CAROLINA PARIZOTTO LACAZ MARTINS (11.30Mb)

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(5) Carolina Parizotto Lacaz Martins. SOBRE ANDAIMES Trabalho de Final Graduação apresentado a Universidade Presbiteriana Mackenzie, para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista, sob orientação do Professor Valter Caldana. São Paulo 2018. miolo texto.indd 5. 28/11/2018 14:21:49.

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(7) ao compartilhamento de conhecimento com Valter Caldana às conversas sempre solicitas com Luiz Eduardo Guimarães à convivência com professores e colegas que proporcionaram crescimento profissional e pessoal ao apoio dos familiares e amigos neste começo de percurso. miolo texto.indd 7. AGRADECIMENTOS. às inúmeras divagações projetuais com Guilherme Motta. 28/11/2018 14:21:49.

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(9) RESUMO O ensaio Sobre Andaimes. pretendeu trazer uma visão reflexiva sobre a. arquitetura contemporânea, pensada a partir de suas necessidades de transformação, num contexto em que o sentido de permanência dos e nos edifícios tem sido revisto. O objetivo do presente trabalho foi analisar a arquitetura adaptável como resposta à essa necessidade atual de que os espaços sejam mais flexíveis e tenham variabilidade. Para isso, foi feita uma investigação histórica das técnicas adaptativas e do processo de formulação teórico deste termo. No desenvolvimento deste ensaio, chega-se a um projeto que discute um aspecto importante da cultura contemporânea: a transitoriedade. Ainda, para exemplificar a discussão, foi desenvolvido um levantamento referencial de projetos de arquitetura que apresentam esses aspectos. Nesse contexto, avalia-se o andaime com uma nova função, que rompe com o padrão de uso tradicional e possibilita além do protagonismo na construção, o diálogo e a percepção através do tempo.. PALAVRAS-CHAVE 1. Arquitetura Adaptável; 2. Andaime; 3. Sociedade contemporânea;. miolo texto.indd 9. 28/11/2018 14:21:49.

(10) MONTAGEM. miolo texto.indd 10. 02. 01 2.1. arquitetura adaptável 2.2. sistemas construtivos 2.3. panorama. 1.1. outros tempos 1.2. experimentações de uma época 1.3. traços da contemporaneidade. LISTA DE FIGURAS. INTRODUÇÃO. DESMONTAGEM. 28/11/2018 14:21:49.

(11) 3.1. projeto 3.2. conto. 03. REMONTAGEM. miolo texto.indd 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS BIBLIOGRAFIA. 28/11/2018 14:21:49.

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(15) “Justamente quando a cidade aparece desprovida de centralidade e perfil é que pode ser o lugar da arte. O advento da arte na cidade, hoje, leva em conta a tensão, tudo aquilo que a inviabilizaria. É o espaço criado por ela e por tudo aquilo que ela não é. Um território esgarçado, mas repleto de acontecimentos. Imagens, histórias, outros tempos e lugares.” (BRISSAC, 2003, p.347). miolo texto.indd 15. 28/11/2018 14:21:49.

(16) sobre andaimes. 16. miolo texto.indd 16. 28/11/2018 14:21:49.

(17) introdução. Este trabalho iniciou-se com uma pesquisa para a disciplina de. metodologia. Naquele momento, o interesse estava voltado à temática de arquitetura efêmera, ao gênero ephêmeros que ressalta o traço passageiro e transitório. Assim, como sua existência está vinculada a um período de duração, tal conceito pressupõe a determinação de um tempo.. Essa curiosidade surgiu avaliando a era contemporânea, o contexto. urbano e o comportamento impermanente da sociedade. Isto é, a cidade configura-se como um contínuo processo de movimentação, renovação e crescimento que se reflete na identidade de seus habitantes e vice-versa. A avaliação desta dinâmica incentivou um questionamento sobre o papel da arquitetura.. Para isso, foi necessário buscar na História conceitos e fundamentos. da arquitetura como uma maneira para enfrentar a própria disciplina. De modo que fosse possível posteriormente agregar uma análise crítica das características em discussão da produção arquitetônica no contexto da era contemporânea.. Dando prosseguimento a este percurso, conceituou-se arquitetura. efêmera como uma construção que só cumpre a sua efemeridade quando é desfeita. O que importa é o período efetivo que a construção fica consolidada e não a duração potencial do projeto, como se verifica nas construções arquitetônicas tradicionais feitas para durar.. Dessa maneira, a desconstrução e o desfazer foram os pontos. relevantes da primeira parte da pesquisa e, além disso, também direcionaram o seu desenvolvimento. Assim, o interesse primário sobre uma arquitetura enquanto processo e não como produto final foi reafirmado.. Logo, foram elencadas as palavras chave que nortearam este. trabalho: mutabilidade, efemeridade, impermanência, durabilidade, intervenção, itinerância, flexibilidade, condição desmontável, transitoriedade, reversibilidade e reconfiguração.. Prosseguiu-se com a procura de referências do que já havia sido. pensado sobre esta temática ampla, não somente na modalidade de obra construída como também de produção teórico crítico e experimental. Para esta tarefa foi proposto um recorte cronológico amplo que permite o conhecimento e análise de edifícios que se destacaram em relação à tecnologia construtiva, ao programa proposto e ao partido de projeto.. 17. miolo texto.indd 17. 28/11/2018 14:21:49.

(18) introdução sobre andaimes. Dando continuidade, foi feita a leitura de La arquitectura móvil de Yona. Friedman. No mesmo período, realiza-se o seminário de arquitetura adaptável organizado pelo Instituto de Estruturas Leves (IL), o qual Frei Otto participou como diretor e publica o livro sobre os tópicos abordados neste evento chamado de IL 14, que também tornando-se uma referência para discussão proposta.. Ainda, vários artigos deste seminário propõem que o edifício adaptável. é formado por subsistemas modificáveis que são as bases de projeto em relação às possibilidades de comportamento da adaptabilidade na arquitetura.. Dessa maneira e novamente sem contradição com a ideia inicial,. mas com um foco diferente, foi definido que o conceito a ser explorado mais profundamente seria de arquitetura adaptável, que carece de uma definição exata.. Assim, a pesquisa se justifica por meio do levantamento de exemplos. históricos, pelo princípio de conceituação e formulação projetual de uma arquitetura que esteja em sintonia com a transitoriedade da era contemporânea.. Por último, avançando mais um passo, foram definidas as três. abordagens para a complexidade da arquitetura adaptável, que se revelam na organização dos capítulos, como se verá a seguir:. Capítulo 1. Aborda o panorama histórico das técnicas adaptáveis num. percurso que se inicia na antiguidade e chega nas mudanças do contexto da Revolução Industrial. Em seguida, traz os projetos experimentais da década de 60 que representam o pensamento teórico sobre essa temática, e termina com a caracterização da sociedade contemporânea e suas demandas transparecidas para a arquitetura.. Capítulo 2. Em sequência, há a proposta de conceituar Arquitetura. Adaptável com base nas teses de Yona Friedman e Frei Otto. Faz-se importante abordar as possibilidades adaptativas nas construções arquitetônicas, isto é, os aspectos de transformação do edifício que o tornam adaptável. São eles: mudança formal, mobilidade, multiplicidade de usos e planejamento do período útil.. Ainda neste capítulo, são brevemente discutidos os sistemas. construtivos que permitem o exercício da adaptabilidade na arquitetura. No item seguinte, elencaram-se arquiteturas que possuem a faceta adaptável.. Capítulo 3. É o resultado da busca teórica aplicada ao exercício. projetual, conforme proposto pelo TFG. Além da apresentação dos desenhos, foi 18. miolo texto.indd 18. 28/11/2018 14:21:49.

