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Notas de Aula de Mecˆ

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Academic year: 2019

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(1)

Jos´e

Soares

Barbosa

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de F´ısica

Departamento de F´ısica Nuclaer e Altas Energia

(2)

Sum´

ario

1 Problemas sem solu¸c˜ao nos limites da f´ısica cl´assica 2

1.1 Breve hist´orico . . . 2

1.1.1 Radia¸c˜ao de corpo negro . . . 2

1.1.2 Efeito fotoel´etrico . . . 5

1.1.3 Modelos atˆomicos . . . 5

1.2 Novas id´eias de quantiza¸c˜ao . . . 6

2 Estado Quˆantico 8 2.1 Estrutura formal da mecˆanica quˆantica . . . 11

2.1.1 Espa¸co de Hilbert . . . 11

2.1.2 Amplitude transi¸c˜ao e densidade de probabilidade . . . 17

2.1.3 Produto Direto . . . 20

2.2 Comutador Q, P e Operador deslocamento espacial . . . 20

2.2.1 Aplica¸c˜oes . . . 22

2.2.2 Onda plana . . . 23

2.2.3 Fun¸c˜oes de operadores . . . 25

2.3 Princ´ıpio de incerteza e incerteza m´ınima . . . 26

2.3.1 Pacote de incerteza m´ınima . . . 29

3 Dinˆamica Quˆantica: Equa¸c˜ao de Schr¨odinger 32 3.1 Hip´oteses e argumenta¸c˜ao necess´aria para se chegar a equa¸c˜ao de Schr¨odinger 32 3.2 Equa¸c˜ao de continuidade e corrente de probabilidade . . . 34

3.3 Equa¸c˜ao de Schr¨odinger independente do tempo . . . 35

3.4 Analogia com os fenˆomenos ondulat´orios . . . 36

4 Equa¸c˜ao de Schr¨odinger: aplica¸c˜oes 38 4.1 Solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de Schr¨odinger para um potencial V(x) =V0 . . . 38

4.1.1 Potencial degrau . . . 38

4.1.2 Coeficientes de reflex˜ao e transmiss˜ao . . . 40

4.2 Problemas . . . 43

5 Oscilador harmˆonico Linear 48 5.1 operadores de levantamento e abaixamento A e A† . . . 48

5.1.1 Espectro de energia e fun¸c˜ao de onda do oscilador harmˆonico . . . . 52

(3)

5.2.1 Fun¸c˜ao geratriz dos polinˆomios de Hermite . . . 57

5.2.2 Ortogonalidade dos polinˆomios de Hermite . . . 59

6 Operador momento angular 62 6.1 Momento angular em coordenadas esf´ericas . . . 62

6.2 Constru¸c˜ao dos autovetores comuns de r, L2 eLz . . . 66

6.3 Equa¸c˜ao diferencial de legendre . . . 68

6.3.1 C´alculo dos harmˆonicos esf´ericos . . . 71

6.3.2 Matrizes de Pauli . . . 78

7 Operadores e a ´algebra de matrizes 82 7.1 Matrizes do hamiltoniano H do oscilador e dos operadores A e A′ . . . 83

7.2 Matrizes: propriedades gerais . . . 84

8 Equa¸c˜ao de Schr¨odinger: ´Atomo de hidrogˆenio 87 9 Matriz de densidade 92 9.1 Equil´ıbrio t´ermico de um sistema quˆantico . . . 94

10 Teoria de perturba¸c˜ao 96 10.1 Perturba¸c˜ao independente do tempo . . . 96

10.2 Perturba¸c˜ao dependente do tempo . . . 99

11 Teoria Quˆantica de Espalhamento por um Potencial 103 11.1 Introdu¸c˜ao . . . 103

11.2 Espalhamento por um Potencial . . . 104

11.2.1 Se¸c˜ao de choque diferencial . . . 104

11.3 Espalhamento de Estados Estacion´ario, C´alculo da se¸c˜ao eficaz . . . 105

11.3.1 C´alculo da se¸c˜ao de choque eficaz a partir das correntes de proba-bilidade . . . 107

11.4 Equa¸c˜ao Integral do Espalhamento . . . 108

11.5 Fun¸c˜ao de Green . . . 110

11.5.1 Aproxima¸c˜ao de Born . . . 111

11.6 se¸c˜ao de choque diferencial de Rutherford . . . 112

11.6.1 Aproxima¸c˜ao de Born para o potencial de Yukawa . . . 112

11.6.2 Densidade estado . . . 114

12 Teoria de relatividade Especial 115 12.1 Introdu¸c˜ao . . . 115

12.2 Princ´ıpios de Relatividade Especial . . . 115

12.2.1 . . . 115

(4)

13 Mecˆanica Quˆantica Relativ´ıstica 116

13.1 Formula¸c˜ao da Teoria Quˆantica Relativ´ıstica . . . 116 13.1.1 Requisitos conceituais . . . 116

(5)

O quadro abaixo ilustra bem os limites de aplica¸c˜ao das Teorias F´ısicas e sua correla¸c˜ao com as dimens˜oes e a velocidade dos objetos estudados.

Figura 1: Quadro geral dos diferentes ramos da f´ısica e seus limites de aplica¸c˜ao

(6)

Cap´ıtulo 1

Problemas sem solu¸c˜

ao nos limites

da f´ısica cl´

assica

1.1

Breve hist´

orico

No final do s´eculo XIX e inicio do s´eculo XX apesar de f´ısica cl´assica ter tido grande ˆexito na solu¸c˜ao da maioria dos problemas –tais como m´aquinas t´ermicas e teoria cin´etica de gases; descri¸c˜ao do movimento dos planetas com a mecˆanica celeste; unifica¸c˜ao da eletricidade-magnetismo-´otica com as equa¸c˜oes de Maxwell, dando origem a uma nova teoria a eletrodinˆamica de Maxwell–, alguns problemas n˜ao puderam ser descritos pela f´ısica cl´assica. aqui neste curso estamos particularmente interessados em trˆes proble-mas, s˜ao eles Radia¸c˜ao de corpo negro, Efeito fotoel´etrico e Modelos atˆomicos. A busca de solu¸c˜ao destes problemas serviu de motiva¸c˜ao para o desenvolvimento da Mecˆanica Quˆantica n˜ao relativ´ıstica. Na pr´oxima se¸c˜ao vamos descrever os trˆes problemas apresen-tando as solu¸c˜oes encontradas na ´epoca e apresentamos as novas id´eias que surgiram em conseq¨uˆencia das solu¸c˜oes apresentas por Planck, Einstein e Bohr.

1.1.1

Radia¸c˜

ao de corpo negro

O problema da radia¸c˜ao de corpo negro ´e um marco hist´orico das limita¸c˜oes de f´ısica cl´assica para a descri¸c˜ao microsc´opica da mat´eria. As tentativas de compreender o espec-tro da radia¸c˜ao do corpo negro no contexto da f´ısica cl´assica falharam, ent˜ao surgiu pela primeira vez a id´eia de discretiza¸c˜ao de grandezas tidas como cont´ınuas.

A discuss˜ao, pelo menos esquem´aticamente desta tentativa, ser´a o ponto de partida para uma breve revis˜ao das origens da Mecˆanica Quˆantica.

Nosso trabalho consiste em explicar a distribui¸c˜ao, em fun¸c˜ao da frequˆencia, da inten-sidade do campo de radia¸c˜ao, em equil´ıbrio t´ermico com um ambiente de temperatura T. Um abordagem desse problema utilizando id´eias cl´assicas foi levada a efeito por Rayleigh

em 1900 e porP. Jeansem 1905, a chave da quest˜ao era introduzir o aspecto estat´ıstico no

(7)

tratamento da dinˆamica do campo de radia¸c˜ao, descritos atrav´es das equa¸c˜oes deMaxwell. ´

E importante ressaltar que utilizar tratamento estat´ıstico para sistemas de part´ıculas era algo consagrado, afinal de contas a mecˆanica estat´ıstica estava bem estabelecida. No en-tanto como estender este tratamento para a radia¸c˜ao, se o campo de radia¸c˜ao era uma entidade t˜ao desvinculada do car´ater corpuscular? O passo mais fundamental para que se tenha a compreens˜ao do problema, ´e aquele que permite estabelecer a equivalˆencia es-trutural entre as equa¸c˜oes do campo de radia¸c˜ao e de um sistema dinˆamico de part´ıculas. J´a que este tipo de racioc´ınio ´e extremamente fundamental e muito instrutivo, vamos a esta discuss˜ao.

