• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA COORDENAÇÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA COORDENAÇÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA"

Copied!
41
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA COORDENAÇÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E

LICENCIATURA

JOÃO VICTOR JAEGGER DE FRANÇA

O PERFIL DE SAÚDE DO HIPERTENSO COM TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR: uma revisão integrativa

NITERÓI 2021

(2)

JOÃO VICTOR JAEGGER DE FRANÇA

O PERFIL DE SAÚDE DO HIPERTENSO COM TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR: uma revisão integrativa

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do título de Bacharel e Licenciado em Enfermagem.

Orientadora

Prof.a Dra. Dayse Mary da Silva Correia

Niterói, RJ 2021

(3)
(4)

JOÃO VICTOR JAEGGER DE FRANÇA

O PERFIL DE SAÚDE DO HIPERTENSO COM TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR: uma revisão integrativa

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do título de Bacharel e Licenciado em Enfermagem.

Aprovada em 05/05/2021.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________

Prof.ª Dra. Dayse Mary da Silva Correia - UFF Presidente

___________________________________________________________________

Prof.ª Dra. Érica Brandão de Moraes Vieira - UFF 1ª Examinadora

_______________________________________________________________

Prof.ª Dra. Marcela Pimenta Guimarães Muniz - UFF 2ª Examinadora

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Rodrigo Leite Hipólito Suplente

Niterói, RJ 2021

(5)

AGRADECIMENTOS

A minha jornada dentro da universidade foi marcada pela presença de pessoas fundamentais. Agradeço a minha família, especialmente a minha mãe Andréa, minha madrinha Camila, minha tia Márcia, minha avó Ivonete e meu avô Ronaldo (em memória), minha tia Adriana e meu tio Mauro. Agradeço também aos meus amigos que tornaram esse caminhar mais leve e prazeroso e também aos professores por todo o aprendizado.

Sempre observei minha mãe dando tudo de si para que eu pudesse ter uma educação de qualidade. Frequentei as melhores escolas, estudei em cursos de línguas, fiz diversas atividades extracurriculares e até a prática de esportes. Por isso, sempre soube que o mínimo de retribuição que eu poderia dar, era ingressar em uma instituição superior pública. Mãe, esse diploma é tão seu quanto meu.

Obrigado.

A época de ensino médio e vestibular, foi um momento difícil na minha vida. Recebi o diagnóstico de TDA e isso explicava por que há alguns anos eu ia tão mal na escola. Junto com o diagnóstico, veio o medo de não conseguir passar já que se tratava de um transtorno de aprendizagem. Por isso sou grato aos professores:

Camille, Kelly, Vinícius e Matheus. Obrigado por todo o apoio e por não terem desistido de mim. Vocês são peças chave na minha caminhada.

Contei com a ajuda dos familiares em um momento difícil ao chegar no quarto período. Minha madrinha Camila e minha tia Márcia me auxiliaram para que eu pudesse arcar com os materiais da faculdade e assim dar segmento ao ensino. Da mesma forma como sempre pude contar com toda ajuda dos meus avós Ronaldo e Ivonete, da minha tia Adriana e meu tio Mauro.

Durante a faculdade passei por muitos momentos exaustivos e pesados. Problemas de saúde física e mental, provas, trabalhos, horas preso no trânsito, monitorias, ficar atrás de bolsas para complementar na renda de casa... mas sempre tive ao meu lado bons amigos para transformar o choro em risada. Agradeço especialmente aos meus amigos: Larissa, Gau, Ana Paula, Helena, Laryssa e Gabriel. Obrigado por todas as experiências compartilhadas, os abraços, as palavras de conforto, as festas, as piadas internas e por todas as vezes que vocês estiveram comigo.

(6)

Sou grato a todos os professores e professoras que contribuíram na minha formação, especialmente a Profª Dayse Mary, minha orientadora, quem sempre me ajudou e me orientou nessa área que tanto gosto, ao compartilhar seu conhecimento e experiências. E também a prof.ª Paula Flores, com quem estive na clínica cirúrgica quando fui monitor, quem tanto me ensinou. Além de ter me acolhido e escutado em um momento que eu tanto precisava.

Agradeço também as minhas amigas de vida: Marcelly e Milena. Obrigado por todas as vezes que vocês estiveram comigo nos momentos em que eu mais precisava.

Por fim, mas não menos importante, agradeço a mim mesmo por nunca ter desistido, por sempre manter a fé e a convicção de que coisas boas acontecem às pessoas boas.

(7)

“Não tenho medo de errar, só medo de desistir, mas tenho vinte e poucos anos e não vou parar aqui.”

Lagum

(8)

RESUMO

Introdução: a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) tem elevada prevalência no Brasil, atingindo 36 milhões de brasileiros. Observa-se ainda sua relação com o Transtorno Depressivo Maior, apresentando elevada prevalência mundial. Objetivo:

identificar evidências científicas sobre o perfil de saúde do hipertenso com transtorno depressivo maior. Método: trata-se de uma revisão integrativa da literatura, na qual as buscas foram realizadas nas bases de dados MEDLINE via PubMed, CINAHL, EMBASE, Web of Science, LILACS e BDENF. E para a estratégia de busca, utilizou- se os descritores “Hypertension”, “Depressive Disorder, Major”, “Depression” “Health Profile” e “Quality of Life”, com a combinação dos operadores booleanos “AND” e

“OR”. Para a seleção dos artigos foram considerados os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados de 2015 até dezembro de 2020, com texto completo disponível, e nos idiomas: inglês, espanhol e português. E quanto aos critérios de exclusão: artigos duplicados, editoriais, documentos de conferência, teses, dissertações, monografias, livros e capítulos de livros. Resultados e Discussão:

foram incluídos 9 estudos, dos quais 3 publicados no ano de 2019, 2 no ano de 2016 e 1 nos respectivos anos de 2015, 2017, 2018 e 2020. Quanto a origem, identificou- se 4 estudos no Brasil e os demais na Austrália, China, Holanda, Moçambique e Peru. Na análise do perfil de saúde, os achados evidenciados foram: a relação da HAS e TDM: aspectos fisiológicos e psicológicos; fatores socioeconômicos e comportamentais do hipertenso depressivo; déficit no autocuidado e manejo da HAS e TDM. Considerações finais: foi possível evidenciar que há uma associação direta entre as duas doenças, assim como seus fatores de risco para o agravo da condição patológica. O mecanismo fisiopatológico do hipertenso depressivo é bidirecional, ou seja, uma doença influencia na outra. A elevação da pressão arterial pode desencadear alterações químicas humorais, assim como, sob o aspecto psicológico, o fato de estar doente é um gatilho para episódios depressivos. Além disso, aspectos socioeconômicos como: gênero, vulnerabilidade econômica e nível de escolaridade, impactam diretamente na qualidade de vida do hipertenso depressivo.

Palavras-chave: Hipertensão. Transtorno Depressivo Maior. Depressão. Perfil de Saúde. Qualidade de vida.

(9)

ABSTRACT

Introduction: Arterial Hypertension (HT) has a high prevalence in Brazil, reaching 36 million Brazilians. Its relationship with Major Depressive Disorder is also observed, presenting a high worldwide prevalence. Objective: to identify scientific evidence on the health profile of hypertensive patients with major depressive disorder. Method: It is an integrative literature review, in which searches were carried out in the followings databases: MEDLINE via PubMed, CINAHL, EMBASE, Web of Science, LILACS and BDENF. As for the search strategy, the descriptors "Hypertension", "Depressive Disorder, Major", "Depression", “Health Profile” and "Quality of Life" were used, with the combination of the Boolean operators "AND" and "OR". For the selection of articles, the following inclusion criteria were considered: articles published from 2015 to December 2020, with full text available, and in the languages: English, Spanish and Portuguese. What about the exclusion criteria: duplicate articles, editorials, conference documents, theses, dissertations, monographs, books and book chapters. Results and Discussion: 9 studies were included, of which 3 published in the year 2019, 2 in the year 2016 and 1 in the respective years 2015, 2017, 2018 and 2020. As to the origin, 4 studies were identified in Brazil and the too others in Australia, China, the Netherlands, Mozambique and Peru. In the analysis of the health profile, the findings evidenced were: the relationship between HT and MDD:

physiological and psychological aspects; socioeconomic and behavioral factors of hypertensive depressive; deficit in self-care and management of HT and MDD.

