UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO
SENSU EM DIREITO
MESTRADO
PARLAMENTO DO MERCOSUL E
INTERNALIZAÇÃO DE NORMAS
MEDIDA PROVISÓRIA
LEGISLATIVA
MESTRANDO: JOSÉ MENDONÇA DE ARAÚJO
FILHO
ORIENTADOR: Professor Doutor ANTÔNIO PAULO
CACHAPUZ DE MEDEIROS
BRASÍLIA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
Mestrado em Direito
Área de Concentração: Direito Internacional
Econômico
PARLAMENTO DO MERCOSUL E INTERNALIZAÇÃO DE NORMAS. MEDIDA PROVISÓRIA LEGISLATIVA
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação
“Stricto Sensu” em Direito
Internacional Econômico da
Universidade Católica de Brasília,
como requisito para a obtenção do
Título de Mestre em Direito
Internacional Econômico
Orientador: Professor Doutor
Antônio Paulo Cachapuz de
Medeiros
TERMO DE APROVAÇÃO
Dissertação defendida e aprovada como requisito
parcial para obtenção do Título de Mestre em Direito Internacional
Econômico, defendida e aprovada, em 28 de agosto de 2007, pela
banca examinadora constituída por:
Antônio Paulo Cachapuz de Medeiros
Maria Cláudia Barbosa de Oliveira Drummond
Ao meu Deus, à minha Mãe Maria e à minha amada mulher e filhos, fortalezas firmes e valiosas, de minha frágil existência. Aos meus
Ao meu incansável orientador, Professor Antônio Paulo Cachapuz de Medeiros, um homem forte das fronteiras sulinas deste País que soube conciliar com maestria a humildade e o conhecimento.
Ao Professor Manoel Macedo que nos revelou uma nova visão da metodologia científica, e com seus gestos e atitudes simples, reeducou-nos para o mundo da ciência.
Ao Professor Jorge Nogueira, devotado cidadão do mundo que nos escolheu para seus alunos e fez-nos ver de forma clara que nossos limites superam aqueles que imaginamos e que a fronteira do conhecimento não alberga os mesmos princípios das fronteiras geográficas.
Meu muito obrigado aos Senadores Romeu Tuma e Efraim Morais, Mariângela Cascão (SF), José Maurício de Souza Lima (SF), Professores da UCB, Katiúscia (UCB), André Arruda (revisor) e colegas da Biblioteca do Senado Federal.
“O mundo pertence aos otimistas; os pessimistas são meros espectadores.”
RESUMO
Os Poderes Judiciário e Executivo têm medidas para atender situações de emergência. A seu turno o Poder Legislativo é o único que não dispõe de um mecanismo legal que o instrumente a responder uma demanda urgente do destinatário de seus serviços. Partindo desse problema, e utilizando-se do método heurístico, foi-se buscar no direito constitucional italiano e depois no modelo constitucional brasileiro uma resposta para ele. Chegou-se à medida provisória do Executivo, que também é defendida nesta dissertação para o Legislativo, com alguns diferenciais. No foco do Mercosul, detendo atenção especial ao parlamento deste Bloco comercial, é defendida a medida provisória legislativa como meio de internalização das normas entre os membros do citado mercado, por óbvio, quando o Parlamento do Mercosul passar a exercer sua vocação de gênese, ou seja, a de legislar. Neste particular a sugestão seria a elaboração de norma com vigência imediata e composta por preceitos básicos a serem submetidos aos países membros do Bloco, num exemplo de consulta prévia. A experiência aplicada da norma por cada país poderia, ao final, gerar outra de consenso. A criação de um ordenamento jurídico próprio para o Mercosul implicaria em maior segurança jurídica, e, conseqüentemente, evolução do Bloco.
ABSTRACT
In constitutional Brazilian System the Legislative is unique without a cautinary measure. We have ordinary process to make law e until some procedures fast to do it, but it is not enough to give for a society a answer more faster in emergency cases. The Legislative needs a cautinary measure like the Judiciary and the Executive. Transferring this topic to Mercosul we have another thing to resolve. How Mercosul can regulate your commercial relations between its members? How is possible to make for them? Who could make it? Mercosul got its parliament. In the first moment this parliament doesn’t make law, only serve like a conciliator. In this paper we suggest that Legistative’s Mercosul use temporary injunction to aggregate their member around the basics laws.
KEYWORDS: cautinary measure, provisional measure, provisional remedy,
SUMÁRIO
Introdução ...1/10
Problema de Pesquisa ... 11
Hipótese de Pesquisa ... 11
Objetivos da Pesquisa ...11/12 Justificativa Teórica e Prática ...12/14 Metodologia ...14/15 Apresentação... 16
CAPÍTULO I – MERCOSUL – LINHAS GERAIS 1.1 – Criação do Mercosul ...16/28 1.2 – Estrutura Institucional do Mercosul ...28/29 1.3 – Competência dos Órgãos do Mercosul ... 29
1.3.1 – Conselho de Mercado Comum (CMC) ... 29
1.3.1.1 – Algumas Atribuições e Funções do CMC ... 30
1.3.2 – Grupo Mercado Comum (GMC): Estrutura ... 31
1.3.2.1 – Algumas Atribuições e Funções do GMC ...31/32 1.3.3 – Comissão de Comércio do Mercosul (CCM) ... 32
1.3.3.1 – Algumas Atribuições e Funções da CCM ...32/33 1.3.4 – Comissão Parlamentar Conjunta: Estrutura ...33/35 1.3.4.1 – Atribuições da CPC ... 35
1.3.4.2 – Funcionamento da CPC ...35/36 1.3.4.3 – Manifestações da CPC... 36
2.3.1.1 – Normas que não Precisam de Internalização ... 71 2.3.1.2 – Normas que Precisam de Internalização ...71/78 2.3.1.3 – A Posição do Judiciário Brasileiro sobre a Internacionalização das Normas ...78/83 2.4 – Conclusão ...83/84
CAPÍTULO III – PODER GERAL DE CAUTELA E A DISCRICIONARIEDADE NA ATIVIDADE JURISDICIONAL
3.1 – Considerações Iniciais ...85/87 3.2 – Medidas Cautelares ...87/87 3.3 – Conceito de Poder Geral de Cautela ...88/92 3.4 – Cautelar Geral e Medidas Típicas ou Nominadas...92/93 3.5 – Poder Geral de Cautela e o Devido Processo Legal... 94 3.6 – O Poder Geral de Cautela e o Processo Principal ...95/96 3.7 – Medidas Cautelares e Internalização das Normas do Mercosul ...96/97 3.8 – Conclusão ... 97
CAPÍTULO IV – MEDIDAS PROVISÓRIAS
4.1 – Considerações Iniciais ...98/101 4.2 – Histórico ...101/104 4.3 – Natureza Jurídica ...104/116 4.4 – Medida Provisória e Sistema de Governo...116/121 4.4.1 – Diferenças entre Parlamentarismo e Presidencialismo...121/127 4.4.2 – Medida Provisória – No Brasil e no Parlamento do Mercosul ...127/134 4.5 – Conclusão ...135/136
CAPÍTULO V – O PROCESSO LEGISLATIVO DA MEDIDA PROVISÓRIA
5.1 – Considerações Iniciais ...136/137 5.2 – Medida Provisória e seus Limites ...137/144 5.3 – Medida Provisória e os Decretos-leis...144/146 5.4 - Conceitos de Relevante, Urgente e Termos Sinônimos ...146/152 5.5 – Conclusão ...152/154
CAPÍTULO VI – MEDIDA PROVISÓRIA LEGISLATIVA
6.2.1.4 – Liminares em Ações Autônomas...158/159 6.3 – Medida de Emergência no Poder (Função) Executivo (a)... 159/162 6.3.1 – Medidas Provisórias In Specie ...162/164 6.3.2 – Medidas de Poder de Polícia e Contratos Administrativos...164/165 6.3.3 – Efeitos Práticos dos Instrumentos Processuais