O campo de radia¸c˜ao, i. e. o campo eletromagn´etico, ´e expresso em termos de um campo vetorial a quatro componentes,

Aµ ={A0(~r, t), ~A(~r, t)}, (1.1)

a partir do qual podemos expressar o campo el´etrico E~ e o campo magn´etico H~ dados por:

~

E(~r, t) = 1

c ∂ ~A

∂t −∇~A0

~

H(~r, t) = ∇ ×~ A.~

    

   

(1.2)

Das equa¸c˜ooes deMaxwell, em uma condi¸c˜ao de gauge apropriada, nos leva a equa¸c˜ao do campo vetorialAµ

1

c2

∂2

∂t2 − ∇ 2

!

Aµ = 0. (1.3)

De um modo geral, o campo de radia¸c˜ao tem seus estados descritos por uma super-posi¸c˜ao de ondas planas de diferentes frequˆencias,

Aµ(~r, t) = 1 (2π)3

Z

aµ,k(t)ei~k·~rd3k, (1.4)

onde aµ,k(t) funcionam como novas vari´aveis dinˆamicas em subistitui¸c˜ao a Aµ. Tudo se passa como se os aµ,k(t) fossem as componentes dos Aµ’s numa base constitu´ıda pelo conjunto de todos as ondas planas, onde cada elemento da base est´a especificado pelo ´ındice (cont´ınuo) “k”. Tomando o campo expresso em termos destas componentesaµ,k(t),

a equa¸c˜ao de Maxwell (1.3) fica:

1 (2π)3

Z 1

c2 ¨aµ,k(t) +k

2aµ,k(t)ei~k·~rd3k = 0 (1.5)

a eq.(1.5) ´e identicamente nula. Isto ser´a verdade se e somente se o termo entre parˆenteses for nulo, i. e.

¨

(8)

CAP´ITULO 1. PROBLEMAS SEM SOLUC¸ ˜AO NOS LIMITES DA F´ISICA CL ´ASSICA4

onde ω =|k |c.

A equa¸c˜ao (1.6) mostra que qualquer componente aµ,k do campo de radia¸c˜ao se com-porta como um oscilador harmˆonico simples. A equivalˆencia entre a equa¸c˜aoMaxwell e a mecˆanica cl´assica agora fica mais n´ıtida, se considerarmos os aµ,k’s como vari´aveis gene-ralizadas, e que os graus de liberdade do sistema campo se traduzem nas oscila¸c˜oes deste conjunto infinito de osciladores harmˆonicos cl´assicos. Assim sendo a dinˆamica do campo fica expressa numa liguagem mecˆanica, permitindo a utiliza¸c˜ao da mecˆanica estat´ıstica.

Neste sentido, o equil´ıbrio t´ermico do campo com o ambiente a temperaturaT pode ser tratado como o equil´ıbrio de um sistema de osciladores em contato com um reservat´orio t´ermico `a temperatura T.

A equiparti¸c˜ao da energia ´e o ingrediente adicional para o c´alculo da distribui¸c˜ao de intensidade do campo de radia¸c˜ao, com base nesta equivalˆencia, a express˜ao para a densidade de energia por intervalo de frequˆencia assim obtida ´e conhecida por f´ormula de

Rayleigh – Jeans;

du(ν)

dν =

8πKT c3 ν

2. (1.7)

Com tudo persiste ainda uma incompatibilidade com os dados experimentais, o fato ´e que a eq. (1.7) s´o consegue reproduzir as medidas na regi˜ao de baixa frequˆencia. Alˆem disso, a energia total do campo, desse modo calculada ser´a infinita, resultado inaceit´avel fisicamente. Portanto, existe algo de errado na express˜ao obtida porRayleigh – Jeans.

No final do ano 1900M. Planck apresentou uma proposta consideravelmente arrojada para resolver esse desacordo entre as predi¸c˜oes Te´oricas e os resultados Experimentais. No c´alculo da fun¸c˜ao de parti¸c˜ao de “osciladores” harmˆonicos do campo com uma dada frequˆencia, aparece uma integral sobre a configura¸c˜ao inicial do oscilador, no espa¸co de fase. Ao realizar o c´alculo desta integral Planck introduziu uma c´elula unit´aria para o espa¸co de fase do oscilador. Em outras palavras ao inv´es de realizar a integra¸c˜ao sobre uma energia cont´ınua dos osciladores, a substituiu por um somat´orio sobre valores discretos de energia em intervalos ∆E

Z

dE n

X

i=1

∆Ei

Planck mostrou que as dificuldades s˜ao eliminadas quando se escolhe

∆E =hν = ¯hω, sendo ¯h= h 2π

onde ω ´e a freq¨uencia do oscilador e ¯h ´e uma constante universal, chamada de constante

Planck

¯

h= 1,054×10−27ergs˙

(9)

A f´ormula obtida porPlanckpara a densidadeu(ν) de energia por intervalo de freq¨ uen-cia ´e:

u(ν) = 16π

2h¯

c3

ν3

eKThν −1

. (1.8)

Se ν2 ν, eh ν

KT = 1 + h ν

KT +O

(h ν KT)

2 1 + h ν

KT. E facil verificar que a eq.(1.8)´

tem a eq.(1.7) como limite

1.1.2

Efeito fotoel´

etrico

A manifesta¸c˜ao de natureza corpuscular foi observada por Lenard, que observou que a energia cin´etica do el´etron emitido por efeito fotoel´etrico n˜ao depende da intensidade da luz incidente, mas sim apenas de sua freq¨uencia. Este fato foi explicado por Einstein em 1905, utilizando o conceito de quanta de radia¸c˜ao de Planck. A conserva¸c˜ao da energia estabelece que a energia cin´etica do el´etron,Ee:

Ee =EγV (1.9)

sendoEγ a energia da radia¸c˜ao incidente eV a energia necess´aria para arrancar o el´etron do metal. Se h´a absor¸c˜ao de “um”quantum de luz com energia ¯hω, a energia cin´etica do el´etron ser´a dada por:

Ee= ¯hωV. (1.10)

Desta maneira, a raz˜ao por que a energia do el´etron n˜ao depende da intensidade da luz, mas sim depende apenas da freq¨uencia, ficava completamente esclarecida. Um aumento da intensidade da luz acarretaria apenas num aumento do n´umero de el´etrons que s˜ao ejetados do metal.

Comparando a eq.(1.10) com dados experimentais do efeito fotoel´etrico, verificou-se que o valor da constante ¯h coincidia com aquele que Planck havia estabelecido.

Posteriormente, em 1923, foi verificado que um quantum de luz comporta-se exata-mente como uma part´ıcula de energia ¯hω e de momento linear ¯hk, atrav´es da esperiˆencia deCompton.

1.1.3

Modelos atˆ

omicos

O in´ıcio do nosso s´eculo tamb´em ´e marcado pela preocupa¸c˜ao direta com a estrutura do ´atomo, tido como constituinte fundamental da mat´eria, dentre os v´arios trabalhos sobre o modelo atˆomico, destacamos os deRutherfordeBohr, o modelo deRutherfordapresentava uma falha com a experiˆencia neste modelo o ´atomo era inst´avel.

Em 1913N. Bohrlan¸cou uma proposta de quantiza¸c˜ao do momento angular das ´orbitas dos el´etrons, que combinado com a id´eia do quantum de luz dePlanck, reproduzia a natu-reza discreta dos expectros atˆomicos. Da quantiza¸c˜ao do momento angular, a conseq¨uˆencia imediata era a quantiza¸c˜ao da energia do sistema, permitindo-lhes apenas certos valores de energia,

En,ℓ = mz

2e4

(10)

CAP´ITULO 1. PROBLEMAS SEM SOLUC¸ ˜AO NOS LIMITES DA F´ISICA CL ´ASSICA6

O modelo atˆomico de Bohr, postulando a quantiza¸c˜ao do momento angular, ´e confir-mado por Franck e Hertz em 1914 atrav´es do espalhamento de el´etrons por ´atomos de merc´urio. O resultado experimental evidenciava a estrutura de n´ıveis discretos de energia. Apesar do sucesso fenomenol´ogico e seu papel hist´orico, importante para indicar ca-minho da f´ısica, a velha mecˆanica quˆantica al´em de apresentar limita¸c˜oes em sua aplica-bilidade, as regras de quantiza¸c˜ao eram postas a “m˜ao”numa estrutura cl´assica.

1.2

Novas id´

eias de quantiza¸c˜

ao

A d´ecada seguinte presencia o lan¸camento da id´eia mais fundamental da atual formula¸c˜ao da mecˆanica quˆantica. preocupado ainda com a dualidade onda-part´ıcula do campo eletro-magn´etico, de Broglie, em sua tese de doutorado, em 1924, lan¸cou uma proposta simples mas extremamente importante;

Se a radia¸c˜ao apresenta um carater dual estando associado a um “quantum”de momento e energia dados por

p= ¯hk E = ¯hω. (1.12)

Por que ent˜ao uma part´ıcula, como por exemplo o el´etron, n˜ao estaria associada a uma onda? Se for o caso, por simetria, esta onda deveria caracterizar-se por vetor de onda k e freq¨uˆencia ω dados por

k = p ¯

h ω =

E

¯

h. (1.13)

Com esta associa¸c˜ao de Brogliemostrou que a quantiza¸c˜ao deBohrnada mais era que a condi¸c˜ao de estacionariedade de uma onda num potencial esf´erico. Esta previs˜ao de um comportamento ondulat´orio de part´ıcula s´o vai encontrar uma comprova¸c˜ao experimental trˆes anos depois, com a difra¸c˜ao de el´etrons num metal, atrav´es das experiˆencias de

Davisson eGermer (1927).