(19) introdução. inserido um relato das questões que foram importantes para o desenvolvimento do projeto.. Como se verá, o que teve início como uma reflexão teórica e crítica,. resultou nas proposições de projeto, tornando-o não só um objeto arquitetônico, mas também um importante instrumento de ilustração, visualização e materialização das indagações dessa narrativa ao longo deste percurso.. 19. miolo texto.indd 19. 28/11/2018 14:21:49.

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(23) “Mas foi inútil a minha viagem para visitar a cidade: obrigada a permanecer imóvel e imutável para facilitar a memorização, Zora definhou, desfez-se e sumiu. Foi esquecida pelo mundo.” (CALVINO, 2003, p.20). miolo texto.indd 23. 28/11/2018 14:21:50.


(25) montagem. OUTROS TEMPOS. Dentre as várias característica e fundamentos que compõem a. arquitetura, a adaptação ou a capacidade de adaptar-se, é considerada como uma transformação drástica no pensar da disciplina e em sua materialização.. Para tanto, em especial no século XVIII, que se configura como um. marco na evolução deste conceito, a adaptação se serviu também de novos materiais, novas técnicas e novas relações como meio ambiente. “A produção industrial transformou as noções referentes à capacidade social de agir, de criar algo novo, de dominar a natureza material.” (LEFBVRE, p.135). Dessa maneira, a partir do século XVIII, inicia-se o processo da. Revolução Industrial na Inglaterra que mais tarde difunde-se pelo restante da Europa, prolongando-se até a primeira metade do século XIX.. Conforme Leonardo Benévolo (1923-2017), arquiteto e historiador. italiano, alguns fatores foram decisivos para desencadear esse momento, tais como: o aumento da população resultante da diminuição da mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida; o avanço tecnológico, o desenvolvimento econômico e a liberdade da iniciativa privada que geram maior produção dos bens de consumo e de serviços tanto na agricultura como na indústria e comércio, entre outros. Isso acarreta a diversidade desses bens no mercado, e resulta em uma melhora da qualidade de vida da população, o que ciclicamente incentiva a produção.. Outra consequência advinda da tecnologia, foi o encurtamento das. distâncias decorrentes da maior eficiência dos meios de comunicação e da rapidez dos meios de locomoção que provocam, por sua vez, uma nova relação entre espaço, tempo e lugar.. Ainda, outro fator desse processo de transformação é o crescimento. das cidades e surgimento da periferia em resposta ao êxodo rural relacionado à mão de obra empregada na indústria.. Assim, essa época é marcada por novas configurações das relações. sociais, econômicas e políticas, inclusive no panorama da arquitetura. Isto é, com novas técnicas construtivas, novos materiais e tempo de vida útil deles, 25. miolo texto.indd 25. 28/11/2018 14:21:50.

(26) sobre andaimes. surge uma nova dinâmica de valor entre edifício, terreno, cidade. O custo do terreno se torna independente da arquitetura: “Nenhum problema jamais é resolvido definitivamente, e arranjo nenhum pode valer por tempo indeterminado, mas somente por um período que se deve aprender a calcular. Um edifício não mais é considerado uma modificação estável, incorporada ao terreno, mas um manufaturado provisório, que pode ser substituído mais tarde por outro manufaturado. Torna-se possível, assim, considerar um terreno edificável um bem independente, com seus requisitos econômicos devido à posição, à procura, aos vínculos regulamentares etc.” (BENEVOLO, p.552).. Antes, a cidade se configurava como uma paisagem estática de. edifícios que almejam a perenidade. Porém, com o ritmo de transformações e descobertas de materiais que sofrem a ação do tempo, as construções começam a ter seu período de vida reduzido. Em outras palavras, as construções se desenraizam do lugar para serem substituídas por novas.. É possível traçar uma correspondência entre a metáfora dos. palimpsestos com a cidade em formação. Estes são pergaminhos ou papiros cujo texto foi apagado para serem reutilizados. Este processo deixa vestígios do texto manuscrito anterior. Semelhante ao suporte que receberá a sobreposição de um novo texto, o solo urbano renova-se e reorganiza-se constantemente, com sua volumetria regenerativa e com as cicatrizes das sucessivas intervenções.. Já na segunda metade do século XIX, a Europa sofre as consequências. dos problemas ocasionados pela Revolução Industrial, principalmente em relação a higiene urbana e as condições subalternas de habitação. Esse período é conhecido como cidade pós liberal. Isto significa o abandono das teses liberais, as quais defendem a não intervenção estatal: o estado atua como regulador e assume a administração das redes públicas de abastecimento, percursos, locomoção e saúde.. Nesse contexto histórico, é construído o Palácio de Cristal por Joseph. Paxton, em Londres para o evento da Exposição Universal de 1851, que tinha o intuito de exibir o progresso tecnológico e de instruir as massas com os novos padrões industriais. Este evento foi designado como ‘A grande exposição dos trabalhos da Indústria de todas as Nações’.. As exposições universais surgiram na Inglaterra e na França,. países que vivenciaram antes o processo de Revolução Industrial. Assim, as exposições eram movidas pela competição comercial e foi somente na França que a dimensão artística foi incorporada. 26. miolo texto.indd 26. 28/11/2018 14:21:50.

(27) montagem. Foi por meio dessa inovação técnica do sistema de montagem, que. o Palácio foi concebido partindo do pressuposto de ser uma construção efêmera. Em outras palavras, isso significa que a estrutura foi prevista para ser desmontada e com possibilidade de ser remontada em outro lugar ou reaproveitada em outras construções, o que expressa um pensamento que prioriza o econômico e o racional.. O legado desse edifício ressoa até os dias de hoje com as construções. de peças produzidas em série, sendo, portanto, intercambiáveis e modulares que cumprem a possibilidade de expansão ou retração do projeto. Ainda, representam a característica fabril, montagem sistêmica e possuem dimensões para ser transportadas em veículos.. Esses atributos criam uma nova categoria de arquiteturas com método. de projeto e execução que aceitam a mobilidade de suas peças e/ou reutilização delas, opondo-se à solidez das arquiteturas tradicionais. A técnica construtiva passa a considerar o tamanho dos componentes e não só a dimensão final do edifício. Outra mudança é o enfraquecimento do vínculo do terreno, uma vez que há a possibilidade de deslocamento do edifício.. Construído no Hyde Park, contou com 14 mil expositores de todo o mundo. A rápida construção do Palácio de Cristal de 563 metros de comprimento com 30 metros de altura foi realizada em ferro fundido e vidro com peças pré moldadas, para ter uma montagem rápida. Este edifício é o símbolo do século XIX, representado pela indústria da pré fabricação, pelo protagonismo da máquina e da produção de matérias padronizados. Em 1854, a construção do Palácio de Cristal foi ampliada em relação ao projeto inicial e transladada para Sydenham Hill, outra região de Londres e permaneceu edificada até 1936 quando foi destruída por um incêndio.. FIGURA 01 - Pálacio de Cristal © wikiarquitectura.com. Ruth Levy, em sua dissertação de mestrado, “Entre palácios e Pavilhões:. a arquitetura efêmera da exposição nacional de 1908”, explora a relação entre a efemeridade dessas construções e o campo experimental. A autora aponta para a dualidade entre as edificações que aparentam imortalidade, mas possuem 27. miolo texto.indd 27. 28/11/2018 14:21:50.