de Emergência...165/166 6.4 – Medidas de Emergência no Poder (Função) Legislativo (a) ...166/169 6.5 – Medida Provisória Legislativa ...169/170 6.5.1 – Natureza Jurídica ...170/173 6.5.2 – Conceito de Medida Provisória Legislativa ...173 6.5.3 - Medida Provisória (artigo 62, da Constituição Federal de 1988) versus Medida Provisória Legislativa ...174/177 6.5.4 – Medida Provisória, uma Matéria de Lege Ferenda ...177/178 6.5.5 – Legitimidade Constitucional da Medida Provisória Legislativa...178/180 6.5.6 – Competência para Expedir a Medida Provisória Legislativa ...180/182 6.5.7 – Medida Provisória Legislativa como Complemento ao Processo
Legislativo Ordinário ...182/184 6.5.8 – Medida Provisória Legislativa e o Devido Processo Legal...184/187 6.5.9 – Medida Provisória Legislativa como Super Poder? ...188 6.5.10 – Conclusão ...188/190
CAPÍTULO VII – MEDIDA PROVISÓRIA LEGISLATIVA COMO SOLUÇÃO PARA INTERNALIZAÇÃO DE NORMAS PELO PARLAMENTO DO
MERCOSUL
7.1. – Considerações Iniciais ...190/193 7.2 – Medida Provisória Legislativa e Mercosul ...193/195 7.3 – Resposta do Problema...195 7.3.1 – Considerações Iniciais ...195/197 7.3.2 – Respostas ...197 7.3.2.1 – Com a Criação do Mercosul, como Reger as Relações Jurídicas dele Decorrentes? ...197/201 7.3.2.2 – Qual seria a Solução Efetiva no Mercosul para a Garantia dos Direitos e Segurança Jurídica dos Atos Praticados e a Praticar, Notadamente os de Cunho Econômico? ...201/202 7.4 – Conclusão ...202/203
CAPÍTULO VIII – SEGURANÇA JURÍDICA, MEDIDA PROVISÓRIA
LEGISLATIVA COMO FATOR POSITIVO DE INTERVENÇÃO ECONÔMICA
8.1 – Considerações Iniciais ...203/208 8.2 – Segurança Jurídica ...208 8.2.1 – Aspecto Jurídico...208/213 8.2.2 – Aspecto Econômico ...213/217 8.3 – Medida Provisória Legislativa como Fator Positivo de Intervenção
CAPÍTULO IX – CONCLUSÃO ... 221/231
REFERÊNCIAS ...231/241
ANEXO I – Composição Inicial do Parlamento do Mercosul...242
ANEXO II – Protocolo que Constituiu o Parlamento do Mercosul ...243/249
ANEXO III – Regimento Interno do Parlamento do Mercosul...250/267
INTRODUÇÃO
Citando Karl Deutsch, Celso D. de Albuquerque Melo1,
leciona que existem várias condições para o aparecimento do regionalismo e uma
integração. Ele passa a indicá-las: a) os países devem ter um código comum para
se comunicar; b) a velocidade dos contatos; c) valores básicos compatíveis; d) a
previsibilidade do comportamento dos demais; e) uma elite que não se sinta
ameaçada pela integração.
O Mercosul é realidade regional que, não obstante a
descrença de alguns, a quem Celso Amorim2, Ministro das Relações Exteriores do
Brasil, chamou de “mercocéticos”, vem avançando, a passos largos, na direção do
fomento econômico da região.
Uma análise breve da balança de exportação brasileira, a
partir de 20003 revela um expressivo aumento dos negócios.
A participação do Brasil no cenário internacional
econômico teve um aumento real, considerando que em 2000 exportou U$ 55,09
bilhões e ao final de 2006, U$ 125,244 bilhões.
O Brasil, portanto, em 6 anos, mais que dobrou sua
exportação, o que é positivo. Entretanto, essa postura de crescimento não foi
acompanhada pela modernização do ordenamento jurídico quanto ao processo
legislativo de aprovação de compromissos internacionais.
A segurança jurídica das relações comerciais passa por
um processo célere na formação dos acordos e nosso País, embora crescendo
1 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público, Renovar, 15ª. edição revisada e
ampliada, Rio de Janeiro, 2004, p. 736.
2 JORNAL DO SENADO FEDERAL, Órgão de Divulgação do Senado Federal, Ano XIII – Nº 2.587, de 8 de
maio de 2007, p. 4.
3 Ano escolhido por ser o que anuncia o novo milênio.
4 BOLETIM DO BANCO CENTRAL – Relatório Mensal, volume 43, nº 2, Fevereiro de 2007, atualizado até
em sua exportação, ainda não dispõe de um mecanismo jurídico que consolide em
tempo hábil as pactuações realizadas.
Albuquerque5 informa que o Brasil, assim como seus
parceiros do Mercosul, durante muito tempo tiveram como acertada a decisão de
afastamento do resto do mundo como medida protetora de seus interesses. O
tempo incumbiu-se de mostrar ser essa prática um ledo engano. Ocorre que este
pensamento terminou por influenciar todos os seguimentos da sociedade, em
especial o Parlamento.
Os parlamentos sul-americanos, sob a influência
mencionada, elevaram o défice com a política externa, agravado com o próprio
demérito da instituição congressual durante os regimes militares. Essa seqüência
de fatores contribuiu para parlamentos menos experientes no trato da matéria
internacional e, consequentemente, menos interessado.
Entretanto, essa realidade mudou rapidamente com a
globalização, e as instituições nacionais, em especial os parlamentos, prescindem
de tempo maior para moldarem-se ao novo tempo e novos valores.
Alguns parlamentos da América Latina saíram na frente,
como o da Argentina, que dá tratamento jurídico especial aos tratados, mas, modo
geral, ainda não dispõem da agilidade necessária à aprovação das normas
internacionais que chegam e precisam ser inseridas no ordenamento interno.
Cachapuz de Medeiros assinala preocupação com a
necessária dinamicidade e celeridade do procedimento de celebração de tratados,
informando que a lentidão parlamentar pode trazer prejuízos consideráveis.6
5 ALBUQUERQUE, Roberto Chacon de. A Questão Ambiental e a Integração das Américas. Revista de
Derecho Internacional y del Mercosur, v. 7, nº 1, p. 7, feb. de 2003.
6 CACHAPUZ DE MEDEIROS, Antônio Paulo. O Poder Legislativo e os Tratados Internacionais. Instituto dos
Logo, se de um lado há um comércio pujante, de outro, há
um arcabouço jurídico que precisa ser formado, e com a rapidez que o tempo
atual exige, sob pena de estagnação, ou quando muito, um crescimento pífio.
E qual seria a solução? O que fazer para reverter este
quadro? A resposta estaria apenas no plano interno ou também no externo?
Entendemos que a resposta pode vir de fora,
precisamente do Mercosul e da integração gradualista pela qual vem passando.
A criação do Parlamento do Mercosul indica que o Bloco
não tem uma proposta simples, mas integrar os Estados visando um
desenvolvimento real de todos os partícipes e em todos os seguimentos humanos.
Essa percepção é importantíssima e nos interessa de perto.
Maria Cláudia Drummond7, bem antes da criação do
Parlamento do Mercosul, acentuava que o tema da criação de um Parlamento
para o Mercosul está intimamente ligado ao aperfeiçoamento dos procedimentos
de internalização das normas do Bloco e do próprio reforço da segurança jurídica
regional. Um dos maiores desafios para o estabelecimento do Parlamento é
dotá-lo de competências no processo de produção das normas do Mercosul. Essa
afirmativa é colhida da tese de doutorado da autora, onde ela aborda sobre o
défice democrático nas relações internacionais.
Portanto, se em um primeiro momento o papel
fundamental do Parlamento mercosulino não é o de elaborar leis, essa será,
indiscutivelmente, sua tarefa futura, e é no que deverão trabalhar, com prioridade
e arduamente, os novos parlamentares integrantes desta Casa legislativa regional.