Ainda em 1924, Heisemberg, analisando o mecanismo de emiss˜ao de radia¸c˜ao dos ´atomos, no esquema da velha mecˆanica quˆantica, concluiu que uma formula¸c˜ao autocon-sistente era obtida se as grandezas f´ısicas fossem representadas por matrizes. segundo ele, os valores medidos destas grandezas corresponderiam aos autovalores das matrizes que as representavam.

Seguindo outro caminho Schr¨odinger, em 1926, obt´em a equa¸c˜ao da onda, para a onda associada a uma part´ıcula, sugerida por de Broglie. As duas teorias apesar de t˜ao diferenciadas em aparˆencias, se mostraram igualmente capazes de calcular os espectros atˆomicos.

Na verdade, a posteriori, foi mostrada a completa equivalˆencia das mesmas, atrav´es dos trabalhos do pr´oprioSchr¨odinger, Dirac, Jordane outros, que estabeleceram a formula¸c˜ao elegante da atual Mecˆanica Quˆantica.

(11)
(12)

Cap´ıtulo 2

Estado Quˆ

antico

Procuramos aqui, dentro de uma linguagem menos formal conceituar algumas carac-ter´ısticas de estado quˆantico de um sistema, que ´e o elemento fundamental para a estrutura da mecˆanica quˆantica. Consideremos para este fim, o sistema mais simples: Uma part´ıcula livre, sem grau de liberdade interno, descrevendo um movimento unidimensional.

No tratamento cl´assico, utiliza-se a vari´avel de posi¸c˜aoq e o momento linear p para a descri¸c˜ao da dinˆamica da part´ıcula. Os valores assumidos por estas grandezas, i. e. dois

n´umeros reais, especificam completamente o estado de uma part´ıcula num dado instante de tempo. Um outro ponto que vale apena lembrar ´e que, na Mecˆanica Cl´assica sup˜oe-se implicitamente que estas grandezas podem sup˜oe-ser medidas, em principio, com precis˜ao ilimitada, abstraindo-se a natureza do aparato de medida utilizado. O fato novo dos fenˆomenos quˆanticos ´e que, em contraste com a mecˆanica cl´assica, a medi¸c˜ao ´e capaz de alterar profundamente o estado da part´ıcula. N˜ao h´a, em principio, meios de observar o estado da part´ıcula sem perturba-lo. Sendo assim, um valor de q obtido ap´os uma medida indica apenas um resultado da intera¸c˜ao entre a part´ıcula e o sistema de medi¸c˜ao, o material de um detector. Em outras palavras, este valor n˜ao necess´ariamente carrega informa¸c˜oes diretas sobre o estado da part´ıcula “antes” da medi¸c˜ao. Se um valor, digamos

q1´e obtido numa medi¸c˜ao da posi¸c˜ao, a ´unica afirma¸c˜ao que pode-se fazer ´e que a part´ıcula

foi ali observada “depois”da medida, a nada mais. Neste sentido, podemos notar que n˜ao h´a condi¸c˜ao de determinar o momento linear p da part´ıcula atrav´es de medidas de suas posi¸c˜oes sucessivas no tempo. Pois, para isto, precisaria-mos realizar medidas de posi¸c oes em pontos infinitesimalmente pr´oximos, sem alterar a dinˆamica da part´ıcula, isto ´e imposs´ıvel na mecˆanica quˆantica.

Por outro lado, suponha que numa medida de momento linear, encontramos o valor

p. Neste caso, segundo de Broglie, o estado da part´ıcula ´e caracterizado por uma onda planaexp{ipq/¯h}que se distribui no espa¸co inteiro, deixando em aberto a localiza¸c˜ao da part´ıcula. Isto significa que a medi¸c˜ao do momentum perturba o estado da part´ıcula e nada podemos saber sobre sua localiza¸c˜ao pr´evia.

Sendo assim, se o processo de medi¸c˜ao interfere e modifica da maneira imprevis´ıvel, as informa¸c˜oes sobre o estado, como podemos descrever a dinˆamica de uma part´ıcula? De

(13)

fato, no mundo microsc´opico, o processo de medida envolve uma intera¸c ao incontrol´avel entre o objeto e o instrumento de medida. Entretanto, as medi¸c˜oes de um fenˆomeno quˆantico demonstram que ´e poss´ıvel tratar a dinˆamica da part´ıcula dentro de um contexto probabil´ıstico. Para melhor situar a quest˜ao, consideremos a experiˆencia de dupla fenda. Seja por exemplo, a montagem (ver fig. abaixo) onde A e B s˜ao duas fendas no anteparo

Figura 2.1: nesta figura h´a 3 configura¸c˜oes: em (a) temos as fendas A aberta e B fechada, em (b) a situa¸c˜ao ´e sim´etrica, na configura¸c˜ao (c) ambas fendas est˜ao abertas

se el´etrons incidir, um a um, sobre o lado esquerdo do dispositivo, sendo detectados pela chapa de emuls˜ao. Quando um s´o el´etron ´e lan¸cado atrav´es das fendas, tamb´em ob-servamos uma ´unica marca “ponteforme”na chapa. Nunca um fracionamento do el´etron, nem mesmo um padr˜ao de distibui¸c˜ao sobre a chapa. Este fato representa nitidamente a natureza corpuscular do el´etron. Entretanto, a marca deixada por um el´etron, dificil-mente ser´a reproduzida nos pr´oximos lan¸camentos. Um outro el´etron mesmo lan¸cado em condi¸c˜oes idˆenticas ser´a observado possivelmente em outra posi¸c˜ao. Neste sentido ´e que a observa¸c˜ao da posi¸c˜ao q em cada lan¸camento ´e imprevis´ıvel. Em compensa¸c˜ao, se levan-tarmos um histograma da freq¨uˆencia das diferentes posi¸c˜oes das marcas de milhares de lan¸camentos, encontramos uma distribui¸c˜ao PA+B(q) como mostra figura (2.1). Esta

dis-tribui¸c˜ao n˜ao depende da maneira de detectar a part´ıcula, ou seja independe do detector. Assim sendo esta distribui¸c˜ao n˜ao deve ser associada ao processo de medida em si, mas sim, ao estado intr´ınseco da part´ıcula diante do arranjo experimental, antes mesmo da sua detec¸c˜ao. Apesar do carater imprevis´ıvel do resultado de cada medi¸c˜ao, um conjunto de muitas medidas caracteriza a natureza do estado.

(14)

CAP´ITULO 2. ESTADO QU ˆANTICO 10

um carater probabil´ıstico ao pr´oprio ao conceito de “estado”que ´e definido indepente da observa¸c˜ao da part´ıcula. Tentaremos ent˜ao, especificar o estado de uma part´ıcula por uma fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao de probabilidadeP(q), que parece ser capaz de representar o “estado”da part´ıcula.

Mas especificar o estado de uma part´ıcula em termos de uma fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao probabilidade n˜ao ´e satisfat´orio, em contraste ao que acontece na mecˆanica estat´ıstica. Veja a seq¨uˆencia de experiˆencias

Na primeira experiˆencia fecha-se a fenda B com A aberta obt´em-se a fun¸c˜ao PA(q) depois, fecha-se A e abre B, obt´em-se PB(q) a superposi¸c˜ao destes dois resultados n˜ao coincide com aquele obtido quando as duas fendas est˜ao abertas, PA+B(q) isto ´e,

PA(q) +PB(q)6=PA+B(q)

Isto significa que quando ambas as fendas est˜ao abertas, as duas ifluenciam no es-tado da part´ıcula simultaneamente! Al´em disto, a compara¸c˜ao de PA(q) +PB(q) com PA+B(q) permite concluir que existe um processo t´ıpico de interferˆencia ondulat´oria na

superposi¸c˜ao de estados. Para resolver a quest˜ao desta interferˆencia devemos introduzir fun¸c˜oes complexas, Ψ(q) para representar o estado de uma part´ıcula de tal modo que

PA(q) =|ΨA(q)|2 PB(q) =|ΨB(q)|2

PA+B(q) =|ΨA+B(q)|2 .

Fa¸camos agora uma s´erie de experiˆencias medindo o momentopda part´ıcula na dire¸c˜ao

q. Estas experiˆencias forneceram as distribui¸c˜oes de probabilidades, ou as amplitudes, em rela¸c˜ao aos momentos.