Conclusions: it was possible to show that there is a direct association between the two diseases, as well as their risk factors for the worsening of the pathological condition. The pathophysiological mechanism of depressive hypertension is bidirectional, in other words, one disease influences the other. The elevation of BP can trigger chemical humoral changes, as well, from the psychological point of view, the fact of being sick is a trigger for depressive episodes. In addition, socioeconomic aspects, such as: gender, economic vulnerability and education level, directly impact the quality of life of depressed hypertensive patients.

Keywords: Hypertension. Major Depressive Disorder. Depression. Health Profile.

Quality of Life.

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Estratégias de busca utilizadas nas bases de dados selecionadas para a revisão bibliográfica e seus respectivos resultados obtidos. Niterói, 2021. p. 24

Figura 1 - Fluxograma PRISMA. Niterói, 2021. p. 25

Figura 2 - Distribuição da publicação dos artigos selecionados para o estudo entre os anos 2015-2020. Niterói, 2020. p. 27

Quadro 2 - Distribuição da quantidade de publicações selecionadas e seus países de origem. Niterói, 2021. p. 28

Quadro 3 - Caracterização dos artigos em relação aos autores e ano da publicação, objetivos das pesquisas, tipo de pesquisa e principais achados. Niterói, 2021. p. 28

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação da pressão arterial em adultos maiores de 18 anos. Niterói, p. 18.

(12)

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

DCV Doença Cardiovascular DRC Doença renal crônica

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica OMS Organização Mundial de Saúde PA Pressão Arterial

PD Pressão diastólica PS Pressão sistólica

SNS Sistema Nervoso Simpático TDM Transtorno Depressivo Maior

(13)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO, p. 14

1.1 MOTIVAÇÃO DO ESTUDO, p.15 1.2 OBJETIVO GERAL, p. 16

1.3 JUSTIFICATIVA, p. 16

2. REVISÃO DE LITERATURA, p. 17

2.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, p. 17 2.1.1 Epidemiologia global, p. 17

2.1.2 Epidemiologia no Brasil, p. 17

2.1.3 Definição e diagnóstico de HAS, p. 18 2.2. TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR, p. 19 2.2.1 Epidemiologia do TDM, p. 19

2.2.2 Definição e diagnóstico de TDM, p. 20

2.3 RELAÇÃO DA DEPRESSÃO COM HIPERTENSÃO, p. 21 3. METODOLOGIA, p. 23

4. RESULTADOS, p. 27 5. DISCUSSÃO, p. 31

5.1 A RELAÇÃO DA HAS E TDM: ASPECTOS FISIOLÓGICOS E PSICOLÓGICOS, p. 31

5.2 FATORES SOCIOECONÔMICOS E COMPORTAMENTAIS DO HIPERTENSO DEPRESSIVO, p. 32

5.3 DÉFICIT NO AUTOCUIDADO E MANEJO DA HAS E TDM, p. 34 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS, p. 35

7. OBRAS CITADAS, p. 37

(14)

14

1. INTRODUÇÃO

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma doença crônica e um grave problema de saúde pública no Brasil. Apresenta prevalência em média de 32%, atingindo 36 milhões de indivíduos adultos. E com o avançar da idade, essa taxa se eleva, tornando-se ainda mais crítica. Na faixa etária acima de 70 anos, sua prevalência chega a 71,7%. Diante o exposto, foi observado que em 2017, ocorreu um total de 1.312.663 de óbitos no país, destacando-se as DCV com um percentual de 27,3% (BARROSO et al., 2020).

A HAS é uma doença de alta prevalência e ainda de baixo controle. Visto que, no ano de 2001, a elevação da pressão arterial foi a causa da morte de 7,5 milhões de pessoas no mundo, sendo a maioria dos óbitos em países subdesenvolvidos e em indivíduos na faixa etária de 45 a 69 anos (WHO, 2010).

Conforme publicado pelas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2020), a HAS é caracterizada pela elevação mantida níveis de pressão sistólica maior ou igual a 140 mmHg e pressão diastólica maior ou igual a 90 mmHg.

Entretanto, deve-se entender os mecanismos multifatoriais da doença. Não se trata somente da elevação da pressão arterial, mas sim uma série de fatores em conjunto, podendo ou não estar associado à lesão de órgãos-alvo como vasos sanguíneos, coração, rins e outros.

À vista disso, a HAS destaca-se por ser uma doença multifatorial podendo ser agravada pela presença de outros fatores de risco como obesidade abdominal, sedentarismo, dislipidemia, intolerância a glicose, diabetes mellitus, tabagismo e excesso de bebida alcoólica. Além disso, nota-se a relação e o impacto do estado emocional como um importante condicionante, interferindo no agravo da doença (BRANDÃO; NOGUEIRA, 2018).

É sabido que o controle do estado emocional ao reduzir a carga de estresse, traz resultados positivos para o controle dos níveis pressóricos assim como sua prevenção. Sendo assim, a prática desse controle pode influenciar na redução da reatividade cardiovascular, bem como na variabilidade dos valores de PA (BARROSO et al., 2020).

Nesse contexto, temos o Transtorno Depressivo Maior (TDM), comumente conhecido como depressão. E por definição, trata-se de uma síndrome psiquiátrica caracterizada por alterações no estado mental e emocional. E entre os variados

(15)

15

sintomas pode-se citar: tristeza profunda, falta de ânimo, pessimismo, baixa autoestima e outros. De caráter crônico e duradouro, pode levar a significativas perdas profissionais, prejuízo físico e psíquico, além de uma alta morbimortalidade por suicídio ou associação com outras doenças crônicas (BRASIL, 2018).

A depressão é uma doença com uma prevalência elevada, atingindo mais de 300 milhões de indivíduos no mundo todo (AGUIRRE, 2015).

Estimativas apontam que cerca de 3% da população geral brasileira apresenta algum tipo de transtorno mental e 12% necessita de atendimentos psicológicos, sejam eles contínuos ou eventuais (BRASIL, 2018).

Em um estudo publicado pela Universidade de São Paulo (2005) há indicativos que sua gravidade está relacionada por ser uma síndrome com alta prevalência na população geral e com índices ainda maiores nas populações clinicas e ambulatoriais, ou seja, 10% e 16% respectivamente. E por apresentar alta prevalência, em alguns casos sendo subdiagnosticada e tratada de forma inadequada, leva a um prognóstico ruim do indivíduo. Pois, apenas 35% dos acometidos pela depressão são diagnosticados e tratados corretamente. (GUSMÃO;

MION, 2005)

Há evidências que demostram que os fatores de risco para o aparecimento de doenças cardiovasculares, são citados como componentes para o surgimento do TDM. Portanto, existe uma necessidade de se estudar os processos patológicos de ambas as doenças, assim como seus agravos. Uma vez que uma pessoa com cardiopatia suas chances de desenvolver depressão aumenta de 24% a 85%

(GUERRA et. al., 2018).