Evento realizado em Brasília, em setembro de 2004, na
Câmara dos Deputados, aponta nessa direção. Naquela data e local foi realizado,
por iniciativa da Representação Brasileira na Comissão Parlamentar Conjunta do
7 DRUMMOND, Maria Cláudia. A Democracia Desconstruída. O Déficit Democrático nas Relações
Mercosul, o Seminário de Internalização de Normas do Mercosul, que teve por fito
principal “discutir as dificuldades de incorporação das normas do Mercosul pelos
países-membros, e, de outro, propor mecanismos que possam agilizar o processo
de internalização dessas normas aos respectivos ordenamentos jurídicos
nacionais.”8
O então presidente da Representação Brasileira na
Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, Senador Sérgio Zambiasi, prefaciou
o evento com as seguintes palavras:
“Dimensão central da política externa brasileira nos
últimos quatorze anos, o Mercosul carece da criação e implementação de
mecanismos que agilizem a incorporação de normas, que fornecem a moldura e
produzem a necessária segurança jurídica para atender às demandas de cidadãos
e empresas regionais, aos respectivos ordenamentos jurídicos dos seus Estados
Partes...No atual estágio do seu desenvolvimento, o Mercosul precisa agilizar o
processo de recepção de normas geradas pela estrutura funcional-administrativa
do Bloco, criada pelo Tratado de Assunção9
(1991) e pelo Protocolo de Outro
Preto (1994), e que devem ser internacionalizadas pelos sistemas jurídicos
vigentes nos Estados Partes do Mercosul.”10
Naquela mesma oportunidade João Ricardo Carvalho de
Souza11
registrou a indagação: “Por que há essa preocupação com a recepção
imediata das normas do Mercosul?” É ele mesmo quem responde: “Por uma
questão de segurança das relações que devem ocorrer dentro do Mercosul.” (p.
65) Na mesma linha o Professor Cachapuz de Medeiros demonstra sua
8 COMISSÃO PARLAMENTAR CONJUNTA DO MERCOSUL. Internacionalização de Normas do Mercosul –
Seminário realizado em 2 de setembro de 2004, no Plenário 3, Anexo II, da Câmara dos Deputados, Brasília-DF, Congresso Nacional, Brasília, 2005.
9 TRATADO DE ASSUNÇÃO, de 26 de março de 1991, assinado e ratificado pelos Estados Partes,
promulgado pelas seguintes leis internas: na Argentina, Lei nº 23.981, de 04/09/91; no Brasil pelo Decreto nº 350, de 21/11/91; no Paraguai (sem dados) e no Uruguai pela Lei nº 16.196, de 22/07/91.
10 Op. cit., p. 7
preocupação diante “das dificuldades das autoridades nacionais de exercerem
controle sobre um processo decisório doméstico, disperso, entre vários
ministérios, departamentos e agências do Poder Público, o que gera uma
insegurança jurídica que acaba por afetar o próprio avanço da integração
econômica.”12
Por conta de tudo isso, a doutrina de Otávio Augusto
Drummond Cançado Trindade será de grande valia a este estudo, na medida em
que enfrenta, com maestria, o problema da internalização das normas Mercosul.
Ele sintetiza sua preocupação com a afirmativa de que “a incapacidade de os
Estados Partes do Mercosul formarem uma ordem jurídica composta por regras
uniformes e obrigatórias para todos tem sido um dos principais insucessos do
Bloco.”13
Nakayama leciona que um dos aspectos mais relevantes
do processo de integração entre os países do Mercosul, diz respeito à eliminação
de diferenças legislativas que possam dificultar ou obstaculizar o seu
desenvolvimento. E é ela mesma quem completa: “Para que o desejo do Mercosul
(de harmonizar legislações) se realize, é necessário buscar, em um primeiro
momento, a sua coordenação. É o que se conclui da leitura do art. 1° do Tratado
de Assunção.”14
Cachapuz de Medeiros, bem antes, em sua comemorada
obra, “O Poder de Celebrar Tratados”, foi um dos primeiros a perceber a
necessidade de um mínimo de organização e celeridade para atingir a segurança
jurídica, notadamente para o plano interno. Segundo ele, “encontrar fórmula que
permita organizar os Poderes do Estado, de modo a garantir o controle do
Legislativo internamente e, ao mesmo tempo conferir ao Executivo suficiente
12Op. cit., p. 52.
13 TRINDADE, Otávio Augusto Drummond Cançado. O Mercosul no Direito Brasileiro, Incorporação de
Normas e Segurança Jurídica, Del Rey, Belo Horizonte, 2007, p. 151.
14 NAKAYAMA, Juliana Kiyosen. Reforma Tributária, Mercosul & União Européia, Juruá Editora, Curitiba,
autoridade para promover os interesses do País no cenário externo, é desafio
difícil para legisladores e estudiosos do Direito.”15
Buscou-se com este trabalho encontrar senão uma via
mais simples à internalização de normas do Mercosul, em especial pelo
Parlamento deste, ao menos indicar mais um, dentro outros, procedimento que
deságüe em normas que conduzam o Bloco a atingir seus objetivos.
Entretanto, não se pode enfrentar o problema sem que
antes esteja fixada a realidade nacional no que toca à relação com o Mercosul, e
dessa meditação não temos como fugir.
A Constituição brasileira firma os fundamentos do Estado
sobre três poderes, sendo eles o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Cada um
deles tem uma competência específica para que o Estado brasileiro atinja suas
finalidades. O Executivo tem a função administrativa do Estado e suas atribuições
principais previstas no artigo 84, da Constituição, o Judiciário, a seu turno, tem a
função precípua de julgar, estando sua missão bem definida nos artigos 96, 102,
105, 108, 109 e 114, da norma constitucional e, por fim, o Legislativo tem por fito
legislar para a sociedade, criando condições para que atuem o Executivo e o
Judiciário. Suas atribuições estão previstas nos artigos 48 a 52 e 58, da
Constituição.16
Em uma visão conjunta dessas atribuições do Estado, o
Poder Executivo estaria para o presente, pois executa o orçamento e o
planejamento do Estado, o Judiciário estaria para o passado, pois aprecia, em
regra, o que já aconteceu, e o Legislativo, a sua vez, estaria para o futuro, pois
dispõe prevendo o que poderá acontecer, em regra é o que bem delineia a Carta
Política de 1988.
15 Op. cit., p. 15.
Não podemos esquecer aqui a admoestação de
Secondat17 (Barão de Montesquieu) de que “quando, na mesma pessoa ou no
mesmo corpo de Magistratura, o Poder Legislativo é reunido ao Executivo, não há
liberdade. Porque pode temer-se que o mesmo Monarca ou o mesmo Senado faça
leis tirânicas para executá-las tiranicamente.”
Em situação de normalidade no exercício de suas funções,
cada Poder tem catalogada sua missão e quando esta é afetada por elementos
exógenos ou endógenos a eles, tem o Poder Judiciário medidas bem definidas e
delineadas de como agir, assim como o Executivo. Neste particular o problema
está com o Poder Legislativo que não dispõe de nenhuma medida de urgência, de
eficácia imediata, para atender sua finalidade primeira, a de legislar, em outras
palavras, uma medida legislativa que tenha vigência imediata.
O Poder Judiciário conta com medidas como o poder geral
de cautela para atender a lide com contornos emergenciais, conforme prevêem os
artigos 798 e 799, do Código de Processo Civil, assim como a liminar estabelecida
pela Lei nº 1.533/51, artigo 7º, II, conhecida com a Lei do Mandado de Segurança,
e, ainda, a tutela antecipada bem albergada no artigo 273, do Código de Processo
Civil.
À sua vez, o Poder Executivo dispõe das medidas
provisórias, com seu sítio no artigo 62, da Constituição Federal e as tem utilizado
desde sua criação, em casos de relevância e urgência.
Esse quadro permite revelar que o Poder Legislativo é o
único que não conta com medidas de urgência para enfrentar os problemas
emergenciais que lhe são apresentados pelo povo, o que se pode conferir pela
leitura dos artigos 44 a 75, da Constituição Federal.
A sociedade vem pressionando o Congresso Nacional a
ter uma atitude mais rápida para aquelas situações que causam insegurança,
perigo e desestabilização. Portanto, a mobilização diuturna da sociedade tem sido
17 SECONDAT, Charles Louis de (Montesquieu). O Espírito das Leis, As Formas de Governo, A Federação,
para exigir do Poder Legislativo uma resposta célere, e que é incompatível com
um processo legislativo formal e lento.
E no contexto externo? Hoje é uma realidade que o
relacionamento entre os países intensificou-se com a abertura de novos mercados
e necessidades. Qualquer país que não acompanhar essa interação,
principalmente em sua região, estará fadado ao isolamento e a experimentar
prejuízos econômico-financeiros.