(28) sobre andaimes. uma vida provisória. “A arquitetura parece encontrar, no cenário das exposições, condições muitas vezes sonhadas: a exceção, a ostentação, o jogo, a emulação, o prazer de criar. São construções que surgem “como por encanto, ao toque da vara mágica”. No entanto, assim como surgem, estão fadadas a desaparecer pela mesma mágica que as criou. Esta arquitetura efêmera, que sem dúvida, oferecia ao visitante toda a aparência de perenidade, teria sua monumentalidade e seu grau de inovação técnica em razão inversa à sua duração prevista, fazendo parte de um cenário, onde sonho e cotidiano harmonizam-se segundo artifícios da técnica. Cabe lembrar que várias dessas construções, a despeito de não possuírem pretensão à perenidade, acabaram por conquistá-la, tornando-se marcos, testemunhos, símbolos de uma época.” (LEVY, p. 49). Este é o caso da Torre Eiffel de 300 metros de altura, construída por. Gustave Eiffel em 1889 para a exposição universal em virtude comemorativa do centenário da Revolução Francesa.. Outro marco para a adaptabilidade na arquitetura foi a formulação das. ideias modernistas. A cidade moderna, foi pensada para ser uma alternativa ao modelo de cidade tradicional existente até então, produzindo uma estética e teorias novas. Os arquitetos Walter Gropius (1883-1969), Mies van der Rohe (1886-1969) e Le Corbusier (1887-1965) foram os precursores.. A diferença da cidade pós liberal para a cidade moderna está nas. funções oferecidas e em sua espacialização. Na cidade pós liberal o programa era voltado ao comércio e circulação no formato de rua-corredor. Já a cidade moderna de Le Corbusier classifica quatro funções do habitante organizadas livremente a partir de uma área verde concentrada e por meio de intervenção pública administrando os espaços da cidade: habitar como principal, trabalhar, cultivar o corpo e o espírito e circular. “Em 1924, estudar a casa para o homem corrente, qualquer um, é reencontrar as bases, a escala humana, a necessidade-tipo, a emoção-tipo. Eis aí. Isso é capital. Isso é tudo”. (LE CORBUSIER, Temperatura, por ocasião da 3 ed.). Para Le Corbusier, nesse período de readaptação à novas condições. sociais e econômicas, advindas do progresso, a arquitetura atua como instrumento para a revisão de valores da sociedade por meio da reavaliação dos elementos da casa. A casa é a máquina de morar. “A série está baseada sobre a análise e experimentação. A grande indústria deve se ocupar da construção e estabelecer em 28. miolo texto.indd 28. 28/11/2018 14:21:50.

(29) montagem série os elementos da casa. É preciso criar o estado de espírito da série. O estado de espírito de construir casas em série. O estado de espírito de residir em casas em série. O estado de espírito de conceber casas em série.” (LE CORBUSIER, XXXII). Dessa maneira, a arquitetura moderna transmite o valor de. racionalização do espaço, uma vez que se utiliza das peças pré moldadas, criando eixos, que hierarquizam os módulos que por sua vez ordenam o planta. Este traçado regulador, a geometria, os ângulos retos e o ritmo se conformam como o oposto da arbitrariedade.. Mais tarde, Le Corbusier formula os 5 pontos da arquitetura. moderna, em que está o conceito de planta livre. Espaços amplos e flexíveis, que possibilitam modificar sua configuração sem a necessidade de alterar a estrutura. Isso se justifica tendo em vista que as paredes de carga deixam de existir, tornando livre a disposição interna. Esta proposição é um entendimento atemporal e utilizada em projetos contemporâneos.. Outro conceito de Le Corbusier é a página em branco que presume a. liberdade do edifício em relação ao território. O espaço caracteriza-se como abstrato, sem suas particularidades, o que propõe uma lógica de implantação modernista com uma nova relação entre edifício, terreno e uso.. Com o exemplo da casa Farnsworth (1951, Estados Unidos) de Mies. van der Rohe é possível perceber uma das diretrizes de projeto utilizados para alcançar este objetivo: eficiente aglutinação das áreas molhadas como núcleo de rigidez, permitindo a mobilidade no programa.. Assim, a questão da escolha dos materiais em função da sua. possibilidade de montagem e desmontagem configura-se como um dos pontos da arquitetura adaptável. Outro fator relevante é a diretriz para criar espaços livres, fluidos e sem determinação de uso.. Retomando a linha do tempo, e voltando aos primeiros séculos da. História, as técnicas de adaptação relacionavam a forma da construção com sua utilidade. Nestes casos, as adaptações não eram feitas de forma racional, mas sim contrapõe-se aos inconvenientes e condicionantes naturais e sociais do meio.. O palácio de Katsura Rikyu, no Japão, é um exemplo da adaptação. relacionada à configuração dos espaços, uma vez que sofreu um processo de 29. miolo texto.indd 29. 28/11/2018 14:21:50.

(30) sobre andaimes. constantes ampliações no projeto.. O Palácio de Katsura Rikyu, também conhecido como Vila Imperial Katsura, em Kyoto, foi construído em 1620 até 1647. Como o projeto passou por várias ampliações, as unidades se dispuseram irregularmente na planta. Com esse deslocamento do eixo central, há a criação de novas simetrias.. FIGURA 02 - Pálacio de Katsura Rikyu. © Kochi Prefecture, Ishimoto Yasuhiro Photo Center. O edifício com aspecto leve e simples, foi construído com os princípios. de modularidade, ortogonalidade e a escolha precisa dos materiais. O projeto possui estrutura em madeira e um sistema de proporções baseado na unidade do tatame, o qual é a medida de relação para os ambientes internos, tornando-o o elemento articulador do projeto.. Katsura dá continuidade à história da arquitetura japonesa ao. proporcionar a separação e a união dos espaços. Essa permutabilidade dos ambientes, ocorre por meio da disposição flexível e modificável das paredes tanto internas e externas, assim, os planos podem estar abertos ou fechados.. Em relação ao clima, os romanos usavam o velum ou também chamado. de velarium como cobertura sobre os teatros para proteger do vento, da chuva, do sol. Se supõe que tanto o anfiteatro de Pompéia como o do Coliseu de Roma possuíam este mecanismo.. Outro exemplo de estrutura em tecidos dos tempos passados, são as. tendas usadas desde os princípios da História. São compostas por membranas soltas ou tensionadas apoiadas em mastro ou estruturas. Elas possuem peso leve, e montagem simples, logo facilidade de transporte, que possibilita a mobilidade das tribos errantes.. Foram usadas para os acampamentos de exército, e continuam usadas. até hoje pelos beduínos e árabes da África do Norte, por exemplo. Atualmente,. 30. miolo texto.indd 30. 28/11/2018 14:21:51.

(31) montagem. FIGURA 03 - Coliseu de Roma © kmaschke. FIGURA 04 - Tabernáculo Israelita autor desconhecido. FIGURA 05 - Tendas Tipi autor desconhecido. 31. miolo texto.indd 31. 28/11/2018 14:21:51.

(32) sobre andaimes. as tendas também podem ser vistas como barracas de acampamento, evento de circo, comércio informal e festas e exposições itinerantes.. O Tabernáculo Israelita (cerca de 1450 a.C.) é mais um exemplo desse. tipo de adaptação em relação à mobilidade. Esta construção foi transportada pela tribo Levitas durantes os 40 anos de peregrinação no deserto. Era uma tenda móvel que servia para centralizar o local de culto a Deus.. O povo indígena Tipi (tepees) que habita a planície do Estados Unidos. e Canadá, também usava uma tenda como abrigo móvel, já que se deslocavam com frequência para acompanhar a movimentação das manadas de búfalo. A estrutura era em madeira em forma de cone e coberta de pele de búfalo.. Assim, as tendas, com sua leveza e o jogo fácil de armar e desarmar,. possibilitam sua portabilidade e configura-se como uma construção temporária no espaço. Possuem uma diversidade de soluções estruturais e formais que possibilitam a multiplicidade de programa.. Mais um exemplo importante são as geodésias do arquiteto. estadounidense Buckminster Fuller (1895-1983). Sua obra mais conhecida é a Biosfera de Montreal de 1967. Foi com esta obra que Fuller ganhou notoriedade internacional.. Assim como a tenda, e os materiais pré fabricados, a componibilidade. dos segmentos e o racionalismo da montagem constituem-se como o ponto mais importante do projeto da geodésia. A unidade do elemento é de onde parte a intencionalidade do projeto.. O trabalho de Fuller prioriza o desenvolvimento de um estudo das. ciências de estruturas auto portantes. Trata-se de uma investigação de conformações geométricas que partem da rigidez do triangulo e se configuram por meio do cálculo matemático.. Em suma, com os exemplos acima pode-se enumerar algumas. formas de adaptação: 1. mobilidade espacial; 2. flexibilização dos espaços internos e consequentemente liberdade programática; 3. modificação da forma; 4. planejamento da vida útil do material e adaptação ao meio. Assim, a semelhança entre eles é devido à possibilidade de mudança formal sem demolição e capacidade de se transladar sem mudanças projetuais para outro sítio.. 32. miolo texto.indd 32. 28/11/2018 14:21:51.