1.1 MOTIVAÇÃO DO ESTUDO

O interesse do presente estudo deu-se a partir da participação e observação em consultas de enfermagem no ambulatório de Hipertensão Resistente do Hospital Universitário Antônio Pedro, junto a hipertensos, os quais apresentam sintomas usuais da depressão, irritabilidade, estresse, ansiedade, reclusão social, diminuição do apetite e outros (BRASIL, 2018). Logo, a partir dessa experiência surgiu a motivação na busca de evidências científicas sobre a relação entre hipertensão

(16)

16

arterial sistêmica e transtorno depressivo maior, assim como suas características, predomínio e seus efeitos na vida do paciente hipertenso e depressivo.

Logo, faz-se claro que o objeto de estudo é o perfil de saúde do paciente hipertenso com Transtorno Depressivo Maior (TDM).

E como questão norteadora foi estabelecida a seguinte: Qual o perfil de saúde do hipertenso com transtorno depressivo maior?

1.2 OBJETIVO GERAL

- Identificar evidências científicas sobre o perfil de saúde do hipertenso com transtorno depressivo maior.

1.3 JUSTIFICATIVA

Estima-se que hipertensão arterial cause 7,5 milhões de mortes no mundo, representando cerca de 12,8% da população total. A HAS é um fator de risco preponderante para as doenças cardiovasculares, sendo sua prevalência similar em todos os países no geral, porém apresentando taxas maiores em países subdesenvolvidos. (WHO, 2010)

O TDM é uma das dez doenças mais incapacitantes de todo mundo. Na população ambulatorial apresenta prevalência de 9% a 16%. (TENG; HUMES;

DEMETRIO, 2005)

É sabido que HAS é uma doença crônica e multifatorial, com diversos fatores predisponentes, sendo o TDM um dos seus fatores, principalmente em casos de episódios recorrentes ou em episódios duradouros. Em um estudo da Universidade de São Paulo (2005) os autores informam que o quadro depressivo aumenta em até 3,1 vezes a mortalidade de cardiopatas, em comparação aos cardiopatas não depressivos. A presença de depressão aumenta até mesmo o risco de eventos cardíacos em indivíduos previamente sadios

Uma revisão que detalhe a relação e o perfil de saúde do hipertenso deprimido, expondo a complexidade do hipertenso-deprimido, poderá contribuir para um atendimento mais eficiente a esse paciente. Direcionando o cuidado e

(17)

17

atendimento às suas necessidades, aumentam-se as chances de obter um melhor prognóstico para o indivíduo (BRASIL, 2018).

(18)

18

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA 2.1.1 Epidemiologia global

As Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNTs) englobam principalmente as doenças cardiovasculares, câncer, diabetes mellitus e doenças pulmonares crônicas. Ao ano de 2008, das 57 milhões de mortes, 36 milhões (63%) foram em virtude de DCNTs (WHO, 2010).

Nesse contexto, destacam-se as DCV como as principais causas de morte, hospitalizações e atendimentos médicos no mundo todo. Dados da Carga Global das Doenças (GBD) indicaram que no ano de 2017 cerca de 31,8% de mortes foram em decorrência às doenças cardiovasculares (BARROSO et al., 2020).

Ainda sob esse aspecto, notou-se que a elevação da PAS foi o principal fator de risco responsável pela morte de 10,4 milhões de pessoas. Assim como também responsável por cerca de 40,0% das mortes em portadores de DM e por 14,0% da mortalidade materno-fetal na gravidez (BARROSO et al., 2020).

A prevalência de HA (ou seja, ≥140/90 mmHg e/ou em uso de medicação anti- hipertensiva) foi de 31,0%, diferenciando-se entre homens (31,9%) e mulheres (30,1%), segundo dados do censo GBD (2017).

2.1.2 Epidemiologia no Brasil

Cerca de 36 milhões de brasileiros adultos (32%) são afetados pela hipertensão. Porém esse índice é ainda maior na população idosa, na faixa etária acima dos 70 anos, com prevalência de 75% (SBC, 2016).

Ao ano de 2017, dados do Datasus mostraram a ocorrência de 1.312.663 óbitos no total. Ressaltando-se as DCV com um percentual de 27,3%. Observou-se que a HA estava presente em 45% das mortes por doença arterial coronariana e por insuficiência cardíaca, além de 51,0% das mortes por doença cerebrovascular (BARROSO et al., 2020).

Além disso, dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que as DCV se mantêm como as principais responsáveis pelas internações e gastos econômicos dos hospitais e serviços de saúdes em geral (SBC, 2016).

(19)

19

2.1.3 Definição e diagnóstico de HAS

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença de caráter crônica, multissistêmica e multifatorial caracterizada pela elevação mantida dos níveis pressóricos acima de 140 por 90 mmHg. Frequentemente associada a distúrbios metabólicos, alterações funcionais, podendo ou não haver lesões em órgãos-alvo.

Agravada pela presença de fatores como obesidade abdominal, dislipidemia, intolerância a glicose, diabetes mellitus, sedentarismo, tabagismo, excesso de bebida alcoólica e descontrole do estado emocional (BARROSO et al., 2020).

Quanto a classificação da PA, é classificado como normotenso o indivíduo que apresenta valores pressóricos menor ou igual a 120/80mmHg. Já a pré- hipertensão caracteriza-se pela presença de Pressão Arterial Sistólica (PAS) entre 130 e 139 e/ou Pressão Arterial Diastólica (PAD) entre 85 e 89 mmHg. Ressalta-se que indivíduos com pré-hipertensão devem ter um melhor acompanhamento, pois tem maior risco de desenvolver hipertensão e outras doenças cardiovasculares do que indivíduos normotensos (BARROSO et al, 2020).

Além da classificação de valores pressóricos dentro dos valores de referência, existem diferentes estágios da hipertensão que também são denominados de acordo com o resultado da aferição da pressão arterial e sua gravidade. Tais classificações também foram determinadas pelas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, demonstradas na tabela 1.

Tabela 1 – Classificação da pressão arterial em adultos maiores de 18 anos. Niterói, 2021.

Classificação Pressão Sistólica (mmHg) Pressão Diastólica (mmHg)

Normal 120 – 129 80 – 84

Pré-hipertensão 130 – 139 85 – 89

Hipertensão Grau 1 140 – 159 90 – 99

Hipertensão Grau 2 160 – 179 100 – 109

Hipertensão Grau 3 ≥ 180 ≥ 110

Fonte: Adaptado de Diretrizes Brasileiras de Cardiologia (2020).

Por ser uma doença crônica, a HAS é o distúrbio mais comum em atendimentos ambulatoriais, sendo um grave problema de saúde pública no Brasil e

(20)

20

no mundo, apresentando alta taxa de morbimortalidade em indivíduos adultos (BARROSO et al., 2020).

Por apresentar alta morbimortalidade com perda importante da qualidade de vida, requer diagnóstico precoce. O diagnóstico da hipertensão se dá pela aferição da pressão arterial no consultório e/ou fora dele, utilizando-se técnica apropriada, equipamentos validados, histórico médico, exame físico, além de exames laboratoriais, segundo o que é preconizado nas Diretrizes de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2020).

A partir de 115 mmHg de PS e 75 mmHg de PD, o risco para doenças cardiovasculares aumenta de forma progressiva e linear, dobrando o risco a cada 20 mmHg para PS e 10 mmHg para PD. O valor diagnóstico de 140 por 90 mmHg é estabelecido por ser o ápice em que o risco de eventos cardiovasculares é duplicado de forma mais acentuada (BRANDÃO; NOGUEIRA, 2018).

A Hipertensão Arterial Resistente (HAR) é uma complicação que vem sendo estudada nos últimos anos. No Brasil cerca de 10,7% dos hipertensos tenham esta complicação, segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2020).