Sejam ΦA(p), ΦB(p) e ΦA+B(p) as amplitudes correspondentes as experiˆencias com

somente a fenda A aberta, com somente a fenda B aberta e com ambas as fendas A

abertas respectivamente. Tamb´em neste caso, verificaremos que as amplitudes em p s˜ao complexas e satisfazem a superposi¸c˜ao

ΦA+B(p) = ΦA(p) + ΦB(p).

Analisando as fun¸c˜oes Ψ(q) e Φ(p) encontramos uma rela¸c˜ao entre as elas Φ(p) nada mais ´e que a transformada de Fourier da correspondente Ψ(q) i. e.

Φ(p) = √1 2π¯h

Z

dqΨ(q)e−ipq/¯h

ou de modo inverso

Ψ(p) = √1 2π¯h

Z

dpΦ(p)eipq/¯h.

(15)

A universalidade da rela¸c˜ao entre as amplitudes em rela¸c˜ao a q e em rela¸c˜ao a p, mostra que a medida depn˜ao traz nenhuma informa¸c˜ao f´ısica nova sobre o estado, todas as informa¸c˜oes obtidas j´a estavam contidas em Ψ(q).E representar o estado da part´ıculas em termos da amplitude em rela¸c˜ao a q oup seriam procedimentos equivalentes.

O fato de que Ψ(q) e Φ(p) s˜ao equivalentes para a descri¸c˜ao de um estado quˆantico, sugere a id´eia da que deve existir uma ˆunica entidade capaz de especificar o estado, do qual Ψ(q) e Φ(p) s˜ao apenas duas diferentes reprenta¸c˜oes desta entidade, de acordo com a o processo de observa¸c˜ao. A existˆencia de uma tal entidade constitui o pressuposto b´asico para a conceitua¸c˜ao do “estado quˆantico”de um sistema. Assim ´e extremamente impor-tante encontrar um objeto matem´atico para que possamos associa-lo ao estado quˆantico e a partir deste desenvolver estrutura matem´atica da mecˆanica quˆantica.

2.1

Estrutura formal da mecˆ

anica quˆ

antica

Na se¸c˜ao anterior, introduzimos a id´eia de representar o estado quˆantico de um sistema por um vetor de um espa¸co vetorial linear abstrato, onde o princ´ıpio de Superposi¸c˜ao fica automaticamente incorporado. As vari´aveis dinˆamicas foram introduzidas como sendo operadores lineares que atuam sobre este espa¸co. Os autovalores destes operadores cor-respondem aos valores encontrados nas medidas destas vari´aveis.

2.1.1

Espa¸co de Hilbert

Antes de apresentar a estrutura formal da Mecˆanica Quˆantica ´e preciso definir, primeiro, o Espa¸co de Hilbert (H), isto por que, todas as grandezas da mecˆanica quˆantica s˜ao definidas a partir de objetos do espa¸co H. Espa¸co de Hilbert: O Espa¸co de Hilbert ´e um espa¸co vetorial linear de dimens˜ao infinita e de quadrados integr´aveis, isto ´e, apesar de o espa¸co ser de dimens˜ao infinita, as integrais quadr´aticas dos objetos deste espa¸co s˜ao finitas.

Agora vamos apresentar os conceitos b´asicos da mecˆanica quˆantica numa linguagem matem´atica mais rigorosa. Para isso, vamos enunciar alguns postulados:

Postulado I:

Os estados de um sistema quˆantico s˜ao representados por vetores do espa¸co Hilbert H, de corpo complexo, C. A correspondˆencia ´e tal que dois vetores linearmente dependente represente o mesmo estado.

Denota-se por | Ψi o vetor de H correspondente a um dado estado quˆantico. Em H, deve ser definido o produto interno (produto escalar) entre dois vetores | Ψi e | φi, denotado por hφ|Ψi, que satisfaz as seguintes propriedades:

i) hφ |Ψi=hΨ|φi

ii) hΨ|Ψi ≥0

iii) Se hΨ|Ψi= 0 ent˜ao |Ψi= 0

iv) x, y ∈ C vale propriedade hφ| {x|Ψi+y|ϕi}=xhφ|Ψi+yhφ |ϕi.

    

   

(16)

CAP´ITULO 2. ESTADO QU ˆANTICO 12

A propriedade iv) indica a linearidade da opera¸c˜ao de produto escalar.

A opera¸c˜ao de produto escalar de|Ψicom qualquer vetor|φi ∈ H, com|Ψivarrendo todo o espa¸coH, forma um novo espa¸co vetorial. Este por sua vez, ´e chamado de espa¸co dual de H que aqui denotaremos por H†. Por constru¸c˜ao, para cada vetor de H, | Ψi, existe o seu dual, |Ψi, que denotaremos por hΨ|, ou seja

∀ |Ψi ∈ H,

∃ hΨ| ≡ |Ψi∈ H.

)

(2.2)

Desta maneira fica definida a opera¸c˜ao de conjuga¸c˜ao, “”, para os vetores | Ψi. A opera¸c˜ao de conjuga¸c˜ao para os vetoreshΨ|´e tal que

|≡ |Ψi.

Operadores no espa¸co H

Um operador ´e definido como um mapeamento deH sobre ele pr´oprio. Isto ´e, trata-se de uma regra de associa¸c˜ao que leva qualquer vetor |Ψi ∈ H em outro vetor deH,

i → |Φi=O |Ψi ∈ H

Como exemplo de um operador linear, podemos usar o operador denotado por O =| ΨihΦ|, constru´ıdos a partir de dois vetores |Ψi e |Φi, arbitr´arios, e do produto escalar. Consequˆencias da aplica¸c˜ao de O sobre | ϕi: Seja O um operador que pertence a H, definido por

O ≡|ΨihΦ| (2.3)

a aplica¸c˜ao de O em |ϕitem a seguinte consequˆencia:

O |ϕi ≡(|ΨihΦ|)|ϕi=hΦ|ϕi |Ψi=|Ψ′i (2.4)

a express˜ao acima ´e v´alida para todo |ϕi ∈ H e |Ψ′i tamb´em pertence ao espa¸coH.

Ainda como conseq¨uˆencia da defini¸c˜ao do operador O, um teorema importante pode ser demonstrado a partir das equa¸c˜oes acima, o chamado Teorema da Completeza.

Teorema da “Completeza”: Seja {|ii} uma base numer´avel ortogonal de H, onde ´e v´alida a condi¸c˜ao de normaliza¸c˜ao hi|ji=δij.

Ent˜ao vale a seguinte identidade:

n

X

i=1

|iihi|≡ 11 . (2.5)

onde

δij =

(

1 i=j

(17)

A eq.(2.5) expressa a chamada de rela¸c˜ao de completeza, onde “1l ”representa o ope-rador identidade no espa¸co sobre H.

Demonstra¸c˜ao: O estado|ψi, arbitr´ario, pode ser definido a partir de uma combina¸c˜ao linear da base {|ii} do seguinte modo:

i=

n

X

i=1

Ci |ii (2.6)

Ci pode ser calculado fazendo o produto escalar de hi|com |ψi

hi|ψi=hi| n

X

j=1

Cj |ji=

n

X

j=1

Cjhi|ji=

n

X

j=1

Cjδij =Ci

Ci =hi|ψi (2.7)

substituindo a eq.(3.7) na eq.(3.6)

i=

n

X

i=1

hi|ψi |ii=

n

X

i=1

|iihi|

!

i= (2.8)

Sendo |ψi arbitr´ario, conclui-se que

n

X

i=1

|iihi|= 11 . (2.9)

No caso de uma base cont´ınua { |xi }com normaliza¸c˜ao

hx′ |xi=δ(xx′) (2.10)

O estado |ψipode ser definido a partir da base { |xi }do seguinte modo:

i=

Z

dx C(x)|xi (2.11)

C(x) pode ser calculada usando a normaliza¸c˜ao da eq.(2.10). Tomando o produto escalar entrehx′ |e |ψi teremos:

hx′ |ψi=hx′ |

Z

dx C(x)|xi

=

Z

dx C(x)hx′ |xi=

Z

dx C(x)δ(xx′) =C(x′) (2.12) ent˜ao

C(x) =hx|ψi (2.13)

Substituindo a eq.(2.13) na eq.(2.11) teremos:

i=

Z

dxhx|ψi |xi=

Z

dx |xihx|

i

Z

(18)

CAP´ITULO 2. ESTADO QU ˆANTICO 14

Nota-se que a opera¸c˜ao de produto escalar definida no item i) induz naturalmente a atua¸c˜ao, em H, de um operador A definido sobre H. Isto ´e, podemos definir o vetor

ha|A ∈ H. Admitindo-se a regra de associatividade,

(ha|A)|bi=ha| (A|bi) (2.15)

ou seja do lado direito toma-se o produto escalar de |aicom o resultado da aplica¸c˜ao deA sobre |bi ∈ H e do lado esquerdo ha|A sobre |bi.