O Mercosul é uma realidade tangível e em franco
processo de desenvolvimento, o que se confirma pela existência, hoje, do
Parlamento do Mercosul, efetivamente instalado desde 14 de dezembro de 2006,
com a sessão de posse dos primeiros parlamentares realizada em Montevidéu em
07 de maio de 2007. Esta instituição mercosulina pode ser apresentada como um
exemplo do avanço do Bloco.
Mas a verdade é que o país que pretende a integração no
mercado internacional tem que ser ágil e participativo no plano externo e ter a
aprovação de seu povo para firmar os atos necessários, mas para isso urge que o
Estado disponha de processo e procedimento que assegurem a realização do
acordo de forma rápida e segura, ainda que, inicialmente, de forma provisória, até
que se o submeta a um rito ordinário de apreciação e aprovação, se for o caso.
A presença de um parlamento aumenta a possibilidade da
almejada integração, mas ao mesmo tempo leva a questionar como poderá
exercer sua atividade precípua – elaborar leis – se a comunidade da América do
Sul é eclética, cabendo relembrar a existência de duas línguas, o português e o
espanhol e as ingentes diferenças econômicas, sociais, culturais, etc.
No caso específico do Parlamento do Mercosul, até por
sua precocidade, ainda não se encontrou, ou ao menos não se fez uma opção por
um mecanismo legal que concilie os interesses mais díspares dos
Estados-Membros e se possa em um futuro formar um ordenamento jurídico comunitário,
De se ver que carecem de uma medida de eficácia
urgente e de aplicação imediata, não apenas o Parlamento brasileiro quanto
ainda, e principalmente, o do Mercosul. E mesmo que a situação não seja de
urgência, passa da hora de se encontrar um meio comum para a aprovação de
normas que atendam prontamente o cidadão mercosulino, não apenas no território
de seu país, quanto na área abrangida pelo Mercosul.
Se se fala de agilidade, eficiência e segurança jurídica,
convém procurar na realidade mais próxima, no caso o direito brasileiro,
procedimentos que sejam exceção à ordinariedade e respondam aos reclames
modernos, em especial quando se cuida de firmar tratados internacionais em um
mercado mundial em expansão.
Apontar a pesquisa nessa direção nos leva à medida
cautelar e seu procedimento, bem como sobre o poder geral de cautela, dois
institutos que foram bem estudados por Galeno Lacerda, Betina Rizatto Lara, Luiz
Guilherme Marinoni, Sidney Sanches e Sérgio Seiji Shimura, e que foram os
autores escolhidos para embasar essa dissertação por conta de uma visão
moderna sobre o tema.
O acolhimento da doutrina destes autores será
fundamental para o enfrentamento das questões trazidas pelo problema de
pesquisa e para ajudar na criação de instrumento hábil a tornar céleres e efetivos
os atos legislativos produzidos pelos Estados-Membros e pelo Parlamento do
Mercosul. Este o viés de internacionalização do estudo.
Será de crucial importância a lição de Cachapuz de
Medeiros. Ele aponta um dos principais caminhos para a pesquisa do tema
escolhido, aduzindo que: “Encontrar fórmula que permita organizar os Poderes do
Estado, de modo a garantir o controle do Legislativo internamente e, ao mesmo
tempo, conferir ao Executivo suficiente autoridade para promover os interesses do
País no cenário externo, é desafio difícil para legisladores e estudiosos do Direito.”
Será igualmente importante que se passe ao estudo da
origem da medida provisória e apuração de suas finalidades com o objetivo de
traçar um paralelo entre esta medida já existente no texto da Constituição Federal
e os contornos daquela que poderá resultar da pesquisa. As obras de Brasilino
Pereira dos Santos18
, Afonso Arinos19
, Raul Machado Horta20
, Saulo Ramos21
,
Humberto Bergman Ávila22, Janine Malta Massuda23, Ivo Dantas24 e José Levi Mello
do Amaral Júnior25, serão de grande valia na indicação da nova visão da Medida
Provisória.
Por fim, como o estudo não tem foco isolado para o palco
externo, precisamente o Mercosul, mas passa necessariamente pela realidade
brasileira, e o trabalho é de cunho científico, não pode ser descurada a avaliação
sobre em qual regime de governo o procedimento de internalização seria mais
profícuo, se para o regime parlamentarista ou presidencialista. Essa preocupação
se impõe na medida em que a alternativa de internalização tem fonte histórica em
ambos os regimes.
PROBLEMA DE PESQUISA
O problema de pesquisa está sintetizado em uma única
pergunta. Considerando que o Mercosul não tem um direito comunitário, como
prover a internalização de suas normas e criar um ordenamento jurídico próprio?
18 SANTOS, Brasilino Pereira dos. As Medidas Provisórias no Direito Comparado e no Brasil. Editora LTR,
São Paulo, 1994.
19 FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Relatório do Ministro Afonso Arinos sobre a Conferência de Washington
– 1983. Processos Contemporâneos de Elaboração das Constituições. Revista de Ciência Política, vol. 27 – n. 1, jan./abr. 1984, pp. 1/32
20 HORTA, Raul Machado. Estudos de Direito Constitucional. Editora Del Rey, Belo Horizonte, 1995.
21 RAMOS, Saulo. Conferência proferida pelo Ministro Saulo Ramos no Fórum Jurídico Brasileiro, Belo
Horizonte, MG, em 4 de outubro de 1989. Medida Provisória. Ministério da Justiça, Brasília-DF.
22 ÁVILA, Humberto Bergmann. Medida Provisória na Constituição de 1988, Porto Alegre, SAFE, 1997.
23 MASSUDA, Janine Malta. Medidas Provisórias: Os Fenômenos na Reedição, Brasília, SAFE, 2001.
24 DANTAS, Ivo. Aspectos Jurídicos das Medidas Provisórias, Brasília, Brasília Jurídica, 1997, 3a. edição.
25 AMARAL JÚNIOR, José Levi Mello do. Medida Provisória e a sua Conversão em Lei, RT, São Paulo,
HIPÓTESE DE PESQUISA
Partimos da premissa que a resposta ao quesito do
problema passa pela criação do Parlamento do Mercosul. Se de início ele não tem
a competência das instituições co-irmãs, ou seja, dos parlamentos nacionais, em
longo prazo ser-lhes-á semelhante, até por sua proposta gradual de implantação.
O Estado de Direito nasce em bases organizadas e regido
por normas concebidas por seus legítimos representantes. O Mercosul, guardadas
as devidas proporções, como instituição alinhada aos princípios do Estado de
Direito, não descura dessa senda.
Também há de ser considerado como pressuposto da
pesquisa que os parlamentos não costumam dispor de medidas para atender as
demandas urgentes da sociedade que representa, sendo este um fato que se põe
igualmente para o Parlamento mercosulino.
Esta dissertação terá como base doutrinária a de que a
internalização das normas do Mercosul deve não só passar pelo Parlamento
quanto irradiar nos Estados Sócios o que resultou de consulta prévia representada
em decisão assemblear, a fim de permitir, especialmente, a garantia e segurança
jurídica das relações mercosulinas.
OBJETIVOS DA PESQUISA
A relatividade do conceito de inédito é uma realidade, daí
ser importantíssimo pesquisar nas constituições de países de cultura ocidental,
com enfoque para a América Latina, se o Parlamento destes possui algum
instrumento que atenda a demanda urgente dos cidadãos.
A pesquisa a ser realizada se mostra importante porque,
Parlamento do Mercosul dispor de mecanismos e meios para atender não apenas
às demandas rotineiras e passíveis de um procedimento legislativo ordinário,
quanto ainda, e com mais razão, passe a ter condições de socorrer a sociedade
em suas situações de urgência e perigo. De maior relevo a preocupação que se
deve ter com a segurança jurídica, pois é ela quem garante a estabilidade
econômica.
O resultado da pesquisa poderá servir como mais um
suporte e instrumento para o Parlamento do Mercosul responder tanto aos
reclamos urgentes, quanto achar caminhos para reger as relações que nascem e
nascerão de um comércio sulino em amadurecimento.
O modesto resultado esperado, assim se deseja, poderá
contribuir, de maneira simples, não só para os casos presentes e futuros, quando
mais ainda, terá a intenção de levar ao mundo científico, notadamente, à ciência
jurídica, a capacidade de um poder constituído remodelar-se para não
comprometer os motivos de sua gênese.
JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA
Muito embora o problema apresente contornos
eminentemente legislativos, buscar-se-á as respostas em um primeiro momento
na teoria geral do processo, com ênfase do processo cautelar, onde, acredita-se,
estão os primeiros passos para a construção do raciocínio. A ação seguinte será
estudar a natureza jurídica das medidas assecuratórias do direito principal sob a
visão da escola de Galeno Lacerda26
, Humberto Teodoro Júnior27
, Vicente Greco
26 LACERDA, Galeno. Comentários ao Código de Processo Civil. 9ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 2006,
vol. VIII, Tomo I.
27 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, São Paulo, Forense, 38ª edição,
Filho28
e outros processualistas, todos estes autores que se aprofundaram sobre o
tema e demonstraram a aplicação prática do conhecimento.
No tema específico do Direito Internacional, com destaque
ao Mercosul, tomar-se-á a lição do Professor Antônio Paulo Cachapuz de
Medeiros29
por ser o autor que tem o privilégio de conciliar o conhecimento da
doutrina mais moderna com a experiência pessoal no assessoramento direto na
celebração de acordos pelo Executivo/Itamaraty, onde exerce o cargo de
Consultor Jurídico. Não poderá ser esquecido o trabalho de Maria Cláudia
Drummond sobre o défice democrático nas relações internacionais e os
parlamentos da integração, posto que aborda, com conhecimento de causa, a
relação Mercosul x Parlamento x Democracia. Como ficou consignado, a obra de
Otávio Augusto Drummond Cançado Trindade, “O Mercosul no Direito Brasileiro”
também é ferramenta indispensável a esta dissertação.
Por interessar muito perto a natureza jurídica das medidas
provisórias, sua origem e consectários, prescinde-se de uma abordagem
diferenciada e mais crítica, com o que não se poderá evitar, nem mesmo
contornar, as doutrinas de Afonso Arinos30
, Raul Machado Horta31
, Saulo Ramos32
,
Brasilino Pereira dos Santos33
, Humberto Bergman Ávila34
, Janine Malta Massuda35
,
Ivo Dantas36
e José Levi Mello do Amaral Júnior37
.
Embora moderno o debate, a questão da internalização
das normas do Mercosul não pode prescindir das aulas magistrais de Antonio
28 GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro, São Paulo, Saraiva, 2003, 16ª edição, 3º
volume. 29Op. cit.,. 30 Op. cit., pp. 1/32 31Op. cit.,.
Paulo Cachapuz de Medeiros, Jorge Fontoura Nogueira, Maria Cláudia Drummond
e João Ricardo Carvalho de Souza, durante o Seminário realizado na Câmara dos
Deputados em 02/09/04, eis que ricas como fontes de pesquisa e de conteúdo.38
METODOLOGIA
“Predomina no senso comum, que o conhecimento domina
a rotina da sociedade, ou seja, o paradigma vigente na sociedade moderna é a
lógica reconstruída a partir do conhecimento. O que deve ser verificado é que este
conhecimento não é o vulgar, mas o científico. Isto quer dizer o conhecimento
baseado no método. O método, por sua vez, não é um método qualquer, é o
científico, que tem como um dos seus pressupostos, a utilização da observação
controlada, não por qualquer um do povo, mas por aqueles que dominam os seus
fundamentos. Para os críticos, os feiticeiros; para a comunidade científica, os
cientistas.”39
O método heurístico apresenta-se como a melhor
metodologia para o estudo, considerando a valorização que dispensa ao
pensamento na construção do conhecimento científico. O construir (ou
desconstruir) de forma dinâmica é um bom aliado, daí apresentar-se o método
indicado como o mais apropriado.
Na desordem da desconstrução nos tornamos mais
criativos para achar a solução. Kuhn definiu bem esse momento ao despertar-nos
para a verdade de que “tal como os artistas, os cientistas criadores precisam, em
determinadas ocasiões, ser capazes de viver em um mundo desordenado.”40
38Op. cit.
39 MACÊDO, Manoel Moacir Costa. Metodologia Científica Aplicada, Brasília, Scala Gráfica e Editora, 2005,
p. 9.
Nas precisas palavras de Macêdo “o método heurístico é
um método de investigação flexível, dinâmico e que utiliza as características e leis
do pensamento para a construção do conhecimento científico.”41
O método poderá ser colocado em prática com a
exploração das doutrinas nacional e estrangeira, consultas a sites, legislação,
jurisprudência, teses recentes e estudos comparativos de textos normativos.
Pesquisa de campo, explorando a realidade congressional
e a de países que integram o Mercosul, feita por intermédio de observação séria
dos fatos com a coleta de dados relativos e circundantes do tema, aparelharia
melhor para resposta ao problema. Essa observação se faria de forma presente,
revelada e teria por fim apurar os eventos dentro de período determinado. Em
todas as letras, uma observação participante.
Impõe dizer que não desejamos limitar-nos a apenas um
ou dois tipos metodológicos, mas valer-se do que a teoria tem denominado de
pluralidade metodológica. Por certo que priorizaremos alguns tipos de pesquisa,
como a exploratória, pesquisa de campo, documental e observação participante.
APRESENTAÇÃO
Passaremos, preliminarmente, a fazer breve relato sobre o
Mercosul, acentuando o problema da internalização das normas e a importância
de se encontrar um instrumento legal que a permita ser realizada para a garantia e
segurança jurídicas e, via de conseqüência, promova o desenvolvimento
econômico do Bloco. O Parlamento do Mercosul terá nossa atenção especial.
A busca pela solução do problema nos remeterá ao
estudo dos procedimentos cautelares, mas de uma forma não tão densa que
desvirtue o tema vertente.
Será igualmente importante conhecer melhor o instituto da
medida provisória, expediente constitucional largamente utilizado pelo Executivo e
que suscita dúvida sobre qual o regime que a tem por vocação.42
Por fim, apreendido o problema, será possível, à luz da
literatura utilizada, construir mais um caminho para solucioná-lo, o qual deverá ter
por base os princípios do Estado de Direito43
e permitir o curso simples do
instrumento necessário à internalização das normas do Mercosul.
CAPÍTULO I – MERCOSUL – LINHAS GERAIS
1. 1 – Criação do Mercosul
Lecionam Nascimento e Silva e Accioly44 que a entidade
que passou a ser conhecida como Mercosul resultou dos entendimentos havidos
em Foz de Iguaçu em 1985 entre os recém-eleitos Presidentes José Sarney, do
Brasil e Raul Alfonsín, da Argentina. Os dois países acabavam de voltar à
normalidade democrática, mas enfrentavam uma série de desafios. Embora a
ALALC tivesse terminado em fracasso e a ALADI seguisse pelo mesmo caminho,
a experiência adquirida havia sido importante, e os dois governos sentiam que
uma nova tentativa deveria ser empreendida. Além do mais, sentia-se que uma
política em comum poderia tornar suas posições mais fortes em relação às
investidas dos Estados Unidos e do Mercado Comum Europeu.
Para KLOR vários foram os motivadores para a criação do
Bloco comum, citando, entre eles: “la alineación universal a comienzos de la
década de los noventa, caracterizada por la creación de nuevos espacios
geográficos con clara definición unificadora de sus intereses y de su accionar,
unida a las circunstancias por las que atravesaban las economías de los países
latinoamericanos, obraron de tierra fértil para plantar la cimiente sobre la cual se
edificaría el esquema.”45
Certo é, o Mercado Comum do Sul, MERCOSUL, é
formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Estão como países associados
o Peru (15/12/03)46, Bolívia e Chile. A Venezuela iniciou o processo de adesão ao
Bloco a partir de 05/07/06, quando da reunião de Chefes de Estados Partes
realizada em Caracas.
44 ACCIOLY, Hildebrando e NASCIMENTO E SILVA, G.E. do. Manual de Direito Internacional Público,
Editora Saraiva, 15ª. edição, 2002, São Paulo, p. 242.
45 KLOR, Adriana Dreyzin de. Hacia una Reforma Integral. Hacia el Parlamento del MERCOSUR, Fundación Konrad Adenauer, Comisión Parlamentaria Conjunta del MERCOSUR, Editores, págs. 23 usque 39, Uruguay, 2004, p. 26.