Conceitualmente, a HAR é definida quando os níveis pressóricos se mantêm maior que 140/90 mmHg, mesmo com o uso de anti-hipertensivos de três classes diferentes, ou mais, sendo um dentre estes um diurético. Ou ainda, mesmo mantendo sua pressão arterial controlada, o paciente utiliza quatro ou mais medicamentos anti-hipertensivo. (BRANDÃO; NOGUEIRA, 2018)

2.2. TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR 2.2.1 Epidemiologia do TDM

O TDM é um dos maiores problemas de saúde pública mundial, afligindo no mundo todo cerca de 300 milhões de pessoas. É uma das doenças mais incapacitantes e quanto ao tempo considerado de inatividade vivido ao longo da vida, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (2020)

Segundo a OMS (2018) é uma doença que causa grande sofrimento e uma insuficiência importante na escola, trabalho ou meio social. Sem diagnóstico correto e tratamento pode levar ao suicídio. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio por ano, sendo a segunda principal causa de morte em indivíduos na faixa etária de

(21)

21

15 a 29 anos. Além disso, menos da metade das pessoas afetadas recebem o tratamento adequado.

Dados apontam que cerca de 50% dos casos de TDM que procuram os serviços de saúde apresentando os sinais da doença, não são diagnosticados corretamente. Receber o diagnóstico adequado o quanto antes, reduz os agravos e prejuízos que a depressão pode trazer ao indivíduo. (LIMA, 2017)

No Brasil tornou-se um grave problema de saúde pela alta prevalência na população geral, com índices entre 3% a 11%, e pelos prejuízos significativos que trazem para a vida do indivíduo afetado. É um dos sofrimentos psiquiátricos mais representativos na esfera da saúde mental, tornando-se um grande desafio para os profissionais da saúde, no que se refere a diagnóstico, tratamento e acompanhamento. (SANTANA et. al., 2016)

2.2.2 Definição e diagnóstico de TDM

O Transtorno Depressivo Maior, usualmente conhecido como depressão, é uma síndrome psiquiátrica caracterizada por sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à vontade e à psicomotricidade.

Destacam-se como elementos principais o desânimo e o humor triste.

(DALGALARRONDO, 2008)

Fatores biológicos, genéticos e neuroquímicos têm importante peso nos diversos quadros depressivos. Modificações nas transmissões sinápticas e nos neurotransmissores moduladores de humor (noradrenalina, dopamina e principalmente serotonina). Vale ressaltar que os fatores psicológicos e sociais envolvidos e observados no indivíduo deprimido, possuem relação intrínseca com o TDM, já que as reações depressivas surgem com frequência após perdas significativas de emprego, moradia, status socioeconômico ou alterações negativas na qualidade de vida. (DALGALARRONDO, 2008).

Por causar alterações fisiológicas, psicológicas e sociais à pessoa doente, a depressão é uma percursora para outras enfermidades. O TDM pode apresentar baixas no sistema imunológico desencadeando processos inflamatórios. Ademais, dependendo de sua gravidade e do grau que a doença se encontra, é um fator de

(22)

22

risco para doenças cardiovasculares como infarto, AVC e hipertensão arterial (BRASIL, 2018).

Os profissionais de saúde capacitados podem oferecer tratamentos psicológicos como ativação comportamental, terapia cognitivo-comportamental e psicoterapia interpessoal ou medicamentos antidepressivos. No entanto, deve-se ter em mente a possibilidade de efeitos adversos associados aos antidepressivos, a possibilidade de oferecer um outro tipo de intervenção, além das preferências individuais. Entre as diferentes terapêuticas psicológicas a serem considerados estão as individuais ou em grupo. Os tratamentos psicossociais também são efetivos para depressão leve. (OPAS, 2020)

Já o tratamento da depressão moderada ou grave é essencialmente medicamentoso. Existem mais de 30 medicações disponíveis nessa classe. A psicoterapia farmacêutica ajuda o paciente, mas não previne novos episódios, nem cura a depressão. É utilizada para a reestruturação psicológica do indivíduo, além de aumentar sua compreensão sobre o processo de depressão e na resolução de conflitos, o que diminui o impacto provocado pelo estresse. (OPAS, 2020)

No entanto, mesmo com os diversos tratamentos eficazes para a depressão, menos da metade das pessoas afetadas têm acesso às terapias. Em alguns países, de suma subdesenvolvidos, esse índice chega a menos de 10%. Essa dificuldade justifica-se por falta de recursos, falta de profissionais capacitados e o próprio estigma social no campo dos transtornos mentais. (OPAS, 2020)

2.3 RELAÇÃO DA DEPRESSÃO COM HIPERTENSÃO

A literatura aponta que a hipertensão arterial está associada a uma série de comorbidades, sendo a depressão uma delas. Há estudos que apontam a relação da depressão com o declínio da qualidade de vida em virtude a outras doenças crônicas, como por exemplo, a associação com a HAS. (SANTANA et. al, 2016)

Em um estudo de 2014, os autores Silva et al, defendem que adesão insuficiente ao tratamento, resultados terapêuticos insatisfatórios, número exacerbado de visitas a médicos e clínicos especialistas, além do grande número de exames e procedimento solicitados, são alguns fatores que acarretam na perda da qualidade de vida e prejuízo em atividades sociais e profissionais. Estas são algumas características observadas em pacientes hipertensos-depressivos.

(23)

23

Em um estudo, o autor Aguirré (2015) sugere que há um vínculo entre o sistema nervoso autônomo, a depressão e a hipertensão arterial. Quadros recorrentes de TDM podem aumentar o tônus simpático, gerando respostas fisiológicas, tais como elevação da frequência respiratória e diminuição da variabilidade da frequência cardíaca. Sendo essa uma possível explicação fisiopatológica para a associação da HAS com o TDM.

O mecanismo de ativação do SNS se dá pelas modulações químicas, principalmente da serotonina (5-HT). Esse neurotransmissor é um dos principais do sistema nervoso central e está relacionado às emoções como estresse, euforia, ansiedade, nervosismo e a própria desregulação patológica da depressão.

Entretanto não se tem referenciais suficientes na literatura que expliquem como o mecanismo de ação dos receptores serotoninérgicos agem ou regulam essas emoções. (GUYTON, 2017)

(24)

24

3. METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada entre 22 de janeiro e 09 de fevereiro do ano de 2021. A pragmática da revisão seguiu seis etapas: elaboração da pergunta norteadora; seleção dos descritores adequados à temática; coleta dos dados; análise crítica do material obtido; avaliação e interpretação criteriosa das informações obtidas; e apresentação dos resultados obtidos (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

A definição da questão de pesquisa é a fase mais importante da revisão, pois determina quais serão os estudos inseridos, os métodos eleitos para a identificação e as informações obtidas de cada estudo. Dada as seguintes informações, têm-se como questão de pesquisa: “Qual o perfil de saúde do hipertenso com transtorno depressivo maior?”.

Ao que diz respeito a estratégia de busca, a formulação elaborou-se de acordo com a estratégia PICO, onde P (Problema): hipertensão; I (Intervenção):

perfil de saúde; qualidade de vida; O (Resultado): depressão; transtorno depressivo maior.

Para a realização da busca da literatura, foram selecionadas através da Plataforma da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) as seguintes bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System on-line (MEDLINE via PubMed), Cumulative index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), Excerpta Medica dataBASE (EMBASE) e Web of Science (Clarivate Analytics); e pelo portal da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) por meio das bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e BDENF (Banco de dados de Enfermagem).

OS descritores foram escolhidos segundo consulta aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Hypertension”, “Depressive Disorder, Major”,

“Depression”, “Quality of Life” e “Health Profile”, com a combinação dos termos através dos operadores booleanos “AND” e “OR”.

Destaca-se que para a obtenção de um resultado mais integral do estudo, assim como ampliar a pesquisa, houve a combinação do descritor “Depressive Disorder, Major” com o descritor “Depression”, em conjunto com o operador

(25)

25

booleano “OR”, seguindo-se da seguinte forma: “Hypertension” AND (“Depression Disorder, Major” OR ”Depression”) AND (“Health Profile” OR “Quality of Life”). O Quadro 1 mostra as estratégias de busca utilizadas nas bases de dados e os resultados de pesquisa obtidos.