(33) montagem. FIGURA 06 - Biosfera de Montreal © Usuário do Flickr Abadallahh. A geodésia é uma estrutura composta por segmentos que formam triangulações e articulações nodais que são recobertas por um material de fechamento. Hoje é feita com uma variabilidade de materiais, do opaco aço até o uso alternativo com o papelão. Essas construções são como um invólucro que permite que o interior possa determinar suas condições climáticas ideais.. FIGURA 07 - Biosfera de Montreal © Usuário do Flickr Ehsan. 33. miolo texto.indd 33. 28/11/2018 14:21:51.


(35) montagem. EXPERIMENTAÇÕES DE UMA ÉPOCA. A década de 60 é o momento político de polaridade mundial entre. capitalismo e comunismo, configurando o cenário da Guerra Fria (19471991) entre Estados Unidos e União Soviética com as políticas de conquista espacial. No começo deste período, ocorre a Revolução Cubana de 1959. Outro acontecimento importante é a Guerra do Vietnã com a França e os Estados Unidos (1955-1975). Por último, os movimentos estudantis de maio de 68. Ainda, esta década é marcada pelo movimento hippie com ideias pacifistas e movimentos pela igualdade de gênero e dos negros.. Neste cenário, o pensamento europeu arquitetônico foi tomado pela. experimentação. Arquitetos desenvolveram projeções de cidades ficcionais, produção no campo de proposições teóricas inovadoras, com enfoque em conceitos e representação de uma nova possibilidade de organização do mundo real baseando-se no crescente desenvolvimento tecnológico. Destacaram-se New Babylon do Constant (Holanda), Ville Spatiale de Yona Friedman (França) e Plug In City e Instant City do Archigram (Londres).. Estas teses são a reação de as transformações sociais, políticas e. econômicas, e fazem crítica aos problemas da cidade moderna e ao homem idealizado por esse movimento. Isto é, demonstram uma recusa à lógica do racionalismo, urbanismo funcionalista e às determinações da carta de Atenas.. Um fato importante desse período é o boom midiático da televisão. e transmissão satélite que ocorre no contexto do avanço de tecnologias de informação. Reitera o pensamento de um contínuo desenvolvimento tecnológico e de meios de comunicação eletrônicos, da troca de dados à distância e da crescente automação do parque industrial.. No âmbito social, as mudanças ocorrem como consequência deste. crescimento das redes de telecomunicações. Surge uma cultura midiática e de massas voltada ao consumo, que consolida-se através da passividade e alienação.. Assim, as experimentações sugerem alterar essa dinâmica, de modo. que propõem o incentivo à uma participação dos indivíduos na construção e na possibilidade do poder de escolha de questões do projeto. As especulações 35. miolo texto.indd 35. 28/11/2018 14:21:51.

(36) sobre andaimes. permeiam também a ideia de mobilidade e efemeridade e transmitem uma visão de cidade dinâmica em constante transformação.. Neste período, o CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura. Moderna) se configurou como uma série de importantes conferências para debater questões sobre o ideário, o futuro da arquitetura e do urbanismo moderno e estes como fatores de influência para a economia e dinâmica social.. O primeiro encontro ocorre em 1928 em La Sarraz, na Suíça, e foi. organizado por Le Corbusier, Siegfried Giedion e Helene de Mandrot. Em 1933, no CIAM IV foi publicada a Carta de Atenas baseada nas discussões deste grupo.. Outra data importante ocorre em 1956, 10º CIAM e último encontro,. sediado em Dubrovinik e organizado pelo Team X. Este grupo nasceu do CIAM e era a associação de vários arquitetos que possuíam sua produção individual, e traziam-na para um espaço de debates. Nesta reunião, o arquiteto húngaro Yona Friedman apresenta sua tese sobre arquitetura móvel.. Dois anos mais tarde, em 1958, Friedman publica o projeto da Ville. Spatiale, um estudo de estruturas tridimensionais para uma cidade espacial. No mesmo ano e conjuntamente com Frei Otto, Gunther Gunschel e outros, fundam o GEAM (Grupe d’estudes de architecture mobile) que permaneceu unido até 1962. Em 1978, Friedman escreve o livro Arquitetura Móvel.. Pouco antes, no ano de 1975, realiza-se o seminário de arquitetura. adaptável organizado pela Instituto de Estruturas Leves (IL) sediado em Stuttgart, na Alemanha, o qual Frei Otto participou como diretor. No ano de 1979, Frei Otto publica o livro sobre os tópicos abordados neste evento chamado de IL 14. São artigos sobre a adaptabilidade permeando várias áreas do conhecimento como a história, biologia, medicina, arquitetura, planejamento urbano e política. A última edição foi a IL 38 de 2004.. 36. miolo texto.indd 36. 28/11/2018 14:21:51.

(37) montagem. 37. miolo texto.indd 37. 28/11/2018 14:21:51.

(38) sobre andaimes. New Babylon Constat | 1956 – 1974. O projeto da cidade de New Babylon se inicia em 1958 quando. Victor Niewenhuys, chamado pelo pseudônimo de Constant, ingressa na IS – Internacional Situacionista. E este período de estudo e especulação sobre a cidade finaliza em 1969 quando o autor volta a se dedicar à pintura e deixa de lado os modelos físicos de representação.. Os habitantes da New Babylon seguem o oposto da rotina, dedicando. seu tempo para a criação lúdica, realização de suas paixões e sociabilização pelo jogo. De modo que resulta em uma cidade pensada para o homo Ludens, que faz parte da nova organização social, uma vez que a automação substituiu a força de trabalho humano.. Constant propõe esse incentivo a uma criatividade coletiva, como. contraponto do que acontece na sociedade atual da época. Esse conceito foi inspirado no livro de 1938 “Homo ludens: jogo como elemento da cultura” do escritor holandês Johan Huizinga.. A cidade configura-se como artificial, sem dias e nem noites, por meio. de uma tecnologia que controla a iluminação e climatização. Os habitantes vivem uma deriva continua, uma vez que também não há diferenciação entre os lugares.. No aspecto estrutural, a cidade é composta por elementos metálicos. pré fabricados, vigas reforçadas com contraventamento em treliças, lajes suspensas e tirantes.. No âmbito da circulação, o solo é liberado para trânsito público,. uma vez que as habitações se tornam suspensas. A estrutura se renova constantemente por seus habitantes, assim, elementos formais autorregulam a cidade.. 38. miolo texto.indd 38. 28/11/2018 14:21:51.

(39) Representação simbólica, 1969. montagem. FIGURA 08 - New Babylon. Vista dos novos setores da cidade, 1971. © Victor Niewenhuys. FIGURA 09 - New Babylon © Victor Niewenhuys. 39. miolo texto.indd 39. 28/11/2018 14:21:51.