Este Bloco tem seus primeiros passos com a criação da
Associação Latino-Americana de Livre Comércio – ALALC (1960), depois com a
Associação Latino-Americana de Integração – ALADI (1980) que substituiu a
ALALC e com a integração entre Brasil e Argentina (1986).
A Comissão Parlamentar Conjunta47 registrou que, na
década de 80, o processo de redemocratização da América Latina e a crescente
diversificação da produção industrial foram os dois fatores mais importantes para a
integração regional, e que serviram para a criação da base do Mercosul.
Por falar em base, em três delas sustenta-se o Mercosul:
a) jurídica – vinculada à ALADI, sob a forma de um Acordo de Complementação
Econômica entre Brasil, Argentina, Paraguai, sendo normas e princípios regentes
aqueles desta associação; b) política – firmada na cláusula democrática do
Tratado de Assunção, com consolidação no Protocolo de Ushuaia, de 24/07/98; e
c) econômica – presente na constante diversidade e capacidade produtiva das
quatro economias e no grande incremento das trocas comerciais entre os países
do Bloco. 48
A criação oficial do Mercosul se dá com o Tratado de
Assunção, assinado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, em 26/03/9149
e
tinha num primeiro momento por objetivo a adoção de um programa de redução
tarifária progressiva, linear e automática, bem assim o estabelecimento de uma
tarifa externa comum, harmonização das políticas macroeconômicas de liberação
de intercâmbio e a adoção de acordos setoriais50
. Entretanto o marco institucional
47 www.senado.gov.br/evmmercosul - título “O que é Mercosul” 48 www.senado.gov.br/evmmercosul - título “O que é Mercosul”
49 Aprovado pelo Decreto Legislativo n° 197, de 25/09/91 – DOU de 26/09/91 e promulgado pelo Decreto n° 350, de 21/11/91 – DOU de 22/11/91
do Mercosul se dá com o Protocolo de Ouro Preto, assinado em 17/12/9451
, e que
dá a ele a personalidade jurídica de direito internacional.
Para Nakayama52
o Protocolo de Ouro Preto pôs fim à
transitoriedade do Mercosul. Dessa forma foi possível ao Bloco habilitar-se a
negociar, em seu próprio nome, com outras entidades de direito internacional. Por
conta de tudo isso é possível afirmar que o Mercosul é um parceiro econômico
relevante no plano internacional.
O Mercosul possui hodiernamente uma estatura
continental que supera, e muito, a União Européia. Possui um mercado potencial
de 200 milhões de habitantes e um PIB acumulado de mais de 1 (um) trilhão de
dólares. Fica atrás apenas do Nafta, União Européia e Japão. Ele é a quarta
economia do mundo e revela-se como a principal reserva de recursos naturais do
planeta. Hoje apresenta uma malha viária abrangente, redes de comunicação e de
energia em franco desenvolvimento e parque industrial dos mais importantes.
Aqui merece uma pausa para o ensino de Borges53
, o qual
relembra que a integração econômica perseguida pelos Blocos na verdade é
gênero, de que são espécies, seguindo um gradualismo, a área de livre comércio,
união aduaneira, mercado comum e união econômica. Mas, em que estágio
estaria o Mercosul?
Ele apresentou-se inicialmente como zona de livre
comércio e trazia como benefício para seus partícipes liberação tarifária gradual,
linear e automática. Evoluiu para união aduaneira com a criação em 1º de janeiro
de 1995 da TEC, ou seja, Tarifa Externa Comum. O princípio do regionalismo
aberto é um de seus vetores.
51 Decreto Legislativo n° 188, de 15/12/95 – DOU de 18/12/95 e promulgado pelo Decreto n° 1.901, de 09/05/96 – DOU de 10/05/96
52Op. cit., p.57.
53 BORGES, Antônio de Moura. Considerações sobre o Mercosul, Revista da OAB-PI, Ano III, nº 3, 1996,
Nakayama54
cita Alberto Nogueira para informar que o
Mercosul começou de uma forma híbrida, ou seja, um pouco de zona de livre
comércio e união aduaneira parcial em 12/01/95, com o fim do período de
transição fixado no Tratado de Assunção. Ela acresce que a união aduaneira “não
é plena porque há políticas comerciais diferenciadas no universo tarifário, com
produtos nas listas de exceção.” Essas, portanto, as fases de amadurecimento do
Mercosul.
Para Cachapuz de Medeiros55
“o Mercosul encontra-se
recém procurando consolidar união aduaneira, uma das fases iniciais do processo
integracionista. Possui claro caráter intergovernamental.”
Lupatelli56 defende que desde 1995 entramos na segunda
fase da integração, ou seja, da união aduaneira, mas ainda imperfeita, à conta do
atribulado processo integracionista.
Gassen57
nos apresenta um quadro interessante que
possibilita visualizar o processo de integração e suas principais características.
Vejamos:
54Op. cit., p.57.
55 CACHAPUZ DE MEDEIROS, Antônio Paulo. Solução de Controvérsias no Mercosul. TRF, 1a. Região,
Informe Enfoque Jurídico, Suplemento, Edição 05, março-97, p. 21.
56 LUPATELLI JR, Alfredo; MARTINS, Eliane Maria Octaviano. Mercosul: A Atuação Empresarial e os Efeitos
da Globalização. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 260, 24 mar. 2004. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5002, p. 1.
57 GASSEN, Valcir. A Tributação do Consumo, O Princípio de Origem e de Destino em Processos de
Casal, de sua parte, vê o Mercosul como um processo,
com altos e baixos, mas com um objetivo. Diz que “para dar una lectura positiva
de la integración, resulta a mi criterio imprescindible tener siempre presente al
MERCOSUR en términos de proceso, cuya dinámica obedece a movimientos
pendulares graduales y muchas veces asistémicos, donde el desarrollo
madurativo de sus partes aún se encuentra en un estadio primario.”58
58 CASAL, Oscar. El Camino Hacia el Parlamento Del MERCOSUR. Análisis y Propuestas. Friedrich Ebert
Não se pode descurar, dessa forma, que integrar não é
um processo tão simples, muitas das vezes até asistêmico, na palavra de Casal,
pois, além de envolver a preocupação com vários aspectos da realidade da região,
deve perscrutar até mesmo como os povos foram formados, sua origem e outros
fatos sociais. Muito sábia a frase deixada para meditação por Nogueira: “Não se
faz integração sem se modificarem os livros e as lições convencionais da escola
primária.”59
Gil Robles, aliado a outros estudiosos do Mercosul, sabe
dos ingentes problemas a serem contornados e do quanto há pela frente de
trabalho a ser feito. “Siempre pongo el ejemplo del velero que ha de realizar las
maniobras necesarias para usar la fuerza del viento a fin de superar la resistencia
del mar.”, assim confidencia ele.60
Esta é a questão, quais as manobras a serem feitas para
“utilizar as forças do vento”? Até onde estamos realmente integrando? O que
ainda é necessário a ser feito, além das inúmeras providências já em curso?
Olhando em uma direção específica, por que não
transformar realmente o Parlamento do Mercosul no foro de todos os debates e
encontro das idéias nesse sentido? Por que não transformá-lo no veleiro que
utiliza a força dos ventos, mas também a dos motores?
Com a mesma acuidade acentua Nogueira que: “o
Mercosul procura seguir seu próprio caminho, em minha opinião muito bem
escolhido. O que nos permite estar aqui, 12 ou 13 anos depois, discutindo o
Mercosul, é o fato de ele ser uma estrutura intergovernamental. O Mercosul é,
juridicamente, Direito Internacional Clássico, e tudo o que imaginarmos que não
seja isso é o Mercosul imaginário, que não dará certo, apesar de ser um belo
discurso, uma bela lei, porque temos uma formatação jurídica – os estados são
59 NOGUEIRA, Jorge Luiz Fontoura. Solução de Controvérsias e Efetividade Jurídica: As Perspectivas do
Mercosul. Revista de Informação Legislativa, Senado Federal/SEEP, Brasília, ano 33, nº 130, abril/junho – 1996, p. 150.