Quadro 1 - Estratégias de busca utilizadas nas bases de dados selecionadas para a revisão bibliográfica e seus respectivos resultados obtidos. Niterói, 2021.

Base de dados Estratégia de busca Quantidade de

estudos Web of Science

(Clarivate Analytics)

“Hypertension” AND (“Depression Disorder, Major”

OR ”Depression)” AND (“Health Profile” OR “Quality of Life”)

117

MEDLINE/PubMed

“Hypertension” AND (“Depression Disorder, Major”

OR ”Depression)” AND (“Health Profile” OR “Quality

of Life”) 10

CINAHL “Hypertension” AND (“Depression Disorder, Major”

OR ”Depression)” AND (“Health Profile” OR “Quality

of Life”) 233

BDENF

“Hypertension” AND (“Depression Disorder, Major”

OR ”Depression)” AND (“Health Profile” OR “Quality

of Life”) 00

“Hypertension” AND Depression AND (“Health

Profile” OR “Quality of Life”) 03

LILACS

“Hypertension” AND (“Depression Disorder, Major”

OR ”Depression)” AND (“Health Profile” OR “Quality

of Life”) 00

EMBASE

“Hypertension” AND (“Depression Disorder, Major”

OR ”Depression)” AND (“Health Profile” OR “Quality

of Life”) 225

Para a seleção dos artigos foram considerados os seguintes critérios de inclusão:

- Artigos publicados na íntegra

- Artigos públicos nos idiomas: português, inglês e espanhol.

Foram definidos os seguintes critérios de exclusão:

- Artigos duplicados

- Artigos que não se adequam ao tema

- Editoriais, teses, dissertações e resumos de anais de eventos.

(26)

26

Foram identificados um total de 588 artigos nas bases de dados consultadas através das diferentes estratégias de busca aplicadas, e após a remoção de 271 artigos duplicados, o restante foi avaliado nas etapas consecutivas. Após a leitura dos títulos e resumos, empregando os critérios de inclusão e exclusão, 10 artigos foram selecionados para leitura na íntegra. Enfim, após a leitura na íntegra dos artigos elegidos e a exclusão de 01 artigo que abordava a relação da depressão no paciente hipertenso, porém como fator de risco para o envelhecimento, tangenciando o tema do presente estudo, obteve-se como resultado um total de 9 estudos selecionados, como demonstra a Figura 1.

Figura 1 - Fluxograma PRISMA. Niterói, 2021.

Fonte: Dados de pesquisa, 2021.

(27)

27

Na etapa de discussão dos resultados, houve a categorização dos achados bem como sua interlocução com demais estudos que abordassem a temática proposta. Tal categorização resultou nos seguintes eixos temáticos para a discussão das evidências selecionadas: a relação do TDM com HAS e seus aspectos fisiológicos e psicológicos; fatores socioeconômicos e comportamentais do hipertenso depressivo; déficit no autocuidado e manejo da HAS e TDM.

Quanto aos aspectos éticos da presente pesquisa, ressalva-se que foram utilizados somente estudos de domínio público, que em consonância com a Resolução nº 510 do ano de 2016 decretada pelo Conselho Nacional de Saúde, isenta-se de registro e avaliação pelo sistema CEP/CONEP.

(28)

28

4. RESULTADOS

Após a busca na literatura, foram incluídos na pesquisa um total de 09 estudos. A maioria dos estudos da presente revisão foram publicados no ano de 2019 (3 artigos), tendo também duas publicações no ano de 2016 e somente uma nos anos de 2015, 2017, 2018 e 2020. O acompanhamento das produções de acordo com o ano de publicação é melhor representado na Figura 2.

Figura 2 - Distribuição da publicação dos artigos selecionados para o estudo entre os anos 2015-2020. Niterói, 2021.

Fonte: Dados de pesquisa, 2021.

Os estudos selecionados tiveram sua publicação em diferentes países, destacando-se o Brasil com um total de quatro publicações e os demais apenas uma. Além do Brasil, têm-se Australia, China, Holanda, Moçambique e Peru, integrando os países com publicações referentes ao tema do presente estudo. A distribuição das publicações entre os países está a seguir no Quadro 2.

(29)

29

Quadro 2 - Distribuição da quantidade de publicações selecionadas e seus países de origem. Niterói, 2021.

Fonte: Dados de pesquisa, 2021.

Dessa maneira nota-se a pluralidade dos países que integram a origem de publicações abordando o tema do estudo, tendo o seu alcance potencializado em diferentes continentes. À vista disso, observa-se estudos provenientes da América do Sul, Europa, Ásia, Oceania e África. No entanto, não houve nenhuma publicação encontrada na América do Norte.

As informações sobre os artigos selecionados para o presente estudo (autor, ano, periódico, objetivos do estudo, tipo de estudo, amostra e principais achados) estão descritos no Quadro 3.

Quadro 3 - Caracterização dos artigos em relação aos autores e ano da publicação, objetivos das pesquisas, tipo de pesquisa e principais achados. Niterói, 2021.

PAÍSES Nº de artigos

Brasil 4

Austrália 1

China 1

Holanda 1

Moçambique 1

Peru 1

Autor/Ano/Periódico: Machado VA. et al / 2019 / Multimed (Granma)

Objetivo(s): Identificar a presença de distúrbios depressivos e outros eventos em pacientes com hipertensão arterial e sua relação com a adesão à terapia anti-hipertensiva.

Tipo de Estudo e Amostra: Estudo descritivo e transversal. O quantitativo foi de 222 pacientes hipertensos do Hospital Central de Nampula, Moçambique.

Principais Achados: a frequência de sintomas depressivos foi de 40,5%. Os diagnósticos mais frequentes foram transtorno depressivo maior, distúrbio distímico e distúrbios adaptativos com humor depressivo. 42,8% apresentaram baixa adesão à medicação anti-hipertensiva, que foi significativamente associada (p <0,05) à presença de sintomas depressivos, necessidade de tratamento psicofarmacológico, sendo afetada por três ou mais eventos atuais da vida.

(30)

Autor/Ano/Periódico: Uggeri, SC. et al / 2019 / Clin. Biomed. Res. 30

Objetivo(s): Identificar a presença de fatores de risco para o desenvolvimento de Doenças cardiovasculares em pacientes com quadro de depressão internados em um hospital do sul do Brasil.

Tipo de Estudo e Amostra: Estudo transversal envolvendo adultos de ambos os sexos internados por episódio depressivo. N=54 indivíduos, com idade média de 40,2 ± 10,8 anos.

Principais Achados: A depressão foi classificada como grave na maioria dos pacientes (n = 29).

Quanto aos fatores de risco cardiovascular (Hipertensão arterial sistêmica, Diabetes, Dislipidemia, Ataque do coração ou infarto prévio), 22 pacientes relataram duas ou mais doenças existentes. Pelos exames realizados durante a internação, a pressão arterial encontrava-se alterada em 14,8% (n = 8).

Autor/Ano/Periódico: Villarreal ZD, Bernabe AO / 2020 / Asia-Pacific Psychiatry

Objetivo(s): Identificar se existe associação entre hipertensão arterial e sintomas depressivos, levando em consideração o tempo decorrido desde o diagnóstico da hipertensão

Tipo de Estudo e Amostra: Foi realizada uma análise secundária da Pesquisa Demográfica e de Saúde no Peru (2014-2016).