(40) sobre andaimes. Ville Spatiale Yona Friedman | 1959 - 1964. Friedman propõe o uso de megaestruturas sob área urbanizada ou rual. como um componente vertical ao zoneamento bidimensional do urbanismo moderno, com o intuito de aumentar a extensão habitável. Essa diretriz resulta em um solo livre para uso e circulação em que os níveis elevados atuam independentes entre si.. O projeto é composto por uma malha estrutural tridimensional neutra. e elevada sobre pilares e volumes tanto de uso habitacional como de serviço. Essses alojam-se nos vazios desta infraestrutura, o que garante a flexibilidade e variabilidade da configuração espacial.. Em sua teoria, a mobilidade se configura pela convertibilidade das. formas e uso das construções sem que haja mudança na estrutura portante. Isto é, o sistema de planos e formas, permite que as redes viárias, de alimentação e de canalização sejam transformáveis e removíveis sem alterar a estrutura das construções. Como consequência, possibilita uma livre espacialidade das habitações. E assim, concede aos usuários a escolha de viver onde querem, explorando o conceito de emancipação individual, através de possibilidades construtivas que sigam elementos de catálogo, liberando os usuários da tutela de um arquiteto.. 40. miolo texto.indd 40. 28/11/2018 14:21:51.

(41) Vista da Ville Spaciale como cidade independente no meio rual. montagem. FIGURA 10 - Ville Spatiale. Estudo de mobilidade. © Yona Friedman. FIGURA 11 - Ville Spatiale. Estudo para incorporar uso agrícola. © Yona Friedman. FIGURA 12 - Ville Spatiale © Yona Friedman. 41. miolo texto.indd 41. 28/11/2018 14:21:51.

(42) sobre andaimes. Plug In City Archigram | 1964 – 1974. O grupo de arquitetos ingleses permaneceu unido de 1961, ano. que realizou a primeira publicação, até 1974 quando foi publicada a décima edição da revista. O termo de nomenclatura do grupo surgiu em 1964 como a abreviação de architectural + telegram / aerogram. E este foi o ponto de partida para a atuação, com o objetivo de criar uma publicação simples com a rapidez de informação de um telegrama.. No primeiro ano, em 1961, o grupo era formado por Peter Cook,. David Greene e Michael Weeb. O primeiro folheto publicado continha projetos acadêmicos inspirados por formas futuristas e expressionistas. No ano seguinte, juntam-se ao grupo Ron Heron, Dennis Crompton, Wagner Chaik e Theo Crosby.. Em 1964, na quarta edição da revista, Amazing Archigram é publicado. o projeto Plug in City desenvolvido por um dos membros, Peter Cook. A proposta é desenhada com detalhes construtivos até dos encaixes das peças.. O espaço urbano configura-se como um único edifício, em que há. duas categorias construtivas: a estrutura modular fixa da cidade que contem as instalações técnicas e o outro grupo formado pelas unidades arquitetônicas móveis. Essa solução possibilita o crescimento do espaço urbano no tempo.. Um aspecto interessante abordado por Cook é a determinação. do tempo de vida dos elementos que compõe a cidade, podendo variar de 40 anos para estrutura e 3 anos para os banheiros. Importante criar essas diferenciações de duração para que haja o movimento de mecanismo da cidade e um replanejamento com o passar do tempo.. A estratégia para essa construção em constante mudança é a ação. de plugar e desplugar com as gruas que constroem e reconstroem através de componentes flexíveis e intercambiáveis que funcionam como modulo de habitação ou de serviço. Ainda, a estrutura em diagonais enfatiza a alusão ao movimento.. 42. miolo texto.indd 42. 28/11/2018 14:21:51.

(43) montagem. FIGURA 13 - Plug In City © The Archigram Archive. FIGURA 14 - Plug In City © The Archigram Archive. 43. miolo texto.indd 43. 28/11/2018 14:21:51.

(44) sobre andaimes. Instant City Archigram | 1968 – 1970. Com uma cobertura leve em tecido erguida por meio de balões, revela-. se como uma estrutura pneumática. A mobilidade se dá pelas conexões com carros, trailers e dirigíveis, concebendo assim, uma arquitetura itinerante e uma cidade livre para movimentar-se, em outras palavras, origina-se uma metrópole viajante.. Um aspecto importante é o objetivo de a cidade instantânea levar. informações para cidades menores e evitar o complexo de inferioridade dessas última por não ter informação. Isto é, cria-se uma dinâmica metropolitana temporária que acontece por meio da infiltração dos sistemas de transporte e tecnologia de comunicação.. Os técnicos eletricistas são os primeiros a desembarcarem na cidade. para transformar um edifício que estava desativado em uma estação de transmissão.. São eventos de audio visual, projeções de televisão e anúncios de. rádio, luz elétrica e outros que acontecem em todo distrito. É possível supor que esses acontecimentos ocorreriam no local, mas não todos juntos com essa intensidade.. Assim, conforma-se como uma cidade evento capaz de responder às. necessidades imediatas dos habitantes com rede de informações, educação e entretenimento. E ao final, interliga uma quantidade de cidades através de estações de transmissão formando uma comunidade.. 44. miolo texto.indd 44. 28/11/2018 14:21:51.

(45) montagem. FIGURA 15 - Sequência dos efeitos em um cidade típica da Inglaterra © Collection Frac Centre. FIGURA 16 - Instant City © The Archigram Archive. miolo texto.indd 45. 45. 28/11/2018 14:21:52.

(46) sobre andaimes. Esses projetos de megametrópoles configuram-se como movimentos. utopistas que negam a arquitetura do estilo internacional e enxergam no período do pós guerra a importância da mobilidade atrelada ao modo de vida urbano. As especulações trazem noções de fluidez, imediatismo, mobilidade, flexibilidade, alternância, instabilidade, entre outros.. Nessas propostas, as críticas e ironias dos autores ficam evidenciadas. pelo encantamento dinâmico e transitório das proposições, ressaltadas ainda mais com o psicodelismo das representações gráficas que envolve uma convergência de linguagens como fotografias, fotomontagens, desenhos técnicos, desenhos artísticos, textos, etc.. São megaestruturas e cidades espaciais que culminam para. criação de um modelo alternativo, como um exercício especulativo sobre as possibilidades da cidade do amanhã.. Uma das críticas às experimentações é a abstração do território. existente para pensar no novo. Desse modo, o projeto ruma para o campo do imaginário, uma vez que desvincula-se dos fatos urbanos reais ao criar um circuito fechado de transformações que se encerram nele mesmo sem antecipar a imprevisibilidade do meio ao qual estaria inserido.. No entanto, é deste alargamento de horizontes estéticos, que surge a. possibilidade de crítica radical, e seu aproveitamento como novas propostas a serem materializadas na sequência. Portanto, o exercício de abstração se torna fundamental para que seja possível criar propostas - conceito. Partiendo de unas construcciones fundamentales, se llega a la teoria axiomática siguiente: a) las utopías nacen de uma insatisfaccíon colectiva; b) no pueden nacer más que con la condición de que exista um remedio conocido (uma técnica o um cambio de conducta), susceptible de poner fin a esta insatisfacción. c) una utopía no puede llegar a ser realizable si no consigue un consentimiento colectivo. (FRIEDMAN, 1977, p.14). Yona Friedman, em seu livro Utopías Realizáveis explica este conceito. do título como o processo em que a ideia antecede o projeto e este se realiza graças à técnica. Assim, o autor considera utopia como uma ruptura de padrões que retrata o querer coletivo por novos caminhos.. 46. miolo texto.indd 46. 28/11/2018 14:21:52.

(47) montagem. 47. miolo texto.indd 47. 28/11/2018 14:21:52.