Com a defini¸c˜ao de ha | A, e a opera¸c˜ao de conjuga¸c˜ao de vetores eq.(3.2) podemos definir a opera¸c˜ao de conjuga¸c˜ao hermitiana para operadores. Assim o operador conjugado hermitiano de de A,A′, ´e definido por:

A†|ai ≡(ha| A)†. (2.16)

Da propriedade i) da eq.(2.1) do produto escalar, conclu´ımos que

ha |A†|bi=hb |A|ai⋆. (2.17)

Exemplo 1: Sejam A e B dois operadores quaisquer do espa¸co H. Prove que: a)A††=A

b) (AB)†=BA

Solu¸c˜ao:

a)

Se |Φi=A|Ψi (2.18)

usando a propriedade hΦ|=|Φi, termos

|=|Φi† = (A|Ψi)†=hΨ|A†.

Tomando-se o conjugado hermitiano dehΦ| se conclui que

i=hΦ|†=hΨ|A††= (A†)† |Ψi (2.19)

Comparando as equa¸c˜oes (2.18) e (2.19) teremos, | Φi = A | Ψi = (A†)| Ψi este

resultado permite concluir que:

A= (A†)†. (2.20)

b) sejam | ψi e | bi dois vetores quaisquer de H, que satisfazem a seguinte rela¸c˜ao: |ψi=AB|bi.

Se|ψi=A|ai e |ai=B |bi tomando o conjugado hermitiano de|ψi teremos |ψi=hψ |=hb|(AB)=ha|A=hb |BA, de onde se conclui que

(19)

Operdores hermitianos

Quando um operador A† ´e idˆentico a A, isto ´e, A=A, ent˜ao A ´e chamado de operador

hermitiano. Um teorema muito importante pode ser enunciado neste ponto, o teorema do operador hermitiano

Teorema do operador hermitiano: Sendo A, um operador hermitiano qulquer do espa¸co H,

ent˜ao seus autovalores s˜ao reais.

Demonstra¸c˜ao: Sejam A um operador hermitiano e | ai autoestado de A com autovalor “a”, a equa¸c˜ao de autovalores deA ser´a

A|ai=a|ai (2.22)

tomando o produto escalar da equa¸c˜ao acima comha|

ha|A|ai=aha|ai (2.23)

tomando o conjugado hermitiano da eq.(2.22) teremos

ha|A†=a⋆ha | (2.24)

como A´e hermitiano A⋆ =A ent˜ao

ha|A†=ha|A=a⋆ha | (2.25)

tomando o produto escalar da equa¸c˜ao acima com|ai tem-se

ha|A |ai=a⋆ha|ai (2.26)

subtraindo a eq.(2.23) da eq.(2.26)

aha|ai −a⋆ha|ai= (aa⋆)ha|ai= 0 (2.27) como ha|ai 6= 0 aa⋆ = 0 ent˜ao

a⋆ =a

logo o autovalor a´e real.

Postulado II: Qualquer vari´avel dinˆamica cl´assica ser´a representada por operadores line-ares hermitianos cujos autovetores constuem uma base sobre o espa¸co H.

Qualquer fun¸c˜ao destas veri´aveis dinˆamicas, tambem fica representada por uma fun¸c˜ao do operador. Estes operadores s˜ao ditos observ´aveis.

(20)

CAP´ITULO 2. ESTADO QU ˆANTICO 16

de observ´aveis do sistema se estas fossem realizadas. Para formalizar esse car´ater proba-bil´ıstico postula-se

Postulado III: A medida de um observ´avel A para um sistema no estado |ψi, resulta numa transi¸c˜ao deste estado para um e somente um dos autoestados |χiide A.

O valor da medida ´e dito autovalor χi do observ´avel.

Entretanto, para qualquer teoria fazer sentido, o estado ap´os a realiza¸c˜ao de uma medida de um observ´avel deve poder ser reconfirmado por um medida subsequˆente da mesma quantidade. O estado alcan¸cado pelo sistema ap´os uma medida de um observ´avel

A ´e dito autoestado deste observ´avel. Para caracterizar o processo de medida postula-se

Postulado IV: A probabilidade de transi¸c˜ao |ψi →|χii numa medi¸c˜ao de A´e dada por | hχi |ψi |2, sendo

ambos normalizados a um.

A mecˆanica quˆantica n˜ao se prop˜oe a discutir o mecanismo de transi¸c˜ao quˆantica do sistema f´ısico por ocasi˜ao de uma medi¸c˜ao. ´E exigido, apenas, que a segunda medida de reconfirma¸c˜ao, n˜ao mais altere o estado quˆantico do sistema. Do ponto vista matem´atico, podemos reformular o mecanismo do processo de medida acima, como sendo uma opera¸c˜ao de proje¸c˜ao do vetorkψi na dire¸c˜ao |χii.

Podemos identificar um vetor estado ap´os uma medida de um observ´avel como sendo um autovetor do operador correspondente ao observ´avel.

Teorema III: Os autoestados de um observ´avel s˜ao autovetores do operador que representa o observ´avel.

Prova:

Seja | χii um autoestado de A. Pela defini¸c˜ao de autoestado e usamos f(A) A no postulado III tem-se

hf(A)i=hAi=hχi |A|χii=χi. (2.28) Fazendo agora f(A) = (A− hAi)2 , o valor esperado de (A− hAi)2 representa a dis-pers˜ao estat´ıstica nas medidas deA.

h∆A2i=hχi | {A− hAi}2 |χii=hχi | {Aχi}2 |χii= 0. (2.29)

(21)

Utilizando a propriedade hermitiana do operador A na eq(2.29), pode-se reescrever a eq.(2.28) do seguinte modo:

hχi | {Aχi}2 |χii=hχi | {Aχi}

| {z }

hΦ|

{Aχi} |χii

| {z }

|Φi

= 0. (2.30)

Na equa¸c˜ao acima o produto escalar entre dois vetores iguais ´e nulo, da defini¸c˜ao do produto escalar, propriedade iii) da eq.(2.1) hΦ | Φi = 0 ⇒ | Φi = 0 ent˜ao, da eq.(2.30)

{Aχi} |χii= 0. (2.31)

⇒ A|χii=χi |χii. (2.32)

ficou provado.

2.1.2

Amplitude transi¸c˜

ao e densidade de probabilidade

O conjunto dos autovalores, {χi}, de um observ´avel A ´e dito espectro de A. No caso de um observ´avel de espectro cont´ınuo, os postulados IV e V devem compatibilizar a natureza cont´ınua do observ´avel. A medida de um observ´avel A do espectro cont´ınuo ´e caracterizada por um valor definido no intervalo (χ, χ+dχ). Os autovetores, neste caso, formam um conjunto cont´ınuo. A transi¸c˜ao de um estado arbitr´ario | ψi, causada pela medida do observ´avel A, ocorre para um e s´o um dos autoestados,| χ′i, deA. |χi est´a

definido no subespa¸co {|χ′i; onde χ (χ, χ+)}, a rela¸c˜ao entre | ψi e | χi ´e dada

por:

i=

Z

dχ C(χ)|χi. (2.33)

Onde C(χ) ´e amplitude de probabilidade de transi¸c˜ao de|ψi para |χi.

Usando a normaliza¸c˜ao definida na eq.(2.10) hχ′ | χi = δ(χχ), pode-se definir a

densidade de probabilidade de transi¸c˜ao | ψi →| χi, tomando o produto do estado hχ′ |

pela eq.(2.33)

hχ′ |ψi=hχ′ |

Z

dχ C(χ)|χi

=

Z

dχ C(χ)hχ′ |χi=

Z

dχ C(χ)δ(χχ′) = C(χ′),

(2.34) logo

C(χ′) = hχ′ |ψi, (2.35)

|ψi ≡ψ(χ) ´e a proje¸c˜ao do vetor |ψi na base|χi. Densidade de probabilidade ρ´e dada por;

(22)

CAP´ITULO 2. ESTADO QU ˆANTICO 18

Para δχ infinitesimal, a probabilidade, dP, de encontrar o valorχ′ no intervalo (χ χ′ χ+δχ) ´e dada por:

dP =ρ dχ =| hχ′ |ψi |2 dχ. (2.37)

Quando n˜ao h´a degenerescˆencia no espectro de um observ´avel, i.e., existe um ´unico autoestado para cada autovalor de A, qualquer |ψido sistema deve ser especificado uni-vocamente por uma por uma fun¸c˜aoψ(χi), a fun¸c˜aoψ(χi) ´e a amplitude de probabilidade de obter o autovalor χi, onde χi cobre todos os autovalores de A. Neste caso, o conjunto dos autoestados de A, {| χi}, contem todas as infor¸c˜oes f´ısicas do sistema, sendo assim levando em conte o Princ´ıpio de Superposi¸c˜ao, qualquer estado | ψi pode ser definido como sendo uma combina¸c˜ao linear dos |χis, seja

i=X

i

Ci |χii (2.38)

levando-se em conta a rela¸c˜ao de ortogonalidade hχj |χii=δij

ψ(χi) = hχi |ψi=Ci (2.39)

δij =

(

1 i=j

0 i6=j

As equa¸c˜oes (2.38) e (2.39) implicam que

n

X

i=1

|χiihχi |=11 , (2.40)

Sendo assim, o conjunto dos autovetores{|χii}de um observ´avel, n˜ao degenerado, forma uma base deH. A fun¸c˜ao amplitudeψ(χi) ´e ditaproje¸c˜aodo estado|ψiina base{|χii}.