Principais Achados: Os dados de 87 253 participantes foram analisados. Um total de 2633 apresentaram sintomas depressivos, enquanto a hipertensão estava presente em 15.681. As pessoas com menos de um ano desde o diagnóstico apresentaram probabilidade duas vezes maior de apresentar sintomas depressivos (RP = 2,08, IC 95% 1,65-2,63) em comparação ao grupo de pessoas sem hipertensão. Essa probabilidade diminuiu para indivíduos com 1 a 4 anos desde o diagnóstico (RP

= 1,42, IC 95% 1,13-1,80) e para pessoas com ≥5 anos desde o diagnóstico (RP = 1,29, IC 95% 1,01- 1,64).

Autor/Ano/Periódico: Hellwig H, Munhoz TN, Tomasi E / 2016 / Ciência & Saúde Coletiva

Objetivo(s): Medir a prevalência e identificar os fatores associados aos sintomas depressivos em idosos.

Tipo de Estudo e Amostra: Estudo transversal de base populacional na cidade de Pelotas. Foram obtidas informações de 1.451 idosos

Principais Achados: A prevalência dos sintomas depressivos foi de 15,2% (IC95% 13,2-17,2). Após análise multivariável, a ocorrência de sintomas depressivos foi maior entre as mulheres, os idosos de pior situação econômica, aqueles que não trabalhavam, os fisicamente inativos, aqueles com pior autoavaliação de saúde e naqueles com incapacidade funcional. Maior atenção deve ser dada à identificação de sintomas depressivos em idosos e seus fatores associados

Autor/Ano/Periódico: Fugger G et al / 2019 / European Neuropsychopharmacology

Objetivo(s): Elucidar associações relevantes entre transtorno depressivo maior (TDM) e hipertensão arterial.

Tipo de Estudo e Amostra: Estudo internacional, multicêntrico, não interventivo e transversal, realizado pelo Grupo Europeu para o Estudo da Depressão Resistente, realizado em 10 universidades da Europa.

Principais Achados: A taxa de prevalência pontual para hipertensão foi de 18,9%. Pacientes hipertensos TDM eram significativamente mais velhos, acima do peso, com maior probabilidade de estar em um relacionamento, internados e diagnosticados com outras doenças somáticas crônicas comórbidas, incluindo doenças cardíacas, diabetes e disfunção tireoidiana.

Autor/Ano/Periódico: Zhanzhan LI et al / 2015 / Medicine (United States)

Objetivo(s): Resumir a prevalência pontual de sintomas depressivos em adultos com hipertensão.

Tipo de Estudo e Amostra: Revisão sistemática e meta-análise de estudos observacionais

Principais Achados: 41 estudos com uma população total de 30.796 na presente meta-análise. A prevalência resumida de depressão entre pacientes hipertensos é de 26,8% (intervalo de confiança de 95% (IC): 21,7% a 32,3%). A análise de subgrupos mostra os seguintes resultados: para homens 24,6%,

(31)

31

(IC 95%: 14,8% a 35,9%), para mulheres 24,4%, (IC 95%: 14,6% a 35,8%.

Autor/Ano/Periódico: Arup KD, David AB / 2016 / Frontiers in Psychiatry

Objetivo(s): Fornecer um esboço da associação entre transtorno depressivo maior (TDM) e doença cardíaca coronária (DCC).

Tipo de estudo e amostra: Revisão sistemática e meta-análise de 11 estudos.

Principais achados: Evidenciou-se que o TDM conferia um risco relativo geral de 1,64 para o desenvolvimento de DCC, sendo a gravidade da depressão, proporcional ao risco de desenvolver DCC.

Autor/Ano/Periódico: Amaral TLM et al / 2018 / Ciência & Saúde Coletiva

Objetivo(s): Analisar a relação entre multimorbidade, depressão e a qualidade de vida em idosos em uma Unidade de Estratégia de Saúde da Família.

Tipo de estudo e amostra: Estudo transversal realizado no ano de 2010, contando com uma amostra de 264 participantes de ambos os sexos.

Principais achados: Observou-se a depressão esteve presente em 27% da amostra, sendo mais prevalente entre os idosos com multimorbidade do que aqueles sem, sendo o primeiro grupo duas vezes mais sujeitos à depressão. Da mesma forma, indivíduos com multimorbidade têm-se uma maior chance de pior qualidade de vida nos aspectos físico, social e qualidade de vida total.

Autor/Ano/Periódico: Barros MBA et al / 2017 / Rev. Saúde Publica

Objetivo(s): Avaliar a prevalência de comportamentos relacionados à saúde segundo a presença e tipo de depressão em adultos brasileiros

Tipo de estudo e amostra: Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, com base em amostra de 49.025 adultos (18 a 59 anos) da Pesquisa Nacional de Saúde 2013.

Principais achados: O estudo detectou relevante associação entre depressão e comportamentos de saúde, em especial, para tabagismo e atividade física. Nos indivíduos com depressão maior, foram constatadas prevalências mais elevadas de quase todos os comportamentos não saudáveis analisados, principalmente tabagismo (RP = 1,65), fumo passivo (RP = 1,55), consumo de risco de álcool (RP = 1,72).

(32)

32

5. DISCUSSÃO

Dentre os achados, foram evidenciados os seguintes pontos a serem analisados: a relação da HAS e TDM: aspectos fisiológicos e psicológicos; fatores socioeconômicos e comportamentais do hipertenso depressivo; déficit no autocuidado e manejo da HAS e TDM.

5.1 A RELAÇÃO DA HAS E TDM: ASPECTOS FISIOLÓGICOS E PSICOLÓGICOS É sabido que a HAS é uma doença multifatorial, à vista disso, na literatura tem-se apontado a presença de TDM como um fator de risco independente para a elevação da pressão arterial e em consequência a piora do estado de saúde. Em um estudo realizado no Peru (2018), dos 15.681 hipertensos identificados, 7.363 apresentavam sintomas depressivos.

O mecanismo da relação entre as duas doenças ainda não é claro, no entanto, sabe-se que o descontrole do estado emocional pode contribuir para a elevação da PA. (BARROSO et al., 2020)

O estudo de Zegarra e Ortiz (2018) sugere que uma possível explicação do mecanismo fisiopatológico, no que diz respeito a presença de depressão em hipertensos, sejam os altos níveis de pressão arterial. Uma vez que a elevação da PA pode danificar partes específicas do cérebro associadas à produção de serotonina (principal hormônio humoral), e este dano vascular por longos períodos pode desencadear episódios depressivos.

Outra explicação, conforme um estudo multicêntrico europeu (2019), seja a desregulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Dos 267 hipertensos depressivos identificados, quase todos (99.3%) apresentavam alguma comorbidade somática associado a um índice elevado de doenças na tireoide.

As alterações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal podem causar hipercortisolemia, condição clínica caracterizada pelo aumento da quantidade de cortisol circulante no sangue. Como consequência há a liberação do sódio pelo sistema renal, e a retenção do potássio, mantendo a pressão arterial elevada. Com isso, aumenta o risco de doenças cardiovasculares. (GUYTON et al., 2017)

Diante desse contexto, em uma pesquisa de 2016, os autores informam que altos níveis de cortisol foram detectados em pacientes com TDM.

(33)

33

Há ainda uma possível explicação psicológica, o que sugere um estudo transversal realizado na cidade de Pelotas-BR (2016), onde 1.394 hipertensos depressivos, 50.4% declaravam-se com uma autopercepção de saúde ruim. A autoavaliação da saúde entende-se como compreensão das mudanças biológicas e fisiológicas, levando ao juízo do bem-estar como positivo ou negativo. Essa associação com TDM torna-se ainda mais evidente uma vez que a perda das funções cognitivas, sexuais, diminuição das relações sociais, além do sentimento de invalidez, influenciam tanto para a piora do estado de saúde quanto para a ocorrência de sintomas depressivos. (HELLWIG et al., 2016)

Tal fato corrobora com o estudo de Zegarra e Ortiz (2020), onde os autores identificaram uma maior prevalência de sintomas depressivos em indivíduos com tempo de diagnóstico de HAS inferior a um ano. Os autores atribuíram esse dado aos indivíduos estarem mais cientes de que sua saúde e estilo de vida seriam afetados (mudanças na dieta, exames médicos constantes e grande número de medicações), tornando-se difícil a adaptação.

