fico, ou especial fim de agir Ð Em contraposi•‹o ao dolo genŽrico, nesse caso o agente n‹o quer somente praticar a conduta t’pica, mas o faz por alguma raz‹o especial, com alguma finalidade espec’fica. ƒ o caso do crime de injœria, por exemplo, no qual o agente deve n‹o s— praticar a conduta, mas deve faz•-lo com a inten•‹o de ofender a honra subjetiva da v’tima.

⇒!Dolo direto de primeiro grau Ð Trata-se do dolo comum, aquele no qual o agente tem a vontade direcionada para a produ•‹o do resultado, como no caso do homicida que procura sua v’tima e a mata com disparos de arma de fogo.

⇒!Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae Ð Ocorre quando o agente, acreditando ter alcan•ado seu objetivo, pratica nova conduta, com finalidade diversa, mas depois se constata que esta œltima foi a que efetivamente causou o resultado. Trata-se de erro na rela•‹o de causalidade, pois embora o agente tenha conseguido alcan•ar a finalidade proposta, somente o alcan•ou atravŽs de outro meio, que n‹o tinha direcionado para isso.

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Exemplo: Imagine a m‹e que, querendo matar o pr—prio filho de 05 anos, o estrangula e, com medo de ser descoberta, o joga num rio.

Posteriormente a crian•a Ž encontrada e se descobre que a v’tima morreu por afogamento. Nesse caso, embora a m‹e n‹o tenha querido matar o filho afogado, mas por estrangulamento, isso Ž irrelevante penalmente, importando apenas o fato de que a m‹e alcan•ou o fim pretendido (morte do filho), ainda que por outro meio, devendo, pois, responder por homic’dio consumado.

⇒!Dolo antecedente, atual e subsequente Ð O dolo antecedente Ž o que se d‡ antes do in’cio da execu•‹o da conduta. O dolo atual Ž o que est‡ presente enquanto o agente se mantŽm exercendo a conduta, e o dolo subsequente ocorre quando o agente, embora tendo iniciado a conduta com uma finalidade l’cita, altera seu ‰nimo, passando a agir de forma il’cita. Esse œltimo caso Ž o que ocorre no caso, por exemplo, do crime de apropria•‹o indŽbita (art. 168 do CP), no qual o agente recebe o bem de boa-fŽ, obrigando-se devolv•-lo, mas, posteriormente, muda de ideia e n‹o devolve o bem nas condi•›es ajustadas, passando a agir de maneira il’cita.

2.2.2!Crime culposo

Se no crime doloso o agente quis o resultado, sendo este seu objetivo, ou assumiu o risco de sua ocorr•ncia, embora n‹o fosse originalmente pretendido o resultado, no crime culposo a conduta do agente Ž destinada a um determinado fim (que pode ser l’cito ou n‹o), tal qual no dolo eventual, mas pela viola•‹o a um dever de cuidado, o agente acaba por lesar um bem jur’dico de terceiro, cometendo crime culposo.

A viola•‹o ao dever objetivo de cuidado pode se dar de tr•s maneiras:

¥! Neglig•ncia Ð O agente deixa de tomar todas as cautelas necess‡rias para que sua conduta n‹o venha a lesar o bem jur’dico de terceiro. ƒ o famoso relapso. Aqui o agente deixa de fazer algo que deveria;

¥! Imprud•ncia Ð ƒ o caso do afoito, daquele que pratica atos temer‡rios, que n‹o se coadunam com a prud•ncia que se deve ter na vida em sociedade. Aqui o agente faz algo que a prud•ncia n‹o recomenda;

¥! Imper’cia Ð Decorre do desconhecimento de uma regra tŽcnica profissional. Assim, se o mŽdico, ap—s fazer todos os exames necess‡rios, d‡ diagn—stico errado, concedendo alto ao paciente e este vem a —bito em decorr•ncia da alta concedida, n‹o h‡

neglig•ncia, pois o profissional mŽdico adotou todos os cuidados necess‡rios, mas em decorr•ncia de sua falta de conhecimento tŽcnico, n‹o conseguiu verificar qual o problema do paciente, o que acabou por ocasionar seu falecimento;

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