Quando existe degenerescˆencia no espectro de A, a amplitude de probabilidade como fun¸c˜ao dos autovalores de A n˜ao ´e suficiente para especificar um estado | ψi, pois existe mais de um estado associado a um mesmo autovalor. Os vetores que est˜ao associados a um mesmo autovalor formam um subespa¸co de H. A dimens˜ao deste subespa¸co ´e o grau da degenerescˆencia do estoestado.

Neste caso necessita-se de um segundo observ´avel por exemplo B, que levante a dege-nerescˆencia do espectro deA –isto ´e, fa¸ca a distin¸c˜ao dos estados que tenham autovalores deA iguais– em termos dos autovalores de B.

Por simplicidade, vamos considerar que os espectros de A eB sejam discretos. Ent˜ao seja|χi, biium autovetor comum deAeB cujos os autovalores s˜aoχi ebirespectivamente. Sendo assim

A|χi, bji=χi |χi, bji, j = 1,2, . . . m (2.41)

(23)

ψ(χi, bj) = hχi, bj |ψi. (2.42)

Se persistir a alguma degenerescˆencia, ou seja, ainda existe mais de um estado para um mesmo par de autovalores (χi, bi) ´e necess´ario um outro observ´avel para a especi-fica¸c˜ao completa do estados. Para resolver completamente a quest˜ao da degenerescˆencia, a mecˆanica quˆantica postula:

Postulado V: Existe um conjunto finito de observ´aveis para os quais a amplitude de probabilidade, como fun¸c˜ao de seus autovalores, especifica completamente qualquer estado |ψi do sistema. Este conjunto ´e dito um conjunto completo de observ´aveis.

O postulado IV ´e equivalente a afirmar que, os autovetores comuns, dos observ´aveis completos, formam uma base no espa¸co H.

Para fechar o quadro sobre a quest˜ao da degenerescˆencia vamos enunciar o seguinte teorema:

Teorema IV: Os operadores que correspondem as vari´aveis dinˆamicas de um conjunto completo de observ´aveis, comutam entre si.

Demonstra¸c˜ao:

Seja V = {A(1), A(2), . . . A(n)} um conjunto completo de operadores cujos autovetores

comuns, s˜ao dados pelo conjunto {|a(1)i1 , a(2)i2 , . . . , a(inn)i}. Por defini¸c˜ao

A(m) a

(1)

i1 , a (2)

i2 , . . . , a (m)

im , . . . , a

(n)

in

E

=a(imm) a

(1)

i1 , a (2)

i2 , . . . , a (m)

im , . . . , a

(n)

in

E

.

para m = 1,2. . . , n (2.43)

onde |a(1)i1 , a(2)i2 , . . . , a(imm), . . . , a(inn)i1 forma uma base emH.

Podemos portanto, definir qualquer vetor |ψi em termos de uma combina¸c˜ao linear destes vetores da base

i=

n

X

i(m=1)

ai1,i2,...,im,...,in

a

(1)

i1 , a (2)

i2 , . . . , a (m)

im , . . . , a

(n)

in

E

. (2.44)

Aplicando agora os operadores A(α) eA(β) V no estado |ψi definido na eq.(2.44)

teremos

A(α)A(β)|ψi=A(α)a(iββ)|ψi=a

(β)

iβ A

(α)

i=a(iββ)a

(α)

iα |ψi. (2.45)

1O vetor |a(1)

i

1 , a

(2)

i

2 , . . . , a

(m)

im , . . . , a

(n)

in i ´e dado pelo produto direto |a

(1)

i

1 , a

(2)

i

2 , . . . , a

(m)

im , . . . , a

(n)

in i =

|a(1)i1 i ⊗ |a

(2)

i2 i ⊗. . .⊗ |a

(m)

im i ⊗. . .⊗ |a

(n)

in idos autoestados dados no conjunto{|a

(m)

(24)

CAP´ITULO 2. ESTADO QU ˆANTICO 20

Onde usamos a identidade A(α)a(β)

iβ = a

(β)

iβ A

(α) porque a(β)

iβ ´e um n´umero e portanto,

comuta com A(α)

De modo an´alogo

A(β)A(α)|ψi=A(α)a(iAα(β))|ψi=ai(αα)A(β)|ψi=a(iββ)a(iαα)|ψi. (2.46) Subtraindo as eq.(2.45) e eq.(2.46)

A(α)A(β)A(β)A(α)|ψi= 0 (2.47) como |ψi´e arbitr´ario A(α)A(β)A(β)A(α) = 0 logo

A(α)A(β) =A(β)A(α) ou hA(α), A(β)i= 0 (2.48)

2.1.3

Produto Direto

Espa¸co do produto direto de dois espa¸cos vetoriais. Sejam {|aii} e {|bji} duas bases de dois espa¸cos vetoriais {V1} e {V2}, respectivamente. O conjunto de pares ordenados

{|aii, |bji} = {|aii ⊗ |bji} que constitui uma base para o produto direto ou produto

cartesiano das bases. O novo espa¸co vetorial ser´a dado por E1+2=E1⊗E2

O produto direto ´e tal que satisfaz as propriedades |aii ⊗(|bii+|b′

ii) = |aii ⊗ |bii+

|aii ⊗ |b′ii

e

(|aii+|a′ii)⊗ |bii=|aii ⊗ |bii+|a′ii ⊗ |bii onde {|aii,|a′ii} ∈V1 e {|bii,|b′ii} ∈V2

no espa¸co do produto direto, o produto interno ou produto escalar satisfaz propriedade

(|ai ⊗ |bi,|a′i ⊗ |b′i) = ha|a′ihb|b′i

2.2

Comutador Q, P e Operador deslocamento

espa-cial

Neste cap´ıtulo, nota-se que at´e este ponto n˜ao se fez qualquer referˆencia a ¯h, constante ca-racter´ıstica de Mecˆanica Quˆantica, isto ´e verdade por que at´e aqui o que se fez foi, apenas, estabelecer a estrutura matem´atica para a representa¸c˜ao dos elementos b´asicos da teoria quˆantica. A constante ¯h aparece na formula¸c˜ao quando estabelecemos a correspondˆencia entre as vari´aveis dinˆamicas cl´assica e os objetos da mecˆanica quˆantica, que pertencem ao espa¸co H, dando a esses objetos uma interpreta¸c˜ao f´ısica. Isto ´e natural porque os objetos do espa¸co de Hilbert s˜ao matem´aticos abstratos desprovidos de qualquer inter-preta¸c˜ao f´ısica. J´a as vari´aveis dinˆamicas cl´assicas tem significado f´ısico. A constante ¯h

(25)

Sendo portanto, fundamental para o estabelecimento da correspondˆencia entre assas quan-tidades.

Na Mecˆanica Cl´assica -para a descri¸c˜ao da dinˆamica de um sistema- define-se um con-junto de pares vari´aveis dinˆamicas, ditas vari´aveis canˆonicas{(qi, pi), comi= 1,2, . . . , n}, onde qi epi satisfazem a seguinte rela¸c˜ao

{qi, pj}=δij (2.49)

onde a express˜ao da eq.(2.49) ´e dita parˆenteses de Poison das vari´aveis qi e pi e n ´e o n´umero de graus de liberdade do sistema. qi epi s˜ao respectivamente coordenadas e mo-mentos linear generalizados do sistema f´ısico.

Em Mecˆanica Quˆantica para estabelecer a correspondˆencia entre os objetos quˆanticos e as quantidades cl´assicas, postula-se

Postulado VI: Os operadores Qe P representativos de um par de var´aveis canˆonicas, satisfazem a regra de comuta¸c˜ao :

[Q, P]ih¯11 (2.50)

ondeQ´e o operador coordenada generalizada eP ´e o operador momento linear. Para um sistema com n graus de liberdade

[Qi, Pj] =i¯hδij. (2.51)

O comutador de operadores representativos de vari´aveis canonicamente conjugadas, como no caso do postulado VII, ´e um n´umero complexoi¯h, multiplicado pelo operador identi-dade 11 . Este por sua vez, comuta com qualquer outro operador.