60 GIL-ROBLES, José Maria. O Parlamento como Pieza Esencial de La Democracia. Mercosul Informativo.
frutos jurídicos de seu passado, de sua história. Todos os países que compõem o
Mercosul são repúblicas presidencialistas cientes de sua história presidencialista,
gostam do Presidencialismo; todos os 15 estados que compõem a União Européia
são cepas, modelos diferentes de Parlamentarismo.” Ele aponta como outra de
nossas dificuldades para integrar nosso apego à soberania61
, no que tem o
amparo da doutrina de Gil-Robles, para quem “ha sido necesario una largo
proceso de mentalización que ayudase a superar los sagrados tabúes sobre la
independencia, la soberanía y los intereses esenciales.”62
Não obstante o movimento pendular do Mercosul, ele
finca-se em princípios que não o deixam perder o rumo traçado. Dentre estes está,
como vimos, o do regionalismo aberto, que retrata um comércio sempre voltado
para a ampliação de oportunidade para todos, sem distinção, sem perder de vista
o interesse pela inserção de outros Estados que estão na região. Soma
Nakayama63 que “o Tratado de Assunção estabeleceu para o Mercosul os
princípios da flexibilidade, gradualidade, equilíbrio e reciprocidade.”
Antes, porém, dos princípios formadores de um Bloco,
está a realidade de cada povo. Chama atenção Nogueira que “processos de
integração e de construção de Blocos econômicos não são fenômenos estanques.
Estão atrelados a um indissociável substrato histórico e geográfico. São os povos
e as suas circunstâncias que, afinal, constroem as instituições. Não o contrário.”64
61Op. cit., p. 19.
62 GIL-ROBLES, José Maria. O Parlamento como Pieza Esencial de La Democracia. Mercosul Informativo.
Publicação bimestral, Ano III, número 9, maio/junho, 1998, p. 6. 63 Op. cit., p.56.
64 NOGUEIRA, Jorge Luiz Fontoura. Limites Constitucionais a Parlamentos Regionais e à
Segundo o Itamaraty65
, na agenda externa do Mercosul,
que inclui iniciativas nas esferas latino-americana, hemisférica e extra-hemisférica,
destacam-se os seguintes temas:
a) a negociação de acordos de livre comércio entre o
Mercosul e os demais membros da Aladi;
b) a implementação do Acordo-Quadro Inter-regional de
Cooperação Econômica e Comercial, firmado em
dezembro de 1995 entre o Mercosul e a União Européia;
c) a coordenação de posições no âmbito das negociações
com vistas à formação da Área Hemisférica de Livre
Comércio.
Alguns resultados concretos já podem ser catalogados em
favor do Mercosul, como a assinatura de vários acordos nas áreas de educação,
justiça, cultura, transportes, energia, meio ambiente e agricultura. Vale citar o
reconhecimento de títulos universitários e a revalidação de diplomas, protocolos
de assistência mútua em matéria penal, dentre outros benefícios fiscais.66
Em pesquisa realizada na Comissão de Relações
Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados sobre toda matéria
pertinente ao Mercosul que passou por este colegiado parlamentar, priorizando,
por questão de praticidade e recentidade, o período de 2000 a 2007, foi possível
formar algumas conclusões muito interessantes: a) o Mercosul é uma realidade; b)
trata-se de uma união aduaneira em expansão; c) assuntos do cotidiano do
cidadão do Mercosul estão sendo abordados e decididos, se não de uma forma
mais célere, como se deseja, ao menos estão em curso conforme o procedimento
hoje existente; d) há cada vez mais acordos e, portanto, aproximação, entre os
países do Bloco.
Os quadros abaixo confirmam a conclusão formada no
parágrafo anterior67
, senão vejamos:
MSC-661/2000 PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do XXI
Protocolo Adicional ao Acordo de Complementação Econômica nº 35 (ACE 35), celebrado entre os Governos dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e o Governo da República do Chile, assinado em 19 de outubro de 1999.
Aprovadaem 16/05/01.
MSC-681/1999
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Acordo de Extradição entre os Estados Partes do MERCOSUL, concluído no Rio de Janeiro, em 10 de dezembro de 1998.
Aprovado o Parecer.
Parecer do Relator, Dep. Rubens Furlan, pela aprovação. Em 20/06/01.
MSC-750/2000 PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Protocolo de Montevidéu sobre Comércio de Serviços do MERCOSUL, concluído em Montevidéu, em 15 de dezembro de 1997, acompanhado de seus quatro anexos Setoriais, adotados pela Decisão 9/98, do Conselho Mercado Comum, em 23 de julho de 1998.
Aprovado o Parecer. Parecer do Relator, Dep. João Herrmann Neto, pela aprovação desta. Em 20/06/01.
MSC-1456/1999
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do MERCOSUL, celebrado em Assunção, em 14 de junho de 1999.
Aprovada em 08/08/01.
MSC-1068/2001
PODER EXECUTIVO - Submete a apreciação do Congresso Nacional o texto do
Acordo-Quadro sobre Meio Ambiente, assinado em Assunção, no âmbito do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), em 22 de junho de 2001.
Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Fernando Gabeira, pela aprovação. Em 15/05/02.
MSC-292/2002
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Acordo sobre isenção de Vistosentre os Estados partes do MERCOSUL, celebrado em Florianópolis, em 15 de dezembro de 2000.
Aprovado o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Pastor Frankembergen, pela aprovação. Em 21/08/03.
MSC-640/2002
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o "Protocolo de Olivos para a Solução de Controvérsias no Mercosul", assinado na cidade de Olivos, Província de Buenos Aires, em 18 de fevereiro de 2002, pelos Governos da República Federativa do Brasil, da República da Argentina, da República do Paraguai e da República Oriental do Uruguai.
Aprovado o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Leonardo Mattos, pela aprovação. Em 21/08/03.
MSC-210/2002
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Acordo sobre o Benefício da Justiça Gratuita e Assistência Jurídica Gratuita entre os Estados Partes do MERCOSUL, celebrado em Florianópolis, em 15 de dezembro de 2000.
67 Fonte: Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados – Proposições
Aprovado o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Vadão Gomes, pela aprovação. Em 10/09/03.
MSC-269/2002 PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Acordo sobre Dispensa de Tradução de Documentos Administrativos para Efeitos de Imigraçãoentre os Estados Partes do Mercosul, a República da Bolívia e a República do Chile, celebrado em Florianópolis, em 15 de dezembro de 2000.
Aprovado o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Ivan Ranzolin, pela aprovação. Em 10/09/03.
MSC-975/2002
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto da
Emenda ao Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa entre os Estados Partes do Mercosul, assinada em Buenos Aires, em 5 de julho de 2002, que modifica o Protocolo de Las Lenãs, promulgado no Brasil pelo Decreto Federal nº 2067, de 12 de novembro de 1996.
Aprovado o Parecer. Parecer do Relator, Dep. José Thomaz Nonô, pela aprovação. Em 10/09/03.
MSC-98/2003
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Protocolo de Integração Educacional para o Prosseguimento de Estudos de Pós-Graduação nas Universidades dos Estados Partes do Mercosul e da República da Bolívia, assinado em Brasília, em 5 de dezembro de 2002.
Aprovado o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Pastor Frankembergen, pela aprovação. Em 10/09/03.
MSC-134/2003
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto da
Decisão CMC nº 17/02, do Conselho do Mercado Comum, que altera a Decisão CMC nº 1/98, que regulamenta o uso dos símbolos do MERCOSUL, aprovada por ocasião da XXIII Reunião do referido órgão do MERCOSUL, realizada em Brasília, nos dias 5 e 6 de dezembro de 2002.
Aprovado o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Fernando Gabeira, pela aprovação. Em 10/09/03.
MSC-1034/2002
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Décimo Primeiro Protocolo Adicional ao Acordo de Complementação Econômica nº 36, aprovado em Montevidéu, em 19 de junho de 2001, entre a República Federativa do Brasil, a República Argentina, a República do Paraguai e a República Oriental do Uruguai, como Estados Partes do Mercosul, e a República da Bolívia.
Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Leonardo Mattos, pela aprovação. Em 01/10/03.
MSC-961/2002
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Acordo sobre jurisdição em Matéria de Contrato de Transporte Internacional de Carga entre os Estados Partes do Mercosul, assinado em Buenos Aires, 05 de julho de 2002.