Uma meta-análise realizada na China (2015) identificou prevalência de 21.3%

em hipertensos com depressão. Os autores citam que tal dado se aproxima ao de depressão em pacientes com DRC (20,3%), infarto (19,3%) e câncer (16,3%), sugerindo que doenças crônicas são um determinante fundamental e comum para o aparecimento de TDM, por piorar sua percepção do estado de saúde, assim como estabelecer uma pior qualidade de vida e até mesmo aumento da mortalidade.

5.2 FATORES SOCIOECONÔMICOS E COMPORTAMENTAIS DO HIPERTENSO DEPRESSIVO

No que tange o hipertenso depressivo, um estudo transversal de 2019, objetivou-se identificar fatores de risco para DCV em pacientes depressivos. A depressão foi classificada como grave na maioria dos pacientes (53,7%), destes, 81,5% relataram HAS. Em resumo, a amostra se constituiu de indivíduos do sexo feminino (59,3%), com baixo nível de escolaridade (63%) e 59,3% apresentavam vulnerabilidade econômica. Os autores defendem que alguns fatores socioeconômicos, como por exemplo ser chefe de família no sexo feminino, são determinantes importantes para o aparecimento de sintomas depressivos aliados a outras comorbidades. A maior incidência de depressão na população feminina pode

(34)

34

estar relacionada ao menor apoio social, além de possuírem papéis perante a sociedade que tornam mais difícil o autocuidado.

Sustentando essas informações, dados do Demographic and Health Survey (Peru, 2020) de 2.633 hipertensos apresentando sintomas depressivos, 1.937 eram mulheres. Além disso, observou-se que 45,3% da amostra encontrava-se em situação de vulnerabilidade econômica.

A literatura aponta que o baixo nível socioeconômico está geralmente associado com alta morbidade psiquiátrica, incapacidade e falta de acesso a cuidados de saúde. E dificuldades financeiras podem gerar ansiedade e preocu- pações que, somadas a dificuldades de acesso a serviços de saúde, podem contribuir tanto para o surgimento quanto para a manutenção de quadros depressivos associados à outras comorbidades. (HEELWIG et al., 2016)

Nesse contexto, os autores Dhar e Barton (2016) sugerem em estudo que o paciente cardiopata deprimido é menos motivado e aderente ao seu planejamento terapêutico. Assim como o TDM torna dificultoso modificar seus hábitos, a fim de melhorar sua qualidade de vida. O que corrobora com o estudo descritivo realizado em Moçambique, onde de 222 pacientes hipertensos depressivos, 42,8%

apresentaram baixa adesão à terapia medicamentosa.

Uma coleta de dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) constatou que cerca de 13,6% de indivíduos apresentaram algum grau de depressão. Nesse contexto, as prevalências de todos os indicadores de comportamentos nocivos à saúde foram mais elevadas nesses indivíduos. Destaca-se etilismo (72%), tabagismo (65%) e sedentarismo (86,9%). E ainda, sugere-se que comportamentos prejudiciais à saúde física também podem estar implicados na ocorrência de quadros depressivos e que a presença desses transtornos pode ter impacto importante na adoção desses comportamentos.

É sabido que há uma associação direta entre sedentarismo com a elevação da PA, assim como há maior prevalência de HAS ou elevação dos níveis pressóricos naqueles que ingerem seis ou mais doses de álcool ao dia (equivalente a 30 g de álcool/dia) de acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2020).

Diante disso, exposto por um estudo de 2016, há uma série de fatores comportamentais, incluindo aumento nas taxas de tabagismo, ingestão de álcool, sedentarismo e obesidade, que aumentam as chances de piorar o quadro de saúde tanto do TDM quanto da HAS, de forma bidirecional.

(35)

35

5.3 DÉFICIT NO AUTOCUIDADO E MANEJO DA HAS E TDM

É notório os malefícios que ambas as doenças trazem para a qualidade de vida do indivíduo afetado. A literatura aponta que há uma combinação negativa entre o TDM com a HAS, refletindo no autocuidado e na qualidade de vida do indivíduo afetado. O estudo de Machado et al. (2019) evidenciou que há uma associação significativa ao que diz respeito a aderência à terapia medicamentosa. Dos hipertensos depressivos, 42,8% mostrou-se não seguir adequadamente a terapia medicamentosa.

A não adesão à medicação anti-hipertensiva é a principal causa do descontrole dos valores da pressão arterial. Em consequência, há o aumento da morbidade, por gerar complicações como infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais, além de aumentar a utilização de serviços de saúde e os custos em assistência médica e hospitalização. (BARROSO et al., 2020)

Em um estudo, os autores Machado et al (2019) evidenciaram que manifestações depressivas estão associadas à baixa adesão ao tratamento anti- hipertensivo. Além disso, indivíduos com diagnóstico de transtorno depressivo também têm menor probabilidade de seguir as indicações médicas. (MACHADO et al, 2019)

Nesse contexto, pacientes com manifestações depressivas têm 2,48 vezes mais chances de não aderir ao tratamento anti-hipertensivo. E observa-se uma probalidade ainda maior (3 vezes mais) quando a depressão é moderada ou grave.

(MACHADO et al, 2019)

No entanto, em um estudo de análise de dados, os autores constataram que houve uma diminuição da prevalência de sintomas depressivos em indivíduos com tempo diagnótico superior ou igual a 5 anos. A prevalência de sintomas depressivos foi de até 7,8% entre indivíduos hipertensos com tempo diagnóstico abaixo de um ano. Porém, diminui em até 6,2% nos indivíduos hipertensos com tempo diagnóstico maior ou igual a 5 anos. (VILLARREAL; ORTIZ, 2020)

Os autores justificam que razão pela qual a probabilidade de os sintomas depressivos reduzirem à medida que aumenta o tempo de diagnóstico é que quanto maior o tempo de diagnóstico, maior a adaptaçãos às mudanças no estilo de vida que envolvem ter uma doença crônica. (VILLARREAL; ORTIZ, 2020)

(36)

36

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo identificou na literatura o perfil de saúde do hipertenso com transtorno depressivo maior. Dessa forma, foi possível constatar que há uma associação direta entre as duas doenças, assim como fatores de risco para o agravo da condição.

Observou-se que o TDM é considerado como um fator de risco independente para o agravo da HAS, assim como os seus fatores já usualmente conhecidos, apresentando alta prevalência em indivíduos hipertensos. Um fato alarmante, considerando as complicações já existentes da HAS. E ainda que, o mecanismo fisiopatológico do hipertenso depressivo é bidirecional, ou seja, uma doença influencia na outra. A elevação da PA pode desencadear alterações químicas humorais, assim como, sob o aspecto psicológico, o fato de estar doente é um gatilho para episódios depressivos.

É necessário compreender a complexidade dos aspectos sociais onde o hipertenso depressivo está inserido, uma vez que esses aspectos impactam diretamente no seu estado de saúde. Logo, destaca-se o gênero feminino, a baixa escolaridade, vulnerabilidade econômica e tempo de diagnóstico.

Quanto ao gênero, há uma maior incidência de episódios depressivos em mulheres, geralmente associados aos papéis exercidos perante à sociedade. Assim como problemas financeiros geram ansiedade e estresse, sendo o descontrole do estado emocional um condicionante importante para a elevação da pressão arterial.