(49) montagem. TRAÇOS DA CONTEMPORANEIDADE. Apoiando-se nas teses dos autores Zygmunt Bauman, Henri Lefbvre,. Francesco Careri e Ignasi Solà – Morales pretende-se discutir a relação espaço – tempo na atualidade.. A era contemporânea é marcada pela primazia do capitalismo e do. consumismo como ordens vigentes, em que essa nova configuração resulta uma mudança radical nas relações humanas e consequentemente no espaço urbano que vem sendo anunciada no século XX. As máquinas conduzirão a uma nova ordem do trabalho, do repouso. Cidades inteiras estão para ser construídas, em vista do repouso mínimo, cuja ausência prolongada poderia fazer oscilar o equilíbrio das sociedades. A sociedade é instável, se rachando sob um estado de coisas conturbado por cinquenta anos de progresso que mudaram mais a face do mundo que os seis séculos precedentes. (LE CORBUSIER, 2014, p.67). Esse cenário globalizado em que predomina um exponencial. desenvolvimento tecnológico causa alterações subsequentes no meio de produção com o avanço da automação. Este progresso afeta também as dinâmicas socias, através das mudanças dos sistemas de troca de informação, comunicação e locomoção.. O filósofo e sociólogo francês Henri Lefbvre (1901-1991) em seu. livro O direto à cidade reforça a existência do vínculo entre o funcionamento do urbano, instituições e sociedade e as respectivas mudanças. Para ele, as relação imediatas e diretas entre os indivíduos são também parte importante das transformações na cidade. Apenas hoje é que começamos a apreender a especificidade da cidade (dos fenômenos urbanos). A cidade sempre teve relações com a sociedade no seu conjunto, com sua composição e seu funcionamento, com seus elementos constituintes (campo e agricultura, poder ofensivo e defensivo, poderes políticos, Estados, etc.), com sua história. Portanto, ela muda quando muda a sociedade no seu conjunto. (LEFEBVRE, 2001, p. 51). De acordo com o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017),. em seu livro Modernidade Líquida, a relação espaço – tempo se transformou, uma vez que a velocidade se faz presente nas relações sociais, financeiras e de 49. miolo texto.indd 49. 28/11/2018 14:21:52.

(50) sobre andaimes. mobilidade. Isto é, as distâncias percorridas passam a depender da tecnologia dos meios de transporte. Há uma nova percepção do que é próximo e do que é distante, já que os limites de velocidade do movimento não são mais os mesmos.. Na concepção do autor, Bauman define o conceito de espaço como o. que se percorre em certo tempo e tempo, por sua vez, como o que se precisa para percorrê-lo. Assim, introduz a ideia de que o tempo é a arma na conquista do espaço, criando uma relação de poder e dominação que se contrapõe à liberdade de movimento. Em outras palavras, por conta da flexibilização do tempo, este é considerado como uma ferramenta para a conquista do espaço. Isso porque a capacidade de escapar e a velocidade com que isso é feito consiste na dominação.. Dessa maneira, o tempo dinâmico se caracteriza também por sua. instantaneidade. E mover-se é a incapacidade de ficar parado no campo físico e também a impossibilidade de atingir a satisfação no campo psíquico. Em relação a este último, o ser moderno busca a o prazer de realizações imediatas que causam um estado de constante transgressão, ansiedade e incompletude. Os objetos a serem conquistados perdem sua atração no momento de sua realização.. Por conseguinte, a identidade do sujeito só pode existir como projeto. não realizado: nenhuma vitória irá satisfazer alguém por completo. O desejo de sempre querer alcançar mais é o que traz a sensação de inacabado.. Essa transitoriedade também pode ser considerada presente em. relação à arquitetura. Semelhante a independência travada entre pessoa e território, passa a questionar-se a necessidade de laço permanente do edifício ao terreno. Arquitetura e usuário respondem a essas mesmas questões do imediatismo e flexibilidade: de transformações no tempo. Fixar-se ao solo não é tão importante se o solo pode ser alcançado e abandonado à vontade, imediatamente ou em pouquíssimo tempo. (BAUMAN, 2000, p.22). Assim, é proposto uma cultura que prega a oposição à eternidade. e durabilidade. Isso porque, algo só é passível de renovação se for desfeito, ou melhor, o que deixa de existir cria oportunidade de transformação ao ser substituído. Neste mundo [cheio de oportunidades], poucas coisas são predeterminadas, e menos ainda irrevogáveis. Poucas derrotas são definitivas, pouquíssimos contratempos, irreversíveis; mas nenhuma 50. miolo texto.indd 50. 28/11/2018 14:21:52.

(51) montagem vitória é tampouco final. Para que as possibilidades continuem infinitas, nenhuma deve ser capaz de petrificar-se em realidade para sempre. Melhor que permaneçam líquidas e fluidas e tenham “data de validade”, caso contrário poderiam excluir as oportunidades remanescentes e abortar o embrião da próxima aventura. (BAUMAN, 2000, p.81). Lefbvre diferente de Bauman, acredita na importância da existência de. espaços que estão ultrapassados. O ciclo de vida da cidade ideal se distingue da efêmera, pela primeira permitir o obsoleto e a última estar em constante transmutação. A cidade ideal comportaria a obsolescência do espaço: transformação acelerada das moradias, dos locais, dos espaços preparados. Seria a cidade efêmera, perpétua obra dos habitantes, eles mesmo móveis e mobilizados para/por essa obra. (LEFEBVRE, 2001, p.133). Em suma, na dualidade espaço – tempo, impera a velocidade como. modo de deslocar-se na contemporaneidade, com o objetivo de cobrir distâncias. Como ação oposta a essa ideia, Francesco Careri, autor de Walkscapes: o. caminhar como prática, propõe o percurso como uma intervenção simbólica no território: o tempo de deslocamento transforma o ambiente. Assim, o caminhar revela-se um instrumento que, precisamente pela sua intrínseca característica de simultânea leitura e escrita do espaço, se presta a escutar e interagir na variabilidade desses espaços, a intervir no seu contínuo devir com uma relação sobre o campo, no aqui e agora das transformações, compartilhado desde dentro as mutações daqueles espaços que põem em crise o projeto contemporâneo. (CARERI, 2013, p. 32).. A percepção do gesto caminhar por Careri, é o elo entre arquitetura,. paisagem e seu espectador. Assim, através da vivência permite criar um novo sentido e significado ao espaço. Deste modo, Careri atribui uma faceta artística a esse movimento, como forma de intervenção urbana, uma vez que explora a realidade sensorial. O caminhar se torna um instrumento tanto cognitivo quanto projetual.. Por último, o arquiteto, historiador e filósofo catalão Sóla – Morales. (1942-2001) em seu livro Territórios também comenta sobre os conceitos espaço - tempo: o espaço se percebe no tempo e o tempo é a forma de experiência espacial. Essa nova proposição se diferencia da de Bauman em que o tempo é considerado somente uma duração relativa, mas se aproxima ao continuar o vinculando-o ao espaço.. Para Sóla-Morales, essa experiência espacial é a quarta dimensão: a 51. miolo texto.indd 51. 28/11/2018 14:21:52.