Exercicios provar as identidades abixo: 1- [A, B] + [B, A] = 0

2- [A, A] = 0

3- [A, B +C] = [A, B] + [A, C] 4- [A+B, C] = [A, C] + [B, C] 5- [A, BC] = [A, B]C+B[A, C] 6- [AB, C] = [A, C]B+A[B, C]

7- [A,[B, C]] + [C,[A, B]] + [B,[C, A]] = 0 8- [x, px] = [y, py] = [z, pz] =i¯h

9- [Lx, Ly] =i¯hLz use [xi, pj] =i¯hδij

se f(P) =Pni=1Pn ent˜ao

10- [Q, f(P)] =i¯h∂f∂P(P) 11- seja L+ =Lx+iLy e L−=Lx−iLy prove que:

a) [L+, L−] = 2¯hLz

b)[L+, Lz] =−¯hL+

(26)

CAP´ITULO 2. ESTADO QU ˆANTICO 22

d)[L2, L±] = 0

2.2.1

Aplica¸c˜

oes

Aqui vamos utilizar esta formula¸c˜ao para calcular quantidades f´ısicas de interesse par-tindo unicamente dos postulados estabelecidos. Operador deslocamento espacial ou de transla¸c˜ao este operador ´e muito ´util na demonstra¸c˜ao de diversas identidades.

Sejam Q e P dois observ´aveis canonicamente conjugados podemos definir o operador unit´arioU por:

U =eiaP¯h

Se |qi´e autoestado de Q com autovalor q.

Prove que:

U |qi=|qai

isto ´e, U |qi ´e autoestado de Qcom autovalor (qa)

Demonstra¸c˜ao:

Do postulado VII, sabemos que [Q, P] = i¯h e por hip´otese Q| qi =q | qi. Usando a identidade

QU =QUU Q

| {z }

comutador

+U Q= [Q, U] +U Q, como [Q, U] =i¯h∂P∂U =ih¯ia¯hU =aU ent˜ao

QU =i¯h∂U

∂P +U Q=−aU +U Q

QU =aU +U Q (2.52)

aplicando QU em |qiteremos:

Q U |qi= (aU +U Q)|qi=aU |qi+U Q|qi= (qa)U |qi

⇒ Q U |qi= (qa)U |qi (2.53)

Portanto,U |qi´e autoestado deQcom autovaloresqa. Podemos finalmente escrever

U |qi=k |qai

(27)

hq |U†U |qi=hq|qi= 1 =hqa|k†k |qai=k2hqa|qai=k2

⇒k2 = 1 k=±eiϕ

logo a menos de uma diferen¸ca de fase k= 1 ent˜ao fica provado que:

U |qi=|qai (2.54)

O operador U, ´e dito operador de deslocamento espacial ou operador de transla¸c˜ao. neste sentido, o operador P ´e chamado de gerador das transla¸c˜oes espaciais.

2.2.2

Onda plana

A amplitude de probabilidade de se encontrar um autoestado de um operador digamosA

num auto estado de um outro operadorB ´e dita fun¸c˜ao de transforma¸c˜ao da base B para a base A. Como exemplo vamos discutir a transforma¸c˜ao da base | pi para a base | qi, esta transforma¸c˜ao ´e dada por:

hp|qi= √1 2π¯he

ipq¯h. (2.55)

Exerc´ıcio use o operadorU =eiaP¯h para:

a) Provar que o operador momento linear P, na base de coordenadas |qi, corresponde a um operador derivada dado por P → −i¯h∂q∂;

b) prove que a fun¸c˜ao de onda plana ´e dada pela eq.(2.55).

Prova:

U |qi=eiaPh¯ |qi=|q−ai

multiplicando porhp| teremos:

D

p ei

aP

¯

h

q

E

=e−iap¯h hp|qi=hp|q−ai

por simplicidade vamos fazer ψp(q) = hp|qi, ent˜ao

(28)

CAP´ITULO 2. ESTADO QU ˆANTICO 24

expandindo ψp(qa) em s´erie de Taylor teremos

ψp(q−a) =ψp(q)− a

1!

∂ψp(q)

∂q + a2

2!

∂2ψp(q)

∂q2 +. . .+

an n!

∂nψp(q)

∂qn (2.57)

e−iaP¯h = 1− i

1!

aP

¯

h +

1 2!(i

aP

¯

h )

2+. . .+ 1

n!(−i

aP

¯

h )

n (2.58)

substituindo as eq.(2.57 e 2.58) na eq.(2.56) teremos;

1 i 1!

ap

¯

h +

1 2!(i

ap

¯

h )

2+. . .+ 1

n!(−i

ap

¯

h )

nψp(q) = ψp(q)

1!a ∂ψp∂q(q)+ a

2

2!

∂2ψp(q)

∂q2 +

+....+a

n n!

∂nψp(q)

∂qn (2.59)

Comparando-se termo a termo as potˆencias deae simplificando o que for poss´ıvel, conclui-se que ¯hipψp(q) =∂ψp(q)

∂q logo

pψp(q) = ¯h

i

∂ψp(q)

∂q (2.60)

podemos concluir que o operador P ¯hi ∂q∂. Isto ´e, P corresponde a um operador derivada no espa¸co q.

b) podemos reescrever a eq.(2.60) do seguinte

d ψp(q) ψp(q) =

i

¯

hpdq

integrando equa¸c˜ao acima

Z ψp(q)

ψp(0)

d ψp(q)

ψp(q) =

i

¯

h

Z q

0 pdq ⇒ ln

ψp(q)

ψp(0)

!

=ipq

¯

h (2.61)

usando a identidade logar´ıtmica ln(a) = b a=eb ent˜ao

(29)

Ondeψp(0) ´e a constante de integra¸c˜ao que pode ser calculada usando a normaliza¸c˜ao

hq′ |qi=δ(qq′)

usando a completeza

1

=

Z

−∞dp|pihp|

q′

Z

−∞dp |pihp|

q

=

Z

−∞ dphq

|pihp|qi=Z ∞ −∞dp ψ

p(q′)ψp(q) =δ(q−q′)

Z

−∞dp ψ ∗

p(0)ψp(0)e

i

¯

hp(q′−q)=|ψp(0)|2

Z

−∞dp e

i

¯

hp(q′−q) =δ(q−q′) (2.63)

como R−∞∞ dk eik(q′q)

= 2πδ(qq′) e como k = p

¯

h e dk = dp

¯

h substituindo na integral

teremos

R

−∞ dp¯h ei

p

¯

h(q′−q)= 2πδ(q−q′)⇒ R∞

−∞2dpπ¯hei

p

¯

h(q′−q)=δ(q−q′)

1 2π¯h

Z

−∞dp e

i¯hp(q′q)

=δ(qq′) (2.64)

Comparando as eq(2.63 e 2.64) pode-se concluir que |ψp(0)|2 = 2π1h¯ ⇒ |ψp(0)| = q2π1¯h finalmente

ψp(q) = √1 2π¯he

ipq¯h (2.65)

2.2.3

Fun¸c˜

oes de operadores

Seja A um operador linear arbitr´ario pode se definir o operador B = An. Onde B

corresponde a n aplica¸c˜oes do operador A sobre um estado f´ısico arbitr´ario qualquer

B =A×A×. . .×A (2.66)

Se existir o operador A−1, tal que

A−1A=AA−1 = 11 (2.67)

(30)

CAP´ITULO 2. ESTADO QU ˆANTICO 26

Como ser´a poss´ıvel definir o operador mais geral, isto ´e, um operador fun¸c˜ao de um operador arbitr´ario A qualquer? Para conceituar fun¸c˜ao operador vamos considerar pri-meiro uma fun¸c˜ao, F, de um observ´avel vari´avel x, cujo correspondente o operador ´e A. Assumindo um certo dom´ınio, F pode ser expandida em uma s´erie de potˆencias em x

dada por:

F(x) =

X

n=0

fnxn (2.68)

O operador correspondente da fun¸c˜aoF(x), ser´a um operadorF(A) definido por uma s´erie que tem os mesmos coeficientes f′

ns

F(A) =

X

n=0

fnAn=f0+f1A1+f2A2+. . .+fnAn (2.69)

Exemplos seja f(x) = ex = 1 +x+ 1

2!x2 +. . .+ 1

n!xn uma fun¸c˜ao da vari´avel x. O

operador correspondente af(x) ser´a:

F(A) = eA= 1 +A+ 1 2!A

2+. . .+ 1

n!A

n (2.70)

Se |χi´e autoestado de A com autovalor χ ent˜ao

A|χi = χ|χi e

An|χi = χn|χi (2.71)

Sendo assim

F(A)|χi=

X

n=0

fnAn|χi=

X

n=0

fnχn|χi=F(χ)|χi (2.72)

Quando |χi ´e um autoestado de A com autovalor χ, |χi ´e tamb´em autoestado de

F(A), com autovalorF(χ) exemplo

Provar que eAeB 6=eA+B 6=eBeA

Exerc´ıcos: a) Provar que

eABe−A=B+ [A, B] + [A,[A, B]] +. . .usando a fun¸c˜ao auxiliar F(λ) = eλABe−λA

2.3

Princ´ıpio de incerteza e incerteza m´ınima

(31)

simultaneamente. Se A e B s˜ao dois operadores hermitianos que n˜ao comutam entre si, ´e imposs´ıvel obter com precis˜ao os valores esperados de A e B simultaneamente. Se [A, B] =ABBAdeAeB´e diferente de zero, ´e inevit´avel a conclus˜ao de que ´e imposs´ıvel medir com precis˜ao os valores esperados desses observ´aveis. Definido

ABBA =iC (2.73)

onde a unidade imagin´aria “i”foi introduzida para assegurar que C ´e um operador hermitiano

A regra de comuta¸c˜ao entre dois observ´aveis canonicamente conjugados necessaria-mente contem o princ´ıpio de incerteza de Heisenberg.