O tempo de diagnóstico de HAS impacta diretamente no aparecimento ou na manutenção de episódios depressivos, já que quanto menor o tempo, menor é a conformação do paciente com seu estado de saúde alterado. E estudos mostram que a prevalência de depressão em hipertensos é similar à de outras DCNTs, indicando que o fato de estar doente já é um percursor para episódios depressivos.

Para mais, aspectos comportamentais também foram identificados na literatura como preditores do TDM e HAS. Ou seja, tabagismo, ingerir altas doses de álcool e maior tempo de inatividade física são fatores que impactam diretamente na morbidade do hipertenso depressivo.

Além disso, a depressão piora o estado de saúde do hipertenso comprometendo sua aderência à terapia medicamentosa, o autocuidado e a qualidade de vida.

(37)

37

Torna-se necessário o atendimento especializado ao paciente hipertenso com TDM. Pois, ambas comorbidades trazem alterações significativas na vida do paciente, necessitando uma assistência singular. Logo, faz-se necessário a realização de mais estudos sobre a temática, com fins investigativos, para potencializar o conhecimento sobre a associação das duas patologias.

(38)

38

7. OBRAS CITADAS

AGUIRRE, Ana Carolina Carneiro. Depressão, ansiedade e hipertensão: qual a correlação? Como melhorar o tratamento?. Revista Brasileira de Hipertensão. v. 22,

p. 18-20, 2015. Disponível em:

<https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/881284/rbh_v22n1_18-20.pdf >. Acesso em: 15 ago. 2020.

Amaral TLM, Amaral CA, Lima NS, et al. Multimorbidity, depression and quality of life among elderly people assisted in the Family Health Strategy in Senador Guiomard, Acre, Brazil. Ciencia & Saude Coletiva. v.23(9), p.3077-3084. Disponível em: <

https://europepmc.org/article/med/30281744> Acesso em: 23 já. 2021.

Barros MBA, Lima MG, Azevedo RCS, Medina LBP, Lopes CS, Menezes PR, et al.

Depressão e comportamentos de saúde em adultos brasileiros – PNS 2013. Ver

Saude Publica. 2017. Disponível em: <

https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-845914> Acesso em: 15 de jan.

2021.

BARROSO, Weimar Kunz Sebba, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. 2020;00(00):00. Disponível em: <http://abccardiol.org/article/diretrizes- brasileiras-de-hipertensao-arterial-2020/ >. Acesso em: 01 de nov. 2020.

BRANDÃO, Andréia Araújo; NOGUEIRA, Armando da Rocha. Manual de hipertensão arterial. Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (SOCERJ). Rio de Janeiro, 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfretamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília, 2011.

Brasil. Ministério Da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica, Hipertensão Arterial Sistêmica. Cadernos de Atenção Básica, nº 37. Brasília: 2013.

(39)

39

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica. Brasília, 2014.

______. Ministério Da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde Mental.

Cadernos de Atenção Básica, nº 34. Brasília: 2013.

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ª ed. Porto Alegre: ARTMED® EDITORA S.A., 2008.

DHAR, AK; Barton, DA. Depression and the Link with Cardiovascular Disease. Front.

Psychiatry v. 7:33, 2016. Disponível em: <

https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyt.2016.00033/full> Acesso em: 15 jan.

2021.

FUGGER, G et al. Comorbid hypertension in patients with major depressive disorder - Results from a European multicenter study. Eur Neuropsychopharmacol. v. 29(6) p.

777-785, 2019. Disponível em: < https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31006562/>

Acesso em: 05 de fev. 2021.

GUERRA, Thaís de Rezende Bessa et al. Métodos de rastreamento da depressão em pacientes ambulatoriais com insuficiência cardíaca. International Journal of Cardiovascular Sciences. 31(4). 414-421 [S.I] 2018. Disponível em: <

https://www.scielo.br/pdf/ijcs/2018nahead/pt_2359-4802-ijcs-20180037.pdf> Acesso em: 15 ago. 2020.

GUSMÃO, Josiane Lima; MION, Décio Jr. A qualidade de vida da pessoa com hipertensão arterial. In: Pierin AMG. Hipertensão arterial: uma proposta para o cuidar. vol.13(1): 23-25, São Paulo. Disponível em: <

http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/13-1/06-adesao-ao-tratamento.pdf>

Acesso em: 22 set. 2020.

GUYTON, Arthur et al. Fisiologia Humana. 13ª ed., Rio de Janeiro, Ed.

Interamericana, 2017.

Hellwig, N., Munhoz, T. N., & Tomasi, E. Depressive symptoms among the elderly: a cross-sectional population-based study. Ciência & Saúde Coletiva. v.21(11), 2016.

Disponível em:

(40)

40

<https://link.gale.com/apps/doc/A488820336/AONE?u=capes&sid=AONE&xid=d13cb4c9>

Acesso em: 02 fev. 2021

LI. Zhanzhan et al. Prevalence of Depression in Patients With Hypertension: A Systematic Review and Meta-Analysis. Medicine (Baltimore). 2018 v.97(22), 2018.

Disponível em: <htttp://links.lww.com/MD/C281> acesso em: 14 jan. 2021.

LIMA, Vilne Jean Santos. Cuidados de enfermagem à pessoa com depressão atendida na atenção primária e saúde. Rev. Científica da FASETE. [S.I] n. 337.

2017.

MACHADO, Andréa Gomes. Sintomas de depressão e hábitos de vida em pacientes portadores de hipertensão arterial. 2005. Dissertação (Mestrado em Enfermagem na Saúde do Adulto) - Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-15052007- 143023/pt-br.php>. Acesso em: 02 de Jan de 2021.

MALACHIAS, Marcus Vinícius Bolívar et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 107, n. 3, supl. 3, p.

1-104, 2016.

SANTOS, Jadiel Fellipe Santana et al. QUALIDADE DE VIDA, SINTOMAS DEPRESSIVOS E ADESÃO AO TRATAMENTO DE PESSOAS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL. Enfermagem em Foco, [S.l.], v. 7, n. 2, ago. 2016.

Disponível em: <http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/787>.

Acesso em: 21 abr. 2020.

SCHUH, Caroline Uggeri et al. Fatores de risco para o desenvolvimento de doença cardiovascular em pacientes com depressão em um hospital do sul do Brasil. Clinical

& Biomedical Research, [S.l.], v. 39, n. 4, mar. 2020. Disponível em:

<https://seer.ufrgs.br/hcpa/article/view/94097>. Acesso em: 22 jan. 2021.

SILVA, Patrícia Costas dos Santos et al. Avaliação da depressão em idosos com hipertensão arterial sistêmica. Rev Rene, Fortaleza, v. 15, n. 1, p. 151-157, 2014.

Disponível em: <http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/11705> Acesso em: 21 abr. 2020.

Referências

Documentos relacionados

Quadro 6 - Fatores de risco e condições associadas para o diagnóstico de enfermagem risco de infecção, que foram encontrados nos estudos selecionados, e não estão presentes

A Coordenação do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial (MPEA) da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) da

O presente estudo teve como base o levantamento de quais os cuidados de enfermagem são utilizados na prática com os pacientes de terapia intensiva com dor

A Atenção Primária a Saúde (APS), também é entendida dentro da proposta da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), como um espaço onde a maioria dos problemas de

Sendo assim, na procura de terapêuticas que pudessem ser utilizadas pelo enfermeiro no alívio dos sintomas da Doença de Parkinson e, na possibilidade de redução de

Objetivo Expor as experiências do sistema de saúde sueco a partir da perspectiva dos refugiados recém-chegados. Método O estudo é baseado na análise de dois

Ele é adepto de tecnologia não invasiva para assistir a parturiente e a bola suíça tem sido implementada no cuidado em obstetrícia na atenção à mulher no parto e nascimento,

Fundamentada em toda abordagem que trouxe esta revisão integrativa, é possível perceber o quanto a temática, a utilização de métodos para a avaliação da dor em neonatos durante