(52) sobre andaimes. deriva como a experiência de duração. Essa, dialoga com o caminhar de Careri, pois é compreendida também percepção espacial. A consciência faz como que se molde a experiência, criando certa plasticidade tanto na compreensão espacial quanto temporal. espacios fijos se convierten em permantentes dilataciones, de misma manera que lo que eran a tiempos cronometrables se convierten em flujos, en experiencias de lo durable. (SOLÀ-MORALES, 2002, p.129). Desenvolvendo essa discussão, Solá-Morales apresenta a associação. entre três condições da arquitetura e o estado físico de material. Depois, acrescenta a correlação com o espaço - tempo. O primeiro grupo é caracterizado pela solidez, materiais duradouros e rigidez. O segundo tem como aspecto a viscosidade e ser maleável. O último é tomado pela fluidez, dinamismo e transformações.. O grupo dos sólidos por seu caráter de permanência, definições fixas. da arquitetura é marcado pela primazia do espaço. Do lado oposto, o grupo da fluidez, que possui a capacidade de incorporar partes é marcado pela primazia do tempo. Assim, o grupo da viscosidade é o intermédio, que evidencia a tradição em novo modo e é categorizado como processo, sendo esse que atrai o interesse contemporâneo.. Portanto, para o desenvolvimento teórico adota-se como ponto. relevante a produção arquitetônica como um constante processo de renovação. E, assim, a produção de oportunidades acompanha a transitoriedade da era contemporânea. Por outro lado, tem-se a importância da ação do tempo para que parte envelheça, sendo esses elementos de equilíbrio e história da cidade. Essa relação entre o novo e o velho não configura-se como polaridades excludente em sua totalidade.. Ainda, reforça-se a existência do vínculo entre sociedade e a dinâmica. da cidade. O mesmo ocorre na escala do edifício, o usuário interfere na arquitetura. Essa relação é travada pelo gesto do caminhar que manifesta a percepção e experiência espacial, que por sua vez, re-transforma a arquitetura.. Dessa maneira, Solá-Morales questiona o exercício e a produção. arquitetônica. ¿Qué sucede si intentamos pensar desde el otro extremo de estos conceptos tradicionales? ¿Existe uma arquitectura materialmente líquida, atenta y configuradora no de la estabilidad sino del cambio y, por tanto, habiéndoselas con la fluidez cambiente que oferece toda realidad? ¿Es posible pensar una arquitectura del tempo más que. 52. miolo texto.indd 52. 28/11/2018 14:21:52.

(53) montagem del espacio? ¿Una arquitectura cuyo objetivo sea no el de ordenar la dimensión extensa, sino el movimento y la duración? (SOLÀMORALES, 2002, p.126). Essas perguntas de Sóla-Morales tem o efeito de provocações e. instigam a reflexão sobre essa disciplina na atualidade. Questiona-se sobre traços não tradicionais da arquitetura em consonância com o que é oferecido pelo momento atual.. Em vista disto, faz-se necessário ponderar sobre arquiteturas que. estejam em sintonia com o caráter nômade da atualidade e com a cultura contemporânea das constantes transformações.. As construções monolíticas de uso específico, são fixas e sólidas,. e possuem um legado de saber e técnica construtiva. Já os edifícios com capacidade de absorver o efêmero, organizam-se pela multiplicidade sem hierarquia. Enquanto a primeira garante a permanência no espaço, a segunda é a arquitetura que dialoga com o tempo.. 53. miolo texto.indd 53. 28/11/2018 14:21:52.

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(57) “O que distingue um rosto belo é a qualidade dos traços e um valor todo particular das relações que os unem. O tipo de rosto pertence a todo indivíduo: nariz, boca, testa etc., assim como uma proporção média entre esses elementos. Há milhões de rostos construídos com esses tipos essenciais; no entanto todos são diferentes: variação da qualidade dos traços e variação das relações que os unem.” (LE CORBUSIER, 2014, p.145). miolo texto.indd 57. 28/11/2018 14:21:52.


(59) desmontagem. ARQUITETURA ADAPTÁVEL. Como visto anteriormente, os meios e técnicas para a adaptabilidade. na arquitetura fizeram-se presente ao longo da História de modo a dialogar com as demandas de cada época.. Pode-se afirmar que as realizações práticas vieram antes das. especulações teóricas. As tendas nômades, as divisórias japonesas, o velum dos teatros e por último as inovações advindas da Revolução Industrial foram as anunciações para a discussão.. Somente no século XX que foi proposto uma arquitetura que se. opusesse ao monumental, indicando princípios de leveza, praticidade, rapidez e condição perecedora.. Assim, destacaram-se os autores Yona Friedman e Frei Otto, que. trataram desse assunto em suas respectivas teses, La arquitectura móvil (1978) e Arquitectura adaptable (1979). Como já contextualizado, este último título é um compilado de artigos de várias áreas do conhecimento discutidos no Colóquio Internacional de Arquitetura Adaptável de 1974, organizado pelo instituto de Estruturas Leves.. Mais uma vez, ressalta-se a importância da compreensão da. adaptabilidade como um fundamento para a arquitetura e, portanto, como um elemento pertinente ao seu entendimento. Atualmente, é um conceito que tem ganhado visibilidade por causa da necessidade da arquitetura em dialogar com as transformações tecnológicas e sociais imprevisíveis e pelo o modo de vida transitório cotidiano da contemporaneidade. Pretende-se, assim, conceituar e elencar os fatores da arquitetura adaptável.. Para iniciar a discussão, nas primeiras páginas de Arquitectura. Adaptable, são listas palavras vinculadas a esse termo e em seguida, mais algumas como mobilidade, convertibilidade, grande área, sistema de construção são aplicadas como legenda de imagens. ADAPTABLE - MÓVIL - CONSTRUCCIÓN - ECONÓMICA - DIVISIBLE - DESMONTABLE - AMPLIABLE - AUTOCONSTRUCCIÓN - FLEXIBLE - CAMBIO DE FUNCIÓN - AMPLIO ESPACIO - CONSTRUCCIÓN PROVISIONAL - VIDA CORTA - MÓVIL - E MÚLTIPLE USO CONSTRUCCIÓN SIN COSTES - TRANSLADABLE - INDEPENDIENTE 59. miolo texto.indd 59. 28/11/2018 14:21:52.

(60) sobre andaimes DEL LUGAR - SISTEMA ABIERTO - ECOCONSTRUCCIÓN PLANIFICACIÓN FLEXIBLE - PROVISIONAL - LÍMITES DEL SISTEMA - AUTOPLANIFICACIÓN - TRANSPORTABLE - DIVISIBLE - FRACCIONABLE - REDUCIBLE - AMPLIABLE - TRANSLADABLE - EXPLOTABLE - CAMBIABLE - CAPAZ DE SER CAMBIADO RENTALIZABLE - LIBERTAD DE ELECCIÓN - AMPLIO - CRECEDERO CONSTRUCCIÓN SUPRIMIBLE - PLANIFICACIÓN DEL TIEMPO. (OTTO, 1979, p. 12). O artigo 2.4 deste mesmo livro, denominado adaptabilidade, é escrito. por Freio Otto e inicia-se com uma analogia entre arquitetura e biologia. Neste caso, a adaptação se realiza quando se cumprem as várias possibilidades de vida. Acrescenta também que o permanecer estático é antinatural, tanto em relação à natureza morta quanto à natureza viva, as duas se modificam no tempo: a primeira se transforma e se decompõe e a segunda participa do processo de evolução.. Outro autor do colóquio que discute essa relação com a biologia é. o Ewald Budner que atuou como engenheiro, arquiteto e sócio de Frei Otto. Primeiro afirma que o termo adaptação carece de uma definição exata em relação as técnicas construtivas. E depois relaciona-o com a biologia e o mundo dos processos orgânicos em que os seres vivos se acomodam ao meio ambiente que estão inseridos, de modo a conservar ou melhorar as suas condições de vida. Isto é, o processo natural se configura por ser orgânico e multidirecional, compreendendo várias possibilidades de caminhos.. Ainda, Frei Otto afirma que não há uma dicotomia entre edifício. adaptável e estático (não modificável), uma vez que existem diferentes tipos de adaptação e os edifícios não se configuram como uma coisa ou outra. Propõe, assim, o abandono da uniformidade representada pela arquitetura internacional para o desejo de uma arquitetura pluralista. “No existe ni uma arquitectura adaptable ideal, ni una arquitectura estáticas inadaptable o lenta ideal; hay una arquitectura más o menos estática o más o mesnos adaptable. Existen distintos grados de adaptabilidad y posibilidad de adaptación.” (OTTO, 1979, p. 130). Sobre a arquitetura inadaptável, esta pode ser entendida como a. conservação de posição, ser intacto ao tempo. Nesse caso, quando o edifício não é mais útil para a sociedade, tem que ser demolido. Por outro lado, é impossível propor uma construção totalmente adaptável, uma vez que o processo de projeto é lento e não acompanha a velocidade das mudanças da sociedade.. 60. miolo texto.indd 60. 28/11/2018 14:21:52.