Principio de incerteza: SejamAeB dois observ´aveis canonicamente conjugados, cujo comutador deles ´e diferentes de zero. Para qualquer estado |ψi as dispers˜oes estat´ısticas ∆A e ∆B destes observ´aveis, satisfazem a desigualdade:

h∆A2ih∆B2i ≥

1

2|hCi|

2

(2.74)

ou

∆A∆B 1

2|hCi| (2.75)

onde ∆A=qh∆A2i=qh(A− hAi)2i=qhA2i − hAi2e ∆B =qhB2i=qhB2i − hBi2

Demonstra¸c˜ao:

Sejam ∆A e ∆B dois operadores hermitianos definidos por:

∆A=A− hAi e ∆B =B− hBi, (2.76)

note que

[∆A,∆B] =iC (2.77)

Escolhendo os vetores |φ′i= ∆A|ψie |φi= ∆B|ψi

(

hφ′|φi=hψ|A2|ψi = hA2i

|φi =hψ|∆B2|ψi = hB2i (2.78)

Usando a desigualdade de Schwartz

hφ′|φ′ihφ|φi ≥ hφ′|φi2 (2.79)

|∆A2|ψihψ|∆B2|ψi ≥ |hψ|∆A∆B|ψi|2

ou

(32)

CAP´ITULO 2. ESTADO QU ˆANTICO 28

∆A∆B = 1

2(∆A∆B+ ∆B∆A) + 1

2(∆A∆B−∆B∆A)

= 12[∆A,∆B]+ +12[∆A,∆B]

= 1

2[∆A,∆B]+ + 1 2iC

(2.81)

onde “[,]+”denota anticomutador

´e f´acil concluir que o valor esperado de um anticomutador de operadores hermitianos ´e um n´umero real. Assim sendo podemos escrever.

|∆A∆B|ψi=

ψ

1

2[∆A,∆B]+ +

1 2iC

ψ

= 1 2

D

[∆A,∆B]+

E

+ 1

2ihCi ⇒ (2.82)

|∆A∆B|ψi=+1

2ihCi (2.83)

onde = 1 2

D

[∆A,∆B]+

E

.

Substituindo a eq(2.83) na eq(2.80) teremos

h∆A2ih∆B2i ≥ |ℜ+ 1 2ihCi|

2 =

|ℜ|2+1 2|hCi|

2 (2.84)

Na desidualdade da equa¸c˜ao (2.84) o termos da esquerda j´a ´e maior que soma |ℜ|2 +

|1 2hCi|

2, do lado direito e, muito mais fortemente o ser´a que o termo |1 2hCi|

2, ou seja

suprimindo |ℜ|2. Portanto fica provado que

h∆A2ih∆B2i ≥ |ℜ+1 2ihCi|

2

≥ |12hCi|2 (2.85)

ou ainda que

∆A∆B 1

2|hCi| (2.86)

Que ´e a rela¸c˜ao de incerteza de Heisenberg. Esta rela¸c˜ao assegura que ao se medir com precis˜ao m´axima o valor esperado de A desconhece-se completamente o valor esperado do operador B e vice-versa. Isto ´e, ´e imposs´ıvel medir, com precis˜ao m´axima, os valores esperados de A e B simultaneamente. Isso quer dizer que se medirmos a posi¸c˜ao, por exemplo, de um el´etron um milh˜ao de vezes sob as mesmas condi¸c˜oes, a cada medi¸c˜ao obteremos um resultado diverso dos anteriores. Para extrair uma informa¸c˜ao ´util do sis-tema, tiramos a m´edia das nossas medida e descrevemos os nossos resultados em termos estat´ısicos.

Exemplo: Prove a desigualdade ∆Q∆P ¯h2.

Demonstra¸c˜ao: para provar a desigualdade basta considerar A = Q e B = P, onde

(33)

da eq(2.50) o comutador [Q, P] = i¯h, ent˜ao C = ¯h. Substituindo tudo isto na eq(2.86) teremos

∆Q∆P ¯h

2 (2.87)

Ou seja, se observador medir com precis˜ao m´axima a posi¸c˜aoqda part´ıcula, ele desconhece complemente o valor do momento linearpda mesma nesta posi¸c˜ao. ´E claro que a rec´ıproca ´e verdadeira.

Mais a frente vamos poder voltar a este assunto quando estivermos discutindo as proje¸c˜oes do estado |ψi nas bases |qi e |pi.

2.3.1

Pacote de incerteza m´ınima

´

E interessante estudar em que estado ocorre a m´ınima incerteza para um par de vari´aveis canonicamente conjugadas.

A incerteza m´ınima ocorre quando temos a igualdade na eq(2.87) i. e.

∆Q∆P = ¯h 2

Condi¸c˜ao de igualdade:

|φ′i|φi

∆B|ψ0i=λ∆A|ψ0i (2.88)

e

ℜ= 1 2

D

ψ0|[∆A,∆B]+|ψ0

E

= 0 (2.89)

onde λ´e uma constante arbitr´aria a ser determinada substituindo a eq(2.88) na eq(2.89) vamos ter

hψ0|∆A∆B|ψ0i+hψ0|∆B∆A|ψ0i= 0 ⇒

D

ψ0|λ∆A2|ψ0

E

+Dψ0|λ⋆∆A2|ψ0

E

= 0 (2.90)

(λ+λ⋆)h∆A2i= 0

(

como h∆A2i 6= 0

ent˜ao (λ+λ⋆) = 0 (2.91)

onde h∆A2i=hψ

0|∆A2|ψ0i Logo

λ⋆ =λ (2.92)

(34)

CAP´ITULO 2. ESTADO QU ˆANTICO 30

λ⋆)h∆A2i=ihCi (2.93)

substituindo a eq(2.92) na eq(2.93)

(λ+λ)h∆A2i= 2h∆A2i=ihCi

λ= ihCi

2h∆A2i (2.94)

Consideremos o caso particular onde A=Q eB =P. Da eq(2.50)QP P Q=i¯h11

⇒ C = ¯h11

Substituindo λ na eq(2.88) vamos ter

∆P|ψ0i=λ∆Q|ψ0i (2.95)

Na representa¸c˜ao de coordenadas {|qi}a eq(2.95) fica

hq|∆P|ψ0i=λhq|∆Q|ψ0i=hq|(P − hPi)|ψ0i=λhq|(Q− hQi)|ψ0i (2.96)

ou

(h¯

i d

dq − hPi)hq|ψ0i=λ(q− hQi)hq|ψ0i ⇒ (2.97)

esta equa¸c˜ao pode ser reescrita do seguinte modo

(¯h

i d

dq − hPi)ψ0(q) = ih¯

2h∆q2i(q− hQi)ψ0(q) (2.98)

onde λ = i¯h

2h∆q2i eψ0(q) = hq|ψ0i

reescrevendo a eq(2.98)

d dq −

i

¯

hhPi

!

ψ0(q) = −

(q− hQi)

2h∆q2i ψ0(q) (2.99)

ou ainda

d ψ0(q)

dq = −

(q− hQi) 2h∆q2i +

i

¯

hhPi

!

ψ0(q) (2.100)

integrando a eq(2.100) teremos:

ψ0(q) =

1

[2πh∆q2i]14 exp

"

−(q− hQi)

2

4h∆q2i +

i

¯

hhPi(q− hQi)

#

Imagem

Figura 1: Quadro geral dos diferentes ramos da f´ısica e seus limites de aplica¸c˜ao
Figura 2.1: nesta figura h´a 3 configura¸c˜oes: em (a) temos as fendas A aberta e B fechada, em (b) a situa¸c˜ao ´e sim´etrica, na configura¸c˜ao (c) ambas fendas est˜ao abertas
Figura 4.1: Potencial degrau Neste caso a equa¸c˜ao de Schr¨odinger duas solu¸c˜oes
Figura 4.2: Potencial degrau
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Referências

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