Aprovado o Parecer Reformulado. Parecer Reformulado, Dep. Ivan Ranzolin, pela aprovação. Em 15/10/03.
MSC-100/2003
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados Partes do MERCOSUL, celebrado por ocasião da XXIII Reunião do Conselho do Mercado Comum, realizada em Brasília, nos dias 5 e 6 de dezembro de 2002.
Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Ivan Ranzolin, pela aprovação. Em 15/10/03.
MSC-87/2003
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Acordo sobre Regularização Migratória Interna de Cidadãos do MERCOSUL, Bolívia e Chile, celebrado por ocasião da XXIII Reunião do Conselho do Mercado Comum, realizada em Brasília, nos dias 5 e 6 de dezembro de 2002.
Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Leonardo Mattos, pela aprovação. Em 05/11/03.
MSC-96/2003 PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
nível de Pós-Graduação entre os Estados Partes do Mercosul e da República da Bolívia, assinado em Brasília, em 5 de dezembro de 2002.
Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Colombo, pela aprovação. Em 05/11/03.
MSC-101/2003
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados Partes do MERCOSUL, Bolívia e Chile, celebrado por ocasião da XXIII Reunião do Conselho do Mercado Comum, realizada em Brasília, nos dias 5 e 6 de dezembro de 2002.
Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Vadão Gomes, pela aprovação. Em 05/11/03.
MSC-218/2001
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto da "Lista de Compromissos Específicos Iniciais" do Brasil, aprovado pela Decisão nº 9/98 do Conselho do Mercado Comum do MERCOSUL, em 23 de julho de 1998, e a nova "Lista de Compromissos Específicos" do Brasil, resultante da Primeira Rodada de Negociação de Compromissos Específicos em Matéria de Serviços, adotada pela Decisão nº 1/00 do Conselho do Mercado Comum do MERCOSUL, em 29 de junho de 2000. A Lista recém-aprovada amplia a oferta original em telecomunicações e substitui as páginas 14 a 19 da "Lista de Compromissos Específicos Iniciais" adotada em 1998. Ambas as Listas foram negociadas ao amparo do Protocolo de Montevidéu sobre o Comércio de Serviços do MERCOSUL.
Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer do Relator, Dep. João Almeida, pela aprovação. Em 20/11/03.
MSC-97/2003
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Protocolo de Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Fundamental e Médio Não-Técnico entre os Estados Partes do Mercosul, a República da Bolívia e a República do Chile, assinado em Brasília, em 5 de dezembro de 2002.
Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Colombo, pela aprovação. Em 20/11/03.
MSC-1123/2002
PODER EXECUTIVO - Submete à apreciação do Congresso Nacional o texto do
Acordo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa entre os Estados Partes do Mercosul, República da Bolívia e a República do Chile, assinado em Buenos Aires, em 05 de julho de 2002. Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer da Relatora, Dep. Maninha, pela aprovação. Em 19/05/04.
MSC-481/2003
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Acordo sobre Regularização Migratória Interna de Cidadãos do MERCOSUL, celebrado por ocasião da XXIII Reunião do Conselho do Mercado Comum, realizada em Brasília, nos dias 5 e 6 de dezembro de 2002.
Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Fernando Gabeira, pela aprovação. Em 19/05/04.
MSC-209/2002
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Acordo sobre Dispensa de Tradução para Documentos Administrativos para Efeitos de Imigração entre os Estados Partes do MERCOSUL, celebrado em Florianópolis, em 15 de dezembro de 2000.
Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Ivan Ranzolin, pela aprovação. Em 02/06/04.
MSC-258/2002
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Acordo sobre o Benefício da Justiça Gratuita e a Assistência Jurídica Gratuita entre os Estados Partes do MERCOSUL, a República da Bolívia e a República do Chile, celebrado em Florianópolis, em 15 de dezembro de 2000.
Aprovado o Parecer. Parecer da Relatora, Dep. Maninha, pela aprovação. Em 25/08/04.
MSC-179/2005
PODER EXECUTIVO - Submete ao Congresso Nacional o texto do Acordo sobre
Aprovado o Parecer. Parecer do Relator, Dep. João Herrmann Neto (PDT-SP), pela aprovação. Em 24/05/06.
MSC-791/2005
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto da
Decisão n° 18/05, do Conselho do Mercado Comum do Mercosul, que dispõe sobre a Integração e Funcionamento do Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (FOCEM), celebrada em Assunção, em 19 de junho de 2005.
Aprovado o Parecer. Parecer da Relatora, Dep. Maninha (PSOL-DF), pela aprovação. Em 24/05/06.
MSC-408/2006
PODER EXECUTIVO - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto do
Protocolo Constitutivo do Parlamento Mercosul, aprovado pela Decisão nº 23/05, do Conselho do Mercado Comum, e assinado pelos Governos da República Argentina, da República Federativa do Brasil, da República do Paraguai e da República Oriental do Uruguai , Estados Partes do Mercosul, celebrado em Montevidéu, em 9 de dezembro de 2005.
Aprovado o Parecer. Parecer da Relatora, Dep. Maninha (PSOL-DF), pela aprovação. Em 07/06/06.
MSC-644/2005
PODER EXECUTIVO - Submete à elevada consideração do Congresso Nacional o texto do Acordo de Comércio Preferencial entre o Mercosul e a República da Índia e Anexos, celebrado em Nova Delhi, em 25 de janeiro de 2004 e 19 de março de 2005. Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Paulo Pimenta (PT-RS), pela aprovação. Em 22/11/06.
MSC-799/2005
PODER EXECUTIVO - Submete à elevada consideração do Congresso Nacional o texto do Acordo para a Criação do "Visto Mercosul", aprovado pela Decisão CMC 16/03, emanada da XXV Reunião do Conselho do Mercado Comum, realizada em Montevidéu, em 16 de dezembro de 2004.
Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer da Relatora, Dep. Maninha (PSOL-DF), pela aprovação. Em 22/11/06.
MSC-80/2006
PODER EXECUTIVO - Submete à elevada deliberação do Congresso Nacional o texto do Acordo para a Facilitação de Atividades Empresariais no Mercosul aprovado pela Decisão CMC 32/04, emanada da XXVII Reunião de Cúpula do Mercosul, realizada em Belo Horizonte, em 16 de dezembro de 2004.
Aprovado por Unanimidade o Parecer. Parecer do Relator, Dep. Francisco Turra (PP-RS), pela aprovação. Em 22/11/06.
1.2 – Estrutura Institucional do Mercosul
O Protocolo de Ouro Preto criou a estrutura do Mercosul,
que está composta por:
I – Conselho de Mercado Comum (CMC);
II – Grupo Mercado Comum (GMC);
IV – Comissão Parlamentar Conjunta (CPC), substituída
pelo Parlamento do Mercosul;
V – Foro Consultivo Econômico-Social (FCES);
VI – Secretaria do Mercosul.
Entretanto, apenas os três primeiros são órgãos com
capacidade decisória, de natureza intergovernamental, segundo Garcia Júnior68
.
1.3 – Competência dos Órgãos do Mercosul
1.3.1 – Conselho de Mercado Comum (CMC)
Órgão superior responsável pela política macro do
Mercosul e que tem como baliza primordial o princípio do regionalismo aberto.
Visa garantir a integração, cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo Tratado
de Assunção e a busca gradual do amadurecimento do Bloco. Nos termos do
artigo 9º, do Protocolo de Outro Preto, o CMC emite Decisões que passam a ser
obrigatórias para os Estados Partes, após ratificação de cada um deles.
Seguindo a ordem alfabética, há um rodízio de 6 em 6
meses na presidência da CMC pelos países membros. Os demais membros do
conselho são os ministros das Relações Exteriores e da Economia dos respectivos
Estados. Costumam participar das reuniões os presidentes dos Bancos Centrais.
Há, inclusive, previsão legal69
de participação dos presidentes dos respectivos
Estados partícipes.
Dentro do CMC há ainda o Foro de Consulta e
Concertação Política que agrega outros valores para o Mercosul como a
discussão sobre transporte não comercial, questões consulares, registro de
68 GARCIA JÚNIOR, Armando Alvares. Direito Internacional, Questões Atuais, Lex Editora S/A e Aduaneiras,