(61) desmontagem. Outra possível consideração acerca da dualidade entre arquiteturas. totalmente adaptáveis ou não adaptáveis é por meio da referência de movimento baseado nos conceitos da física. Se tudo se move, possui uma mesma velocidade e, portanto, está parado. Por isso vem a importância de diferenciar as durações e velocidade de transformação na cidade e nos edifícios.. Deste modo, se justifica a importância da escolha de materiais que. se associem ás diferentes aptidões funcionais do edifício no tempo. Portanto, a vida dos edifícios está atrelada a adaptabilidade técnica dos materiais de sua construção. Como sugere o arquiteto Jurgen Joedicke no artigo 2.1 nomeado como El problema dela variabilidade y flexibilidad en la construcción do colóquio: “para solucionar este problema se propone crear edifícios de vida relativamente corta o estructuras variables y flexibles com partes de distinta duración.” (OTTO, 1979, p.112). Assim, o arquiteto Konrad Wachsmann, no artigo 2.3 denominado La. construcción es energia y movimento en el tempo y en el espacio do seminário reconhece que é necessário considerar o edifício como um produto inacabado, resultado de suas subsequentes transformações vindas de fatores políticos, sociais, econômicos, científicos e com ênfase no desenvolvimento tecnológico.. Dessa maneira, a escolha de materiais e método construtivos que. absorvem as indeterminações configuram os espaços e volumetrias do projeto. Esse pressuposto se opõe a um produto concluso, e atribui esta questão como uma preocupação secundária.. Retomando a discussão do termo em si, outras terminologias fazem-. se indispensáveis para o entendimento da adaptabilidade: o conceito de flexibilidade e variabilidade. Para isso, foram adotadas as definições propostas por Richard Larry Medellin explicadas no artigo 2.5 – Tipos de adaptabilidade: A pesar de que las ramificaciones de dicho términos no son fácilmente distinguibles, haciendo un esfuerzo para estabelecer lo que hay detrás de estas nociones he encontrado muy útil considerarlos de acuerdo con estas definiciones generales: la flexibilidad sugiere el potencial de una entidad proyectada para acomodarse a diferentes funciones o condiciones externas al sistema proyectado [...]; variabilidad es el potencial de reorganización o cambio de una entidad proyectada, como respuesta a diferentes funciones o condiciones externas [...]; Adaptabilidad es el término general que abarca a la flexibilidad y la variabilidad y puede imaginarse como el potencial de un entidad proyectada para acomodarse pasivamente o responder activamente a distintas funciones o condiciones externas. (OTTO, 1979, p. 135). 61. miolo texto.indd 61. 28/11/2018 14:21:52.

(62) sobre andaimes. Para exemplificar, Medellin compara uma escola que permite. acomodar uma ampla variedade de processos acadêmicos com a condição de flexibilidade. Já para variabilidade relaciona com uma cobertura de um edifício que no frio adquire energia solar e no calor atua como placa refletora do calor.. Assim, o termo de flexibilidade está ligado ao projeto que consegue. absorver a imprevisibilidade de condições externas do meio. E variabilidade é a previsão na etapa de desenho de alternativas para reorganizar e prever mudanças. E conclui que adaptabilidade pode ser compreendida como uma junção desses dois termos, e dessa maneira, é entendida como resposta às condições externas, sendo elas antecipadas ou imprevistas.. Já Yona Friedman, apresenta uma abordagem diferente, o que justifica. outra terminologia do título. Nas primeiras páginas de La arquitectura móvil, o autor cria um dicionário de conceitos. São apresentados o significado de mobilidade, da própria arquitetura móvel, de urbanismo espacial, entre outros: “Arquitectura móvil: sistemas de construcción que permiten al habitante determinar por sí mismo la forma, la orientacíon el estilo, etc., de su apartamento, así como cambiar dicha forma cada vez que así lo decida.” (FRIEDMAN, 1978, dicionário de conceptos). Este conceito de adaptabilidade vinculado à escolha do futuro usuário. está presente também na formulação da cidade espacial Vila Spatiale do mesmo autor. Friedman demonstra a importância de os habitantes da cidade terem o poder de escolha sobre suas habitações, possibilitando assim o desenvolvimento da emancipação individual. A consequência em relação à arquitetura é a variabilidade na configuração espacial e nova proposição do papel do arquiteto.. Para este autor, arquitetura móvel é a possibilidade de transformação. do uso pelo próprio usuário sem que haja demolição do edifício ou de sua estrutura, de modo a se adaptar às novas demandas da sociedade futura. Ou seja, é a proposta para que a arquitetura se adapte ao habitante em lugar do habitante ter que se forçar a adaptar-se a ela.. A linha de pensamento é semelhante a lógica do consumo. Os. objetos que são vinculados ao poder de compra apresentam muitas opções de tamanhos, cor, forma, utilização, entre outros, como um modo de afirmar a personalização daquele que está comprando.. Esse desejo por singularizar-se e seguir suas vontades e gostos. próprios, através do raciocínio de Friedman, também deveria ser aplicado para 62. miolo texto.indd 62. 28/11/2018 14:21:53.

(63) desmontagem. as habitações, libertando-se da tutela do arquiteto.. Deste modo, fez-se necessário traçar novas diretrizes para o trabalho. do arquiteto, sendo elas: 1) planejar os sistemas do edifício – estrutura de sustentação e redes de distribuição de água, gás, energia e circulação. 2) formular elementos de catálogo. No primeiro caso, o arquiteto tem que planejar tudo que não forma parte do ambiente pessoal, resultando num projeto de estrutura neutra de organização de elementos indiretamente usados pelos habitantes. No segundo caso, oferece ao cliente o repertório para que este possa escolher seguindo suas necessidades e gostos.. Por último, Friedman elenca soluções para a arquitetura a ser. construída, ressaltando a importância da escolha de materiais e técnica construtiva: Para ayudar a los técnicos de las ciudades a salir del atual atolladero, es preciso: 1. Unas técnicas que permitam construir aglomeraciones temporales concebidas de manera que su reagrupación periódica, según las necesidades, no suponga las pérdidas materiales que actualmente se dan en la demolición; 2. Unas técnicas que permitan desplazar las redes de alimentación de agua, energía, alcantarillado y circulación (redes que pueden seguir a las aglomeraciones) sin deteriorar el terreno con sus restos ni causar las pérdidas representadas por una demolición; 3. Estas técnicas deben conducir a utilizar unos elementos que no sean caros, fáciles de montar y desmonar, fáciles de transportar (en cuanto a peso y a estorbo) y en condiciones de poderse utilizar nuevamente.. Assim, para ele é necessário considerar uma construção delimitada no. tempo, que possa reconfigurar-se sem a necessidade de demolição. Para isso, os sistemas de abastecimento básico não podem ser um impedimento. E por último, aponta aspectos de técnicas construtivas que facilitam essa execução: baratas, sistema de montagem que prevê a desmontagem e reutilização e facilidade de transporte pelo peso e dimensão.. Novamente sobre o colóquio, vários artigos propõem que o edifício. adaptável esteja formado por subsistemas modificáveis. Estes podem ser categorizados e tornam-se as bases de projeto em relação as possibilidades de comportamento da arquitetura.. 1.Mudança formal. É a transformação da forma. Isso se dá por meio da variabilidade 63. miolo texto.indd 63. 28/11/2018 14:21:53.